Revista Lavoura Arrozeira n° 472

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Volume 67 / Nº 472 |Janeiro/Fevereiro/Março 2020

80 anos de dedicação à orizicultura Avanços em pesquisa e tradição de conhecimento técnico são os pilares para o futuro do Irga, como sugere o grafite da fachada da nova sede (foto acima) Pag 1.indd 3

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EDITORIAL

A revista Lavoura Arrozeira é uma publicação do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) Av. Farrapos, 3.999 Porto Alegre (RS) - Brasil CEP 90220-007 Fone +55 (51) 3288-0391 www.irga.rs.gov.br www.facebook.com/IrgaRS - @IrgaRS ISSN: 0023-9143

Governador do Estado: Eduardo Leite Vice-governador: Ranolfo Vieira Jr. Secretário Estadual da Agricultura e Pecuária: Covatti Filho. Presidente do Irga: Guinter Frantz. Diretor Técnico: Ivo Mello. Diretor Administrativo: João Alberto Antônio.

Produção da Revista Conselho Editorial: Camila Pilownic Couto, Danielle Almeida, Jaime Staffen, Julio Uriarte, Mara Grohs, Raquel Flores, Ricardo Kroeff, Sandra Möbus, Sergio Pereira. Produção e execução: Padrinho Agência de Conteúdo Edição: Carlos Guilherme Ferreira - MTB 11.161 Colaboração: Igor Morandi, Tatiana Bandeira, Pedro Pereira, Sérgio Pereira, Raquel Flores, Kesia Ramires e área técnica do Irga (artigos técnicos). Capa: foto de Emílio Pedroso. Tiragem: 9 mil exemplares. Impressão: Alfa Print Editora e Gráfica Ltda.

Atendimento ao leitor: revista@irga.rs.gov.br Para assinar gratuitamente a Revista Lavoura Arrozeira acesse: www.irga.rs.gov.br/assinatura-da-revistalavoura-arrozeira Fone: (51) 3288-0391

É permitida a reprodução de reportagens, desde que citada a fonte. Os artigos assinados não refletem, obrigatoriamente, a opinião da revista.

80 anos de pesquisa

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alar dos 80 anos de qualquer instituição invariavelmente leva ao uso de adjetivos repletos de estética, beleza, porém nem sempre com significado prático. No caso das comemorações das oito décadas do Instituto Rio Grandense do Arroz, completadas em 2020, isso não é necessário. As referências são simples e diretas: trabalho, pesquisa, profissionalismo, excelência técnica. E as justificativas vêm de fatos, dos mais antigos aos recentes. Começamos pelas boas notícias de agora: em fevereiro, o Irga mudou-se para a nova casa, na Avenida Farrapos, zona norte de Porto Alegre. Em tempos de escassez de recursos públicos, a iniciativa apresenta potencial para se tornar um modelo a outros gestores. Irga e Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJRS) acordaram uma permuta envolvendo a antiga sede do Irga, na Avenida Missões, pelo imóvel da Farrapos. Com um detalhe: o TJ concordou em licitar a reforma do prédio agora usado pelos servidores do Irga – uma área de 6 mil metros quadrados. Na prática, todo o processo representou

Sumário Interatividade Foto do leitor Abertura da Colheita Meteorologia Nova sede do Irga Artigo técnico Aplicativo PlanejArroz Dia de Campo Estadual Palavra do Produtor Artigo técnico Matéria de capa

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custo zero para o Poder Executivo do Estado. E o quadro de funcionários do Irga conta com um espaço maior, com potencial para influenciar positivamente na produtividade. E, ao falarmos dela, vem a ligação com a história do Irga. O Instituto responde por marcos históricos na lavoura arrozeira gaúcha, como o lançamento da cultivar BR IRGA 409, em 1979, responsável por desbancar o arroz americano Bluebelle no Estado. A conquista deveu-se à dedicação de servidores como Paulo Carmona, hoje aposentado e um dos pioneiros da Estação Experimental do Arroz (EEA), de onde saem cultivares vitais para a lavoura brasileira, como a IRGA 431 CL. Carmona relembra o trabalho de desenvolvimento da BR IRGA 409: “Foi o ponto de partida para chegarmos ao resultado que se tem hoje: plantas de porte baixo e com alta produção”. Ele é exemplo para outros servidores que seguem à frente do Irga, nas mais diversas áreas e locais. Neste momento, todos merecem valorização: são eles que fazem o Instituto chegar aos 80 anos com olhar no futuro, sem esquecer do passado e dos produtores.

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Matéria de capa (parte 2) Circulares técnicas Provarroz Artigo técnico Projeção tecnológica Brusone Notas Artigo técnico Há 50 anos

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FOTO DO LEITOR

Giovane Rodrigo Friedrich Neu

Cenas

da lavoura O verão rendeu belas fotos: confira as vencedoras do Concurso Cultural Sua Foto na Revista Lavoura Arrozeira, eleitas em votação pelas redes do Irga.

Giovane Rodrigo Friedrich Neu

Leandro Kegler Stahl

Robson Giacomeli

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EVENTO

Abertura da Colheita traz avanços para o setor Evento é a maior mostra tecnológica e científica orizícola do sul do Brasil

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mês de fevereiro marca o início da colheita do arroz e grãos em terras baixas, que é celebrado com a Abertura da Colheita do Arroz, evento anual com milhares de pessoas ligadas à orizicultura. A ideia é desenvolver cada vez mais o setor, reunindo produtores, autoridades, entidades e empresas do agronegócio para mostrar as últimas novidades tecnológicas e científicas. Além disso, há intercâmbio de informações sobre a realidade sócio-econômica da cultura, em níveis

nacional e internacional, entre os participantes. Esta edição ocorreu entre os dias 12 e 14 de fevereiro, em Capão do Leão, no sul do Estado, com o tema Intensificação para a Sustentabilidade. Promovida pela Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz) em parceria com a Embrapa (o Irga é patrocinador premium), a Abertura recebeu cerca de 7,5 mil pessoas de 16 países e de 16 estados brasileiros e contou com exposição de 45 empresas e vitrines tecnológicas de outras 20, privadas e públicas. A Universidade Federal de Pelotas (UFPel) foi a universidade pioneira em ter uma mostra no evento. O evento contempla o lado técnico e o lado político de forma única, como afirma o coordenador da Regional Sul do Irga, André Matos.

“A abertura se consolidou como uma mostra tecnológica. Representa a força do nosso setor arrozeiro, como somos tecnificados e a busca constante do orizicultor por soluções para seus problemas do cotidiano”, diz Matos. Em seu discurso no evento, o presidente da Federarroz, Alexandre Velho, ressaltou o impacto econômico e social do arroz: “Estamos aqui neste evento demonstrando que o produtor está fazendo a sua parte por meio da rotação de culturas com a soja e a pecuária para termos uma lavoura cada vez mais intensificada e sustentável.” Também foi momento para debate setorial, já que as principais lideranças políticas relacionadas à orizicultura participaram do evento. Nesta edição, além da presença do gover CLEITON RAMÃO, IRGA

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SERGIO PEREIRA, IRGA

nador do Estado, Eduardo Leite, houve representantes do Senado e da Câmara Federal, além de prefeitos dos municípios da região sul, presidentes de sindicatos rurais e líderes da Embrapa, Irga e Fetag. O destaque naquele momento foi a apresentação do terminal, no Porto de Rio Grande, específico para a exportação de arroz (confira quadro). Na vitrine tecnológica do Irga, a coleção de cultivares conquistada nos 80 anos de história do Instituto foi apresentada. Além disso, o Instituto expôs sua contribuição para a revolução no manejo da orizicultura, inclusive, com o Projeto 10+, que aumentou a produtividade média do arroz no Estado. André Matos também pontua que foi um momento para pensar o futuro do agro: “Projetamos um sistema integrado de produção de arroz, soja, pecuária. A diversidade de culturas é o que devemos trabalhar para o futuro.” Além de exposições e vitrines tecnológicas, a Abertura da Colheita contou com palestras, painéis, oficinas, lançamentos, feiras, dinâmicas de equipamentos e fóruns técnicos. A tradicional homenagem da Abertura também ocorreu. O presidente da Federarroz, Alexandre Velho, entregou a Pá do Arroz, símbolo do trabalho do orizicultor, a 15 pessoas. Entre elas, Mara Grohs foi a homenageada do Irga como Técnica Estadual.

Estande do Irga O Irga também teve estande institucional, como nas outras edições do evento. No espaço, o Programa de Valorização do Arroz (Provarroz) distribuiu materiais sobre os benefícios do grão e sobre as cultivares do Instituto. Vídeos técnicos produzidos entre 2018, 2019 e início de 2020 passavam em uma TV no estande. Além disso, em alusão aos 80 anos que o instituto está completando, um painel (acima) para que os participantes tirassem fotos fez parte da exposição.

Terminal no Porto de Rio Grande

7.500 16 16 participantes

países

estados brasileiros

Irga esteve presente em Capão do Leão com diretores e funcionários, contando com estande de extensa programação (leia mais ao lado)

A assinatura do edital entre a Secretaria Estadual da Agricultura, Superintendência do Porto de Rio Grande, Federarroz e Farsul, para o estabelecimento de um terminal destinado ao arroz no Porto de Rio Grande ocorreu na Abertura da Colheita. Com isso, há um processo seletivo simplificado para o arrendamento transitório do antigo terminal da Cesa/Rio Grande, transformado em Terminal Logístico de Arroz (TLA). A capacidade estimada da área é de 52 mil toneladas.

Websérie do Provarroz Outra novidade, segundo a coordenadora do Programa de Valorização do Arroz (Provarroz), Camila Pilownic Couto, foi o lançamento do primeiro episódio da terceira temporada da websérie De Grão em Grão. A campanha aborda os benefícios e esclarece dúvidas sobre o arroz em vídeos de quatro a cinco minutos, e conta com a presença de personalidades. Esta temporada é composta por três episódios sobre saúde e o convidado é Drauzio Varella.

Apresentação de pesquisa A coordenadora da Estação Regional de Pesquisa da Região Central do Irga, Mara Grohs, e o pesquisador da Epagri/SC, Marcelo Mendes de Haro, apresentaram a pesquisa “Sustentabilidade: tecnologias, inovações e desafios para a produção de arroz”, como primeiro painel do fórum técnico desta edição.

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ANDRÉ MATOS, coordenador da Regional Sul do Irga

“A abertura se consolidou como uma mostra tecnológica. Representa a força do nosso setor arrozeiro, como somos tecnificados e a busca constante do orizicultor por soluções para seus problemas do cotidiano” EDUARDO LEITE, governador do Rio Grande do Sul

“Nos próximos meses, vamos viabilizar uma campanha em nível nacional para que possamos estimular o consumo de arroz no território nacional. Estamos trabalhando para que haja aumento de demanda e, consequentemente, maior renda para produtores, para a indústria e para todos” ALEXANDRE VELHO, presidente da Federarroz

“Estamos aqui demonstrando que o produtor está fazendo a sua parte por meio da rotação de culturas com a soja e a pecuária para termos uma lavoura cada vez mais intensificada e sustentável.”

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METEOROLOGIA

Sem El Niño e La Niña Neutralidade climática à vista Durante o outono, é esperado que as chuvas ocorram com maior frequência

Figura 1 Anomalia de precipitação registrada durante o trimestre dezembro de 2019, janeiro e fevereiro de 2020 no Estado do RS e no Brasil.

JOSSANA CEOLIN CERA

Meteorologista e Doutora em Engenharia Agrícola

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azendo uma retrospectiva, a primavera de 2019 e o verão de 2019/2020 no Estado do Rio Grande do Sul ocorreram sob neutralidade climática, sendo observada grande variabilidade nas precipitações pluviais. A primavera se iniciou com muita chuva, tendo, inclusive, sido registradas enchentes em alguns municípios. Ainda em meados de novembro, o tempo seco tomou conta do Estado, o que perdurou por todo o verão. A Figura 1 mostra o déficit hídrico durante o trimestre do verão (dezembro-janeiro-fevereiro, de 2019/2020), onde a maior parte do Estado ficou com chuvas abaixo da normal climatológica. O mapa da anomalia da Temperatura da Superfície do Mar (TSM) durante o mês de fevereiro de 2020 mostra que algumas áreas do Oceano Pacífico estão mais aquecidas (Figura 2). Este padrão é muito parecido com o dos últimos meses, ou seja, não estão sendo observadas grandes variações da TSM ao longo de seis meses, mostrando a consistência da fase Neutra do ENOS. Outro fator importante que deve ser levado em consideração são as águas do Oceano Atlântico Sul (círculo com linha pontilhada na figura 2), que estão também neutras, já faz algum tempo. Se esta parte do Oceano estivesse aquecida nos últimos meses, as condições de chuva poderiam ter sido melhores no verão de 2019/2020. O outono e o inverno de 2020, segundo os

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Fonte: INMET.

prognósticos, também irão transcorrer sob período de Neutralidade do fenômeno ENOS (El Niño-Oscilação Sul), ou seja, até o momento (março de 2020) não há previsão de El Niño nem de La Niña até o final do inverno. Alguns modelos climáticos apontam para certo resfriamento do Oceano Pacífico ao longo da estação

fria. É por isso que há modelos que indicam a formação de um La Niña para a próxima safra. O que se tem de concreto, por enquanto, são águas sub-superficiais com viés positivo, que ainda aflorarão em superfície, mantendo a anomalia de TSM muito parecida com a da Figura 2 durante os próximos meses.

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Os prognósticos mostram probabilidade de até 60% de manutenção da fase Neutra para o trimestre maio-junho-julho de 2020. Após este período, a probabilidade para formação de La Niña aumenta, chegando a 40% de chance no último trimestre do ano (outubro-novembro-dezembro). Mas notem que a probabilidade da fase Neutra se manter, nesse mesmo trimestre, é praticamente a mesma: 41% (Figura 3). Esta previsão probabilística é a média de vários modelos. O que se precisa fazer é acompanhar as previsões nos próximos meses, para ver se este comportamento se manterá. Além disso, é necessário fazer duas ressalvas quanto à previsão para a próxima safra: a primeira é que se está ainda muito distante do período em questão e a segunda é que os prognósticos feitos durante o outono possuem um nível de acerto menor. Por isso, é importante acompanhar as previsões nos próximos dois a três meses, ao menos. Como mencionado no início do texto, Neutralidade não significa regularidade nas chuvas, podendo, até mesmo ocorrer longos períodos sem, haja vista o verão de 2019/2020. Durante o outono, é esperada uma frequência maior das chuvas, elevando os níveis dos rios, dos reservatórios e da umidade no solo. Mas, ainda assim, poderá haver momentos de irregularidade. Não fique surpreso se isso ocorrer na sua região. Assim como não se pode descartar que ocorram momentos de chuvas intensas, com risco de alagamentos, principalmente durante o outono. Com relação às precipitações, espera-se que em abril as chuvas comecem a se regularizar, mas ainda poderão ficar abaixo da média em algumas regiões do RS, entre -10 e -35 mm. Lembrando que a média climatológica em abril é de 110 mm no Sul e Leste, de 160 mm no Oeste e de 170 mm no Centro do Estado. Para maio, as simulações têm oscilado, mas as últimas atualizações mostram um cenário mais chuvoso, com expectativa de precipitações superiores à média climatológica. As anomalias de precipitação devem ficar entre +10 e +30 mm. Em junho, as simulações estão mais consistentes e apontam para precipitações acima da média climatológica. As anomalias devem ficar entre +10 e +35 mm, em relação à normal climatológica. Com relação às temperaturas, massas de ar mais frio deverão chegar já em abril, após a passagem de frentes frias. Porém, frio mais intenso, com risco para geadas, só a partir de maio. Mesmo assim, as médias mensais previstas são de tem-

Figura 2 Anomalia da Temperatura da Superfície do Mar no mês de fevereiro de 2020. O retângulo na Imagem mostra a região do Niño 3.4, que os centros internacionais utilizam para calcular o Índice Niño (índice que define eventos de El Niño e La Niña). A região Niño1+2 determina a qualidade, ou seja, a regularidade das chuvas no RS.

Fonte: Adaptado de CPTEC.

Figura 3 Previsão probabilística de consenso do International Research Institute for Climate and Society (CPC/IRI), atualizada no início de março de 2020. As barras em azul significam probabilidade de La Niña, as cinzas de Neutralidade e as vermelhas de El Niño.

Fonte: Adaptado de IRI (Columbia University).

peraturas entre a normal climatológica ou pouco acima do padrão, entre +1ºC e +2 °C, para os próximos três meses. Para a safra 2020/2021 é muito arriscado fazer um prognóstico. O que se pode dizer até o

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momento, com base na Figura 3, é que a expectativa fica entre a Neutralidade e a La Niña. Para mais informações, acompanhe os boletins da previsão climática no site do Irga (irga. rs.gov.br). Eles são atualizados mensalmente.

