Revista Lavoura Arrozeira - nº 464

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LAVOURA Volume 63 / Nº 464 /Junho/Julho/Agosto 2015

Estratégias para crescer Um bom resultado na próxima safra passa por gerenciar fatores como preparo da terra, irrigação e energia Páginas 22 a 26

Planeje os custos da produção Páginas 17 a 19

Uma boa lavoura em Dom Pedrito Páginas 36 a 38



LAVOURA

EDITORIAL

A hora de crescer A revista Lavoura Arrozeira é uma publicação do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) Av. Missões, 342 - Porto Alegre (RS) - Brasil CEP 90230-100 / Fone +55 (51) 3288-0400 www.irga.rs.gov.br www.facebook.com/IrgaRS - @IrgaRS ISSN: 0023-9143 ............................................................................ Governador do Estado: José Ivo Sartori Vice-governador: José Paulo Cairoli Secretário Estadual da Agricultura e Pecuária: Ernani Polo Presidente do Irga: Guinter Frantz Diretor Comercial: Tiago Sarmento Barata Diretor Técnico: Maurício Miguel Fischer Diretor Administrativo: Renato da Rocha Chefe de gabinete: Janice Garcia Machado Assessoria de comunicação: Luciara Schneid, Sérgio Pereira, Caroline Freitas e Raquel Flores. ...................................................................... Revista Lavoura Arrozeira Coordenação editorial: Luciara Schneid - MTB 7.540 Produção e execução: Padrinho Agência de Conteúdo Edição: Carlos Guilherme Ferreira - MTB 11.161 Colaboração: Cleusa Amaral, Glauco Freitas, Rodrigo Schoenfeld, Luciara Schneid, Sérgio Pereira, Caroline Freitas, Janice Machado. Capa: imagem Dollar Photo Club Impressão: Companhia Rio-Grandense de Artes Gráficas (Corag) Tiragem: 12 mil exemplares ...................................................................... Atendimento ao leitor: revista@irga.rs.gov.br (51) 3288.0455

...................................................................... Para assinar gratuitamente a Revista Lavoura Arrozeira acesse: www.irga.rs.gov.br/assine É permitida a reprodução de reportagens, desde que citada a fonte. Os artigos assinados não refletem, obrigatoriamente, a opinião da revista.

A

História ensina a enfrentar as intempéries de cabeça erguida, olhando para a frente. Superar momentos delicados requer não apenas serenidade, mas ousadia. E o Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) percebe de forma clara a urgência em elevar o patamar da orizicultura gaúcha, mesmo diante de uma conjuntura econômica com restrições relevantes. Na avaliação da diretoria empossada em janeiro, existem condições técnicas e estruturais para tornar, até 2020, o arroz irrigado do Rio Grande do Sul líder em produtividade e qualidade mundial. Uma meta ambiciosa, sem dúvida, e que consta no Planejamento Estratégico do Irga – documento elaborado para traçar o caminho rumo ao crescimento. Este Plano propõe, ainda, objetivos já para a safra 2015/2016. A saber: – Aumentar a produtividade média do RS para 7,8 toneladas por hectare; – Expandir a participação das variedades do Irga na área plantada do RS para 40%; – Ampliar a satisfação do produtor gaúcho com produtos e serviços do Irga. Nota-se, no terceiro tópico, a consciência do Irga da importância de um elo robusto com a cadeia produtiva. O Instituto existe para servir ao produtor, e a Revista Lavoura Arrozeira atua como um

dos canais para esta comunicação. Com uma linha editorial voltada às questões relevantes no manejo de arroz, a presente edição traz reportagens e artigos em sintonia com a realidade do produtor. Destaca-se como reportagem de capa o mapeamento das estratégias necessárias para um bom desempenho na próxima safra. A partir de avaliações do Departamento Técnico do Irga, fica evidente a necessidade de o produtor planejar de forma mais aprofundada pontos como época de plantio, eficiência de irrigação e custos com energia elétrica. Uma abordagem correta, porém, não exclui ao produtor a alternativa de experimentar novas culturas. Em artigo técnico, o Irga apresenta o Projeto Soja 6000, voltado à alta produtividade desta cultura em um quadro de rotação com o arroz irrigado. Como o próprio nome indica, espera-se atingir a produtividade de 6.000 quilos por hectare. Em paralelo a isso, o Irga trabalha também em um programa para elevar o consumo de arroz. Ainda em gestação, a iniciativa propõe maior participação em fóruns, congressos e seminários para difundir o produto. Este planejamento está detalhado em reportagem à página 32. Como se bem sabe, olhar para a frente traz prosperidade. E disto o Irga e sua comunidade produtiva não abrem mão.

Índice – Lavoura Arrozeira Edição 464 Foto do leitor Homenagem Eleição do Conselho Nova gestão Irga Aniversário do Irga Interatividade Artigo técnico 424 RI Custos de produção Fechamento da colheita Reportagem de capa

4 5 6 7 10 13 14 17 20 22

Irrigação por mangueiras Artigo técnico Soja 6000 Conselho de Recursos H. Programa de Consumo Gastronomia Palavra do Produtor Pelos Nates Eventos Previsão climática Almanaque

27 28 30 32 35 36 39 41 44 46

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FOTO DO LEITOR

Um olhar especial para

belas lavouras

Se tem alguém que conhece bem a lavoura, é o produtor. É com o objetivo de valorizá-lo que a Revista Lavoura Arrozeira abre espaço para o envio de imagens retratando o cotidiano da lida campeira. Aqui estão as quatro melhores, escolhidas via Facebook do Irga.

Frederico Bartz Menezes Camaquã

Fernando S. Brüning - São Pedro do Sul

Frederico Bartz Menezes Camaquã

Luiz Glasenapp Júnior Uruguaiana

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HOMENAGEM

Carlos Nascimento deixa grandes lições

Ex-presidente do Irga faleceu em maio de 2015, aos 78 anos autarquia. Como presidente do Instituto Brasileiro de Produção os 78 anos, morreu em 25 Sustentável e Direito Ambiental de maio o ex-presidente (IBPS) e diretor do Centro do Irga, Carlos Adílio Nacional de Tecnologias Limpas Maia do Nascimento. Médico, (CNTL), entre 1995 e 2000, agropecuarista, produtor de arroz, implantou no país a metodologia escritor e consultor, Nascimento da Produção mais Limpa do presidiu a autarquia de 22 de abril programa Unido/Unep. de 1985 a 14 de fevereiro de 1986. Deixa esposa, Gerda, e três filhas O mentor do CNTL do primeiro casamento. Em 1995, o Senai-RS foi O Instituto e a lavoura orizícola lamentam a perda desta liderança selecionado para hospedar do setor no Estado e destacam sua o Centro Brasileiro a partir de chamada conjunta da atuação na defesa de tecnologias Organização das Nações Unidas mais limpas à lavoura do arroz. para o Desenvolvimento Foi um grande presidente, Industrial (Unido) e do deixando importantes lições nas Programa de Meio Ambiente das questões ligadas ao bem-estar Nações Unidas (Unep). O Centro social e da lavoura de arroz do Nacional de Tecnologias Limpas nosso Estado. Senai (CNTL) foi o 10° centro Entre suas passagens pelo no mundo e o 1° na América Irga, foi assessor da presidência Latina, com sede na Federação no mandato de Pery Sperotto das Indústrias do Estado do Rio Coelho, entre 2003 e 2006, e Grande do Sul (Fiergs). desempenhou suas atividades O objetivo do CNTL é junto à Comissão de Recursos promover meios ou ferramentas Hídricos e do Meio Ambiente, aos seus públicos de interesse voltada à criação de programas (projetos de P&DI, Programa sustentáveis e à produção mais de Produção Mais Limpa, limpa no setor do arroz. Em 2005, participou da equipe capacitações, busca de fontes de financiamentos, assessoria técnica do Irga, instituída para técnica) para que sejam os fins de criação do Centro de protagonistas de uma nova Excelência do Arroz, definido para ser o fórum multidisciplinar economia, a verde. de captação e difusão de Um médico e ecologista conhecimentos sobre o arroz na alimentação. Nascimento foi um homem Produtor de arroz no município eclético. Suas convicções e de Pelotas, sua terra natal, foi sustentações junto ao Programa indicado para representar das Nações Unidas para o a indústria e o comércio no Conselho Deliberativo do Irga na Desenvolvimento (PNUD) garantiram a escolha do CNTL – gestão 1988/1991. para o Estado e para o País – em Em fevereiro de 1986, detrimento de outros locais. recebeu a “Placa de Ouro”, Caracterizou-se também pelo conferida pela diretoria e pioneirismo ao trazer para o Conselho Deliberativo do Irga Estado do RS a energia eólica. Produtor esteve na equipe que criou o Centro de Excelência do Arroz pela sua atuação à frente da GILBERTO AMATO

GERSON RAUGUST, FARSUL

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ASSESSORIA IRGA

PARTICIPAÇÃO

Eleições renovam o

Conselho do Irga

Órgão tem pelo menos três reuniões ordinárias ao longo do ano, em Porto Alegre

O resultado será divulgado após a conclusão dos processos legais e poderá ser conferido no site www.irga.rs.gov.br

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segundo semestre de 2015 marca a renovação de um importante órgão do Irga. Realizada no dia 13 de julho, a eleição de 79 integrantes do Conselho Deliberativo ocorre de três em três anos. Os resultados ainda não haviam sido divulgados até o fechamento desta edição da Revista, mas podem ser conferidos no site oficial do Irga (www.irga.rs.gov.br) ou pelo Facebook do instituto (basta procurar pelo Irga na barra de busca do Facebook). municípios tiveram Dois municípios direito de indicar tiveram que fazer representantes neste ano uma segunda eleição, Cachoeira do Sul e Eldorado do Sul, pois não atingiram o quórum mínimo estabelecido no edital de

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convocação. A nova eleição foi marcada para 30 de julho. As normas do Irga estabelecem votação em municípios com produção anual superior a 200 mil sacos de arroz, contemplando 79 cidades gaúchas. Conforme o chefe da seção de Política Setorial do Irga, Victor Hugo Kayser, o primeiro passo ocorre ainda nas comunidades, com a definição dos três integrantes da chapa – titular, primeiro suplente e segundo suplente. Esta etapa se encerrou em 13 de junho, quando cada um dos 79 municípios indicou a sua chapa – subscrita por pelo menos 10 produtores. O processo seguinte já é a eleição. É preciso que hoje haja pelo menos 10% de quórum para que seja validada, e votam orizicultores inscritos no Irga pelo menos 30 dias antes do pleito.

Assim que eleitos, os 79 conselheiros cumprem um mandato de três anos - completam a composição de 83 cadeiras do Conselho outros quatro membros indicados pela Federasul. A reeleição é permitida, e alguns conselheiros da gestão que se encerra em 2015 acumulam mais de um mandato. Victor Hugo Kayser explica o funcionamento do órgão deliberativo: – São, no mínimo, três reuniões ordinárias por ano. O que ultrapassar são as extraordinárias. Segundo ele, existem também os chamados Conselhinhos de cada uma das seis regiões do Irga no Estado. Devido à distância para Porto Alegre, onde fica a sede do Irga, acontecem reuniões regionais periódicas para tratar de demandas a serem levadas ao Conselho.

