Revista Lavoura Arrozeira - 455

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EDITORIAL Prezado Leitor,

SUMÁRIO Mercado Programa Renda Seminário Arroz porque faz bem Arroz no Prato Campanha de Consumo Safra 2010/2011 Clima Inimigos naturais Nova praga Manejo Abertura da Colheita Projeto 10 Capa Eleições Irga Dias de Campo Conferência Internacional Simpósio Expointer Memorial Alberto Bins Pesquisa IRRI Notícias Gastronomia Almanaque

5 9 10 13 15 16 19 21 23 25 26 27 32 40 41 42 44 45 46 48 50 53 54

Os produtores de arroz do Rio Grande do Sul estão conduzindo bem a safra 2010/11, diferentemente de 2009. Neste ano a semeadura ocorreu de forma mais tranquila e dentro da época recomendada, o que é positivo para o desenvolvimento das lavouras, gerando a expectativa de uma recuperação dos volumes de produção e de rendimento médio da safra de arroz gaúcha. No que tange à comercialização, o momento também é de expectativa, mesmo que os preços ainda não tenham atingindo o patamar desejado pelos produtores. O setor buscou apoio do Governo Federal e foi contemplado com a realização de leilões de Prêmio de Escoamento do Produto, de modo a tentar recuperar a competitividade do arroz gaúcho no mercado internacional, diante de um câmbio amplamente desfavorável. O Irga acaba de conquistar um pleito importante, que é a eleição de seu presidente através de lista tríplice indicada pelo Conselho Deliberativo, o que valoriza o papel do produtor na escolha de representantes que estejam vinculados ao setor para atender os anseios e as necessidades da cadeia orizícola. A autarquia, de acordo com seu plano de investimento, está iniciando a construção de oito casas de arrozeiros nas regiões produtoras e contratando a construção do vertedouro da Barragem do Capané, em Cachoeira do Sul, demanda aguardada há mais de 60 anos. Nas próximas páginas poderemos acompanhar, com detalhes, a conquista do certificado de Denominação de Origem pelo Arroz do Litoral Norte Gaúcho, que passará a contar com um produto que agregará diferenciais de qualidade, sanidade e rastreabilidade, pontos importantes que contribuirão para agregar valor ao produto e que contribuirão para o desenvolvimento da economia da região. Estamos iniciando o próximo ano com mudanças de governantes em âmbito federal e estadual, dos quais esperamos contar com amplo apoio para atender as demandas do setor na busca de solução dos problemas estruturais da lavoura orizícola, elencados no Programa Renda. Desejamos ainda um final de ano repleto de alegrias, na certeza de um novo ano repleto de conquistas e de sucesso para toda a família arrozeira. Fique conosco produtor. Boa leitura!

Boa Leitura!

Maurício Miguel Fischer Presidente do Irga Lavoura Arrozeira -Porto Alegre, v.58 - número 455 - Dezembro 2010 RLA 455-2.indd 3

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EXPEDIENTE Diretoria do IRGA Presidente Maurício Miguel Fischer

Diretor Comercial Rubens Pinho da Silveira

Diretor Administrativo Carlos Rafael Mallmann

Diretor Técnico Valmir Gaedke Menezes

Lavoura Arrozeira Arte Camila Miotto Dalloglio Diagramação Mariana Bechert Edição e Redação Arno Baasch Guilherme Flach Mariana Bechert Viviane Mariot

Fotografia Mariana Bechert Robispierre Giuliani Viviane Mariot Tiragem dessa edição 12 mil exemplares

Colaboradores Athos Gadea Carlos Alberto Fagundes Cláudio Mundstock Daniel Santos Grohs Gilberto Wageck Amato Lilian Berwanger Deon Luis Antônio Valente Marco Aurélio Tavares Mário Sérgio Azeredo Thais Stella de Freitas Valmir Gaedke Menezes

Impressa por Companhia Rio-grandense de Artes Gráficas

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É permitida a reprodução dos textos desta edição, desde que citada a fonte. Lavoura Arrozeira - Porto Alegre, v.58 - número 455 - Dezembro 2010 13/12/2010 17:42:34


MERCADO

Preço de arroz surpreende em 2010, mesmo com a quebra de safra no RS O preço do arroz em casca no Rio Grande do Sul apresentou um fraco desempenho no ano safra 2009/2010, contrariando expectativas e até alguns fundamentos do mercado. A tendência de um comportamento favorável era prevista, principalmente, pela expressiva redução da oferta no mercado interno, resultante do forte impacto do evento climático El Niño na implementação da lavoura no Estado. Ainda que a safra de arroz gaúcha tenha sido a quarta maior já colhida até hoje, esta situação determinou uma quebra na produção regional da ordem de 1,3 milhão de toneladas. “Isso se refletiu na safra nacional, que totalizou apenas 11,260 milhões de toneladas, a menor safra dos últimos sete anos, com volume insuficiente para atender o consumo interno, determinando um quadro de suprimentos ajustado”, destaca o assessor de mercado do Instituto Rio Grandense do Arroz, Marco Aurélio Tavares.

O cenário interno de preços em 2010 conviveu diametralmente com a valorização do real frente ao dólar, com cotações médias da saca oscilando em torno de US$ 15,00, historicamente um preço favorável, mas em reais, com valores insuficientes para remunerar os custos de produção e, em algumas vezes, inferiores até mesmo em relação aos preços mínimos oficiais. Também a exigência de maior rigor na classificação (acima da IN 06) do arroz por parte das indústrias afetou a comercialização, com o preço médio praticado tornando-se virtual, ou seja, não sendo efetivamente aquele recebido pelo produtor, devido aos deságios praticados na operação. Tavares afirma que o câmbio causou forte impacto nas exportações, reduzidas em torno de 50% (dados até outubro) e também na formação de preços no mercado interno, visto que mesmo em safras expressivas como as de 2008 e 2009 os preços aos produtores haviam sido remuneradores, conforme mostra o gráfico 1.

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MERCADO As importações também se tornaram mais atrativas, devido às assimetrias tributárias em vários estados da União. Com isso, algumas vezes, foi mais vantajoso importar arroz do Mercosul do que o produzido no RS. Até outubro de 2010 tinham sido importadas 704 mil toneladas (expectativa de aumento de 20% sobre o ano anterior), sendo que os principais destinos foram: São Paulo, com 235 mil toneladas e Maranhão, com 123 mil toneladas, com forte predominância do arroz beneficiado, que representou 78% sobre o total internado no País. A inserção do arroz brasileiro no mercado internacional, nos últimos anos, por outro lado, acabou mostrando as mazelas do setor. Em 2010, a perda de competitividade do cereal gaúcho, tanto no mercado doméstico como no externo, mostrou a forte dependência das exportações como o principal vetor de preços do cereal. O enfraquecimento do mercado também se refletiu no beneficiamento e na saída de arroz em casca do RS com redução de 11,5% em relação ao ano anterior, o equivalente a 500 mil toneladas. “As questões macro-econômicas, como o câmbio e o consumo, e as questões estruturais, como altos custos, logística, tributação e assimetrias do Mercosul, afetaram fortemente a demanda e penalizaram o produto gaúcho, talvez sinalizando a necessidade de soluções além das emergenciais e conjunturais buscadas pelo setor tradicionalmente”, analisa. A passividade do Governo Federal em atuar no mercado também acabou influenciando na comercialização, com as cotações do arroz em casca sendo operadas abaixo do preço mínimo, a partir do final de setembro, em mais de sete semanas, sem qualquer suporte para a comercialização, o que deixou o mercado sem referência. “Diante deste cenário, restou ao setor buscar medidas paliativas, como o carregamento de estoques, através de EGFs e o adiamento dos custeios para evitar a precipitação da oferta em momentos de fraca demanda”, revela. Neste final de ano, a escassez de arroz no Mato Grosso, a reduzida disponibilidade de arroz no Mercosul, a recuperação dos preços no mercado internacional, as oscilações do câmbio e, principalmente, a realização de leilões de Prêmio de Escoamento da Produção (PEP) voltados ao escoamento para o mercado externo, poderão voltar a aquecer as cotações no mercado interno. A demanda pelos leilões de PEP, realizados entre o final de novembro e início de dezembro, será fundamental para o mercado, pois o adquirente será obrigado a adquirir, no mínimo 95%, do total arrematado do produtor gaúcho, dando a necessária liquidez à comercialização, principalmente, se esta operação for destinada ao exterior, reduzindo os excedentes internos.

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Por outro lado, Tavares sinaliza que haverá uma liquidação de custeios prorrogados e de EGFs, além de um início de colheita mais cedo em relação à safra passada, com melhores indicativos de boa produtividade, o que poderá exigir cautela por parte do produtor em termos de comercialização neste final de entressafra.

Mercado internacional firme e com incertezas neste final de 2010 O mercado internacional conviveu intensamente com o fenômeno weather market (mercado climático) em 2010, alterando as relações entre a oferta e a demanda mundial, e por consequência, o desempenho dos preços. O quadro de suprimentos divulgado pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), em novembro, apresenta uma redução na produção mundial em torno de oito milhões de toneladas, se comparado às previsões iniciais divulgadas no relatório de julho, conforme mostra a tabela 1, que indica o quadro de suprimento mundial de arroz. A incidência de efeitos climáticos devastadores ocorridos em 2010 na Ásia, onde se concentra 90% da produção, do consumo e dos estoques mundiais de arroz, acabaram reduzindo a produção global para a safra 2010/11, (que ainda assim deverá ser recorde), alterando, consequentemente, a oferta e a demanda mundial pelo cereal. Os fenômenos climáticos ocorridos na Ásia determinaram uma redução na projeção da produção para a safra 2010/11 de importantes países produtores e players de mercado, como Tailândia (- 250 mil toneladas); Índia (- 2 milhões de toneladas); China (-1,5 milhão de toneladas); Paquistão (-1,4 milhão de toneladas); Filipinas (- 300 mil toneladas); Coréia do Sul (-300 mil toneladas); Birmânia (-300 mil toneladas) e Indonésia (- 2 milhões de toneladas). Também as projeções de produção dos Estados Unidos foram reduzidas em 410 mil toneladas, influenciada pelo excesso de calor, embora ainda indiquem um aumento de 7% sobre a safra do ano anterior. Tavares entende que esta alteração na oferta mundial resultará em importantes reduções nas previsões de exportações de importantes agentes. “A Tailândia reduziu a previsão de exportações em 300 mil toneladas, o Paquistão, onde as grandes inundações também danificaram e causaram grandes danos na infraestrutura, reduzirá as exportações em um milhão de toneladas e a Birmânia em 100 mil toneladas”, disse. Para os importadores os volumes também foram revisados. A Indonésia aumentou suas perspectivas de compras em 250 mil toneladas e o Oriente Médio em 300 mil toneladas, enquanto as Filipinas, maior importador mundial, reduziu em 500 mil toneladas a necessidade de aquisições externas.

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MERCADO Com estas sensíveis alterações na oferta mundial, o cenário dos preços apresentou drástica mudança a partir de julho, indicando expressiva valorização das cotações do cereal, conforme mostra o gráfico 2. Em relação ao Mercosul, a expectativa é de uma safra acima de 15 milhões de toneladas, gerando um superávit entre produção e consumo superior a três milhões de toneladas. Logo, será indispensável desenvolver esforços para escoar excedente a terceiros mercados, de modo a não deprimir os preços no mercado intra-bloco. Uma das alternativas será o acordo Mercosul – União Européia, que está sendo alinhado e que, quando implementado, permitirá o escoamento de 400 mil toneladas (ou 600 mil toneladas/base casca) para um mercado diferenciado e que consume quase 1,8 milhão de toneladas anuais, base casca.

Que cenário teremos em 2011? Os indicadores acenam um cenário favorável para aumento da produção na próxima safra. O Rio Grande do Sul deverá atingir 1,15 milhão de hectares, com aumento da área plantada em 5%. Com 93% das lavouras plantadas até o dia 10 de novembro, melhor época recomendada pela pesquisa, e com a ocorrência do fenômeno La Niña, que tradicionalmente favorece a lavoura arrozeira, a expectativa é de uma safra cheia. Entretanto, cabe salientar que a ocorrência de forte estiagem e excesso de calor pode ser prejudicial às lavouras. Destaca-se que mais de 50% dos recursos hídricos utiliza-

dos são oriundos de lagoas, rios e arroios, que, em situações extremas, acabam limitando a irrigação, causando problemas na condução das lavouras. “A incógnita do mercado estará na comercialização. Esta dependerá muito do fortalecimento das cotações da entressafra, do comportamento do câmbio e do mercado internacional, além de recursos e de mecanismos de apoio à comercialização, onde a implementação de leilões de PEP, principalmente, será indispensável para permitir o escoamento da produção ao mercado externo”, finaliza.

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PROGRAMA RENDA

Programa Renda fará

parte da Agenda Estratégica da Câmara Setorial do Arroz Ao fazer uma avaliação do Programa Renda ao longo de 2010, o presidente do Instituto Rio Grandense do Arroz, Maurício Fischer, afirma que ações adotadas foram positivas e trarão resultados significativos a toda a cadeia arrozeira. “Demos um passo importante nesse ano, com a inclusão das ações em busca de renda na agenda estratégica da Câmara Setorial do Arroz, além de interiorizar as ações do Projeto junto aos produtores em várias palestras realizadas no Estado”. Para marcar a continuidade das ações do Programa Renda no que tange à gestão, foi firmado um acordo de cooperação entre o Irga e o Sebrae, assinado durante a Expointer deste ano, em Esteio (RS), visando ampliar a abrangência do programa de Boas Práticas de Gestão para Arrozeiros, qualificando produtores em planejamento estratégico do negócio, controle financeiro, ambiente da qualidade e gestão de processos. Fruto da parceria com o Sebrae, foram realizados e concluídos 13 cursos de capacitação em gestão, qualificando um total de 260 produtores das regiões da Depressão Central e da Planície Costeira Externa. “A meta é ampliar ainda mais esses cursos no ano que vem, atingindo todas as regiões arrozeiras”, destaca. Outra ação importante obtida foi a aprovação da proposta para desonerar impostos na exportação de arroz por parte da Câmara Setorial Nacional do Arroz, que pode chegar até 8,5%. A proposta, encaminhada através da Câmara, será agora analisada pelo Governo Federal aguardando-se um retorno para o início do ano. Fischer destaca que a proposta foi desenvolvida a partir de um estudo do Instituto Ícone Brasil com o intuito de estabelecer alternativas que desonerem a carga tributária da cadeia arrozeira na exportação, como o reintegro, que proporciona uma devolução presumida dos impostos pagos na cadeia de produção.

Também merece destaque, em parceria com o Governo do Rio Grande do Sul, um projeto de lei encaminhado à Assembleia Legislativa, que isenta a cobrança da taxa de Cooperação e Defesa da Orizicultura (CDO) para o arroz em casca beneficiado no estado que é direcionado à exportação. Outra ação importante foi a elevação do percentual do crédito presumido do ICMS de 3% para 3,5%, concedido pelo governo gaúcho. Para o presidente do Irga, essa medida, aliada à aprovação de isenção da taxa CDO, tornará o arroz gaúcho mais competitivo no mercado nacional e internacional. MARIANA BECHERT

Acordo firmado entre Irga e Sebrae neste ano irá garantir qualificação de produtores na área de gestão

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CONSUMO

Seminário Arroz porque Faz Bem

COMITÊ ORGANIZADOR DO EVENTO: LILIAN DEON, NUTRICIONISTA CARLOS ALBERTO FAGUNDES, ENG. AGR., M. SC. GILBERTO WAGECK AMATO, ENG. QUÍM., M. SC.

Um “time de peso” questionando “o arroz engorda”

Brasil é destaque na produção e consumo de arroz

O Instituto Rio Grandense do Arroz pautou as comemorações da Semana Mundial da Alimentação com informações úteis à sociedade sobre o arroz, o mais nobre entre os cereais de grande consumo. VIVIANE MARIOT

A parceria dos responsáveis pelo crescimento da atividade orizícola tem sido peça chave para colocar o Estado como produtor de quase 2/3 do arroz nacional. O Instituto Rio Grandense do Arroz, em suas sete décadas de vida, tem atuado desde a pesquisa até a política setorial, contribuindo para posicionar o Brasil como o primeiro país na produção e consumo do cereal fora do continente asiático.

Consumo: o elo esquecido

Presidente do Irga, Maurício Fischer, aborda a importância socioeconômica e cultural do arroz no RS

Público diversificado debate assunto único O Irga e a Fundação Irga receberam, no dia 14 de outubro, uma centena de formadores de opinião que atenderam à chamada para o Seminário “Arroz porque faz bem”. Participaram do debate interessados dos setores primário, comercial e industrial envolvidos com o tema arroz na alimentação e na saúde, juntamente com nutricionistas, médicos, engenheiros, estudantes e profissionais de outras áreas. O Secretário Estadual da Educação do Rio Grande do Sul, Ervino Deon, teceu considerações sobre a importância do cereal na alimentação escolar e as boas perspectivas de aumento da participação.

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Um diagnóstico, porém, motiva a preocupação objeto do Seminário: a identificação de que os esforços despendidos na pesquisa e extensão agronômica podem ser, ainda, mais efetivos se o consumo per capita no Brasil for aumentado. O tímido incremento no consumo verificado nos últimos tempos tem contribuído para uma diminuição do PIB da cadeia orizícola. Na busca do aumento do consumo nacional do arroz, seja branco, parboilizado ou integral, um dos entraves encontrados situa-se na falta de conhecimento das qualidades do grão por parte do consumidor, fruto da desinformação de formadores de opinião, como médicos, nutricionistas e jornalistas. O resultado é o prejuízo do cidadão-consumidor, que se vê privado de melhor nutrir-se. E, mais ainda, deixa de eleger um alimento de custo acessível. - De quem é a responsabilidade pelo desconhecimento? - Naturalmente, dos detentores da informação específica, onde o Instituto Rio Grandense do Arroz está inserido. Considera-se que há um desconhecimento geral dos aspectos nutricionais, nutracêuticos e funcionais, atributos que fazem do arroz “o mais nobre entre os cereais de grande consumo”. Para dar início à derrubada de mitos do tipo da visão reducionista “o arroz engorda”, o Seminário buscou um grupo de reconhecido destaque nacional e internacional.

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CONSUMO

Com a palavra o Centro Brasileiro de Nutrição Funcional A parte técnica do evento começou com uma breve palestra do Dr. Gabriel Piccinini de Carvalho, Nutricionista e Bioquímico, introdutor da Nutrição Funcional no Brasil, em 1999. É também presidente de honra do Centro Brasileiro de Nutrição Funcional e diretor do Instituto de Nutrição Avançada. Gabriel de Carvalho citou o pionerismo do CNBF em debater, em encontro nacional, as características funcionais do arroz. Comentou sobre a definição da Sociedade Brasileira de Alimentos Funcionais (SBAF). SBAF: "Um alimento pode ser considerado funcional quando, além de nutrir, é capaz de afetar beneficamente uma ou mais funções no corpo, melhorando a saúde e bem-estar e/ou reduzindo o risco de doença".

