Bauru, novembro de 2018
a Responsabilidade aumenta Mesmo pequeno, crescimento populacional demanda mais escolas e serviços de saúde P. 03
40 anos de vitória Um dos principais cartões postais da cidade-lanche completa quatro décadas P. 06
em Desenvolvimento Nações Norte e distritos industriais são novos horizontes para a cidade P. 09 e 10
PARA ALÉM DOS LIMITES... Limite é um suplemento que descobre as fronteiras de Bauru. A cidade sem limites, com a constante urbanização, vive problemáticas a respeito de seu desenvolvimento. O crescimento populacional e a ocupação do solo contínuos levantam dúvidas sobre a infraestrutura disponível à população, nos mais diversos aspectos, desde o tratamento de água e esgoto e do transporte público ao direito à habitação e ao lazer. Como lidar com o crescimento populacional? Quais as consequências desse aumento? E o solo, de que forma vem sendo ocupado? É sobre isso que se trata neste caderno. Para delinear os limites bauruenses, as matérias compõem uma narrativa em duas partes: Envolva e Desenvolva.
A primeira parte - Envolva - discorre sobre a atenção e preocupação com os cidadãos. Já a segunda parte - Desenvolva fala sobre questões mais estruturais que englobam a construção da cidade em si. Boa leitura! Equipe LIMITE
ÍNDICE
BRUNA TASTELLI BRUNNA VATIERO CAROLINE MENDES EDUARDA SOUZA ISABELA ALMEIDA ISABELLE TOZZO JAQUELINE NEVES JULIA BERGAMASCHI LAURA ALMEIDA LEANDRO GONCALVES LEONARDO OLIVEIRA LETÍCIA PINHO REBECA ALMEIDA VICTÓRIA RIBEIRO
Paginação
Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” Reitor: Sandro Roberto Valentini Vice-Reitor: Sergio Roberto Nobre
12 Lugar da gente 11 Quando a garantia do direito à habitação se torna um privilégio 10 A atenção com o meio ambiente nos distritos industriais Cuidados no uso de academias ao ar livre
9 Bauru voltada ao norte 8 O surgimento da cidade sanduíche 6 e 7 Vitória faz 40
Pt. II Desenvolva Pt. I Envolva
Cidade em movimento
5 Transporte público não acompanha crescimento da cidade 4 Saneamento avança, mas Bauru ainda tem apenas 4% do esgoto tratado 3 O Crescimento Populacional e a demanda por mais serviços em Bauru
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QUEM ESTEVE NAS FRONTEIRAS
Matéria
Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação Curso de Jornalismo Diretor: Prof. Assoc. Marcelo Carbone Carneiro Vice-diretora: Profª Drª Fernanda Henriques Chefe do Departamento: Profª Assoc. Maria Cristina Gobbi Vice-chefe: Prof. Assoc. Mauro Souza Ventura Coordenadora: Profª. Drª. Angela M. Grossi de Carvalho Vice-coordenador: Prof. Assoc. Maximiliano Martin Vicente Planejamento Gráfico-Editorial Profª Me. Gleice Bernardini Jornalismo Impresso II Prof. Dr. Angelo Sottovia Aranha
ENVOLVA
O crescimento populacional e a demanda por mais serviços em Bauru A cidade cresce, mas infraestrutura não corresponde às necessidades POR JuLIA BERGAMASCHI Tucano.org.br/reprodução
As creches já existentes possuem estruturas modernas mas não suprem toda a demanda da população
“A prioridade da secretaria é garantir que mais alunos possam usufruir de uma educação de qualidade em qualquer circunstância.” Isabel Miziara
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om um crescimento demográfico médio que gira em torno de 0,63% ao ano, Bauru é um município que cresce de maneira estável e contínua, sendo uma das cidades interioranas mais prósperas, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Mesmo não tendo taxas elevadas de explosão demográfica, o município ainda não consegue atender a demanda total por serviços públicos da população. A falta de vagas em escolas e creches para crianças abaixo dos 5 anos em Bauru é uma questão longe de ser solucionada. A fila de espera para matrículas nas Escolas Municipais de Educação Infantil (Emei) e Educação Infantil Integrada (Emeii) aumentou 31% em um ano. De acordo com a Secretária da Educação, Izabel Miziara, a demanda por mais vagas em creches e escolas é um grande problema para a cidade. Com uma taxa de natalidade alta, mais de 300 crianças nascem diariamente em Bauru, seria então necessário construir duas escolas por dia, pois a rede pública atende mais ou menos 180 crianças em período integral.