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CASA

Irga em nova sede: como ocorreu a mudança Instituto agora está instalado em um espaço administrativo de 6 mil metros quadrados na Avenida Farrapos, na zona norte de Porto Alegre IGOR MORANDI

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ano de 2020 mal começou, mas já é de grandes mudanças. Literalmente, porque o Irga está em nova sede administrativa, depois de 28 anos em um espaço que seria provisório. Um ótimo presente em celebração aos 80 anos que o Instituto completa neste ano, como lembra o diretor administrativo João Alberto Antônio. A antiga sede do Irga ficava na Avenida Missões, no bairro São Geraldo, e foi a casa do Instituto de 1992 até o início de 2020. Isso porque

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a situação financeira do Estado obrigou a permanência no local por todo esse período. O processo de mudança só começou em 2018, em parceria com o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJRS). O TJRS usava um prédio administrativo para guardar seus arquivos, mas este – e outros – não tinham mais espaço para receber documentos. Já a antiga sede do Irga é maior, mas não se configurava como um prédio administrativo – passou por adaptações para tanto. A permuta entre TJ e Irga ocorreu com o objetivo de resolver a questão. “O Tribunal precisava de um espaço maior

para os arquivos e estava em um prédio administrativo. E o Instituto necessitava de um prédio administrativo próprio. Foi uma troca”, conta João Antônio. É claro que qualquer mudança tem burocracias. Para a permuta, o TJRS precisou avaliar a antiga sede do Irga, e, assim, a troca foi concretizada. Todo o processo envolveu reuniões entre o Tribunal e a diretoria administrativa do Instituto, que sempre foi ouvida e, de fato, participou das decisões. Com a efetivação da mudança, o TJRS reformou e mobiliou o prédio por meio de licitação. O custo para o poder Executivo do Estado foi zero. Em fevereiro de 2020, todo o processo foi finalizado, quando o prédio do TJRS tornou-se oficialmente a nova sede do Irga, e a estrutura da Avenida Missões passou a funcionar como o arquivo judicial do Tribunal.

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FOTO SÉRGIO PEREIRA

JOÃO ALBERTO ANTÔNIO, Diretor administrativo do Irga

“O Tribunal precisava de um espaço maior para os arquivos e estava em um prédio administrativo. E o Instituto precisava de um prédio administrativo próprio. Foi uma troca.”

Painel grafitado pelo artista Jackson Brum mostra os processos do arroz, da plantação à mesa

Mas a novidade não é somente uma sede própria para o Irga: o muro do novo Instituto agora brilha o olhar de quem passa pela Avenida Farrapos. O grafite foi feito pelo artista gaúcho Jackson Brum, escolhido por licitação, em uma área de aproximadamente 75 metros. O painel mostra os quatro processos do arroz, da plantação até a mesa da população, por meio da característica artística de Jackson Brum. Ele comenta que o objetivo foi transmitir o tema de forma mais alusiva, menos técnica. “Como a maior parte do público só consome o arroz, com esse grafite ele tem a possibilidade de entender como funciona todo o processo até a mesa. Para isso, minha ideia foi apelar para a questão da grafia, da estética e da beleza”, diz Brum. Por o espaço ser grande e com muita circulação de pessoas, o artista se preocupou em garantir que quem passe na avenida, independentemente se for em meio de transporte ou a pé, veja e compreenda o que está exposto no muro. A obra valoriza a paisagem de um dos pontos de entrada da capital. E já há quem imagine a possibilidade de a sede se tornar um ponto de referência artística pelo grafite marcante.

Por dentro da casa arrozeira O novo prédio do Irga tem cerca de

l 6 mil metros quadrados l 2 andares l 132 lugares no auditório l 104 vagas de estaciona-

mento l 1 refeitório l 1 elevador l Tudo dentro do Plano de Prevenção Contra Incêndio (PPCI) ONDE FICA

l

Avenida Farrapos, 3.999 Bairro Navegantes – Zona norte de Porto Alegre PONTOS DE REFERÊNCIA

l

Fica a 3 quilômetros do Aeroporto Salgado Filho, junto à Estação Farrapos da Trensurb. PARA FALAR COM O IRGA

l

Horários de atendimento e telefone permanecem os mesmo. Confira:

l De segunda a sexta-feira Prédio foi reformado e mobiliado pelo TJRS, sob demanda para o Irga

Das 8h30min às 12h e das 13h às 17h30min

( Telefone (51) 3288-0400

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ARTIGO TÉCNICO

Milho em terras baixas Adubação nitrogenada para altas produtividades Artigo assinado pela equipe do Irga debate potencialidades e desafios para a cultura PAULO REGIS FERREIRA DA SILVA e JOSSANA CEOLIN CERA Consultores Técnicos do Irga. paulo.silva@ufrgs.br jossana.cera@gmail.com SILMARA DA LUZ CORREIA Dra., pesquisadora da Bayer silcorreia@gmail.com GLACIELE BARBOSA VALENTE Pesquisadora da EEA/Irga glacielebarbosa@gmail.com

Palavras-chave: Zea mays L., gleissolo, práticas de manejo, eficiência de uso do N.

INTRODUÇÃO

A

tualmente, a soja é a espécie de sequeiro mais cultivada em rotação com arroz irrigado, em função do mercado comprador mais estável, da sua menor sensibilidade ao excesso hídrico que outras espécies e pela existência de genótipos resistentes ao herbicida glifosato. A partir do ano agrícola 2010/11, observou-se um aumento significativo da área semeada em terras baixas, passando de 66.000 hectares para 320.000 hectares no ano agrícola 2018/19 (Irga, 2019). No entanto, a soja não é a única espécie com potencial a ser explorado em áreas de arroz irrigado. A cultura do milho é uma alternativa interessante, por produzir uma quantidade elevada de palha para o sistema, que pode resultar em aumento da fertilidade do solo, pela ciclagem de nutrientes, e em maior controle de plantas daninhas. Além disso, o milho pode contribuir para garantir a sustentabilidade da propriedade rural, por ser muito utilizado na alimentação animal. O cultivo de milho em terras baixas apresenta potencialidades e desafios a serem superados (SILVA et al., 2017). Os dois princi-

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pais pré-requisitos para a implantação dessa cultura são: dotar a área de um eficiente sistema de drenagem e realizar irrigação, quando necessário. Atendidos esses dois pré-requisitos essenciais, a adoção correta de outras práticas de manejo assume importância. Nesse sentido, o suprimento adequado de nitrogênio (N) é considerado um dos principais fatores limitantes à obtenção de altas produtividades de grãos. O correto manejo da adubação nitrogenada objetiva suprir a demanda da planta nos períodos mais críticos, maximar a eficiência de uso desse nutriente e minimizar o impacto ambiental pela redução de perdas (SANGOI et al., 2016). Em terras altas, muitos trabalhos já foram desenvolvidos com o intuito de determinar a resposta do milho à adubação nitrogenada (MIOZZO, 2017). No entanto, para o cultivo de milho em terras baixas há a necessidade de desenvolvimento de pesquisas com esse objetivo. Assim, o objetivo deste trabalho foi avaliar a resposta do milho à adubação nitrogenada em cobertura, em gleissolo característico de terras baixas.

MATERIAL E MÉTODOS Dois experimentos foram conduzidos a campo, sendo um no ano agrícola 2017/18 (Exp. 1) e outro em 2018/19 (Exp.2), na Estação Experimental Arroz, do Instituto Rio Grandense do Arroz (EEA/Irga), em Cachoeirinha-RS, região arrozeira da Planície Costeira Externa, do Rio Grande do Sul. O solo da área experimental é classificado como Gleissolo Háplico Distrófico típico (SANTOS et al., 2013). A análise de solo indicou os seguintes valores: argila 260 g kg-1; pH (água): 5,4; Índice SMP: 6,7; P: 1,8 mg dm-3; K: 7,3 mg dm-3 e MO: 18 g kg-1. No Exp. 1, o delineamento experimental utilizado foi o de blocos casualizados, dispostos em fatorial 2 X 5, com três repetições. Os tratamentos constaram de dois híbridos de milho (Pioneer 30F53 VYHR e AG 8780 PRO3), submetidos a cinco doses de nitrogênio (N) aplicado em cobertura (0, 100, 200, 300 e 400 kg ha-1). No Exp. 2, utilizou-se o delineamento experimental de blocos casualizados, com quatro repetições. Os tratamentos constaram das mesmas cinco doses de N, utilizando-se apenas o híbrido Pioneer 30F53 VYHR.

Tabela 1 Doses e estádios1 de aplicação de nitrogênio (N) em cobertura no milho, nos dois experimentos, em gleissolo. Cachoeirinha – RS. Anos agrícola 2017/18 e 2018/19. Dose total de N (kg ha-1)

1ª. Aplicação (V2)

2ª. Aplicação (V6)

3ª. Aplicação (V11)

0

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-

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100

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50

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300

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400

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175

De acordo com a escala de Ritchie et al. (1993).

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Figura 1 “O sistema de plantio em camalhões que permite a drenagem eficiente e a realização de irrigação, quando necessária, são dois pré-requisitos essenciais para viabilizar o cultivo do milho em terras baixas.

Como fonte de N foi utilizada a ureia com inibidor da urease (Exp. 1) e a ureia com os inibidores da urease e da nitrificação (Exp. 2). O parcelamento das doses e as épocas de aplicação de N utilizados nos dois experimentos estão descritos na Tabela 1 (veja na página anterior). O milho foi implantado no sistema sulco/ camalhão, distanciados entre si de 1,0 m e com duas linhas por camalhão (Figura 1). A semeadura foi realizada em 18 de outubro de 2017 e em 15 de outubro de 2018, objetivando a densidade final de 80.000 pl ha-1. A adubação de base constou da aplicação de 18, 180 e 90 kg ha-1 de N, P2O5 e K2O, respectivamente. Parte do potássio (90 kg ha-1) foi aplicado em cobertura, no estádio vegetativo V2, segundo a escala de Ritchie et al. (1993). O milho foi irrigado por sulco, sempre que necessário. As demais práticas de manejo foram adotadas de acordo com as recomendações técnicas da cultura (REUNIÃO TÉCNICA ANUAL DE PESQUISA DO MILHO, 2017). As determinações realizadas foram as seguintes: teor de N na folha índice (a folha do nó de inserção da espiga superior) no estádio R2, componentes do rendimento (número de espigas m-2, número de grãos espiga-1 e peso do grão), produtividade de grãos, com correção de umidade para 130 g kg-1, e eficiência agronômica do uso do nitrogênio (EAN). A área útil para avaliação da produtividade de grãos foi de 10,0 m2. Os dados foram submetidos à análise de variância pelo teste F. Quando significativo, foram ajustadas curvas de respostas a N pela análise de regressão polinomial. Para comparação dos efeitos principais de híbridos (Exp. 1), aplicou-se o teste de Tukey (p<0,05).

Figura 2 Sintomas de deficiência de nitrogênio (N) em plantas de milho em parcela sem aplicação de N em cobertura (à direita na foto) em comparação a plantas bem bem nutridas com esse nutriente (à esquerda).

RESULTADOS E DISCUSSÃO As plantas de milho evidenciaram uma alta resposta à adubação nitrogenada (Figura 2). Nos dois experimentos, o teor de N na folha índice, avaliado no estádio R2 (Figura 3), aumentou de forma quadrática com o incremento da dose de N. Isso evidencia que as plantas de milho absorveram mais N à medida que se incrementou a dose aplicada.

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Segue >

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Figura 5

Figura 3 Teor de nitrogênio (N) na folha índice do milho no estádio R21 em dois anos agrícolas, em função de doses de N aplicadas em cobertura, em gleissolo. Cachoeirinha – RS. 1/ Conforme escala de Ritchie et al. (1993).

ARTIGO TÉCNICO

Figura 4 Número de espigas m-2 (a), número de grãos espiga-1 (b) e peso do grão (c) de milho, em dois anos agrícolas, em função de doses de N aplicadas em cobertura, em gleissolo. Cachoeirinha – RS.

No Exp. 1, para todas as variáveis analisadas, não houve interação de híbridos e doses de N aplicadas em cobertura, significando que os dois híbridos de milho testados apresentaram resposta similar à adubação nitrogenada em cobertura. Em função disso, os resultados são apresentados na média dos dois híbridos. Os três componentes do rendimento (número de espigas m-2, número de grãos espiga-1 e peso do grão) (Figura 4a, b, c) e a produtividade de grãos (Figura 5a) aumentaram de forma quadrática com o incremento da dose de N. Já, no Exp. 2 o número de espigas m-2 não variou em função de dose de N aplicada, porém, os outros dois componentes, número de grãos espiga-1 e peso do grão (Figura 4a, b, c), e a produtividade de grãos (Figura 5a) aumentaram de forma quadrática com o incremento da dose de N. Nos dois anos, houve uma alta resposta da produtividade de grãos à aplicação de N em cobertura (Figura 5a). No Exp. 1 variou de 2,61 Mg ha-1, no tratamento sem aplicação de N em cobertura, a 12,17 Mg ha-1, com a aplicação da dose de máxima eficiência técnica (325 kg ha-1). Já no Exp. 2, a variação foi de 4,44 Mg ha-1, no tratamento sem aplicação de N em cobertura, a 12,49 Mg ha-1, com a aplicação da dose de máxima eficiência técnica (329 kg ha-1 de N). As máximas produtividades de grãos obtidas nos dois experimentos foram altas, 12,17 e 12,49 Mg ha-1, respectivamente no primeiro e segundo ano, se comparadas à produtividade média de grãos obtida no Estado do RS (6,51 Mg ha-1) no ano agrícola 2017/18 (CONAB, 2018). Estas altas produtividades se devem, em primeiro lugar, ao atendimento de dois pré-requisitos essenciais para viabilizar o cultivo de milho em terras baixas, que são dotar a área com um sistema de drenagem eficiente e

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realizar irrigação, sempre que necessário (SILVA et al., 2017). Além disso, as demais práticas de manejo não foram limitantes, sendo utilizados híbridos com alto potencial produtivo, época de semeadura e densidade de plantas recomendadas, adubação NPK na semeadura compatível para alta expectativa de produtividade e aplicação dos tratamentos fitossanitários recomendados. Essa alta resposta à adubação nitrogenada observada nos dois anos de realização do trabalho também pode ser

Produtividade de grãos de milho (a) e eficiência agronômica de uso do N (EAN) (b), em dois anos agrícolas, em função de doses de N aplicadas em cobertura, em gleissolo. Cachoeirinha – RS. *Dose de máxima eficiência técnica: 325 e 329 kg ha-1 de N, respectivamente nos anos agrícola 2017/18 e 2018/19.

atribuída ao fato de ser utilizado um gleissolo, com baixo teor de matéria orgânica (18 g kg-1) e textura arenosa. Nos dois anos, a eficiência agronômica de uso de N (EAN), ou seja, a quantidade de grãos produzidos por quilograma de N aplicado, diminuiu linearmente com o incremento da dose de N (Figura 5b). Essa redução era esperada, considerando que o aumento da produtividade de grãos com o incremento da dose de N não é linear, mas normalmente segue uma função quadrática, em que os incrementos de produtividade diminuem à medida que as doses de N aumentam.

CONCLUSÃO Em gleissolos, com baixo teor de matéria orgânica, há uma alta resposta do milho à adubação nitrogenada, sendo que a dose de máxima eficiência técnica situa-se entre 325 a 330 kg ha-1 de N. A eficiência de uso do N, ou seja, a quantidade de grãos produzidos por quilograma de N aplicado, diminui com o incremento da dose de N.

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Como navegar pelo software TECNOLOGIA

Aplicativo PlanejArroz

facilita a vida do produtor Software simula produtividade e fases da cultura

A

grãos, também na média dos anos e na safra, das três cultivares mais semeadas no Estado: IRGA 424 RI, Guri Inta CL e Putiá Inta CL. O lançamento do PlanejArroz ocorreu em Capão do Leão, em dois dos três dias da Abertura da Colheita - 12 e 13 de fevereiro -, com apresentação técnica e demonstração. Para quem deseja ter acesso ao aplicativo pelo celular, ele pode ser baixado gratuitamente no Google Play. Mas, se você prefere usar o computador, o software também está disponível na web, por meio do site www.planejarroz. cpact.embrapa.br.

MANEJO Se o interesse for o manejo

l 1.1 Município

Selecione o município desejado

l 1.2 Cultivar

Selecione a cultivar desejada

l 1.3 Estádio

Selecione o estádio de desenvolvimento da planta que deseja estimar a data de ocorrência

l 1.4 Data de emergência

Selecione a data de 50% de emergência, quando cerca da metade das plântulas da lavoura tenham emergido Consultar por mapa ou por município PRODUTIVIDADE Se o interesse for a produtividade

l 2.1 Município l 2.2 Cultivar l 2.3 Data de emergência

FOTO DIVULGAÇÃO

tecnologia pode beneficiar a orizicultura de outra forma: pela palma da mão. Para isso, a Embrapa, em parceria com Irga, Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), lançou o PlanejArroz na Abertura da Colheita do Arroz, em fevereiro. O software pode facilitar a vida dos responsáveis por levar o grão à nossa mesa e é uma versão mais completa dos aplicativos GD Arroz (Embrapa, Irga e INMET) e SimulArroz (UFSM). A ideia, segundo o pesquisador em Agrometeorologia da Embrapa, Silvio Steinmetz, é auxiliar os produtores em dois sentidos: planejamento do manejo e estimativa da produtividade. “O objetivo ao ter criado o PlanejArroz foi de oferecer uma ferramenta moderna de agricultura 4.0”, explica. Por isso, o aplicativo é constituído por dois módulos: um baseado em graus-dia, que estima a data, na média dos anos e na safra, de ocorrência de seis estádios de desenvolvimento das cultivares recomendadas, visando o planejamento e a decisão sobre o manejo da cultura. E o outro módulo utiliza o modelo SimulArroz, que estima a produtividade dos

O passo a passo para usar o PlanejArroz:

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FOTO RAQUEL FLORES, IRGA

INTEGRAÇÃO

A 4ª Estação teve apresentação da pesquisadora Mara Grohs e do engenheiro agrônomo Luiz Fernando Siqueira e tratou do manejo de plantas daninhas

As novidades do

Dia de Campo Estadual 2020 Evento mostrou aos orizicultores as últimas pesquisas desenvolvidas pelo Irga IGOR MORANDI

O

tradicional Dia de Campo do Irga contou com novidades nesta edição. Mas não foi por acaso, é tempo de celebrar os 80 anos do Instituto. Para isso, a equipe responsável pelo evento preparou uma exposição com as cultivares que marcaram a história da cultura arrozeira gaúcha, além de oficinas com os técnicos do Irga. O Dia de Campo é um evento anual, com entrada franca. Desde 1943, o Instituto abre as portas da Estação Experimental do Arroz (EEA), em Cachoeirinha, para receber produtores, estudantes e técnicos envolvidos com a orizicultura que têm interesse de se

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atualizar sobre as novidades desenvolvidas pela equipe técnica. À frente desse evento está a gerente da Divisão de Pesquisa, Flávia Tomita. Ela afirma que o objetivo do Dia de Campo é levar ao público informações técnicas adquiridas por meio de pesquisas consolidadas. Esta edição ocorreu no dia 22 de janeiro e recebeu 1.266 pessoas de todo o Rio Grande do Sul, que chegaram à EEA em excursões ou com o próprio carro. A maioria dos participantes era produtor, do centro e do sul do Estado. O evento iniciou às 7h, com o credenciamento dos participantes e recepção com um café da manhã. O roteiro começou no Tú-

nel do Tempo, exposição em uma área de 4mx10m das cultivares que marcaram a história do Irga. Cada uma delas foi semeada com o manejo correspondente à sua época. Em seguida, ocorreu a visita às quatro estações: 1ª - Genética Irga, 2ª - IRGA 431CL, 3ª - Soja em terras baixas e 4ª - Manejo de plantas daninhas. Em cada estação, a visita durou 30 minutos, entre explicação dos especialistas e questionamentos dos participantes. Veja no quadro o que foi demonstrado. Esta edição contou com outra novidade, as oficinas. O Irga preparou três para o Dia de Campo: identificação de brusone, manejo integrado de pragas em arroz e soja e sementes certificadas.

