Volume 67 / Nº 471 |Outubro/Novembro/Dezembro 2019
Controle de qualidade Irga reforça a gestão com novo planejamento estratégico e foco na excelência em pesquisa Páginas 26 a 32
A postos para o Dia de Campo Páginas 16 e 17
Pesquisa mapeia consumo de arroz Páginas 36 a 39
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Conheça e consuma
Arroz
em todas as suas formas
Arroz integral Contém ácido fólico, que ao ser ingerido durante a gravidez, auxilia no desenvolvimento fetal Fornece vitaminas, sais minerais e nutrientes que proporcionam o bom funcionamento do organismo Rico em carboidrato complexo, auxiliando quem realiza exercício prolongado sob intensidade moderada e em exercícios de alta intensidade e curta duração
Óleo do farelo do arroz Rico em Gama orizanol, potente antioxidante Comparado a outros óleos pode render 50% mais frituras Entre os óleos vegetais, apresenta melhor equilíbrio de gorduras, como recomendado pela Organização Mundial de Saúde
Farinha de arroz Comparada a outras farinhas, tem melhor absorção dos nutrientes
Proteína isolada de arroz
Produz sensação de saciedade, o que favorece redução do peso Apresenta baixo teor de lipídeos
Prático e fácil de usar: diluída em água, leite ou bebidas vegetais, ou acrescentada em vitaminas, sucos, iogurtes, bolos e misturada à refeição Recomendada para pessoas alérgicas ao leite ou à soja Utilizada para enriquecer qualquer refeição, dando mais saciedade e aumentando o valor nutricional da dieta
Um alimento cheio de sabor e saúde.
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EDITORIAL
A revista Lavoura Arrozeira é uma publicação do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) Av. Missões, 342 Porto Alegre (RS) - Brasil CEP 90230-100 Fone +55 (51) 3288-0400 www.irga.rs.gov.br www.facebook.com/IrgaRS - @IrgaRS ISSN: 0023-9143 Governador do Estado: Eduardo Leite Vice-governador: Ranolfo Vieira Jr. Secretário Estadual da Agricultura e Pecuária: Covatti Filho Presidente do Irga: Guinter Frantz Diretor Técnico: Ivo Mello Diretor Administrativo: João Alberto Antônio Produção da Revista Conselho Editorial: Camila Pilownic Couto, Jaime Staffen, Julio Uriarte, Mara Grohs, Raquel Flores, Ricardo Kroeff, Sandra Möbus, Sergio Pereira, Tânia Nahra e Victor Hugo Kayser. Produção e execução: Padrinho Agência de Conteúdo Edição: Carlos Guilherme Ferreira - MTB 11.161 Colaboração: Pedro Pereira, Igor Morandi, Luciara Schneid, Sérgio Pereira, Raquel Flores e área técnica do Irga (artigos técnicos). Capa: foto Emílio Pedroso. Tiragem: 9 mil exemplares. Impressão: Atendimento ao leitor: revista@irga.rs.gov.br Para assinar gratuitamente a Revista Lavoura Arrozeira acesse: www.irga.rs.gov.br/assinatura-darevista-lavoura-arrozeira Fone: (51) 3288-0455
É permitida a reprodução de reportagens, desde que citada a fonte. Os artigos assinados não refletem, obrigatoriamente, a opinião da revista.
Excelência técnica
À
s vésperas de completar 80 anos, o Irga dedica esforços e recursos para manter a relevância conquistada no cenário da orizicultura. Porque a manutenção de uma posição de destaque só é possível por meio de inovação tecnológica e evolução administrativa, representada por uma gestão responsável e calcada em bons princípios. É por isso que o instituto aposta na implantação, até 2020, de um novo planejamento estratégico e da mudança para uma sede própria, na zona norte de Porto Alegre. São fatores importantes para o engajamento dos colaboradores na excelência no atendimento ao produtor de arroz e na pesquisa qualificada, representada pela Estação Experimental do Arroz (EEA), em Cachoeirinha. É lá que nascem os novos produtos. Hoje, o Irga produz cultivares que representam 50% do volume plantado no Rio Grande do Sul – e falamos do Estado que entrega mais de 70% da produção de arroz do Brasil. Para esta safra, a expectativa é de “uma curva ascendente” na utilização da cultivar IRGA 431 CL, novo carro-chefe saído dos laboratórios da EEA.
Sumário Interatividade Foto do Leitor Abertura da colheita Artigo técnico Expointer Artigo técnico 80 anos do Irga Dia de Campo Entrevista Artigo técnico Selo ambiental
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Falamos de um produto resistente ao Brusone, algo garantido graças a processos como o do laboratório de Fitopatologia da Estação Experimental, onde trabalham profissionais como o técnico agrícola Róberson Almeida e a engenheira agrônoma Débora Favero. Em parceria com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), eles se dedicam a um projeto que identifica a presença do Brusone e isola os genes resistentes ao parasita. Em menos de quatro anos, afirma, cerca de 200 genes foram isolados – antes da parceira começar, eram 12. E isso que o trabalho se estende também a plantas de produtores de todo o Estado. Em uma semana, já é possível informar o resultado dessa análise. O case acima comprova a importância do Irga para o produtor gaúcho e ilustra o fato de o instituto ter se tornado exemplo mundial em pesquisa e desenvolvimento de cultivares. As placas com tradução para o inglês dentro da Estação Experimental mostram que os visitantes estrangeiros são bem-vindos e podem, tranquilamente, retornar do Rio Grande do Sul com uma nova referência na bagagem.
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Matéria de capa Artigo técnico Pesquisa sobre arroz Artigo técnico Evento com Rita Lobo Provarroz Poesia Artigo técnico Granizo Notas Há 50 anos
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FOTO DO LEITOR
Foco
na lavoura Saíram os vencedores do Concurso Cultural Sua Foto na Revista Lavoura Arrozeira, que teve votação nas redes sociais do Irga. Foram 2.713 votos, sendo 1.634 no Facebook e 1.079 no Instagram
Kassyano Santos Pooch
Kassyano Santos Pooch
Luiz Glasenapp Junior
Ramiro Alvarez de Toledo Lavoura Arrozeira Nº 471 | Outubro/Novembro/Dezembro 2019
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EVENTO
Inovação marca a Abertura da Colheita 2020 Q Irrigação por pivô e integração maior com a soja e a pecuária estão entre as atrações previstas em Capão do Leão, de 12 a 14 de fevereiro
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uem visitar a Estação Terras Baixas da Embrapa em Capão do Leão, de 12 a 14 de fevereiro de 2020, vai se deparar com novas formas de cultivo do arroz. Ao lado da área de cultivares Irga e da Embrapa será instalado um pivô para a irrigação dos grãos. Tradicionalmente utilizado na cultura da soja, o equipamento é uma das novidades da 30ª edição da Abertura Oficial da Colheita do Arroz, que também contará com um espaço maior reservado às pastagens da agropecuária. O presidente da Federação das Associações
de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz), Alexandre Velho, afirma que as novidades estão alinhadas ao tema da 30ª edição do evento: “intensificação para a sustentabilidade”. Segundo ele, o futuro da produção de arroz está em buscar alternativas para além da monocultura. “Precisamos trabalhar em um sistema integrado. Além da soja e da pecuária, também estamos pesquisando outras alternativas de grãos e de coberturas vegetais para trazer mais segurança e sustentabilidade para as lavouras de arroz”, afirma Velho, ao ressaltar que diversificação da produção com a soja pode aumentar entre 10% e 20% a produtividade, além de reduzir em 15% os custos de produção. “Claro que a soja não é uma receita de bolo. Cada propriedade tem as suas características e não adianta plantar de qualquer jeito. Por isso a informação é tão importante”, explica. O presidente da Federarroz afirma que a abertura da colheita é uma boa oportunidade para que os produtores conheçam o que há de mais moderno no setor e possam buscar inovações alinhadas às características das suas lavouras. De acordo com ele, o Irga tem papel fundamental nesse processo, já que é responsável por levar aos orizicultores informações sobre as pesquisas em andamento e as novas cultivares, que aumentam a qualidade do produto oferecido aos consumidores e a produtividade das lavouras.
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O coordenador do Irga na zona sul do Estado, André Matos, afirma que, assim como no ano passado, metade da lavoura de um hectare que abrirá simbolicamente a colheita é cultivada com a variedade IRGA 431 CL. A outra metade é da BRS Pampa CL, produzida pela Embrapa. Para a nova edição, ele ressalta que houve reforço no trabalho das vitrines tecnológicas de empresas, com um número maior de demonstração de lavouras para que os produtores possam visitar e buscar informações úteis para as suas propriedades. “Estamos trabalhando na realização de um evento cada vez maior e melhor. Apesar de todas as dificuldades na comercialização do arroz e das carências enfrentadas pelos próprios institutos de pesquisa, estamos trabalhando com muita força e integração para garantir a sustentabilidade técnica e econômica do setor”. A expectativa é que 7 mil pessoas passem pela Estação Terras Baixas, da Embrapa Clima Temperado, em Capão do Leão, no sul do Estado, nos três dias de evento. A abertura da colheita é realizada pela Federarroz e Embrapa, com apoio do Irga.
Programe-se 30ª Abertura da Colheita do Arroz Quando: de 12 a 14 de fevereiro de 2020 Onde: Estação Terras Baixas, da Embrapa Clima Temperado, em Capão do Leão (RS) Como participar: as inscrições são gratuitas e devem ser feitas na chegada ao evento Tema desta edição: Colheita do Arroz e Grãos em Terras Baixas, Intensificação para Sustentabilidade O que o produtor vai encontrar: Roteiro técnico com as principais empresas e instituições de pesquisa do país Palestras, Fóruns, Debates e oficinas Feira com as novidades do setor
ALEXANDRE VELHO, presidente da Federarroz
“O produtor vai encontrar muita inovação, informação fundamental para a continuidade do seu negócio e troca de experiências no maior evento de abertura de colheita de safras do Brasil”
FOTO ANDRÉ MATOS / IRGA
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ARTIGO TÉCNICO
IRGA e UFRGS: avanços sobre controle da
brusone em arroz
Figura 1 Sintomas de brusone em folha e panícula de arroz
Principal doença na cultura orizícola tem a resistência genética como ferramenta de contenção ROBERSON ALMEIDA, DÉBORA FAVERO, GABRIELA DA FONSECA, DANIELLE ALMEIDA E MARCELO GRAVINA
A
brusone é reconhecida mundialmente como a principal doença na cultura do arroz. Causada pelo fungo Magnaporthe oryzae (Pyricularia oryzae), provoca danos nas fases vegetativa e reprodutiva da planta (Figura 1). Na fase vegetativa, a evolução de suas lesões reduz a área foliar e a taxa fotossintética e, em consequência, o desenvolvimento da planta. Já na fase reprodutiva, popularmente conhecida como “brusone de pescoço”, diminui a produtividade devido ao não enchimento dos grãos. Em anos em que ocorrem condições meteorológicas favoráveis ao desenvolvimento e à multiplicação do patógeno, as perdas de produtividade na lavoura podem chegar a 100%. Entre as estratégias de controle da doença em arroz, a resistência genética é a principal ferramenta, seguida pelo uso de sementes certificadas, semeadura na época recomendada, aplicação de tratos culturais adequados e, em caso de utilização de cultivares suscetíveis, pelo controle químico. A resistência genética pode ser perdida em curto prazo. Pesquisas realizadas em cultivares utilizadas no Estado do Rio Grande do Sul mostram que a quebra da resistência à brusone
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pode ocorrer já a partir do quarto ano de utilização da variedade. Condições meteorológicas como altas temperaturas e elevada umidade relativa do ar, aumentam a multiplicação do patógeno e, por consequência, sua variabilidade genética. Além disso, quando se associa a essas condições, o cultivo em larga escala de uma única variedade, há aumento da pressão da doença, levando à perda da resistência. A melhor alternativa a essa problemática é a resistência genética obtida através da inserção de genes de resistência à brusone em novas cultivares de arroz. Para isso, é importante que se conheça a eficiência desses genes frente às populações de P. oryzae existentes nas regiões onde essas futuras variedades serão semeadas. Para se atingir esses objetivos, o Programa de Melhoramento Genético do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), em parceria com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), desenvolve projetos que buscam obter maior conhecimento sobre a relação patógeno-hospedeiro, visando o lançamento de cultivares que tenham resistência conhecida e durável. Especificamente, há uma busca pela seleção de genes de resistência conhecida, presentes em linhagens isogênicas. O Projeto é realizado no Laboratório de Fitopatologia, da Estação Experimental do Arroz, do Irga, em Cachoeirinha, RS. A me-
todologia prevê a inoculação de esporos de P. oryzae em um conjunto de 34 linhagens, as quais possuem um gene diferente, que confere resistência a uma determinada população do patógeno. Para obtenção desses esporos, são coletadas amostras de plantas de arroz com sintomas de brusone, advindas das seis regiões orizícolas do Estado. Após análise em laboratório e confirmada à presença de esporos de P. oryzae, estes são isolados e multiplicados para posterior inoculação nas linhagens. Dez dias após a inoculação, verifica-se a resposta de cada linhagem em relação ao isolado que foi inoculado, onde, conforme a evolução das lesões classifica-se essas linhagens em resistentes ou suscetíveis à brusone. O Projeto vem sendo realizado desde a safra 2015/2016. Até o momento, foram inoculados 125 isolados de P. oryzae. As fontes de inóculo foram provenientes de cultivares com suscetibilidade já conhecida e de variedades de arroz que recentemente perderam a resistência. Os resultados apontam um conjunto de três genes (Pi5(t), Pita2 e Pii) conferindo resposta de resistência acima de 90% frente a todos os isolados. Também foi verificada variabilidade de resposta do mesmo gene em relação à fonte de inóculo, confirmando que o percentual de resistência obtido por esses três genes confere resistência a populações
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ROBERSON ALMEIDA
distintas de patógeno de P. oryzae. Os dados obtidos sobre esses genes até o momento servem de informações aos melhoristas do Irga, que poderão introduzi-los em cruzamentos que visem à obtenção de resistência durável a brusone, em novas cultivares de arroz. Outra linha de pesquisa em desenvolvimento no Laboratório de Fitopatologia e que utiliza a mesma metodologia de seleção de genes resistentes é o monitoramento contínuo da resposta à brusone nas principais cultivares de arroz utilizadas pelos produtores gaúchos e nas linhagens promissoras do Irga, que podem se tornar novas variedades comerciais. Os resultados obtidos de 75 inoculações com isolados diferentes mostram resistência de 100% em todas as linhagens avaliadas e também na nova cultivar IRGA 431 CL. Essa informação torna-se importante diante do cenário apresentado na última safra (2018/2019), cujo levantamento de safras do Irga apontou que 86% da área semeada no Estado foi com a utilização de três cultivares que apresentam algum grau de suscetibilidade a patógenos de P. oryzae. Essas variedades são a IRGA 424 RI, que apresentou casos de brusone em lavouras comerciais durante a última safra, a Guri INTA CL e a Puitá INTA CL, que já possuem suscetibilidade conhecida. Essa dominância de cultivo de três variedades de arroz em grande parte da área orizícola do Estado, tende a ser repetida na próxima safra. Diante disso, é importante que o produtor tenha à sua disposição novas cultivares de arroz com resistência à brusone, que sejam ao mesmo tempo produtivas e com alta qualidade de grãos. O uso dessas cultivares reduz os custos pela não aplicação de fungicidas específicos para seu controle, assim como gera menor impacto ambiental pela menor utilização de agroquímicos.