O município conta com 64 escolas de educação infantil, que atende crianças de 4 meses a 5 anos e 29 creches conveniadas à prefeitura chegando ao total de 14 mil alunos em média já matriculados. Só em janeiro do ano passado, 1.280 crianças aguardavam e, em 2018, o número subiu para 1.681, contando com 457 novos alunos. Izabel afirmou que o aumento da demanda fez com que fossem abertas novas turmas, contratados novos professores e garantida a continuação de duas novas creches que estavam com obras paradas desde 2016 por conta de problemas contratuais e orçamentários. Com essas duas obras que serão entregues uma esse ano e outra em 2019, será possível atender 360 crianças que estão aguardando na fila. De acordo com a secretária, a prefeitura também realiza um chamamento de escolas particulares para comprar vagas. Os alunos da rede pública ganham uma espécie de “bolsa” e começam os estudos em creches particulares vinculadas a esse contrato com a prefeitura, quando abrirem novas vagas eles serão realocados para as creches municipais. Além disso, a secretaria também está realizando a contratação de novos professores com a intenção de abrir 27 novas turmas, que garantiria em média
400 crianças matriculadas e reorganizadas em espaços que já existem, sem a necessidade imediata de abertura de novas escolas e sim gerando um melhor aproveitamento das creches atuais. Izabel acrescenta que a prioridade da secretaria é garantir que mais alunos possam usufruir de uma educação de qualidade em qualquer circunstância. Mais Leitos na Saúde
Porém, não é somente a área educacional que sofre com as demandas decorridas do crescimento populacional da cidade. A fila de espera por consultas, exames e cirurgias na rede pública atendida pelo Sistema Único de Saúde (SUS) vem registrando crescimento na região de Bauru e já conta com mais de 50 mil pessoas aguardando por atendimento. Segundo dados da prefeitura, o tempo das filas de espera também vem aumentando e em algumas áreas de especialidade chega até a um ano e meio. Em 2017 a fila de espera por esses serviços era de 40 mil pessoas, tendo tido um aumento de 10 mil novas demandas. Em nota, a Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo diz que a demanda reprimida por cirurgias eletivas (não urgentes) é uma realidade vivida em todo o país. O crescimento populacional gera uma busca maior por serviços
na área da saúde pois a população começa a envelhecer e ao mesmo tempo também conta com um alto índice de natalidade, sendo necessário garantir ainda mais o acesso à saúde de qualidade (principalmente nessas duas faixa etárias). Na cidade, a maior fila para consultas é na especialidade de oftalmologia, com mais de 11 mil pacientes. Na sequência vem a dermatologia, com mais de 7,5 mil pacientes. Em 2017, o secretário da saúde de Bauru, José Eduardo Fogolin, foi até São Paulo para apresentar o projeto da construção do novo Centro de Referência em Urgência para David Uip, secretário do Estado. Uip afirmou ser favorável à cessão de uso do terreno onde funciona o Pronto Socorro Central, que é uma área do Estado. Essa liberação é fundamental para o início da obra. O projeto faz parte da proposta de governo do prefeito Clodoaldo Gazzetta e contempla um complexo de saúde que será feito onde, atualmente, está o Pronto Socorro Central (PSC) e o Pronto Atendimento Infantil (PAI). Hoje, o PSC conta com 25 leitos de enfermaria nas alas infantil e de adultos. Com o Centro de Referência e Urgência, a capacidade aumentará para 55 leitos. De acordo com Fogolin, a obra tem previsão de ser concluída em até dois anos.