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FOTO SÉRGIO PEREIRA, IRGA

A oficina de identificação de brusone foi apresentada pelas técnicas orizícola Gabriela da Fonseca e Débora Favero, pelo estudante de agronomia Roberson Almeida e pelos estagiários Gabriel Aguiar e Felipe Manzano. Nesse curso rápido, os responsáveis mostraram a evolução da doença em plantas de arroz, para que os produtores, alunos e extensionistas pudessem fazer o diagnóstico precoce da brusone, avaliando a necessidade e aumentando a eficácia do controle químico. A de manejo integrado de pragas em arroz e soja foi responsabilidade dos técnicos orizícola Romeu Tietz e Márcia Yamada e do consultor técnico Jaime de Oliveira. Essa oficina ressaltou a importância do monitoramento das lavouras de arroz e soja. O público aprendeu a detectar o melhor momento para o controle de pragas.

Oficinas foram a última etapa de ensinamento técnico Já a outra oficina, de sementes certificadas, foi apresentada pelo técnico superior orizícola Alessandro Saucedo Rubim e pelas ASG Fernanda Moraes e Julciane Almeida. Destaques: como é realizada a certificação no campo, vistorias, processo de coleta de amostras, recebimento em laboratório e todo o processo de análise de sementes até a emissão dos documentos. As oficinas foram a última etapa dos ensinamentos técnicos deste Dia de Campo. Houve também uma promovida pelo Fundo Latino Americano para o Arroz Irrigado (FLAR), onde o diretor-executivo Eduardo Graterol contava a história dos 25 anos da entidade. Quanto às expectativas para esta edição, Flávia Tomita comenta que foram superadas: “tivemos uma excelente crítica do público, principalmente pela qualidade das informações técnicas que foram abordadas nas quatro vitrines tecnológicas”. O Dia de Campo Estadual é um momento de interação entre pessoas da área da orizicultura para troca de conhecimento e experiências. A ideia para as próximas edições é melhorar ainda mais a organização do evento e a qualidade do que é apresentado, pontua Flávia.

Cultivares históricas no Irga: l EEA 404 (1960) l BR/IRGA 409 (1979) l EEA 406 (1960/70) l Bluebelle (1970) l IRGA 417 (1995)

l IRGA 422CL (2002) l IRGA 424 (2007) l IRGA 424RI (2013) l IRGA 431CL (2018)

Dia de Campo é um evento anual na EEA de Cachoeirinha, com entrada gratuita

Conhecimento em detalhes 1ª ESTAÇÃO: Genética Irga l Na primeira estação, os pesquisadores Oneides Avozani e Daniel Waldow estavam no revezamento da apresentação. Linhagens promissoras como IRGA 424 RI e IRGA 431 CL foram demonstradas. Os responsáveis, o consultor técnico do Irga Carlos Mariot e Yamid Sanabria, do FLAR, abordaram temas como linhagens Provisia e 426 CL e quebra da resistência do 424 RI à brusone na genética Irga e manejo de brusone.

3ª ESTAÇÃO: Soja em terras baixas l As explicações da terceira estação foram conduzidas pelos pesquisadores Pablo Badinelli e Darci Uhry, engenheiro agrônomo Ricardo Tatsch e técnico orizícola Leonardo Pereira. Eles apresentaram processos com e sem escarificação e soja em sulcos e camalhão. Além disso, o manejo da soja visando a sustentabilidade e a expansão da cultura em terras baixas também foi destaque.

2ª ESTAÇÃO: IRGA 431CL - Resistência à brusone e excelente qualidade de grãos l Na segunda estação, os engenheiros agrônomos e técnicos superiores orizícolas Roberto Wolter, Glaciele Barbosa, Fernando Fumagalli, Marcelo Ely e Gelson Facioni trataram de densidade e doses de nitrogênio. Os temas abordados foram manejo, qualidade e acompanhamento de lavouras da cultivar IRGA 431CL, para expressão máxima da produtividade e excelência dos grãos.

4ª ESTAÇÃO Manejo de plantas daninhas

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l Na quarta estação, o tema foi o manejo da irrigação e do herbicida, uso de pré emergente e a tecnologia Provisia, além dos benefícios da antecipação e os prejuízos em função do atraso da entrada de água no controle de plantas daninhas. Os responsáveis foram a pesquisadora Mara Grohs e o engenheiro agrônomo Luiz Fernando Flores de Siqueira.

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COM A PALAVRA

ENTREVISTA Luis Fernando Tarragó, engenheiro agrônomo em Uruguaiana

“A tecnologia nos permite agir uma semana na frente” Gerente da Granja Guará, de Uruguaiana, o engenheiro agrônomo Luis Fernando Tarragó fala sobre o uso de tecnologia para explorar todo o potencial produtivo da lavoura, destaca a integração com a pecuária e ressalta a importância de retomar altos níveis de crescimento nos próximos anos. Embora avalie como alta a produtividade da Guará, Tarragó traça um comparativo com os anos anteriores e observa que o índice de crescimento anual fica abaixo da média do Estado. A competitividade passa por logística e comercialização dos grãos, mas tem a ver fundamentalmente com o quanto se pode tirar do solo. Tarragó também destaca a integração lavoura-pecuária como um dos pilares do aumento de produtividade nos últimos anos – a ociosidade do terreno é de cerca de 30 dias por ano, enquanto o manejo habitual deixa a área sem utilização por até quatro meses. Mas, sem dúvida, a grande estrela na Granja Guará são os veículos aéreos não tripulados (VANT). É com eles que os técnicos avaliam a defasagem de água ou ureia em áreas mais remotas da lavoura de 2,5 mil hectares. Nesta conversa, Tarragó detalha como o serviço ajuda a aumentar a produtividade e já projeta até mesmo a integração com outras tecnologias.

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Lavoura Arrozeira – Quando a Granja Guará começou a usar tecnologia? Fernando Tarragó – Foi há cerca de três anos. Nossa empresa tem produtividade alta se comparada à média da região, mas precisamos nos reinventar porque a produtividade média do Estado vem subindo e diminuindo a diferença em relação à nossa. Começamos a usar as tecnologias mais recentes quando surgiu a Arnstronic [empresa que faz voos não tripulados de monitoramento de lavouras]. Antes não tinha muita gente com know-how nisso, então acabávamos usando a nossa: um drone que sobrevoa a área, mas não tem câmera profissional para ir mais a fundo. Depois que o Antônio abriu a empresa começamos a experimentar e sempre que precisamos de uma observação mais detalhada, o chamamos.

NDVI na implantação da lavoura fazemos um voo sete dias depois da entrada de água. E depois de 15 dias mais um voo NDVI para ver as áreas que ficaram sem a irrigação ideal, para aí sim compensar com ureia. Nas outras áreas, onde tem problema contrata e voa.

E quando vocês precisam dos voos? Nós não utilizamos em toda a área. É mais quando identificamos problema de nascimento de plantas em alguma parte. Nesses casos fazemos voos NDVI (que verificam o Índice de Vegetação por Diferença Normalizada) para ver a taxa variável da ureia. Também usamos nas áreas que consideramos marginais de irrigação, para monitorar e corrigir eventuais problemas. Posteriormente, quando se faz a cobertura de ureia, as áreas que tiveram problema de irrigação recebem uma compensação.

Que outras tecnologias vocês utilizam? Estamos começando a utilizar colheitadeiras que fazem um mapa de produtividade da lavoura. Agora vamos ver se o manejo que fizemos durante a implantação vai resultar em colheita. Não adianta usar a tecnologia se não der esse retorno, o que interessa é a produtividade. Ainda temos dificuldade com a regulagem das colheitadeiras: como são mais de uma, às vezes não têm a mesma produtividade instantânea.

Os voos de VANT cobrem quanto da lavoura? Contratamos um pacote tecnológico que contempla cerca de 25% da área, a parte considerada de menor produtividade. Neste espaço fazemos um voo a cada 10 dias. Para avaliar o

Quais os efeitos dessa metodologia? Precisamos ter uma média elevada. Acabamos tendo produtividade muito alta em alguns pontos e bem abaixo em outros. Há uma variabilidade alta por talhão, então pegamos as mais baixas e aplicamos a tecnologia. Quando a tecnologia mostrar que a média mais baixa se elevou, levamos para a alta também, para produzir ainda mais. Ainda não aplicamos em toda a lavoura para administrar o custo – e também porque se trata de uma tecnologia nova, em fase de adaptação.

Como foi a decisão de qual tecnologia utilizar? Era uma necessidade que nós tínhamos. Embora conseguíssemos identificar e corrigir os problemas da lavoura, perdíamos muito tempo com isso. A tecnologia nos permite agir uma semana na frente, retornando em produtividade mais rapidamente.

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Vocês já observam algum resultado? Notamos que temos uma lavoura mais parelha. O nascimento espontâneo não é tão homogêneo, mas com o monitoramento conseguimos corrigir compensando na aplicação de ureia. Ainda não colhemos, mas está prometendo. No ano passado tivemos situações de emergência, fizemos NDVI e aquela área produziu mais do que onde não houve problema e, por isso, não foi feito o NDVI. Já foi bastante satisfatório. A equipe tem dificuldade para trabalhar com os equipamentos ou na leitura de dados? Temos um técnico agrícola que foi contratado só para cuidar de tudo o que é ligado a tecnologia. A equipe da Arnstronic passa os dados para ele, que faz a interface com a operação. Coloca nos monitores, controla. Se a empresa não tivesse esse técnico não teria condição de acompanhar o uso dos equipamentos – até pela extensão da área, de repente um produtor menor tenha condições. O investimento é pesado? Tem como driblar o custo? É complicado falar de custos porque varia

LUIS FERNANDO TARRAGÓ, Engenheiro agrônonomo

“Estamos começando a utilizar colheitadeiras que fazem um mapa de produtividade da lavoura. Agora vamos ver se o manejo que fizemos durante a implantação vai resultar em colheita. Não adianta usar a tecnologia se não der esse retorno.” bastante de acordo com a área plantada, mas temos iniciativas que permitem reduzir o custo. No ano passado pela primeira vez tivemos toda a planta feita com piloto automático e foi justamente quando o adubo fechou com o estimado antes do plantio. Além disso, fazendo as curvas de níveis das taipas com RTK conseguimos salvar muitas taipas antigas e isso vai nos dar uma economia bem considerável em diesel e maquinário. Além da tecnologia, a granja promove a integração lavoura-pecuária. Como tem sido a experiência? Estou na Guará há oito anos, mas desde

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2002 a empresa aposta na irrigação por pivôs. Estamos investindo bastante nisso. Este ano são 400 hectares irrigados por aspersão, propiciando o plantio direto, que não demanda curva de nível, preparo do solo, mão de obra. Isso diminui o vazio forrageiro. Nós até já plantamos o azevém antes de colher o arroz. Em 30 dias os novilhos já devem estar pastoreando essa área. Depois tiramos o gado dois dias antes de implantar a lavoura. Perdemos essa área por 30 dias, apenas. Quando plantamos a lavoura tradicional perdemos de 100 a 120 dias. Quais os próximos passos? É um processo contínuo. Agora vamos calibrar o manejo de cada área de acordo com a colheita. Hoje vamos ver o macro, a produtividade da área total. Depois, com o mapa das colheitadeiras, colocaremos frente a frente o manejo com o resultado. No futuro teríamos que investir mais no monitoramento da irrigação. É boa, mas pelo tamanho da área acho que não conseguimos ter um controle como deveria, sobre cada metro quadrado. Tem que ter a lavoura na mão.

Segue >

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COM A PALAVRA

Como você vê a adesão dos outros produtores da região e no Estado? Os produtores estão sempre abertos a aderir. O Rio Grande do Sul tem uma produtividade que é referência em nível mundial. O que o agricultor mais quer é tecnologia para tentar produzir mais e facilitar o trabalho. Muitas vezes não consegue ter acesso pela dificuldade de mercado, o investimento que necessita às vezes trava, já que a lavoura não tem uma estabilidade de mercado. O produtor fica com medo de investir, mas está sempre ligado em tecnologia, até porque o mercado não perdoa. Qual a expectativa para a safra 2019/2020? Essa safra na Fronteira Oeste teve um clima diferente do restante do Estado. Foi normal, tivemos um outubro muito bom para a implantação, fizemos todos os manejos que estavam planejados. A produtividade vai ser normal: nada de excepcional, mas quase nenhuma perda. A projeção é de uma quebra de safra im-

portante em outros grãos, diferentemente do arroz. É uma vantagem desta cultura? Por ser irrigado, o arroz é o que menos sofre em ano de seca. Até porque os produtores, em sua maioria, plantam dentro da capacidade hídrica, poucos arriscam além do que a água permite. O Estado só vai sentir um pouco nas regiões que perderam a melhor época para a plantação, em outubro. Costumamos dizer que o arroz gosta de sol na cabeça e água no pé. Como a Granja Guará se prepara para minimizar riscos como a perda do tempo de plantação, que você citou? Temos uma conta de uma linha de plantadeira para cada 10 hectares. Esse é o nosso dimensionamento. Precisamos de 11 dias de plantio e para cumprir esse prazo começamos logo após o dia 20 de setembro. Normalmente até 30 de outubro está tudo plantado. Já são sete anos que usamos essa janela e tem dado certo. Nos últimos cinco anos a média de produção foi de pouco mais de 10 mil quilos por hectare.

Glossário Voos NDVI  Verificam o Índice de Vegetação por Diferença Normalizada. VANT  Sigla para Veículo Aéreo Não-Tripulado. Em bom português, é o drone.

Ficha técnica Nome da propriedade

 Guará Área em hectares  2,5 mil ha (lavoura de arroz)  1 mil ha pecuária Número de funcionários

 60 Há quanto tempo planta no local  Desde o início das atividades DIVULGAÇÃO

A terra vista de cima: imagem da propriedade captada por um veículo áreo não-tripulado (VANT)

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ARTIGO TÉCNICO

Acúmulo de nitrogênio da adubação Em arroz irrigado, o fracionamento da adubação nitrogenada proporciona maior acúmulo e maior eficiência de recuperação do N aplicado GLACIELE BARBOSA VALENTE Eng. Agra. Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) glaciele-valente@irga.rs.gov.br MARA GROHS Eng. Agr, Dra. Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), grohs.mara@gmail.com PAMELA SCOLARO Graduanda Eng Agr., UFRGS, pamela_scolaro@hotmail.com KARINA SANTOS Técnica em Química, Irga, karina-santos@irga.rs.gov.br MÁRCIO FALERO Técnico em Química, Irga, marcio-faleiro@irga.rs.gov.br THAÍS LOPES Técnica em Agropecuária, Irga, thais-lopes@irga.rs.gov.br

Palavras-chave: teor de nitrogênio na planta, adubação em cobertura, marcha de absorção do N.

INTRODUÇÃO

O

arroz é altamente responsivo ao nitrogênio (N) (MALAVOLTA et al., 1997). Para a produtividade de arroz de 8,0 t ha-1, a planta absorve até 175 kg ha-1 de N (CANTARELLA, 2007). Sua deficiência diminui o tamanho e o número de panículas por m2, a massa de mil grãos e aumenta a esterilidade de grãos, diminuindo a produtividade (FRAGERIA & STONE, 2003). Os solos cultivados com arroz irrigado têm pouca capacidade de suprir o N que a planta necessita, devido aos baixos teores de matéria orgânica (VEDELAGO, 2008). Nesses solos, para expectativa muito alta de produtividade de arroz, recomenda-se aplicar doses de até 150 kg ha-1 de N, diminuindo a dose quando os teores de matéria orgânica aumentam e as expectativas de produtividade diminuem (SOSBAI, 2018.). O custo com adubação nitrogenada de cobertura representa cerca de 40% do custo da adubação na lavoura de arroz (Irga, 2018), devendo essa prática ter sua eficiência maximizada.