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SERVIÇO
Saiba onde encontrar
apoio
Estado está dividido em 37 núcleos de assistência técnica (Nate) e, nesta página, você pode saber o telefone e endereço de cada um SÃO GABRIEL Endereço: Rua Duque de Caxias, S/Nº, São Gabriel Telefone: (55) 3232-6050
SÃO VICENTE DO SUL Endereço: Rua Carapé, 308, Centro, São Vicente do Sul Telefone: (55) 3257-1220
PELOTAS Endereço: Rua João Manoel, 301, Centro, Pelotas Telefone: (53) 3278-3236 - (53) 3278-3077
VIAMÃO Endereço: Rua Luiz Rossetti, 331, 2º andar, Centro, Viamão Telefone: (51) 3485-2531
CAMAQUÃ Endereço: Rua João Ferreira, 141, bairro Maria da Graça, Camaquã Telefone: (51) 3671-1414
SÃO LOURENÇO DO SUL Endereço: Rua Humaitá, 736, Centro - São Lourenço do Sul Telefone: (53) 3251-3141
CACHOEIRA DO SUL Endereço: Rua Marechal Floriano, 493, Cachoeira do Sul Telefone: (51) 3722-2090
RESTINGA SECA Endereço: Av. Eugênio Gentil Müller, 531, Centro, Restinga Seca Telefone: (55) 3261-1289
RIO PARDO Endereço: Rua General Osório, 71, bairro São João, Rio Pardo Telefone: (51) 3731-1356
ITAQUI Endereço: Rua Bento Gonçalves, 625, Centro, Itaqui Telefone: (55) 3433-1682
SANTA MARIA Endereço: Rua Appel, 475, Centro, Santa Maria Telefone: (55) 3222-4044
DOM PEDRITO Endereço: Rua Andrade Neves, 879, sala 899, Centro, Dom Pedrito Telefone: (53) 3243-1287
SANTO ANTÔNIO DA PATRULHA Endereço: Rua Caldas Júnior, 248, Santo Antônio da Patrulha Telefone: (51) 3662-2197
PALMARES DO SUL Endereço: Avenida Osvaldo, s/nº – Granja Vargas, Palmares do Sul Telefone: (51) 3685-9125
SÃO BORJA Endereço: Av. Francisco C. Banderó, 39, bairro Tiro, São Borja Telefone: (55) 3431-1477
ROSÁRIO DO SUL Endereço: Rua Amaro Souto, 2.725, Centro, Rosário do Sul Telefone: (55) 3231-2866
ALEGRETE Endereço: Rua Barão do Amazonas, 94, Centro, Alegrete Telefone: (55) 3422-4640
SÃO SEPÉ Endereço: Rua Percival Brenner, 1.321, sala 05, São Sepé Telefone: (55) 3233-1235
TAPES Endereço: Av. Assis Brasil, 2.752, Centro, Tapes Telefone: (51) 3672-1088
BAGÉ Endereço: Avenida Portugal, 495, Bairro Castro Alves, Bagé Telefone: (53) 3242-1073
ARROIO GRANDE Endereço: Av. Visconde de Mauá, 1.495, Centro, Arroio Grande Telefone: (53) 3262-1301
JAGUARÃO Endereço: Avenida Odilo Gonçalves, 643 (Sindicato Rural), Centro, Jaguarão Telefone: (53) 3261-2152
URUGUAIANA Endereço: Rua Gal. Flores da Cunha, 2055 - Centro - Uruguaiana Telefones: (55) 3412-1264 e (55) 3411-7516 GUAÍBA Endereço: Rua Otaviano M. de Oliveira Junior, 218, Centro, Guaíba Telefone: (51) 3480-2372 SANTA VITÓRIA DO PALMAR Endereço: Rua General Deodoro, 1361, Centro, Santa Vitória do Palmar Telefone: (53) 3263-1708
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CACEQUI Endereço: Rua João Almeida Genro, 233, Centro, Cacequi Telefone: (55) 3254-1251 CANDELÁRIA Endereço: Rua Lopes Trovão, 456, 1º andar, Candelária Telefone: (51) 3743-1145 GENERAL CÂMARA Endereço: Rua Senador Florêncio, 50, General Câmara Telefone: (51) 3655-1213
HORÁRIOS DE ATENDIMENTO Das 8h30min às 12h Das 13h às 17h30min
QUARAÍ Endereço: Rua Doutor Francisco Carlos Reverbel, 342, Centro, Quaraí Telefone: (55) 3423-1283 SANTANA DO LIVRAMENTO Endereço: Rua Vasco Alves, 1.100, salas 04/05, Santana do Livramento Telefone: (55) 3242-5244 CAÇAPAVA DO SUL Endereço: Rua Coronel Coriolano de Castro, 539, sala 201, Caçapava do Sul Telefone: (55) 3281-1629 CAPIVARI DO SUL Endereço: Rua Portugal, 109, Bairro Jardim Formoso, Capivari do Sul Telefone: (51) 3685-1047 RIO GRANDE Endereço: Rua João Manoel, 301, Centro, Pelotas Telefone: (53) 3278-3236 MOSTARDAS Endereço: Rua Ana Amália Leite, 19, Centro, Mostardas Telefone: (51) 3673-1388 FORMIGUEIRO Endereço: Rua 7 de Setembro, 610, Centro, Formigueiro Telefone: (55) 3236-1450 AGUDO Endereço: Rua Marechal Floriano, 571, Agudo Telefone: (55) 3265-1924 TORRES Endereço: Avenida Barão do Rio Branco, 977, Centro, Torres Telefone: (51) 3626-5444
Veja a relação completa dos profissionais que atendem em cada Nate em www.irga.rs.gov.br/coordenadorias-e-nates
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FOTO SÉRGIO PEREIRA / IRGA
EXPOINTER
Coordenadora da Estação Regional de Pesquisa do Irga em Cachoeira do Sul, Mara Grohs palestrou na Expointer
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para poluir menos Aumentar a produtividade reduz consideravelmente a emissão do gás metano e, assim, diminui o impacto ao ambiente
É
impossível produzir arroz irrigado sem emitir gás metano ao meio ambiente. No entanto, pesquisas mostram que aumentar a produtividade por hectare faz com que se tenham cada vez mais grãos com o menor impacto. Enquanto isso, técnicas de preparo do solo e irrigação reduzem consideravelmente os efeitos negativos na natureza. Ou seja: com alguns cuidados, é possível ter mais arroz com (muito) menos poluição. Foi o que abordou a palestra da doutora em agronomia Mara Grohs, coordenadora da Estação Regional de Pesquisa de Cachoeira do Sul. Ela falou para o público presente à Casa RBS, na Expointer, em 26 de agosto. Conforme exposto por Mara, em uma área inundada, como durante o ciclo de produção do arroz, cria-se um ambiente anaeróbico, ou seja, sem presença de oxigênio. É onde o gás metano aparece e precisa ser dispensado na atmosfera. No caso do arroz, estima-se que até 90% do metano de uma lavoura passe por dentro das plantas, graças aos aerênquimas
O modelo perfeito Confira as dicas da agrônoma Mara Grohs para aumentar a produtividade e, ao mesmo tempo, reduzir a emissão de gases ao meio ambiente.
(espaços de ar localizados dentro da planta de arroz por onde o gás escapa da água). A emissão de gás metano é proporcional à massa de plantas por hectare. Então, se com a mesma quantidade de área plantada a produção de grãos for maior, teremos mais arroz diminuindo o impacto ao meio ambiente. “Apesar de ser um contribuinte para o aumento das emissões de gases, a lavoura de arroz é uma das poucas culturas em que podemos, por meio do manejo cultural, diminuir esse efeito”, garante Mara. A pesquisadora defende que, ao contrário do que os leigos pregam, uma lavoura de arroz com boas práticas de manejo tem menos impacto até em relação as áreas que não tiveram ação antrópica, no caso, os pântanos. “Geralmente é uma área de banhado que foi manejada para virar lavoura. Estudos apontam que, se continuasse um banhado, a poluição será até 85% maior”, explica. Algumas técnicas de manejo permitem aumentar a produtividade por hectare e ao mesmo tempo reduzir o impacto ao meio ambiente. Entre as principais, Mara destaca a antecipação no preparo do solo, a irrigação intermitente, o potencial produtivo da cultivar e a rotação de culturas (confira no quadro). O desafio é aumentar a produtividade. Mara sugere que o agricultor abandone um sistema convencional e foque no plantio direto ou no preparo antecipado do solo.
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Antecipar preparo do solo ou plantio direto: evita a incorporação de restos culturais muito próximo da semeadura do arroz. Cultivar de alto potencial produtivo: já que a área produzirá metano e a planta será o canal para que ele vá ao meio ambiente, o jeito é fazer com que, ao mesmo tempo, essa planta produza o maior número possível de grãos para compensar o serviço. A escolha da cultivar é fundamental. Área altamente produtiva: estima-se a média de 10 toneladas por hectare para considerar a lavoura como dentro de uma margem aceitável de produção versus emissão de gases. Rotação de culturas: plantar soja ou milho na entressafra mantém a área drenada, já que são culturas não inundadas. Isso também tem a ver com o último tópico. Irrigação intermitente: evitar que a área permaneça submersa durante todo o tempo diminui o período de emissão de gases. Recomenda-se deixar que a água evapore antes de repor.
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ARTIGO TÉCNICO
Solos hidromórficos cultivados com soja: estratégias
Artigo aborda alternativas para implementar a descompactação de solos devido a fatores como redução de custos e manejo da resistência de plantas daninhas PABLO GERZSON BADINELLI e DARCI FRANCISCO UHRY JUNIOR Eng. agr., Msc., IRGA/Estação Experimental do Arroz/EEA/IRGA e-mail: pablo-badinellil@irga.rs.gov.br. FRANCISCO ALEXANDRE DE MORAES e JÚLIO KUHN DA TRINDADE Eng.agr. Dr. IRGA/ Estação experimental do Arroz /EEA/IRGA. ÉRIKA MENEGAT e DAVID LEMOS Acadêmico de Agronomia., ULBRA/Canoas. RENATO LEVIEN, GETULIO COUTINHO FIGUEIREDO e MICHAEL MAZURANA Eng.agr., Dr.,Professor. UFRGS - Curso de Pós-Graduação em Ciência do solo.
INTRODUÇÃO
O
aumento das áreas de cultivo com soja em solos hidromórficos tem sido motivado pelo manejo da resistência de plantas daninhas, necessidade de redução de custos e oportunidade econômica no sistema de produção orizícola. No Rio Grande do Sul, a área de soja em rotação com arroz irrigado na safra 2018/2019 foi de 320.000 ha (Irga, 2019). Os solos em condições de hidromorfismo ocorrem em topografia plana, associada a um perfil pouco profundo e de baixa permeabilidade, o que resulta em drenagem natural deficiente (PAULETTO et al., 1999). A estes fatores pode somar-se a compactação, em que valores de resistência mecânica do solo à penetração acima de 2.000 kPa, são considerados críticos ao desenvolvimento do sistema radicular de várias culturas (TAYLOR et al., 1966). A compactação do solo ocorre pelo tráfego de máquinas em condições de umidade elevada, excesso de operações durante o preparo de solo, ausência de cobertura vegetal no solo, alta lotação de gado nestes solos e a ação da água
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de irrigação e de sucessivas inundações sobre estes solos, associado. O incremento na compactação do solo podem afetar negativamente o arranjo estrutural do solo, causando prejuízos à porosidade, difusão de gases, infiltração e armazenamento de água no solo (TAYLOR & BRAR. 1991). Tais condições podem ser deletérias ao ambiente radicular, uma vez que a compactação acarreta baixo desenvolvimento de raízes e concentração destas em camadas mais superficiais do perfil do solo, de maneira a restringir o volume de solo explorado pelas plantas em busca de água, ar e nutrientes, os quais poderiam ser exportados para sua parte aérea para formação de biomassa e grãos.” A adoção de práticas mecânicas de descompactação do solo é uma forma de mitigar os efeitos da compactação e se dá pelo rompimento da camada de solo mais densa. Para escolha do tipo de mecanismos descompactadores é importante considerar a textura e a densidade de solo, a identificação da camada de solo mais densa, a frequência das operações requeridas para tal e seu custo energético (KOCHHANN et al., 2000). Com a melhoria das condições do ambiente de desenvolvimento radicular, há maior aporte de água e nutrientes para o desenvolvimento do aparato fotossintético da planta. Com o aumento do índice de área foliar (IAF), ocorre o aumento da interceptação da radiação luminosa. Logo, com mais fotoassimilados, maior será a taxa de crescimento da planta em condições ambientais favoráveis (BROWN & BLASER, 1968). A clorofila funciona como fotorreceptor na fotossíntese e seu teor nas folhas está diretamente ligado à disponibilidade de nitrogênio (N). Parte desse N é fruto da simbiose entre Bradyrhizobium e as raízes da soja, que pode ser influenciada por condições am-
bientais limitantes à fixação de N, como a hipóxia causada pelo excesso de umidade ou a compactação do solo. O presente trabalho teve o objetivo de avaliar o impacto do uso de diferentes mecanismos de descompactação em solo hidromórfico no desenvolvimento da parte aérea das plantas e no rendimento de grãos de soja.
MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido na Estação Experimental do Arroz, do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), localizado em Cachoeirinha-RS, durante a safra 2018/2019. O solo utilizado é classificado como Gleissolo Háplico, conforme os critérios de enquadramento do Sistema Brasileiro de Classificação de Solos (Santos et al. 2018). O delineamento experimental foi de blocos ao acaso, com quatro repetições. Os tratamentos foram: SE/SH - (sem escarificação e sem haste sulcadora), SE/CH (sem escarificação e com haste sulcadora), CE/ SH (com escarificação e sem haste sulcadora) e CE/CH (com escarificação e com haste sulcadora), onde cada parcela experimental foi de 12 m x 12 m. A escarificação e a semeadura foram realizadas no dia 12/11/2018, a profundidade útil de trabalho da haste sulcadora de 15 cm e da haste escarificadora de 30 cm. A cultivar de soja utilizada foi a BS IRGA1642 IPRO, com densidade de semeadura de 24 sementes/m2. A correção da acidez e da fertilidade do solo e os manejos fitossanitários foram realizados conforme Projeto 6000 (Irga, 2018). Após a semeadura, foi avaliada a resistência mecânica do solo à penetração (RP), com o equipamento Marca: Falker, Modelo: SoloTrack, realizando
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“Os tratamentos CE/SH e CE/CH foram mais eficientes no rompimento da camada compactada até 25 cm de profundidade (Figura 1). Já os tratamentos SE/SH e SE/ CH atingiram o limite de RP = 2.000 kPa aos 10 cm de profundidade.”
Figura 1 Resistência mecânica do solo à penetração (RP) em função dos mecanismos de descompactação do solo para cultivo de soja. Tratamentos: Sem escarificação e sem haste sulcadora (SE/SH), sem escarificação e com haste sulcadora (SE/CH), com escarificação e sem haste sulcadora (CE/SH) e com escarificação e com haste sulcadora (CE/CH). Cachoeirinha/RS, 2018/2019.
Resistência mecânica do solo à penetração (kPa) 0
0
1000
2000
4000
5000
10 15 20 25 30 35 40
SE/SH SE/CH CE/SH CE/CH 2000 kPa
“O rompimento da camada de solo compactada pela escarificação melhorou o ambiente radicular e teve impacto no desenvolvimento da parte aérea de plantas de soja. (Tabela 1).”
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3000
5
Profundidade (cm)
40 leituras por parcela. Foram determinadas a umidade e a densidade do solo (0-40 cm) no momento das medições da RP. Para isso foram coletadas amostras de solo em anéis volumétricos de 123 cm³ a cada 5 cm de profundidade/ parcela no espaço entre as linhas de cultivo. O índice de clorofila foliar (ICF) é um valor relativo do conteúdo de clorofila, determinado pelo equipamento marca: Falker e modelo: ClorofiLog®, com 10 leituras/parcela no estádio de desenvolvimento R5 da soja. A interceptação luminosa (IL) e o índice de área foliar foram determinados nos estádios R1 e R5 (Ferh & Caviness., 1977), pelo equipamento Ceptômetro - marca: Decagon e modelo: Accupar LP80, com 40 leituras por parcela. Para determinação do rendimento de grãos, foi colhida uma amostra de 45 m2/parcela. Os dados foram submetidos à análise da variância e as médias foram comparadas pelo teste de Tukey, a 5 % de probabilidade. Os tratamentos CE/SH e CE/CH foram mais eficientes no rompimento da camada compactada até 25 cm de profundidade (Figura 1). Já os tratamentos SD/SH e SD/CH atingiram o limite de RP = 2.000 kPa aos 10 cm de profundidade. Nestas condições, o desenvolvimento de raízes fica limitado e dificulta a planta em explorar um maior perfil de solo devido à compactação mais expressiva já a partir dos 10 cm de profundidade do solo. Ademais, em tal estado de compactação, ocorre baixo aporte de ar, água e nutrientes, como N (Nitrogênio), P (fósforo), Ca (cálcio) e Mg (Magnésio) na rizosfera, causando efeitos deletérios sobre o desenvolvimento da parte aérea das plantas. O rompimento da camada de solo mais compactada pela escarificação melhorou o ambiente radicular e teve impacto no desenvolvimento da parte aérea de plantas de soja, como pode ser obsevado pelas respostas de IAF, IL e ICF (Tabela 1). Nos tratamentos CE/CH e CE/ SH houve maiores valores de ICF no estádio R5, comparativamente aos constatados no SE/ SH e SE/CH. O maior ICF pode ratificar que a escarificação melhorou o ambiente radicular que, por sua vez, oportunizou melhores condições para a fixação biológica, levando ao maior aporte de N para a parte aérea das plantas. Essas condições promovem o crescimento radicular e, assim, determinaram maior aporte de Mg, devido a maior volume de solo explorado (AMARANTE et al., 2007), pois N e Mg compõem as moléculas de clorofila.
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ARTIGO TÉCNICO
CONCLUSÃO A descompactação com haste escarificadora do solo até 25 cm de profundidade, realizada no dia da semeadura da soja, é efetiva com uso do escarificador, já que melhora o desenvolvimento da planta e resulta em maior rendimentos de grãos de soja cultivada em solo hidromórfico. Os parâmetros índice de área foliar, interceptação luminosa e índice de clorofila foliar foram beneficiados pela descompactação com haste escarificadora do solo até 25 cm de profundidade. O uso da haste sulcadora em solo com alta resistência mecânica à penetração não é uma estratégia eficiente na descompactação do solo.
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Figura 2 Rendimento de grãos de soja em solo hidromórfico nos tratamentos: Sem escarificação e sem haste sulcadora (SE/SH), sem escarificação e com haste sulcadora (SE/ CH), com escarificação e sem haste sulcadora (CE/SH) e com escarificação e com haste sulcadora (CE/CH). Cachoeirinha/RS, 2018/2019.
Rendimentos de grãos de soja 5,0
4,0
A
A
4,1
4,2
B
B
3,0
t/ha
Quanto maior for o ICF, maior será a assimilação de energia fotossinteticamente ativa, permitindo à planta produzir mais fotoassimilados para acúmulo de biomassa e área foliar, como foi constatado na resposta do IAF (Tabela 1). A soja necessita de IAF (máximo), para atingir 6000 kg/ha, entre 6,0 e 6,5 para as cultivares modernas, independentemente do hábito de crescimento (DUARTE JUNIOR et al., 2018). Nesse sentido, os tratamentos em que houve escarificação, apresentaram valores de IAF próximos ao preconizado para altas produtividades de grãos (Tabela 1). O rendimento de grãos variou em função dos mecanismos de descompactação (Figura 2), refletindo o impacto observado no desenvolvimento das plantas (Tabela 1). Em relação ao tratamento (SE/ SH) o rendimento de grãos aumentou em 24,2% e 27,3% quando se utilizou o CE/ SH e CE/CH. A utilização somente da haste sulcadora (SE/CH) não apresentou vantagem para o desenvolvimento das plantas e do dossel, bem como para o rendimento de grãos comparativamente ao tratamento (SE/SH). A resposta observada no rendimento de grãos em relação às estratégias de descompactação do solo (Figura 2) apresentou padrão similar de respostas obtidas para os parâmetros de planta e dossel da cultura (Tabela 1), demonstrando que fatores que afetem o desenvolvimento e arranjo da parte aérea das plantas repercutem em impactos sobre o rendimento da cultura da soja.
2,0 3,3
3,6
SE/SH
SE/CH
1,0
0,0
CV (%) = 5,4
CE/SHC
CH CE/S TUKEY: 5%
Tratamentos
Tabela 1 Índice de área foliar (IAF) e interceptação luminosa (IL) nos estádios de desenvolvimento R1 e R5, da soja, os índices de clorofila foliar (ICF) em R5, umidade volumétrica (0v) e densidade do solo (Ds) em um solo hidromórfico – Cachoerinha/RS, 2019. TRATAMENTOS3
IAF R1
IL (%) R5
ICF
θv
Ds
cm3/cm3
g/cm3
R1
R5
R5
SE/SH
4,0 C1
4,4 B
81,3 C
91,4 B
33,8 B
12,6
1,8 A
SE/CH
4,6 BC1
4,4 B
84,5 BC
90,7 B
36,7 B
12,4
1,8 A
CE/SH
5,9 AB
5,9 A
89,3 AB
96,1 A
38,8 A
12,4
1,7 B
CE/CH
7,1 A
6,5 A
94,3 A
96,8 A
39,1 A
12,4
1,7 B
Pr > F
0,0009
<0,0001
0,0046
<0,0001
0,0071
0,4425
0,0050
CV (%)2
13,49
7,06
3,50
0,97
3,25
8,18
2,52
Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem pelo teste de Tukey (p ≤ 0,05); CV, coeficiente de variação. 3 Tratamentos: SE/SH - (Sem escarificação e sem haste sulcadora), SE/CH - (Sem escarificação e com haste sulcadora), CE/SH (Com escarificação e sem haste sulcadora) e CE/CH (Com escarificação e com haste sulcadora). 1 2
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FOTO ARQUIVO IRGA
ANIVERSÁRIO
Linha do tempo Os principais fatos da história do Irga
Órgão surgiu para defender as reivindicações da categoria junto ao governo do Estado
Irga completa 80 anos
em 2020
Aniversário será no dia 20 de junho do próximo ano: nesta página, conheça mais sobre a trajetória do instituto gaúcho
H
á quase 80 anos, em 20 de junho de 1940, nascia o Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), por meio do Decreto-Lei nº 20. A iniciativa surgiu do Sindicato Arrozeiro do Rio Grande do Sul, que reunia arrozeiros para melhor defender suas reivindicações junto ao governo estadual. O novo órgão teve como finalidade principal incentivar e coordenar a defesa da produção, da indústria e do comércio de arroz no Estado. Para recuperar essa trajetória, conversamos com uma personalidade marcante da história do Irga: Paulo Sérgio Carmona. Engenheiro Agrônomo e pesquisador aposentado, Carmona trabalhou na Estação Experimental do Arroz (EEA) de Cachoeirinha de 1966 a 2002. Para ele, o Irga contribui muito com os produtores de arroz e com a economia orizícola do RS por meio de ações político-econômicas, pesquisa e aperfeiçoamento das práticas de exploração de todo o potencial produtivo: “acredito que a lavoura arrozeira gaúcha não alcançaria o patamar tecnológico atual sem o suporte da pesquisa e das ações de difusão de tecnologia do Irga”. Carmona trabalhou com a criação de novas variedades de arroz e morou na EEA durante as décadas de 1960 e 1980. Nos anos seguintes, constituiu uma família e deixou de viver na Estação, mas continuou prestando serviço. “Foi a maior paixão da minha vida. Observar durante horas o material genético no campo era minha atividade mais prazerosa, da qual hoje sinto saudade”, conta.