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PLANEJAMENTO

6 perguntas para a nova gestão do Irga À frente do Irga desde janeiro de 2015, a nova diretoria do Instituto adotou como meta principal a implantação de um planejamento de ações que tornem o Rio Grande do Sul, até 2020, líder mundial em produtividade e qualidade de arroz. Trata-se de uma estratégia de longo prazo e preparada para durar

além da atual gestão do governo estadual, que se encerra em 2018. Nestas páginas, a revista Lavoura Arrozeira traz as respostas da nova diretoria do Irga para seis perguntas importantes, além de apresentar quem são os nomes do Instituto agora comandado pelo presidente Guinter Frantz.

Perfil do presidente Engenheiro agrônomo natural de Cruz Alta, Guinter Frantz tem mais de 30 anos de experiência no mercado. Além de ocupar cargos de liderança, especializouse em Administração de Empresas, Qualidade Total e Agricultura Empresarial. Também graduou-se Master em Programação de Neurolinguística.

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PLANEJAMENTO

PLANEJAMENTO

Excelência, credibilidade e inovação FOTOS ASSESSORIA IRGA

Dois princípios básicos marcam a nova gestão do Irga:

Diretor Técnico Maurício Miguel Fischer

O trabalho não está atrelado a questões políticas. Os integrantes da diretoria surgiram a partir de consenso entre Conselho Deliberativo do próprio Irga e de entidades como Farsul e Federarroz. É uma gestão técnica, e não política. Reforçar o poder do Conselho Deliberativo do Irga é uma prioridade, justamente para que as ações adotadas agora tenham continuidade a longo prazo.

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Diretor Administrativo Renato Caiaffo da Rocha

Qual é o principal objetivo da nova gestão do Irga?

Tornar o arroz irrigado do Rio Grande do Sul líder em produtividade e qualidade mundial, até 2020. É a estratégia macro que já está sendo implementada. Diretor Comercial

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Em termos práticos, como funciona a nova gestão? São quantos integrantes?

Tiago Sarmento Barata

O presidente Guinter Frantz lidera o Irga juntamente com três diretores: Maurício Miguel Fischer (Técnico), Renato Caiaffo da Rocha (Administrativo) e Tiago Sarmento Barata (Comercial).

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Qual a avaliação sobre o papel do Irga na lavoura arrozeira gaúcha? Como o Instituto pode contribuir para alcançar uma atuação mais relevante? Na avaliação institucional, o Irga ocupa posição de destaque, sendo referência internacional, repassando informações na extensão rural. Técnicos do Instituto vão às lavouras em visitas técnicas, com orientações de manejo, em uma prática muito útil para os produtores. Mas a atuação também inclui outro ponto vital, o desenvolvimento de novas variedades de arroz. O objetivo é buscar maior produtividade e diminuição de riscos de perdas na lavoura. Para isso, já há uma ampliação dentro da parte mercadológica, de forma que o Irga atue junto a indústrias de beneficiamento e de maquinários. Em relação à parte estrutural, o Instituto reconhece a necessidade de investir na manutenção da infraestrutura e capacitação dos recursos humanos.

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Quais são os mecanismos que o Irga pretende usar para obter uma relação bastante próxima com os produtores? A direção do Irga aposta fortemente na aproximação com produtores orizícolas - até julho deste ano, foram mais de 20 programações técnicas.

Patrocinadas pelo Irga, as iniciativas contam com a presença de integrantes da diretoria, de forma que o setor possa ter as reivindicações ouvidas. Este é um dos motivos, aliás, da frequente presença do presidente Guinter Frantz em reuniões dos Conselhos Regionais do Irga.

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Além do objetivo principal, quais são as metas mais importantes da nova gestão do Irga? Podem ser destacados três objetivos estratégicos:

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Em tempos de dificuldades financeiras, o Irga adotou/vai adotar medidas de economia? Como um uso mais cuidadoso de seus recursos? Sim, o Instituto já colocou em prática medidas para contenção de gastos e uso mais inteligente de recursos. Elas contemplam pontos como: Redução de gastos com diárias. Resolução de passivos e dívidas. Corte no orçamento já executado.

Aumentar a produtividade média de arroz do RS para 7,8 toneladas por hectare na safra 2015/16.

Aumentar a participação das variedades do Irga na área plantada no RS para 40% na safra 2015/16.

Redução de contratações de cargos em comissão. Melhoria de processos administrativos de gestão. Princípios e valores da filosofia institucional do Irga Credibilidade Inovação Excelência

Aumentar a satisfação do produtor do RS com os produtos e serviços do Irga.

Respeito Sustentabilidade Comprometimento

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FOTOS MARINA CHIAPINOTTO / ESPECIAL

ANIVERSÁRIO

Jantar marca festividades de

75 anos do IRGA C

oube à Casa do Gaúcho, em Porto Alegre, sediar o ponto alto da semana de festividades dos 75 anos do Irga. Em 18 de junho, o jantar de aniversário reuniu dezenas de pessoas em uma noite de baixa temperatura - os termômetros marcavam 12ºC -, porém acolhedora. Como prova do prestígio do Instituto, a celebração contou com a presença de autoridades como o governador gaúcho José Ivo Sartori, o secretário estadual de Agricultura e Pecuária, Ernani Polo, o presidente da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, deputado Edson Brum, e o presidente da Federarroz, Henrique Dornelles. Conduzida pelo presidente do Irga, Guinter Frantz, e sua diretoria, a celebração mostrou passado e presente e projetou o futuro do universo da lavoura arrozeira. - Há 75 anos o Irga tem provocado justamente uma coisa muito importante para nós: mostra que o Rio Grande dá certo - afirmou o governador Sartori, em seu breve discurso. Após convidar as autoridades ao palco - no qual estiveram também os diretores do Irga Renato Rocha (Administração), Tiago Barata (Comercial) e Maurício Fischer (Técnico), o presidente Guinter Frantz salientou o quanto todos os colaboradores e produtores são

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comprometidos com o Irga. Disse ele: - O Irga sempre esteve junto com nosso produtor em anos de crise e em épocas de bonança. Nosso produtor está de parabéns pelos 75 anos. O secretário Ernani Polo ressaltou o predomínio da lavoura gaúcha no cenário de produção de arroz brasileiro, o que creditou ao trabalho conjunto. - É um dos mais altos índices de produtividade do mundo graças ao dinamismo dos agricultores e ao trabalho do Irga - observou. Da mesma forma, o deputado estadual Edson Brum lembrou da lavoura arrozeira em Rio Pardo, sua terra, e fez votos para o futuro: - Que o Irga tenha força e vitalidade! Após o cerimonial - que contou com os hinos Nacional e Riograndense, vídeo institucional e homenagens a servidores do Irga -, os convidados da noite puderam saborear um delicioso jantar com buffet e churrasco. Não sem antes cantarem a plenos pulmões um Parabéns a Você, com direito a bolo e velinhas. O clima, claro, foi de muita descontração e alegria pelo aniversário. Não faltaram rodas de bate papo e até mesmo fotos com o governador Sartori, muito procurado pelos presentes. Foi uma noite inesquecível para os servidores dos 41 Núcleos de Assistência Técnica e Extensão Rural (Nate), sem dúvida. Ficará na memória do Instituto e de toda a sua família.

Solenidade reuniu equipes de trabalho, dirigentes e autoridades políticas em 18 de junho. Na foto ao lado, o presidente do Irga, Guinter Frantz, sopra as velas do bolo de aniversário. Abaixo, o momento da execução dos hinos Nacional e RioGrandense

KARINE VIANA / PALÁCIO PIRATINI

Noite festiva celebrou a atuação do instituto junto à comunidade orizícola gaúcha. Em discurso, o governador José Ivo Sartori citou o Irga como um exemplo do Rio Grande do Sul que dá certo

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ANIVERSÁRIO

Confira quem prestigiou a festa

FOTOS MARINA CHIAPINOTTO / ESPECIAL

Guinter Frantz (E), presidente do Irga, Tiago Barata (diretor) e Janice Machado (chefe de gabinete) Pronunciamentos na solenidade trataram de passado, presente e futuro da lavoura arrozeira JOSÉ IVO SARTORI, Governador do RS

Conhecemos a realidade e sabemos das dificuldades. Queremos sempre estar em sintonia com o setor produtivo. GUINTER FRANTZ, Presidente do Irga

Presidente Guinter Frantz salientou que o Irga sempre esteve ao lado dos produtores de arroz

É uma comemoração pelo que o Irga representa para o Estado e nossos produtores. As pessoas do Instituto que vieram, conselheiros, o governador Sartori, o secretário Polo dão prestígio ao nosso evento.

Governador José Ivo Sartori fez um discurso realista e prometeu sintonia com o setor produtivo

ERNANI POLO, Secretário estadual de Agricultura e Pecuária

O secretário de Agricultura do RS, Ernani Polo, destacou o acréscimo do Irga ao setor arrozeiro

É um momento muito importante para o Irga que, não temos dúvida, trouxe um acréscimo para o setor arrozeiro no Rio Grande do Sul.

Presidente da Assembleia Legislativa, o deputado Edson Brum (E) fez votos de sucesso ao instituto

A servidora Vera Regina Mussoi Macedo, hoje inativa, recebeu homenagem com uma placa

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Após a cerimônia, o governador José Ivo Sartori posou para selfies com alguns dos presentes


INTERATIVIDADE

Lavoura Arrozeira on-line A conexão entre Irga, produtor e Lavoura Arrozeira não termina aqui na revista. Bem ao contrário: você já conhece o site e o Facebook do Instituto? Acesse pelo computador, tablet e celular e fique sempre por dentro do que está acontecendo no cenário arrozeiro gaúcho.

Qual tipo de conteúdo você vai encontrar? Previsão do tempo Prognósticos para os próximos 15 dias, para qualquer cidade.

Notícias Novidades do setor. Eventos e feiras. Acordos governamentais e comerciais. Notícias institucionais do Irga. Vídeos, áudios e fotos.

Como falar conosco? Há várias maneiras:

Site oficial do Irga

Imagens de satélite.

Mensagem via página do

www.irga.rs.gov.br

Facebook

Ou Twitter Facebook do Irga É bem fácil de achar. Na barra de busca do Facebook (na parte superior da tela), digite Irga RS. Aí basta clicar no botão CURTIR para seguir todas as notícias do Instituto. As atualizações são diárias.

Mapas com temperaturas,

umidade e precipitação.

Formulário no site, disponível

na aba contato.

Telefone

(51) 3288-0400 Horário de atendimento Mapas agrícolas com umidade do

Twitter do Irga Siga o perfil @IrgaRS e fique por dentro dos nossos assuntos. Temos atualizações diárias.

solo, evapotranspiração, geada, dias sem chuva, estiagem agrícola e risco de incêndio.

Segunda a sexta-feira

8h30min às 12h 13h às 17h30min

Endereço

Previsão em gráficos. Médias climatológicas. Temperatura da superfície do mar.