Outros fatores a serem considerados na adubação nitrogenada são as perdas de nitrogênio e a influência das condições meteorológicas vigentes durante o desenvolvimento. Perdas por lixiviação de nitrato, por desnitrificação e, principalmente, por volatilização da amônia podem ultrapassar 20% da dose aplicada (SCIVITTARO et al, 2010). Esses níveis aumentam com o atraso no início da irrigação levando a perdas de produtividade de até 32% (ROSSI et al, 2017). Baixa radiação nos estádios de microsporogênese e de formação e início de enchimento de grãos diminuem a eficiência de uso do N (YOSHIDA & PARAO, 1976). Todos esses fatores levam a uma baixa eficiência de recuperação do N aplicado, em torno de 40% (CANTARELLA, 2007). Uma estratégia para aumentar essa eficiência é o fracionamento da dose. De acordo com as recomendações técnicas para a cultura do arroz, SOSBAI (2018), 10 a 20 kg ha-1 de N são aplicados na semeadura e o restante parcelado. Para doses acima de 100 kg ha-1 de N recomenda-se que se aumente a proporção da dose em V3/V4, segundo a escala de Counce et al.(2000), e que se aplique em torno de 40 kg ha-1 de N na segunda aplicação, no estádio de diferenciação da panícula (R0). Nesse sentido, o presente trabalho buscou avaliar a melhor estratégia de fracionamento da adubação nitrogenada em arroz irrigado que proporcione maior acúmulo de N nas plantas e maior eficiência em sua recuperação.

MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido na safra 2018/2019 na Estação Experimental do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), em Cachoeirinha, RS. O delineamento experimental utilizado foi o de blocos ao acaso, com cinco repetições.

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Os tratamentos foram compostos por diferentes fracionamentos da adubação nitrogenada em cobertura: T1-Testemunha, sem adubação nitrogenada; T2-67% da dose em V3 e 33% em R0; T3-60% em V3, 20% em V6, 20% em R1; T4-100 % em V3. A dose utilizada de N foi de 150 kg ha-1, sendo aplicados 16 kg ha-1 na linha da semeadura e o restante em cobertura, seguindo as proporções para cada tratamento, sendo as aplicações no estádio de V3 no seco com entrada de água logo após e as demais aplicadas na lâmina de água. A cultivar IRGA 424 RI foi semeada no dia 8 de outubro de 2018 com 90 kg ha-1 de semente e adubação na linha de 68 e 108 kg ha-1 de P2O5 e K2O, respectivamente. Os demais tratos culturais foram realizados de acordo com as Recomendações Técnicas da Pesquisa para o Sul do Brasil (SOSBAI, 2018). As amostragens foram realizadas nos estádios de V3(17 dias após emergência (DAE), V3 três dias após a aplicação da primeira parcela da adubação nitrogenada (V3DAA)( 20 DAE), V7(38 DAE), R0 (54 DAE) (antes da aplicação da adubação nitrogenada), R4 (86 DAE) e R7. O teor de N (%) no tecido foi determinado conforme metodologia proposta por Tedesco et al (1995). Para calcular o acúmulo do N foi utilizada a seguinte equação: AN = (N% * MS)/100, onde AN é o acúmulo de N na parte aérea, N% o teor de N em g 100 g1 e MS o rendimento de massa seca. A eficiência de recuperação do nitrogênio foi calculada utilizando-se a seguinte equação (FRAGERIA & STONE, 2003): (ER) = 100 * (ANcf - ANsf/Q), onde ER é a eficiência de recuperação em %, ANcf é o acúmulo de N na planta nos tratamentos, Ansf é o acúmulo de N na planta na testemunha e Q a dose de N aplicada até o momento da avaliação. Apenas a testemunha apresentou acúmulo significativo de R4 a R7. Por isso, a eficiência de recuperação será apresentada até R4. Os dados foram submetidos à análise de variância pelo teste F, no nível de significância de p<0,05. As médias, quando significativas, foram submetidas ao teste de Tukey a 5% de probabilidade do erro.

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Experimento foi conduzido na safra 2018/2019 na Estação Experimental do Irga, em Cachoeirinha, RS

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ARTIGO TÉCNICO

Figura 2

Figura 1 Acúmulo de nitrogênio nos estádios1 de desenvolvimento da planta de arroz irrigado com diferentes fracionamentos da adubação nitrogenada de cobertura: T1: testemunha sem aplicação de N, T2 (67% em V3 + 33% em R0), T3 (60% em V3 + 20% em V6 +20% em R0) e T4 (100% V3). V3 DAA: 3 dias após a aplicação de N. Cachoeirinha-RS, 2018/19. Médias seguidas pela mesma letra não diferem significativamente pelo teste de Tukey (p≤0,05). 1Conforme escala de Counce et al. (2000).

RESULTADOS E DISCUSSÃO Os maiores acúmulos de N ocorreram a partir do estádio R0 da planta (Figura 1). Na média de todos os tratamentos, em V7 e R0 havia sido acumulado 27,8% e 38,7%, respectivamente, do total de N. Do estádio R0 até R4 a planta acumulou, na média dos tratamentos que receberam N, 73,9 kg ha-1, o que corresponde a 54,2% do acúmulo total, evidenciando maior absorção de N após o início do estádio reprodutivo. Resultados similares foram observados por Fageria et al (2003). O acúmulo de N passou a diferir entre os tratamentos a partir do estádio V7. Em V3, o N ainda não havia sido aplicado, e, na avaliação três dias após a aplicação (V3DAA), apesar dos teores no tecido serem mais elevados nos tratamentos que receberam N, os rendimentos de massa seca foram iguais, não ocorrendo a diferença no acúmulo de N (Figura 1). Em V7 e R0, a testemunha, sem aplicação de N, foi a que apresentou o menor acúmulo de N, sendo que e os demais tratamentos não diferiram entre si. De V3 DAA até V7, o tratamento que recebeu 100% do N em V3 apresentou maior acúmulo diário de nitrogênio, 2,16 kg ha-1 dia-1, sendo que, no final deste período, havia

Eficiência de recuperação do nitrogênio nos estádios1 de desenvolvimento da planta de arroz irrigado com diferentes fracionamentos da adubação nitrogenada de cobertura: T2 (67% em V3 + 33% em R0), T3 (60% em V3 + 20% em V6 +20% em R0) e T4 (100% V3). V3 DAA: 3 dias após a aplicação de N. Cachoeirinha-RS, 2018/19. Médias seguidas pela mesma letra não diferem significativamente pelo teste de Tukey (p≤0,05). 1Conforme escala de Counce et al. (2000)

acumulado 34,0% do total do N. Em R0, com o fracionamento em três vezes do N (T3) as plantas acumularam 62,2 kg ha-1, superando os demais tratamentos neste estádio. Em R4, quando todos os tratamentos já haviam recebido todo o N, o tratamento com 67% em V3 e 33% em R0 (T2) apresentou maior acúmulo desse nutriente (143,4 kg ha-1), com taxa de acúmulo de 2,8 kg ha-1 dia-1 entre R0 e R4. Em R4, observou-se que o tratamento com 100% do N aplicado no estádio V3 (T4), em que se observou os maiores acúmulos de N até V7, foi o que apresentou os menores valores (119,2 kg ha-1) (Figura 1). O maior acúmulo de N no período de iniciação e diferenciação da panícula, onde ocorre significativo crescimento da planta, favorece a formação das panículas (WADA et al, 1986, FAGERIA, 2003). De R4 até R7 não foi observado acúmulo de N nos tratamentos com parcelamento em duas vezes (T2) ou em três vezes (T3) (Figura 1). Para a testemunha e o tratamento 100% em V3 (T4), ainda houve acúmulo de nitrogênio neste período, equivalendo a 24,2% e 9,4% do total absorvido. Neste estádio tardio, a absorção de N pode ter apenas uma pequena contribuição no crescimento vegetativo e no peso dos grãos (WADA et al, 1986).

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O tratamento 2 (67% em V3 + 33% em R0) apresentou acúmulo total de nitrogênio superior aos demais tratamentos, com eficiência de recuperação de nitrogênio de 48,8 %, ou seja, da dose de nitrogênio de 134 kg ha-1 aplicadas em cobertura recuperou 65,4 kg ha-1, sendo superior na eficiência de recuperação em 8,0% e 18,1% em relação aos T3 (60% em V3 + 20% em V6 +20% em R0) e T4 (100% V3) (Figura 2).

CONCLUSÃO Com um maior acúmulo de nitrogênio em R4, a adubação nitrogenada com 67% da dose em V3 e 33% em R0 se mostra mais eficiente na recuperação desse nutriente em relação à sua aplicação total em V3 e fracionada com 60% em V3 + 20% em V6 +20% em R0.

AGRADECIMENTOS Ao Instituto Rio Grandense do Arroz, pela estrutura e recursos para realizar a pesquisa, à equipe do laboratório de solos pelas análises realizadas e ao professor Ibanor Anghinoni por sua orientação. À Fapergs, pela bolsa de iniciação científica.

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anos

de IRGA

Uma história de muito respeito Anabel Schmidt, arquivista, controla cerca de 6 mil caixas com materiais na nova sede do Instituto, em Porto Alegre. Ela é parte das oito décadas de Irga resumidas nas próximas páginas pelo texto do repórter Pedro Pereira 24

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1979

Lançamento oficial da cultivar BR IRGA 409, que desbancou as cultivares americanas que na época dominavam a produção do Estado – o arroz Bluebelle. FOTOS EMÍLIO PEDROSO

Orgulho na memória

Tânia cuidava da biblioteca, Carmona, da EEA; hoje eles ainda visitam o Irga

No ano em que o Instituto Rio Grandense do Arroz completa oito décadas, exemplos vêm à tona revelando uma história de dedicação à orizicultura

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esde 1940, o Irga representa e defende os anseios de evolução da cadeia orizícola gaúcha. Criado a partir do Sindicato Arrozeiro do Rio Grande do Sul, que fora fundado 14 anos antes, o instituto foi reconhecido pela sociedade como peça fundamental para o crescimento das lavouras gaúchas, desenvolvendo pesquisas e levando seus resultados até o campo. Um dos pilares dessa história está em Cachoeirinha, onde fica a Estação Experimental do Arroz, criada em 1939. Na EEA são desenvolvidas as cultivares com as marcas registradas do Irga: resistência, produtividade e qualidade industrial. Que o diga o engenheiro agrônomo Paulo Carmona, que passou grande parte da vida dentro da estação. Corria o ano de 1966 quando ele, então com 28 anos, foi transferido da Diretoria de Proteção Animal (DPA) da Secretaria Estadual de Agricultura para a EEA. Como naquele tempo a propriedade ficava longe da cidade, muitos funcionários moravam no local. Menos de um ano depois de chegar à estação, a

casa que receberia Carmona e sua família estava pronta. Ao longo de 21 anos, ele, a esposa Cleci e os filhos viveram entre laboratórios, áreas de testes e muitos amigos. “Os primeiros anos morando na Estação foram os mais felizes da minha vida”, garante Carmona. Ele queria acompanhar de perto o desenvolvimento da cultivar que seria um marco na história do arroz gaúcho. Em 1970, Carmona foi o primeiro brasileiro a participar de um semestre de estudos no Centro Internacional de Agricultura Tropical (CIAT), na Colômbia. O objetivo era entender as técnicas de cultivo aplicadas naquela região, para depois adaptá-las ao clima subtropical dos pampas. Foram alguns anos de aprimoramento até que, em 1979, foi lançada oficialmente a BR IRGA 409, que em pouco tempo desbancou as cultivares americanas que na época dominavam a produção do Estado – em especial, o arroz Bluebelle. “Foi o ponto de partida para chegarmos ao resultado que se tem hoje: plantas de porte baixo e com alta produção. O que havia naquele tempo não era adaptado pa-

ra a nossa região. “As vantagens da BR-IRGA 409 eram tão grandes que, em poucos anos, as demais cultivares utilizadas na época, foram varridas do mercado”, diz. Quem também lembra com carinho das décadas passadas é a bibliotecária Tânia Nahra. Em 1982 ela tornou-se colega do próprio pai ao ingressar no instituto – ele no departamento comercial, ela, no setor administrativo. Foram mais de 35 anos de dedicação. “Não cortei o vínculo, na minha cabeça ainda estou lá. Entrei com 19 anos e saí com 55. Dizem que uma geração tem quarenta anos. Fiquei no Irga quase isso”, compara. Graças ao trabalho de muitos profissionais, outras cultivares foram desenvolvidas e diversas técnicas aprimoradas. A dedicação é tamanha que Carmona e Tânia se aposentaram e continuam colaborando. Ela segue apoiando o cuidado com as obras que repousam nas prateleiras da EEA. Já Carmona foi consultor por mais 10 anos depois de sair do instituto, em 2003, e até hoje empresta voluntariamente sua sabedoria e a experiência de mais de 50 anos em lavouras de arroz.

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SERGIO PEREIRA, IRGA

anos

de IRGA Presidente do Irga, Guinter Frantz defende o manejo sustentável da terra

Esforço no presente Manutenção do que foi construído passa pela atualização constante do planejamento, além de reforço do contato com os produtores

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isposto a abrir mais 80 anos de intensas atividades em prol da lavoura de arroz, o Irga vê seus projetos em plena atividade e já planeja os próximos passos. Reconhecido pelo desenvolvimento de cultivares e técnicas de manejo que aumentam a produtividade, o instituto completa mais um ciclo com conquistas importantes. O lançamento da cultivar IRGA 431 CL é mais uma prova disso. Já são mais de 90 mil hectares plantados com o produto desenvolvido pelo instituto. Contando todas as cultivares, 60% da área gaúcha plantada recebe sementes saídas dos laboratórios da Estação Experimental do Arroz, em Cachoeirinha. A inovação se dá graças a iniciativas como o Projeto 10+ e o Soja 6.000, que desenvolvem técnicas de manejo para não apenas aumentar a produtividade, mas também garantir a sustentabilidade da cadeia produtiva. “Em 2020, vamos remodelar os projetos para levar tudo isso adiante: garantir o cultivo sustentável, diminuindo o uso de água e difundindo o manejo correto da terra”, explica o pre-

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sidente do Irga, Guinter Frantz. Tudo isso sem perder a qualidade industrial, um dos pilares do desenvolvimento do arroz gaúcho – afinal, o trabalho que começou a desbancar as cultivares estrangeiras ainda na década de 1970 jamais cessou. “A resistência (a fungos e ervas daninhas) é temporária, então tem de seguir trabalhando para resolver todos os problemas e permitir que o potencial produtivo das variedades se expresse”, observa o engenheiro agrônomo Paulo Carmona, que mesmo aposentado continua contribuindo em projetos do Irga.

Defesa do setor Além do trabalho intramuros, o Irga também tem um importante papel de representação da cadeia orizícola do Estado nas mesas de negociação. “O Irga é forte porque é dos produtores, isso o fortaleceu muito e o fez respeitado em nível mundial”, pontua Frantz. A atenção a tudo o que envolve o dia a dia do campo é constante, assim como todos os desdobramentos da economia sobre o resultado das safras. O Irga pos-

sui cadeira nas câmaras setoriais do arroz do Rio Grande do Sul e do Brasil, onde discute a cadeia com outras entidades e lideranças. Em nível estadual, o trabalho é feito em parceria com instituições como Embrapa, Federarroz, Farsul e a Secretaria da Agricultura. A construção dessas relações contribuiu substancialmente para que o instituto alcançasse a importância que tem hoje, assim como será fundamental para os projetos que estão desenhados para os próximos anos (como você pode conferir na próxima página).

Irga no campo O contato com o produtor, na ponta do trabalho, também é fundamental. É pelos técnicos da extensão rural que todas as inovações passam a fazer sentido. Atividades como o Dia de Campo e os roteiros técnicos transformam em resultado os estudos realizados pelos pesquisadores do Irga. “Estamos sempre validando e levando esses projetos adiante. Nosso objetivo é, cada vez mais, buscar variedades com resistência e qualidade”, garante o presidente Guinter Frantz.

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90 mil

hectares já foram plantados com a cultivar IRGA 431 CL, o mais recente lançamento do Irga

6 mil

metros quadrados tem a nova sede do Irga, inaugurada em fevereiro deste ano

70%

da produção nacional de arroz, aproximadamente, vem do Rio Grande do Sul EMÍLIO PEDROSO

Mãos no futuro

Thaís Lopes (D), técnica agrícola do Laboratório de Solos e Águas, trabalha na EEA

Cultivo sustentável é a base de um projeto que conta também com a diminuição de custos e o aumento do valor do produto no mercado

N

ão é fácil chegar aos 80 anos sentindo o frescor da juventude correr nas veias. Pois é exatamente assim que o Irga está. De casa nova, é como se cada corredor fosse o caminho para o futuro: o prédio simboliza perfeitamente a entrada em uma nova era. “É uma estrutura compatível com a importância do instituto”, enaltece o presidente, Guinter Frantz. É do espaçoso prédio de seis mil metros quadrados, inaugurado em fevereiro deste ano, que o Irga mira o futuro. As metas não chegam a ser uma novidade: aumentar a produtividade, diminuir os custos da lavoura e valorizar o produto arroz nos mercados regional, nacional e mundial. A questão é que os desafios para alcançá-las estão sempre se renovando. “Com o passar dos anos, os alimentos mudam na percepção de valor junto ao público”, explica Guinter Frantz. Por isso, um dos maiores objetivos do Irga para os próximos anos é intensificar o trabalho de valorização do arroz como alimento saudável, acessível, saboroso e de baixo impacto para o meio ambiente.