Mas houve muita história antes de Carmona iniciar seus trabalhos como pesquisador no Irga. E ela começa em 1926, quando a lavoura arrozeira gaúcha estava sob a ameaça de uma crise provocada por grande queda nos preços. Os orizicultores do Estado reuniram-se em 12 de junho daquele ano, e Gastão Englert propôs a criação do Sindicato Arrozeiro do Rio Grande do Sul. Seu primeiro presidente foi Alberto Bins, figura importante para o futuro Irga. Em 1927, o Sindicato tentou classificar o arroz exportado mediante a cobrança de uma taxa, a qual foi declarada ilegal. Por isso, transformaram-no em Instituto do Arroz do Rio Grande. O Instituto só foi oficializado no dia 31 de maio de 1938, pelo Decreto nº 7.296, com o objetivo de defender os segmentos da orizicultura, o desenvolvimento de pesquisa e assistências técnicas aos produtores. No ano seguinte, em 1939, a EEA foi criada, em Cachoeirinha, para gerar tecnologias para o desenvolvimento da cadeia do arroz em todo o Rio Grande do Sul. Somente um ano depois surgiu o Irga. Já a institucionalização ocorreu após oito anos, em 31 de dezembro de 1948, pela Lei nº 533. Hoje há seis Coordenadorias Regionais e Núcleos de Assistência Técnica e Extensão Rural (Nates), em 41 municípios, além de Cachoeirinha. Também mantém campos experimentais regionais em Uruguaiana, Santa Vitória do Palmar, Cachoeira do Sul, Palmares do Sul, Camaquã e Torres.
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1926 Criado o Sindicato Arrozeiro do Rio Grande do Sul 1938 Transformação do Sindicato Arrozeiro do Rio Grande do Sul em Instituto do Arroz do Rio Grande 1939 Criada a Estação Experimental do Arroz (EEA) 1940 Transformação do Instituto do Arroz do Rio Grande em Irga. 1941 Implantação da coleta direta de dados com os produtores. 1945 Lançada a variedade de cultivares Seleção 388, que dominou a lavoura de arroz na década de 50. 1946 Primeira publicação dos dados captados pelo Irga, denominada “Anuário Estatístico do Arroz”. 1947 Criada a Revista Lavoura Arrozeira. 1952 Criado o Serviço de Estatística e Divulgação. 1961 Lançada a variedade de cultivares EEA-404, uma das maiores conquistas científico-tecnológicas. Criado o Cadastro de Lavouras. 1973 Lançada a variedade de cultivares CICA-4, a primeira com elevada capacidade de produção. 1976 Criado o Centro de Treinamento de Mão de Obra Rural, na EEA. 1978 Ampliação dos engenhos e depósitos. 1979 Lançamento da variedade BR IRGA 409.
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FOTOS DIVULGAÇÃO IRGA
DIA DE CAMPO
Realizado em Cachoeirinha, evento do Irga trará quatro estações de demonstração, com média de 30 minutos
Cultivares, manejos e melhoramentos na prática
Dia de Campo Estadual é chance para ver de perto as principais novidades desenvolvidas pela equipe técnica do Irga. Evento ocorre em janeiro, na Estação Experimental do Arroz
A
Estação Experimental do Arroz, em Cachoeirinha, recebe no dia 22 de janeiro de 2020 o tradicional Dia de Campo do Irga. É a oportunidade para produtores e estudantes de agronomia terem contato com as principais inovações em manejo, tratamento do solo e cultivares, contando com a consultoria dos profissionais do instituto. “É o momento de transmitir a tecnologia para o produtor que está na outra ponta do processo. Apresentamos o resultado de pesquisas consolidadas, o que há de mais recen-
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te no mercado”, explica a engenheira agrônoma Flávia Miyuki Tomita, gerente da divisão de pesquisa do Irga. Serão quatro estações de demonstração, com duração média de 30 minutos (contando a apresentação e o debate com os produtores). A novidade deste ano fica por conta de três oficinas: identificação de insetos, com Márcia Yamada e Jaime de Oliveira; identificação de brusone, com Gabriela da Fonseca e Roberson de Almeida; e qualidade de sementes, com Gustavo Soares e Júlio Uriarte.
Para marcar os 80 anos de fundação do Irga, os visitantes serão recepcionados com uma exposição de máquinas antigas, peças de maquinários e produtos que marcaram época. Fotos históricas também farão parte do resgate dessa trajetória. As inscrições podem ser feitas na hora. O credenciamento começa às 7h. A visitação será feita em grupos de até 50 pessoas, formados conforme ordem de chegada. O horário máximo para se credenciar e integrar uma comitiva é 10h.
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FLÁVIA MIYUKI TOMITA, gerente da divisão de pesquisa do Irga
“Na entrada do roteiro, vamos preparar uma área de 4mx10m com cada cultivar que marcou a história do Irga, com manejo correspondente à época em que foi utilizada”
Serviço Dia de Campo do Irga 2020 Onde: Estação Experimental do Arroz Avenida Bonifácio Carvalho Bernardes, 1494 Cachoeirinha Quando: 22 de janeiro de 2020 Horário: Visitas técnicas – das 7h às 10h Oficinas – das 7h às 10h As atividades ocorrem conforme turmas de até 50 pessoas forem sendo formadas. Inscrições: Devem ser feitas na hora. Mais informações podem ser obtidas com Glaciele Barbosa, pelo número (51) 3470-0600. Por que devo ir? É a oportunidade de ter contato com o que há de mais avançado em termos de manejo e cultivares de arroz. Também haverá exposição em homenagem aos 80 anos do Irga.
As Estações 1ª Estação Genética Irga
3ª Estação Soja em terras baixas
Conduzida pela equipe de Melhoramento e o consultor técnico Carlos Mariot, esta parada será para observar linhagens promissoras como IRGA 424RI e IRGA 431CL. Entre os temas estão a Provisia (que está sendo desenvolvida em parceria com a Basf), a cultivar 426CL e a quebra da resistência da 424RI à brusone.
Demonstrações sobre drenagem e descompactação com o Pablo Badinelli e Darci Uhry, do Irga. Eles mostram processos com e sem escarificação e soja em sulcos e camalhão. Alternativas para drenagem, manejo da escarificação, protocolo de extensão e pesquisa e o mapeamento da compactação estão entre os principais assuntos.
2ª Estação IRGA 431CL
4ª Estação Manejo de plantas daninhas
Resistência à brusone e excelente qualidade de grãos, com os especialistas do Irga Roberto Wolter, Graciele Barbosa, Mara Grohs, Fernando Fumagalli e Júlio Uriarte. Eles falam sobre temas como o manejo da cultivar, disponibilidade de sementes, qualidade de grãos e manejo da colheita.
O engenheiro agrônomo Paulo Massoni mostra os efeitos da entrada antecipada da água, como controlar a planta daninha resistente e o manejo do herbicida. Ele também fala da tecnologia Provisia, que Basf e Irga desenvolvem juntos e está em fase de testes. Além disso, será apresentado o protocolo extensãopesquisa “Mapeamento da Resistência de Plantas Daninhas na Lavoura de Arroz”.
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PALAVRA DO PRODUTOR
ROBERTO JAEGER, PRODUTOR EM CAMAQUÃ
ENTREVISTA
“O objetivo é zero resíduo na propriedade” Roberto Longaray Jaeger, 64 anos, é engenheiro agrônomo e recebeu a reportagem da Lavoura Arrozeira para uma conversa em Camaquã, onde fica sua propriedade, a Granja Terra Dura. Desde 1993 no local, ele e o irmão, Jorge, dividem as atividades entre plantação de arroz e de soja e produção de sementes de arroz, o carro-chefe do negócio. Destacaram-se a ponto de ampliarem uma área inicial de 60 hectares para mais de mil, entre o arroz e a soja. Foi porque souberam tomar a decisão certa na hora certa: em 1995, decidiram comprar um secador em vez de mais terras. E aí entraram no ramo das sementes e do arroz comercial - hoje comercializam 100 mil sacos. Agora a Terra Dura parece optar, novamente, por um caminho correto: gestão ambiental. Certificada com o selo do Irga, a propriedade destaca-se por boas práticas como a logística reversa e a reciclagem de cerca de 500 litros de óleo por ano. Nestas páginas, Roberto conta o que está sendo feito. LAVOURA ARROZEIRA - Sua propriedade, a Granja Terra Dura, foi certificada pelo Irga em gestão ambiental. Por que o senhor decidiu investir nessa área? ROBERTO JAEGER - É pelo segundo ano que recebemos essa certificação do Irga com Selo Ambiental. Para nós é motivo de satisfação, porque estamos sempre perseguindo a correção dos problemas ambientais. Sabemos que hoje a certificação, no mundo agrícola, é muito importante. Atendemos a todo um checklist do Irga, além da destinação de embalagens, destinação dos resíduos provenientes da atividade agrícola, para não trazermos poluição à lavoura. Temos maneiras de inserir a propriedade em um ambiente correto, limpo, moderno, de fundamental importância para nosso negócio como produtor de semente. LAVOURA ARROZEIRA - Nesse contexto, o que a sua propriedade tem de diferente em gestão ambiental? Quais seriam os aspectos principais? ROBERTO JAEGER - Podemos destacar duas questões importantes dentro desse processo. Uma é a logística reversa de todos os defensivos agrícolas que entram na propriedade. Temos um cuidado especial com isso.
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“O Selo Ambiental é um processo fácil, mas o produtor precisa de proatividade” “Apesar da crise que se passou nos últimos dois anos, o produtor pensa em tecnologia, em comprar uma semente de boa qualidade, um bom tratamento de sementes”
À medida em que as embalagens são utilizadas, fazemos a tríplice lavagem. Depois temos o armazenamento e a logística reversa, entregando na Associação de Revendedores de Defensivos Agrícolas do RS, que tem unidade em Camaquã. Não deixamos que embalagens de produtos utilizados vão para locais que não sejam o destino adequado. Outra questão é a dos óleos e filtros usados. Buscamos o retorno para as recicladoras de óleos. Nos filtros, temos um acordo com a empresa, de maneira que retornamos para eles o que for utilizado. Então, o objetivo é
zero resíduo na propriedade. Estamos sempre preocupados com isso. Muitas vezes os produtores pegam sacaria de adubo, ou de semente, e usam como trancas. Tentamos cortar 100% essa prática que é bastante utilizada no RS para não levar resíduos de sacos plásticos para dentro da lavoura. LAVOURA ARROZEIRA - O senhor nota um trabalho semelhante, uma preocupação com a pauta ambiental entre outros produtores do setor arrozeiro? Isso é disseminado ou muito raro ainda? ROBERTO JAEGER - Essa instrução que ao longo dos anos a Fepam (Fundação Estadual de Proteção Ambiental) deu aos produtores, e que começamos a absorver, fez com que se ampliasse a consciência ambiental. Todo produtor tem de ter. Hoje os processos são bem mais modernizados, há onde se colocar (resíduos). A gente já vê essa discussão, recebe consultas sobre como foi feito o filtro para as águas servidas. O pessoal vem olhar como foi feito o tanque de abastecimento, com as proteções. Isso é importante para que a lavoura de arroz do RS se torne referência ambiental em termos de utilização de produtos agrícolas, de água, de logística reversa. LAVOURA ARROZEIRA - Mas então os outros produtores procuram vocês, aqui em Camaquã. Não são vocês que tomam essa iniciativa. ROBERTO JAEGER - O Irga tomou a iniciativa do Selo Ambiental. À medida em que compreendemos o processo, há um interesse muito grande de todos os produtores para que também se enquadrem. Nós incentivamos junto dos agrônomos do Irga na região. O Selo Ambiental é uma situação difícil? Não, é apenas uma adequação do que se pode fazer dentro de um processo de cuidado, higiene, limpeza, não perder as embalagens utilizadas… É um processo fácil, mas o produtor precisa de proatividade.
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FOTO EMÍLIO PEDROSO
Arrozeiro diversificou os negócios com a aposta nas sementes, que são o carro-chefe da Granja Terra Dura
LAVOURA ARROZEIRA - Pela sua resposta, nota-se uma satisfação particular por vocês fazerem isso. ROBERTO JAEGER - Claro! Alguém que hoje visitar a Terra Dura verá que estamos dentro de um processo, sempre corrigindo, chamando a atenção. Apresentamos o diploma do Selo ao pessoal quando fomos contemplados, após diversas visitas do Irga. Queremos participar todos os anos do Selo, de maneira que isso seja ampliado pelo Irga aos outros produtores. E que se torne um benchmark não só para nós, mas para os produtores de Camaquã e região. Com esse entendimento dos produtores, nosso arroz terá um melhor reconhecimento como um produto ambientalmente correto.
LAVOURA ARROZEIRA - Essa era a próxima pergunta. Quando vem conversar, o produtor não questiona se as práticas e o reconhecimento por elas trazem benefício comercial ao produto, além do ganho ambien-
tal, que é o mais importante? Ou fica apenas na parte de imagem, marketing? ROBERTO JAEGER - Uma remuneração maior não tem. Mas a lavoura de arroz é uma cultura de certo modo sensível aos olhos da comunidade urbana. Muitas vezes se diz que o arroz polui, utiliza muita água, defensivos. O produtor precisa de consciência de fazer um produto ambientalmente correto. A lavoura sendo assim como um todo certamente vai facilitar a exportação, a colocação em outros mercados, trazer uma boa imagem ao produto arroz e ao produtor também. LAVOURA ARROZEIRA - O senhor tem uma área de 500 hectares aqui em Camaquã. Qual cultivar será plantada na sua propriedade nesta safra? ROBERTO JAEGER - Estamos ampliando uma área do lançamento do IRGA 431 CL, uma variedade que produziu bastante na safra passada, em uma área menor. Estamos man-
tendo as áreas de IRGA 424 RI e plantando também uma variedade da Basf, o Guri Inta CL. São as três variedades carros-chefe do nosso empreendimento, bem aceitas pelos produtores e com alto potencial. LAVOURA ARROZEIRA - Uma das que o senhor citou é a 431 CL, que é um desenvolvimento novo do Irga - que investe em tecnologia para isso. Na prática, faz diferença para o produtor ter essas novas cultivares? ROBERTO JAEGER - Com certeza. O 431 é uma variedade que preenche uma lacuna em termo de ciclo. Tínhamos o 424 e agora o 431, um arroz com boa qualidade de grão e que mandamos, ano passado, algumas amostras para as indústrias. Grãos inteiros, baixos teores de gessados e barriga branca. Isso faz com que a variedade se consolide e as indústrias e consumidores tenham um novo produto.
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Segue >
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PALAVRA DO PRODUTOR
LAVOURA ARROZEIRA - Nós estamos conversando no final de setembro, a poucos dias do início do período de plantio. Como o senhor projeta essa safra, na comparação com 2018/2019? ROBERTO JAEGER - Há um cenário de pequena diminuição da área. O produtor está mais preocupado com a tecnologia, se vê que muitos já plantaram as suas áreas. Apesar da crise que se passou nos últimos dois anos, o produtor pensa em tecnologia, em comprar uma semente de boa qualidade, um bom tratamento de sementes. O pessoal está buscando manter os níveis de fertilidade, aplicando as adubações em níveis corretos. Havia preocupação. Tem um processo novo que está acontecendo, o aumento dos níveis de infestação de capim-arroz e arroz vermelho resistente, mas se vê que há uma procura intensa de produtos para minimizar esses problemas. LAVOURA ARROZEIRA - Na sua trajetória como produtor, qual foi o seu maior desafio? E como o superou? ROBERTO JAEGER - Comecei como agrônomo do Irga na década de 1980. Entramos no projeto Irga, que era inovador, onde houve um processo tecnológico muito intenso. Nos anos 2000, o arroz CL permitiu imprimir um processo intenso de alta produtividade, onde mudou a figura da lavoura. Saímos das produtividades baixas e alcançamos níveis mundiais. Para nós era um sonho. Esses foram os grandes desafios. LAVOURA ARROZEIRA - A partir da sua experiência, qual conselho daria a quem está começando hoje na lavoura arrozeira? ROBERTO JAEGER - Iniciar na lavoura é um processo difícil, por que ela demanda muito investimento. Precisa cuidar da gestão do negócio, dos números, investimentos, custeio, separar as despesas da lavoura das despesas pessoais. Isso é fundamental. E quem já está instalado pode dar aos filhos formação para entrarem na lavoura, se tiverem interesse. Fazer um processo de sucessão moderno, adequado, para que essa rapaziada faça cursos e se forme em processos gerenciais. Mesmo que o produtor seja parceiro, arrendatário, pode ter sucesso tendo cuidado com gestão. Vemos muita gente sair por falta disso.
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Respeito ao ambiente Conforme Roberto Jaeger, há duas ações principais, ambas de logística reversa: 1 - Logística reversa das embalagens É a correta aplicação dos defensivos agrícolas, com a destinação das embalagens para a Associação de Revendedores de Defensivos Agrícolas do RS, que tem unidade em Camaquã.
FOTOS EMÍLIO PEDROSO
2- Logística reversa dos produtos das máquinas agrícolas Principalmente óleos, que são enviados para recicladoras de óleos. Nos filtros, há um acordo com uma empresa para retornar a eles o que for utilizado.