Avenida Missões, 342

Bairro São Geraldo CEP 90230-100 - Porto Alegre - RS

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MANEJO DE ARROZ

IRGA 424 RI

Saiba como explorar as potencialidades deste novo produto

ENG. AGR. MSC RODRIGO SCHOENFELD Gerente da Divisão de Pesquisas

O

Irga está entregando ao mercado um novo produto, a cultivar IRGA 424 RI, resistente aos herbicidas do grupo das imidazolinonas. Ela é mais uma ferramenta para ser usada no controle de arroz vermelho,

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para ser manejada com as demais ferramentas como a rotação de cultura com soja, dentro do sistema Clearfield. Sendo ela uma derivada da cultivar IRGA 424, demonstra ter similaridades em várias características agronômicas de sua precursora. Podemos destacar o alto potencial produtivo, a resposta à adubação e o ciclo, entre outras características. Nos

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últimos anos, a produtividade das lavouras de arroz do RS aumentou seus rendimentos devido à genética e ao manejo. Nessa linha, o 424 RI é um material extremamente exigente em manejo, para dessa forma poder atingir seus tetos produtivos. Podemos enumerar alguns pontos indispensáveis para o bom andamento dessas áreas, que são os seguintes:

1 – Época de semeadura

FOTOS ASSESSORIA IRGA

Boas práticas para cultivar o

Sendo o 424 RI um material de ciclo médio, 132 dias, recomendam-se semeaduras até no máximo 20 de outubro.

2 – Densidade de semeadura De 85 a 90 kg de sementes/ha, para produtores que estejam adaptados a semear com baixas densidades.

3 – Adubação Considere 80 kg/ha de P2O5, 130 a 140 kg/ha de K2O e 135 a 150 kg/ha de nitrogênio, nunca se esquecendo de levar em conta a análise de solo, cultivo anterior e histórico das áreas. Porém é um material que necessita de níveis mais elevados de adubação para atingir altos rendimentos.

Comparação permite observar as diferenças entre as variedades Irga 424 RI, 429 e 430 Lavoura Arrozeira Nº464 | Junho/Julho/Agosto 2015

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Manejo de 4 – plantas daninhas O 424 RI apresenta vigor inicial baixo, igual ao 424 convencional. É importante que o produtor leve em conta essa característica, principalmente em semeaduras do cedo, e utilize pré-emergentes com o dessecante em “ponto de agulha” e com a primeira aplicação de herbicida do grupo das imidazolinonas para que essa lavoura tenha “tempo” para se estabelecer no limpo em condições climáticas adversas que frequentemente ocorrem em semeaduras do cedo, como baixas temperaturas e excesso de umidade. Antecedendo a entrada de água no estágio V3-V4, recomenda-se o controle em pós-emergência com o uso das imidazolinonas e, dependendo do cenário, outros herbicidas de grupos diferentes como os ACCase.

Para manejo de doenças e controle de pragas, a cultivar Irga 424 RI exige que se observem fatores como época de semeadura, densidade e adubação equilibrada

Curvas de resposta Barragem do Capané - 2013/14

5 – Adubação de cobertura A maior parte da dose deverá ser aplicada no seco, antecedendo a entra de água na lavoura. Recomenda-se para materiais de ciclo médio aplicação de 60% da dose no estágio V3-V4, 20% no estágio V6 e 20% no estágio V8. O fracionamento em três vezes é uma ferramenta para lidarmos com fatores como o clima, que afeta diretamente a eficiência do nitrogênio, minimizando desta forma os riscos de perda.

6 – Irrigação Fundamental para altos rendimentos, estágio V3-V4, após a aplicação do herbicida para o controle de plantas daninhas e da aplicação da ureia em solo seco. A lavoura deverá estar irrigada em até 5 dias após a aplicação.

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de doenças 7 –eManejo controle de pragas No geral, lavouras de alto rendimento têm recebido uma aplicação de fungicidas visando a proteger o potencial produtivo instalado. O 424 RI é resistente a brusone, sendo as manchas de final de ciclo as doenças que mais ocorrem. Para a tomada de decisão, não podemos nos esquecer de fatores importantes como época de semeadura, densidade, adubação equilibrada, resistência genética e histórico da área. Levando-se em conta esses aspectos, possivelmente não teremos grandes problemas no manejo deste material. Em relação a pragas, o ideal é sempre monitorar e realizar ações preventivas

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O IRGA está com toda sua rede de escritórios locais, além dos pesquisadores na EEA em Cachoeirinha, à disposição dos produtores de arroz, a fim de orientá-los sobre o melhor manejo e condução das lavouras de 424 RI para a safra 2015/16.

como limpeza de drenos e canais, locais de hibernação da maioria das pragas. Havendo a necessidade do controle químico, recomenda-se a utilização de produtos indicados para a cultura e de baixo impacto ambiental, principalmente seletivos, para a preservação dos inimigos naturais.

ASSESSORIA IRGA

MANEJO DE ARROZ


CUSTOS DE PRODUÇÃO

Fechar as contas pede uma avaliação detalhada

Altas na energia e no diesel obrigam produtor a reavaliar a planilha de gastos Além das despesas com produção, até mesmo a posse da terra – se ela é ou não arrendada – pesa bastante no bolso do produtor

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matemática é uma ciência exata, cujos resultados podem ser comprovados. Não há espaço para subjetividades, dois mais dois é sempre quatro. Só que no cálculo do custo de produção de uma cultura agrícola, aquilo que os números mostram tem de ser visto com cautela. A conta adequada para um pode não necessariamente valer para outro. A direção da seção de Política Setorial do Irga confirma que o preço da saca nos últimos meses não cobre o que foi gasto na plantação deste ano. A frieza dos números demonstraria que o arrozeiro gaúcho está tendo prejuízo financeiro. O que se questiona é como se chega a uma conclusão dessas tendo um universo tão distinto de produtores, com tamanhos diferentes, plantações em lugares distintos e clima e custos heterogêneos. A resposta está na média, medida prática que não corresponde à verdade absoluta, mas que dá uma ideia aproximada da situação do grande e do pequeno produtor. O custo de produção do arroz calculado pelo Irga é um valor médio ponderado,

que leva em consideração uma série de fatores. A conta, na ponta do lápis, incluiu tudo o que se gasta para plantar, e é aí que podem surgir as diferenças. Uma delas é propriedade da terra. A história tem mostrado que em torno de 60% das terras usadas para a produção de arroz no Rio Grande do Sul são arrendadas. Para quem não é dono do lugar onde se planta, o lucro, quando acontece, é sempre menor. O Instituto também inclui no cálculo a tecnologia empregada. Situação do maquinário, dívidas de aquisição e manutenção, equipamentos usados na irrigação e o tipo de energia utilizada. Tanto óleo diesel quanto a energia elétrica tiveram aumentos recentes. O diesel subiu 5,4% na refinaria, em junho, e a provável consequência disso deve ser um aumento do preço do frete. Em março deste ano, a energia elétrica aumentou em média 22,08% no país. – A tal “bandeira vermelha” na tarifa é mais um custo que deve comer grande parte do lucro do arrozeiro – aposta o coordenador de Política Setorial no Irga, Victor Hugo Kayser.

Conforme Kayser, somente esses dois insumos são responsáveis por aproximadamente 16% do custo total de uma lavoura, e principalmente a energia elétrica exige uma atenção cada vez maior do produtor. O custo com eletricidade em áreas muito grandes tem de ser acompanhado muito de perto, segundo ele, que acredita em mudanças técnicas na lavoura para reduzir custos, como o fim do terceiro levante, por exemplo. O levantamento de custo mais recente, feito em janeiro pelo Irga, toma como referência a produtividade média no Estado nos últimos três anos, que foi de 147,91 sacas por hectare. Na safra 2014/2015, a projeção até os últimos dias de junho era de uma colheita com média de aproximadamente 154 sacas/ ha, mas a produção maior acabou diluída no mar de aumentos. O produtor já estava perdendo em janeiro, quando o cálculo do instituto apontava que o custo de uma saca de 50kg do grão era de R$ 38,69, e o preço médio pago pelas indústrias girava em torno de R$ 37.

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CUSTOS DE PRODUÇÃO

Valorização das terras impacta nas despesas D e acordo com o coordenador de Política Setorial no Irga, Victor Hugo Kayser, é preciso estar alerta para outros fatores. Quanto às colheitadeiras, que podem custar entre R$ 400 mil e R$ 1 milhão e têm seu uso restrito a um período de poucos dias por ano, considera-se no cálculo do custo de produção que elas são utilizadas em mais de uma lavoura, por mais de um produtor, em uma tentativa de diminuir a despesa operacional. A crescente valorização das terras é mais um ponto que tem pesado, segundo ele. Na Região Central, por exemplo, onde as propriedades são menores e as lavouras têm alta produtividade pelo uso intensivo de tecnologia, o preço de um hectare gira ao redor dos R$ 25 mil. A mão de obra segue a tendência de se tornar cada vez mais cara, e rara. Em todo o Rio Grande, produtores reclamam da falta de profissionais como aguadores. Os que estão no mercado têm em torno de 50 anos, e os jovens dificilmente se sentem atraídos pela atividade. Ou o produtor oferece ao funcionário um salário significativo para que ele fique na granja ou o perde para um emprego na cidade, e nem assim isso garante a sua permanência.

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147,91

sacas por hectare foi a produtividade média do Estado nos últimos três anos, segundo levantamento de janeiro do Irga.

154

sacas por hectare era a projeção até o final de junho para a safra 2014/2015.

ASSESSORIA IRGA

Gastar menos e produzir mais é o desafio

R$ 38,39

Furtos e roubos encarecem a conta

Os gastos com segurança e reposição de insumos furtados ou roubados são um tipo de custo Na mesma época, o preço pago que até hoje não entrou ao produtor estava em torno de oficialmente no cálculo, mas faz parte da rotina de muitos arrozeiros. Casos de roubo de redes inteiras de cabos de energia, defensivos agrícolas, maquinários, caminhões e de tudo o que possa ter valor em uma propriedade rural são cada vez mais frequentes. Montar uma rede de energia quando ela está em uso e desmontar logo depois para que ela não seja roubada Mão de obra para a tornou-se operação rotineira nas lavoura segue lavouras. Segundo a Secretaria a tendência Estadual de Segurança Pública, os de se tornar furtos de defensivos agrícolas no cada vez mais Estado aumentaram de 60 em 2012 cara e rara para 77 em 2013 e 107 em 2014. era o custo de uma saca de 50kg em janeiro

R$ 37

O diretor Comercial do Irga, Tiago Sarmento Barata, fez o cálculo específico do custo de produção para diferentes regiões produtoras do Estado, e o resultado não ficou muito distante do encontrado no cálculo geral do Instituto. – Isso demonstra que a realidade de aperto nas contas hoje é praticamente a mesma para a maioria dos produtores do Estado – afirma. Gastar menos para produzir mais, ou pelo menos a mesma coisa, é um desafio para a maioria dos arrozeiros. Victor Kayser ressalta que, no contexto atual, máxima produtividade não é necessariamente maior rentabilidade, e que o produtor precisa ter claro seu ponto de equilíbrio na hora de investir: – O produtor já consegue tirar até 12 mil kg por hectare, mas qual é o custo disso? Será que não seria melhor ele ter uma produtividade de 10 mil kg, mas com um custo mais baixo?