Resultados de pesquisas da USP Em seguida, a Dra. Úrsula Maria Lanfe-Marquez, Professora da USP, onde desenvolve há alguns anos uma linha de pesquisa sobre a qualidade nutricional e de propriedades bioativas do arroz, abordou o tema “Arroz integral, mitos e verdades”. Fez menção sobre alguns benefícios do integral, como segue. Grãos integrais para a saúde, quantificando suas reduções: - 25-36% o risco de doenças do coração; - 37% o risco de ataques cardíacos; - 21-43% o desenvolvimento de câncer; - 21-27% diabetes tipo II; - 0-40% o câncer relacionado a hormônios; - e tende a diminuir a obesidade. A professora Úrsula relatou que o FDA (Food and Drug Administration) aprovou alegação de propriedade de saúde para os cereais integrais, incluindo o arroz integral na lista de cereais com alegação de alimento funcional com propriedade de saúde. No Brasil, o tema ainda está pendente.

Com a palavra, o decano Um dos mais conceituados médicos brasileiros na sua área de especialização, o Dr. Luiz José Varo Duarte é Nutrólogo, especializado em Nutrição e Saúde. Consagrado, com 56 anos de formado, é considerado como “um dos pais da Nutrição no País”. O autor dos livros “Coma de tudo sem comer tudo” e “Alimentos funcionais” sintetizou a história da alimentação escolar no Brasil, desde a “sopa escolar”. Colocou o arroz como o ideal no fornecimento das calorias (carboidratos) necessárias ao aproveitamento metabólico protéico da alimentação escolar.

Adição de farinha de arroz ao macarrão A Professora Leila Picolli da Silva orienta Programas de Pós Graduação da UFSM. Desenvolveu sua apresentação com o tema “Arroz na merenda escolar: Mais do que um prato cheio!” Relatou a pesquisa (apoio Irga e CAPES) sobre avaliação de aspectos químicos e de efeitos nutricionais de grãos e co-produtos de arroz, como “Enriquecimento nutricional de macarrão com uso de subprodutos agroindustriais de baixo custo”. O resultado da adição ao macarrão padrão da mistura farinha de arroz com farelo de soja (3:1) resultou no aumento da eficiência do Valor Biológico (mede a eficiência da proteína) 46,40% para 92,5%, um resultado fabuloso!

O exemplo da “Merenda” em Porto Alegre A Dra. Sandra Pinho, vice-presidente do Conselho Regional de Nutricionistas, é Responsável Técnica pela Alimentação Escolar da Prefeitura de Porto Alegre. Colocou alguns números “sociais” referentes às 95 escolas e 197 creches conveniadas, que fornecem um milhão e cem mil refeições por mês. Ao serem servidos o almoço e jantar, constante é a presença do arroz.

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CONSUMO

Arroz não engorda! A palestra de encerramento foi ministrada pelo Cirurgião Cardiovascular Fernando Lucchese, internacionalmente reconhecido por ter realizado mais de 25 mil cirurgias cardíacas e mais de 100 transplantes do coração. Ele tem na sua produção científica mais de 1,5 milhão de livros vendidos. Lucchese questionou o mito que o arroz engorda: “O que engorda é carboidrato simples com alto índice glicêmico”. Em seguida, relacionou atributos do arroz: - Arroz e feijão reduzem a incidência de câncer de boca, faringe e laringe (International Agency for Research on Câncer - OMS). - Uma dose diária de farelo de arroz reduziu 51% no número de lesões pré-cancerígenas no intestino ( Departamento de Estudos de Câncer e de Medicina Molecular da Universidade de Leicester). - A farinha de arroz é mais saudável: absorve menos gordura; conserva o sabor dos alimentos; não contém glúten. - O arroz é um carboidrato complexo que neutraliza o excesso de acidez gástrica. Receita: 1/2 xícara de arroz cozido. (Faculdade de Farmácia e Ciência da Filadélfia). - Arroz previne cárie; preparado com água fluoretada pode fornecer 30% de flúor acima do necessário. (Faculdade de Odontologia de Piracicaba - Unicamp). Conselho final de Lucchese: Evite as três “farinhas”: açúcar, farinha de trigo refinada e sal. Mas coma arroz! “Lucchese costuma invocar a ajuda de Deus em suas cirurgias, considerando-se somente um instrumento na mão Dele”. Ao final, durante os debates, surgiu uma unanimidade entre os palestrantes: os benefícios (sinergismo) da mistura de arroz com o feijão!

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NOTA: As apresentações das palestras estão colocadas no site www.irga.rs.gov.br,“Programas e Projetos”, “Incentivo ao Consumo” [Clicar no ícone do evento].

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CONSUMO

Arroz no prato: mitos e fatos

LEILA PICOLLI DA SILVA - PROFESSORA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA (UFSM), DOUTORA ORIENTADORA NOS PROGRAMAS DE PÓS GRADUAÇÃO EM C&T DOS ALIMENTOS E ZOOTECNIA

O sucesso na lavoura precisa chegar às gôndolas Por muito tempo o arroz vem sendo pesquisado no País sobre seus mais distintos aspectos produtivos. Hoje, nos orgulhamos de deter o título de maior produtor fora do continente asiático, bem como, na Região Sul ostentar os maiores índices de produtividade, aliados à excelente qualidade tecnológica de engenho e de cocção. Mas nos últimos 30 anos, contraditoriamente, o consumo desse cereal está silenciosamente decrescendo, atingindo quedas alarmantes. O motivo para esse comportamento se deve, principalmente, à evolução do mercado alimentício de alimentos prontos e ou pré-prontos, que agregam facilidade de preparo e valores competitivos, fatores inestimáveis na atribulada vida urbana atual. Nesse cenário, o “arroz nosso de cada dia” pouco evoluiu na sua apresentação comercial, sendo que as variantes atualmente encontradas nas gôndolas ainda são escassas e a preços elevados, desmotivando a compra. Surge então a pergunta fundamental: como fazer que o sucesso alcançado na lavoura arrozeira nos últimos anos seja igualmente repassado ao seu consumo interno? São inúmeras as hipóteses que podem ser propostas nesse momento, mas todas elas devem partir da percepção que atualmente não basta produzir muito e eficientemente sem que haja incentivos para que tal produção tenha demanda mercadológica sustentável.

Revelar as necessidades nutricionais do arroz é preciso! Nesse âmbito, saber e divulgar as peculiaridades nutricionais do arroz em relação a outros alimentos igualmente rotineiros é imperativo. Tal percepção foi o agente motivador que uniu as Instituições Irga e UFSM (Universidade Federal de Santa Maria) no objetivo comum de conduzir pesquisas sobre a temática de “arroz como alimento”. Ao longo desses seis anos de parceria, vários apontamentos sobre qualidade nutricional desse cereal e de seus co-produtos, na nutrição adulta e infantil, foram levantados e estudados.

Uma das questões que sistematicamente vem à tona é se o arroz engorda. Obviamente, esse cereal, independente da sua forma de processamento (integral, polido, ou parboilizado) é - e sempre será - classificado como alimento energético, assim como todos os demais cereais e produtos farináceos/amiláceos. No entanto, antes de apontar resultados diferenciais deve-se deixar claro que todo e qualquer ser vivo, independente de sua faixa etária, sexo ou condição corporal, necessita de energia para manter suas funções vitais (funcionamento de órgãos, respiração, produção hormonal). O aporte energético mínimo diário é tão vital quanto o oxigênio, inclusive, esse se faz necessário justamente para que o organismo consiga converter a energia potencial presente nos diferentes constituintes alimentares em energia aproveitada para a manutenção de vida. Partimos então do importante entendimento que não é a classificação básica de um alimento que lhe dará um rótulo imediatista, mas sim o quanto se ingere desse alimento, bem como, o equilíbrio de seus nutrientes em relação aos demais que estão sendo ingeridos na dieta. Ou seja, o importante é o quanto se come e como combinamos os nutrientes consumidos ao longo do dia. Comer somente carne, frutas e verduras também pode levar a disfunções metabólicas, desde que este consumo esteja acima do recomendado ou que haja desbalanço e deficiência dos nutrientes da dieta.

Comparando o arroz com a massa Entendendo essas considerações básicas, podemos relatar que resultados obtidos em estudos comparando o consumo de arroz polido e de macarrão em uma dieta fornecida para ratos, indicaram que, embora não houvesse diferenças significativas no ganho de peso dos animais, a dieta com arroz como ingrediente energético proporcionou menores índices de colesterol e triglicerídios circulantes. Também trouxe menor acúmulo de gordura corporal, quando comparados aos animais que receberam macarrão como fonte energética. Esses resultados pressupõem que o arroz proporciona melhor aporte de nutrientes essenciais ao metabolismo, permitindo menor impacto sobre medidas básicas que são indicadoras de doenças crônicas futuras ou já instaladas.

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CONSUMO Combinando arroz com soja Esses resultados nos motivaram a estudar combinações entre o arroz (forma de quirera moída) e a soja (farelo) (proporção 3:1), com vistas a obter alimentos equilibrados nutricionalmente, com ação benéfica sobre o organismo humano, especialmente na fase de crescimento infantil. Considerando isto como ponto crítico para o bom desenvolvimento corporal e cognitivo, nosso primeiro passo foi desenvolver uma formulação de macarrão com perfil nutricional melhorado, testada em ratos na fase de crescimento, onde obtivemos resultados surpreendentemente promissores no que diz respeito à deposição muscular e indicativos de saúde geral dos animais.

A mistura arroz e soja em bolos e macarrão Na sequência, com essa mesma combinação de ingredientes, elaboramos uma farinha mista passível de ser aplicada em várias formulações alimentares (bolos, macarrão, biscoitos, massas salgadas) que foram testadas quanto as características químicas, sanitárias e de aceitabilidade sensorial. Uma vez aprovadas em todos os atributos, iniciamos o fornecimento desses produtos na merenda escolar de crianças carentes em situação de insegurança alimentar, que cursavam da primeira a quarta série (6 a 11 anos) do ensino fundamental de uma escola estadual do município de Santa Maria. Na análise inicial da população foi verificado que 45% das crianças apresentavam baixo peso ou peso excessivo, sendo esses problemas diretamente relacionados com o desbalanço nutricional. Após 79 dias de fornecimento dos produtos elaborados com a farinha mista (20 gramas de farinha/ aluno dia), observamos resultados muito promissores no que diz respeito ao desenvolvimento físico e capacidade cognitiva dessas crianças. Nas Figuras 1 e 2 é possível observar que nas duas primeiras avaliações nutricionais, sem recebimento da farinha mista, as crianças de baixo e excessivo peso ganharam pouco ou nenhuma massa muscular, mas a partir do momento que foram inseridos os produtos elaborados com a farinha mista, a deposição de massa muscular respondeu rápida e positivamente. Ao mesmo tempo, a deposição de massa gorda nas crianças com peso excessivo teve queda no período de intervenção. Em questionário realizado com as professoras foram destacadas melhorias significativamente positivas nos atributos de atenção, concentração e disposição dos alunos. Esses resultados, embora ainda preliminares, apontam um

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caminho altamente promissor para aplicação direcionada e racional do arroz na nutrição infantil, sob diferentes apresentações alimentares, a baixo custo (R$ 0,12 a R$ 0,17 criança/dia) e com melhorias nutricionais animadoras, que se refletiram rápida e positivamente no crescimento físico e cognitivo das crianças.

Desmistificando para aumentar o consumo Esperamos que esse breve relato de alguns dos resultados obtidos pelo nosso grupo de pesquisa, estudando o arroz como alimento, possa servir de subsídio para abrir novas perspectivas de ampliação de consumo desse cereal, que comprovadamente apresenta características nutricionais de grande importância tanto para o desenvolvimento infantil como para a manutenção da saúde adulta, desmistificando informações desencontradas com conclusões precipitadas e sem embasamento cientifico.

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CONSUMO

Aumento do consumo é tema de campanha A Campanha de aumento do consumo de arroz realizada pelo Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) vem apresentando novidades e novos objetivos a serem alcançados. Durante a última Expointer foram lançados os bonecos Arrozino e Dona Rozita. Juntamente com seus filhos, Arrozinha e Júnior, o casal tem a missão de incentivar o aumento de consumo do cereal nas crianças e adolescentes. A Família Arroz ajuda o Irga no Projeto Arroz na Merenda Escolar (PrA Merenda) buscando estimular o gosto pelo arroz e seus derivados desde a infância. O material informativo conta a história do arroz, curiosidades sobre o cereal, informações sobre a pirâmide alimentar, tipos de arroz, o arroz e o meio ambiente, os animais que compõem a fauna da lavoura, o caminho do arroz da lavoura até ser distribuído para os supermercados e receitas com arroz e derivados. A publicação é voltada às crianças em idade escolar e que estão nas séries iniciais e o material vai ser distribuído na rede de escola pública do Rio Grande do Sul. Um dos principais objetivos do projeto é o aumento do consumo do arroz e também o de despertar o gosto das crianças por produtos que possuam arroz e derivados desde a infância, quando são formados os hábitos alimentares saudáveis. O presidente do Irga, Maurício Fischer, salienta a importância de realizar e começar essa campanha com o público infantil, pois é nessa idade que acontece a educação alimentar. O PrA Merenda prevê também capacitação das merendeiras da rede estadual de ensino para que incluam, no cardápio diário das escolas, além do tradicional arroz, receitas que utilizem os derivados do cereal, como a farinha, o óleo, biscoitos e macarrão. Já com o início das ações sobre o projeto, foram realizados dois encontros com produtoras rurais. Em Formigueiro foi realizada palestra e capacitação para 60 mulheres e em São Gabriel, durante a programação do Dia do Arroz, foi realizado concurso de melhor prato à base do cereal. O prato vencedor foi o Cabo de Relho, da Barbara Baptista (confira receita na editoria de Gastronomia). No início de novembro também houve um dia de atividades em uma escola particular de Canoas. Os alunos do terceiro ano do ensino fundamental estavam estudando sobre a Zona Rural tendo sido a cultura do arroz apresentada para eles. Foram 30 crianças que receberam a cartilha se divertiram e aprenderam com os jogos e com a palestra da nutricionista do Irga, Lilian Berwanger Deon.

MARIANA BECHERT

Arrozino e Dona Rozita divertem público inflantil MARIANA BECHERT

Receitas com arroz e derivados foram apresentadas na Expointer 2010

ARQUIVO PESSOAL/ LILIAN DEON BERWANGER

Alunos conferem como é o arroz no início do desenvolvimento

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SAFRA 2010/11

RS registra a

melhor semeadura de arroz da história Atendendo as recomendações do Instituto Rio Grandense do Arroz, os produtores de arroz gaúchos tiveram êxito nas atividades de semeadura da safra 2010/11, cumprindo com o cronograma de atividades, na maioria das regiões, dentro da época recomendada. “Esta foi a melhor semeadura de arroz da história do Rio Grande do Sul, visto que na primeira semana de novembro o Estado tinha cerca de 93% da área cultivada”, comenta o diretor técnico do Irga, Valmir Menezes. O Estado conseguiu uma recuperação da área semeada na safra 2010/11, em comparação com as áreas colhidas nas safras 2009/10 e 2008/09, alcançando 1,152 milhão de hectares, conforme mostra a tabela 1. “Essa é uma das maiores áreas já cultivadas pelos arrozeiros gaúchos. Também é importante mencionar que houve um incremento de área em todas as regiões arrozeiras frente à área colhida na safra passada”, analisa Menezes. Esse avanço, tanto na área cultivada quanto na conclusão antecipada dos trabalhos de semeadura mostra que os produtores estão mais organizados, com a adoção de técnicas recomendadas pelo Projeto 10. Apenas para ter uma ideia, em 7 de novembro, 92,5% da área total prevista para o Estado, de 1,148 milhão de hectares, havia sido semeada, bem à frente dos 62,8% registrados na safra 2009/10, dos 55,3% conseguidos na média de 2008 e 2009 e dos 30,4% verificados na média das safras de 1993 a 2002, conforme se observa no gráfico 1.

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Menezes informa que a semeadura antecipada foi possível graças à dedicação dos produtores, que seguindo as recomendações de manejo e de preparo do solo, conseguiram, em sua maioria, fazer um bom estabelecimento das lavouras. O clima de modo geral foi bastante favorável à semeadura, em razão do tempo seco e da boa condição de reserva hídrica nas regiões produtoras do Estado. "Isso atenuou alguns problemas verificados em áreas onde a precipitação foi insuficiente para garantir o nascimento das plantas de arroz, que tiveram de ser “banhadas” para nascer. Outros transtornos percebidos decorreram das baixas temperaturas em algumas regiões, que dificultaram a germinação das lavouras, e a utilização de sementes com menor qualidade, o que também retardou um pouco o desenvolvimento inicial das lavouras", explica.

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SAFRA 2010/11 Observando-se o gráfico 2, Menezes sinaliza que a semeadura transcorreu de forma satisfatória em todas as seis regiões arrozeiras do Rio Grande do Sul, que em 15 de novembro, estavam com mais de 90% de suas áreas semeadas. Entretanto, verifica-se que há três regiões (Fronteira Oeste, Campanha e Zona Sul) que estão acima da média estadual. Já a Depressão Central e as Planícies Costeira Externa e Interna situam-se abaixo da média. A diferença para as regiões mais avançadas é que elas começam mais cedo a semeadura (em meados de setembro) e, por consequência, terminaram primeiro. É sempre bom lembrar que nas lavouras onde o cultivo iniciou mais tarde o mês de outubro foi excepcional este ano para os trabalhos de campo. Em anos com maiores precipitações os agricultores que iniciassem a semeadura mais tarde teriam muitas dificuldades em terminá-la na época mais adequada. Outro fato relevante é que as regiões mais atrasadas em relação à época de semeadura já dispõem de um núcleo de produtores que começaram a semeadura em meados de setembro e início de outubro. Estes servirão de modelo para os demais. "Tudo indica que teremos uma safra favorável em termos de produção e produtividade média, o que normalmente ocorre quando a semeadura é realizada dentro da época ideal e em anos secos com alta luminosidade", pontua.