Ficha técnica
Um conselho
Nome da propriedade: Granja Terra Dura Área em hectares: 500 hectares de arroz plantado / 550 hectares de soja plantada Número de funcionários: 13 na Granja e três na parte industrial Desde quando planta no local? 1993
Para quem começa na lavoura
“Precisa cuidar da gestão do negócio, dos números, investimentos, custeio, separar as despesas da lavoura das despesas pessoais. Isso é fundamental”
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IRGA 431 CL
Uma nova alternativa para a lavoura de arroz do RS
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ARTIGO TÉCNICO
Sementes de arroz
na zona sul do Rio Grande do Sul Produzidas dentro de rigorosos padrões de qualidade, garantem ao produtor um melhor desempenho no campo, potencializando benefícios dos outros insumos LEANDER MANZKE MULLER Técnico em Agropecuária do Irga E-mail: leander-muller@irga.rs.gov.br
Tabela 1
IGOR KOHLS
Quantidade de amostras de semente certificada e pirata coletadas pelos NATES (Núcleo de Assistência Técnica e Extensão Rural) nos municípios de abrangência da Coordenadoria Regional da Zona Sul do IRGA
Engenheiro Agrônomo, M.Sc. do Irga E-mail: igor-kohls@irga.rs.gov.br
INTRODUÇÃO
O
momento da agricultura no mundo tem demandado cada vez mais a utilização de tecnologias que resultem em altas produtividades e ao mesmo tempo sejam sustentáveis, gerando o mínimo de impacto ao meio ambiente. Dentre essas tecnologias, o uso de sementes de alta qualidade se destaca por influenciar diretamente a produtividade agrícola. A boa qualidade das sementes é um fator de extrema importância para o sucesso de qualquer cultura em que se busca uniformidade proveniente de atributos como alta qualidade genética, sanitária, física e fisiológica (MARCOS FILHO, 2005). Possivelmente as sementes sejam o insumo com maior valor agregado, pois trazem consigo a constituição genética da cultivar e seu potencial produtivo. As sementes certificadas são produzidas dentro de rigorosos padrões de qualidade o que garante ao produtor um melhor desempenho no campo, potencializando os benefícios de outros insumos, como os fertilizantes e defensivos. A qualidade fisiológica da semente está relacionada com sua capacidade de desempenhar funções vitais e é determinada pelos testes de germinação e vigor. A germinação reflete diretamente na população inicial de plantas, sendo que as normas e os padrões de produção de sementes estabelecem germinação mínima de 80% (BRASIL, 2007). O vigor das sementes é o fator que determina a velocidade e a uniformidade de estabelecimento da população de
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NATE
MUNICÍPIO
N° AMOSTRAS
CERTIFICADA
%
PIRATA
%
2°
Pelotas
31
26
83,9
5
16,1
11°
Arroio Grande
4
3
75,0
1
25,0
16°
Santa Vitória do Palmar
33
19
57,6
14
42,4
25°
Jaguarão
3
1
33,3
2
66,7
33°
Rio Grande
2
2
100,0
0
0,0
TOTAL
73
51
69,9
22
30,1
plântulas no campo, sendo considerado o atributo de qualidade que melhor expressa o desempenho das sementes (KRZYZANOWSKI & FRANÇA NETO, 1991). A presença de arroz daninho limita o potencial de rendimento da lavoura de arroz. Assim, a utilização de sementes contaminadas é o principal mecanismo de dispersão de arroz vermelho nas lavouras de arroz do RS (AGOSTINETTO et al., 2001). Segundo Bastiani et al. (2013), a maioria das sementes piratas analisadas em laboratório apresentou alta inicidência de arroz vermelho, porém com índices de germinação e pureza dentro dos padrões mínimos estabelecidos pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Parte do Processo de Certificação de sementes é realizado dentro de laboratórios de análises de sementes. Para que se receba tal Certificado, é necessário que a mesma atinja limites mínimos de qualidade determinados pelo Mapa. No entanto, é muito frequente a utilização de sementes piratas (sem origem conhecida) no Estado do RS, das quais não se sabe o grau
de sua pureza física, fisiológica e sanitária, pois as mesmas não seguem padrões de qualidade no momento de sua produção. Desta forma, o objetivo do trabalho foi verificar a presença de outras espécies do gênero Oryza, toleradas e/ou proibidas e a qualidade fisiológica de sementes certificadas e de sementes pirata utilizadas por produtores da Zona Sul do RS.
MATERIAL E MÉTODOS O trabalho foi baseado em dados oriundos de amostras de sementes certificadas e piratas, coletadas pelos extensionistas do Instituto Riograndense do Arroz (Irga), no momento pré-semeadura (caixa da semeadora) na safra 2018/19 (Figura 1A), nos municípios de abrangência da Coordenadoria Regional da Zona Sul, devidamente acondicionadas e identificadas (Figura 1B) e, posteriomente, analisadas pelo Laboratório de Análise de Sementes (LAS), em Pelotas/RS. Foram avaliadas e analisadas 73 amostras (700 g) de sementes de arroz irrigado da safra 2018/19, sendo 51 amostras de semente
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Figura 1 Semente de arroz coletada na caixa da semeadoura (A) e seu acondicionamento para envio ao Laboratório de Análises de Sementes (B).
certificada e 22 amostras de semente pirata, correspondendo a 70 % e 30 % do total de amostras coletadas nos 12 municípios atendidos pelos técnicos extensionistas da Coordenadoria Regional do Irga (Tabela 1). Nas amostras coletadas, foram efetuados testes de germinação e avaliadas a presença de arroz vermelho e preto e de outras sementes toleradas e/ou proibidas.
RESULTADOS E DISCUSSÃO Observou-se (Tabela 2) que 90% das amostras de semente certificada estavam dentro do padrão mínimo de germinação para comercialização de semente certificada de arroz, que é de 80% e apenas 73% das amostras de semente pirata. Verificou-se que 49% do total de amostras ficaram com percentual de germinação igual ou acima dos 90% (38% semente certificada e 11 % semente pirata), 36% ficaram com germinação entre 80 e 90% (24,7% semente certificada e 10,9% semente pirata) e 15% das amostras ficaram com percentual de germinação menor que 80% (sendo elas, 7% semente certificada e 8% semente pirata), como se pode verificar na Tabela 2. Esses resultados demonstram a boa eficiência do Programa de Certificação de Sementes (IRGA, 2015), onde há controle de qualidade, desde a escolha do campo até o beneficiamento e armazenagem. Constatou-se também que, do total de 73 amostras, 20 delas, ou seja, 27% apresentaram
Tabela 2 Número de amostras de sementes certificada e pirata por faixas (%) de germinação Categoria
Nº de amostras Germinação< 80,0 %
Germinação ≥ 80,0 %
Germinação ≥ 90,0 %
Certificada
5
18
28
Pirata
6
8
8
Total
11
26
36
Tabela 3 Quantidade de amostras que apresentaram presença de sementes proibidas e/ou toleradas, em sementes de arroz irrigado Categoria
Total de amostras
Arroz vermelho
Arroz preto Capim arroz
Angiquinho Corriola Aveia
Certificada
7
3
0
0
2
1
1
Pirata
13
12
1
1
2
0
0
Total
20
15
1
1
4
1
1
a presença de sementes proibidas e/ou toleradas, na maioria dos casos (15 amostras, ou seja, 75%), de arroz vermelho (Tabela 3). O aspecto positivo é que 94% das amostras de semente certificada estavam isentas de contaminação de arroz daninho, sendo os casos mais preocupantes, a presença de semente pirata, que do total de 22 amostras, em 13 delas, ou seja 59%, foram encontra-
das sementes de arroz daninho. O principal mecanismo de disseminação de arroz vermelho ocorre pelo uso de sementes contaminadas de arroz. As recomendações Técnicas da Pesquisa para o Sul do Brasil (SOSBAI, 2018), no que se refere ao manejo adequado de arroz vermelho, enfatiza a importância do uso de semente livre dessa planta daninha.
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ARTIGO TÉCNICO
Figura 2 Variabilidade de sementes de arroz vermelho encontradas no Laboratório de Análises de Sementes
A baixa presença de sementes de arroz vermelho nas amostras de sementes certificadas (6%) pode ser relacionada à dificuldade de identificação das plantas dessa daninha no momento das vistorias dos campos de sementes, uma vez que, segundo SCHWANKE et al.,(2008), já existe arroz vermelho com as mesmas características do arroz cultivado em virtude do cruzamento existente entre o arroz vermelho e o cultivado. Desta forma, a identificação ocorre somente no momento do descasque das sementes no laboratório (Figura 2).
Porém, ainda é um percentual muito baixo se comparado com as amostras de semente pirata, onde os resultados obtidos preocupam, pois refletem a falta de controle de qualidade desse tipo de semente, o que pesa negativamente na produtividade e tendo em vista a baixa rentabilidade da atividade orizícola nas últimas safras, é crescente o uso de sementes sem origem conhecida (pirata) na região por parte dos produtores. Se seguir essa tendência, o problema se agravará nas próximas safras, necessitando controle mais rigoroso (Figura 3).
CONCLUSÕES A maior parte das sementes piratas de arroz utilizadas na Zona Sul do RS na safra 2018/19 apresentaram qualidade abaixo da exigida pela legislação vigente com relação a presença de sementes nocivas toleradas e proibidas, fator este que influencia de forma negativa na obtenção de lavouras de alta produtividade e grãos de boa qualidade. Instituto Rio Grandense do Arroz, Rua Marechal Deodoro, 1361 – Centro – Santa Vitória do Palmar/RS
Figura 3 Roguing de arroz daninho em lavouras comerciais semeadas com semente pirata
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SÉRGIO PEREIRA / IRGA
SUSTENTABILIDADE
Turma premiada Veja a lista de empresas certificadas na Safra 2018/2019:
Presidente do Irga, Guinter Frantz (D) participou da cerimônia na Expointer
Selo Irga de
proteção à natureza Certificação atesta boas práticas e foi entregue a 42 propriedades pelo trabalho na safra 2018/2019
F
oram certificadas no dia 26 de agosto as 42 propriedades que cumpriram os requisitos do Selo Ambiental da Lavoura de Arroz do Rio Grande do Sul na safra 2018/2019. A cerimônia ocorreu durante a 42ª Expointer, em Esteio. Lançado na safra 2008/2009 com o objetivo de incentivar boas práticas de manejo, o selo é fruto de uma parceria do Irga com a Secretaria Estadual da Agricultura, Pecuária e Irrigação. Para receber a certificação, as propriedades passam por duas visitas técnicas. São avaliados quase 20 itens em cada uma delas, divididos em seis temas: infraestrutura, legislação, procedimentos em arroz irrigado, procedimentos na lavoura e na propriedade, procedimentos na pré-colheita e boas práticas agrícolas nas unidades de pós-colheita. Os quesitos vão de coisas amplas, como o respeito a Áreas de Preservação Permanente (APPs), até a detalhes como a tríplice lavagem das embalagens de defensivos agrícolas. Alguns são eliminatórios, outros causam a perda de pontos. A ideia é mostrar ao mercado e aos consumidores que os empreendimentos se preocupam em respeitar as boas práticas e a legislação ambiental para que as atividades interfiram o mínimo possível no meio ambiente. O agrônomo Rafael Santos, do Irga, está à
frente do programa e entende que isso se reflete em valorização no mercado. “Alguns produtores colocam o Selo Ambiental na embalagem”, observa. O selo pode ser usado nas embalagens, notas fiscais e correspondências do produtor ou da empresa durante o período de comercialização da safra do certificado. Uma placa também pode ser colocada na propriedade, informando sobre o feito. Mesmo que pudesse lançar mão desta estratégia de marketing, já que participa (e conquista o selo) desde a primeira edição, a Fazenda Três Figueiras, de Itaqui e Maçambará, opta por não estampar a certificação em seus materiais. “A gente faz isso porque acredita. A empresa sempre teve esse cuidado com o meio ambiente”, lembra o engenheiro agrônomo Ramiro Toledo, administrador da propriedade. A participação no projeto ajudou a Três Figueiras a normatizar o cuidado que sempre tivera com o meio ambiente. “A gente fazia muita coisa por intuição, agora faz com balizamento, critérios definidos. Fica fácil monitorar”, compara Toledo. Agora a propriedade busca mais um aprimoramento: foi iniciada a reconversão do sistema de taipas para pivôs. Dos 706 hectares de plantio, 181 já foram alterados. “Faremos economia de água com uma produtividade tão boa quanto antes”, garante.
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Agrícola Santo Antônio (Capão do Leão) Granjas 4 Irmãos S.A (Rio Grande) Granja Santa Maria (Rio Grande) FCosta Sementes (Rio Grande) Granja Santa Maria (Jaguarão) Granja Juncalzinho (Jaguarão) Grupo Quero-Quero (Jaguarão) Granja Bretanhas S.A (Jaguarão) Sítio do Clóvis (Agudo) Estação AUD/IRGA (Camaquã) Granja Palma (Camaquã) Sementes Terra Dura (Arambaré) Fazenda Pangaré (Palmares do Sul) Fazenda Cabo Verde (Palmares do Sul) Fazenda Passo Fundo (Palmares do Sul) Fazenda Nova (Palmares do Sul) Fazenda do Capivary (Capivari do Sul) Fazenda Capão de Fora (Capivari do Sul) Parceria Irmãos Bueno (Capivari do Sul) FAD Sementes (Capivari do Sul) Granja Pessegueiro (Itaqui) Granja 3 de Outubro (Itaqui) Granja Fundo Grande (Itaqui) Granja Espinilho (Maçambará) Granja Santa Zélia (Itaqui) Granja Chalé (Itaqui) Granja Três Figueiras (Itaqui) Granja Itaverá (Uruguaiana) Granja Três Angicos (Uruguaiana) Granja Kaiman (Uruguaiana) Águas Claras (Uruguaiana) Granja Guará (Uruguaiana) Granja Itapeva (Uruguaiana) Agropecuária Parcianello Rincão de São Miguel (Alegrete) Agropecuária Parcianello Capivari (Alegrete) Granja Casa Branca (Alegrete) Limarroz Sementes Quaraí (Quaraí) Granja do Pai Passo (Quaraí) Limarroz Sementes Alegrete (Alegrete) Formosa Agropecuária (São Gabriel) Agropecuária Bessow (Santana do Livramento) Fazenda Boa Vista (Cacequi)
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GESTÃO
Campo aberto para o crescimento
Em busca de uma gestão mais técnica, Irga aposta em novo planejamento estratégico e em sede própria para reforçar a relevância no mercado arrozeiro. É um salto para valorizar o trabalho de profissionais como o técnico agrícola João Batista dos Santos, responsável pelos campos de pesquisa, manejo e condução de experimentos na Estação Experimental do Arroz, em Cachoeirinha
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FOTO EMÍLIO PEDROSO
Paulo Freitas trabalha no laboratório da Estação Experimental do Arroz, onde controla o teor de amilose nos grãos
Planejamento
marca os 80 anos do instituto Trata-se de um processo conduzido de dentro para fora e que retrata o momento do Irga, definido como de “repaginação” pelo presidente Guinter Frantz
P
restes a completar 80 anos, o Irga decidiu rever os processos de gestão e todo seu planejamento estratégico. O projeto começou ainda em 2018 e deve ser concluído junto com um marco inédito nessas oito décadas de história: a transferência para uma sede própria. O prédio passa por uma reforma completa e parece ter inspirado – ou pelo menos retrata muito bem – o momento do instituto: assim como na obra, a mudança na forma de trabalhar está sendo feita de dentro para fora. “É um momento de repaginação, principalmente para alcançarmos uma gestão mais técnica”, entende o presidente do Irga, Guinter Frantz. O trabalho começou pelo alinhamento das temáticas pesquisadas, em parceria com o Departamento de Assistência Técnica e Extensão Rural (Dater), responsável por levar o resultado para o campo. Com isso, partiu-se para um amplo entendimento do papel do instituto na cadeia orizícola gaúcha. Nesse contexto, a Esta-
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ção Experimental do Arroz, em Cachoeirinha, tem papel estratégico. É de lá que saem novas cultivares, como a IRGA 431 CL. Essa compreensão foi a âncora para a conclusão do planejamento estratégico, contemplando administração, recursos humanos, jurídico, comunicação e comercial. “É importante para que a comunidade enxergue o que se está fazendo, a orizícola e também a sociedade como um todo”, ressalta o presidente. Nada mal para entrar na nova casa. O prédio, na zona norte de Porto Alegre, foi conquistado graças a uma permuta com o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJ-RS). O investimento na reestruturação interna do edifício, que deve ser ocupado no início de 2020, gira em torno de R$ 8 milhões – pagos pelo Tribunal. Ao Irga, compete somente a troca de chaves. A área construída de 5,2 mil metros quadrados está recebendo paredes drywall com isolamento térmico e acústico, redes elétrica e
lógica novas, recursos de acessibilidade, Plano de Prevenção Contra Incêndio (PPCI), entre outras facilidades. Um estacionamento com 105 vagas, ligado diretamente à sede administrativa, e a sala do Conselho Deliberativo com 140 lugares dão uma ideia do quanto a estrutura é adequada para uma instituição de 80 anos que segue trabalhando com força e vigor. “Finalmente o Irga vai ter uma sede própria definitiva. Já teve local provisório, algumas áreas locadas, outras cedidas. Sede própria, para colocar a bandeira, vai ser agora”, entusiasma-se o diretor administrativo do Instituto, João Antônio. O planejamento estratégico tem peso também no eixo comercial. Afinal, o mercado do Rio Grande do Sul representa 72% da produção de arroz no Brasil, mas isso não isenta o Irga de seguir buscando novas frentes para aumentar essa participação. Iniciativas como o Provarroz, que visa a valorização do arroz como produto, caminham nesse sentido.