Esse trabalho é feito por meio do programa Provarroz, que já conta com iniciativas junto à sociedade, como em trabalhos escolares. As ações devem tomar proporção nacional de agora em diante, afinal de contas, o Rio Grande do Sul é responsável por abastecer 70% da produção nacional. Mas alguns pontos são importantes para continuar com esse índice, e é aí que entra o trabalho institucional do Irga. Enquanto incentiva o cultivo sustentável entre os produtores, o instituto faz uma cruzada defendendo itens que ajudam a derrubar o custo de produção, ao mesmo tempo em que luta pela valorização. “O sistema sustentável de produção, os custos fixo e variável já caem, pois diminui a necessidade de insumos como água, adubos e defensivos. Mas o Custo Brasil ainda é alto, está sendo feito um trabalho por isso”, garante Frantz, citando o termo utilizado para descrever o peso dos problemas logísticos e estruturais do país sobre a economia. Na outra ponta, o jeito é aumentar o valor de mercado. Isso se dá pela valorização do produto, a car-

go do programa Provarroz, mas também pelo aumento das exportações, sempre na mira do Irga. Mesmo com o olhar voltado para o mundo, o Instituto não esquece a lição de casa. Na Estação Experimental do Arroz (EEA) o trabalho continua a todo vapor e a expectativa é que, nos próximos anos, novas cultivares cheguem fortes ao mercado, mantendo o sucesso dos produtos mais recentes. O engenheiro agrônomo aposentado Paulo Carmona concorda. Até hoje ele faz questão de emprestar seu conhecimento acumulado em mais de 40 anos aos técnicos da EEA. “Acredito que entre três e cinco anos o Irga tenha cultivares ainda mais competitivas, e no futuro mais ainda”, empolga-se. É este multifacetado Irga que mostra fôlego de sobra para continuar trabalhando pelo desenvolvimento da cadeia orizícola gaúcha. “Analisando a trajetória percorrida nestes primeiros 80 anos, recai ainda mais responsabilidade sobre quem está à frente do Irga hoje”, conclui o presidente do instituto.

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anos de IRGA Nas próximas páginas, relembre 1927

ARQUIVO IRGA

Recebe outorga do Governo Estadual para classificar todo o arroz exportado e torna-se um instituto, já que a tarefa não poderia ficar a cargo de entidades privadas.

12/06/1926

Criação do Sindicato Arrozeiro do Rio Grande do Sul, na sala da Associação Comercial de Porto Alegre (na foto, como era o local). O primeiro presidente foi Gastão Englert, tendo como tesoureiro o principal entusiasta da iniciativa: Alberto Bins.

31/05/1938

Decreto Estadual 7.296 oficializa a denominação Instituto do Arroz do Rio Grande do Sul.

20/06/1940

Decreto-Lei nº 20 transforma o órgão em autarquia, já com o nome de Instituto Rio Grandense do Arroz.

1943

Aquisição da Granja Sônia Ltda., que passou a se chamar Granja Vargas, em homenagem ao presidente de então. A propriedade ficava em Osório e hoje faz parte do município de Palmares do Sul. A iniciativa socorreu orizicultores que haviam perdido tudo na enchente de 1941.

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EMÍLIO PEDROSO

1939

Criação da Estação Experimental do Arroz, cujas atividades iniciaram ainda na década anterior, por iniciativa do Coronel Alberto Bins, primeiro a plantar arroz às margens do rio Gravataí – em parceria com outros entusiastas da orizicultura.

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alguns fatos marcantes da nossa história 1943

ARQUIVO IRGA

Criação da primeira Colônia Orizícola, onde os produtores tinham acesso a terra, água e assistência técnica do Irga, em troca de uma porcentagem da produção anual. O lugar chegou a contar com mais de 1,5 mil habitantes.

20 e 21/02/1943

Primeiro Dia de Campo na Estação Experimental do Arroz, com a presença de dezenas de produtores e autoridades estaduais e federais.

1945

Planejamento da Barragem do Capané, em Cachoeira do Sul. O projeto foi feito pelo chefe do Departamento de Engenharia do Irga, Mansueto Serafini. Lançamento da cultivar “Seleção 388”, de grãos médios, que por cerca de 15 anos foi uma das principais do Estado.

Lavoura de arroz em imagem dos arquivos do Irga. Não há registro da data.

REPRODUÇÃO

ASSESSORIA IRGA

1947

Publicação da primeira edição da revista Lavoura Arrozeira, com notícias do setor e artigos técnicocientíficos. A revista circularia ininterruptamente até 1997. Na foto, a edição número 223, de outubro de 1965.

17/12/1949

Inauguração da Barragem do Capané, em área de 2,1 mil hectares, sendo 1,7 mil ocupados pela bacia hidráulica, represando o arroio de mesmo nome.

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anos de IRGA REPRODUÇÃO

1946

Inauguração da Barragem Sanchuri, também projetada por Mansueto Serafini. As barragens foram importantes para o desenvolvimento da orizicultura no Estado. Criação da Cooperativa de Consumo dos Funcionários da EEA. Na época a Estação ficava distante do comércio, então eles produziam os próprios alimentos. Conforme o acesso ao varejo melhorou, as atividades foram diminuindo. Fechou as portas em 1989.

1953

Criação da primeira biblioteca do Irga, na sede que ficava na Avenida Júlio de Castilhos, em Porto Alegre.

1961

Lançamento da cultivar “EEA404”, de grãos longos, que foi utilizada por mais de 15 anos e chegou a responder por cerca de 90% da plantação dessa classe no Estado.

1972 1970

Inauguração do primeiro Núcleo de Assistência Técnica e Extensão Rural (Nate), em São Gabriel.

Transferência do Laboratório de Química Agrícola para a EEA, em abril. O moderno equipamento tinha capacidade de avaliar 200 amostras de solo por dia, além de água e adubo. EMÍLIO PEDROSO

Anos 1950

Criação da Escola Técnica Rural, onde estudavam os filhos de produtores e funcionários da EEA. Posteriormente chamado Colégio Agrícola Daniel de Oliveira Paiva (CADOP), atualmente o lugar abriga uma escola estadual de mesmo nome e ainda é conhecida pela sigla.

1975

Inauguração do Laboratório de Qualidade do Arroz, nos moldes de laboratórios internacionais e com capacidade para fazer testes físicos e químicos e avaliar materiais provenientes dos programas de melhoramento genético. Na foto, como é hoje.

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REPRODUÇÃO

FOTOS ARQUIVO IRGA

Placa antiga do Irga em Santa Maria

1982

Caçapava do Sul passa a contar com o 31º Nate.

1985

Lançada a cultivar BRIRGA 411.

1986

Cultivares BR-IRGA 412 e 413 são lançadas. Criado o 33º NATE, em Rio Grande.

1987

Lançamento da cultivar BR-IRGA 414.

1992 Sede administrativa é transferida para a Avenida Missões, no bairro São Geraldo, em Porto Alegre.

1991

IRGA 416 é lançada.

1974

Criação da biblioteca da Estação Experimental do Arroz, onde está até hoje, ocupando o prédio 11.

1995

Irga participa da fundação e passa a ser membro do Fundo LatinoAmericano para o Arroz Irrigado (Flar).

1977

Inauguração do 24º NATE, em Bagé.

1979

Lançamento da cultivar “BR-IRGA 409”, um marco na história da orizicultura gaúcha.

1980

Apresentada a cultivar BR-IRGA 410.

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anos de IRGA ARQUIVO IRGA

2007

Lançadas a IRGA 423 e a IRGA 424.

1987

2008

Lançamento da cultivar BR-IRGA 414.

Criação do Selo Ambiental Irga.

1991

2009

IRGA 416 é lançada.

Lançamento da cultivar IRGA 425.

1995

Apresentação da cultivar IRGA 417.

2011

Inaugurado o 25º Nate, em Jaguarão.

Inaugurado 26º Nate, em Cacequi.

1999

Cultivares IRGA 418, 419 e 420 são lançadas.

Carros de boi na lavoura irrigada, em foto sem data no arquivo do Irga.

São apresentadas as cultivares IRGA 426, 427 e 428. ASSESSORIA IRGA

2000

A cultivar IRGA 421 é apresentada. Retomada da publicação da revista Lavoura Arrozeira.

Safra 2001/2002 Lançamento do Projeto 10+.

2002

Lançamento da cultivar IRGA 422 CL.

2013

São lançadas as cultivares IRGA 429, IRGA 430 e IRGA 424 RI.

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EMÍLIO PEDROSO

2017

A engenheira agrônoma Flávia Tomita se torna a primeira mulher a assumir a gerência de Pesquisa do Irga.

ASSESSORIA IRGA

2015

Irga promove a 12ª Conferência Internacional do Arroz para América Latina e Caribe, em Porto Alegre. Criado o Programa de Valorização do Arroz, chamado de Provarroz.

2013

Abertura do concurso público para provimento de 116 cargos de nível superior e médio.

2016

Aberto concurso com 41 vagas para técnico orizícola.

2014

Inauguração da Estação Regional de Pesquisa da Planície Costeira Externa, em Palmares do Sul. Inauguração da Estação de Pesquisa, uma área de 12 hectares que fica na ERS-101, na Localidade de Frei Sebastião.

2018

É lançada cultivar IRGA 431 CL.

2020 2015

Lançamento do programa Soja 6.000, para aumentar a área de cultivo.

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Inauguração oficial da nova sede, com amplas e modernas instalações, em Porto Alegre.

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INFORMAÇÃO

De olho nas Circulares Técnicas Circular técnica nº 002 – Agosto/2019

“IRGA 431 CL: resistência à brusone e excelente qualidade de grãos” As sementes da cultivar IRGA 431 CL contêm genes que conferem resistência à brusone, que foram incorporados pelo melhoramento genético do Irga. Mesmo que o organismo que causa a doença esteja presente na lavoura, as plantas dessa cultivar estão imunes até que ocorra a quebra da resistência à brusone. Além da imunidade à doença, essa cultivar apresenta alto potencial produtivo, excelente qualidade de grãos, com baixo índice de centro branco, e adaptabilidade nas seis regiões arrozeiras do RS. Por se tratar de uma variedade de ciclo precoce, é importante atentar para a data de semeadura (entre 15 de outubro e 15 de novembro) e colheita (cerca de 30 dias após o florescimento).

Circular Técnica nº 001 – Julho/2019

“Manejo da adubação nitrogenada de cobertura no arroz irrigado no Sul do Brasil” A pesquisadora Gabriela de Magalhães da Fonseca e o consultor técnico Ibanor Anghinoni destacam que a resposta da adubação nitrogenada é altamente dependente das condições meteorológicas e do manejo da planta. A recomendação do Irga é a da CTAR/SOSBAI, que indica duas aplicações, sendo dois terços da dose em V3/V4 e um terço em R­­0 para cultivares de ciclos curto e médio, e três aplicações para cultivares de ciclo longo, sendo um terço da dose em V3/V4, um terço em V­­6 e um terço em R­­0. Inúmeras pesquisas no RS demonstram que a maior parte do nitrogênio é absorvida pela planta de arroz entre os estádios R1 e R4 e não no período inicial de desenvolvimento.

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Em caso de dúvidas: Estação Experimental do Arroz (EEA) (51) 3470-0600 – www.irga.rs.gov.br

Periodicamente o Irga publica as Circulares Técnicas, para esclarecer dúvidas dos produtores, alertar sobre pragas na lavoura e trazer informações sobre manejo, entre outros vários assuntos. Nestas páginas, confira um resumo das últimas Circulares: Circular técnica nº 004 – Janeiro/2020

“A quebra da resistência à brusone e o manejo de doenças em arroz irrigado” O método mais eficiente, econômico e sustentável para evitar a brusone e demais doenças é a utilização de cultivares resistentes. São importantes as práticas de manejo, como a semeadura na época recomendada, eliminação de resíduos dos cultivos anteriores (fonte de disseminação do agente da brusone), uso de sementes certificadas, densidade de semeadura adequada, eficiente controle de plantas daninhas, adubação equilibrada (equilíbrio nutricional), irrigação bem manejada e rotação de culturas (como a soja). O uso de fungicidas é também um método complementar e de proteção do potencial produtivo.

Circular Técnica nº 003 – Janeiro/2020

“A lavoura arrozeira - bem conduzida - contribui para reduzir a emissão de gases de efeito estufa” O cultivo de arroz é uma das poucas fontes emissoras de gases de efeito estufa (GEE) que, por meio de práticas de manejo adequadas, tem seu padrão de emissão diminuído. A emissão dos GEE tem relação inversa com a produtividade de grãos da cultura: quanto maior a produtividade de uma lavoura, menor a emissão de GEE por quilograma de arroz produzido. Uma das oportunidades para os setores produtivos que adotam práticas de baixa emissão de GEE é a venda de créditos de carbono. Uma produção sustentável permitiria ao produtor agregar valor ao produto comercializado, além de facilitar o acesso a mercados de difícil inserção. É importante salientar que a planta de arroz não produz metano (um dos principais GEE) – ele provém do solo e é transportado para a atmosfera através das plantas. Lavoura Arrozeira Nº 472 | Janeiro/Fevereiro/Março de 2020

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INFORMAÇÃO

De Grão em Grão:

websérie aborda benefícios e esclarece dúvidas sobre o arroz

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Campanha é uma parceria entre Irga e Grupo RBS e conta com a presença de personalidades

J

á em sua terceira temporada, De Grão em Grão, websérie do Programa de Valorização do Arroz (Provarroz), leva informações sobre alimentação, nutrição, agricultura e saúde a todos, destacando a importância do arroz, é claro. Tudo isso no ritmo da era digital: todos os episódios estão disponíveis on-line, com duração entre quatro e cinco minutos. Esse ritmo é o ideal, já que a rotina de todo mundo é agitada. Como a produção e o consumo de notícias estão cada vez mais rápidos, o Provarroz, em parceria com o Grupo RBS, pensou a websérie como uma maneira de garantir informação de qualidade, rápida e dinâmica. Para isso, a websérie é apresentada pela jornalista Cris Silva, e cada episódio tem pelo menos um convidado. Especialistas e personalidades participam. A campanha surgiu a partir de um objetivo, de acordo com a coordenadora do Provarroz, Camila Pilownic Couto: conversar com as pessoas por um meio infinito, a internet.A ideia é alcançar o máximo de espectadores possível e aproximá-los da comida de verdade, o que inclui o arroz”, explica. É comum que as pessoas pouco valorizem o arroz, ou pensem que é um grão destinado a apenas uma parcela da sociedade. Em contrapartida a isso, a De Grão em Grão mostra a vida real - e a relação com o arroz - de personalidades que vemos diariamente nos meios de comunicação, como Shana Muller, Guri de Uruguaiana, o jogador Jean Pyerre, do Grêmio, e a influenciadora digital Guria Natureba, entre outras. Um fato é: tem arroz para cada estilo de vida, como pontua Camila. Arroz branco, integral, parboilizado e vários outros, todos são fonte de muita energia, vitaminas, sais minerais, fibras, cada um com sua especificidade e funcionalidade. A melhor forma de desmistificar isso é informando. No caso do Provarroz, as personalidades atraem o público e trazem essas informações.

Websérie arrozeira Conheça as temporadas um, dois e três do De Grão em Grão. Todos os episódios estão disponíveis no site e no canal do YouTube do Irga, além do site do GaúchaZH: 1ª TEMPORADA Lançada em 2018, conta com seis episódios:

l Mitos e verdades do arroz, com a nutricio-

nista Carolina Pitta e o jornalista Luciano Potter. l Sustentabilidade e produtividade, com a jornalista Gisele Loeblein. l Números e exportação, também com Gisele Loeblein. l Nutrição infantil, com a blogueira Vanessa Martini e a nutricionista Carolina Pitta. l Nutrição no esporte, com a nutricionista do Internacional, Fernanda Sanfelice, e com a do Grêmio, Katiuce Sapata.

l

Farinha de arroz, com o chef Christian Alabarce e a apresentadora Shana Muller.

2ª TEMPORADA Lançada em 2019, teve quatro episódios:

l Arroz, a joia da Fronteira Oeste, com par-

ticipação do Guri de Uruguaiana. l Arroz e família = A Base de Tudo, com o ex-jogador Tinga. l Geração fast food?, com o jogador Jean Pyerre. l Arroz: a receita para ser Natureba, com a blogueira Guria Natureba. 3ª TEMPORADA Lançada neste ano, é um especial saúde de três episódios, com participação do Dr. Drauzio Varella.

l O primeiro trata da diabetes e da impor-

tância da comida de verdade na dieta dessas pessoas, incluído o arroz. l O segundo episódio traz a importância do arroz na prática esportiva. l O terceiro fala de doenças cardiovasculares. Esta última temporada tem ganhado grande visibilidade e está entre as notícias mais acessadas do site GaúchaZH, superando

as expectativas. E isso é ótimo, diz Camila Pilownic, porque, com a credibilidade do Dr. Drauzio, o arroz pode ser visto para além de um alimento: como um aliado da saúde.

Sobre o Provarroz l O Provarroz é um projeto criado em

CAMILA PILOWNIC COUTO, Coordenadora do Provarroz

“A ideia é alcançar o máximo de público e humanizar a relação da população com o arroz”

2015 que tem como objetivo valorizar o arroz e conscientizar a população sobre os benefícios deste alimento para a saúde. Além da websérie, o programa atua nas universidades e escolas, dando palestras sobre os benefícios

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do arroz para a saúde, realiza oficinas com merendeiras nas escolas e já criou outras campanhas publicitárias, desde vídeos-receita com farinha de arroz e até comerciais de televisão. Todos os materiais podem ser acessados no site do Irga e no seu canal no YouTube.