Apesar da semeadura antecipada, falta de chuva e baixa temperatura prejudica lavouras Apesar da semeadura antecipada ter ocorrido de forma plena em todas as regiões arrozeiras do Estado, com destaque para o município de Dom Pedrito, o primeiro do Estado a concluir a semeadura da safra 2010/11, a Revista Lavoura Arrozeira procurou conversar com alguns produtores que tiveram a emergência de suas lavouras prejudica pela falta de chuva e as baixas temperaturas. O engenheiro agrônomo da Fundação Irga em Dom Pedrito, Leandro Luiz Mainardi, ressalta que a emergência das plântulas foi prejudicada pela falta de umidade do solo e pelas baixas temperaturas verificadas durante os meses de outubro e novembro. "Ocorreram banhos de emergência em torno de 40% das lavouras do município, em especial nas áreas de solo mais pesado. Isso foi necessário para que houvesse uma uniformidade no estande das lavouras, favorecendo a germinação", explica. Conforme Mainardi, em muitos casos, a umidade não foi suficiente, já que a ocorrência de ventos fortes e temperatura baixa dificultaram o processo de germinação e muitas sementes perderam a viabilidade. A necessidade do banho de emergência incute em maior custo ao produtor, com aumento de mão-de-obra, bem como a utilização de um volume de água que estava reservada somente para a irrigação definitiva, o que provocou uma queda dos níveis das barragens e dos recursos naturais existentes. O produtor Elvio Antonio Marchezan enfatiza que foi preciso banhar para nascer cerca de 70% dos 300 hectares cultivados com arroz, o que traz certa apreensão quanto ao desenvolvimento da lavoura, haja vista que o clima promete ser seco. "As últimas chuvas na região, no início de novembro, possibilitaram que o restante da lavoura não precisasse ser banhado para nascer. A situação mesmo assim é preocupante porque, mesmo com o banho, muitas sementes não germinaram por falta de umidade. Agora haverá um custo maior para drenar essa água utilizada na lavoura", sinaliza. O produtor Alamir Bianchin Viero demonstrava preocupação também, pois, em 39 anos de atividades na região, esta foi a primeira vez em que teve de banhar a lavoura para que ela pudesse nascer. "A lavoura foi plantada de 20 de setembro a 3 de outubro, mas não se desenvolveu de forma parelha. Em algumas áreas o arroz nasceu bem, em outras não. Além disso, o vento forte registrado na região e as baixas temperaturas também vem dificultando o desenvolvimento da lavoura", revela.

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SAFRA 2010/11 Expectativa de produtividade para safra de arroz gaúcha é positiva Ainda que tenham ocorrido problemas em algumas regiões, o diretor técnico do Irga, Valmir Menezes, projeta uma expectativa de produtividade positiva para a safra gaúcha como um todo, alcançando um rendimento médio próximo de 8 toneladas por hectare, similar a obtida em safras anteriores. Para isso, porém, ele alerta a necessidade dos produtores cumprirem corretamente com as técnicas para a obtenção de altas produtividades, como o manejo da irrigação, o controle de doenças e insetos e uma adubação de acordo com a densidade recomendada.

Cuidados e recomendações para melhorar os resultados da safra A Revista Lavoura Arrozeira procurou trazer recomendações a serem seguidas pelos produtores em termos de adubação, doenças, insetos e manejo de água com o intuito de garantir uma safra de arroz com resultados positivos. Adubação A atual ocorrência do evento climático La Niña, somado à conscientização do produtor quanto ao preparo antecipado e a data de semeadura, favoreceu o plantio de mais de 90% da área prevista antes de 10 de novembro. Esse contexto favorece a expressão do potencial produtivo das variedades de arroz utilizadas no Rio Grande do Sul, desde que as plantas estejam bem nutridas. Com isso, o Irga recomenda que os produtores planejem a adubação de suas lavouras conforme as recomendações de adubação para alta expectativa de rendimento, de acordo com os resultados expressos em análise prévia do solo e o histórico da área. As previsões climáticas para o restante da safra são favoráveis à cultura, tanto no período vegetativo, quanto no reprodutivo, constituindo um panorama ideal para alta resposta à adubação. Ou seja, para aqueles agricultores que não tem problema de água é recomendado usar a melhor adubação possível. Doenças A safra 2010/2011 promete menor risco de perdas relevantes sobre a cultura pela incidência de doenças caso confirme-se o prognóstico de La Niña. Neste ambiente, em geral, as condições favoráveis à ocorrência das principais doenças (especialmente a brusone) tendem a diminuir. Além disso, em função do recorde de área semeada até o final de outubro, haverá maior escape de lavouras daquele período de maior pressão de doenças (que ocorre nas lavouras semeadas após 10/11). Portanto, a recomendação

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para estes produtores é o monitoramento da lavoura, em busca dos sintomas iniciais, antes de optar pelo uso preventivo do fungicida. Porém, cabe ressaltar que esta recomendação não cabe para as áreas com histórico de Cárie dos grãos. A última epidemia desta doença ocorreu exatamente no último La Niña, na safra 2004/2005. Assim, o produtor que já obteve danos significativos com esta doença em sua lavoura deverá priorizar a aplicação preventiva de fungicidas exclusivamente no estágio R2 (final do emborrachamento). Insetos Anos secos e com baixas temperaturas são ruins para o desenvolvimento de muitas espécies de insetos-praga do arroz. A grande maioria pode permanecer por mais tempo no sítio de hibernação e diminuir a velocidade de desenvolvimento. Entretanto, algumas podem beneficiar-se da pouca disponibilidade de água, como o pulgão-da-raiz e pulga-da-folha na fase inicial. A partir do período reprodutivo, a maior beneficiada com a pouca disponibilidade de água é a lagarta-da-panícula, que prefere locais secos para seu desenvolvimento. Assim, a eventual falta de água pode antecipar a entrada desta praga na lavoura, ocorrendo em grandes populações logo após o florescimento. Cabe lembrar que a safra passada foi de grande ataque de percevejos em algumas regiões, onde a população em hibernação é alta, havendo maior risco de altas infestações novamente. Outro inseto-praga que costuma ter maior presença em anos mais secos é o cascudo preto (Euteola sp), principalmente naquelas lavouras em que se suprime a irrigação antecipadamente para a colheita no seco e/ou mesmo naquelas lavouras com irrigação deficiente. Como sempre, o monitoramento feito pelo produtor é indispensável durante toda a condução da lavoura. E neste ano, esta prática tem que ser feita com muita frequência, pois em algumas regiões a única área verde nos campos, além dos eucaliptos, é a lavoura de arroz. Estas serão os locais onde os insetos poderão se alimentar. Manejo de água A seca este ano começou mais cedo e interferiu negativamente no estabelecimento das lavouras em algumas localidades. Muitas áreas tiveram que ser ‘banhadas’ para a formação adequada do estande. Ela é bastante drástica nas lavouras junto à borda com o Uruguai. Nas demais regiões voltou a chover, mesmo que de forma esparsa, e os problemas, por ora, estão amenizados. Os rios Santa Maria e Quaraí estão praticamente secos e não fornecem mais água para as lavouras. Por causa da seca em muitas áreas na região arrozeira sugere-se aos produtores tomarem medidas para economizar água desde agora, sempre lembrando aos orizicultores que o arroz é mais sensível a falta de água na fase reprodutiva. Conduzir as lavouras a ‘banhos’ onde há escassez de água a partir do completo estabelecimento da mesma parece ser a medida mais adequada. Nunca se deve deixar a lavoura secar completamente para iniciar a reposição de água.

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CLIMA

La Niña

influencia safra de arroz 2010/11 COLABORADOR: CÁTIA VALENTE SOMAR METEOROLOGIA – PORTO ALEGRE / SÃO PAULO As condições climáticas para a safra de arroz 2010/11 do Rio Grande do Sul mudam em relação ao observado na safra passada. Neste momento as águas do Oceano Pacífico equatorial se encontram mais frias que o normal, configurando o fenômeno La Niña, que por sinal, já mostra a sua influência. Desde outubro as chuvas já diminuíram no Estado. Em várias regiões o mês terminou com volumes bem abaixo do padrão. A La Niña está associada com redução de chuva e aumento do risco de estiagens regionalizadas sobre as regiões produtoras de arroz do Rio Grande do Sul. Não há previsão de ausência total de chuvas, mas de volumes menores e má distribuição. Este episódio tem intensidade moderada a forte e, de acordo com os principais institutos internacionais de meteorologia, deve se prolongar pelo menos até meados de 2011, como se pode observar nas figuras na próxima página. Confira os principais impactos da La Niña diretamente na produção de arroz: Níveis das Barragens: as chuvas que ocorreram ao longo dos últimos meses contribuíram para uma recuperação do nível das barragens e reservatórios do Rio Grande do Sul deixando uma situação confortável aos produtores gaúchos. No entanto, desde outubro as chuvas diminuíram e ao longo dos próximos meses a tendência é de que os volumes permaneçam abaixo do padrão. Com isso, chamamos a atenção no sentido de que o produtor deve ficar atento, pois não poderá contar com reposição das águas nas barragens ao longo da safra. Semeadura: de um modo geral o clima vem contribuin-

do de forma mais favorável a semeadura da lavoura de arroz, pois, com a presença da La Niña, a primavera não tem sido chuvosa como na última safra. No entanto alguns produtores já tiveram que fazer uso de água para banhar as lavouras. Temperatura: desde já a temperatura média está em gradual elevação. Afinal de contas, estamos nos aproximando do verão. Porém, em anos de La Niña é normal a entrada mais frequente das massas de ar frio, fazendo com que a primavera seja mais fria do que o padrão. Essas temperaturas mais baixas vêm mantendo o solo mais frio, o que pode ainda atrasar a emergência das plantas. Para o verão se espera que as temperaturas variem dentro das médias climatológicas do período. Porém, vale lembrar que em anos de La Niña ocorre uma grande amplitude térmica, com tardes quentes, noites e madrugadas mais frias. Há grande probabilidade de temperaturas mais baixas (<15 °C) ao longo dos meses de dezembro a março. Luminosidade: o fator da luminosidade é o ponto alto desta safra. Em anos de La Niña, durante o verão, predominam dias ensolarados e com alta incidência de radiação solar, reduzindo o risco de ocorrência de doenças fúngicas nas lavouras. Colheita: com a redução da chuva, a colheita fica mais tranquila já que o risco de enchentes e inundações é baixo. No entanto, cabe salientar que a La Niña no final do verão já pode estar em processo de enfraquecimento o que, combinado com o fato de que a partir de março e abril as frentes frias voltam a ficar mais frequentes sobre o Rio Grande do Sul. Isso pode provocar apenas alguns episódios de chuvas.

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CLIMA

A figura acima apresenta a projeção mensal da anomalia na temperatura (°C) da superfície do mar sobre os Oceanos, com destaque para o Oceano Pacífico equatorial (Lat: 20S/20N, Long: 80W/1140E), no período entre dezembro de 2010 e maio de 2011, onde as áreas na cor azul representam águas mais frias do que o normal (La Niña), enquanto as áreas nas cores laranja e vermelho representam áreas com águas aquecidas. (Fonte: SOMAR Meteorologia)

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Inimigos naturais

SAFRA 2010/2011

em arroz irrigado

THAIS FERNANDA STELLA DE FREITAS – ENGENHEIRA AGRÔNOMA – DEPARTAMENTO DE ENTOMOLOGIA DO IRGA JAIME VARGAS DE OLIVEIRA – ENGENHEIRO AGRÔNOMO – DEPARTAMENTO DE ENTOMOLOGIA DO IRGA LÍDIA FIÚZA – ENGENHEIRA AGRÔNOMA E CONSULTORA DO IRGA

A presença de insetos indesejáveis é um dos entraves na produção agrícola em qualquer cultura ou ambiente. Insetos-praga, ou insetos fitófagos (que se alimentam de plantas), podem causar dano direto à produção (quando consomem o tecido foliar, raízes ou sugam os fotoassimilados), ou dano indireto (quando diminuem a qualidade dos grãos ou permitem a entrada de fitopatógenos). Como pragas bem disseminadas nas lavouras e conhecidas pelos produtores destacam-se a bicheira-da-raiz, os percevejos e as lagartas, entre outras. Além das pragas, também estão presentes nas lavouras insetos que não se alimentam de plantas, mas de outros insetos, ou que precisam deles em alguma fase da sua vida para se desenvolver. Somam-se a eles aranhas, ácaros e microorganismos (fungos e bactérias) que também exercem uma função benéfica para a produção agrícola. Este grande grupo é composto pelos inimigos naturais, assim chamados por serem habitantes da lavoura que realizam o controle biológico das pragas. A seguir, são descritas as principais categorias de inimigos naturais.

Predadores Esse grupo é formado por insetos, ácaros e aranhas que se alimentam de outros insetos ou das posturas das outras espécies. Normalmente são “generalistas”, ou seja, não possuem especificidade na sua predação, podendo alimentar-se de diversas espécies, inclusive de outros inimigos naturais. Sabe-se que algumas joaninhas e besouros têm preferência por pulgões, e que alguns besouros e esperanças preferem alimentar-se apenas das posturas dos insetos. A aranha costuma ser extremamente abundante nas lavouras de arroz, caracterizando-se, na maioria das vezes, como o principal predador, podendo atacar tanto insetos quanto posturas. Libélulas, joaninhas e esperanças também ocorrem com muita frequência.

Parasitóides São insetos que depositam seus ovos no interior de outros insetos ou nas posturas de outras espécies. Logo após a postura, o parasitóide que se desenvolve no interior do hospedeiro faz com que o inseto-praga paralise sua alimentação, seguido da morte do inseto e emergência de

um novo parasitóide. Ao contrário da predação, no caso do parasitismo costuma haver maior especificidade na escolha do hospedeiro. Na lavoura de arroz os principais parasitóides são os microhimenópteros, os quais podem passar despercebidos pelo agricultor porque se assemelham a pequenas vespas. Esses inimigos naturais têm preferência para efetuarem suas posturas no interior do corpo das lagartas, dos pulgões e de ovos dos percevejos.

Microorganismos Alguns microorganismos são específicos na infecção de insetos e outras espécies de pragas, onde se destacam, em ordem de especificidade, os vírus, as bactérias e os fungos. Todos esses organismos microscópicos que causam doenças em insetos se protegem nas plantas e no solo. Os fungos têm maior espectro de ação, pois causam a morte de larvas e adultos de diversas ordens de insetos-praga, podendo haver epizootia natural em anos agrícolas com elevada temperatura e umidade. Os insetos atacados pelos fungos são facilmente visualizados, pelo aspecto mumificado de coloração branca, quando infectados por Beauveria bassiana, e cinza-esverdeado, quando contaminado por Metarhizium anisoplie. A contaminação mais frequente entre as pragas da lavoura de arroz, especialmente no período da entressafra, nos locais de hibernação, é do percevejo-do-colmo (Tibraca limbativentris) e da broca-do-colo (Ochetina sp.), cujos dados já foram divulgados por pesquisadores do Irga, onde foram identificadas tanto estirpes de M. anisopliae quanto B. bassiana, respectivamente. Nas lagartas a doença branca é a mais comum causada pelo fungo Nomuraea rileyi. Quanto às bactérias e vírus, destacam-se o Bacillus thuringiensis e os vírus de Poliedrose Nuclear e Granulose, com grande especificidade principalmente às lagartas e elevado potencial na formulação de biopesticidas, porque atuam por ingestão e têm baixa capacidade de causar epizootias naturais. Os inimigos naturais são importantes, mas não causam a eliminação total das pragas de uma lavoura, pois o equilíbrio deve existir entre esses e os insetos-praga, inclusive para servir de alimento e/ou hospedeiro para o desenvolvimento dos insetos benéficos. Os surtos de pragas secundárias, que não causam danos de expressão econômica, podem ocorrer nos períodos ou anos-agrícolas em que

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SAFRA 2010/2011 THAÍS FREITAS

A presença de insetos indesejáveis é um dos entraves na produção agrícola em qualquer cultura ou ambiente. Insetos-praga, ou insetos fitófagos (que se alimentam de plantas), podem causar dano direto à produção (quando consomem o tecido foliar, raízes ou sugam os fotoassimilados), ou dano indireto (quando diminuem a qualidade dos grãos ou permitem a entrada de fitopatógenos). Como pragas bem disseminadas nas lavouras e conhecidas pelos produtores destacam-se a bicheira-da-raiz, os percevejos e as lagartas, entre outras. Além das pragas, também estão presentes nas lavouras insetos que não se alimentam de plantas, mas de outros insetos, ou que precisam deles em alguma fase da sua vida para se desenvolver. Somam-se a eles aranhas, ácaros e microorganismos (fungos e bactérias) que também exercem uma função benéfica para a produção agrícola. Este grande grupo é composto pelos inimigos naturais, assim chamados por serem habitantes da lavoura que realizam o controle biológico das pragas. A seguir, são descritas as principais categorias de inimigos naturais.

Predadores

THAÍS FREITAS

Esse grupo é formado por insetos, ácaros e aranhas que se alimentam de outros insetos ou das posturas das outras espécies. Normalmente são “generalistas”, ou seja, não possuem especificidade na sua predação, podendo alimentar-se de diversas espécies, inclusive de outros inimigos naturais. Sabe-se que algumas joaninhas e besouros têm preferência por pulgões, e que alguns besouros e esperanças preferem alimentar-se apenas das posturas dos insetos. A aranha costuma ser extremamente abundante nas lavouras de arroz, caracterizando-se, na maioria das vezes, como o principal predador, podendo atacar

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Libélula em lavoura de arroz irrigado

Aranha predando lagarta em lavoura de arroz irrigado Lavoura Arrozeira - Porto Alegre, v.58 - número 455 - Dezembro 2010 13/12/2010 17:43:09


MANEJO

“Minhocas” e “Minhoquinhas” da lavoura: uma nova preocupação dos arrozeiros

THAIS FERNANDA STELLA DE FREITAS – ENGENHEIRA AGRÔNOMA – DEPARTAMENTO DE ENTOMOLOGIA DO IRGA JAIME VARGAS DE OLIVEIRA – ENGENHEIRO AGRÔNOMO – DEPARTAMENTO DE ENTOMOLOGIA DO IRGA

“Minhoquinhas”, “minhocas vermelhas” ou “vermes vermelhos” sempre habitaram as lavouras de arroz irrigado em todo o Estado do Rio Grande do Sul. São facilmente encontradas, tanto durante o cultivo como na entressafra, em épocas e locais em que o solo está muito úmido. Basta retirar uma amostra de solo com pá ou uma amostra de plantas com raízes para observar o emaranhado de minhoquinhas existentes no ambiente arrozeiro. São tão comuns nas várzeas que muitos produtores sequer monitoram a sua existência. Nos últimos anos, entretanto, as minhoquinhas vêm despertando curiosidade e preocupação por parte dos orizicultores. Em primeiro lugar, é preciso esclarecer que ainda não há certeza nem sobre as espécies que habitam as várzeas do Estado. Existem pelo menos dois grandes grupos: - um composto por minhocas, que são animais habitantes de solo úmido, do Filo Annelida e Classe Oligochaeta, responsáveis pela transformação da matéria orgânica em mineral e por alterações benéficas na estrutura do solo. No Brasil existem mais de 300 espécies identificadas (Brown & James, 2006) e, apesar da importância no ambiente agrícola, pouco se sabe sobre sua ecologia e impacto na lavoura de arroz. Em alguns casos, a excessiva movimentação do solo pelas minhocas poderia causar injúrias ao arroz, favorecendo o acamamento de plantas. Esse fato motivou Barrigosi et al. (2009) a avaliarem as espécies ocorrentes nas lavouras de arroz irrigado do Mato Grosso do Sul e seu possível impacto na produtividade de grãos. A identificação dos exemplares não atingiu o nível taxonômico de espécie, mas pode-se confirmar os gêneros Eukerria (Ocnerodrilidae) e Glossoscolex (Glossoscolecidae) e uma espécie da família Criodrilidae. O trabalho foi realizado na fase de colheita, em lavouras que apresentavam sinais de infestação de minhocas, constatados pelo solo removido e acumulado entre as plantas de arroz. Foram avaliados o número de colmos e a produtividade de grãos, não se

constatando correlação com o número de minhocas. Não há evidências de que a população de minhocas reduza a produtividade de grãos de arroz, mas perdas de colheita podem ocorrer pelo acamamento de plantas. - o outro grande grupo é composto pelas larvas de mosquitos, pertencentes à família Chironomidae, da ordem Diptera. São larvas de menos de 1cm de comprimento, conhecidas por “minhoquinhas”, “verme vermelho” e as vezes por “verme sangue”, devido a coloração vermelha intensa. As espécies da família Chironomidae são habitantes naturais de ambientes aquáticos como rios, riachos e barragens. Várias espécies já foram descritas como pragas de arroz em muitos locais do mundo, como Estados Unidos, na região da Califórina, Austrália, Egito, muitos países da Ásia e no Brasil, no Estado de Santa Catarina. São pragas conhecidas no sistema de cultivo pré-germinado, onde podem alimentar-se dos brotos de raiz e parte aérea das plântulas recém emergidas, diminuindo o estande de plantas e, muitas vezes, determinando a ressemeadura da lavoura. Além das brotações, em alguns casos, as larvas podem penetrar nas sementes para comer o embrião (Stevens et al., 2000). Apesar de inúmeras espécies desta família já terem sido descritas como pragas de arroz, na grande maioria das vezes são pertencentes aos gêneros Chironomous ou do Cricotopus (Stevens et al., 2006). Da mesma forma que para as minhocas, pouco se sabe sobre a ecologia destes insetos, como os fatores que promovem ou inibem o desenvolvimento; na Austrália, em um trabalho de quatro anos em um mesmo local, a densidade de insetos da mesma espécie variou entre zero e 13 mil indivíduos m² (Stevens et al., 2006). No Brasil, no estado de Santa Catarina, observa-se que as “minhoquinhas” só causam danos quando há grande quantidade de larvas no exato período de germinação do arroz (Hickel & Prando, 2008). Heinrichs (1994) cita que após o estabelecimento, as plantas podem conviver tanto com larvas como com os adultos de Chironomidae.