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Área técnica GESTÃO
Irga é referência mundial em desenvolvimento de cultivares Quem chega à Estação Experimental do Arroz (EEA), em Cachoeirinha, rapidamente deixa para trás o cenário urbano – embora a propriedade de cerca de 200 hectares fique a menos de um quilômetro da principal avenida da cidade e bem no limite com Porto Alegre. Nesse ambiente bucólico, o silêncio só é quebrado pelos rasantes dos aviões que chegam e saem a todo instante da base aérea de Canoas. Mas a calmaria fica apenas na impressão. Nos seis setores da EEA, 180 pessoas desenvolvem as pesquisas sem as quais o Rio Grande do Sul jamais alcançaria o patamar atual de qualidade e produtividade. É o que garante a engenheira agrônoma Flávia Tomita, gerente da Divisão de Pesquisa do Irga. “Nosso foco está em resistência e qualidade industrial. Trabalhamos para que toda a produção do Estado seja livre de fungicidas”, afirma. Na Estação nascem, literalmente, as cultivares mais resistentes encontradas no Estado. “O Irga é referência mundial em pesquisa e desenvolvimento de cultivares”, afirma Tomita. O trabalho começa na seção de melhoramento genético: em uma área de quase 20 hectares, é possível ver os técnicos do Irga enfrentando o sol escaldante para semear as amostras em fase de desenvolvimento. Observa-se a reação da planta em todas as etapas de cultivo e a qualidade do grão, para aprimorar no ano seguinte. “É por isso que o lançamento de uma cultivar pode levar de sete a oito anos”, explica o técnico agrícola João Batista dos Santos, responsável pela condução de experimentos nesse setor. Depois, a variedade passa aos testes de solo e clima. A reação de cada uma é observada em pequenas áreas demarcadas na EEA e nas cidades de Santa Vitória do Palmar e Uruguaiana, para contemplar diferentes regiões. “Semeamos em seis momentos, com intervalo de 20 dias entre eles, para avaliar como reage cada cultivar”, explica a meteorologista Jossana Cera, do Irga. As lavourinhas mostram o melhor pe-
DÉBORA FAVERO engenheira agrônoma
“Apenas instituições públicas lançam cultivares com resistência ao brusone. Ficamos atentos para sermos os primeiros a identificar a quebra dessa resistência” ríodo de semeadura e o manejo ideal em cada região do Estado. Quem também tem papel fundamental nesse processo é a equipe do Laboratório de Fitopatologia. O técnico agrícola Róberson Almeida conta que o foco principal é o brusone – absolutamente todas as sementes lançadas pelo Irga são resistentes ao fungo. Desde 2015 a equipe se dedica ao projeto “O Monitoramento do Patógeno e Melhoramento Genético do Arroz para a resistência ao Brusone”, em parceria com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Eles identificam a presença do parasita e isolam os genes resistentes, que depois são inseridos em linhagens específicas para observação de como reagem ao fungo em condições extremas. Os que alcançam perto de 100% de resistência vão para o campo e dão sustentação a uma cultivar com a marca do Irga. Em menos de quatro anos, cerca de 200 genes foram isolados – até a parceria começar eram 12. O laboratório também analisa plantas de produtores de todo o Estado e em uma semana informa o resultado. “Apenas instituições públicas lançam cultivares com resistência ao brusone. Ficamos atentos para sermos os primeiros a identificar a quebra dessa resistência”, enfatiza a engenheira agrônoma Débora Favero, pesquisadora do setor de fitopatologia.
Foi assim, por exemplo, que o Irga identificou a suscetibilidade da cultivar 424, no ano passado. Como o processo de desenvolvimento é permanente, a cultivar 431 CL já estava quase chegando ao mercado para garantir uma safra segura.
Arroz perto da perfeição sai do Laboratório de Qualidade Para garantir um arroz perto da perfeição, o Laboratório de Qualidade da EEA realiza testes de cozimento dos grãos. Eles verificam a temperatura de gelatinização e o teor de amilose. O primeiro indica quanto tempo o grão leva para começar a absorver água (quanto mais cedo, melhor), enquanto o segundo aponta como os grãos se comportam depois de cozidos e frios (quanto mais amilose, melhor). Aqui se descobre que o arroz soltinho e saboroso não é responsabilidade apenas do cozinheiro. A Estação conta ainda com a Seção de Solos e Águas, onde mais de 5 mil amostras de terra são analisadas por ano. A equipe do Irga verifica a presença de argila, fósforo, potássio, matéria orgânica, alumínio, cálcio, magnésio, o pH e a textura. “Esse trabalho é importante para que os produtores façam adequação no manejo e até mesmo encaminhem licenciamentos, pois é uma das exigências”, lembra a técnica superior orizícola Glaciele Valente. Já na Seção de Sementes é produzida e distribuída a matéria-prima da lavoura. Depois de desenvolvidas e aprimoradas as cultivares, elas passam por um processo de reprodução para chegar aos produtores credenciados, que se encarregam pela produção suficiente para abastecer o mercado. O engenheiro agrônomo Júlio Uriarte conta que mais de 20 sementes produzidas pelo Irga estão no mercado atualmente. Além disso, há o trabalho de certificação de sementes produzidas por outros players do mercado. “Acompanhamos o processo com duas visitas técnicas durante a produção e uma etapa de laboratório”, detalha Uriarte. Tudo passa pelo controle de qualidade do instituto. “Queremos entregar ao agricultor a possibilidade de produzir mais com custo menor, e ao consumidor um alimento com menos defensivos”, conclui a gerente de pesquisa, Flávia Tomita.
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Área técnica
CRIADO POR IRENE HOFFMAN PARA NOUN PROJECT
Bioclimática – em um Estado marcado por diferenças edafoclimáticas (de solo e clima), os testes realizados pela equipe do Irga indicam a melhor época para plantar cada cultivar, levando em conta a região do produtor – isso permite que a plantação no ano seguinte ocorra o mais cedo possível, reduzindo perdas.
Fitopatologia – esse trabalho de ponta consiste em retirar genes resistentes à brusone de plantas analisadas em laboratório para aplicar nas novas cultivares. Aqueles que alcançam a partir de 96% são levados às plantas que dão origem às sementes mais resistentes do Rio Grande do Sul.
Análise de plantas para a identificação da presença do fungo brusone.
Brusone visto pelo microscópio.
Qualidade – laboratório que observa o tempo de cozimento e a quantidade de amilose nos grãos. Esse processo garante que o Irga entrega ao mercado um produto com qualidade industrial, portanto mais valorizado.
Reprodução do fungo para análise com vistas a teste de resistência genética do arroz.
CRIADO POR ANTON ICON PARA NOUN PROJECT
CRIADO POR SYMBOLON PARA NOUN PROJECT
CRIADO POR MARCO GALTAROSSA PARA NOUN PROJECT
Solos e águas – setor que analisa amostras de terra para verificar a incidência de matéria orgânica, fósforo, alumínio, entre outros elementos. São cerca de 5 mil análises a cada ano, permitindo que os produtores façam o manejo mais adequado. Durante o período de irrigação das lavouras, amostras de água também são analisadas.
Após reprodução em laboratório, ocorre a aplicação do brusone em diferentes plantas para testar a resistência.
Sementes – equipe que analisa, reproduz e distribui as sementes para que produtores credenciados as multipliquem e coloquem no mercado. Além disso, certifica todas as sementes de empresas comerciais que queiram ocupar as prateleiras do Estado, com visitas a campo e análise em laboratório.
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FOTOS EMÍLIO PEDROSO
CRIADO POR ADRIEN COQUET PARA NOUN PROJECT
Melhoramento genético – equipe que desenvolve cultivares. Elas só chegam ao mercado depois de terem resistência confirmada à brusone, fungo considerado o maior vilão das plantações de arroz.
CRIADO POR AHMAD PARA NOUN PROJECT
O papel de cada setor na Estação Experimental do Arroz
Cada muda corresponde a um gene diferente. Depois de cerca de 10 dias, a verificação é para conferir qual deles é mais resistente ao brusone.
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Área comercial GESTÃO
Imagem forte para vender mais
Evolução comercial é peça-chave para o Estado manter o alto percentual de participação no mercado brasileiro, hoje superior a 70%, e ampliar as exportações
O
desafio do arroz – incluindo, claro, o gaúcho – é retomar o protagonismo na alimentação do brasileiro. O consumo teve seu auge na década de 1980, com média na casa de 60 kg por habitante a cada ano. Hoje esse índice é de 34 kg/ano, conforme dados de pesquisa recente (veja na página 36). O Irga emprega esforços na evolução comercial, principalmente por meio do Provarroz, programa que busca a valorização do produto frente ao mercado. Em contato com universidades, escolas e profissionais da saúde, a equipe leva informação para promover o arroz como o alimento saudável que é. Produtor de 72% de todo o arroz brasileiro, com quase 950 mil hectares de área plantada, o Estado encara concorrentes de peso na hora
de levar seus grãos à mesa – dentro e fora do país. Tocantins e Maranhão são alguns dos desafiantes internos, enquanto Paraguai, Uruguai e Argentina entram em nossas fronteiras para brigar pelas prateleiras. Ainda assim a produção gaúcha consegue boa colocação. São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Pernambuco estão entre os principais destinos domésticos. Já as maiores exportações (veja quadro abaixo) são para América Latina, África e Oriente Médio. Alguns produtos premium também chegam a esses países e a mercados como o norte-americano e o europeu. Graças ao trabalho na imagem do produto, o uso de sementes desenvolvidas no Irga tem crescido no mercado gaúcho. Na safra
2014/2015, cerca de 30% do cultivo teve sementes saídas dos laboratórios da Estação Experimental do Arroz. Na última safra este índice já era de 50% – e deve aumentar. “A cultivar 431 CL deve trazer uma curva ascendente. A partir do segundo ano, com mais sementes disponibilizadas, a expectativa é de que cresça a área plantada com ela”, projeta o coordenador da Seção de Política Setorial do Irga, Victor Hugo Kayser. Segundo o presidente Guinter Frantz, os trabalhos do Irga estão coordenados para chegar ao mesmo objetivo. “Valorizar o arroz passa também pela pesquisa e extensão. Queremos posicionar o Irga dentro de um modelo internacional de sustentabilidade, com processos agronômicos corretos”, ressalta.
Para onde exportamos Exemplos de compradores importantes do arroz gaúcho:
ARTE SOBRE IMAGEM DEPOSIT PHOTOS
72%
Do arroz brasileiro é produzido no RS
América Estados Unidos Venezuela Peru Cuba
Isso equivale, em área plantada, a quase
950 mil
África Gâmbia Serra Leoa Senegal
hectares
Oriente Médio Emirados Árabes Unidos Iraque Lavoura Arrozeira Nº 471 | Outubro/Novembro/Dezembro 2019
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Área administrativa FOTO SERGIO PEREIRA / IRGA
GESTÃO
Números da futura sede Prédio também fica no bairro São Geraldo, onde a autarquia funciona atualmente, na zona norte de Porto Alegre, e contará com estrutura moderna, atendendo a todos os requisitos de segurança e acessibilidade.
Prédio na zona norte de Porto Alegre está em obras (na foto, em outubro)
Nova sede,
novo planejamento Reestruturação administrativa visa entregar os melhores resultados no campo e na parte comercial
A
s palavras são do diretor administrativo do Irga, João Alberto Antônio, sobre o setor que lidera: “nós somos uma atividade ‘meio’, que trabalha para que a pesquisa e a extensão se desenvolvam.” De fato: os cerca de 70 profissionais que ocupam a sede do instituto, em Porto Alegre, são os responsáveis pela gestão de recursos (financeiros e humanos), logística, jurídico, comunicação e comercial, além da presidência e dos encontros do Conselho Deliberativo. São, enfim, a sustentação para os cerca de 230 que se somam a eles nas outras unidades pelo Estado. É do pavilhão subdividido em setores que deve sair, nos próximos meses, o que vem sendo chamado internamente de Irga 4.0: uma autarquia reestruturada administrativamente para entregar melhores resultados no campo e nas prateleiras. O trabalho agora passa pelo detalhamento do planejamento estratégico e seus 15 objetivos, originando mais de 40 projetos de qualificação da cadeia orizícola gaúcha. Desenhado ainda no fim de 2018, o planejamento será revisitado para adequação ao cenário atual do setor. Ele está dividido em quatro eixos: aprendizado e crescimento; processos internos; clientes e sociedade; e financeiro. En-
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tre as ações previstas estão a valorização e qualificação das pessoas, a consolidação do valor do arroz, o fortalecimento da imagem institucional e a garantia da aplicação legal da Taxa CDO (contribuição dos produtores que deixou de ser revertida integralmente ao Irga com a criação do caixa único do Estado). “O governo precisa entender a importância social e econômica da cadeia orizícola. Buscamos o alinhamento entre o Irga e a Secretaria de Agricultura para agirmos em conjunto”, defende o presidente do Irga, Guinter Frantz. Encontros entre a autarquia e a secretaria têm servido para isso: o Programa de Melhoramento Genético, o Programa de Valorização do Arroz (Provarroz) e os Projetos de Transferência de Pesquisa já estão de acordo com o plano plurianual do Governo. Tudo isso foi pensado e será aprimorado para ir a campo, nos próximos meses, pelo desenvolvimento de um arroz cada vez mais rentável, valorizado e resistente. Com processos internos bem definidos, o avanço técnico é uma consequência. “O que já é feito, vai ser feito de forma organizada e percebida por todos”, projeta o engenheiro agrônomo Eduardo Cassal, que trabalha na assessoria de planejamento.
6.786 m² de área total 5.245 m² de área construída 140 lugares é a capacidade da sala de reuniões do Conselho Deliberativo (local servirá como auditório para outros eventos) 105 vagas de estacionamento R$ 8 milhões é o investimento aproximado na reforma
Como será a mudança O que prevê o planejamento estratégico que o Irga vai detalhar e aplicar nos próximos meses: 4 grandes eixos, com 15 metas 1 - Aprendizado e crescimento: Valorizar e qualificar as pessoas Manter o ambiente de trabalho que promove satisfação Viver a cultura organizacional Desenvolver e difundir a informação institucional 2 - Processos internos Fortalecer parcerias estratégicas Consolidar a valorização do arroz Consolidar uma filosofia de gestão inovadora e sustentável Promover a captação, retenção e fidelização dos produtores 3 - Clientes e sociedade Oferecer soluções alinhadas com as demandas da lavoura Ampliar a produtividade e rentabilidade do arroz Satisfazer os públicos-alvo Fortalecer a imagem institucional 4 - Financeiro Promover o crescimento sustentável Garantir a aplicação legal da Taxa CDO Proteger o domínio das cultivares do Irga
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ARTIGO TÉCNICO
Capim-arroz
Estudo aborda o controle Artigo trata sobre o controle de capimarroz resistente a herbicidas com uso de pré-emergentes e associações com imidazolinonas
vel o uso de herbicidas com ação pré-emergente e, também, rotacionando mecanismos de ação em pós-emergência, para melhor eficácia no manejo dessa invasora. Assim, este trabalho teve o objetivo de avaliar o controle de capim-arroz resistente aos herbicidas inibidores da ALS com uso de herbicidas pré-emergentes e, também, da associação de herbicidas comerciais com imidazolinonas em pós-emergência na cultura do arroz irrigado, na região do Litoral Norte do RS.
CARLOS HENRIQUE PAIM MARIOT Eng. Agr., M.Sc., consultor técnico e-mail: cpmariot@gmail.com;
MATERIAL E MÉTODOS
PAULO FABRÍCIO SACHET MASSONI Eng. Agr., M.Sc., pesquisador e-mail: paulo-massoni@irga.rs.gov.br;
INTRODUÇÃO
O
capim-arroz ocorre com grande frequência e distribuição nas regiões produtoras de arroz irrigado, estando entre as principais plantas daninhas infestantes da cultura no Brasil e no mundo. Na região do Litoral Norte do RS, devido ao uso por vários anos seguidos de herbicidas inibidores da acetolactato sintase (ALS), surgiram plantas de capim-arroz com resistência, cujo problema aumenta a cada ano. No sul do Brasil, foram identificados biótipos de capim-arroz com resistência múltipla aos inibidores da ALS e a quincloraque, uma auxina sintética (NOLDIN et al., 2009; MARIOT et al., 2010). Recentemente, foi confirmado caso de capim-arroz em Santa Catarina com resistência múltipla a auxina sintética, inibidores da ALS e da acetil-CoA carboxilase (ACCase) (EBERHARDT et al., 2016). Em razão disso, os produtores que enfrentam o problema de resistência têm limitação na disponibilidade de produtos para o controle do capim-arroz em pós-emergência. Diante do cenário atual, é imprescindí-
Dois experimentos foram conduzidos a campo na safra 2017/18, em área no município de Capivari do Sul-RS, localizada na região orizícola da Planície Costeira Externa, comumente denominada de Litoral Norte. O Experimento 1 foi com uso de herbicidas pré-emergentes e o Experimento 2, com associações de herbicidas e imidazolinonas em pós-emergência. A cultivar utilizada foi a IRGA 424 RI com 80 kg ha1 de sementes, no sistema de cultivo convencional. A semeadura do arroz foi em 24/10/2017 e as práticas culturais foram conforme SOSBAI (2016). Na área experimental havia infestação de capim-arroz (Echinochloa crusgalli) resistente aos inibidores da ALS, cuja população média foi de 220 plantas m-2 no Experimento 1 e de 170 plantas m-2, no Experimento 2. Na ocasião em que foram aspergidos os herbicidas pré-emergentes no ponto-de-agulha do arroz, foi aplicado o herbicida de ação total Roundup Original (glifosato) na dose de 3,0 L ha-1 em toda a área, a fim de eliminar as plantas de capim-arroz já emergidas (antes do arroz). Os tratamentos no Experimento 1 constaram de três herbicidas pré-emergentes mais um tratamento sem pré, com e sem uso de herbicida pós-emergente. O delineamento
experimental foi o de blocos ao acaso, com parcelas subdivididas, com quatro repetições. Nas parcelas principais foram locados os tratamentos com e sem pré e, nas subparcelas, os tratamentos com e sem pós. Os produtos e doses comerciais em pré-emergência foram Gamit (clomazona) 0,8 L ha-1, Herbadox (pendimentalina) 3,5 L ha-1 e Ronstar (oxadiazona) 2,0 L ha-1, pertencentes aos mecanismos de ação dos inibidores da síntese de carotenóides, da divisão celular e de Protox, respectivamente. O pós-emergente foi Clincher a 2,0 L ha-1. O Experimento 2 constou de 15 tratamentos com delineamento de blocos ao acaso, dispostos em fatorial 3 x 5, com quatro repetições. Os fatores foram três tratamentos de Imidazolinonas (Sem Imidazolinona, Kifix e Imazetapir) e cinco tratamentos de herbicidas associados (Sem herbicida, Clincher, Starice, Facet e Stam). Os herbicidas imidazolinonas, adjuvantes e doses por hectare, foram Kifix (imazapir + imazapique) 0,2 kg + Dash 0,5 L, Imazetapir Plus Nortox (imazetapir) 1,5 L + Assist 0,5 L, ambos inibidores da ALS. Os herbicidas associados, adjuvantes e doses foram Clincher (cialofope-butílico) 2,0 L + Veget Oil 1,5 L, Starice (fenoxaprope-P-etílico) 1,5 L + Aureo 0,5 L, ambos inibidores da ACCase, Facet (quincloraque) 0,75 kg + Assist 1,0 L, auxina sintética, e Stam (propanil) 4,5 kg, inibidor do fotossistema II. A aspersão dos herbicidas em pré-emergência foi no dia 31/10/2017 e, em pós, no dia 15/11/2017, utilizando-se pulverizador portátil de precisão pressurizado a CO2 e volume de cald a aplicado equivalente a 150 L ha-1. No momento da aplicação em pós, o arroz estava no estádio V3 e o capim-arroz com duas a quatro folhas no Experimento 1, e 90% com uma a três folhas e 10% com um a dois perfilhos no Experimento 2. A irrigação por inundação iniciou um dia após a aplicação dos tratamentos em pós.