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ARTIGO TÉCNICO

Germinação:

um “up” na proteína do arroz Esse processo tem proporcionado resultados importantes, combinando alterações bioquímicas e físicas que contribuem na digestão e disponibilidade de nutrientes

s publicações sobre germinação de grãos, em sua maior parte, naturalmente têm sido na área agronômica. O foco do presente artigo diferencia-se por ser mais dirigido à área da Nutrição. Está ancorado em alterações na composição (bio) química durante a germinação.

proteínas, sem açúcar”. Essas duas sementes, depois de germinadas, são secadas e convenientemente armazenadas, podendo manter suas propriedades durante um grande tempo-de-prateleira (shelf life). E isso sem requerer solo nem sol! Em países em desenvolvimento, cuja alimentação depende de milho e sorgo, a germinação contribui para corrigir deficiências na participação de aminoácidos (Lisina e Triptofano), elevando a Taxa de Eficiência Proteica (Valor Proteico). Resumindo, a germinação tem a capacidade de converter vegetais nutricionalmente pobres quanto à sua qualidade proteica, em alimento de alta qualidade, tanto para humanos quanto para animais.

1

2

GILBERTO WAGECK AMATO Pesquisador, Eng. Químico, M. Sc. – CREA RS009485 – Irga – Departamento de Pós Colheita gilberto-amato@irga.rs.gov.br amatogw@hotmail.com FERNANDO FUMAGALLI MIRANDA Pesquisador, Eng. Agrônomo, M. Sc., Irga – Coordenardor do Departamento de Pós-Colheita fernando-miranda@irga.rs.gov.br

APRESENTAÇÃO

A

INTRODUÇÃO

O presente momento se caracteriza pela busca de alimentos mais nutritivos e saudáveis, com especial atenção aos chamados alimentos de processamento natural. Resulta do crescente interesse em estudos de alternativas na busca de melhor qualidade de vida, onde se inclui a germinação. Pelo mundo, o foco dos estudos na germinação, na pós colheita, tem sido concentrado em soja, feijão e cereais. Através da germinação são desenvolvidas pesquisas para obtenção de proteínas de alta qualidade, principalmente na Ásia e nos Estados Unidos. Importantes resultados, combinando alterações bioquímicas e físicas, contribuem para uma boa digestão e disponibilidade de nutrientes. Um caso clássico é a adição de farinha de soja germinada à farinha de trigo, aumentando o valor nutritivo e o sabor na elaboração de pães do tipo “alto conteúdo de

38

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REVISÃO: FUNÇÃO DOS CONSTITUINTES NOS ALIMENTOS

Pode ser dividida em três segmentos: – Função plástica, atuando na formação e reconstituição do organismo. – Função energética, promovida por carboidrato, gordura e proteína (esta, eventualmente, na carência das duas anteriores). – Função reguladora, a cargo de vitaminas, enzimas e sais minerais. Esses componentes são importantes pelo melhor aproveitamento dos alimentos e pelo desenvolvimento de maior resistência a enfermidades. As enzimas são constituídas por aminoácidos, o mesmo grupo químico constituinte das proteínas. A reação de síntese entre moléculas de aminoácidos ocorre através da chamada ligação peptídica, uma das mais importantes da Bioquímica. Aminoácidos são divididos em Essenciais e Não Essenciais, ambos fundamentais

Figura1– Unidade Peptídica Entre os aminoácidos do arroz, a Lisina merece atenção especial por ser o Aminoácido Limitante. Em resumo, é o que compromete a função das proteínas.

para uma boa nutrição. – Os Essenciais são aqueles que o organismo humano não tem a capacidade de sintetiza-los, necessitando serem aportados diretamente através da ingestão dos alimentos. Como não podem ser sintetizados pelo organismo humano, necessitam ser aportados através da ingestão direta dos alimentos. Assim, a diversificação em cada refeição é importante porque dificilmente um único alimento aporta todos os Aminoácidos Essenciais em quantidade suficiente. – Os Não Essenciais são assim denominados por serem produzidos (sintetizados) pelo organismo humano.

Tabela 1 Os nove Aminoácidos Essenciais Histidina

Lisina

Treonina

Isoleucina

Metionina

Triptofano

Leucina

Fenilalanina

Valina

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AMINOÁCIDOS LIMITANTES: O CASE ARROZ COM FEIJÃO

Os aminoácidos são fundamentais para a vida humana. Costuma-se dizer que são os “tijolos” com os quais são construídas as proteínas. Entre os Aminoácidos componentes das proteínas, especial destaque merecem os Aminoácidos Limitantes. São assim denominados por sua participação qualitativa deficiente comprometer a eficácia da Função Plástica na alimentação. A diversificação em uma refeição é importante porque dificilmente se encontrará em único alimento todos os Aminoácidos Essenciais em quantidade suficiente. Ainda que o organismo humano seja composto por cerca de 250 mil proteínas diferentes, estas são formadas por apenas 20 aminoácidos – e nosso corpo é capaz de fabricar só 11 deles.

O CASE CLÁSSICO: ARROZ COM FEIJÃO Nessa mistura, o cereal tem deficiência em Lisina e a leguminosa em Metionina. A complementação perfeita ocorre na proporção, no prato, de duas partes de arroz para uma de feijão! E o que falta em um, sobra no outro; se complementam! Daí a importância da citação divulgada pela Embrapa, “O Par Perfeito”.

Fig. 2 Arroz com Fejjão - “O Par Perfeito”

Tabela 2 Alteração na composição química média do arroz integral durante a germinação Arroz Integral

Arroz Germinado 2 dias

Arroz Germinado 3 dias

Arroz Germinado 4 dias

Umidade, %

15,01

3,13

4,10

4,73

Cinzas, %

1,45

1,16

1,18

1,41

Gordura, %

1,57

1,57

1,64

1,56

Fibra, %

1,68

1,40

1,50

1,81

Proteínas, %

7,91

7,49

6,78

7,37

MELN, %

87,39

88,38

88,90

87,85

Obs.: Resultados expressos em base seca

Tabela 3 Alteração nos compostos nitrogenados durante a germinação Arroz Integral

Arroz Germinado 2 dias

Arroz Germinado 3 dias

Arroz Germinado 4 dias

N Total,%

1,62

1,53

1,51

1,44

N Proteico,%

1,33

1,26

1,14

1,24

N Não Proteico,%

0,29

0,29

0,30

0,20

Obs.: Resultados expressos em base seca

Tabela 4 Variação no conteúdo de aminoácidos durante a germinação Aminoácidos

Arroz Integral

Arroz Germinado 2 dias

Arroz Germinado 3 dias

Arroz Germinado 4 dias

Asp-Asparagina

8,89

8,49

9,10

8,51

Tre-Treomina(*)

6,27

4,80

6,06

6,51

Ser-Serina

5,62

5,56

6,29

5,27

Glu-Glutamina

11,84

12,17

13,44

11,03

Pro-Prolina

5,90

6,94

6,27

5,97

Gly-Glicina

4,47

4,83

4,80

4,32

Ala-Alanina

5,84

6,48

6,12

5,60

Cys-Cisteína

1,53

1,29

1,51

1,31

VaI-Valina

6,28

6,51

6,44

6,32

Met-Metionina(*)

3,45

2,86

3,13

3,32

Ile-Isoleucina(*)

5,10

4,61

4,67

4,85

Leu-Leucina(*)

6,81

7,19

7,26

8,53

Tyr-Tirosina

3,16

3,30

2,60

3,61

Phe-Fenilalanina(*)

6,21

6,26

6,20

6,24

Hys-Histidina

3,90

3,84

3,33

4,01

Lys-Lisina(*)

4,80

4,36

4,72

5,19

NH3-Amônia

2,01

2,26

1,93

1,95

Arg-Arginina

7,96

8,27

7,37

7,51

100,04

100,02

100,00

100,05

Recuperação,%

Obs.: Resultados expressos em base seca / Unidade: mg de Amino Ácido/100g de Proteína (*) Aminoácidos Essenciais

Segue >

Fonte: EMBRAPA

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ARTIGO TÉCNICO

4

GERMINAÇÃO: UM “UP” NA PROTEÍNA DO ARROZ

A germinação do arroz se constitui num meio de conversão desse cereal (grupo nutricionalmente pobre quanto à qualidade proteica!) em outro alimento de alta qualidade, tanto para alimentação humana quanto animal. Assim, qualquer melhora, por menor que seja, representa um impacto significativo pela sua larga participação na alimentação mundial. O “up” sugerido consiste em aumentar a concentração relativa aos Aminoácidos Limitantes através da germinação.

5

CONDUÇÃO DA PESQUISA DESENVOLVIDA EM VALÊNCIA

Materiais da pesquisa: arroz das variedades valencianas Bahia e Sequial, da colheita espanhola de 1979. Etapas: 5.1. Descascamento em moinho de laboratório. 5.2. Seleção dos grãos inteiros. 5.3. Higienização, para evitar o desenvolvimento de microorganismos (fungos, principalmente) durante a germinação. Foi desenvolvida com etanol (70%) durante três minutos. E hipoclorito (1% de cloro livre), durante um minuto, e solução de cloro a 10% durante três minutos; concluiu-se com a lavagem com água deionizada e estéril. 5.4. Germinação em bandeja colocada em câmara com temperatura controlada (28ºC a 30ºC), em umidade saturada, no escuro; seguiu-se a Lavagem dos grãos a cada 24h. 5.5. Tomada de amostras após 48, 72 e 96 horas. 5.6. Preparação de amostras para análise: congelamento e liofilização até 4% de umidade. 5.7. Moagem de grãos. 5.8. Ensaios: Umidade, Gordura, Fibra, Cinzas, Nitrogênio Total e Amídico (não-protéico). O Nitrogênio é convertido em Proteína através do fator estequiométrico 5,95. O destaque da pesquisa centra-se na determinação de aminoácidos.

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Tabela 5 Variação no conteúdo de aminoácidos essenciais de arroz integral após quatro dias de germinação

10 8 6 4 2 0

Obs.: Resultados expressos em base seca. Unidade: mg de Amino Ácido/100 g de Proteína.

Tabela 6 Amino Ácidos Essenciais: Comparação dos dados obtidos com os referenciais ovo, leite humano e leite de vaca. Aminoácidos Essenciais

Arroz Integral

Germinado 4 dias ---

Leite Vaca

Leite Humano

Ovo

FAO/0MS (Teórico)

1,4

1,7

1,7

1,0

4,4

4,3

4,7

4,0

Tri

---

Tre

6,27

6,51

VaI

6,28

6,32

6,4

5,3

6,6

5,0

Met

3,45

3,32

---

---

---

---

Met+Cis

---

---

3,3

4,2

5,7

3,5

Ile

5,10

4,85

4,7

4,6

5,4

4,0

Leu

6,81

8,53

9,5

9,6

8,6

7,0

Phe

6,21

6,24

---

---

---

---

Phe+Tir

---

---

10,2

7,2

9,3

6,0

Hys

3,90

4,01

2,7

2,6

2,2

---

Lys

4,80

5,19

7,8

6,6

7,0

5,5

Obs.: Resultados expressos em base seca Unidade: mg de Amino Ácido/100g de Proteína / Referência: Tabela da FAO/OMS, 1973

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Gráfico 2 Variação no conteúdo de aminoácidos essenciais de arroz integral após 4 dias de germinação

8

6

RESULTADOS DA PESQUISA

NOTAS IMPORTANTES: – Considerando-se a Lisina (Lys) como o Aminoácido Limitante do arroz, o acréscimo 8,1% encontrado após a germinação por 4 dias representa importante papel no valor nutricional do arroz. – A diminuição da Metionina (Met) durante a germinação é pouco relevante, posto que ela está “sobrando” no arroz em estado original. – A diminuição da Isoleocina (Ile) também é pouco relevante (ver Tabela VI), posto que permanece vantajosa, quando comparada à principal referencia ( Padrão Teórico da FAO/0MS). Supera, também, na comparação com os leites humano e vacum, perdendo somente para “sua excelência” o ovo.

7

COMENTÁRIOS SOBRE OS RESULTADOS

7.1. Merece uma especial menção a análise dos valores encontrados para a Lisina, posto que, como já comentado, é o Aminoácido Limitante no arroz. Com a germinação, a Lisina (Lys) enriquece de 4,80 para 5,19mg/100g. O aporte nutricional foi de 8,1% na Proteína! Os desenhos de barrica, conhecidos como Lei do Mínimo (ou de Liebig) são didáticos

para explicar o ganho em um nutriente crítico para uma boa nutrição. O uso da barrica tem seu início, na área agronômica, com a identificação da falta de um ou mais nutrientes do solo (como N, P e K). A ripa mais crítica é a que pauta a efetividade de nutrientes, sejam no solo, seja no organismo humano. Assim, as figuras 3 e 4 permitem uma boa visão do que ocorre com o incremento de Lisina quando o arroz é germinado. 7.2. Quanto ao Triptofano, o método disponível (hidrólise ácida) não permite obter informações. 7.3. Para ser poder comparar o valor nutritivo do arroz integral original com o germinado 4 dias, tendo como referencial a Pauta da FAO de 1973, lançando mão do Cômputo Químico (Chemical Score), seguem os dados conclusivos. Quantidade de Lisina: Segundo a Pauta da FAO.................................5,5 Arroz original......................................................4,8 Germinado 4 dias...............................................5,2 Cômputo Químico: Arroz original ................................................87,27 Germinado 4 dias..........................................94,54

CONCLUSÃO Observa-se, claramente, um aumento significativo no valor nutritivo do arroz germinado após 4 dias de processo.

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COMENTÁRIO FINAL

8.1. O presente artigo tem por objetivo instigar integrantes dos elos da cadeia produtiva do arroz a ampliarem as opções de agregação de valor. 8.2. Na busca de alternativas para agregação de valor ao arroz, arroz germinado poderia servir de base para ampliar o leque de possibilidades no mercado. 8.3. Um exemplo é o caso da farinha de arroz, que na sua versão convencional, via a simples moagem não decola no mercado. 8.4. A agregação de valor poderia ser na forma de uma farinha “top”. Partiria de matérias primas – arroz vermelho ou arroz preto – com Denominação de Origem, livre de agrotóxicos, processada por critérios de higiene da indústria de alimentos. O produto seria vendido em pequenas embalagens. 8.5. Respondendo a “pergunta que não quer calar”, sobre o processo de germinação de grãos, pode-se afirmar que não apresenta problemas sob o ponto de vista de processamento industrial: – Não seria muito problemática a instalação de unidades de germinação, por não necessitar nem sol nem solo adequado, fatores altamente limitantes nas experiências agronômicas; assim como, tampouco, grandes espaços nem grandes períodos de tempo de operação. – Os equipamentos disponíveis no mercado para o processamento de outros grãos servem para o arroz – Os equipamentos disponíveis no mercado para o processamento de outros grãos servem para o arroz.

Nota: O tema tem como base a pesquisa realizada no Instituto de Agroquímica y Tecnología de Alimentos (Valência-Espanha), sob o título Cámbios en los Constituyentes Químico del Arroz Durante la Germinación, atendendo demanda da FAO. Foi desenvolvido para obtenção do Diploma de Alta Especilización en Tecnología de Alimentos – 19791980 – tendo como autores G.W. Amato, M.D. Llácer M. e C.Gonzalez C., orientados da Dra. Carmen Benedito de Barber, in memorian.

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INOVAÇÃO

Lavoura high-tech

Drones, sensores, softwares... Não importa o bolso ou a terra: inovações tecnológicas chegam ao campo para aumentar a produtividade, reduzir custos e amenizar o impacto ambiental PEDRO PEREIRA

A

s preocupações mais comuns e insistentes entre os produtores rurais podem encontrar respostas no mesmo lugar. Questões como aumento de produtividade, redução de custos e impacto ao meio ambiente estão na mira do desenvolvimento tecnológico – que cada vez mais sai dos laboratórios e da cidade para invadir o campo. Entre as novidades aparecem desde itens mais elementares, como técnicas de irrigação e manejo, até inovações que há pouco tempo pareciam distantes. Unindo a vocação para o agronegócio com a aptidão tecnológica, o Rio Grande do Sul desponta como principal polo de inovação nas lavouras. O Estado é o terceiro no ranking nacional de startups, atrás apenas de

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São Paulo e Minas Gerais. São quase mil empresas, boa parte focada no aumento de produtividade no campo, as chamadas agrotechs. “O maior número de startups, se olhar por setor, é de agronegócio. Isso se deve muito a ser um estado forte no agro: tem muita oportunidade e muito problema pra resolver. O setor se abre cada vez mais para usar tecnologia e, com isso, ter um desempenho melhor”, avalia a coordenadora de startups do Sebrae RS, Débora Chagas. Algumas dessas iniciativas dão conta de acompanhar dados da lavoura informados pelo próprio produtor – ou, em alguns casos, registrados por sensores. Assim é possível mensurar a eficiência de cada insumo, por exemplo, para ajustar na etapa (ou no ano) seguinte. O uso de veículo aéreo não-tripulado (VANT) para o mapeamento das lavouras

também tem se popularizado. Primeiro porque, como em qualquer tecnologia, o custo cai à medida em que ganha mercado. Segundo, porque os resultados são realmente satisfatórios e os produtores percebem que o investimento dá retorno. Os VANTs incluem os populares drones, mas também outros tipos de aeronaves, como as que o engenheiro mecatrônico Antônio Arns utiliza em sua empresa, a Arnstronic. Filho e neto de produtores, além de aeromodelista desde a adolescência, foi natural que optasse por entender melhor dessas equipamentos quando chegou a época de escolher um curso superior. “Durante as férias fazia fotografias da propriedade. Via que os grandes gargalos, já naquela época, eram a irrigação e a distribuição de nitrogênio”, lembra, sobre as experiências que realizava há

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FOTO DIVULGAÇÃO

Inteligência artificial Os sistemas que monitoram as lavouras utilizam algoritmos baseados no aprendizado de máquina, que conforme recebem dados e rotinas se tornam cada vez mais independentes. Eles identificam se o solo está seco, por exemplo. Para isso, respondem a cada tipo de cor identificada, previamente classificada. Se o software tem dificuldade para classificar algum pedaço do solo por causa de interferência, como o reflexo do sol, os engenheiros tratam de corrigir e na próxima vez a máquina perceberá sozinha. A inteligência artificial consegue entregar dados cada vez mais completos e, melhor ainda, cruzá-los para sugerir a abordagem correta para resolver o problema. Além dos aparatos eletrônicos, especialistas também recomendam que os produtores busquem inovação no dia a dia. Um dos equipamentos que vêm crescendo é o pivô de irrigação. Segundo a coordenadora da Estação Regional de pesquisa do Irga em Cachoeira do Sul, Mara Grohs, eles reduzem o consumo de água em até 48%. “Também há uma economia em mão de obra, pois a necessidade de funcionários cai de quatro para cada 100 hectares, para um a cada 400 hectares”.