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ASSESSORIA IRGA

FECHAMENTO DA COLHEITA

Ranking de produtividade Municípios de maior produtividade em kg/ha

1. Piratini........................................9.428 2. Itacurubi ....................................9.182 3. Uruguaiana ...............................8.940 4. Rio Grande ...............................8.932 5. Chuí ..........................................8.900

Destaques regionais Em kg/ha

1. Zona Sul (ZS) .............................8.479 2. Fronteira Oeste (FO) ..................8.194 3. Campanha (CA) ........................8.165 4. Depressão Central (DC) ............7.249 5. Planície Costeira Interna (PCI) ...7.234 6. Planície Costeira Externa (PCE) .6.581

Safra positiva

Produção Municipal Em toneladas

é a segunda melhor em 5 anos Estado produziu mais de 8,7 milhões de toneladas, com média de 7.780 kg/hectare

O

começo da safra em setembro de 2014, quando se iniciou o plantio, trazia certo pessimismo aos produtores de arroz do Rio Grande do Sul devido ao clima chuvoso. No entanto, fechou com números melhores do que o esperado. De acordo com os dados do Irga, o levantamento encerrado no começo do mês de julho aponta para uma produtividade de 7.780 quilos por hectare. A produção superou as 8,7 milhões de toneladas no Estado, o que a qualifica como a segunda melhor dos

últimos cinco anos. Só ficou atrás da safra 2010/2011, quando foram produzidas mais de 8,9 milhões de toneladas, avalia o economista do Irga Michel Kerbert. – Teríamos arrebentado a boca do balão – completa o engenheiro agrônomo Victor Hugo Kayser, chefe da Política Setorial do instituto, lembrando das perdas ocasionadas por enchentes no começo do plantio. Em comparação com o desempenho da safra 2013/2014, houve acréscimo de 7,43% na produção e de 7,3% na produtividade, em uma área plantada praticamente igual à do ano passado. No mapa deste crescimento, desponta a Região Sul, com uma produtividade que supera os 8,4 mil quilos por hectare. O município de Piratini registrou a maior produção do grão por área plantada, com 9.428 quilos por hectare. Outro destaque do levantamento foi

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a Fronteira Oeste. A região, que inclui os municípios de Uruguaiana e Itaqui, sofreu com as cheias do Rio Uruguai e contabilizou boa parte das perdas de área plantada. Os produtores decidiram não replantar o que perderam, mas, mesmo assim, contaram com as boas condições do clima e apostaram em tecnologia para figurarem no topo da lista de regiões com maior produção e em segundo lugar no ranking da produtividade. – A Fronteira Oeste teve todo este prejuízo, mas o produtor adotou tecnologia, usou níveis adequados de adubo e fungicida. Também tivemos clima bom, sem granizo. Até isso cooperou – avalia Kayser. Produtor em Uruguaiana, Mario Ariosto Bessow Machado começou o plantio em 22 de outubro, com 30 dias de atraso. Teve de cultivar toda

a área, em torno de 760 hectares, em um único período, o que ocasionou amadurecimento de toda a lavoura ao mesmo tempo e menor qualidade de engenho dos grãos colhidos, mas o resultado final superou a colheita anterior. – As temperaturas foram boas para a cultura. Sem excesso de calor na floração, nem frio. A produção foi mais ou menos 5% maior. Fechou em 192 sacos por hectare. Com a qualidade de engenho em torno de 3% menor – ressalta. Para garantir essa excelente produtividade, Ariosto segue a cartilha de reavaliar custos sem deixar de investir em tecnologia tanto em relação a equipamentos quanto a manejo, herbicidas, adubação e treinamento de pessoal. – O problema é que isso gerou um excesso de produto no nosso mercado. Por isso, precisamos exportar – pondera o orizicultor.

O desafio agora, diante da boa safra, é tentar reduzir custos para a próxima colheita e garantir melhor lucratividade em tempos de crise econômica. – Só um tipo de fertilizante que uso subiu de R$ 1.340 para R$1.790 a tonelada, e a diferença do preço da minha adubação representa em torno de R$ 1,20 do custo do saco para mim. Depois temos a energia elétrica, o óleo diesel, lubrificantes que dispararam de preço. Mas estes itens atingem a todos, não só os agricultores – diz. Ele completa: – Temos de baixar ainda mais os nossos custos. Começar a mexer em itens que interferem diretamente na produção, como o fertilizante. Pretendo diminuir em 33% dois tipos que uso – afirma Ariosto. Pela primeira vez, ele teve também de reduzir o quadro de funcionários, de 14 para 11. Prova de que o cenário econômico demanda cuidados.

1. Uruguaiana ...........................751.684 2. Itaqui .....................................604.429 3. Santa Vitória do Palmar ........587.053 4. Alegrete ................................495.964 5. Dom Pedrito..........................419.521 Soma: 2.858.650 (32,78% da produção estadual).

Dados absolutos das safras 2013/14 - RS Produção: 8.116.669 toneladas Área colhida: 1.119.365 hectares; Produtividade média: 7.251 kg/ha. 2014/15 - RS Produção: 8.719.449 toneladas; Área colhida: 1.120.823 hectares; Produtividade: 7.780 kg/ha. Houve 4.959 hectares perdidos

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O QUE VEM POR AÍ

S

Os caminhos

para vencer a safra DIVULGAÇÃO/PALÁCIO PIRATINI

Uma análise do ponto de vista agronômico da safra 2014/2015 e os prognósticos para 2015/2016 indicam horizontes semelhantes por um lado e bem difíceis por outro

e a safra de arroz 2014/2015 pudesse ser definida em uma palavra, talvez a mais adequada para isso fosse o substantivo resiliência. Segundo dicionários como o Aurélio, o termo significa uma reação positiva frente a adversidades, resistência, força, superação. Em uma avaliação geral feita por integrantes do Programa de Agronomia do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), chefiada pelo engenheiro agrônomo Filipe Selau, foram usadas ainda outras expressões como “contradição”, “surpresa” e “melhor do que o esperado” para definir os resultados da última colheita. Mais importante, porém, está no fato de que este conjunto de definições permite traçar estratégias para a próxima safra. Em qualquer atividade, quem planeja bem a estratégia de competição tem mais chances de vencer, e com o arroz não é diferente. O alerta é de que a previsão de El Niño se repita na safra 2015/2016, e com mais intensidade, o que pode significar mais uma primavera chuvosa e mais riscos de atrasos no plantio. Diante dessas perspectivas, quem fez o preparo antecipado da terra está em vantagem. Março e abril deste ano foram meses relativamente secos, o que proporcionou condições ideais para o preparo do solo. Quem fez isso poderá semear no momento certo e corre, inclusive, menos risco de ter uma lavoura atingida por doenças caso as previsões meteorológicas se confirmem. Além disso, quanto mais tarde o plantio, menor a resposta da planta à adubação, explicam os técnicos: – O planejamento que resulta em altas produtividades da lavoura de arroz começa exatamente aí, na hora do preparo da terra e no plantio no momento certo – complementa o agrônomo Francisco Morais, pesquisador da área de solos. A questão mais preocupante para a próxima safra, na análise dos integrantes da equipe de Agronomia do IRGA, é mesmo a alta dos custos de produção. Não se sabe ao certo o quanto será pago pelo produto daqui a um ano, mas se tem certeza de que ele terá de gastar mais com os insumos, até pelas perspectivas da economia do país e do aumento da cotação do dólar. O entendimento é de que, por enquanto, ainda não saíram os financiamentos, e poucos compraram os produtos para a lavoura. Quem pode está pagando dívidas anteriores e segurando o produto à espera de melhores preços. De acordo com o engenheiro agrônomo Filipe Selau, uma pesquisa do Departamento de Comercialização do Irga em propriedades médias considera que em torno de 68% da área de produção de arroz no estado seja arrendada. Isso indica que só o compromisso com o arrendamento representaria hoje em torno de 21% do custo total de uma lavoura de arroz no Rio Grande do Sul.

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O QUE VEM POR AÍ - 2

Irrigação mais eficiente diminui o

FOTOS CAMILA DOMINGUES, PALÁCIO PIRATINI

consumo de energia

O

agrônomo Elio Marcolin faz uma série de observações críticas sobre a situação da irrigação na lavoura orizícola gaúcha. Com os recentes aumentos na tarifa de energia, a tendência, segundo ele, é de que a irrigação se torne um dos itens de maior peso no cálculo dos custos de produção, ao lado do arrendamento da terra. Em levantamentos recentes feitos para a elaboração de uma dissertação de mestrado, Marcolin descobriu que em mais de cem bombas identificadas na pesquisa, apenas uma tinha eficiência de 80%. O universo pesquisado foi o de pequenos agricultores, já que 50% dos produtores de arroz no RS cultivam em áreas com até 50 hectares. O agrônomo conta que é comum encontrar sistemas de irrigação que têm 50, 60 anos de uso. Mesmo com todo o desgaste provocado pela utilização

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ao longo de décadas – que faz com que a bomba tenha em média 40% de eficiência –, os produtores conseguem irrigar as lavouras, o que leva a crer que isso não é problema: – O produtor pensa assim: “enquanto estiver colocando água, está bem”. Mas se esse sistema fosse mais eficiente, a rentabilidade certamente seria maior. A recomendação é trocar os velhos sistemas de irrigação por novos agora ou assim que for possível, pois um sistema novo e com uma eficiência média de 80% pode proporcionar uma economia de até 50% no consumo de energia elétrica, um diferencial importante nessa competição em que é urgente fazer mais com menos. O arroz é um produto que faz parte da cesta básica da alimentação do brasileiro, e aumentar o preço reflete diretamente no crescimento dos índices de inflação.

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É por isso que o engenheiro agrônomo, pesquisador e consultor do Irga Claudio Mundstock vê com cautela um cenário que dependa de preços mínimos estabelecidos pelo governo para a próxima safra. Mundstock acredita que, em 2015/2016, a área de arroz plantada no Rio Grande do Sul deve permanecer no mesmo patamar, ao redor de 1,1 milhão de hectares, e entende que o avanço da soja na área de várzea pode ser uma alternativa viável para quem busca outros meios de garantir a renda no campo. Com o programa Soja 6000, o objetivo é atingir a produtividade média de 6 mil kg do grão por hectare no Estado. – Há restrições climáticas para isso especialmente na Fronteira Oeste, onde os solos são ótimos, mas chove pouco. O IRGA quer vencer esse desafio – esclarece o professor.