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MANEJO

Como os estudos sobre Chironomidae e minhocas em lavouras de arroz irrigado no Brasil ainda são poucos, os fatores que favorecem ou prejudicam a população destas espécies, seus hábitos e potencial de dano à lavoura ainda não foram esclarecidos. Assim, não há recomendação de manejo ou de controle com produtos químicos, mesmo porque não há nenhum produto com registro para controle destas espécies junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Observa-se aumento na população e na frequência de ocorrência de larvas de Chironomidae na região da Depressão Central do Rio Grande do Sul, onde são frequentes lavouras cultivadas no sistema pré-

germinado. Vale lembrar que a frequência destas espécies no Estado e o desconhecimento da sua ecologia fazem, muitas vezes, que sintomas de fitotoxidez de herbicidas, folhas com as pontas torcidas, frio, raízes cortadas por outras pragas, pontas de folhas amareladas ou alaranjadas, folhas secas, etc., serem associados às “minhoquinhas” ou às minhocas por muitos produtores e técnicos do Estado. É imprescindível o conhecimento dos sintomas de outros fatores de estresses, bióticos ou abióticos, por parte dos produtores e técnicos para evitar o uso de produtos químicos completamente desnecessário em muitas situações.

REFERÊNCIAS: BARRIGOSI, J.A.DE F. ET AL. MINHOCAS EM ARROZ IRRIGADO: PRAGAS OU BENÉFICAS? IN: CONGRESSO BRASILEIRO DE ARROZ IRRIGADO, VI., 2009, PORTO ALEGRE. ANAIS... PORTO ALEGRE: SOSBAI, 2010. CD-ROM. BROWN, G.G.; JAMES, S.W. BIODIVERSIDADE, BIOGEOGRAFIA E ECOLOGIA DAS MINHOCAS NO BRASIL. IN: BROWN, G.G.; FRAGOSO, C. (ORG.). MINHOCAS NA AMÉRICA LATINA: BIODIVERSIDADE E ECOLOGIA. LONDRINA: EMBRAPA, 2006. HEINRICHS, E.A. (ED.) BIOLOGY AND MANAGEMENT OF RICE INSECTS. NEW DEHLI: WILEY EASTERN LIMITED. 1994, 779P. HICKEL, E. R.; PRANDO, H. F. PRAGAS DO ARROZ IRRIGADO. SISTEMA PRÉ-GERMINADO. DISPONÍVEL EM HTTP://WWW.PRAGASARROZ.XPG.COM.BR. ACESSADO EM 10/12/2010. STEVENS, M.M. ET AL. AN IMAGE ANALYSIS TECHNIQUE FOR ASSESSING RESISTANCE IN RICE CULTIVARS TO ROOT-FEEDING CHIRONOMID MIDGE LARVAE (DIPETRA: CHIRONOMIDAE). FIELD CROPS RESEARCH, AMSTERDAM, V.66, N.1, P.25-36, 2000. STEVENS, M.M. ET AL. LARVAL CHIRONOMID COMMUNITIES (DIPTERA: CHIRONOMIDAE) ASSOCIATED WITH ESTABILISHING RICE CROPS IN SOUTHERN NEW SOUTH WALES, AUSTRALIA. HYDROBIOLOGIA, V. 556, N. 1, P.317-325. 2006.

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Errata

MANEJO do Boletim Técnico n° 08 - Manejo de Insetos Associados à cultura do Arroz Irrigado Em virtude da atualização dos inseticidas do Ministéria da Agricultura, a Tabela 1 que está correta é a publicada abaixo.

Gadea marca trajetória de vida dedicada ao Irga

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MARIANA BECHERT

A vida profissional de Delcy Gadea de Freitas foi dedicada ao Irga, onde atuou durante 36 anos. Diretor técnico do Instituto entre 1975 e 1979, o engenheiro agrônomo faleceu no dia 29 de outubro de 2010, aos 85 anos. O ingresso no Irga foi como pesquisador em 1953. Em 1968, assumiu a Gerência da Divisão de Pesquisa, mas também atuou como chefe da Seção de Sementes. Em junho do ano passado, deu um depoimento ao livro Estação Experimental do Arroz: 70 anos a Serviço da Orizicultura Gaúcha: – A estação experimental foi minha grande filha, pois foi onde trabalhei toda a juventude. Devo minha vida ao Irga. Gadea morou 26 anos na Estação Experimental do Arroz, em Cachoeirinha, onde criou os quatro filhos (os três homens seguiram a carreira do pai, e a filha se tornou professora). Também foi professor de Culturas Regionais no Colégio Agrícola Daniel de Oliveira Paiva (Cadop), em Cachoeirinha, até os anos 80. Para o pesquisador do Irga, Paulo Sérgio Carmona, Delcy era considerado um agregador nos ambientes, sempre com a preocupação de promover a união de todos em torno do objetivo maior, que era o de ajudar a construir um Irga melhor para atender as demandas da lavoura de arroz. “Meu amigo entendeu como ninguém a importância do espírito de equipe alicerçado na ética, no respeito mútuo e na amizade autêntica; nas relações profissionais. Apoiado nesses valores ele desempenhou dignamente suas atividades na EEA e, após, na condição de Diretor Técnico”, destacou Carmona. Gadea deixa a esposa, quatro filhos e seis netos.

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SAFRA 2010/2011

Camaquã recebe novamente a Abertura Oficial da Colheita do Arroz

Depois de dar a largada para o plantio da safra de arroz 2010/2011 - que aconteceu no dia 9 de outubro - agora é a vez dos produtores e de toda a cadeia orizícola se prepararem para a Abertura Oficial da Colheita do Arroz. Pelo segundo ano consecutivo, a abertura ocorre no município de Camaquã (RS) e será realizada entre os dias 24 e 26 de fevereiro no parque do Sindicato Rural do município. Em sua 21ª edição, a abertura é realizada pela Federação das Associações dos Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz) e pela Associação dos Usuários do Perímetro de Irrigação do Arroio Duro (AUD). O Governo do Estado do Rio Grande do Sul, por meio do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) são patrocinadores do evento. A Abertura Oficial da Colheita do Arroz contará com a participação de 11 empresas e centros de pesquisa na área de insumos, que realizaram o plantio da Vitrine Tecnológica, uma das fortes atrações do evento. Serão demonstradas 13 áreas cultivadas com o que há no mercado de mais moderno e eficiente em fertilizantes, defensivos, sistemas, equipamentos, manejo e material genético para a demonstração aos participantes do evento. As lavouras foram semeadas e cultivadas com sementes de alto rendimento, como as variedades Irga 423 e Irga 424. A demonstração das lavouras será conduzida pela Federarroz e a Associação dos Arrozeiros de Cama-

quã, com assessoria técnica do Irga e apoio da AUD na infraestrutura de irrigação. O público, além de participar da Vitrine Tecnológica, também poderá contemplar exposições de máquinas e equipamentos, insumos e produtos de arroz. Os cursos, palestras, painéis e debates tratarão principalmente sobre o clima, a tecnologia, a próxima safra, o cenário do mercado e demandas por mecanismos de comercialização. O Irga realizará, em seu espaço no evento, exposição e divulgação de material, enquanto engenheiros agrônomos e técnicos da autarquia estarão à disposição do público para esclarecimento de dúvidas em relação à lavoura. Tratando de consumo de arroz e seus derivados, a equipe de nutricionistas estará presente no evento oferecendo oficinas e degustação de produtos feitos à base de arroz. E para a diversão das crianças, dois integrantes da Família Arroz também estarão circulando pelo parque, o Arrozino e a Dona Rozita. No último dia do evento, além da Abertura Oficial com as autoridades ligadas ao setor, acontecerá também a premiação dos vencedores da 3ª edição do Selo Ambiental, que visa reconhecer os produtores de arroz cujos manejos da lavoura e da propriedade rural estejam adequados conforme a legislação ambiental.

VIVIANE MARIOT

MARIANA BECHERT

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PROJETO 10

Dom Pedrito espera A região de Dom Pedrito tem expectativa de uma boa colheita na safra 2010/11 de arroz, após atender as recomendações do Projeto 10 em termos de semeadura antecipada. O município, que foi um dos precursores do projeto em todo o Rio Grande do Sul, tem na cultura do arroz a base da economia do município, gerando empregos e renda. A região apresenta áreas de boa fertilidade natural e teria um incremento de área cultivada se o limitante não fosse água para irrigação. O engenheiro agrônomo da Fundação Irga, Leandro Luiz Mainardi, destaca que com a adoção de técnicas ao longo dos últimos dez anos, como o preparo antecipado do solo, a drenagem das lavouras e a dessecação antecipada, foi possível iniciar a semeadura na região dentro do período preferencial recomendado. Na safra 2010/11 não foi diferente, pois a baixa precipitação registrada entre o final de setembro e o mês de outubro possibilitaram que Dom Pedrito se destacasse entre os demais municípios do Estado por ser o primeiro a concluir a semeadura, o que deve favorecer o desenvolvimento da lavoura, o que pode ser observado no gráfico 1.

LEANDRO LUIZ MAINARDI/FUNDAÇÃO IRGA

boa produtividade atendendo recomendações do Projeto 10

Drenagem e dessecação antecipada permitiram semeadura na época recomendada

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As condições favoráveis à semeadura antecipada foram importantes também para elevar a média de produtividade média da região a patamares da ordem de 8 toneladas por hectare. Também foi possível reduzir os custos de produção das lavouras. No que tange à safra 2010;11, por exemplo, os produtores esperam obter um rendimento médio superior ao obtido na safra 2009/10 de Dom Pedrito, de 7,33 toneladas por hectare, e de 7,25 toneladas por hectare em toda a região do 20º Nate (gráfico 2). Mainardi comenta que em razão dos problemas climáticos registrados na safra 2009/2010, por conta de enchentes causadas pelo fenômeno El Niño, ocorreu uma redução na área cultivada em 7% e na produtividade em 11,5%, num comparativo com a safra anterior.

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PROJETO 10

O preparo antecipado do solo para a temporada 2010/11 atingiu 60%, mesmo o município tendo 66% da área cultivada de forma arrendada pelos produtores. "Está ocorrendo uma evolução no preparo antecipado, sendo realizado no período do verão ou pela utilização da soja em sucessão, o que oportuniza o entaipamento após a colheita da soja em solo seco, reduzindo o custo de produção no preparo da lavoura de arroz. Esse manejo praticamente não era realizado anteriormente ao Projeto 10", explica Mainardi. Os produtores que participaram do grupo do Projeto 10 na safra passada obtiveram um rendimento 13,5% maior que o restante da sua lavoura. O rendimento médio verificado nas lavouras inseridas no Projeto 10 foi de 9,497 toneladas por hectare, superando as 8,211 toneladas por hectare colhidas em lavouras não cultivadas dentro das recomendações do projeto. O Projeto 10 na região de Dom Pedrito na safra 2010/11 conta com a participação de 11 produtores, que utilizam a cultivar Irga 424 na maioria das lavouras, trabalhando com uma densidade de sementes que varia de 80 a 100 quilos por hectare. A quantidade de adubo utilizada, por sua vez, atinge entre 300 e 400 quilos por hectare. No geral o município tem uma área média de lavoura em torno de 200 hectares, contando com 260 produtores e 233 lavouras de arroz. Na região de Dom Pedrito existem cinco empresas produtoras de sementes, que na safra passada produziram através de seus cooperantes em torno de 200 mil sacos de 40 quilos de semente, o que representa a semeadura de uma área equivalente a 80 mil hectares de lavoura de arroz irrigado com semente certificada. Isso representa o plantio de 50% da área total da Regional Campanha com utilização de semente certificada pelo Irga. Mesmo diante desse fato, muitos produtores utilizam e multiplicam sementes provenientes do Uruguai, como a cultivar Olimar e El Passo 144 L, que apresentam boa adaptação ao clima da Fronteira, também repercutindo em boas produtividades, conforme pode ser observado no gráfico 3.

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LEANDRO LUIZ MAINARDI/FUNDAÇÃO IRGA

Preparo antecipado do solo para temporada 2010/11 atingiu 60% da área em Dom Pedrito

Cultivar Irga 424 é utilizada na maioria das lavouras de P10 em Dom Pedrito Lavoura Arrozeira - Porto Alegre, v.58 - número 455 - Dezembro 2010 13/12/2010 17:43:30


Rotação de áreas com cultivo de soja reduz custos de produção O produtor Elvio Antonio Marchezan participa do Projeto 10 na região de Dom Pedrito, desde o seu início. Ele destaca que toda a média de produtividade do município aumentou depois da utilização das práticas apregoadas no projeto. "Colhia entre 6,5 e 7 toneladas por hectare antes do Projeto 10 e fui aumentando a produtividade gradativamente, que varia hoje entre 8,5 e 9 toneladas por hectare. Já obtive inclusive de 9,5 a 10 toneladas por hectare em parte da lavoura", comenta. Marchezan afirma que os investimentos maiores para preparar o solo são compensados com o aumento da produtividade e com o uso de ferramentas para baixar o custo. "Procuro fazer uma rotação das áreas de semeadura com cultivo de soja. Posso dizer que essa prática proporciona uma receita tanto para o arrendatário quanto para o proprietário, que pode utilizar o resíduo da soja como adubo", explica. Para o arrendatário, as vantagens do cultivo rotacionado são que ele pode obter uma receita com a colheita da soja e do arroz, colocando terneiros nas áreas de várzea após a colheita. “Procuro colocar vacas de cria em áreas recém colhidas, pois os animais comem a palha. De agosto em diante o gado é retirado e a área é drenada e recomposta para receber o plantio novamente. Isso traz uma economia não inferior a 20% no custo de preparo do solo”, sinaliza. Marchezan disse que o binômio arroz com soja tem sido favorável. “Geralmente, seguindo as normas do Projeto 10, consigo cultivar lavouras a partir de 20 de setembro, o que traz um maior aproveitamento de luminosidade para o arroz na fase reprodutiva, que se inicia entre o final de dezembro e o começo de janeiro”, argumenta. O produtor destaca que entre os pontos positivos do Projeto 10 estão a maior produtividade e o conhecimento de técnicas mais utilizadas para um cultivo antecipado das lavouras. “Um plantio na época certa gera maior produtividade e um racionamento dos custos”, coloca. Entre os pontos negativos do Projeto 10 é que o aumento da produtividade também gerou maiores custos com insumos e maquinários. Esse maior custo de produção acabou ficando mais na mão do arrendatário do que do proprietário. Seria preciso pensar em um melhor processo de escalonamento dos ganhos, pois da forma como está a maior parte do ganho fica com o dono da terra. “Outro problema circunstancial é que a produção de arroz do Rio Grande do Sul teve um crescimento sem que fosse acompanhado de uma campanha de consumo efetivo bem como de outras formas de utilização do arroz, como por exemplo a produção de cerveja e ou de óleo. Isso acabou achatando os preços, especialmente em razão da pouca

LEANDRO LUIZ MAINARDI/FUNDAÇÃO IRGA

PROJETO 10

Semeadura de arroz em rotação com lavoura de soja reduziu custos intervenção do governo, do fator cambial inibindo as exportações e balizando, por outro lado, a possibilidade de entrada de arroz de fora, via importação”, finaliza.

Projeto 10 alterou período de cultivo na região O produtor Alamir Bianchin Viero participa do Projeto 10 desde 2002, ressaltando que as práticas adotadas no projeto modificaram seu período de cultivo. "Antes de conhecer o Projeto 10 fazia o preparo da lavoura e logo após plantava as lavouras entre outubro e novembro, tendo uma média de rentabilidade entre 7 e 7,5 toneladas por hectare. Agora faço o preparo do solo no verão, utilizando uma área parada há um ano após o cultivo de soja e inicio a semeadura entre setembro e outubro. Isso ajudou a elevar minha produtividade media para 9,9 toneladas por hectare, sendo já que consegui até mesmo rentabilidade de 10,5 toneladas por hectare", comenta. Viero explica que o Projeto 10 modificou a irrigação e o manejo de suas lavouras, proporcionando um gradativo aumento de produtividade. "No primeiro ano do projeto cultivei parte da área e do segundo ano em diante toda ela, que envolve entre 250 e 300 hectares de arroz", disse. O produtor elenca que o Projeto 10 foi bom para elevar a produtividade das lavouras e melhorar o manejo do preparo do solo, proporcionando um melhor controle de invasoras. Como fator negativo, Viero afirma que os custos de produção se tornaram maiores a partir do Projeto 10, com um preço que não está possibilitando uma diluição das despesas, mesmo o preço não estando a contento, se a produtividade não fosse de P10 ficaria bem mais difícil de se conseguir cumprir com os compromissos e despesas.