O que vem por aí

15 anos em Uruguaiana, sede da empresa. Desde então a tecnologia evoluiu bastante. Se antes os voos eram remotamente controlados, agora se tornaram autônomos. Ou seja: o terreno é mapeado e o VANT cumpre o roteiro de forma completamente independente, retornando com os dados para informar o que precisa ser corrigido na lavoura. Os softwares também evoluíram. “Antes era uma foto panorâmica onde eu enxergava possíveis problemas e relatava aos agrônomos e colaboradores, mas não conseguia medir o problema, o que dificultava a tomada de ações”, conta Arns. As imagens permitiam identificar zonas de manejo, mas para saber exatamente o que fazer era preciso uma análise presencial. Hoje, mosaicos e mapas georreferenciados transformam os dados em vetores e possibilitam que identificar zonas dentro

do talhão problemas de irrigação e deficiência de nitrogênio. “Conseguimos dizer que de 160 hectares, 10 não têm água. Isso significa um prejuízo de R$ 20 mil, o que justifica contratar mão de obra para a correção”, exemplifica o engenheiro. O Irga acompanha de perto o desenvolvimento dessas tecnologias. O pesquisador responsável pela Estação Regional de Uruguaiana, Cleiton Ramão, conta que a equipe deu suporte para os testes feitos nas lavouras. “Observamos através das imagens aéreas que quase todos os talhões monitorados apresentaram algum problema de irrigação, e isso é preocupante porque a cada dia de atraso da água nessas áreas se perde em produtividade (aproximadamente 100 kg ha dia). Isso deixa claro a importância do monitoramento aéreo”, alerta.

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Os veículos aéreos não tripulados já aplicam, eles mesmos, os defensivos nas lavouras. Esta deve ser uma das tecnologias mais difundidas nos próximos anos. “Drones bem utilizados na pulverização podem dar até 60% de economia para uma lavoura, na redução de herbicidas e inseticidas, porque aplicam de forma mais correta”, explica Débora Chagas, do Sebrae RS. A evolução de outras tecnologias e dos sistemas que funcionam integrados a sensores deve garantir uma produtividade cada vez maior. Com informação em tempo real vinda direto da lavoura, a tomada de decisão não apenas fica mais rápida, como também é mais certeira. Para que tudo isso entre em operação e faça com que o arroz gaúcho ganhe ainda mais produtividade, é fundamental que os produtores e trabalhadores do campo se conscientizem. “A gente percebe que o produtor precisa se envolver mais. Os que estão mudando, estão indo bem”, ressalta Mara Grohs. A boa notícia é que essas inovações estão ao alcance mesmo de pequenos produtores. Muitos sistemas são gratuitos para gerenciar até uma determinada extensão de terra, outros oferecem valores bem acessíveis – principalmente considerando a economia na lavoura.

Segue >

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INOVAÇÃO

Combinação para ser ainda mais preciso Cliente da Arnstronic, o engenheiro agrônomo Fernando Tarragó, gerente de produção da Granja Viana, de Uruguaiana, utiliza os voos de VANT para monitorar a irrigação da lavoura. “A lente térmica mostra onde não tem água. Isso ajuda os colaboradores a priorizarem alguma parte. Caminhando, não teria essa velocidade”, explica. No mesmo voo, outra câmera ajuda o sistema a calcular a população de plantas em cada local do talhão. Em vez de fazer uma adubação uniforme de nitrogênio, com os dados gerados é possível ajustar a adubação de cobertura, realizando uma distribuição do insumo a taxa variável, onde há mais população de plantas de arroz se reduz a dose e onde a população está abaixo do ideal se aplica uma dose maior de nitrogênio. Isso otimiza o uso de insumos. Tarragó gostou tanto da ideia que já sabe qual é o próximo passo: combinar o uso de câmeras com o monitoramento de colheita embarcado nas máquinas mais modernas da granja. Uma balança pesa e indica o índice de

Monitoramento por VANT l Um veículo aéreo não-tripulado sobrevoa a lavoura, seguindo um roteiro pré-definido

l Câmeras levantam dados como uniformidade

de irrigação e população de plantas em cada fração da área

l Os dados são utilizados para definir a quantidade de insumo que cada quadrante receberá

l Com essa precisão, é possível aumentar a produtividade e diminuir o uso de insumos ao mesmo tempo

R$ 45 mil Com os equipamentos, pode ficar entre

R$ 180 mil e R$ 320 mil

produtividade praticamente em tempo real. “Queremos cruzar o mapa de produtividade criado pela colheitadeira com as informações do VANT para tomar decisões específicas para cada parte da lavoura”, projeta.

R$ 8 a R$ 50 *O drone é um tipo de veículo aéreo não-tripulado (VANT), mas convencionou-se chamar de VANT aqueles com asa fixa (parecido com aeromodelo)

FOTO DIVULGAÇÃO

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Um modelo asa fixa*, sem tecnologia, custa cerca de

Já o serviço de monitoramento varia por hectare: de

VANT utilizado para monitoramento da irrigação em arroz

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QUANTO CUSTA?

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PESQUISA

Prevenindo a brusone de A a Z A doença que mais limita a produção de arroz no mundo, principalmente em regiões tropicais, pode ocorrer em todas as partes do Brasil. Mesmo assim, ainda há cultivares resistentes como a IRGA 431 CL

FOTO SERGIO PEREIRA, IRGA

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PESQUISA

TATIANA BANDEIRA

U

m das pragas mais prejudiciais ao arroz é causada por um fungo. Essa é a brusone, a doença que mais afeta a produção do grão no mundo, sobretudo em regiões tropicais. Na safra 2018/2019, ocorreu a quebra da resistência à brusone das cultivares IRGA 424 e IRGA 424 RI, mas isso não aconteceu com a IRGA 431 CL. De acordo com a equipe formada pela pesquisadora Débora Favero, o estudante de agronomia Roberson Diego Souza Almeida, os agrônomos Marcelo Gravina de Moraes, Carlos Henrique Paim Mariot e a pesquisadora Gabriela de Magalhães da Fonseca, a doença pode ocorrer em todas as regiões do Brasil onde o arroz é cultivado. Mas o fungo não apresenta a fase sexuada no País. A brusone pode ocorrer nos estádios vegetativo e reprodutivo da planta e, entre os danos causados, estão a diminuição da área fotossintética e da uniformidade na emissão de panículas, além do menor peso dos grãos, o aumento da esterilidade de espiguetas e a redução do rendimento de engenho. As cultivares IRGA 424 e IRGA 424 RI apresentam suscetibilidade a algumas populações do patógeno. O manejo preconizado para fazer frente à quebra de resistência à brusone envolve ações de melhoramento genético, de monitoramento, de manejo do solo e da cultura, além do uso de fungicidas. No caso da cultivar IRGA 431 CL, ainda resistente à praga, a instabilidade do patógeno traz uma situação dinâmica. Por isso, não é possível saber quando e se ocorrerá quebra de resistência. De qualquer forma, as cultivares e linhagens do Irga são continuamente monitoradas em condições de lavoura (pela extensão rural do Instituto) e no viveiro de brusone pela equipe de melhoramento genético.

Como acontece Quando a doença ocorre nas folhas, impede o crescimento das plantas e causa a morte foliar prematura, reduzindo a capacidade fotossintética da planta, e, indiretamente, o número de panículas e o peso dos grãos. Nas panículas, quando acontece próximo ao florescimento, causa a esterilidade parcial ou total das panículas e, após o enchimento dos grãos, pode

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Danos em números

80 países já comprovaram brusone, aproximadamente, em todos os continentes

10% a 30% é o volume de perdas no rendimento global do arroz

50 milhões de toneladas do grão por ano foram perdidas pela brusone, no início deste século

60 milhões de pessoas poderiam ter sido alimentadas com esse volume desperdiçado

causar a quebra da panícula na região afetada, sintoma conhecido como “pescoço quebrado”, resultando em perdas de produtividade de até 80%. Além destes efeitos, a brusone na panícula afeta a qualidade, resultando em grãos gessados, que reduzem o rendimento de engenho e o peso, aumentando também a quantidade de grãos quebrados. Os especialistas destacam que o patógeno também infecta outras gramíneas suscetíveis, entre elas espécies nativas de terras baixas, plantas daninhas e espécies cultivadas de importância agrícola, como azevém, aveia e trigo.

Como evitar Entre as estratégias de controle da brusone, destacam-se a utilização de cultivares resistentes, as boas práticas de manejo e o controle químico. Deve-se utilizar o manejo integrado na prevenção e controle da praga. A resistência genética é o principal fator, sendo o mais am-

plamente utilizado, entretanto, essa resistência tende a ser efêmera devido à adaptação do patógeno. Durante o cultivo, a eliminação de restos culturais, a semeadura na época recomendada, o controle de plantas daninhas, o manejo correto da irrigação e uma adubação equilibrada, sobretudo a nitrogenada, tendem a reduzir o risco de epidemias mais severas. O ambiente e as práticas culturais exercem um papel importante no aumento da doença. Temperaturas entre 20°C e 30°C (ótima de 26°C a 28°C) e umidade relativa do ar acima de 90%, principalmente durante o período da manhã, são favoráveis ao desenvolvimento do patógeno. A ocorrência frequente de orvalho, neblinas e chuvas fracas é indicativa de existência de umidade relativa favorável. Outro fator é a nebulosidade: quanto menor for o número de horas diárias de sol, maiores serão as possibilidades de ocorrência de brusone, principalmente em áreas com histórico de incidência da doença. O tipo de solo também é importante, visto que os mais arenosos e de baixa fertilidade tendem a favorecer o surgimento de doenças, em razão do seu desequilíbrio nutricional. Cerca de um milhão de hectares são cultivados anualmente com arroz irrigado no RS, em seis regiões orizícolas, que apresentam diferenças de solo e clima. As lavouras das Planícies Costeiras e da Região Central são as mais afetadas pela brusone, em relação às demais regiões orizícolas do RS, devido ao maior período de água livre sobre a área foliar, à maior ocorrência de precipitação e de temperaturas amenas no verão.

Orientação O monitoramento precisa ser uma prática regular na lavoura, verificando a incidência da doença e o estádio de desenvolvimento das plantas. Na cultura do arroz irrigado, o monitoramento efetivo de doenças deve ser realizado durante as fases vegetativa e reprodutiva, até o final do estádio R2 (emborrachamento). A partir do início da emissão das panículas (estádio R3), quando em condições favoráveis para o desenvolvimento do patógeno, haverá a ocorrência de brusone, principalmente em cultivares suscetíveis. É importante monitorar o grau de sanidade das plantas, que ficam mais vulneráveis à infecção por brusone quando estão sob estresse biótico ou abiótico.

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NOTAS IRGA, DIVULGAÇÃO

Ivo Mello é o novo diretor técnico do Irga O engenheiro agrônomo Ivo Mello é o novo diretor técnico do Irga. A nomeação foi publicada no Diário Oficial do Estado – ele é servidor concursado da autarquia e ocupava antes a função de coordenador regional da Fronteira Oeste. Ivo Mello se formou em Agronomia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (URFGS) em 1986. Foi coordenador do Clube do Plantio Direto de Arroz Irrigado, em Alegrete; presidente da Fundação Maronna; presidente da Federação Brasileira de Plantio Direto; e diretor técnico e diretor de Meio Ambiente da Federarroz. Também foi presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Ibicuí e conselheiro titular da representação Irrigantes do Conselho Nacional de Recursos Hídricos. O novo diretor técnico tem experiência na área de agronomia, com ênfase em lavoura orizícola e gestão de recursos hídricos, atuando principalmente em irrigação, plantio direto, manejo sustentável, gestão de qualidade, comitês de bacia e outorga de uso da água. Para o presidente do Irga, Guinter Frantz, a escolha de Ivo Mello para a diretoria técnica é fundamental para dar seguimento ao trabalho que está sendo feito. “Pelo Ivo ser um técnico do quadro de servidores, isso é muito

importante para o autarquia. Assim, ele pode dar continuidade a esse trabalho que já vem sendo feito na área técnica. Ele é uma pessoa extremamente capacitada e tem uma relação muito boa com as equipes da extensão rural e da pesquisa. E o Ivo tem também uma relação ótima com nossos conselheiros e com outros órgãos, outras federações”, destacou Frantz. Mello tem uma larga convivência com a instituição. “Eu conheço o Irga há 34 anos. Primeiro como produtor, depois como conselheiro e, agora, como servidor. Eu pretendo dar continuidade aos vários processos que se iniciaram na gestão anterior no que diz respeito a organizar equipe, projetos e planos de trabalho por meio de planejamento estratégico de toda a organização”, explica o diretor técnico. “Tenho o compromisso de fazer chegar ao produtor cada vez mais o que é novidade, o que é inovação. E fortalecer o produtor através do conhecimento. Como dizia o nosso amigo e guru Dirceu Gassen (professor e pesquisador falecido em 2018), o resultado de um hectare é proporcional à quantidade de conhecimento que é aplicado nesse hectare”, complementa. A direção administrativa do Irga segue nas mãos de João Alberto Antônio e a área comercial ainda aguarda a definição sobre quem será o novo titular da área.

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Suspensão de parte das atividades do Irga devido ao coronavírus Em 13 de março, o Irga publicou nota em seu site informando que, em cumprimento ao Decreto Estadual nº 55.115/2020, está suspendendo determinadas atividades em função da adoção de medidas de prevenção ao contágio pelo coronavírus (Covid-19). O decreto do governador Eduardo Leite, publicado no mesmo dia no Diário Oficial do Estado, determina a suspensão, pelo prazo de 30 dias, de “atividades de capacitação, de treinamento ou de eventos coletivos realizados pelos órgãos ou entidades da administração pública estadual direta e indireta que impliquem a aglomeração de pessoas; e a participação de servidores ou de empregados em eventos ou em viagens internacionais ou interestaduais”. Assim, além do cancelamento de atividades que seriam promovidas pelo Irga nos 30 dias seguintes a 13 de março, a entidade também não participará de outros eventos de terceiros que impliquem aglomeração de pessoas. Até o fechamento desta edição da Lavoura Arrozeira, o expediente de atendimento externo na sede administrativa e nos demais núcleos do Irga seguia sem alteração. A cerimônia de inauguração da nova sede administrativa da autarquia, que estava marcada para o dia 17 de março, também foi cancelada. O Irga ainda adotou uma série de medidas preventivas em relação à doença voltadas ao quadro de pessoal. Entre elas, cancelar a realização de reuniões e orientar os servidores sobre os sintomas e os cuidados necessários com o coronavírus.

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NOTAS FOTOS IRGA, DIVULGAÇÃO

Extra: saiu a nova Circular Técnica

Dia de Campo em Dom Pedrito O Irga participou do Dia de Campo das Sementes Simão, em Dom Pedrito. Com o tema “Demonstração de Tecnologias e Cultivares de Arroz e Soja”, o evento reuniu 442 pessoas em 6 de fevereiro, na área demonstrativa da empresa promotora. Na primeira estação do roteiro, a en-

genheira agrônoma Mara Grohs, do Irga, abordou o tema “Antecipação da Irrigação e Manejo das Principais Cultivares do Irga”. O roteiro completo contou com 12 estações, estruturadas e focadas no tema principal do evento. Participaram produtores de diferentes regiões do Estado.

Irga lamenta morte de conselheiro Com pesar, o Irga informa o falecimento de um de seus conselheiros mais atuantes. Frederico Bergamaschi Costa, representante do município de Rio Grande, faleceu na noite de 26 de fevereiro, aos 56 anos, em Porto Alegre. Ele era membro da Comissão de Política Institucional do Conselho Deliberativo da autarquia. Costa iniciou suas atividades no conselho no ano de 2000, como suplente. Foram sete gestões seguidas, duas na suplência e as cinco últimas como conselheiro titular. Em 2019, durante a 29ª Abertura Oficial da Colheita do Arroz, ele foi homenageado com a “Pá do Arroz”, distinção concedida pela Federarroz aos produtores orizícolas que se destacaram em sua atividade. Ele também era diretor de Mercado Externo da Federarroz. A diretoria executiva do Irga e seus servido-

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res registram aqui o seu abraço fraternal aos familiares e amigos de Frederico Costa, que deixou por onde passou o seu exemplo de dedicação e amor pelo que fazia.