80%

de eficiência em uma bomba de água na irrigação permite uma economia, NO CONSUMO DE ENERGIA ELÉTRICA, de até

50%

Área plantada de arroz no Rio Grande do Sul deve permanerce em cerca de 1,1 milhão de hectares

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O QUE VEM POR AÍ - 3

Resultado da última safra

surpreendeu O

s dados finais de 2014/2015 podem ser conferidos na reportagem sobre o fechamento da safra, também nesta edição de Lavoura Arrozeira. Números que, na opinião de profissionais como Elio Marcolin, o agrônomo mais experiente da equipe do Irga, chegam a surpreender: – O que se vislumbrava era uma produtividade menor, semeando fora de época, com luminosidade menor, mas foi a maior de toda a história que se cultiva arroz aqui. São mais de 110 anos que se planta arroz no Estado e a maior produtividade que se teve foi neste ano, com 7.711 quilos por hectare – comenta. A primavera chuvosa de 2014 atrasou o início do plantio em muitas regiões do Estado e foi a primeira barreira a ser superada pelos arrozeiros. Conforme afirma Filipe Selau: – Mais de 50% da área de arroz no Estado foi plantada no ano passado fora da época mais adequada, por causa do fenômeno El Niño, que provocou excesso de precipitações pluviais em outubro e novembro. Ele acredita que muito arroz foi perdido em função do tempo úmido no início do plantio, que facilitou o surgimento de doenças causadas por fungos. A compensação veio no terço final do ciclo produtivo da cultura, quando as

condições climáticas favoreceram: a amplitude térmica foi menor do que na safra anterior, sem a ocorrência de temperaturas baixas. O reajuste no preço de insumos como a energia elétrica foi mais um desafio ao longo do caminho que exigiu fôlego extra dos produtores. E mais uma vez o clima foi de certa forma um diferencial também positivo, especialmente no que diz respeito à irrigação. Explica Elio Marcolin: – Quem teve um sistema de irrigação em uma lavoura bem manejada utilizou em mais de 50% da irrigação somente água da chuva. O custo pode ter diminuído. A estimativa é de que somente nesta safra o custo da irrigação foi em torno de 11% do investimento total devido ao aumento do preço da energia elétrica. A Fronteira Oeste do Estado foi a região onde os produtores sentiram mais o impacto do aumento do custo da energia elétrica, em função da topografia ondulada, que exige um uso mais intensivo das bombas e, por consequência, maior gasto em eletricidade para a irrigação. As pesquisas do Irga para soja em áreas de rotação com arroz irrigado foram retomadas em 2004 e, a partir de 2010, houve um aumento expressivo na área cultivada no Estado, segundo

11%

foi o aumento previsto com os custos de irrigação na última safra devido ao reajuste da energia elétrica Devido ao El Niño, mais de

50%

da área de arroz no Estado foi plantada no ano passado fora da época mais adequada

o engenheiro agrônomo Darci Uhry, pesquisador na área de manejo da cultura da soja. Segundo ele, o cultivo iniciou-se com o objetivo de reduzir a infestação de arroz vermelho. Com o tempo, as adequações no manejo possibilitaram maiores produtividades e impulsionaram o cultivo da soja em terras baixas, atingindo uma área cultivada de cerca de 280 mil hectares na safra 2014/2015. A expectativa da equipe de Agronomia do Irga era de que os orizicultores gaúchos, estimulados pelos preços, atingiriam a curto prazo no Estado o patamar de 500 mil hectares de soja plantados em rotação com o arroz irrigado. Contudo, em função das condições climáticas neste ano, a área cultivada com soja não evoluiu. – A grande dificuldade continua sendo dominar a técnica de drenagem dos solos para a produção de soja após o arroz, mas muitos agricultores já conseguiram, e têm hoje a cultura como uma importante fonte extra de renda – sustenta Darci. FOTO MARINA CHIAPINOTTO / ESPECIAL

Ao avaliar a conjuntura da safra, equipe técnica do Irga aponta que plantar soja em rotação com o arroz pode ser uma boa alternativa

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NOVA TECNOLOGIA

Politubos janelados prometem economizar água na irrigação Rio Grande do Sul é pioneiro no uso do sistema americano nas lavouras brasileiras

H

á pelo menos três anos, o RS tem sido a porta de entrada para uma nova tecnologia de irrigação por mangueiras no Brasil. O sistema de politubos janelados vem despertando o interesse de produtores, apesar de ainda deparar com certa resistência. A técnica, desenvolvida nos Estados Unidos e fornecida pela Delta Plastic, é importada e distribuída no Estado pela Granja Bretanha, de Jaguarão, na Região Sul. Os politubos são, como o nome sugere, tubos entre 30 e 56 centímetros de diâmetro que são dispostos ao longo da lavoura e têm microcomportas, que controlam a vazão da água. O material é flexível e permite que o tubo gire até 90º em um raio entre 1m80cm e 2m40cm.

O engenheiro agrônomo Elio Marcolin, do Irga, explica que o sistema de politubos tem apresentando algumas vantagens significativas em relação aos tradicionais canais abertos de irrigação nas lavouras de arroz. A primeira delas seria a economia de água, algo em torno de 20% a 30%, percentual observado na produção americana. Também nota-se um melhor aproveitamento da água da chuva, à medida que é possível interromper a irrigação no sistema em dias chuvosos. Nos canais abertos, por exemplo, essa água se perderia. O produtor ainda ganha uma maior velocidade de irrigação em menos tempo e potencializa o uso de todos os insumos. Os custos de instalação também são bastante atrativos, de acordo com o engenheiro agrônomo. Calcula-se em torno de R$ 120 por hectare. Mas quanto maior for a área, mais é possível diluir esse investimento. – O produtor, até por falta de informações, tem medo dos custos, mas esse custo se paga no ano. É um sistema vantajoso – diz Marcolin. Os politubos janelados, ou mangueiras de irrigação janeladas, existem há cerca de 50

anos, mas há aproximadamente 30 ganharam força nas lavouras americanas e também já são utilizados em países como Uruguai e Argentina tanto em plantações de arroz como em outras culturas, como a soja e o milho. No Brasil, o uso dessas estruturas ainda engatinha, especialmente porque o incentivo não existe. – Não temos subsídio para esse tipo de tecnologia, e temos de importar o material em uma realidade em que o custo da lavoura já é alto – ressalta Marcolin. A diretora comercial da Delta Plastic no Rio Grande do Sul, Luciane Leitzke, explica que aos poucos os produtores estão se aproximando da novidade. Em feiras, palestras e exposições, muitos indagam sobre custos, manejo e vantagens. A região sul, até pela proximidade com a Granja Bretanha, está mais familiarizada com os politubos, mas outras regiões têm demonstrado curiosidade. – Os produtores querem conhecer, têm até o interesse de fazer áreas experimentais. Acho que aumentou a busca por informações e recém estamos indo na terceira safra no Estado – afirma Luciane.

Reciclagem como diferencial De acordo com informações da Delta Plastic, os politubos anelados têm um tempo de vida útil de dois anos, mas muitos produtores preferem trocá-los a cada safra.

Entenda a tecnologia Os politubos são tubos entre 30 e 56 centímetros de diâmetro São dispostos ao longo da lavoura Têm microcomportas, que controlam a vazão da água Flexíveis, permitem que o tubo gire até 90º. O raio de giro fica entre 1m80cm e 2m40cm

DELTA PLASTICS BRASIL/ DIVULGAÇÃO

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MANEJO DE SOJA

Irga lança o Projeto

Soja 6000 Realizado em Porto Alegre, o 1º Encontro de Produção de Soja em Terras Baixas no Sul do Brasil discutiu o cultivo em rotação com o arroz irrigado – objetivo é atingir 6.000 kg/ha

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DEPARTAMENTO TÉCNICO DO IRGA

O

Irga realizou nos dias 15 e 16 de junho no Hotel Deville em Porto Alegre, o 1º Encontro de Produção de Soja em Terras Baixas no Sul do Brasil. Nos dois dias do evento participaram 215 produtores, conselheiros e empresas do setor. Ao longo dos dois dias foram abordados temas técnicos que envolvem o cultivo da soja em rotação com o arroz irrigado. O principal objetivo do evento era ouvir dos produtores e conselheiros do Irga quais as principais demandas para o Projeto Soja no Irga para os próximos 10 anos. Como produto do encontro destacamos as demandas por irrigação,

fertilidade em sistemas integrados de produção, ajustes no manejo, gestão e custo de produção e plantio direto em áreas de arroz irrigado. Na linha do melhoramento genético foi levantada a demanda por convênios que envolvam o Irga e as empresas que detêm a tecnologia para este segmento, além de outros temas como manejo de doenças e mecanização agrícola visando à melhoria do estabelecimento da soja nessas áreas. Ao final do evento o Irga lançou o Projeto Soja 6000, que é o projeto de alta produtividade de soja do Irga. O objetivo é difundir o conhecimento existente para esta cultura quando em rotação com o arroz irrigado. A meta é atingir a produtividade de 6.000 kg/ha.

Precisamos operacionalizar um sistema de transferência de informações, além de desenvolver práticas de cultivo para obter altas produtividades de soja. O Irga vai usar a mesma metodologia e experiência adquiridos com o Projeto 10 em arroz irrigado. Essa experiência de sucesso do Projeto 10 credencia o Irga novamente a ser o articulador do Projeto soja 6000, unindo os produtores, os técnicos e as empresas do setor, e isso foi alcançado no evento em Porto Alegre. Buscando atender os interesses do nosso cliente que é o produtor de arroz, oIrga tem uma particularidade que poucas instituições possuem: a pesquisa e a extensão rural no mesmo órgão. Explorar isso da melhor maneira com produtores líderes e parceiros é a receita de sucesso que buscaremos juntos. A fase em que se encontra o Projeto Soja 6000 é o de validação das tecnologias. Lembramos que esta fase durou quase cinco anos no Projeto 10, e a expectativa é de que sejam conduzidas de oito a 10 áreas na próxima safra nas seis regiões arrozeiras do Estado. Os grandes desafios continuam sendo a questão da drenagem, adaptar as terras baixas para receber a cultura da soja, época de semeadura, cultivares melhores adaptadas, qualidade do estabelecimento da lavoura, plantabilidade, fertilidade, plantas daninhas, além do monitoramento de pragas e doenças e a irrigação. O que se espera com o Projeto Soja 6000 é uma melhoria da produtividade da soja em solos de terras baixas e a difusão da tecnologia que já existe, possibilitando acesso a maior número de produtores e, de certa forma, contribuindo para o maior equilíbrio da produtividade Foram parceiros deste primeiro encontro a Bayer, Syngenta, Basf, Dow, Monsanto, Nidera e Brasmax. O evento teve a realização do Irga, com o apoio da Fundação Irga. No ano que vem será realizado, no mês de junho, o 2º Encontro de Produção de Soja em Terras Baixas do Sul do Brasil.

O Projeto 6000

ASSESSORIA IRGA

O presidente do Irga, Guinter Frantz, apresentou o projeto para 215 produtores em meados de junho, em Porto Alegre

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ARTICULAÇÃO

Irga assume cadeira em órgão de recursos hídricos Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH) faz a gestão das bacias hidrográficas do Brasil

A

lavoura arrozeira gaúcha ganha força junto à administração federal. No último dia 4 de junho, o Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) foi escolhido para assumir uma cadeira no Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH), órgão responsável pela gestão de bacias hidrográficas do Brasil. Quem assumirá o posto em nome da entidade é o coordenador da Regional da Fronteira Oeste do Irga, Ivo Mello. Ele explica que a cadeira que passa a ser ocupada agora no CNRH é sempre destinada a instituições que representam os irrigantes e, por uma

O Irga ocupa uma das duas vagas no CNRH destinadas aos irrigantes.