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PROJETO 10 Projeto 10 promoveu alterações em todos os processos da lavoura de arroz

Projeto 10 trouxe grandes diferenças para a produção de arroz de Dom Pedrito

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VALTER PÖTTER/ARQUIVO PESSOAL

O produtor Gilberto Raguzzoni, que acompanha o andamento do Projeto 10 em Dom Pedrito desde o seu início, procurou fazer um balanço das diferenças percebidas pelos produtores de arroz da região a partir da implantação do projeto, desde seus primórdios. Raguzzoni relembra que P10 em Dom Pedrito foi iniciado por decisão tomada em conjunto pela AADP, Irga Dom Pedrito e Irga Porto Alegre. “O processo evoluiu de maneira rápida e eficiente, porque estava alicerçado em algumas estratégias diferentes do que as anteriores, tendo em vista a transferência de tecnologia dos canteiros experimentais com produtividade maior que 10.000 quilos por hectare para as lavouras e produtores, que raramente obtinham média acima de 6.000 quilos por hectare, isto é, atuava ajudando a extensão do IRGA. A primeira diferença fundamental foi que alguns produtores fizeram áreas de aproximadamente 10 hectares e ali todas as recomendações de projeto 10 eram seguidas à risca, tais como época de plantio, adubação, ureia no seco, época de irrigação, controle de invasores, etc, além de receberem visitas periódicas das técnicas do Irga para inspecionar e recomendar técnicas de manejo para estas áreas. Conforme Raguzzoni, outra diferença eram os dias de campo, com visitas a todas as áreas do P10 (eram de 5 a 10 áreas por ano), com a presença dos técnicos e da maioria dos produtores de Dom Pedrito. “Neles o produtor falava como tinha feito e o produtor que ouvia e via a lavoura ao vivo, acreditava”, comenta. Após a colheita das lavouras experimentais se fazia uma grande reunião, onde as dados de produtividade eram divulgados e mais uma vez havia uma troca de informação entre técnicos e produtores, destacando como as altas produtividades eram obtidas, com um convencimento inquestionável para toda a comunidade arrozeira. Uma terceira diferença percebida foi a participação ativa no P10 e nos dias de campo dos lideres de lavoura e colaboradores dos produtores, incentivados pelas lideranças do projeto, para que houvesse a participação e o convencimento da equipe de trabalho do produtor. Sem isso o programa não teria sucesso. Raguzzoni entende que hoje o P10 teria que evoluir em equipamentos, como plantadeiras com melhor distribuição de sementes e adubo, acessórios que efetivamente tapem a semente. “Outra evolução precisaria ser feita na área de Recursos Humanos (RH), no que diz respeito a gestão de pessoas”, sinaliza.

O produtor Valter José Pötter, destaca que o Projeto 10 promoveu alterações em todos os processos da lavoura de arroz, visto que antes não havia o preparo antecipado do solo. “Antes colhia uma safra com rendimento médio entre 6 e 6,5 toneladas por hectares e após ingressar no Projeto 10 a produtividade passou a ser outra, entre 9 e 10 toneladas por hectare”, comenta. Conforme Pötter, as modificações adotadas foram muito significativas, destacando a análise de solo mais antecipada e técnica, com a utilização de macro e micronutrientes mais eficientes. preparo do solo antecipado ( a partir do verão anterior ao plantio), sistema de entaipamento largo e rebaixado, antecipação e encurtamento do período do plantio (20 setembro a 20 de outubro), adubação de base compatível com as médias de produtividade, fertilização nitrogenada no seco (pré-irrigação), escolha de variedades de alta produtividade e qualidade industrial com sementes certificadas e tratadas, controle precoce dos inços com menor carga de herbicidas, irrigação até 20 dias pós-nascimento, manejo sanitário racional no controle das doenças fúngicas e, por fim, realização da colheita no momento adequado, para não deixar passar do ponto da maturação fisiológica do arroz, a fim garantir a máxima qualidade industrial dos grãos (faixa de 64 a 66 grãos inteiros e 71 de renda total). Em consequência do trabalho realizado pelos produtores, o resultado final da safra de arroz cresceu significativamente em Dom Pedrito. “Houve um grande salto de produtividade em relação ao que se colhia anteriormente, bem como um expressivo aumento de produção. Para tanto, ocorreu também uma demanda maior por assistência técnica, por insumos, por serviços, por mão-de-obra qualificada, por silos e secadores. Foi uma verdadeira revolução, silenciosa, consistente e irreversível. Os produtores se autoconvenceram com os resultados obtidos e adotaram massivamente o método”, analisa.

Pötter diz que P10 modificou processos na lavoura

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Como pontos a serem melhorados dentro do Projeto 10, Pötter entende que é preciso buscar formas de melhorar a distribuição de fertilizantes nitrogenados, de dispor de adubadeiras de precisão mais acessíveis, pesquisar variedades do arroz mais resistentes a doenças e ao frio e desenvolver variedades de arroz para outros usos (biocombustível, ração animal e outros).

Melhoria na densidade de semeadura foi positiva para a região Na avaliação do sócio-gerente da Assessoria Agropecuária Marcon, Felimar Marcon, que presta assistência a produtores de Dom Pedrito, as melhorias quanto à densidade de semeadura, com redução de sementes por área e a qualidade no plantio, que aumenta a fertilização, principalmente através da ureia antes da irrigação, foram pontos bastante positivos difundidos pelo Projeto 10, além da troca de conhecimento com os dias de campo. “O preparo antecipado e o plantio no cedo, técnicas que já vínhamos adotando junto a maioria de nossos clientes, trouxeram um avanço muito grande para o município com a implantação do P10”, afirma. Marcon sugere, por outro lado, que o Projeto 10 possa trabalhar com a questão do custo/benefício de cada tecnologia implementada, os ideais do Programa Renda, as melhorias em termos de gestão de recursos humanos e uma maior integração nos projetos lavoura-pecuária.

Pontos positivos e a serem melhorados nas lavouras de arroz do P10 em Dom Pedrito Com a prática do P10 consolidada na região de Dom Pedrito, a Revista Lavoura Arrozeira procurou avaliar, de forma geral, que pontos do projeto são considerados positivos para o desenvolvimento das lavouras de arroz no município e que pontos são vistos como negativos, ainda necessitando de melhorias. Acompanhe maiores informações a seguir.

Pontos Positivos -Preparo antecipado do solo: prática adotada com mais intensidade nas últimas safras, mesmo com 66% da área utilizada pelos produtores sendo arrendada. -Época de semeadura: tem relação com o preparo antecipado do solo e permite a implantação da lavoura dentro do período preferencial de cultivo. -Drenagem: prática fundamental para a realização das

PROJETO 10 atividades de forma adequada, permitindo que o manejo da lavoura seja realizado na época correta. -Utilização de tecnologia: o município se caracteriza por utilizar boa tecnologia como a aplicação de insumos, tratamento de sementes, aplicação de fungicidas. -Produtores bem estruturados e tecnificados: a estrutura de máquinas, implementos e outros equipamentos utilizados pelos produtores permitem que as operações de semeadura, tratos culturais e colheita sejam realizados de forma bastante rápida e na época preferencial. -Assistência técnica: os técnicos de escritórios de assessoramento, revendas de insumos e cooperativas que prestam assistência na lavoura são bastante qualificados, o que atende a demanda da lavoura de arroz do município.

Pontos a serem melhorados -Utilização de semente própria ou bolsa branca: o termo bolsa branca quer dizer semente sem origem que é produzida por empresa ou produtor sem um controle no campo, como aquisição de material básico ou genético, inscrição de campo no MAPA, vistoria e certificação do Irga. E semente própria é o termo utilizado pela produção na própria lavoura do produtor, que destina parte da sua área para esse fim, o que ocasiona com o passar do tempo, perda de pureza varietal desse grão. Em Dom Pedrito, por questões culturais, já que a maior parte dos produtores são de origem italiana e alemã, o uso de grão como semente é bastante difundido, já que nas colônias, sempre destinava-se parte da área para garantir a semente da próxima safra. -Falta de estrutura de secagem e armazenagem própria: os produtores do município têm em torno de 30% do seu produto nas mãos. O restante é destinado para secagem e armazenagem em engenhos e cooperativa. Isso torna o produtor refém da indústria e o valor do produto se constituindo num dos menores preços praticados no Estado. Outro agravante é o transporte do produto até a cidade, já que o município apresenta extensa expansão territorial e o material constituinte das estradas não é de boa qualidade. -Escassez de mão de obra qualificada: a dificuldade de encontrar mão de obra é cada vez maior. A figura do aguador na lavoura está ficando escassa, já que os trabalhadores mais velhos estão deixando a atividade e os mais jovens não tem interesse pela lavoura, principalmente o serviço braçal. Muitos trabalhadores vêm de outros municípios, principalmente da Depressão Central, para suprir essa carência.

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CAPA

Arroz do Litoral N busca novas c

O Arroz do Litoral Norte Gaúcho, após ter sido reconhecido recentemente pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial como uma Denominação de Origem (DO), fruto de um trabalho encabeçado há cinco anos por produtores vinculados a Associação dos Produtores de Arroz do Litoral Norte Gaúcho (Aproarroz), com o apoio do Sebrae, do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) e da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), busca agora conquistas ainda maiores. O presidente da Associação dos Produtores de Arroz do Litoral Norte Gaúcho (Aproarroz), Clovis Terra Machado dos Santos, destaca a importância da Denominação de Origem para o arroz do Litoral Norte Gaúcho, a primeira concedida até hoje a um produto no Brasil. “O resultado enobrece o produto, porque o diferencia das demais regiões”, explica.

O que é uma Denominação de Origem

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Para Clovis Terra, DO enobrece Arroz do Litoral Norte Gaúcho

MARIANA BECHERT

A Denominação de Origem (DO) é uma das modalidades existentes para uma Indicação geográfica (IG). A outra é a Indicação de Procedência. (IP). De acordo com definições do INPI uma Indicação geográfica (IG) trata da identificação de um produto ou serviço como originário de um local, região ou país, quando determinada reputação, característica e/ou qualidade possa ser vinculada essencialmente a esta sua Origem particular. Uma Indicação de Procedência (IP) é o nome geográfico de um país, cidade, região ou um local de seu território, que se tornou conhecido como centro de produção, fabricação ou extração de determinado produto ou prestação de determinado serviço. Já a Denominação de Origem (DO) é o nome geográfico de país, cidade, região ou local de seu território, que designe produto ou serviço cujas qualidades ou características se devam exclusiva ou essencialmente ao meio geográfico, incluídos fatores naturais e humanos. Em outras palavras, Clovis Terra Machado dos Santos, diz que em uma IP não existe a obrigatoriedade de comprovar a vinculação do produto com o meio ambiente, mas sim com hábitos e costumes de determinada região. Para uma DO, por outro lado, é necessário que, além dos recursos humanos, haja vinculação do produto com o meio ambiente, ou seja, aquele produto não será reproduzido com as mesmas características em outro local.

MARIANA BECHERT

Certificado de Denominação de Origem é o primeiro concedido pelo INPI a um produto no Brasil

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No Brasil existem outras indicações geográficas (IG), que se tratam de Indicações de Procedência (IP), localizadas na região do Cerrado Mineiro (café), do Vale dos Vinhedos (vinhos e espumantes), do Pampa Gaúcho da Campanha Meridional (carne bovina e derivados), Paraty (aguardentes e cachaças), Vale do Submédio São Francisco (uvas de mesa e manga), Vale do Sinos (couro acabado) e de Pinto Bandeira (vinhos e espumantes). “Fora do país existem muitas outras denominações de Origem, como a champagne e dos queijos roquefort e camembert na França, a tequila do México e o café da Colômbia”, comenta.

APROARROZ

al Norte Gaúcho s conquistas

CAPA

Denominação de Origem contempla 12 municípios do Litoral Norte A Denominação de Origem do Litoral Norte contempla 12 municípios, envolvendo a área total de Balneário Pinhal, Capivari do Sul, Cidreira, Mostardas, Palmares do Sul, São José do Norte, Tavares, Tramandaí e áreas parciais de Viamão, Santo Antônio da Patrulha, Osório e Imbé. Há cerca de 1.400 potenciais produtores localizados na região de Denominação de Origem, com uma área de aproximadamente 130 mil hectares. Para fazer parte do processo de produção da Denominação de Origem, os produtores pertencentes à área delimitada interessados, deverão seguir as recomendações do Regulamento Técnico de produção do arroz irrigado do Litoral Norte Gaúcho. Este exige o cumprimento de pré-requisitos tais como boas práticas agrícolas, uso de sementes certificadas, uso de defensivos autorizados de acordo com a legislação vigente, licenciamento ambiental, rastreabilidade, controles e registros da produção até a colheita e armazenagem, seja na propriedade ou fora, transporte cadastrado, armazenagem e beneficiamento na indústria e distribuição para venda. “Através de um sistema de planilhas, tanto o produtor como a indústria interessada terão de fazer registros de todos os processos de produção, armazenagem, beneficiamento e distribuição, que terão o acompanhamento por parte da Aproarroz”, sinaliza Clovis Terra.

Denominação de Origem contempla 12 municípios dentro da área delimitada

Aproarroz irá realizar eventos para divulgar DO e modelo de trabalho Em um primeiro momento, a Aproarroz pretende realizar eventos junto aos produtores, para divulgar o que é a Denominação de Origem e o modelo de trabalho que está sendo proposto, para posteriormente, buscar o apoio institucional dos municípios envolvidos no processo. “Precisamos envolver a parte institucional dos municípios, como prefeitos, secretários municipais e outros, para que se explique a nova configuração geográfica da região, propondo ações uniformes e conjuntas que envolvam toda a

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Aproarroz busca apoio do produtor para divulgar diferenciais do Litoral Norte Para implantar todos esses projetos, a Aproarroz entende que é preciso buscar o apoio do produtor, no sentido de propor investimentos que viabilizem levar adiante esse produto diferenciado da região, tanto para o mercado interno, como para o externo, detectando nichos de mercado, planejando estratégias de divulgação para atender ao consumidor que busca um produto de melhor qualidade e que valorize saber onde e de que forma o alimento foi produzido. Terra esclarece que é preciso trabalhar em pesquisas junto ao consumidor, verificando o que ele valoriza e deseja em determinado produto como o arroz, mostrando também que o produto a ser oferecido é diferenciado pela produção ambientalmente correta, identificação da origem, pela percepção da qualidade intrínseca do produto e, principalmente, por ser um alimento saudável.

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sociedade. Teremos que fazer seminários com secretários de educação e professores, mostrando a cultura do processo e a importância da produção de arroz para a região”, informa. Clovis Terra afirma que o trabalho de divulgação dos diferenciais do produto arroz deverá envolver a área médico/científica nacional para orientá-los sobre as vantagens nutricionais. Outro aspecto fundamental leva em conta o turismo, já que a região é extremamente favorecida nas suas características geográficas, rica em recursos hídricos com muitas praias e lagoas. “Iremos propor o estabelecimento de políticas públicas junto aos governos municipal, estadual e federal mostrando essa nova configuração geográfica da região”, pontua. Outro fator a ser considerado na Denominação de Origem diz respeito à industrialização da produção, que deve ser feita dentro da região de produção demarcada. Atualmente a região é eminentemente exportadora de matériaprima bruta em casca, direcionando ao centro do Brasil ao redor de 70% desta matéria-prima para ser beneficiada e industrializada, sendo utilizada na forma pura ou em blend, enquanto outras regiões de produção gaúchas industrializam mais de 70% da matéria-prima. “Temos de buscar políticas públicas no sentido de uniformizar a carga tributária, pleiteando mecanismos que possibilitem o incentivo à implantação de parques industriais na área da IG, visto que a região dispõe de matéria-prima diferenciada e mais cara, dificultando esta implantação”, disse.

DO ajudará a valorizar fauna da região O lançamento no mercado de produtos certificados com o selo da DO não será realizado em 2011, contrariando o que se previa inicialmente. “Não pretendemos entrar imediatamente e de forma agressiva no mercado, até porque a entidade está se organizando, para depois buscar distribuidores e consumidores diferenciados. Temos de ter cautela, cuidado, por isso montamos três projetos-piloto em diferentes áreas da região da Denominação de Origem, para dispormos de locais distintos para visitação, e produto em caso de participação em alguma feira fora do País ou para atender mercados que necessitem de algo mais sofisticado”, salienta. Dois projetos-piloto estão localizados em Mostardas, nas propriedades de Geraldo Condessa de Azevedo e José Mathias Bins Martins, e um em Capivari do Sul, em lavouras cultivadas pelo produtor Elton Borges da Cunha.

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CAPA

Projeto-piloto iniciará em três áreas do Arroz do Litoral Norte Gaúcho A ideia da comercialização em maior escala do arroz certificado ficará para mais adiante, na medida em que a estrutura de controle da Aproarroz permitir o gerenciamento e controle de um volume maior de arroz a ser certificado. Agora a prioridade será a divulgação da DO entre os diferentes segmentos da região. Estão sendo pla-

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CAPA nejados seminários e visitas técnicas entre os produtores, buscando orientá-los sobre as exigências do processo. O dirigente explica que não existe uma expectativa imediata de vender maiores ou menores quantidades de arroz com essa diferenciação, até por se tratar de um processo lento. “Para chegarmos neste estágio, percorremos um período de cerca de cinco anos, com um grupo de pessoas trabalhando no entorno de uma ideia, pois sabíamos que tínhamos um produto diferente e precisávamos comprovar isso”, analisa.

Terra salienta que é necessário transmitir ao produtor que ele é peça chave no sucesso do empreendimento, envolvendo desde a qualificação da produção até a fiscalização do produto final à mesa do consumidor. Ele tem que ser o guardião da DO. "Para que este processo se torne realidade é necessário envolver todos os elos da cadeia produtiva, fazendo com que o resultado financeiro repercuta em seu benefício. É preciso investimento e fortalecimento da Entidade. Isto é modernidade", disse.