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ENVOLVA
Saneamento avança, mas Bauru ainda tem apenas 4% do esgoto tratado Com cerca de 700 litros de esgoto despejados por segundo no Rio Bauru, cidade aguarda finalização das obras na Estação Vargem Limpa POR brunNa vatiero e victória ribeiro Blog “Int. ao jornalismo” / Reprodução
O Rio Bauru é um rio do estado de São Paulo que nasce na região sul da cidade de Bauru, próximo ao perímetro urbano
“Os córregos recebem uma quantidade tão absurda de esgoto que toda a sua biodiversidade fica comprometida” Sidnei Rodrigues
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o Brasil, 83,3% da população é atendida com fornecimento de água tratada e apenas 45% do esgoto gerado no Brasil passa por tratamento. Isso quer dizer que os outros 55% são despejados diretamente na natureza, o que corresponde a 5,2 bilhões de metros cúbicos por ano, ou quase 6 mil piscinas olímpicas de esgoto por dia. É o que aponta o estudo do Instituto Trata Brasil, feito com base nos dados mais recentes do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS). No caso de Bauru, o tratamento de água e esgoto é realizado pelo DAE (Departamento de Água e Esgoto). Hoje, o departamento conta com 55 reservatórios, sendo que 60% da população recebe abastecimento através de poços artesianos e os outros 40% através das águas do Rio Batalha, tratada pela Estação de Tratamento de Água de Bauru (ETA). Em relação ao esgoto, Bauru conta três estações de tratamento, a estação Tibiriçá, loca-
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lizada no subdistrito de Bauru, e a estação Candeias, localizada no bairro Gasparini. E por último, a estação Vargem Limpa, que encontra-se em construção. Segundo dados disponibilizados pelo próprio DAE, apenas 4% do esgoto gerado pela cidade passa por tratamento, o que tem gerado bastante polêmica entre a população bauruense. Levando isso em consideração, uma das maiores reclamações em relação ao saneamento bauruense se deve ao despejo de esgoto no Rio Bauru. Cerca de 700 litros de esgoto produzidos a cada segundo são despejados in natura no leito do rio. Segundo moradores, na época da estiagem, o cheiro se torna insuportável, e a pesca impossível. “Fica uma crosta verde. O pessoal vem aqui pra pescar, coloca a vara na água mas não desce, porque a água fica densa, parecendo uma lamagrossa”, contou a caseira Luzia Ribeiro de Carvalho em entrevista ao G1. Segundo Elton Rafael de Oliveira, diretor do Centro de Controle de Perdas do DAE, a obra que vem sendo realizada em Vargem Limpa e que estava prevista para entrar em funcionamento em 2015, iniciará o tratamento de esgoto em 2020. O
diretor acrescentou, ainda, que a expectativa é que, em 2024, Bauru tenha seu esgotamento totalmente tratado. Para o titular da Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Semma), Sidnei Rodrigues, Bauru terá um significativo ganho ambiental quando a estação entrar em funcionamento. “Hoje, a demanda química biológica é grande. Os córregos recebem uma quantidade tão absurda de esgoto que acabam ficando sem vida; ou seja, toda a sua biodiversidade fica comprometida”, acrescentou Sidnei. O titular também destacou a importância de trabalhos socioambientais realizados com a população da cidade, tanto por meio de conversas com os moradores, como em palestras nas escolas públicas. Bauru possui 400 centros de educação ambiental, os quais trabalham diversos temas, como a questão do descarte correto de resíduos. O lixo domiciliar ganha grande destaque entre os resíduos que, ao se desfazerem de maneira incorreta podem gerar a contaminação dos córregos e um potencial para proliferação de doenças como a dengue e leishmaniose. Juntamente a construção da nova estação de tratamento de esgoto, está sendo realizado
um trabalho educativo com as pessoas que moram em bairros perto dos córregos que formam o Rio Bauru. Para isso a Semma foi ativada, e segundo Sidnei foi disponibilizada uma verba de dois milhões de reais do governo federal, em que técnicos socioambientais procuram conscientizar a população sobre a importância de preservar a mata ciliar, vegetação próxima aos corpos de água. Os bairros já atendidos foram a Pousada 1 e 2, Gasparini, Jardim Helena e outros no entorno. Além da conscientização, a Secretaria do Meio Ambiente, nesse ano, vem plantando mais de 10 mil mudas de árvores com o intuito de manter a fauna e flora dos córregos, sendo que o córrego Barreirinho e o córrego Vargem Limpa já fazem parte desse processo. Para que o trabalho de conscientização aconteça, é importante ressaltar a existência da Política Nacional de Gestão de Resíduos Sólidos, que traz a questão da política reversa compartilhada. “Cada um de nós temos um dever nessa cadeia. A partir do momento que você comprou um determinado produto e venceu sua vida útil, você tem o dever de levá-lo a um ponto de descarte”, orienta Sidnei Rodrigues.