3 anos é o tempo de mandato de um conselheiro.

articulação existente “há bastante tempo”, uma destas vagas costuma ser destinada a representantes de produtores de arroz. – A gente tem um acordo de cavalheiros: uma das vagas é ocupada pelo sistema sindical (atualmente pela Confederação

Nacional de Agricultura) e a outra por associações ou instituições que representem irrigantes. No caso, o Irga é uma delas – explica. O próprio Mello ocupou uma cadeira durante a última gestão do CNRH, mas como representante da Associação dos Arrozeiros do Alegrete. – A troca dos arrozeiros de Alegrete pelo Irga é uma articulação para que se possa manter o rigor da representação e até preparar outras pessoas para entender esse processo – afirma.

– uma delas é a do Rio São Francisco. No Rio Grande do Sul, porém, ainda não há taxação sobre a utilização da bacia do Uruguai. Mello explica que objetivo dessa cobrança não é criar mais um imposto, mas possuir um caráter educativo. Por exemplo: quando uma empresa emite dejetos em um rio, tornando-o mais poluído, ela é taxada por um valor. Mais tarde, se o concessionário deste serviço público tomar ações para despoluir esta bacia e ela apresentar melhoras, o valor da taxa cobrada da empresa Discute-se a cobrança diminuirá. pelo uso dos rios – A cobrança não é um imposto, mas é uma taxa para Um dos objetivos do CNRH poder subsidiar os esforços e é decidir pela cobrança ou não as ações que se têm que fazer de taxas pela utilização de bacias (decididas pelos comitês). À hidrográficas. Atualmente, o medida que a água melhore, a uso de água de algumas bacias taxa deve diminuir – afirma o hidrográficas do país é cobrada representante do Irga.

Entenda o que é o Conselho Nacional de Recursos Hídricos Criado pela Lei 9.433 de 1997, o CNRH é um colegiado que opera desde 1998 no processo de mediação entre usuários de águas, sendo responsável por gerir os recursos hídricos do Brasil e articular a integração de políticas públicas para a área. Ivo Mello explica que esta mesma legislação, conhecida como a “Lei das Águas”, também estabeleceu outros instrumentos para a gestão dos recursos hídricos no Brasil, como os Comitês de Bacia, o Sistema Nacional de Informações e Monitoramento, Plano Nacional de Recursos Hídricos e planos de bacia, enquadramento dos corpos de águas (classificação conforme a qualidade e quantidade), outorga e cobrança pelo uso da água, a maioria destas funções administrada pelo CNRH. Segundo Mello, um dos principais órgãos da gestão de recursos hídricos são os Comitês

Quem são os membros do CNRH O Conselho Nacional de Recursos Hídricos tem 57 conselheiros. A presidência sempre é de responsabilidade do titular do Ministério do Meio Ambiente, sob o comando da ministra Izabella Teixeira. Além disso, ele é composto por representantes das seguintes entidades e classes:

Secretarias Especiais da Presidência da República e Ministérios com atuação ligadas aos recursos hídricos; Conselhos Estaduais de Recursos Hídricos;

Ivo Mello já é coordenador da Regional da Fronteira Oeste

de Bacia, colegiados que criam parâmetros para a utilização das bacias hidrográficas, aprovam taxas de cobrança e as aplicam através de intervenções no plano de bacia. Cabe justamente ao CNRH gerir os comitês responsáveis pelos rios de domínio da União - aqueles que banham mais de um Estado ou são transfronteiriços.

Usuários de recursos hídricos (irrigantes, indústrias, concessionárias e autorizadas de geração de energia hidrelétrica, pescadores e usuários da água para lazer e turismo, prestadoras de serviço público de abastecimento de água e esgotamento sanitário, e hidroviários); Representantes de organizações civis de recursos hídricos (comitês, consórcios e associações intermunicipais de bacias hidrográficas; organizações técnicas e de ensino e pesquisa, com interesse na área de recursos hídricos; e organizações não governamentais). IVAN DE ANDRADE, PALÁCIO PIRATINI/BANCO DE DADOS

Bacia do Uruguai está na pauta de discussões do CNRH: ainda não há taxação sobre o uso

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Programa incentivará o

Ações de iniciativa do Irga incluem participação em conferências, patrocínio e organização de eventos e mobilização de regionais

DOLLAR PHOTO CLUB

GRÃO NA MESA

E

m razão das comemorações de seu aniversário de 75 anos, o Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) se prepara para lançar o Programa de Incentivo ao Consumo do Arroz, campanha que busca aumentar o consumo do cereal no Estado e no Brasil. Segundo dados do Instituto, o Brasil produz 12 milhões de toneladas de arroz por ano, o que o torna o maior produtor não asiático do mundo. Desse montante, o Rio Grande do Sul é responsável por 65% da produção. Contudo, apenas 12% do arroz produzido é consumido no Estado - 70% vão para outros Estados e o restante é exportado. De acordo o Irga, a China é o maior consumidor mundial de arroz, com uma média de 110 kg por habitante por ano (kh/hab.ano). No Brasil, o consumo é de 40kg/hab.ano. Já nos países europeus, a média mostra-se inferior a 10 kg/hab.ano. Assessor técnico do Irga, Gilberto Amato explica que, apesar de ser responsável por cerca de dois terços da produção brasileira de arroz, o Rio Grande do Sul é um Estado que consome muito pouco em grãos per capita. – Nós temos uma cultura muito europeia, que tem o hábito de consumir alimentos que vêm do trigo – afirma.

Ação busca divulgar os benefícios do grão E é justamente para mudar essa tendência no Estado e expandir o consumo de arroz no país que o Irga está se preparando para lançar o Programa. De acordo com Amato, as ações envolvidas na iniciativa dizem respeito, principalmente, a ajudar na divulgação dos benefícios do arroz entre os chamados formadores de opinião, pessoas que têm influência sobre os hábitos alimentares de grande parte da sociedade, buscando aumentar os indicadores de consumo no Estado e no país. O assessor do Irga explica que este trabalho será feito a partir da participação em conferências, do patrocínio e da organização de eventos, da mobilização das regionais do Irga para a participação em feiras agrícolas, isto é, junto a quem trabalha na área. – O nosso objetivo é trabalhar em grandes eventos em todo o Estado e no país – diz. Além disso, esse trabalho junto a profissionais da saúde por meio de faculdades de Nutrição e Enfermagem, por exemplo, propõe como objetivo iniciar um processo de conscientização sobre os benefícios do arroz. – Os livros de nutrição, quando falam em cereais, falam em trigo – comenta Amato, salientando que há muito desconhecimento sobre as propriedades do arroz. A partir desse trabalho junto aos formadores de opinião, Amato projeta que o Irga alcance outros segmentos da sociedade e aumente o consumo de arroz em longo prazo.

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GRÃO NA MESA PIXABAY / DIVULGAÇÃO

Bom para a saúde O assessor técnico do Irga, Gilberto Amato, explica que um dos problemas decorrentes da falta de informação das características de arroz é o desconhecimento de seus benefícios para a saúde. De acordo com Gilberto Amato, o fato de o arroz ter índice glicêmico mais baixo (o que resulta na liberação gradual de insulina) evita que o indivíduo tenha picos de hiper e hipoglicemia. Isso ajuda, por exemplo, estudantes que precisam manter a concentração por longos períodos e atletas que têm de realizar exercícios de menor intensidade, porém constante.

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Acredite se quiser: arroz é 14 em 1 Segundo o Irga, entre os benefícios do arroz estão:

1 - É um cereal rico em carboidratos complexos - fonte de energia e fibras solúveis. 2 - É fonte de proteína nobre. 3 - Ajuda no combate à diabetes por liberar gradualmente a energia do amido. 4 - Melhora a tolerância à lactose. 5 - Atua como regulador intestinal, auxiliando tanto em casos de diarreia como de intestino preso. 6 - Para atletas, sua absorção lenta preserva o glicocênio muscular. 7 - Não possui glúten, o que ajuda a evitar doenças celíacas.

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8 - Não possui gorduras trans. 9 - Ajuda a prevenir doenças cardiovasculares. 10 - É fonte de carboidratos para dietas. 11 - Na forma de integral, é rico em silício, o que ajuda no combate à osteoporose. 12 - Na forma como parboilizado, é rico em vitaminas e minerais. 13 - Auxilia na prevenção do câncer oral e de intestino, entre outros. 14 - Possui índice glicêmico mais baixo, o que resulta na liberação gradual de insulina.


RECEITA

Arroz + rapadura =

doce sabor Conheça a sobremesa inspirada nas tradições de Santo Antônio da Patrulha

Ingredientes

Arroz branco tipo 1 ou japonês 200 gramas Leite integral 1,5 litro Leite condensado (opcional) ½ caixa Açúcar cristal ou refinado 2 colheres sopa Rapadura pé-de-moleque 1 unidade 200 gramas Cravo/canela em casca A gosto Canela em pó (opcional) A gosto Creme de leite (opcional) 2 colheres sopa Modo de preparo

– Pensava em como fazer uma composição entre rapadura e arroz. Queria casar ingredientes regionais. Pois ela conseguiu, e o resultado justifica o esforço. A reportagem da Lavoura Arrozeira acompanhou a produção do prato e atesta: é uma delícia. Siga a receita e faça você também! É fácil, rápida e de baixo custo.

1 – Em uma panela, coloque arroz, um litro de leite e as especiarias. Cozinhe mexendo sempre para não grudar no fundo da panela.

2 – Em um recipiente, coloque o restante do leite e a rapadura para dissolvêla. Reserve uns pedacinhos para acrescentar no arroz pronto.

3 – Quando o arroz de leite estiver cozido, acrescente o leite dissolvido com a rapadura, mexendo sempre.

4 – Acrescente o leite condensado e misture bem. Coloque açúcar cristal para dar o ponto do doce. Misture bem até ficar cremoso e coloque os pedacinhos de rapadura.

5 – Resfrie e acrescente o creme de leite - caso opte por usá-lo, para dar uma consistência mais aveludada no doce.

6 – Coloque canela em pó ao servir, se desejar usá-la.