Denominação de Origem demandou recursos financeiros e humanos Ao avaliar todo o processo que levou ao reconhecimento do Arroz do Litoral Norte Gaúcho como uma Denominação de Origem, o presidente da Aproarroz, Clovis Terra, destaca que foram investidos horas e horas de trabalho, envolvendo reuniões, debates, planejamentos e outras atividades, demandando recursos financeiros e humanos. A Revista Lavoura Arrozeira procurou resgatar, de forma resumida, os passos que levaram a essa conquista. Terra revela que, em 2005, alguns produtores interessados em certificar o arroz da região buscaram assessoramento de pessoas e entidades, como o Sebrae, formando um pequeno grupo para a montagem do processo, que se reunia de quinze em quinze dias. “O Sebrae, através da colaboração do consultor especialista em Indicações Geográficas, Fernando Schwanke, nos orientou a criar uma entidade para o andamento do processo. Durante este período se trabalhou na elaboração do Regulamento Técnico, no estatuto da associação e nos aspectos gerais do processo. A partir disso, fundou-se, em 22 de março de 2007, a Associação de Produtores de Arroz do Litoral Norte Gaúcho e montou-se um programa de trabalho para o cumprimento de uma série de exigências para entrar com um pedido de Indicação Geográfica no Instituto Nacional de Propriedade Industrial”, afirma. Foi elaborado um histórico do produto na região, contando com a ajuda da historiadora Naira Menezes, também consultora do Sebrae, que realizou estudos e pesquisas envolvendo entrevistas com pessoas mais antigas

da região, resgatando a memória do arroz do Litoral Norte Gaúcho, o que remonta aos anos de 1936/1937, onde começaram as primeiras lavouras, com lavração feita por junta de bois, até os dias atuais. Paralelamente o professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Carlos Nabinger, foi convidado a participar do processo, fazendo uma análise técnica dos diferenciais do arroz do Litoral Norte Gaúcho frente a outras regiões do Estado, relacionando estes com aspectos da geografia local, tais como clima, variações de temperaturas, ocorrência de ventos, precipitações entre outros, auxiliado pelo então doutorando da UFRGS e atualmente pesquisador da Embrapa Pecuária Sul, em Bagé, Danilo Menezes Sant´Anna. O grupo também buscou o apoio de instituições de pesquisa e extensão como o Irga, Emater e Fepagro, de institutos de climatologia, cooperativas de arroz e do Banco do Brasil para comprovar que o arroz produzido na região da Denominação e Origem do Litoral Norte Gaúcho recebia uma remuneração média entre 8% a 10% superior frente às demais regiões arrozeiras do Estado. Segundo a avaliação de Sant´Anna, a comprovação de que o arroz produzido no Litoral Norte Gaúcho apresenta um diferencial de qualidade reconhecido pelo mercado no que tange a preços é importante, por sinalizar que esta região possui um ambiente único, proporcionando um produto diferenciado.

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CAPA Resultados comprovam diferenciais em termos de rendimento de grão Outro estudo, realizado com o apoio da Cooperativa Palmares no fornecimento de dados, revelou que a região do Litoral Norte detém um rendimento de grãos inteiros de arroz entre 8% a 10% superior à média estadual, tomando como base dados de cooperativas de outras regiões. Nabinger destaca que essa maior porcentagem de grãos inteiros está associada à baixa taxa de gessamento e à maior translucidez (vitricidade). Por este motivo, algumas indústrias de beneficiamento de arroz que operam em todo território nacional, para fazerem seus produtos de primeira linha, adquirem arroz em casca somente de produtores do Litoral Norte. Estas características também estão relacionadas com um melhor rendimento no cozimento e na qualidade nutricional do arroz, pois em função das mesmas, o grão necessita um menor grau de polimento durante o beneficiamento. Isto faz com que os teores de fibra, proteínas e sais minerais sejam maiores em relação a produtos com um grau mais forte de polimento. Além disso, essas características acima citadas estão relacionadas a uma relação amilose/amilopectina mais adequada, que por sua vez correlaciona-se positivamente com manutenção mais estável da glicemia de quem consome este arroz. Independentemente do grau de polimento, esta maior relação também induz a formação de um maior teor de proteína no grão. “Essas comprovações de diferenciais de preço e qualidade, de acordo com a avaliação do Sebrae e do professor Nabinger, eram suficientes para a Aproarroz entrar com um processo no INPI para reconhecimento de uma Indicação de Procedência. (IP)”, destaca Terra. Entretanto, havia um indicativo quanto à possibilidade de uma Denominação de Origem, para a qual era necessária uma comprovação científica de que o diferencial do produto frente àquele produzido em outras regiões se devia essencialmente a características específicas da região. Para isso, o professor Nabinger pesquisou em órgãos de pesquisa e na bibliografia internacional trabalhos que demonstrassem as condições que poderiam afetar a qualidade do grão de arroz, sobretudo relacionados com as condições do clima. “Vários trabalhos de pesquisa indicaram que a formação dos grãos de arroz era afetada qualitativamente pela temperatura e umidade relativa do ar. Desse modo, pode-se verificar que a formação do grão é diferenciada em regiões onde as temperaturas máximas não sejam muito elevadas e a oscilação de temperatura

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diária não seja muito significativa, ou seja, onde a amplitude térmica não seja muito grande. E essa condição é apresentada pelo Litoral Norte em função de sua localização e da presença das grandes massas de água (oceano e lagos e lagoas) associada à constante presença do vento”, afirma. A partir de então, a Aproarroz passou a dispor de elementos para entrar com uma solicitação de processo de Denominação de Origem junto ao INPI, o que ocorreu em 28 de janeiro de 2008, contando com o apoio também do Ministério da Agricultura. Passados dois anos, o INPI concedeu a entrega de certificado da espécie da Denominação de Origem ao Arroz do Litoral Norte Gaúcho em 24 de agosto de 2010.

Clima foi fator chave para reconhecimento da Denominação de Origem O engenheiro agrônomo e pesquisador da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Carlos Nabinger, que teve participação significativa no processo que levou ao reconhecimento do Arroz do Litoral Norte como uma Denominação de Origem, destaca que a análise do clima da região foi um dos fatores determinantes para o resultado. “Precisávamos entender inicialmente qual era a razão da diferença existente entre o arroz produzido nessa região frente às demais áreas produtoras do Estado, pois embora inicialmente houvesse a perspectiva de conquista de uma Indicação de Procedência, não se descartava a possibilidade conquistar o reconhecimento de Denominação de Origem. E, quando percebemos, à luz da bibliografia existente, que existiam vínculos da qualidade do arroz produzido na região com o ambiente climático, pudemos ter a certeza de que se tratava de uma denominação de origem”, comenta. Na questão do solo, conforme Nabinger, não havia grandes diferenciações entre o arroz produzido no Litoral Norte frente às demais regiões, o mesmo ocorrendo com relação às tecnologias utilizadas para o seu cultivo. Restava, no entanto, a questão do clima a ser analisada. E, de fato, o clima da região apresenta características bastante distintas das demais regiões produtoras. Boa parte da região apresenta uma variação de extremos de temperatura muito menor do que as demais regiões do Estado, sobretudo durante períodos críticos do ciclo do arroz, notadamente na fase de formação do grão. Essa “estabilidade térmica” é assegurada, por um lado pelas grandes massas de água representadas pelo oceano Atlântico, pela Laguna dos Patos e por uma extensa rede de lagos e lagoas. Por outro lado, o regime de ventos a que está submetida à região é totalmente diferenciado do restante do estado. Este regime de ventos tem predo-

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Para Nabinger, clima foi fator chave para reconhecimento da Denominação de Origem

Danilo Sant´Anna diz que Arroz do Litoral Norte se diferencia por rendimento de grãos inteiros

MARIANA BECHERT

minância do setor Nordeste e constitui-se num elemento importante também na dissipação do calor, sobretudo na época da formação do grão do arroz, cuja panícula, pela sua constituição e posição no interior da cultura não permite que isso ocorra de forma adequada sem a participação do vento. De acordo com Nabinger, o amido, principal carboidrato do arroz, constitui cerca de 90% do produto branco polido, sendo composto por dois polissacarídeos, a amilose e a amilopectina. Temperaturas elevadas na fase de enchimento do grão diminuem o conteúdo de amilose e aumentam a incidência de gessamento. Até recentemente, não eram bem conhecidos os mecanismos moleculares relacionados com a formação de grãos vítreos ou grãos gessados, assim como suas relações com as variações da temperatura ambiente durante o desenvolvimento do grão de arroz. “Observações ao microscópio eletrônico da parte gessada de grãos desenvolvidos em altas temperaturas revelam que esta contém grânulos de amido com células arredondadas, gerando espaços de ar entre eles que refletem a luz, enquanto grãos produzidos sob temperaturas mais baixas são totalmente translúcidos e apresentam estes grânulos densamente agrupados em células poligonais e uniformemente distribuídos, sem espaços de ar entre eles”, revela. Portanto, grãos formados em temperaturas amenas, inferiores a 30oC, tendem a ter um maior percentual de grãos perfeitos, mais duros e, conseqüentemente, mais resistentes à formação de fissuras, proporcionando maiores rendimentos de grãos inteiros após o beneficiamento. A partir de um levantamento dos registros de temperaturas até 30 anos nas estações meteorológicas da região, comparados aos registros de outras regiões, Nabinger e Danilo Sant’Anna concluem que o Litoral Norte apresenta as maiores probabilidades de ocorrência de temperaturas mais amenas na fase de formação do grão, que favorecem as características de grãos inteiros, mais vítreos e menos gessados. Tal fato comprova o efeito direto da condição do meio sobre a qualidade do produto, o que é indispensável para o requerimento de uma Denominação de Origem.

MARIANA BECHERT

CAPA

Características da Região do Arroz do Litoral Norte Gaúcho Conforme Danilo Sant´Anna, o Arroz do Litoral Norte Gaúcho é diferente, especial, sendo reconhecido pelo mercado por sua qualidade superior. Ele se diferencia pelo alto rendimento de grãos inteiros, translucidez e vitricidade. A região possui elevada estabilidade das temperaturas diárias, apresentando uma menor amplitude de variação das mesmas. Isto ocorre em função da alta umidade relativa do ar e das grandes massas de água que envolvem a re-

gião (Lagoa dos Patos e Oceano Atlântico). O regime de ventos da região determina sua paisagem e vegetação. Estes ventos representam um importante elemento que contribui para a dissipação do calor, sobretudo na época da formação do grão de arroz. Assim, o regime de ventos associado à estabilidade térmica da região, resulta em condições geográficas ideais e únicas para a produção de arroz de elevada qualidade.

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O consultor do Sebrae Fernando Henrique Schwanke, que coordenou o processo de construção da base legal do regulamento técnico do arroz irrigado do Litoral Norte Gaúcho, destaca que com a conquista da Denominação de Origem os produtores precisarão seguir as regras para garantir a continuidade do processo. “O interessante é que, diferente de um registro de marcas e patentes, que é válido por um tempo delimitado, a Denominação de Origem é vitalícia, passando de pai para filho, por ser uma concessão pública, desde que as normas sejam cumpridas. Dessa forma quem fiscaliza é o próprio produtor, pois o maior interessado neste processo é ele próprio”, explica. Outro ponto interessante na Denominação de Origem é que ela é reconhecida pela Organização Mundial do Comércio (OMC), determinando um esforço dos produtores na preservação ambiental, servindo também como um instrumento de desenvolvimento regional demonstrando ao mercado e a sociedade uma região onde a preservação das

Integração entre lavoura e meio ambiente é esperada através da DO

águas, fauna e flora convive em harmonia com a produção do arroz. “A DO também será um instrumento importante para o desenvolvimento do turismo regional, como acontece em outras Indicações Geográficas espalhadas pelo mundo, através do complexo de lagoas da região, do ecoturismo e da gastronomia”, finaliza Schwanke.

MARIANA BECHERT

Denominação de Origem requer esforço na preservação ambiental

RENATO NUNES

CAPA

“Fiscalização da DO será feita pelo próprio produtor, ressalta Schwanke

Qualidade, garantia de origem e responsabilidade permitirão aumento da demanda do produto com selo da DO O produtor e presidente da Cooperativa Palmares, Francisco José Selistre, ressalta que em um primeiro momento, pode se ter a impressão de que pouca coisa irá mudar em termos de mercado com a concessão da DO para o Arroz do Litoral Norte Gaúcho, haja vista que ele já obtém um diferencial de qualidade reconhecido, o que proporcionou um aumento na demanda e também nos preços médios de remuneração aos produtores. Entretanto, ele afirma que a partir da DO o consumidor terá a garantia de que está adquirindo um produto genuinamente produzido na região, a partir de um processo organizado, no qual a rastreabilidade permitirá a validação de um conjunto de exigências a partir das quais poderá ser obtido um produto gerado em sistemas perfeitamente sintonizados com a sustentabilidade do planeta. "Com este três fatores (qualidade, garantia de Origem e responsabilidade na produção) certamente teremos uma demanda maior, com possibilidade de novos mercados, tantos internos quanto externos. A maior ou menor valorização vai depender da amplitude desta demanda", analisa.

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Selistre explica que a questão de um possível diferencial de preço pelo mercado para o produto com Denominação de Origem é importante, mas talvez seja secundária no momento. "Temos em mente que a dimensão atual da DO nos trará um selo de garantia, fornecido pela Aproarroz, com reconhecimento global, o que permitirá levar ao consumidor de qualquer parte do mundo um produto diferenciado, com garantias de qualidade, origem e responsabilidade de produção", esclarece. O dirigente avalia a importância de se estabelecer um trabalho efetivo na indústria para que incutir no consumidor final a ideia de estará adquirindo um produto diferenciado. "Teremos que atender procedimentos e exigências do Regulamento Técnico da Aproarroz, que envolvem rastreabilidade, controle, segregação e validação. Dispomos de uma matéria-prima diferenciada, produzida com responsabilidade social e sustentabilidade ambiental, devidamente rastreada e com elevado padrão de exigência industrial e esse nível de exigência será importante para servir de base a planos de marketing que busquem atrair a demanda consumidora", finaliza.

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Diferenciais de qualidade do arroz resultam do meio geográfico de produção

da Para o produtor João Paulo Müller, que foi o primeiro presidente da Aproarroz, a DO exigirá que a lavoura e o produto atendam a uma série de orientações técnicas, controles e registros estabelecidos pelo Regulamento Técnico da Aproarroz, de modo a orientar os produtores associados à entidade que desejam certificar suas lavouras. "Essas orientações passam pela localização da área a ser plantada, preparo da terra, tratos culturais, colheita, secagem, armazenamento e finalmente pela comercialização. Todo este processo fará com que tenhamos uma infinidade de cuidados e controles que normalmente não existem nas lavouras não certificáveis", disse. João Paulo avalia que os diferenciais de qualidade do arroz do Litoral Norte Gaúcho resultam do meio geográfico onde é produzido, levando em conta fatores como meio ambiente, clima e localização, gerando um produto final mais translúcido, com aspecto "vitreo", isento de gesso, com índices elevados de grãos inteiros, maior resistência ao processo de beneficiamento, melhor rendimento de panela e mais solto. O produtor espera que, além de almejar uma melhor valorização para o arroz do Litoral Norte, os produtores consigam trabalhar as lavouras de forma mais integrada com o meio ambiente. "Queremos que o arroz seja valorizado por suas qualidades e, ao mesmo tempo, que o consumidor entenda que a lavoura é perfeitamente viável e ecologicamente correta em ambientes repletos de corpos d´água, fauna e flora invejáveis", sinaliza.

Empresas poderiam organizar fundo para divulgar diferenciais do Arroz do Litoral Norte Gaúcho Conforme a avaliação de Fernando Melo, da Representações Melo Ltda, que representa a Cooperativa Arrozeira Palmares no Rio de Janeiro (RJ), as empresas incluídas no processo de DO poderiam desde já organizar um fundo conjunto para fomentarem um projeto de divulgação dos diferenciais de produto em suas praças de atuação com demonstradoras, Tvs, outdoors, rádios, e, principalmente, na mídia contratada e estabelecida de seus tradicionais clientes. "Um projeto de marketing de longa duração será imprescindível, no qual quem vai atestar que o produto é diferenciado não é o vendedor, nem o comprador. Estes reunirão elementos para o produto estar no ponto de venda, em condições atrativas, para aí sim o consumidor po-

CAPA DO promoverá uma reorganização do processo produtivo Na avaliação do produtor e proprietário da empresa Elipal, Airton Azevedo, a DO promoverá uma reorganização do processo produtivo como um todo, levando os orizicultores a maiores eficiências de gestão, cujos resultados serão imediatos, independente do aspecto comercial. Esse fator, entretanto, também é importante, a partir de uma remuneração diferenciada, embora se tenha em mente que os resultados deste processo em termos de comercialização serão alcançados no médio e longo prazo. Airton salienta que os produtores necessitarão cumprir responsabilidades para que a DO possibilite a alavancagem de mercados, como a rastreabilidade da produção, fator que exigirá uma melhora na organização e no póscolheita. "Havendo um entendimento deste processo teremos uma oferta de produto para disputar os mercados mais exigentes do Brasil e do Mundo", projeta. No que tange ao mercado, Azevedo afirma que as diferenças reconhecidas no Arroz do Litoral Norte Gaúcho são percebidas por experts em cozinha. "Acredito que uma porta importante a ser aberta será a dos grandes 'maitres', que, além de exigentes, são formadores de opinião. Mostrando a estes especialistas, indiretamente se atinge um público seleto, disposto e capaz de pagar mais por um produto diferenciado", pontua. Outra medida interessante para buscar uma remuneração diferenciada para o arroz com Denominação de Origem é a busca de nichos de mercado, com uma proposta de marca nova, com qualidade extra. "Acredito que a busca por países com poder aquisitivo também é importante, onde um selo de DO é uma realidade em muitos alimentos consumidos", conclui.

der comprovar e desfrutar de todos os benefícios relativos ao produto. Trata-se de um processo demorado em que o investimento disponível será diretamente proporcional ao tempo necessário para atingir um share e preços de venda interessantes", analisa. Conforme Melo, existe espaço na gôndola para produtos especiais tais como os provenientes de uma DO, desejados tanto por compradores quanto por consumidores. Para colocar esse projeto em marcha, entretanto, é necessário investir em promoções nos pontos de venda e em parcerias com clientes. "Desse modo, sabedores das qualidades excepcionais do produto, iremos, paulatinamente alcançar um patamar ideal de valor", prospecta.

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EVENTO

Maurício Fischer é o primeiro presidente eleito do Irga

Pela primeira vez na história, os conselheiros do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) foram às urnas escolher o novo presidente da autarquia. Em eleição pautada pela geração de renda ao produtor, cinco candidatos apresentaram suas propostas para guiar as ações do Instituto nos próximos dois anos. O atual presidente Maurício Fischer ficou em primeiro lugar no processo eleitoral, ocorrido no final de novembro. A lista com os três representantes mais votados foi encaminhada para a governadora Yeda Crusius, que escolheu Fischer para comandar o Instituto por mais dois anos. Cinco candidatos se inscreveram na eleição: os engenheiros Maurício Fischer e Cláudio Evangelista Tavares, o administrador Rubens Pinho Silveira, o médico veterinário Juarez Petry de Souza e o agrônomo Sérgio Gindri Lopes. Tavares, porém, retirou sua candidatura pouco antes do início da votação. A lista tríplice foi completada com o atual diretor comercial do Irga, Rubens Silveira, e com o produtor Juarez Petry. Estavam aptos a votar 76 conselheiros que representam municípios do Estado com produção superior a 200 mil sacos de arroz, e quatro representantes da indústria e do comércio. De acordo com Maurício Fischer, uma das metas da próxima gestão será a realização de um concurso público para o Instituto. Ele também pretende dar continuidade a ações como o Programa Renda, que busca aumentar a rentabilidade do produtor de arroz do Rio Grande do Sul. Fischer quer fortalecer a Fundação Irga e as regionalizações do Conselho Deliberativo, além de planejar um aumento nos investimentos em pesquisa e transferência de tecnologia. “Vamos seguir projetos em andamento, como as construções da nova sede do Irga, em Porto Alegre, e do vertedouro da Barragem do Capané, em Cachoeira do Sul”, afirma.