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RESULTADOS E DISCUSSÃO
100
Figura 1. Controle de capim-arroz na pré-colheita, em função de pré-emergentes, com e sem pós-emergente (A) e da associação de herbicidas com imidazolinonas (B), safra, 2017/18. Nas barras, letras minúsculas distintas comparando dentro dos fatores pós-emergente (A) e imidazolinonas (B) e letras maiúsculas distintas comparando dentro de cada pré-emergente (A) e dentro de cada herbicida associado (B), diferem pelo teste de Tukey (P<0,05). O controle insatisfatório de Facet pode estar relacionado com a possível presença de plantas resistentes a esse herbicida na população de capim-arroz. O baixo controle com o herbicida Stam pode ser atribuído à presença de algumas plantas já com perfilhos no momento da aplicação e, também, por ter sido feita ao final do dia. O pouco tempo de luz após aspersão de Propanil, por ser um herbicida de contato, pode ter afetado sua absorção pelas plantas e, consequentemente, contribuído para o baixo controle observado.
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Controle - %
80
60
40
20
0
100 89
80
Controle - %
Os tratamentos com herbicidas pré-emergentes seguidos da aplicação do pós-emergente apresentaram controle satisfatório do capim-arroz (Figura 1A). Gamit foi o único herbicida eficiente com ou sem uso do pós-emergente, sendo o que atingiu o maior nível de controle considerando somente o efeito pré-emergente, seguido do Herbadox. Quando se utilizou somente aplicação em pós, sem pré, o valor absoluto de controle foi menor, devido a mais escapes e/ou rebrotes de capim-arroz. Apesar da maior parte da população de capim-arroz ser resistente a Kifix e Imazetapir Plus, os mesmos apresentaram uma supressão sobre a invasora quando aspergidos de forma isolada (Figura 1B). Clincher apresentou o melhor controle de forma isolada, seguido de Starice, em relação aos demais herbicidas. Já na aplicação desses herbicidas associados, não houve diferença entre a aplicação isolada em relação à sua mistura com imidazolinonas.
B 85
A A
83 A 66 61 A A A
65
60 40
38 B A
20 0
c 0
c
62
65
54 A A A
51 53 53 A A A
34 A c a
a
a ab
abc
ab b
abc
ab b
bc
bc
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Figura 2. Produtividade de grãos de arroz em função da aplicação de herbicidas pré-emergentes, com e sem pós-emergente (A) e da associação de herbicidas com imidazolinonas (B), safra 2017/18. Nas barras, letras minúsculas distintas comparando dentro dos fatores pós-emergente (A) e imidazolinonas (B) e letras maiúsculas distintas comparando dentro de cada pré-emergente (A) e dentro de cada herbicida associado (B), diferem pelo teste de Tukey (P<0,05).
CONCLUSÕES Os herbicidas Gamit e Herbadox apresentam melhor controle de capim-arroz resistente aos inibidores da ALS em pré-emergência. Aplicações sequenciais com pré e pós-emergentes conferem controle mais eficiente de capim-arroz resistente a herbicidas na cultura do arroz irrigado. O herbicida Clincher apresenta melhor controle de capim-arroz resistente aos inibidores da ALS em associação com herbicidas imidazolinonas.
ARTIGO TÉCNICO
Produtividade de grãos - t ha-1
14 12
A A
A A
A
10
A
6 4 2
12,6a
12,9a
13,8a
11,5a
13,3 a 9,8a 13,3a 0,6b A B
co m pós sem pós 14
B
12
11,1
10,4 10,1 A A A
10
6,6
6 4 2 0
8,3 8,4 8,1 7,6 7,5 A A A A A A
8,2
8 6,2
7,2 5,2 A
2,9 B A AB ba a c
a
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ab
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B
8
0
Produtividade de grãos - t ha-1
A produtividade de grãos de arroz foi diferenciada em relação aos herbicidas pré-emergentes com e sem pós-emergente subsequente (Figura 2A) e em relação às imidazolinonas e herbicidas associados (Figura 2B). Isto porque a mesma está relacionada aos diferentes níveis de controle do capim-arroz, por sua interferência negativa, pela alta competição com as plantas de arroz. Assim, a utilização de pré e pós-emergente resultou em maiores produtividades, devido ao melhor controle do capim-arroz (Figura 2A). Na comparação entre com e sem pós-emergente, somente Gamit e Herbadox não se diferenciaram. A interação entre as imidazolinonas e herbicidas associados se deveu à pequena supressão de capim-arroz observada com Kifix e imazetapir, somente suficiente para diferenciar a produtividade em relação à testemunha (Figura 2B). Para os demais herbicidas, não houve diferença entre aplicação isolada e suas misturas com Kifix e Imazetapir. As maiores produtividades foram obtidas com Clincher, devido ao melhor controle do capim-arroz.
ab
ab ab
bc
5,5 A A
a
b
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FOTO: DEPOSIT PHOTOS
PESQUISA
Fato: o arroz estรก na mesa do brasileiro
Pesquisa realizada pela Abiarroz, com apoio do Irga, apontou que 95% dos entrevistados consumiram o grรฃo, em casa, na semana anterior 36 Edicao 471 - 21 dezembro formato 21x27,5.indd 42
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promover a valorização do cereal”, projeta. A pesquisa também identificou o consumo anual per capita de arroz em 34 quilos, um número até então desconhecido. Para este cálculo foi considerado o volume de arroz beneficiado em 2018, de 7,1 milhões de toneladas. Conforme Andressa, não se pode afirmar com certeza se o consumo do cereal aumentou ou caiu porque não existe uma pesquisa anterior para ser comparada. “Nunca foi feita pesquisa com esta metodologia e, por hora, temos um ponto de partida”, diz. “Não temos uma média de crescimento ou decréscimo para comparar”, salienta Camila. Mas há variáveis que apontam indícios para um cenário otimista. Andressa lembra que, considerando os dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2008/2009, que definiu o consumo em 30 quilos per capita/ano, haveria aumento de consumo – já que a pesquisa recente apontou 34. Vale ressaltar, claro, a diferença existente nas metodologias aplicadas. A diretora da Abiarroz explica que, além das entrevistas com consumidores, a Euromonitor realizou uma pesquisa em profundidade, com dados fechados em 2018 com vários elos da cadeia produtiva, como distribuidores, Embrapa, o próprio Irga e empresas varejistas. Fez-se uma triangulação com os números obtidos junto aos consumidores, no início deste ano. Considerando todas estas variáveis se chegou a um crescimento no consumo de 0,2% ao ano, número pequeno, mas que aponta para uma estabilidade no consumo para os próximos cinco anos, diz. Conforme Andressa, a indústria se ressentia da falta de dados de consumo tanto quantitativos quanto qualitativos, e a pesquisa teve este propósito. Segundo ela, os dados de consumo utilizados pelo setor eram os produzidos pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), que tem como base de cálculo o volume produzido somado às importações, com subtração das exportações, sem uma metodologia que destaque o consumo de arroz beneficiado. “Embora a média histórica de consumo do arroz fosse de cerca de 12 milhões de toneladas, segundo a Conab, este número considera no cálculo produtos como a semente, quebrados, cereal para ração animal, que não representam o consumo de arroz beneficiado”, diz.”
FOTO SÉRGIO PEREIRA / IRGA
V
ocê sabia que, conforme pesquisa realizada pela Euromonitor e encomendada pela Associação Brasileira da Indústria do Arroz (Abiarroz), 95% dos entrevistados afirmaram terem consumido arroz pelo menos uma vez, em casa, na semana anterior? E que 73% o fizeram fora de casa? São números reveladores de um levantamento inédito e que contou com apoio do Irga. Realizada entre abril e junho de 2019, a pesquisa entrevistou 2.098 consumidores nas regiões Norte, Nordeste, Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Ela audará a nortear ações estratégicas e de comunicação para a valorização de produto presente na mesa do brasileiro, agora com comprovação científica. Para saber mais sobre os resultados do trabalho, a reportagem da Lavoura Arrozeira conversou com a diretora executiva da Abiarroz, Andressa de Sousa e Silva, e com a coordenadora do Programa de Valorização do Arroz (Provarroz) do Irga, Camila Couto. “A pesquisa revelou que não se explora muito bem os benefícios do arroz na embalagem”, revela Andressa, ressaltando que, a exemplo de outros países, as embalagens de arroz deveriam valorizar mais os atributos do cereal, como a expressão “não contém glúten”. Além disso, o consumidor sinalizou não achar que o arroz faça mal, por ser um produto natural, mas admitiu desconhecer os seus benefícios, diz a diretora da Abiarroz. Trata-se de uma informação que pode ser melhor trabalhada, tanto nas embalagens quanto nos pontos de venda ou, ainda, com ações de marketing. “Quando questionados sobre o porquê de terem parado de consumir arroz, 10% dos entrevistados apontaram como motivo o médico ter mandado tirar do prato”, revela Camila Couto, do Irga. Segundo ela, a pesquisa questionou se as pessoas consomem ou deixaram de consumir arroz e seus coprodutos, se o substituem e por qual alimento. Contribuiu para determinar quais os prós e contras do consumidor em relação ao produto. De acordo com Andressa, a Euromonitor recomenda repetir a pesquisa em três anos, tempo necessário para a realização de ações de valorização do produto. “O consumidor não enxerga os benefícios do consumo do arroz e por isso não valoriza esse produto. Estuda-se a implementação de ações promocionais, mídias, parcerias com institutos, entre outros, a fim de
Camila Couto apresentou a pesquisa para os conselheiros do Irga
Arroz branco responde por 70% do consumo A pesquisa da Abiarroz detalhou como se dá o aproveitamento do arroz consumido. Em uma visão geral dos 34 quilos de consumo anual per capita, 70% comem arroz branco, 25% parboilizado, 4% integral e 1% arroz especial (arbóreo, jasmine, preto, entre outros). As maiores regiões consumidoras são o Sudeste, com 44% e o Nordeste, com 27% deste total. Se for levado em conta o volume per capita, o local com maior consumo é o Centro Oeste, com 40 quilos – mas, na média geral, participa com apenas 9%. A região Sul, que concentra a maior produção de arroz beneficiado do país, contribuiu com apenas 12% do total, com 28 quilos per capita, abaixo da média geral. Ainda no Sul, 75% do arroz preparado é branco e 20%, parboilizado. Outro dado considerado interessante revelado pela diretora da Abiarroz, Andressa de Sousa e Silva, é que, ao serem questionados se conheciam algum derivado de arroz, 74% dos entrevistados indicaram a farinha de arroz, mas relataram desconhecimento no preparo de receitas com o produto. “Isto sinalizou para a indústria a necessidade de divulgar mais receitas com este derivado”, ressaltou. “Apesar da pesquisa ter revelado a falta de conhecimento sobre os benefícios do arroz, para o Irga é bom saber que o nosso Programa de Valorização do Arroz (Provarroz) está no caminho certo, levando as informações corretas sobre o arroz para os formadores de opinião e para o consumidor final”, comenta a coordenadora do Provarroz, Camila Couto.
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PESQUISA
Maria Clara sente que o arroz traz mais energia
Sobre a pesquisa Coletada nas cinco regiões do Brasil: Norte, Nordeste, Sul, Sudeste e Centro-Oeste
Maria Clara Pinheiro Pereira, funcionária pública aposentada, 65 anos, mora em Rosário do Sul, na Fronteira Oeste. Come arroz diariamente e fica insatisfeita se não tem o grão à mesa – é como se faltasse alguma coisa para saciar sua fome (ou vontade de comer). Sente que lhe dá mais energia, embora não saiba sobre os benefícios nutricionais e outras características do alimento. “Nem sinto prazer em comer quando falta o arroz. Cozinhar sem arroz, só quando é sopa com macarrão”, afirma. Questionada sobre seu conhecimento sobre arroz e hábitos de alimentação, diz não perceber aumento do próprio uso do grão nos últimos tempos, pois sempre foi alto. Ela garante que se deixar arroz em cima do fogão após o almoço, acaba comendo a qualquer hora, mesmo frio. Para ela, tanto faz se puro ou com qualquer combinação. Garante que as outras coisas é que são acompanhamento do arroz – e não o contrário. Antes de encerrar a entrevista, contou uma curiosidade: no último fim de semana almoçou na casa da sogra e só depois ficou sabendo que o arroz havia sido preparado única e exclusivamente porque ela iria. Uma cortesia da sogra, que sabe do tanto que ela gosta.
Período de pesquisa: de abril a junho de 2019. Os dados consolidados foram entregues em agosto de 2019. Visitas a estabelecimentos ocorreram em cinco capitais: Belém, Brasília, Porto Alegre, Recife e São Paulo. Foram entrevistados 2.098 consumidores, homens e mulheres com idades a partir de 18 anos.
FOTO PADRINHO CONTEUDO
DeE A 11% 9%
C1 e C2 44%
A B1 e B2 36%
B1 e B2 C1 e C2 DeE
Na definição das classes, foi usado o critério da Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa (Abep): 9% dos entrevistados pertencem à classe A, 36% às classes B1 e B2, 44% às classes C1 e C2 e 11% às D e E. Maria Clara adora consumir arroz
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Consumo per capita O mercado apresentou um consumo per capita de 34kg em 2018 Mercado nacional de arroz beneficiado, por tipos (2018, em mil/ton)
No papel
Confira alguns dados da pesquisa
Entre potenciais estímulos ao consumo, foi constatado que o preço, a maior comprovação dos benefícios e até mesmo dicas de preparo na embalagem influenciam na decisão do consumidor
70% 60% 50% 40%
51%
30% 20% 10%
Integral
Especial
Volume total (2018): 7,1 mi/ton
6.000 4.981
5.000
Branco
70%
Parboilizado
25%
Integral
4%
Especial
1%
1.779
1.000
285
-
71
2018 Fonte: Euromonitor International Consumo per capita estimado a partir de dados do mercado total dividido pela população de 2018, de acordo com o IBGE, validado com pesquisa secundária e entrevistas.
Coprodutos 59% dos respondentes conhecem ou já consumiram coprodutos de arroz. O principal público para os coprodutos são os celíacos, que apresentam uma necessidade muito grande de comprovação de não contaminação entre os produtos. Muitos consumidores indicaram conhecer e/ou já ter consumido algum coproduto de arroz. Mas desconhecem possibilidades de uso.
49% 34%
7.116 7.000
2.000
Apesar de a grande maioria dos respondentes achar que o arroz é benéfico à saúde, 49% deles alegam que consumiriam mais caso fossem mais bem comprovados seus benefícios.
80%
Parboili zado
3.000
Consumidores valorizam maior comprovação dos benefícios do arroz O que levaria o consumidor a demandar mais arroz
90%
Branco (polido)
4.000
Estímulos ao consumo
100%
Total 8.000
30%
Por exemplo, comentam que o preparo de bolos é mais simples, porém pães demandam um conhecimento maior do coproduto.
24% 16%
15%
12%
9% 3%
Coprodutos de arroz conhecidos ou já consumidos
0%
Farinha de arroz
74%
Vinagre de arroz Óleo de arroz Proteína isolada de arroz Outras opções Fonte: Euromonitor International baseado em Survey online (N=2.098). A soma não corresponde a 100% por se tratar de uma pergunta com múltiplas respostas.
15% 12% 7%
Fonte: Euromonitor International a partir de Survey online (N=2.098) A soma não corresponde a 100% por se tratar de uma pergunta com múltiplas respostas. *Em Outros, apareceram principalmente macarrão de arroz e bolacha de arroz.
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38%
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ARTIGO TÉCNICO
Cultivar IRGA 431 CL
Expectativa de resposta à adubação Experimento foi conduzido durante as safras 2017/18 e 2018/19, na Estação Regional do Irga em Cachoeira do Sul
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IRGA 432CL
Figura 1
MARA GROHS Eng.Agr, Dra. Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), Estação Regional de Pesquisa de Cachoeira do Sul E-mail: grohs.mara@gmail.com RODRIGO DE MOURA SILVEIRA Técnico Agrícola, Irga, E-mail: rodrigo-silveira@irga.rs.gov.br ALEX ALAN BREDOW Acadêmico do curso de Eng.Agrícola, UFSM. E-mail: alexbredow15@outlook.com ALICIA BAUMHARDT DORNELES Acadêmica do curso de Eng.Agrícola, UFSM. E-mail: alicia_dorneles@outlook.com GIOVANE RODRIGO FRIEDRICH NEU Acadêmico do curso de Agronomia, UERGS. E-mail: giovanerfneu@hotmail.com
IRGA 424RI
INTRODUÇÃO
A
escolha da cultivar de arroz é uma etapa crucial no processo produtivo. Dentro desse contexto, o orizicultor busca, primeiramente, alta produtividade de grãos, pois esse é o principal fator que trará lucratividade ao seu negócio. Além desse pré-requisito, a qualidade física dos grãos, representado basicamente pelo rendimento do grão e grão inteiro, é outro fator de relevância, pois o produtor será remunerado por isso. Alternativamente à produtividade de grãos e à qualidade física, fatores como resistência a doenças, principalmente à brusone (Pyriculariagrisea), resistência aos herbicidas do grupo químico das imidazolinonas, ciclo mais curto, maior capacidade de perfilhamento, resistência ao atraso de colheita e tolerância à toxidez por ferro e ao acamamento são características desejáveis para que uma nova cultivar de arroz tenha ampla adoção entre os orizicultores. Nesse cenário, foi lançada a IRGA 431 CL, no ano de 2018, pelo Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga). Com o objetivo de identificar a expectativa de resposta à adubação mais adequada ao IRGA 431 CL, desenvolveu-se o presente trabalho, comparando seu comportamento ao da cultivar de arroz irrigado mais semeada no Rio Grande do Sul, a IRGA 424 RI.
MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido durante as safras 2017/18 e 2018/19, na Estação Regional de Pesquisa, do Irga, em Cachoeira do Sul, RS. O delineamento experimental foi o de blocos ao acaso, em esquema bifatorial, com três
repetições. O fator A foi representado por duas cultivares de arroz: IRGA 424 RI e IRGA 431 CL. O fator B foi a expectativa de resposta à adubação, conforme as recomendações de adubação (SOSBAI, 2018): Média, Alta e Muito Alta, além de uma testemunha, sem adubação. A quantidade de nitrogênio utilizada foi de 0, 90, 120 e 150 kg ha-1 ,respectivamente para a testemunha e expectativas de resposta Média, Alta e Muito alta. Para fósforo, as quantidades utilizadas foram de 0, 40, 50 e 60 kg ha-2 de P2O5, respectivamente para a testemunha e expectativas de resposta Média, Alta e Muito Alta. Para potássio, foram utilizadas as doses de 0, 55, 70 e 85 kg ha-1 de K2O, respectivamente para a testemunha e para as expectativas de resposta Média, Alta e Muito Alta. Essas quantidades foram usadas em função da análise de solo da área, tendo os níveis de fósforo e potássio sido enquadrados como médios e matéria orgânica baixa (1,5 %) (SOSBAI, 2018). O fósforo e o potássio foram aplicados em linha, assim como 20 kg ha-1 de nitrogênio, em todos os tratamentos, com exceção da testemunha. O restante do nitrogênio em cada nível de expectativa de resposta foi parcelado: 2/3 no estádio V3 e 1/3 no estádio R0 (ponto de algodão), de acordo com a escala de Counceet al. (2000). As datas de semeadura foram no dia 31/10/2017 e 16/10/2018. Para as duas
cultivares utilizou-se adensidade de semeadura de 100 kg ha-1 de sementes. As demais práticas de manejo foram uniformes para os diferentes tratamentos e foram aplicadas de acordo com as recomendações técnicas para a cultura do arroz irrigado (SOSBAI, 2018). A análise estatística foi realizada pela análise de variância, a 5% de probabilidade. Quando significativo os fatores de variação, foi realizado o teste de Tukey para verificação das diferenças, através do software SISVAR.