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E

m matéria de receitas, a criatividade parece não ter limites. Trata-se do caso da nutricionista do Irga, Cleo Amaral, responsável por criar um prato a partir da junção de arroz e rapadura. Batizada de Arroz doce sabor rapadura, esta sobremesa teve como inspiração a ExpoSAP, de Santo Antônio da Patrulha, no primeira semestre deste ano. Conta Cleo:

Arroz doce sabor rapadura


Eficiência, o lema de Gilberto

Arrozeiro de Dom Pedrito, na Campanha, adotou o que considera como a “Cultura de fazer bem feito”

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PALAVRA DO PRODUTOR

A

tela do smartphone do produtor de ter boa qualificação profissional, somada Gilberto Zambonato Raguzzoni, à experiência em uma empresa do porte da de Dom Pedrito, traz a prova de Petrobras. Ele e Moizes implantaram uma como é possível prosperar mesmo em cultura de trabalho em equipe, garante, na tempos bicudos para o campo. Enquanto qual há um esforço para a valorização do conversava com a reportagem da Lavoura pessoal. Prova disso, diz, aparece na baixa Arrozeira, a caminho de suas terras no rotatividade e na presença de pelo menos interior do município, ele recebeu a cinco funcionários com mais de 15 anos de confirmação via aplicativo Whatsapp de que casa. Um deles, Luzimar Bolzan, entrou na mais um negócio estava fechado. empresa em 1985 e lá segue até hoje. Com bom humor, brincou sobre – Notamos que somos referência a alternativa digital para vender uma para tratar com os colaboradores – produção que não se limita ao arroz e inclui, explica Gilberto, que delegou à sua ainda, soja e pecuária: filha Fernanda, psicóloga, a gestão do – Temos vários grupos de Whatsapp. departamento de RH da empresa. Não deixa de ser uma representação A divisão de chefia se dá com Gilberto da máxima adotada por ele e o sócio, à frente das partes administrativa e Moizes Teixeira, no comando da Parceria financeira, enquanto Moizes cuida da Raguzzoni e Teixeira - empresa responsável parte operacional, diretamente nas três por arrendar três estâncias em Dom Pedrito, estâncias – Bela Vista, São Francisco e Nossa com cerca de 1.800 hectares para a pecuária, Senhora de Lurdes. Há três equipes de 1.100 para o cultivo do arroz e 900 para a lavoura e outras três de pecuária, somando soja. A implementação do que chamam de 27 pessoas. Todos estão submetidos a “Cultura de fazer bem feito” permitiu um programa de avaliação de multiplicar uma área desempenho para assegurar aproveitada de 400 hectares, o cumprimento de regras e em 1995, em quase 10 vezes. prazos. O rendimento E isso que Gilberto só foi Uma estratégia para do arroz supera os parar no campo devido a ampliar a produtividade um trágico acidente que, se dá por meio da rotação 22 anos atrás, custou-lhe dos funcionários, de quilos por hectare as vidas do pai, Ruy, e forma que nenhum fique de seu filho Gustavo. Ruy restrito a uma só lavoura era sócio de Moizes nas ou à pecuária. A Parceria terras em Dom Pedrito, Raguzzoni e Teixeira adota enquanto Gilberto, formado em um sistema com foco em maior área Engenharia Mecânica pela Universidade plantada para obter maior volume colhido, Federal de Santa Maria, trabalhava na e isso tem funcionado, assegura Gilberto. O Refinaria Alberto Pasqualini, da Petrobras, rendimento do arroz supera os 9 mil quilos em Canoas. Vinha de uma carreira por hectare. Para Moizes, a confiança surge estabilizada, com passagem de seis anos na base de tudo: por São José dos Campos, em São Paulo. – Transparência no negócio. Cada um – Tirei um ano de licença e, em 1995, pedi tem sua função. demissão da Petrobras – relembra Gilberto, A lavoura arrozeira da dupla conta com hoje com 58 anos. as variedades híbrida e 424, plantadas em Foram tempos difíceis, mas que proporções semelhantes. Está nos planos significaram um recomeço. Embora não para a próxima safra cultivar a semente tivesse tanto conhecimento da lida do 424 RI, do Irga. campo – ao menos, na comparação com – É uma tecnologia nova e dá custo mais o sócio, Moizes, 62 anos –, Gilberto trazia baixo por hectare – observa Gilberto. na memória o gosto pelas temporadas ao E a produção vai para onde? A maior lado do pai durante a infância e nas férias, parte fica em Dom Pedrito, cidade já crescido. Conta ele que sempre ajudava responsável por cerca de 5% da produção na lavoura e que, não raro, entrava nos arrozeira gaúcha. O maior comprador condutos d’água e arrancava os aguapés com da Parceria Raguzzoni e Teixeira é a as mãos. Como define, foi um retorno a Coradini Alimentos, que depois redistribui uma atividade que gostava. o produto. Prova de que santo de casa A vantagem, neste caso, surgiu pelo fato também faz milagre.

9 mil

Gilberto Raguzzoni (E) conversa com o sócio Moizes Teixeira na estância Nossa Senhora de Lurdes

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PALAVRA DO PRODUTOR

Produtor pede política de preços ao governo federal Sujeitos de fala tranquila e de temperamento amigável, Gilberto e o sócio Moizes franzem o cenho quando o assunto sai da lida campeira em si para a situação econômica. Com experiência de quem já foi vice-prefeito de Dom Pedrito por dois mandatos, Gilberto cobra ao governo federal uma postura de mediação nas relações com o campo. Diz ele: – Faltam uma política de preços, uma proteção ao agricultor. O produtor está sozinho. A queixa cai diretamente à cotação do arroz: – A esse patamar de preço de R$ 31 (pela saca de 50kg), é inviável plantar. Os principais gargalos da lavoura são, em sua opinião, custos com combustível e com defensivos agrícolas.

O que eles fazem Fundamentos do que a empresa chama de “Cultura de fazer bem feito”:

Avaliação de desempenho Rotação das equipes em mais de uma cultura Valorização profissional com baixa rotatividade Cumprimento de regras e prazos

A lavoura em números

2

1.800

hectares de pecuária

900

hectares de soja

27

colaboradores divididos em 3 equipes

3

estâncias arrendadas

variedades de arroz: híbrido e 424

1.100 hectares de arroz

Produção de arroz superior, em quilos por hectare, a

9 mil

FOTOS PADRINHO AGÊNCIA DE CONTEÚDO

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PELOS NATES

Fique por dentro do que

acontece nos núcleos técnicos do Irga REPRODUÇÃO

Mais um passo para a execução do Memorial do Arroz em Cachoeira do Sul O presidente do Irga, Guinter Frantz, assinou no dia 21 de maio o segundo termo aditivo de cessão de uso de imóvel, pelo prazo de 20 anos prorrogável, do armazém número 4. Está localizado na Rua Marechal Floriano, 493, em Cachoeira do Sul, onde fica a sede do Instituto, para a implantação do Memorial Nacional do Arroz. A assinatura se constitui

em mais um passo para o encaminhamento do memorial, com tratativas iniciadas em 2011, pois formaliza a Associação Cachoeirense de Amigos da Cultura (Amicus) como entidade executora do projeto. A Amicus é uma entidade cultural sem fins lucrativos, com sede em Cachoeira, que tem como presidente Eliane Rosely Schuch, responsável pela captação de recursos à

Laboratório de Rosário do Sul analisa sementes para a safra O Laboratório de Análise de Sementes (LAS) do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) de Rosário do Sul deu início aos trabalhos de análise de semente certificada de arroz, na Coordenadoria Regional da Campanha. Realizam este trabalho os analistas técnicos agrícolas Juliana Sasso, Mário Gonzalez e João Alfredo Barreto, na divisão dos primeiros lotes da cultivar Irga 424 RI para a safra 2015/16. A meta é analisar mais de 1,5 mil amostras neste ano a fim de atender principalmente os sementeiros

execução do projeto. Caberá à entidade desenvolver os projetos museológico e arquitetônico executivo, já elaborados, além de captação de recursos e outros itens necessários à adequação do imóvel e à implantação, manutenção e gestão das atividades do Memorial. O coordenador regional da Depressão Central, Jaceguay Barros, destaca a importância do memorial para Cachoeira do

Sul, onde está situado o 4º Nate, pelas suas origens arrozeiras e que lhe rendeu o título de Capital Nacional do Arroz: – O objetivo é rememorar, valorizar e difundir a importância do arroz. O prédio está situado junto ao antigo parque industrial e abrigou o engenho Willy Tesch, um entre os inúmeros estabelecimentos construídos nas proximidades da Estação Ferroviária.

ASSESSORIA IRGA

da Regional da Campanha. De acordo com o engenheiro agrônomo Jair Mendes Flores Junior, do 22º Núcleo de Assistência Técnica e Extensão Rural (Nate) de Rosário do Sul, esta análise é feita para verificar a germinação e a pureza da semente, a fim de garantir a sua qualidade e sanidade para o produtor que deve adquirila para o plantio da próxima safra. Os trabalhos tiveram início no mês de maio e devem se estender até o final do mês de setembro, repetindo-se anualmente a cada safra. Lavoura Arrozeira Nº 464 | Junho/Julho/Agosto 2015

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PELOS NATES

Solo é avaliado para vitrine tecnológica na abertura da colheita em Alegrete Toda a área passou por georeferenciamento para a geração dos pontos amostrais. Com o resultado das amostras, a Federação das Associações de Arrozeiros (Federarroz) irá definir o melhor local para a implantação da lavoura oficial, cada um dos ensaios da vitrine tecnológica, áreas para dinâmica, exposição de máquinas entre outros setores do evento. A abertura da colheita será entre os dias 18 e 20 de fevereiro de 2016.

REPRODUÇÃO

Técnicos do Irga já iniciaram os trabalhos na área de 3,6 hectares, no parque Doutor Lauro Dornelles do Sindicato Rural de Alegrete, onde será realizada a 26ª Abertura Oficial da Colheita do Arroz, em 2016. Foram retiradas 25 amostras de solo, ou seja, uma amostra a cada 0,15 hectare ou a cada 1,5 mil metros quadrados, e enviadas para análise no laboratório do Instituto, em Cachoeirinha.

FOTOS ASSESSORIA IRGA

Seminário em Capivari projeta ações para a safra do Litoral Norte Mais de 200 participantes, entre produtores, técnicos e pesquisadores, estiveram no dia 2 de julho em Capivari do Sul, onde está situado o 32º Nate, para o 6º Seminário Regional do Litoral Norte, quando foi discutido o tema Produtividade, Qualidade e Respeito Ambiental. O evento foi organizado pelo Irga, por meios da Coordenadoria da Planície Costeira Externa (PCE), juntamente com a Associação de Arrozeiros de Palmares do Sul e Capivari do Sul, no CTG Tropeiros da Cultura, junto ao parque municipal de eventos Abrahão Nunes, de Capivari

do Sul, onde ocorreu a 14ª Expofeira. Na abertura, o diretor técnico do Irga, Maurício Fischer, destacou a disposição do Irga em buscar e levar tecnologia para os produtores com o intuito de melhorar os resultados desta região, que apresentou a menor média de produtividade ao longo das últimas safras: – Queremos buscar apoio técnico para que isso possa ser revertido. Em momentos de crise, o que o Irga pode oferecer é disponibilizar e aplicar tecnologia e que chegue a todos os produtores.

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Seminário Técnico na Zona Sul reúne mais de cem participantes A Coordenadoria Regional da Zona Sul realizou no dia 30 de junho um seminário técnico com mais de cem participantes, entre técnicos, representantes comerciais e também mais de um terço dos produtores do 2º e 33º Núcleos de Assistência Técnica e Extensão Rural (Nates). Esteve presente grande representatividade da classe orizícola dos municípios de Pelotas, Capão do Leão, Pedro Osório, Turuçú, Cerrito e Rio Grande, que juntos plantam mais de 43 mil hectares. Também participaram os conselheiros de todos os municípios abrangidos.