O Irga publicou, em 16 de março, sua nova circular técnica com o tema “Compactação do solo: Um dos grandes desafios para o cultivo da soja em terras baixas”. O documento é de autoria dos pesquisadores da Estação Experimental da autarquia Darci Francisco Uhry Junior e Pablo Gerzson Badinelli, com apoio do professor da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) Enio Marchesan. A quinta circular lançada pelo Irga aborda a relevância da soja para a lavoura arrozeira como, também, o problema da compactação do solo para o cultivo da cultura. Explica como identificar a compactação do solo, apresenta alternativas para descompactação e experiências regionais realizadas em lavouras de soja das diferentes regiões arrozeiras do Rio Grande do Sul. O pesquisador Darci Uhry ressaltou que o objetivo da Circular é proporcionar maior estabilidade produtiva às lavouras de soja em terras baixas. “Essa Circular foi escrita visando chamar atenção dos produtores para um dos principais desafios do cultivo da soja em terras baixas, que é a compactação do solo.” Confira a nova Circular em irga.rs.gov.br

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Nates promovem roteiros técnicos

Arroio Grande – Em 19 de fevereiro, o 11° Núcleo de Assistência Técnica e Extensão Rural do Irga promoveu um roteiro técnico focado no tema “Desafios do Arroz em Plantio Direto e Soja em Terras Baixas: Adubações e Sistemas de Plantio”. Cerca de 80 pessoas, entre produtores, consultores e técnicos, compareceram. O evento ocorreu na propriedade de Tirone Faria Medeiros e no Centro Tecnológico do Chasqueiro, em parceria com a Universidade Federal de Pelotas (Ufpel) e com o apoio do Sindicato Rural de Arroio Grande e da Associação dos Arrozeiros. O

FOTOS IRGA, DIVULGAÇÃO

roteiro contou com a presença dos professores da Ufpel Rogério Oliveira de Sousa e Felipe Selau, ex-servidor do Irga. Na propriedade rural, os visitantes puderam observar áreas cultivadas com arroz no sistema de plantio direto, como também as diferenças de adubações e entradas de água na lavoura arrozeira. Após, em uma área de pesquisa no Centro Tecnológico de Chasqueiro, foram apresentados experimentos de adubação em soja e sistemas de plantio diversificados, tanto escarificado quanto disco duplo e soja em camalhão.

São Pedro do Sul – Em 20 de fevereiro, o 6° Núcleo de Assistência Técnica e Extensão Rural (Nate) do Irga, em parceria com a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), promoveu um roteiro técnico na cidade de São Pedro do Sul. O roteiro foi realizado na propriedade do produtor e presidente da Cooperativa Agropecuária (Cooperagro) de São Pedro do Sul, Fernando Cézar, e recebeu em torno

de 85 pessoas. O engenheiro agrônomo do Nate de Santa Maria, Luiz Fernando Siqueira, produziu uma oficina sobre regulagem de colheitadeiras junto a uma dinâmica de avaliação sobre perdas na colheita. Já o coordenador regional da Depressão Central do Irga, Pedro Hamann, apresentou detalhes sobre o manejo pós-colheita e demonstrou estações técnicas sobre a cultivar IRGA 431 CL.

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Queda de granizo causa estragos na lavoura O Instituto Rio Grandense do Arroz está registrando as primeiras comunicações sobre prejuízos causados pelo granizo nesta safra 2019/2020. Até abril, já se contabilizam cerca de 1 mil hectares de lavouras de arroz prejudicadas com as precipitações. As lavouras que fizeram o comunicado são das cidades de Mostardas e Viamão, ambas da região da Planície Costeira Externa. Dentre as suas atribuições, o Irga tem a responsabilidade de assistir os orizicultores no Rio Grande do Sul em eventuais prejuízos decorridos de precipitações de granizo. A indenização tem por base o custo de produção calculado pela autarquia. A indenização do granizo está prevista no artigo 20, § 2°, da Lei 533, de 31 de dezembro de 1948, com redação dada pela Lei n° 13.697, de 5 de abril de 2011. Foi regulamentado pelo Decreto n° 51.446, de 6 de maio de 2014. Também é regida pela Resolução n° 06/2014, de 6 de junho de 2014, e anualmente o valor da indenização. Conforme o Decreto nº 51.446/2014, os produtores têm até três dias após a chuva de granizo para notificarem o Irga sobre os estragos. O comunicado pode ser feito diretamente junto ao Núcleo de Assistência Técnica e Extensão Rural do Irga mais próximo ou pelo formulário on-line disponível no site do Irga.

Para comunicar granizo irga.rs.gov.br/comunicacao-de-granizo

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ARTIGO TÉCNICO

Plantas daninhas

Controle via manejo cultural Medida permite o aumento de produtividade da cultura do arroz e tem relação muito próxima com a irrigação, já que a água é considerada o herbicida mais eficiente POR MARA GROHS, LUIZ FERNANDO FLORES DE SIQUEIRA e PAULO FABRÍCIO SACHET MASSONI

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Detalhe do estádio do ponto de agulha ou S3. FOTOS MARA GROHS

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manejo de plantas daninhas é um dos custos de maior relevância dentro do custo de produção. Gasta-se em torno de 14% do custo total para se controlar plantas daninhas, mas isso varia bastante entre cada produtor. Fundamentalmente o histórico da área e o tipo de sistema de cultivo são o que determina quanto o produtor vai gastar, podendo esse custo variar em até 50% de produtor para produtor. Mas gastar mais não é sinônimo de lavoura limpa. Atualmente, em virtude do nível de resistência das plantas daninhas aos herbicidas, em alguns casos já ocorre o abandono de áreas devido à dificuldade de controle e, consequentemente, alto custo. O controle químico de plantas daninhas tem uma relação muito próxima à irrigação da lavoura de arroz irrigado. A água é considerada o herbicida mais eficiente da lavoura de arroz. Isso porque a lâmina de irrigação cria uma barreira física de transporte de oxigênio da atmosfera até o banco de sementes que está no solo, além de dificultar a passagem de luz, o que impede ou dificulta a emergência das sementes que estão presentes na área. Atualmente, a recomendação oficial segundo a Sociedade Brasileira de Arroz Irrigado é de que a irrigação definitiva se inicie quando o arroz está com três a quatro folhas. Segundo o minicenso realizado pelo Irga na safra 2014/15, onde foram consultados mais de 650 mil hectares de arroz, 80% dos produtores declararam iniciar a irrigação nesse estádio de desenvolvimento. O manejo estaria correto, não fosse o atraso em finalizar essa irrigação, que acaba sendo postergada em até três semanas, com o arroz já no perfilhamento. Isso traz prejuízos

Figura 1

bastante severos em relação ao potencial produtivo da lavoura, mas fundamentalmente impacta diretamente na eficiência dos herbicidas que são aplicados na lavoura, que são altamente dependentes de umidade para garantir uma performance satisfatória. Esse fato contribuiu para diminuir as médias de produtividade da lavoura de arroz e é um problema pouco discutido, visto que a questão da época de semeadura nos últimos anos vem sendo prioridade tanto nos discursos do Irga quanto no manejo cultural da lavoura. A problemática da época de semeadura foi tão discutida que aparentemente foi internali-

zada, visto que, na safra 2018/19, 89% dos produtores semearam as suas lavouras dentro da época recomendada, ou seja, até 15 de novembro. Isso porque o posicionamento das cultivares em épocas erradas reflete em uma perda de 50 a 75 kg/ha/dia. A questão é que o atraso da irrigação, após o arroz iniciar o perfilhamento, acarretará em um prejuízo de mais de 100 kg/ ha/dia, ou seja, o prejuízo é maior do que o atraso na época de semeadura. O ponto-chave para aumentarmos a produtividade média do Estado do RS está na semeadura das nossas lavouras no momento ideal, finalizando a irrigação com o arroz até quatro folhas.

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Figura 2 Experimento sobre manejo cultural de plantas daninhas em função da antecipação da irrigação sendo instalado na propriedade do Sr. Ricardo Lara.

Figura 3 Experimento sobre manejo cultural de plantas daninhas em função da antecipação da irrigação instalado na Estação Experimental do Arroz, safra 2018/19. FOTO PAULO MASSONI

O maior exemplo da eficiência da irrigação é o sistema pré-germinado, onde se utiliza a lâmina de água como uma barreira física impedindo ou dificultando a germinação de plantas daninhas e ainda favorecemos a planta de arroz com o fenômeno da “autocalagem”, que eleva o pH e libera do solo nutrientes essenciais para o desenvolvimento do arroz. E mesmo nesse ambiente nada confortável para a semente pré-germinada, a mesma consegue se estabelecer, tamanha a afinidade do arroz, com a água. Dentro dessa linha de pensamento, se uma semente pré-germinada consegue se estabelecer em um ambiente um tanto quanto inóspito, uma semente germinada dentro do solo conseguiria se estabelecer caso iniciássemos a irrigação precoce, ou seja, com o arroz ainda no ponto de agulha (Figura 1)? E dentro dessa perspectiva, será que conseguiríamos diminuir o custo com o controle de plantas daninhas? Diante desse cenário, iniciaram-se algumas investigações na safra 2018/19, em duas estações de pesquisa do Irga, em Cachoeirinha e em Cachoeira do Sul, bem como em nível de produtor (Figura 2) para elucidar as questões relativas ao controle de plantas daninhas e, também, em relação às alterações na morfofisiologia da planta, ou seja, estande inicial, perfilhamento, produtividade de grãos e qualidade física dos grãos e fisiológica das sementes. Os resultados de todos os experimentos são muito promissores. Primeiramente, em relação ao ponto de agulha, houve prejuízos na produtividade de grãos em todos os experimentos, na ordem de 8% a 20%, em função do menor estande inicial registrado. Porém, o que não era esperado foi que a irrigação da lavoura com uma ou duas folhas trouxe um acréscimo de 116 kg/ha/ dia em relação à irrigação da lavoura com três folhas. Ou seja, mesmo aquele produtor que consegue iniciar e finalizar a irrigação do arroz no estádio de três a quatro folhas já está perdendo produtividade de grãos. Em relação ao controle de plantas daninhas, os resultados foram muito satisfatórios (Figura 3). Quando houve a antecipação da irrigação para o estádio de uma ou duas folhas, a utilização de apenas pré-emergentes mais um dessecante, aplicado no ponto de agulha, apresentou uma média de controle de 90%, ou seja, com o uso de pré-emergente e ao antecipar a irrigação para uma ou duas folhas, o produtor melhora o controle de plantas daninhas, atingindo 100% de controle com a combinação da aplicação em pós-emergência. Desta forma, por não sofrer competição de plantas daninhas juntamente com o efeito benéfico da antecipação da irrigação, ocorre o aumento de produtividade de grãos (Figura 4).

Irrigação ponto de Agulha

Irrigação V1 e V2

Irrigação V3

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ARTIGO TÉCNICO

Pensando em estratégias para que não houvesse prejuízos no estande do ponto de agulha, estudaram-se dois materiais genéticos de vigor diferente e, também em temperaturas distintas, visto que esses dois fatores são fundamentais no processo de germinação e estabelecimento da lavoura de arroz irrigado. Para tal, foram utilizados o IRGA 424 RI e o IRGA 426, de baixo e alto vigor inicial, respectivamente. Para testar a temperatura, optaram-se por semeaduras em setembro, onde a temperatura do solo é baixa, diminuindo a velocidade de emergência

do arroz, e em novembro, onde as condições são mais favoráveis. Os resultados voltaram a se repetir, com menor estabelecimento de plantas no ponto de agulha e mesmo em cultivares de alto vigor, como no IRGA 426. Em relação à época, de setembro para novembro houve uma redução média de 40% no estande, demonstrando a grande sensibilidade das cultivares de arroz ao frio, mesmo as selecionadas para essa finalidade, como o IRGA 426. Com isso, a antecipação da irrigação é uma prática recomendada em épocas de temperaturas mais

elevadas, mesmo utilizando sementes com alto vigor genético (Figura 5). O ganho em relação à antecipação da irrigação para o estádio de uma folha, comparado a três folhas, variou de 94 a 175 kg/ha/ dia, para IRGA 426 e IRGA 424 RI, respectivamente, indicando um ganho em produtividade de grãos em relação ao que hoje é recomendado oficialmente. Considerando a média de todos os experimentos conduzidos na safra 2018/19, em diferentes locais, o ganho foi de 116 kg/ha/dia ao anteciparmos a irrigação de três para uma folha.

Figura 4 Controle de capim arroz em função do início da irrigação e uso de diferentes herbicidas Pré-emergente.

Fonte: Massoni et al. Congresso Brasileiro de arroz irrigado, 2019.

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Figura 5 Experimento sobre estratégias para a antecipação da irrigação, utilizando IRGA 424RI e IRGA 426, em duas épocas de semeadura, setembro e novembro, na Estação Regional da Região Central, na safra 2019/20.

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S3 Fonte: Russo, R.

Figura 6 Experimento sendo conduzido na UFSM, em parceria com o Irga, com o objetivo de avaliar a antecipação da irrigação e o manejo da adubação nitrogenada na safra 2019/20.

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da àquela em que o produtor opta por retirar “camadas” até o mês de dezembro. Espera-se que, com os resultados advindos desse projeto de pesquisa, possibilite-se a recomendação de uma irrigação antecipada na cultura do arroz que impacte diretamente sobre o melhor uso de herbicidas, principalmente os utilizados em pós-emergência, com aplicações em plantas com estádios de desenvolvimento

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FOTO: AUSTER TECNOLOGIA

Mas qual a explicação para esse aumento tão expressivo da produtividade? Considerando as alterações eletroquímicas que ocorrem no solo inundado, há a redução do potencial redox do solo, o que acarreta o aumento do pH e disponibilização de elementos de grande demanda para a planta de arroz, como fósforo e nitrogênio. E foi exatamente nesses elementos que houve um maior acúmulo na massa seca, no estádio R0, quando a irrigação foi antecipada, ou seja, é possível que esse aumento de produtividade se deva, em parte ao fenômeno da autocalagem. Porém, mais estudos nessa área devem ser realizados a fim de elucidar essa questão. Para a safra 2019/20, vistas as observações feitas no primeiro ano de estudo, foram introduzidos novos fatores de investigação, como o manejo da adubação nitrogenada e estratégias para superação de estresses. Em relação ao nitrogênio, um trabalho em parceria com a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) está sendo realizado com o objetivo de determinar se haverá alguma mudança na recomendação em relação ao manejo do nitrogênio, com a perspectiva da antecipação da irrigação para estádios onde as plantas estão no início do desenvolvimento (Figura 6). Em relação ao estudo de substâncias reguladores de crescimento, avaliou-se a utilização do ácido giberélico, que é um hormônio que tem relação direta com a germinação das sementes, com o objetivo de acelerar a germinação e influência da temperatura baixa sobre o estabelecimento das plantas e, dessa forma, viabilizar inclusive a irrigação no ponto de agulha. Os resultados, tanto desse estudo quanto do nitrogênio, estão em processamento e serão divulgados à medida em que forem finalizados. De todas essas informações levantadas até o momento, os produtores podem aplicar em suas propriedades alguns princípios. Levando em consideração aquelas áreas que estão infestadas com arroz vermelho resistente e não tiveram sucesso na rotação com culturas alternativas, como a soja, a antecipação da irrigação é uma ferramenta bastante eficaz no manejo cultural do arroz vermelho. Como essa planta tem seu pico de germinação no mês de novembro, deve-se planejar a semeadura da lavoura para o mês de setembro, máximo primeira semana de outubro. Utilizando uma cultivar ou semente de alto vigor, semear a lavoura e fazer o controle das plantas daninhas no ponto de agulha, utilizando dessecante de ação total e assim que o arroz emergir, proceder a inundação da lavoura. Certamente essa lavoura será mais produtiva, mais barata e mais limpa, compara-

iniciais e mais uniformes, fugindo assim de aplicações tardias com baixa eficiência. Além disso, esses resultados poderão servir de subsídios para o fomento da adoção de uma irrigação mais eficiente na cultura do arroz, visto que o atraso nessa prática, além de dificultar a eficiência dos herbicidas utilizados, diminui a eficiência do nitrogênio e prejudica o potencial produtivo das plantas.

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ALMANAQUE

Há 50 anos

na Lavoura Arrozeira REPRODUÇÕES / IRGA

Novembro e dezembro de 1968

Julho e agosto de 1968 Uma homenagem à Feira de Ribatejo, principal certame internacional agropecuário de Portugal, era o destaque de capa da edição n° 244. Rio Grande do Sul ostenta uma posição de destaque quanto ao tratamento de sementes de arroz. O avião na agricultura gaúcha era difundido na lavoura de arroz, substituindo os métodos convencionais na época de aplicação de inseticidas.

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Setembro e outubro de 1968 Na capa da edição n°245, o principal assunto era a importância da drenagem em terras de várzea para um melhor aproveitamento e produtividade nas lavouras. O Irga cria uma Comissão Estadual de Sementes de Arroz. Também nesta edição da revista, os arrozeiros da regional da Zona Sul pediam pela construção de uma barragem em São Gonçalo que impedisse a entrada de água salgada.

A edição n° 246 mostra o campo nativo da Fazenda Santa Rita, no município de Santo Antônio. Comissão com técnicos do Irga e demais entidades se reuniram para um estudo sobre a classificação do arroz, visando o comércio nacional e internacional. Engenheiro peruano Pedro José Cárpena palestrou sobre técnicas de beneficiamento do arroz para o Conselho Deliberativo do Irga.

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Irga 80 anos Eu faรงo parte desta histรณria

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