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Setor lutou por eleição O Coordenador da Câmara Setorial Nacional do Arroz e Coordenador da Comissão do Arroz da Farsul, Francisco Schardong, acredita que um representante da base da lavoura terá melhores condições de ouvir o setor. Segundo ele, foi respeitada a recém criada lei estadual que permitiu a escolha baseada em lista tríplice elaborada pelo Conselho Deliberativo. “O presidente será um representante classista e não mais político. Ele se tornará mais forte, tanto junto aos arrozeiros quanto no Executivo, e terá melhores condições de sentar à mesa e dialogar”, disse. Para o ex-secretário da Agricultura e produtor de arroz, João Carlos Machado, a escolha de Fischer representa a valorização do quadro de servidores do Estado. “Os nomes foram indicados pelo Conselho em votação democrática”, frisou. De acordo com Machado, o Instituto conseguiu avanços importantes nos últimos anos. “Nada mais justo do que dar continuidade a esse trabalho. Fischer tem uma história de trabalho e de realizações”, destacou Machado, que foi um dos idealizadores da lei que determinou eleição para a escolha do presidente do Irga. FOTOS: MARIANA BECHERT

Primeira eleição do Irga elegeu lista tríplice Lavoura Arrozeira - Porto Alegre, v.58 - número 455 - Dezembro 2010 13/12/2010 17:44:02


CAPACITAÇÃO

Dias de Campo acontecem no início de 2011 O Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) já está agendando Dias de Campo para os meses de fevereiro e março de 2011. Eles ocorrem em diferentes cidades e regiões, abrangendo e envolvendo a maioria dos produtores de arroz do Estado. O principal objetivo dos eventos é mostrar aos participantes novas tecnologias para a lavoura. Entre os assuntos a serem apresentados estão o Projeto 10, envolvendo o manejo de herbicidas, de água, o con-

trole de plantas daninhas, insetos e doenças; as novidades em cultivares e linhagens para sistemas pré germinado, hídridas e resistentes a inseticidas; as novas variedades de sementes; o projeto de Tecnologias Mais Limpas, incluindo o selo ambiental e a adequação das propriedades e o pós colheita, envolvendo secagem e o controle dos grãos. Confira abaixo as datas dos Dias de Campo já agendados para 2011:

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EVENTO

XI Conferência Internacional para América Latina e Caribe debate futuro do arroz

A XI Conferência Internacional do Arroz para América Latina e Caribe, realizada em Cali, na Colômbia, entre os dias 21 e 24 de setembro, deixou boa impressão aos seis representantes do Instituto Rio Grandense do Arroz e a alguns produtores do Estado que estiveram presentes. O evento, dividido em conferência, reuniões administrativas e visitas técnicas, contou com a participação de 400 pessoas de diversos países da América Latina e Caribe. O diretor técnico do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), Valmir Menezes, salienta que a conferência, dividida em quatro grandes painéis, abordou temas de interesse do setor orizícola, como inovação e desenvolvimento arrozeiro para a América Latina, melhoramento genético para a cultura do arroz no século 21, competitividade e sustentabilidade arrozeira na nova agricultura e perspectiva arrozeira para América Latina e Caribe no novo século. Durante o evento foi promovida uma visita técnica ao Centro Internacional de Agricultura Tropical (CIAT), onde foi demonstrada uma vitrine tecnológica com 98 cultivares arrozeiras de diferentes países. Menezes destaca também a realização de um seminário sobre a bactéria Burkholderia glunae, que vem trazendo preocupações aos pesquisadores arrozeiros por atacar a panícola de arroz em áreas tropicais da América Latina e Estados Unidos. As principais conclusões do evento foram apresentadas em um documento final divulgado pelo presidente do Comitê Administrativo do FLAR, Maurício Fischer.

Documento Final da XI Conferência Internacional de Arroz para a América Latina e Caribe 30 de setembro de 2010 Findos os trabalhos da XI Conferência Internacional de Arroz para América Latina e Caribe, realizada em conjunto pelo FLAR, FEDEARROZ, CIAT e IRRI, dia 30 de setembro de 2010, em Cali, na Colômbia, os representantes das instituições participantes e do setor arrozeiro da América Latina e do Caribe elaboraram documento formal que, em seguida, foi lido por Mauricio Fischer, presidente do Comitê Administrativo do FLAR.

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Os pontos enfatizados no documento foram: * Que a produção de arroz em nossa Região é de importância fundamental, não só para a segurança alimentar e o desenvolvimento sócio-econômico dos nossos países, mas como fonte vital de excedentes para atender à crescente demanda mundial. * Que a organização e a dinâmica dos setores arrozeiros da região se mostram dispostas a assumir o papel de protagonista principal em seu próprio desenvolvimento, gerando empregos e diminuindo a pobreza rural. * Que os arrozeiros da América Latina e do Caribe assumem o compromisso irrevogável de conseguirem o desenvolvimento sustentável, sempre a partir da preservação dos recursos naturais, minimizando o impacto no meio ambiente, bem como buscando a devida adaptação aos efeitos climáticos. * Que reconhecem o aporte fundamental do Centro Internacional de Agricultura Tropical - CIAT e do Instituto Internacional de Pesquisa de Arroz - IRRI para o desenvolvimento arrozeiro da América Latina e do Caribe, nos últimos 50 anos, destacando o apoio desmedido de um número incalculável de pesquisadores que se responsabilizaram por essa tarefa durante todo esse período. * Que parabenizam a nova agenda global de pesquisa do arroz que, atualmente, representa um marco na reorganização dos Centros Internacionais, dentro da qual é firme e notório o reconhecimento do papel que a América Latina e o Caribe cumprem no cenário mundial do arroz, tanto na oferta de excedentes de produção, sendo modelo de estratégias de desenvolvimento que podem ser úteis para outras regiões. * Que destacam a representatividade do Fondo Latinoamericano para Arroz de Riego - FLAR em seus quinze anos de atividade, na forma de aliança regional públicoprivada auto-administrada e autofinanciada, que se transformou em ferramenta poderosa e independente para o desenvolvimento arrozeiro regional.

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EVENTO Por fim, Mauricio Fischer firmou o compromisso de seguir realizando a Conferência Internacional de Arroz para América Latina e Caribe, a cada quatro anos. Assim, a décima segunda será realizada no ano de 2014, com o apoio do FLAR, IRRI, CIAT e o suporte local do Irga, em Porto Alegre, no Brasil. TEXTO EXTRAÍDO DO SITE DO FONDO LATINOAMERICANO PARA ARROZ DE RIEGO - FLAR TRADUÇÃO LIVRE POR MARIA DA GRAÇA ROSA, SECRETÁRIA-GERAL DO INSTITUTO RIO GRANDENSE DO ARROZ

Reunião do comitê administrativo homologa entrada do Chile no FLAR A XXVIII reunião do Comitê Administrativo do FLAR, realizada durante a XI Conferência Internacional do Arroz para América Latina e Caribe definiu posições importantes para o futuro da produção na região, como a homologação da entrada do Chile no FLAR, a assinatura de um novo convênio do CIAT com o FLAR (com duração de cinco anos), a possibilidade de ingresso do Peru no FLAR e o recebimento de uma carta de intenção do Paraguai solicitando sua entrada no FLAR. Também foi discutido um possível reingresso do IRRI no FLAR. O presidente do Irga e do Comitê Administrativo do

FLAR, Maurício Fischer, destaca que ficou acertada uma visita técnica de representantes do IRRI, CIAT e pesquisadores ao Irga, em fevereiro de 2011, para a troca de informações e conhecimentos voltados à pesquisa de arroz na América Latina. O IRRI será representado pelo diretor geral Robert Zeigler e o CIAT pelo gerente técnico Joe Tohme. Outra definição foi que a próxima reunião do comitê administrativo do FLAR, será realizada de 10 a 13 de maio de 2011, durante a Expoarroz, em Pelotas.

DIVULGAÇÃO FLAR

Maurício Fischer faz a leitura do documento final da XI Conferência Internacional de Arroz para América Latina e Caribe

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EVENTO

Encontro em Uruguaiana desmistifica impacto da lavoura de arroz no meio ambiente Procurando discutir a compatibilização do cultivo do arroz no âmbito do Bioma Pampa, foi realizado no final de agosto, em Uruguaiana, o Simpósio do Cultivo do Arroz e a Conservação da Natureza. O evento, organizado pela Alianza del Pastizales, entidade que defende os interesses do meio ambiente em âmbito regional e internacional, serviu para atingir dois objetivos básicos: a integração entre ambientalistas e os protagonistas da produção de arroz, e a desmistificação da ação impactante da lavoura de arroz no meio ambiente. O simpósio propôs maneiras de se manter os recursos de biodiversidade, principalmente com ênfase em aves, nos níveis adequados. A forma é abrangente e enfatiza o fato de serem usadas técnicas de cultivo de forma racional, compatibilizando a agricultura com a conservação da biodiversidade. Assim, não seria necessário usar do cultivo orgânico do cereal. Para Ramiro Alvarez Toledo, assessor ambiental da Associação dos Arrozeiros de Uruguaiana, o público presente constatou que não existir uma briga nem disputa entre bandidos e mocinhos, mas que a discussão entre ambientalistas e arrozeiros deve direcionada à construção de uma atividade que cuide do meio ambiente, da produção e do emprego. O consultor do Irga, Cláudio Mundstock, realizou palestra cujo principal foco foi os recursos naturais da área do Bioma Pampa. “Causou surpresa aos participantes o fato de que 100% do arroz do Estado está sobre o Bioma Pampa, pois este se estende de Uruguaiana a Santa Vitória

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do Palmar, seguindo pelo litoral até Torres. Porto Alegre, inclusive, está inserida no Bioma Pampa. Assim, devido à sua extensão, todo o arroz do RS está no Bioma”, destaca. Mundstock complementou que, apesar das lavouras estarem situadas nesse local, a lavoura utiliza poucos recursos do Bioma. “Só 5% da área do Bioma é utilizada com arroz, que também só utiliza 5% da água da chuva que cai sobre o Bioma. Isso desmistifica alguns conceitos sobre o impacto do arroz no Bioma”, salientou. Afirmou também que o Irga deve continuar mostrando as informações, demistificando alguns conceitos, que na verdade, não passam de palpites sobre o impacto da lavoura do arroz. Ramiro disse que ficou claro que os produtores conscientes estão preocupados com o meio ambiente, sem deixar de lado questões como produtividade, eficiência e renda. Percebe-se também que as atitudes proativas da lavoura de arroz do Rio Grande do Sul são concretas, pois além de ser a única cultura de produção de grãos com exigência de total adequação ambiental, via licenciamentos e outorgas, possui também o início de um projeto de certificação ambiental institucional, através da adoção do Selo Ambiental do Irga. O público do evento foi composto por arrozeiros do Rio Grande do Sul, do Uruguai e da Argentina, por produtores do arroz orgânico, representantes de ONGs que tratam de questões ambientais em âmbito do Bioma Pampa, de representantes de instituições públicas, como a SEMA , de pesquisadores do INTA (Argentina) e INIA (Uruguai).

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Público presente no Dia do Arroz

EVENTO

MARIANA BECHERT

Marketing, gestão e mercado de arroz são destaques na 33ª Expointer A participação do Irga na 33ª Expointer, em Esteio (RS), foi marcada pelo "Dia do Arroz", realizado em 30 de agosto com parceria do Canal Rural, na Casa da RBS.O evento foi dividido em dois fóruns. No primeiro deles, sobre “Marketing e a Gestão do Agronegócio do Arroz”, o consultor da TCA-International-SP, José Luiz Tejon Megido, salientou a importância do incentivo ao consumo de arroz através de estratégias de marketing. O consultor do Sebrae, Rogério Bastos, destacou a necessidade de reconhecimento por parte da cadeia produtiva de nichos de mercado, valores ambientais, qualidade e potencial de produtividade, através de planejamento e gestão. Técnicas corretas de manejo para altas produtividades nas lavouras foram abordadas pelos produtores Paulo Adolfo Prochnow, de Agudo, e Gilberto Raguzzoni, de Dom Pedrito. No segundo fórum, sobre o “Mercado do Arroz”, o consultor de mercado do Ícone, André Nassar, enfocou o tema “África do Sul, Situação e Perspectivas”, que foi debatido pelo analista de mercado da Cooplantio, Camilo Oliveira, o produtor da Zona Sul, Jair Almeida e o diretor comercial do Irga, Rubens Silveira.

Lançamentos e homenagens marcam o encontro orizícola

Irga divulga e incentiva o consumo do arroz

O Dia do Arroz marcou o lançamento da 21ª Abertura da Colheita do Arroz, que será realizada pela Federarroz entre 24 e 26 de fevereiro de 2011, no Parque do Sindicato Rural de Camaquã, da 1ª Expodinâmica Tecnológica para Metade Sul, que acontecerá de 16 a 18 de fevereiro de 2011, no Parque do Sindicato Rural de Jaguarão e a Expoarroz 2011, que ocorre de 10 e 13 de maio de 2011, no Centro de Eventos Fenadoce, em Pelotas. Também foram feitas homenagens ao Irga pela passagem de seus 70 anos.

A equipe de nutrição do Irga, com o objetivo de estimular o consumo do arroz, divulgou uma série de receitas feitas com o cereal durante a Expointer. Durante o evento, foram distribuídas cartilhas sobre arroz na escola, arroz com leite e produtos derivados feitos com o grão, como docinhos, pizza, cucas, entre outros. Para atrair o público infantil, o Irga criou a Família Arroz, através dos personagens Dona Arrozita e Arrozino e de seus filhos, Arrozinha e Júnior, que faz parte do Projeto Arroz na Merenda Escolar.

Japoneses e italianos visitam a Casa do Irga

Cerveja feita com arroz é novidade

Representantes da empresa Yanmar de Osaka, Japão, visitaram, no dia 4 de setembro, a Casa do Irga, na Expointer. O encontro avaliou a situação de transplantadeiras de mudas adquiridas pelo Instituto nos anos 90. O Irga também despertou interesse de italianos da empresa Mara, fabricante de niveladores de solo para sistematização, que visitaram a casa no dia 31 de agosto.

Curiosos, interessados e produtores visitaram a Casa do Irga no dia 2 de setembro para conhecer e degustar uma cerveja artesanal feita de arroz. A bebida, desenvolvida com a cultivar IRGA 417, contém 40% de arroz e 60% de cevada malteada. A cerveja experimental possui teor alcoólico com apenas 3,5% e é utilizada em vários países do mundo.

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OBRA

RS terá Memorial voltado exclusivamente para o arroz Resgatar a história da lavoura de arroz e mostrar para a sociedade a evolução da pesquisa na área orizícola do Rio Grande do Sul são os principais objetivos do Projeto Memorial Alberto Bins. O projeto foi desenvolvido pelo Governo do Estado, por meio do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) e a Fundação de Apoio e Desenvolvimento de Tecnologia ao Irga (Fundação Irga), em parceria com a Defender - Organização da Sociedade Civil de Interesse Público. A ideia prevê a reforma das ruínas históricas da residência da família Bins e a construção de um espaço que abrirá biblioteca, auditório, salas para pesquisas, exposições fotográficas e mostra de equipamentos utilizados ao longo dos anos na história da orizicultura. Localizada em Cachoeirinha, às margens do rio Gravataí, dentro da Estação Experimental do Arroz (EEA), a obra contará também com um terraço, possibilitando uma bela vista do entorno, que traz uma natureza exuberante. Em setembro, as entidades envolvidas lançaram a pedra fundamental da futura sede do Memorial, que terá área total construída de 810m² e um custo estimado de R$ 1,956 milhão. O projeto receberá via Lei de Incentivo à Cultura (LIC) R$ 526,4 milhões, o que representa 27% do valor total da obra. Os outros 75% serão obtidos através do Irga, sendo a Fundação Irga gestora das ações para

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que a obra seja executada. Segundo o presidente do Irga, Maurício Fischer, o Memorial Alberto Bins, busca resgatar, valorizar e divulgar as importantes ações da pesquisa para a orizicultura, aproximando a comunidade do local onde se formou uma das primeiras lavouras de arroz irrigado do Estado. “O Projeto incentiva a cultura, a educação, e aproximará a comunidade para a história do arroz”, afirmou. O major Alberto Bins foi um dos primeiros orizicultores a cultivar o cereal nas margens do Rio Gravataí, onde hoje está sediada a Estação Experimental do Arroz.. A casa abrigou o major no início do século 20. Industrial, comerciante e político, foi o primeiro porto-alegrense a assumir a prefeitura de Porto Alegre. Filho do alemão Matias José Bins, comerciante importante da cidade, estudou na Inglaterra e Alemanha por seis anos. Iniciou sua carreira comercial como sócio de Miguel Friedrichs, negociando ferro bruto e materiais de construção. Sua primeira grande atividade profissional foi como sócio majoritário da empresa E.Berta & Cia. Ele também esteve à frente da Associação Comercial de Porto Alegre, sendo um dos fundadores do Banco Pelotense e do Centro da Indústria Fabril do Rio Grande do Sul. Também participou da fundação da Varig e do Sindicato do Arroz, que deu origem ao Instituto Rio Grandense do Arroz. FOTOS ROBISPIERRE GIULIANI

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O Sistema Clearfield evoluiu. Chegou Kifix . A nova geração do Sistema Clearfield. ®

Kifix ® é o novo componente do Sistema Clearfield® Arroz que controla de forma eficiente o Arroz-vermelho e outras importantes plantas daninhas, garantindo maior produtividade e rentabilidade. • Controle eficiente do Arroz-vermelho. • Maior espectro de controle de plantas daninhas. • Formulação moderna. • Menor volume de descarte de embalagens. É a BASF sempre inovando na cultura do arroz. *O Herbicida Kifix® é recomendado para uso somente na cultivar PUITÁ INTA-CL e/ou nos híbridos Clearfield ®. Consulte a bula do produto para verificar a dose e época de aplicação do produto de acordo com o Sistema de Produção (Arroz Terras Baixas e Arroz Terras Altas). Produto Kifix® não está cadastrado no estado do Paraná.