RESULTADOS E DISCUSSÃO Nas duas safras estudadas, não houve interação entre os anos, razão pela qual os as variáveis analisadas são apresentadas na média dos dois anos. Nos parâmetros avaliados houve interação entre as cultivares e níveis de adubação. Na Figura 1 são apresentadas as avaliações de colmos planta-1, baseadas em uma população inicial de 335 plantas m-2, para ambas cultivares. Observou-se que a cultivar IRGA 431 CL apresentou um perfilhamento bastante inferior ao da cultivar IRGA 424 RI, chegando a 3,5 colmos planta-1, que é o perfilhamento do IRGA 424 RI no tratamento sem adubação. A IRGA 424 RI, nos níveis de adubação para expectativa de resposta Alta e Muito Alta, chegou a produzir 6,0 colmos planta-1.
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Número de colmosplanta -1 nas cultivares IRGA 431 CL e IRGA 424 RI em função dos níveis de adubação para expectativas de resposta Média, Alta e Muito Alta, além da Testemunha, sem adubação, na média das safras agrícolas 2017/18 e 2018/19. Cachoeira do Sul, 2019.
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ARTIGO TÉCNICO
Essa diferença de perfilhamento entre as duas cultivares refletiu-se no número de panículas m-2 (Tabela 1), sendo que o IRGA 431 CL apresentou 45% a menos de panículas do que o IRGA 424 RI. Apesar dessa diferença bastante acentuada no principal componente de produtividade, não houve diferença na produtividade de grãos entre IRGA 424RI e IRGA 431 CL. Além disso, o nível de adubação que resultou na maior produtividade de grãos foi o para expectativa de resposta à adubação “Muito Alta”, para ambas cultivares. Em relação à testemunha sem adubação, a produtividade de grãos aumentou em 27% para as cultivares IRGA 431 CL e IRGA 424 RI, com o nível de adubação para expectativa de resposta “Muito Alta” (Tabela 1). Apesar do IRGA 431 CL não ter o mesmo potencial de perfilhamento do IRGA 424 RI, houve uma compensação por parte dos demais componentes de rendimento, os quais foram
responsáveis pela produtividade similar entre as duas cultivares (Tabela 1). Na cultivar IRGA 431 CL a esterilidade de espiguetas foi menor e o número de grãos panícula-1 foi maior que os na cultivar IRGA 424 RI. O IRGA 431 CL apresentou 109 grãos panículas-1, 8,0 grãos a mais que o IRGA 424 RI, havendo, no entanto, diferenças de até 15 grãos por panícula. Já o peso de mil grãos não variou, nem em função da cultivar, nem em função de níveis de adubação, ficando em torno de 25,0 g. Os parâmetros de qualidade também são apresentados na Tabela 1. Em relação à testemunha sem adubação, o índice de centro branco diminuiu em 52 e 75%, respectivamente para as cultivares IRGA 431 CL e IRGA 424 RI, com o nível de adubação para expectativa de resposta “Muito Alta”. É sabido que IRGA 424 RI possui um índice centro branco mais elevado que o das demais cultivares, mas com uma adubação equilibrada é
possível alcançar valores similares aos das cultivares consideradas nobres, passando de 0,93, sem adubação, para 0,23 com adubação para expectativa de resposta “Muito Alta”. Quanto à renda do benefício e a percentual de grãos inteiros, não houve diferenças nos níveis de adubação, variando apenas entre cultivares, sendo maior na IRGA 424 RI. Embora tenha apresentado valores menores para esses dois parâmetros, a cultivar IRGA 431 CL também apresenta grãos considerados nobres.
CONCLUSÃO A cultivar IRGA 431 CL responde à expectativa de resposta à adubação Muito Alta e apresenta alto potencial produtivo, similarmente ao que ocorre com a cultivar IRGA 424 RI. Palavras-chave: Oryza sativa L.,adubação de base e cobertura, índice centro branco, potencial produtivo, qualidade de grãos.
Tabela 1 Estatura de planta (cm), número de panículas m-2 (NGP) peso de mil grãos (PMG), número de grãos panícula-1 (PMG), esterilidade de espiguetas (%), produtividade de grãos (Mg ha -1), índice de centro branco (CB), renda do benefício (%) e grão inteiro (%) nas cultivares de arroz irrigado IRGA 431 CL e IRGA 424 RI em função da expectativa de resposta à adubação Média, Alta e Muito Alta, além de uma testemunha sem adubação, na média das safras 2017/18 e 2018/19. Cachoeira do Sul, 2019.
IRGA 424 RI
IRGA431 CL
Cultivar
(1) (2)
Adubação
Panícula (m2)
PMG (g)
NGP
Esterilidade (%)
Produtividade Mg ha-1
CB
Renda (%)
Grão Inteiro (%)
Testemunha
576,5b¹
24,9-ns
109,9ns
9,4b
9,06 c
0,70 a
70,0-ns
67,7-ns
Médio
666,7a
25,3
105,8
12,2a
11,73 b
0,26 b
70,0
67,7
Alto
752,9a
25,1
110,4
10,5a
11,83 b
0,23 b
70,3
67,0
Muito Alto
727,5a
25,4
110,3
14,5a
12,46 a
0,16 b
69,7
66,0
Média
680,9B²
25,2
109,1A
11,7B
11,27
-ns
0,33 B
70,0B
67,1B
CV (%)
7,2
1,2
2,4
6,8
5,4
3,5
1,6
1,3
Testemunha
852,9b
24,8-ns
94,9c
12,3-ns
8,93 c
0,93a
70,7-ns
68,3-ns
Médio
1329,4a
25,1
100,3b
15,4
11,75b
0,83a
71,3
69,3
Alto
1305,9a
24,9
99,2b
13,8
12,18ab
0,46ab
70,7
68,7
Muito Alto
1347,1a
24,9
111,2a
14,3
12,40 a
0,23b
70,7
68,7
Média
1208,8A
24,9
101,4B
13,9A
11,31
-ns
0,61A
70,8A
68,8A
CV (%)
7,2
1,2
2,4
6,8
5,4
3,5
1,6
1,3
-ns
-ns
Letras maiúsculas comparam as duas cultivares, dentro de cada coluna. Letras minúsculas comparam os níveis de adubação dentro de cada cultivar.
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SÉRGIO PEREIRA / IRGA
GASTRONOMIA
Comer como nossos avós:
receita de Rita Lobo
Chef é uma das maiores personalidades brasileiras da gastronomia e veio a Porto Alegre, a convite do Irga, para reforçar a importância do casamento do arroz com o feijão Lavoura Arrozeira Nº 471 | Outubro/Novembro/Dezembro 2019
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SÉRGIO PEREIRA / IRGA
GASTRONOMIA
A
saída para uma boa alimentação, quem diria, pode estar com nossos antepassados. E quem afirma é a chef e apresentadora Rita Lobo: “a solução é comer como nossos avós comiam”. Foi o que ela falou no dia 8 de junho, quando o Programa de Valorização do Arroz (Provarroz) do Irga a trouxe a Porto Alegre. Rita não só preza a importância de comer o arroz e feijão – que, inclusive, chama de comida de verdade – como também ressalta as relações de afeto que são promovidas por cozinhar e comer com outras pessoas: “os lugares no mundo onde os índices de obesidade são menores têm em comum uma dieta baseada em comida de verdade. Por isso o nosso Prato Feito (PF) é tão poderoso, em função da combinação do arroz com feijão”. Com a correria do dia a dia, o convívio nas refeições diárias com as pessoas próximas dificilmente acontece. A própria alimentação acaba não sendo, de fato, uma refeição como deveria ser. E é sobre isso que Rita alerta. Trata-se da importância de retomar o antigo costume de cozinhar a nossa comida e comê-la com as pessoas que amamos. É uma questão de saúde pública, inclusive, não só de relações humanas, pois os índices de obesidade crescem a cada ano. Nos Estados Unidos, a obesidade já se tornou uma crise causada, principalmente, pelos alimentos ultraprocessados como hambúrgueres e embutidos. Cerca de 40% da população americana enfrenta esse mal que, possivelmente, não tem mais como ser revertido, de acordo com o Centro Nacional de Estatísticas de Saúde do país. No Brasil esse número também aumentou: de 2006 para 2019, o número de brasileiros obesos registrou elevação de quase 8%. Hoje, cerca de 20% da população é obesa, segundo o Ministério da Saúde. Porém, aqui ainda é possível reverter esse número. Por isso o Provarroz trouxe Rita para palestrar. O objetivo foi que a chef falasse sobre os benefícios do arroz na dieta diária das pessoas. Ela é reconhecida por enaltecer o famoso arroz com feijão, que ainda faz parte do cotidiano da população brasileira. O evento reuniu cerca de 150 pessoas ligadas à gastronomia, convidadas pelo Irga, na Casa Destemperados. Rita valoriza a presença do arroz na dieta desde a introdução alimentar, com as crianças.
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Evento foi realizado na Casa Destemperados, na Capital, e reuniu convidados que degustaram um menu com produtos feitos do arroz e seus coprodutos
Coordenadora do Provarroz, Camila Couto conta que Rita angariou um público extraordinário. “As pessoas ficaram encantadas. Foi um marco para o Programa que, desde 2015, busca conscientizar a população sobre a importância e os benefícios do arroz”, comenta Camila. O menu do evento, preparado pelo chef Márcio Ávilla, do Bistrô Pelotense, foi à base de arroz e farinha de arroz. Teve carreteiro de linguiça, polenta de arroz e arancini de doce de leite. Camila diz que as pessoas ficaram surpresas com o arroz sendo o prato principal. “Estão acostumadas com o arroz como complemento. Por isso, ficaram encantadas com o cardápio”, completa. Para Camila, a palestra de Rita Lobo trouxe mais visibilidade e valorização ao programa. A ideia do Provarroz é continuar promovendo ações como essa, para, também, aproximar o consumidor final do produto. Hoje falamos para os gaúchos, o próximo passo é falar para todo o Brasil.
Quem é Rita Lobo Paulista, criadora do site Panelinha e hoje no ar no Canal GNT com o sucesso “Cozinha Prática”, que já está em sua 12ª temporada. Ela também é autora dos bestsellers “Cozinha de Estar”, “O que tem na geladeira” e “Pitadas da Rita”. Usa as redes sociais para falar de gastronomia.
RITA LOBO, Sobre a importância de comer bem
“Cozinhar é uma ferramenta para termos uma alimentação saudável. Como hoje ninguém tem mais tempo de ir para a cozinha, minha solução é homens e mulheres na cozinha.”
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ALIMENTAÇÃO
Nutricionista do Irga, Carolina Pitta apresenta as vantagens da inclusão do cereal e faz oficina de preparo de pratos
Meta é incluir farinha de arroz na merenda escolar Criado pelo Irga em 2015, o Provarroz já é adotado com sucesso em Capivari do Sul, Pelotas e Camaquã
A
s prefeituras dos municípios orizícolas são importantes aliadas do Programa de Valorização do Arroz (Provarroz), do Irga, para a inclusão da farinha do cereal na merenda escolar. Esta é uma das frentes que vêm sendo fortemente trabalhadas em 2019, quinto ano do programa, a fim de multiplicar a ideia, já adotada por três municípios: Capivari do Sul, Pelotas e Camaquã. O programa já foi apresentado em Jaguarão e em Santana do Livramento e conta com agendamento para conhecimento em Rio Grande e Uruguaiana, conforme explica a coordenadora do Provarroz, Camila Couto. Ela conta que a intenção é conscientizar os atores
públicos, prefeitos, vices, secresumo (branco, integral, parboilizatários, vereadores e diretores de do), além de sanar dúvidas e esclaescolas sobre a importância do recer mitos sobre o arroz. A partir cereal para a saúde e sugerir a sua daí, criam-se condições para um inclusão nos cardápios oferecidos próximo passo, a cargo da prefeituaos alunos por meio da merenda CAMILA COUTO, ra local: a assinatura de um decreto Coordenadora escolar. para a inclusão da farinha de arroz do Provarroz “Num primeiro momento aprena merenda escolar. sentamos o programa e os benefí- “Ao longo destes Criado em 2015 para incentivar o cios do consumo de arroz à saúde. cinco anos, consumo do arroz e seus coproduSe houver interesse, a nutricionis- tivemos muitas tos, como a farinha de arroz, e a sua ta do Irga, Carolina Pitta, volta ao evoluções na inclusão nos cardápios dos brasileimunicípio numa outra oportuni- mudança dos ros, o Provarroz realiza inúmeras hábitos alimentares dade para realizar palestra e oficina da população” ações de conscientização sobre os com o preparo de receitas doces e benefícios do cereal à saúde. Entre salgadas com a farinha de arroz como base, a os envolvidos nestas ações estão formadores merendeiras e alunos”, diz. de opinião e estudantes da área da saúde, espeNa palestra Os benefícios do consumo de ar- cialmente do curso de Nutrição, e também de roz para a saúde são abordadas informações Gastronomia, afirma Camila Couto. sobre a importância do consumo de arroz pa“Ao longo destes cinco anos, tivemos muira uma alimentação saudável, as propriedades tas evoluções na mudança dos hábitos alinutricionais do cereal e seus coprodutos, como mentares da população”, pondera. Além disa farinha de arroz, os tipos de grãos (branco, so, a indústria começa a enxergar o potencial vermelho, negro, entre outros), formas de con- deste produto, diz.
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Experiência em Pelotas é aprovada Os números pelotenses em 2019:
O que é o trabalho Confira a abordagem da palestra “Os benefícios do consumo de arroz para a saúde”: Importância do consumo de arroz para uma alimentação saudável
108kg adquiridos de farinha de arroz
Propriedades nutricionais do cereal e seus coprodutos, como por exemplo, a farinha de arroz Tipos de grãos (branco, vermelho, negro, entre outros) Formas de consumo (branco, integral, parboilizado) Esclarecimento de dúvidas e mitos sobre o arroz
3 mil 29 alunos beneficiados
escolas de educação infantil envolvidas
FOTOS DIVULGAÇÃO
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Desde maio, com a assinatura de decreto pela prefeita Paula Mascarenhas, durante a Expoarroz Tech 2019, a farinha de arroz está presente no cardápio da merenda de estudantes de 29 Escolas de Educação Infantil (Emeis) de Pelotas. A chance de melhorar a alimentação dos alunos foi o principal motivo da adesão à ideia apresentada pelo Irga, no ano passado. Segundo a prefeita, a experiência é positiva e de satisfação, seja pelo valor nutricional que a farinha de arroz oferece à merenda, possibilitando a diversificação alimentar, por ser recomendada aos celíacos, intolerantes ao glúten, e também pela valorização de produto da terra, por Pelotas ser polo de beneficiamento. “Só faz bem, para a alimentação dos nossos alunos e para a economia do município”, diz. Este ano, já foram adquiridos 108 quilos de farinha de arroz da empresa pelotense Josapar e beneficiados 3 mil alunos do maternal e pré-escolar das escolas de educação infantil, por onde foi iniciado o processo, acrescenta. A intenção é continuar utilizando a farinha, de acordo com a disponibilidade do produto, e no futuro treinar todas as merendeiras e expandir para as demais escolas do município. Conforme a prefeita, são 89. Em forma de bolos, tortas, pães e panquecas, os alunos de maternal e pré da Emei Dyrio Gorgot, no bairro Fátima, aprovam as receitas feitas pelas merendeiras Laura, Rosemeri e Magda. Para elas, a versatilidade e facilidade em lidar com o produto são os pontos positivos sobre trabalhar com a farinha de arroz – aspectos que não superam, claro, a satisfação de ver os rostinhos felizes depois de saborear as receitas. “A receptividade das crianças foi ótima, elas adoraram. O bolo é muito fácil de fazer, a massa fica leve, suave e combina com muitas frutas, como a maçã e a laranja”, conta a merendeira Laura. Em 2018,, ela e suas colegas participaram do curso que capacitou cerca de 80 merendeiras, realizado pelo Provarroz. Para a nutricionista do município, Paola Soares, é um complemento à alimentação dos estudantes, considerando o alto valor nutricional: “temos o cuidado de proporcionar cardápios específicos para alunos diabéticos e intolerantes à lactose”.
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POESIA
TRIBUTO AO ARROZEIRO Poema de Graça Rosa
Arrozeiro, homem de fé! Com perseverança, Trabalha ano inteiro Enfrentando chuva, sol a pino, Frio, geada, Malfazejas intempéries do destino, Sem sequer saber Se a terra vai vingar. Faz tudo o que pode e o que não pode também. O pouco que tem Aposta no arroz alimento, Que lhe dá o sustento e é o prato nosso de cada dia. Sua maior alegria É ficar olhando a plantação E sentir a emoção De vê-la crescer majestosa Até sua maturação com vestes douradas! Então, a hora é chegada: Colher o fruto da esperança E buscar justa recompensa P’ra essa batalha infinda Que nem sempre é reconhecida, E poucos sabem O verdadeiro sentido de ser homem-terra. Mas nem erva daninha encerra Seu espírito de luta E sua vontade de plantar, Tampouco expurga sua crença Em dias melhores! Para ele basta regaçar as mangas e recomeçar! Nascida Maria da Graça Goulart Machado Rosa, é poeta e trabalha há 40 anos no Irga. Lavoura Arrozeira Nº 471 | Outubro/Novembro/Dezembro 2019
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METEOROLOGIA
Safra: o que esperar? Nem El Niño, nem La Niña Padrão de oscilação será de neutralidade, que também exige atenção redobrada do produtor JOSSANA CEOLIN CERA Meteorologista e Doutora em Engenharia Agrícola
O
padrão do El Niño-Oscilação Sul (ENOS) será de Neutralidade durante a safra 2019/20, ou seja, sem a presença de El Niño ou La Niña. No entanto, isto não quer dizer muita coisa, pois em anos ditos Neutros tanto chuva em excesso como a falta dela podem ocorrer em alguns momentos. Por isso, a atenção do produtor deve estar redobrada sob estas condições. O mapa de anomalia da Temperatura da Superfície do Mar (TSM) do mês de agosto
mostra que a região do Niño3.4 está Neutra, ou seja, com anomalias entre -0,5 °C e +0,5 °C (Figura 1). Sabe-se que é esta região que comanda os eventos de El Niño (anomalias acima de +0,5 °C) e La Niña (anomalias abaixo de -0,5 °C). Já a região do Niño1+2 determina a qualidade das chuvas no Rio Grande do Sul e, no momento, está com anomalias negativas. Quando esta região do Niño1+2 está com anomalias positivas (negativas) acaba favorecendo (desfavorecendo) as chuvas por aqui.