O evento começou às 9h30min e terminou ao meio-dia, com carreteiro e feijoada, preparados pela equipe regional Zona Sul e patrocinado pela Dow Agrosciences. O engenheiro agrônomo do 2º Nate, Igor Kohls, fez a abertura do evento, que contou com a apresentação da Coordenadoria Regional da Zona Sul, pelo engenheiro agrônomo André Barros Matos, que falou aos produtores os resultados obtidos pela regional Zona Sul, destacando o recorde de produtividade alcançado nesta safra, em que foram colhidos 8.479 quilos por hectare como média final.


CALENDÁRIO

Eventos movimentam comunidade arrozeira ASSESSORIA IRGA

Abertura Oficial da Colheita do Arroz De 5 a 7 de fevereiro, o Irga participou da 25ª Abertura Oficial da Colheita do Arroz no parque de exposições do Sindicato Rural, em Tapes (RS). Na ocasião, o Irga contou com um estande em que diretores e técnicos da entidade ouviram demandas e questionamentos de produtores e conselheiros em relação à lavoura do arroz.

O Setor de Eventos e Gastronomia do Instituto participou com a preparação de pratos feitos à base de arroz e com dicas de preparação de pratos variados. O evento também prestou uma homenagem ao chefe da Divisão de Pesquisa do Irga, Rodrigo Schoenfeld, pelo seu destaque como assistente técnico à produção do arroz.

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FOTOS ASSESSORIA IRGA

FOTOS ASSESSORIA IRGA

Abertura da Colheita do Arroz Agroecológico No dia 20 de março, o Irga esteve presente na Abertura da Colheita do Arroz Agroecológico, em Eldorado do Sul. O evento foi realizado pela Cooperativa dos Trabalhadores Assentados de Tapes (Cootap), que reúne agricultores que organizam todo o ciclo econômico do arroz: produção, colheita, armazenagem, beneficiamento e comercialização.

12ª Conferência Internacional de Arroz

O Irga foi o patrocinador máster da edição deste ano do Expoarroz, realizada entre os dias 5 e 8 de maio, em Pelotas, evento que reúne toda a cadeia produtiva do arroz no Estado. O instituto participou do evento promovendo ações de incentivo ao consumo de arroz, com degustação de produtos à base da farinha do cereal. O presidente do Irga, Guinter Frantz, e o diretor técnico, Maurício Fischer, mediaram duas mesasredondas. O diretor comercial, Tiago Barata, marcou presença nos debates do Fórum Internacional “O Arroz na Segurança Alimentar”, que discutiu temas como gestão e logística na cadeia produtiva do arroz.

Dia de Campo Internacional Um dia após o encerramento da conferência internacional, 26, o Irga promoveu o seu Dia de Campo Internacional na Estação Experimental do Arroz, em Cachoeirinha (RS). O evento foi destinado a promover o intercâmbio científico e tecnológico entre pesquisadores, empresários e produtores do arroz irrigado na América Latina e Caribe.

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No dia 25 de março, o Irga também contou com um estande visitado por milhares de pessoas no Dia do Arroz da 15ª Expoagro Afubra, de Rio Pardo (RS). Técnicos do Irga buscaram incentivar o consumo de arroz através da apresentação de variedades do cereal desenvolvidas pela autarquia, de técnicas de manejo e da degustação de produtos feitos com o arroz e a sua farinha.

Expoarroz em Pelotas

Entre 23 e 26 de fevereiro, o Irga, em parceria com o Fundo Latino-Americano de Arroz Irrigado (Flar), o Centro Internacional de Agricultura Tropical (Ciat) e a Aliança Global para a Pesquisa do Arroz (Grisp), organizou a 12ª Conferência Internacional de Arroz para a América Latina e Caribe. O evento, que ocorre desde 1976, foi realizado no Centro de Eventos da Pontifícia Universidade Católica (PUC-RS), em Porto Alegre, e contou com centenas de pesquisadores, estudantes, técnicos e produtores brasileiros e estrangeiros. A conferência tem o objetivo de compartilhar conhecimentos e experiências sobre a cultura do arroz e contou com painéis como Visão de futuro na genética e melhoramento de arroz para maior competitividade; Manejo da cultura e desenvolvimento tecnológico para a competitividade e Desafios da mudança climática para a competitividade do setor arrozeiro.

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Expoagro Afubra

Expodireto Cotrijal O Irga também marcou presença com um estande na edição de 2015 da Expodireto Cotrijal, realizada em Não-me-Toque (RS), entre os dias 9 e 13 de fevereiro. Esta feira do agronegócio trouxe novidades nas áreas de máquinas, pecuária, sementes e agricultura familiar.

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METEOROLOGIA

El Niño 2015/16

Figura 2 - Anomalia de temperatura na superfície do mar

pode ter grande variação climática

Previsão climática para os próximos meses inclui períodos de muita chuva, com ocorrência de veranico e frio intenso em curto período de tempo GLAUCO FREITAS Meteorologista Fepagro/Irga

Figura 1 - Condições El Niño Oscilação Sul (ENOS)

O

fenômeno global El Niño Oscilação Sul (ENOS) de 2015/2016 vem despertando uma grande preocupação da comunidade científica, órgãos públicos, sociedade em geral e principalmente dos produtores de arroz do Rio Grande do Sul. A agricultura, em especial a produção de grãos no Estado, é a mais atingida por este fenômeno global – de forma benéfica, provocando rendimentos acima da média, ou causando grandes reduções de safras. Ao examinar os dados de precipitação e as perdas de safras no período de 1961 até 2014 no RS, constatou-se que a mais intensa e extensa estiagem ocorrida no RS foi no verão 2004/2005 – que teve influência de El Niño, com chuva média para o período de três meses (dezembro, janeiro e fevereiro) de apenas 184 mm, enquanto que a média climática é de 404mm. Nessa safra, ocorreu a maior quebra já registrada no Estado, principalmente nas culturas de soja e milho, com perdas de 8 milhões de toneladas, conforme a Emater. Em relação à produtividade do arroz, tivemos os extremos em épocas de El Niño. A safra de 1997/1998 teve a menor produtividade desde 1986/1987 até 2014/2015, com apenas 4.250 kg/ha. E a maior produtividade que se tem registro, segundo a CONAB, foi em 2014/2015, com 7.700 kg/ha. Justamente neste ano foi verificado um El Niño MODOKI pela agência JAMSTEC (Japan Agency for Marine-Earth Science and Techonology). Diante dos efeitos positivos ou negativos do ENOS, este artigo orienta os produtores para tirar proveito das condições climáticas favoráveis e diminuir os efeitos das condições desfavoráveis para safra 2015/2016. Para a próxima safra compara-se a

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O que se pode esperar do clima para os próximos 3 meses

evolução do El Niño de 2002/03 e 2009/10, segundo a análise climática feita no início de julho. Mas será que as condições de El Niño irão persistir e ainda aumentar durante a primavera 2015? Ou haverá condições ENOS neutro no verão de 2015, como mostra uma tendência pelos modelos estatísticos? Veja a Figura 2. Nesta figura a TSM (Temperatura da Superfície do Mar) no Oceano Pacífico Equatorial, região de monitoramento do El Niño pela NOAA, apresentou um aumento significativo na anomalia positiva, variando de 1,5ºC a 2,0ºC e valores mais altos de até 3ºC no Pacífico Equatorial Leste e Oeste, como mostra a

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Figura 2, para o período de 21 a 27 de junho. Portanto, o fenômeno El Niño persiste com intensidade fraca a moderada nos próximos meses, podendo se intensificar na primavera. A influência do Pacífico Equatorial não é o único fator que orienta a previsão meteorológica regional. Outros indicadores e fatores ajudam a preparar as previsões sazonais: tempertura do oceano Atlântico junto à costa gaúcha, canal de umidade que vem da Amazônia, posionamento do jato subtropical, bloqueios atmosféricos e, principalmente, os modelos climáticos mais precisos para as latitudes e longitudes no Sul da America do Sul, onde se encontra o RS.

As temperaturas estarão acima da média, com grande probabilidade de haver maior incidência de veranicos, especialmente em agosto. Isto não significa que não teremos ondas de frio intenso com temperaturas negativas, apenas estas ondas de frio podem ter duração entre três e sete dias. E muita chuva concentrada em curto período de tempo, podendo até superar a média do mês em poucos dias, devido à ocorrência de bloqueios atmosféricos, entre outros fatores. Para um cenário ainda mais futuro, existe um indicativo de diminuição significativa do volume de chuva para o final da primavera e início do verão.

Diante disso, o que podem fazer os produtores quando se prevê esta grande variação climática, com excesso de chuva na época do plantio do arroz e depois uma possibilidade de estiagem?

Beneficiar-se do clima favorável antes de um evento extremo. Planejar qual a melhor época de preparo do solo para as variações climáticas previstas. Utilizar as áreas mais propícias às condições climáticas previstas para diversas culturas: soja, milho e arroz. Parar semeadura quando se prevê muita chuva, mesmo que o tempo esteja muito favorável. Utilizar a cultivar mais adaptada ao excesso de chuva no início do ciclo.

Determinar qual o melhor período para a semeadura, proporcionando um ganho direto nas horas de máquina. Planejar a irrigação. Planejar o período mais oportuno para aplicação de fertilizante e fungicidas. Programar o estágio da cultura para necessitar de mais radiação como período mais secos. Trabalhar em equipe, ou seja, com os demais produtores locais.

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ALMANAQUE

Há 50 anos na Revista Lavoura Arrozeira

REPRODUÇÕES

JULHO - Edição 220 Artigo assinado pelo engenheiro agrônomo José M. Penny, do Irga, esclareceu a composição da mão de obra dentro do custo do arroz. Penny observou que os fatores arrendamento, adubos, semente, irrigação, impostos e juros “somam um total de 60%” do preço. Como ele escreveu, “não é o custo da mão de obra que encarece o custo da quadra de arroz produzido”. Outras reportagens trataram sobre a fumigação do arroz com HCN, eletrificação rural e um passo a passo para a instalação de abrigos para bois. Na penúltima página, saiu a relação de aprovados para o financiamento de açudes.

JUNHO - Edição 219

AGOSTO - Edição 221

A edição de junho de 1965 da Lavoura Arrozeira trouxe como destaque uma ampla reportagem sobre o Estatuto do Trabalhador Rural. O texto esclarece ao produtor todos os pontos para a concessão de férias, além de direitos dos empregados. A revista também abordou o nivelamento dos arrozais, por meio de um artigo traduzido da publicação “Agricultura en las Américas”, além de uma tabela de dados técnicos aplicáveis sobre bombas centrífugas. E a estimativa de produção para a safra seguinte (1964/65) apontava a produção de 19,7 milhões de sacos de 50kg de arroz.

A reportagem principal de agosto de 1965 informava que “a rotação nas lavouras de arroz permite que as terras sejam exploradas dentro de normas mais agronômicas” – e alertava para o desenvolvimento de inços e esgotamento do solo, no caso da repetição de uma só cultura. O leitor também soube pela Lavoura Arrozeira que a variação do custo do arroz em casca, na comparação entre a safra passada e a atual, foi de 4,2% no arroz japonês e de 9,5% no blue rose.

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