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PESQUISA

International Rice Rese – O berço da Revolução nosso al Além do IR8, até os dias atuais A história do IRRI não se resume apenas ao IR8. Muitas outras variedades, altamente produtivas e melhor adaptadas à diversidade asiática foram lançadas. Materiais de ciclo precoce, resistentes a pragas e doenças, de melhor qualidade de grãos, híbridos, cultivares adaptadas à inundação, adaptados às terras altas, resistentes a estresses abióticos, etc, associados à evolução nas práticas de manejo, constituíram um panorama de constante crescimento de produtividade, que passou de cerca de 0,9 ton/ ha na década de 60 a mais de 4 ton/ha nos dias atuais (rendimento médio global). Hoje o IRRI é o maior centro de pesquisa sem fins lucrativos da Ásia, com representação em 14 países e cerca de 1.300 colaboradores. Conta com 90 parceiros e doadores, entre eles, a Fundação Bill & Melinda Gates. Um banco de sementes com mais de 110.000 materiais está localizado nas suas dependências e se constitui na maior fonte de germoplasma do mundo, com acesso gratuito para qualquer instituição pública de pesquisa. Em constante atualização, o IRRI recruta pesquisadores reconhecidamente competentes em suas áreas, de todo o mundo. FELIPE CARMONA/ARQUIVO PESSOAL

14 de abril de 1960. Historicamente, esta é a data que mudou o futuro da Ásia. A cooperação filantrópica de duas famosas e empreendedoras famílias americanas, os Ford e os Rockfeller, resultou na criação do mais importante centro de pesquisa em arroz do mundo – o Instituto Internacional de Pesquisa em Arroz (IRRI, na sigla em inglês). Instituição autônoma, sem fins lucrativos e devotada principalmente ao estudo e melhoramento do arroz, o IRRI foi instalado em Los Baños, na República das Filipinas. Sua missão era bem clara: encontrar soluções sustentáveis para melhorar a qualidade de vida das atuais e futuras gerações de arrozeiros e consumidores de baixa renda. No ano em que completa 50 anos, o IRRI é reconhecido até os dias de hoje como o berço de uma das mais relevantes histórias de sucesso da humanidade – A Revolução Verde em arroz. O estopim de tudo se deu a partir do Programa de Melhoramento Varietal do recém criado Instituto. O lançamento da variedade semi-anã IR8, altamente produtiva, mudou o conceito de fenótipo ideal para a cultura. Rapidamente disseminada nas Filipinas e sudeste asiático, a adoção em larga escala resultou, em pouco tempo, em um incremento de produtividade superior a 30%, auxiliando milhões de famílias asiáticas no combate à fome. Entre 1965 e 1966, as notícias sobre o feito se disseminaram e o IRRI passou a ser reconhecido não apenas nas Filipinas, mas no mundo inteiro. A partir de então, não só as Fundações Ford e Rockfeller, mas governos de vários países, além de instituições privadas, passaram a fomentar a pesquisa no IRRI, o que constituiu um ciclo orçamentário virtuoso que persiste até hoje. FELIPE CARMONA/ARQUIVO PESSOAL

Área demonstrativa inundada por 17 dias ilustrando a resposta de materiais tolerantes (Sub1) e sensíveis à inundação

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Pesquisador do Irga, Felipe Carmona, no pórtico de entrada do IRRI, durante período de treinamento Lavoura Arrozeira - Porto Alegre, v.58 - número 455 - Dezembro 2010 13/12/2010 17:44:17


esearch Institute (IRRI) ução Verde em arroz ao o alcance

PESQUISA

FELIPE DE CAMPOS CARMONA - ENG. AGRÔNOMO, MSC E DOUTORANDO DO PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA DO SOLO DA UFRGS

O crescente estímulo ao intercâmbio A pesquisa relacionada à tolerância à inundação é apenas um exemplo do vasto universo do IRRI. A aproximação do Irga com centros de referência tende a se intensificar nos próximos anos, o que nos permite vislumbrar um panorama de desafios e crescimento da orizicultura gaúcha. O estímulo ao intercâmbio de profissionais promove o amadurecimento crítico do pesquisador, assim como abre novos horizontes na busca de soluções e inovações. Nesse sentido, apesar de localizar-se no outro lado do mundo, o berço da Revolução Verde em arroz segue de portas abertas, e estará cada vez mais próximo.

Maior parte do plantio dos ensaios no IRRI é realizado no sistema de transplante (densidade entre 25 e 36 plantas/m²) (a). Simulando a realidade de grande parte das lavouras, o preparo do solo é realizado com o auxílio de Carabaos, os búfalos filipinos (b). Lavoura Arrozeira - Porto Alegre, v.58 - número 455 - Dezembro 2010 RLA 455-2.indd 49

FELIPE CARMONA/ARQUIVO PESSOAL

O pesquisador do Irga Felipe de Campos Carmona (figura 1) realizou no IRRI parte de seu doutorado. O treinamento, que durou 6 meses, entre maio e novembro de 2010, teve como objetivos avaliar diversas linhagens e variedades de arroz, sendo 10 do Irga, quanto à tolerância a salinidade na germinação, para identificação de materiais promissores; além de verificar o efeito da aclimatação de sementes de arroz germinadas em meio salino, quanto à tolerância a salinidade na fase vegetativa. Os resultados desse estudo demonstraram que as variedades desenvolvidas no Irga podem germinar sob condições extremas de salinidade, em condutividades elétricas superiores a 26 dS/m. Embora sejam suscetíveis à salinidade no período vegetativo, os resultados demonstraram que os materiais do Irga, em geral, adaptam-se ao meio salino, quando germinados em níveis de salinidade de até 18 dS/m, adquirindo uma maior capacidade de se desenvolver em solos com problema de salinidade. Estes estudos serão aprofundados no Irga, com vistas a apresentar alternativas de manejo aos produtores afetados pela salinidade nas Planícies Costeiras e Zona Sul do Rio Grande do Sul. Além dos trabalhos específicos, a experiência no IRRI possibilitou uma ampla interação com pesquisadores de diversas áreas, o que permitirá colaborações futuras, principalmente nas áreas de melhoramento genético, fertilidade do solo e manejo do arroz em geral. Apesar de o sistema de cultivo adotado nas Filipinas (Figura 2) ser diferente do utilizado no Rio Grande do Sul, em muitos casos há semelhanças, como por exemplo, nos estresses enfrentados. É o caso das recorrentes inundações, muito comuns em áreas próximas a rios, situação que é agravada em anos de El Niño. Variedades tolerantes à inundação (Figura 3) começaram a ser distribuídas pelo IRRI a partir de 2007 e já são massivamente adotadas pelos produtores no sudeste asiático.

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NOTÍCIAS

2º Encontro de Secretárias do Irga capacita funcionários

Inaugurado hangar de máquinas em Uruguaiana O Governo do Estado do Rio Grande do Sul, por meio da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Pesca e Agronegócio (Seappa), Irga, Secretaria da Ciência e Tecnologia e Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária (Fepagro) inauguraram, em setembro, o hangar de máquinas na Estação Regional do Irga de Uruguaiana. O local será utilizado para armazenamento de máquinas e implementos agrícolas do Instituto e, futuramente, servirá como unidade de armazenagem e beneficiamento de sementes genéticas.

O 2º Encontro de Secretárias realizado, de 13 a 17 de setembro, na sede da autarquia, em Porto Alegre, superou as expectativas. Promovido pela Fundação Irga, mais de 80 pessoas foram capacitadas. Participaram servidores que secretariam a diretoria e os Núcleos de Assistência Técnica e Extensão Rural distribuídos nas seis regiões arrozeiras. O objetivo foi qualificar e promover a integração entre os funcionários. O grupo também participou de aulas teóricas e práticas sobre Legislação Básica da Brigada de Incêndio, Medidas de Prevenção e Instalações contra Incêndio, na Estação Experimental do Arroz (EEA), em Cachoeirinha. VIVIANE MARIOT

SÍNTIA TRAJANO

Mais de 80 pessoas foram capacitadas Fronteira Oeste conta com Hangar de máquinas

Irga firma convênio com Fepagro em Uruguaiana O Irga firmou convênio com a Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária (Fepagro) em setembro, na Estação Regional de Uruguaiana. O presidente do Irga, Maurício Fischer, disse que a assinatura do convênio oportunizará o uso da área da Fepagro por mais cinco anos, para fazer um trabalho de pesquisa sobre a sucessão de culturas e arroz. De acordo com o diretor-presidente da Fepagro, Benami Bacaltchuk, o convênio firmado visa a complementação das atividades de pesquisa do Irga e da Fepagro na busca de alternativas na sucessão de culturas com produtos competitivos para viabilizar o arroz e a pecuária da região.

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Livro conta a história da Extensão Rural do Irga O livro “Extensão Rural há 70 anos semeando conhecimento”, de autoria de Carine Schwingel e Ermilo Guilherme Drews Neto, foi lançado em setembro deste ano e conta a história em detalhes de agrônomos, extensionistas, pesquisadores, coordenadores regionais que fazem parte de uma história dedicada ao desenvolvimento da lavoura arrozeira do Rio Grande do Sul.

Capa do livro da Extensão Rural do Irga

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NOTÍCIAS Presidente do Irga recebe prêmio de Mérito Rural O presidente do Irga, Maurício Fischer, recebeu, em outubro, homenagem que conferiu a ele o título de “Mérito Rural”. A solenidade de entrega aconteceu durante a 84ª Expo Feira de Agropecuária, Indústria e Comércio, no Parque da Associação Rural de Pelotas. O prêmio distingue a projeção de suas realizações no cenário agropecuário estadual, brasileiro e internacional e é dedicado às pessoas que se destacam no desenvolvimento de setores do agronegócio.

Aberta a licitação para a construção da nova sede O diretor administrativo do Irga, Rafael Mallmann e o engenheiro civil e coordenador do Projeto da construção da nova sede, Jaime Staffen, entregaram, em setembro, o processo que trata da edificação do novo prédio do Instituto ao diretor da Central de Compras do Estado (Cecom), Eduardo Jardim. A obra está orçada em cerca de R$ 9 milhões. A licitação foi aberta em novembro. Em breve devem ser avaliadas as propostas da empresa responsável pela construção da obra.

PAULO ROSSI

Irga participa do IV Simpósio Sul-Brasileiro de Qualidade de Arroz Fischer recebe homenagem em Pelotas

EEA recebe visita de italianos No dia 8 de novembro, uma comitiva italiana representada pelo presidente e diretor geral da Cooperativa de Arrozeiros, Ottavi Messa e Massimo Biloni, visitou a Estação Experimental do Arroz (EEA/Irga), em Cachoeirinha. O encontro teve como objetivo firmar acordos de cooperação técnica com o Irga para intercâmbio de material genético, além da busca de informações sobre a orizicultura gaúcha. DIVULGAÇÃO EEA

O pesquisador Antônio Rosso acompanha o grupo até o campo experimental

O Irga participou, de 8 a 10 de dezembro, do IV Simpósio Sul-Brasileiro de Qualidade de Arroz, em Capão do Leão. O objetivo foi debater com a cadeia produtiva do arroz, soluções para as perdas qualitativas e quantitativas dos grãos desde a colheita até a armazenagem, a industrialização e o consumo. O evento foi promovido pelo Laboratório de Pós-Colheita, Industrialização e Qualidade de Grãos (LABGRÃOS) da UFPel, Associação Brasileira de Pós-Colheita (ABRAPÓS) e o Polo de Inovação Tecnológica em Alimentos da Região Sul. Participaram do evento, o presidente do Irga, Maurício Fischer, os engenheiros Sérgio Gindri Lopes, Carlos Alberto Fagundes e Gilberto Wageck Amato, representantes de entidades ligadas ao setor, produtores, pesquisadores, e estudantes.

Pesquisador do Irga recebe prêmio internacional O pesquisador do Irga, Felipe de Campos Carmona, foi agraciado, em setembro, pelo International Plant Nutrition Institute (IPNI) Scholar Award 2010. A entrega aconteceu na Fertbio, em Guarapari (ES). A premiação destacou, principalmente, o mapeamento da salinidade do solo nas planícies costeiras do Rio Grande do Sul, assim como o estudo de manejo de potássio em áreas afetadas por sais (Fazenda Cavalhada, Mostardas).

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NOTÍCIAS Reeleito diretor técnico do Irga O diretor técnico do Irga, Valmir Menezes, foi reeleito, em outubro, pelo Conselho Deliberativo, para um mandato de mais três anos (2010-2013). Valmir Gaedke Menezes é natural de Rio Pardo, possui graduação em Agronomia e mestrado em Fitotecnia, ambos pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Iniciou sua carreira no Irga em 1981. O Departamento Técnico é responsável pelas atividades de pesquisa e pela geração e difusão de tecnologia.

Pesquisadora do Irga recebe Troféu Destaque Feminino Rural 2010 No dia 06 de dezembro, a Comissão das Produtoras Rurais da Farsul homenageou as mulheres do agronegócio que se destacaram em sua atuação no meio rural durante o ano. A pesquisadora do Irga, Vera Mussoi Macedo, recebeu o Troféu Destaque Feminino Rural 2010, pela significativa contribuição à agricultura sustentável na lavoura de arroz irrigado. MARIANA BECHERT

Zona Sul terá novas casas de arrozeiros O presidente do Irga, Maurício Fischer, assinou, em novembro, contrato para a construção de duas casas de arrozeiros em Jaguarão e Arroio Grande. Com investimentos de R$ 242 mil, as estruturas devem funcionar como Núcleos de Assistência Técnica e Extensão Rural e promover a difusão de tecnologias para o desenvolvimento da orizicultura. “A parceria com os sindicatos irá fortalecer a integração do setor com o agronegócio e o Estado”, afirmou Fischer.

Twitter é nova ferramenta de comunicação do Irga

Vera recebe o troféu do presidente do Irga

Seguindo as tendências de comunicação, o Irga conta com uma página no Twitter. Os profissionais da comunicação, a classe arrozeira, e os interessados poderão acompanhar as informações envolvendo o setor de forma mais ágil. O endereço do Irga no Twitter é www.twitter.com/arrozrs

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GASTRONOMIA

Pratos Especiais à base de arroz Cabo de Relho por Barbara Baptista

por Ivone Righi Severo

Ingredientes:

½ kg de filé de carne de primeira, sal a gosto, uma pimenta malagueta, uma cebola e meia em rodelas, dois dentes de alho, quatro folhas de couve, três copos de feijão sem caldo, ½ kg de arroz, uma lingüiça calabresa picada em rodelas, farinha de mandioca e um copo e meio de óleo, pimentão verde e vermelho, temperos como cebolinha e salsinha.

Modo de Preparo:

Em uma panela média coloque 1/2kg de filé de carne de primeira , 1 ½ copo de óleo e os dois dentes de alho amassados e frite bem, logo após coloque uma cebola e meia em rodelas finas frite e coloque a lingüiça calabresa picada em rodelas, em seguida coloque de imediato o arroz e feijão sem caldo na panela colocando junto as 4 folhas de couve picada fininhas mexa bem e coloque água até cobrir os ingredientes, quando levantar fervura, corte duas tiras de pimentões vermelhos e verdes e tape. Deixe por 10 minutos. Quando tiver pronto coloque por cima um pouquinho de farinha de mandioca e sirva quente.

Arroz com Cordeiro por Zoraide Menezes Ingredientes:

Uma costela de cordeiro. Duas colheres de sopa de óleo. Alho, cebola e sal. Três xícaras de arroz. Seis xícaras de água.

Modo de preparo:

Arroz com Galinha Crioula

Coloque o óleo na panela, cortar a carne miúda e frite com a cebola o alho e sal, após coloque o arroz e frite bem, em seguida coloque água.

Ingredientes:

Uma galinha em pedaços. Uma cebola média. Um dente de alho. Pimenta do reino, molho de pimenta, queijo e tempero verde a gosto. Um tomate grande.

Modo de preparo:

Temperar a galinha e fritar até dourar, colocar o arroz conforme as pessoas, deixar fritar um pouco e coloque água suficiente para que não fique seco.

Arroz Italiano

por Valdeliria Predebon Ingredientes:

Dois peitos de frango cozido e desfiado. Quatro tomates grandes picados. Três cebolas grandes picados. Dois caldos de galinha. Pimenta e sal a gosto. Quatro xícaras de arroz branco. Uma caixa de extrato de tomate. Doze xícaras de água quente, queijo.

Modo de preparo:

Após desfiar os peitos de frango, coloque em uma panela com os tomates, cebola um pouco de azeite suficiente para fritar, logo após dourar coloque o restante, colocando a água quente aos poucos, sempre mexendo até amolecer o grão, o arroz fica bem molhado devido a quantidade de água três xícaras de água para uma de arroz. Queijo e tempero colocar a gosto.

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ALMANAQUE LAVOURA ARROZEIRA HÁ 50 ANOS Calendário da Lavoura de Arroz nos meses de Dezembro de 1960 e Janeiro de 1961 p.5 Mês de dezembro É um dos meses em que a irrigação deve ser bem atendida, pois é época de grande evaporação. Período de irrigação permanente, devendo o lavoureiro, voltar toda sua atenção para obter um perfeito funcionamento das máquinas e bombas. Deve,o lavoureiro, ser previdente armazenando alguma quantidade de combustível, para suprir escassez, muito comum nessa época. (...) Combater o percevejo em suas primeiras aparições nos arredores da lavoura e nas próprias taipas. Aparece a lagarta da raiz, que se combate esgotando os “quadros”, até que a terra fique seca. (...). Percorrer diariamente a lavoura procurando os focos de lagarta da folha. Mês de janeiro É um mês de intensa irrigação, sendo, dos meses do ano, o de maior evaporação, consumindo uma quarta parte d’água gasta no arrozal. Costuma, neste M~es, aparecer a lagarta do cascudo da raiz. (...) Os que tem terra adequada, devem limpar algum trecho da lavoura, para produzir semente própria para o ano seguinte, arrancando o arroz vermelho e o capim arroz. O transplante de arroz na Itália p. 7 Paulo Annes Gonçalves Doat do Irga (...) Um ensaio na Estação Experimental de Vercelli, na Itália, foi feito em 1954, com a seguinte marcha e resultado: Viveiro: Semearam arroz, tipo Japonês (variedade Americano 1600), na base de 1.800 quilos por hectare de viveiro. Aos 45 dias de semeado, o arroz estava com 35 cm de altura e foi arrancado para o transplante. Transplante: Feito a 20 cm de distância, em todos os sentidos, de modo a dar 25 caseiras por metro quadrado. Para verificar quantas plantinhas deviam ser colocadas em cada uma

das caseiras, fizeram-se vários ensaios desde uma muda por caseira, até 15 mudinhas. (...) A maior produção foi obtida com 12 mudas por caseira, ou seja, 300 plantas por metro quadrado. Arroz com Vitaminas p. 22 Metade do arroz consumido na Índia é dito arroz “parboiled”. Este nome indica um arroz com vitaminas. Arroz que sofreu especial tratamento. Mergulha-se n’água o grão com casca que é, após, tratado com vapor, e aquecido durante uma meia hora. Feito isso, é secado e descascado como arroz normal. Processo muito antigo, também seguido na Guiana Inglesa, com leve variante. (...) Para prepara arroz enriquecido, coloca-se o arroz já beneficiado em um tambor rotativo onde se introduzem as vitaminas, ditas niacinas e tiamina, em forma líquida. O arroz é, depois, secado por ar quente, ainda no tambor giratório. Nas Filipinas e no Japão, esse arroz enriquecido tem sido preparado e até revestido com uma camada, contendo outros produtos nutrientes, como o fósforo e o ferro.

Capa Revista de Setembro de 1960 nº 168

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Lavoura Arrozeira - Porto Alegre, v.58 - número 455 - Dezembro 2010 13/12/2010 17:44:32


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