Figura 1 Anomalia da Temperatura da Superfície do Mar no mês de setembro de 2019. O retângulo na Imagem mostra a região do Niño3.4, região que os centros internacionais utilizam para calcular o Índice Niño (índice que define eventos de El Niño e La Niña). A região Niño1+2 determina a qualidade das chuvas no Rio Grande do Sul.
Fonte:Adaptado de CPTEC.
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Figura 2 O monitoramento das condições de temperatura das águas nessas regiões deve ser constante, principalmente quando não se tem a presença de um fenômeno de maior escala comandando o regime de chuvas. Outra região que deve ser monitorada é o Oceano Atlântico Sul, que no momento está com a temperatura da água praticamente dentro da média. Lembrando que, quando o Atlântico Sul está mais quente (mais frio) ele favorece (desfavorece) as chuvas no Rio Grande do Sul. Os institutos de meteorologia preveem que a condição de Neutralidade climática permanecerá durante toda a primavera e verão. As probabilidades estão em 74% para o trimestre Set-Out-Nov, caindo para 65% em Out-Nov-Dez e devendo ficar em torno dos 60% até o final do verão. A probabilidade de o El Niño voltar é baixa, ao redor de 30% para o período da primavera, verão e outono (Figura 2). O início da primavera vem sendo mais chuvoso (setembro e outubro), sendo que, em alguns casos, o volume acumulado nem é tão alto, mas a frequência de dias com chuva é alta. Para exemplificar, dos primeiros 20 dias de setembro, 11 tiveram chuva e o mês acabou registrando chuva abaixo da normal climatológica na maior parte do Estado. A expectativa para novembro e dezembro é de que as chuvas comecem a ficar mais espaçadas. Sendo assim, situações distintas podem ocorrer, como regiões tendo chuvas acima, dentro, ou até abaixo da média.
Já para o verão (meados de dezembro até meados de março), os riscos de estiagens regionalizadas aumentam por diversos fatores: Em anos Neutros o risco de se ter estiagens curtas e/ou regionalizadas é maior que em anos de El Niño. O risco ao produtor também aumenta em relação aos anos com La Niña, pois se acaba pensando que no ano Neutro as chuvas irão ficar dentro da climatologia e, na maioria das vezes, isso não ocorre; Independente da fase do ENOS, durante o verão ocorrem as ‘chuvas de verão’, que são mais localizadas, ou seja, a irregularidade nas chuvas aumenta muito no verão;
Previsão probabilística de consenso do International Research Institute for Climate and Society (CPC/IRI). As barras em azul significam probabilidade de La Niña; as cinzas, Neutralidade; as vermelhas, El Niño.
Fonte: Adaptado de IRI (Columbia University).
A média climatológica da precipitação durante o verão no Rio Grande do Sul é menor que nas demais estações do ano, principalmente nas regiões da Fronteira Oeste, Campanha e Zona Sul, onde os volumes de precipitação durante os meses de verão variam de 200 a 300mm no extremo Sul e parte da Campanha e entre 300 a 400mm nas demais regiões. E, além de todos estes fatores, as altas temperaturas do verão favorecem a maior evapotranspiração (processo de transferência de vapor d’água para a atmosfera pela evaporação de solos úmidos e pela transpiração das plantas). Com isso, mesmo chovendo dentro da média, para as culturas de sequeiro isto acaba não sendo suficiente, pois a quantia de água evapotranspirada é maior que o valor de água precipitada pelas nuvens. Por isso, as regiões da Fronteira Oeste, Campanha e Zona Sul são mais propensas à ocorrência de estiagens. Com relação às temperaturas, a tendência é que fiquem entre o normal ou pouco abaixo, principalmente durante a primavera. Ou seja, os dias mais frios podem se estender um pouco mais que o esperado.
Qual o impacto do padrão Neutro nas culturas do arroz irrigado e da soja em terras baixas? Para o arroz, geralmente os anos neutros são bons, pois há boa oferta de radiação solar durante o verão, período (reprodutivo) no qual a planta mais exige luminosidade. O produtor só precisa dar mais atenção aos reservatórios de água, em caso de haver estiagem na sua região. No caso da soja, a situação se inverte, principalmente se a lavoura não possuir irrigação. Conforme mencionado anteriormente, o risco de estiagem será maior que na safra passada. Logo, o produtor precisa ficar muito atento à previsão do tempo e ter estratégias para diminuir os impactos de possíveis períodos sem chuvas. Contudo, ressalta-se, mais uma vez, a grande importância do acompanhamento da previsão do tempo e também da previsão climática, juntamente com as condições dos Oceanos Pacífico Equatorial e Atlântico Sul, a fim de saber quais mudanças estarão ocorrendo durante a safra, para tomar as decisões mais assertivas de manejo nas lavouras, minimizando riscos.
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LAVOURA
Indenizações por
granizo somam R$ 3,3 milhões
FOTO RAQUEL FLORES / IRGA
Entre as atribuições do Irga está ajudar os produtores atingidos por esse fenômeno climático que prejudica a lavoura VICTOR HUGO KAYSER Engenheiro agrônomo
O
Irga anunciou no início de outubro que todos os processos envolvendo a queda de granizo na safra 2018/19 foram indenizados, atendendo a quesitos legais e técnicos, sendo o montante das indenizações no valor de R$ 3.305.824,43. A média do valor indenizado pela área plantada das lavouras foi de R$ 2.828,17 por hectares - por processo, o valor médio ficou em R$ 275.485,37. O anúncio ocorreu em reunião com o Secretário da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (SEAPDR), Covatti Filho. Dentre as suas atribuições, o Irga tem o serviço de assistir os orizicultores, no RS, em eventuais prejuízos decorridos de precipitações de granizo. A indenização tem por base o custo de produção calculado pela autarquia. “A indenização da queda do granizo é uma maneira de fazer com que o produtor de arroz se mantenha na atividade”, explica o engenheiro agrônomo Victor Hugo Kayser, do Irga. A indenização do granizo é previsto no artigo 20, § 2°, da Lei 533, de 31 de dezembro de 1948, com redação dada pela Lei n° 13.697, de 5 de abril de 2011. Foi regulamentado pelo Decreto n° 51.446 de 6 de maio de 2014. Também é regida pela Resolução n° 06/2014, de 6 de junho de 2014, e anualmente o valor da indenização é atualizado com base no custo de produção e revisto pelo Irga. Na atual safra (2018/19) estava vigente a Resolução n° 001/2019, de 18 de junho de 2019. Ocorreram 14 comunicados de granizo, sendo que dois produtores formalizaram desistência.
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Ressarcimento aos produtores foi oficializado em reunião na sede do Irga
Para onde foi o dinheiro Confira os municípios afetados pelo granizo: Município
Área plantada (ha)
Área atingida (ha)
Data do Sinistro
1
Viamão
239,5
72,0
05/03/2019
2
Tapes
90,0
83,0
14/04/2019
3
Tapes
43,5
31,7
14/04/2019
4
Tapes
17,8
15,4
14/04/2019
5
Santa Vitória do Palmar
150,0
150,0
24/02/2019
6
Santa Vitória do Palmar
50,1
50,1
24/04/2019
7
Barra do Ribeiro
48,0
48,00
05/03/2019
8
Barra do Ribeiro
153,47
153,47
05/03/2019
9
Barra do Ribeiro
159,00
159,00
05/03/2019
10
Barra do Ribeiro
46,00
46,00
05/03/2019
11
Barra do Ribeiro
76,80
76,80
05/03/2019
12
Barra do Ribeiro
95,00
95,00
05/03/2019
1.168,9
980,5
Soma
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NOTAS
Irga divulga Boletim de Resultados da Safra 18/19 Já está disponível no site do Irga o Boletim de Resultados da Lavoura da Safra 2018/2019 – Arroz Irrigado e Soja em Rotação. O documento de 16 páginas foi elaborado pela Divisão de Assistência Técnica e Extensão Rural, pela Seção de Política Setorial e pela meteorologista Jossana Ceolin Cera, com o apoio das Coordenadorias Regionais e dos Núcleos de Assistência Técnica e Extensão Rural do Irga. O boletim traz importantes informações sobre a safra passada, com dados estatísticos coletados pela autarquia junto aos produtores e divididos pelas seis regiões de produção de arroz do RS. São abordados os seguintes itens: > Condições meteorológicas ocorridas durante a safra 2018/2019; > Arroz irrigado – Intenção de área e preparo antecipado, sistemas de plantio, cultivares, fatores de prejuízo, evolução da colheita, produtividade e produção final; > Soja em rotação com arroz irrigado – Área, produção e produtividade e cultivares. Acesse o boletim no site do Irga: irga.rs.gov.br
FOTOS IRGA
Semeadura da 1ª época do experimento bioclimático A Estação Experimental Regional da Fronteira Oeste, que fica em Uruguaiana, realizou em setembro a semeadura da primeira época do experimento bioclimático do arroz irrigado, pesquisa interna realizada pelo Irga. Participaram do experimento de Uruguaiana o engenheiro agrônomo Cleiton Ramão, o técnico orizicultor Jackson Brasil e a estagiária Bianca Ribeiro, do 12° Núcleo de Assistência Técnica e Extensão Rural (Nate). “O bioclimático de arroz irrigado é um experimento de épocas de semeadura. Em um passado recente, este experimento teve o objetivo de determinar as épocas preferenciais da semeadura do arroz no RS. Ou seja, adequar cultivar e época de semear para sincronizar o desenvolvimento da planta com as melhores condições de radiação solar durante o período reprodutivo e diminuir a probabilidade de ocorrência de baixas temperaturas nos estádios críticos da planta, a fim de minimizar riscos”, explica a meteorologista do Irga, Jossana Cera.
Hoje, além deste objetivo, existe outro: o de ser um termômetro da safra. Este experimento é conduzido em locais com diferentes condições edafoclimáticas (Cachoeirinha, Santa Vitória do Palmar e Uruguaiana), onde determinam-se os principais estágios fenológicos da planta, que são posteriormente analisados em
conjunto com os dados meteorológicos. Assim, se tiver alguma adversidade climática durante a safra, conseguirá ser explicado através deste experimento, pois as épocas de semeadura vão desde setembro até dezembro, abrangendo as épocas que os produtores começam a semear.
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Irga realiza evento em Dona Francisca
Irga integra seminário para festival de Enogastronomia A nutricionista do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), Carolina Pitta, apresentou no evento preparatório ao 6º Festival de Enogastronomia o Seminário de Alimentação Escolar, no Salão de Atos do IFSul em Santana do Livramento. O encontro, que faz parte do Programa de Valorização do Arroz (Provarroz) da autarquia, contou com o apoio do responsável pelo 30º Núcleo de Assistência Técnica e Extensão Rural (Nate), engenheiro
agrônomo Lafayette de Moraes Neto, e da secretária do Nate, Liane Bravo. Em uma oficina com 60 merendeiras da rede municipal de Livramento, a nutricionista apresentou as características da farinha de arroz e os usos por meio de receitas, visando sugerir um cardápio saudável às escolas da região. Também ocorreu um seminário para nutricionistas, merendeiras e integrantes das secretarias municipais de educação da região e de Rivera (Uruguai), no qual foi enfatizada a importância do arroz na alimentação escolar.
12º Nate entrega os Resultados da Safra
Circular Técnica é lançada em encontro da pesquisa e extensão O último dia do “Encontro Pesquisa-Extensão: Alinhamento Institucional em Temáticas Relevantes da Lavoura Arrozeira” do Irga, ocorrido em julho, foi marcado pelo lançamento da primeira circular técnica produzida pela autarquia. O documento, assinado pelos professores Ibanor Anghinoni (UFRGS) e Felipe Selau Carlos (Universidade Federal de Pelotas), enfoca o manejo da adubação nitrogenada de cobertura no arroz irrigado no Sul do Brasil e já está disponível para consulta no site do Irga. “Nós, da Comissão de Pesquisa, já listamos cerca de 20 assuntos que serão transformados em circulares técnicas. Entre os temas que devem ser enfocados futuramente estão o manejo da cultivar Irga 431 CL, quebra da resistência da cultivar Irga 424 à brusone e a resistência das plantas daninhas aos herbicidas”, explica Anghinoni.
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O 37º Núcleo de Assistência Técnica e Extensão Rural (Nate) do Irga promoveu o 13º Seminário do Arroz Irrigado e a 2ª Atualização em Manejo da Cultura do Arroz de Dona Francisca. O evento ocorreu em 18 de agosto, no Clube Franciscano da cidade. Participaram cerca de 140 pessoas, entre produtores, técnicos e autoridades locais, além do coordenador da região Central da autarquia, engenheiro agrônomo Pedro Hamann. A responsável pelo 37º Nate, engenheira agrônoma Débora Mostardeiro, apresentou os dados finais da safra 2018/2019, do Projeto 10+ e da nova cultivar IRGA 431 CL na região Central. O engenheiro agrônomo e pesquisador do Irga, Paulo Massoni ministrou o tema “Manejo de plantas daninhas resistentes em arroz”. E a palestra “Manejo e controle das principais doenças na cultura do arroz” ficou a cargo do engenheiro agrônomo Ivan Dressler, professor do Departamento de Defesa Fitossanitária da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).
Acesse a circular: http://tiny.cc/puuycz
O 12º Núcleo de Assistência Técnica e Extensão Rural (Nate) do Irga, em parceria com a Associação dos Arrozeiros de Uruguaiana e Barra do Quaraí, promoveu a Entrega de Resultados da Safra 2018/2019. O evento ocorreu no Hotel Glória, em Uruguaiana. O responsável pelo 12º Nate, engenheiro agrônomo Cleiton José Ramão, iniciou a programação apresentando os resultados da última e atual safra de arroz. Ele trouxe informações de área semeada, colhida e sobre a produtividade de Uruguaiana e Barra do Quaraí. Dados experimentais e projetos de pesquisa, avaliação de cultivares e eficiênciatambém foram mostrados. “É muito importante para o produtor receber um retorno. Fizemos apresentações bastante técnicas, com informações sobre a lavoura, economia e clima. Reforçamos a importância do setor e queremos que as políticas agrícolas cheguem da melhor forma possível aos produtores”, informa Ramão.
Lavoura Arrozeira Nº 471 | Outubro/Novembro/Dezembro 2019
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Em Arambaré, Irga promove capacitação
A Granja Terra Dura, em Arambaré, recebeu treinamento de capacitação para produtores e colaboradores na propriedade rural no dia 18 de setembro. O curso é promovido pelo 3° Núcleo de Assistência Técnica e Extensão Rural (Nate) de Camaquã, que já realizou o projeto em Cristal e Camaquã. A atividade envolveu os produtores Roberto Longaray, Alamir Gonçalves e Rogério Silva, que levaram seus colaboradores para capacitação e recomendações sobre a condução de uma boa lavoura arrozeira.
O treinamento foi ministrado pelos técnicos do 3° Nate Paulo Sias e Romeu Tietz. Os assuntos de destaque foram o manejo de arroz irrigado no foco do estabelecimento da cultura e a soja em rotação com o arroz. “Todas as propriedades que participaram do treinamento recebem um retorno significativo, tanto econômico quanto na produtividade”, comenta o engenheiro agrônomo Marcelo Ferreira Ely, responsável pelo Nate de Camaquã.
FOTOS DIVULGAÇÃO / IRGA
NOTAS
Meteorologista da Somar visita o Irga A Estação Experimental do Arroz (EEA) de Cachoeirinha recebeu, no final de setembro, a visita da meteorologista Heloisa Pereira, da Somar Meteorologia, empresa que presta serviço de atualização da previsão do tempo no site do Irga. A também meteorologista Jossana Cera, do Irga, juntamente a gerente da EEA, Flávia Tomita, apresentaram a área experimental e as instalações da estação de pesquisa. No encontro, Heloisa conversou sobre formas de aprimorar os produtos de previsão do tempo para melhor atender os produtores da região. Segundo Jossana, essas interações são muito importantes para ambas instituições, pois agregam valor e conhecimento. “Heloisa esteve no município de Cachoeira do Sul, no dia 26 de setembro, para uma palestra na Feira Agropecuária de Cachoeira do Sul (FEAPEC). Então aproveitamos que ela tinha um tempo livre, antes de voltar para São Paulo, para vir aqui conhecer a EEA”, explicou.
Aplicativo PlanjArroz será lançado em 2020 Está em desenvolvimento um aplicativo para facilitar a vida do produtor arrozeiro gaúcho. Por meio de uma parceria entre Embrapa, Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Irga e Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), o PlanejArroz deverá ser lançado durante a colheita do arroz de 2020. Disponível nas versões celular e web (para computadores), o PlanejArroz possibilitará calcular o manejo do arroz irrigado, com estimativa de produtividade. O produtor informa em qual município do RS está e escolhe entre 41 cultivares, com destaque para IRGA 424 RI, Guri Inta CL e Puitá Inta CL. A partir daí, seleciona entre seis estádios de desenvolvimento da planta, informando a data de emergência da lavoura. O app prevê, então, o número de dias de desenvolvimento da planta - estimativa que é atualizada em tempo real, conforme as condições climáticas e dados de safra, inclusive históricos. “A grande novidade é questão da estimativa da produtividade para as três cultivares principais, além de outras 38 recomendadas”, informa o pesquisador em agrometeorologia Silvio Steinmetz, da Embrapa Clima Temperada.
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ALMANAQUE
Há 50 anos
na Lavoura Arrozeira SÉRGIO PEREIRA / IRGA
Maio e junho de 1968
Janeiro e fevereiro de 1968 A edição nº 241 trouxe como destaque a 2ª Feira Nacional do Arroz, em Cachoeira do Sul, evento que ocorre até os dias de hoje. O uso correto das técnicas de manejo de água já era assunto tratado como fator de sucesso para uma boa safra. O então embaixador do Senegal, Henri Pierre, fez uma visita à sede do Irga com o objetivo de aumentar o comércio entre seu país e o Brasil.
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Março e abril de 1968 A capa da edição nº 242 da Lavoura Arrozeira apresentou o trabalho realizado na Penitenciária Agrícola General Daltro Filho, localizada em Charqueadas, casa prisional que aplicava avançadas técnicas no cultivo do arroz. Outro assunto abordado nesta edição foi a 1ª edição do Encontro Nacional de Irrigação e Drenagem, que ocorreu em Brasília e onde o Irga também se fez presente.
Na edição nº 243, a capa procurava incentivar a integração da agricultura com a pecuária, uma das bandeiras do Irga ainda em vigor. Um experimento realizado com a aplicação de nitrogênio nas variedades de arroz constatou um aumento significativo e econômico nas produções. Outra reportagem enfocava os Estados Unidos, que se consolidava como maior exportador de arroz em todo o mundo.
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� � � de � � Dia
CAMP Estadual Dia 22/01/2020 na Estação Experimental do Arroz em Cachoeirinha/RS Avenida Bonifácio Carvalho Bernardes, 1.494
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