Transporte público não acompanha crescimento da cidade
O quê os bauruenses pensam do transporte público?
Ônibus de Bauru são novos, mas são frequentes as falhas técnicas
Uma vez 1%
POR caroline mendes e rebeca almeida
O
transporte público é um serviço prestado com a finalidade de locomover a população para a região central e bairros distantes de suas residências, na maioria dos municípios. Em Bauru, a tarifa de ônibus é de R$4,00 em dinheiro e R$3,90 com o cartão de transporte. Idosos recebem 30 passagens gratuitas e estudantes têm direito à 50 passagens por R$1,90 cada. A administração dos ônibus municipais cabe à Empresa Municipal de Desenvolvimento Urbano e Rural - Emdurb. O transporte coletivo de Bauru é feito por duas empresas contratadas por licitação: Grande Bauru e Cidade Sem Limites. Victor Rocha Silveira, gerente de transporte coletivo da Emdurb, esclarece ao Limite as principais dúvidas dos usuários
dos coletivos. A renovação das frotas de ônibus é realizada a cada dez anos. Em 2018, os 35 ônibus das duas empresas foram renovados e adquiridos mais dois ônibus ecológicos, um deles cobre a linha Nobuji Nagasawa – Centro. Mesmo com a frota renovada, problemas ocorrem ao longo dos percursos. Victor Silveira salienta: “quando o ônibus sai da garagem, um fiscal da Emdurb tira o lacre da catraca. Antes ele verifica todo o veículo, mas no decorrer do percurso as falhas podem aparecer. O munícipe, ao perceber essas falhas, pode fazer um comunicado para nós ou para as próprias empresas envolvidas”. Muito cheio Rafael Rodrigues é estudante da Unesp, todos os
Leandro Gonçalves
ENVOLVA
Duas vezes
14%
dias ele pega a linha Vila Dutra – Câmpus/Ipmet nas proximidades do bairro Jardim de Allah. “Eu passo cerca de uma hora e meia no ônibus, diariamente. Aqui no bairro a única opção direta para a faculdade é o Câmpus/Ipmet, que durante a semana tem um intervalo de mais ou menos uma hora”, comenta. Rafael ainda relata que os ônibus frequentemente sofrem falhas técnicas. São comuns os defeitos na sinalização de parada. Fernanda Martini utiliza os ônibus para ir ao trabalho e faculdade e reclama: “Algumas vezes eu utilizo o Vila Dutra - Bauru Shopping, que é extremamente lotado nos horários de pico e há apenas um ônibus nesse horário de saída e entrada do pessoal que trabalha no shopping”.
ocê quência v e r f e u q Com na? s na sema usa ônibu
Todo dia
Cinco Vezes
27%
58%
Não Sim
19%
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Os ônibus co atrasar? stumam
Não
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de te aten r o p s n O tra essidades? ec suas n
SIm 23%
Parciamente 74%
Não Sim 90%
10% Você ac ha que
precisa ter mais ônibus ao s finais de semana?
Wi-fi Ônibus ecológico horias os ? Quais mel ber vem rece ônibus de
24%
24%
Renovar a frota 52%
Cidade em movimento Plano de Mobilidade traz novos rumos para a locomoção local
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om o sistema viário saturado, Bauru ainda vê o número de veículos aumentar, segundo dados do DENATRAN. A frota bauruense cresceu em média 7.391 veículos por ano, nos últimos cinco anos. Para o futuro, o desafio é alcançar o desenvolvimento da mobilidade de forma mais justa, igualitária e sustentável. Em maio de 2018 houve a concretização do novo Plano de Mobilidade que norteará as medidas a serem adotadas para os próximos anos. É um instrumento orientador das ações em mobilidade ativa, transporte urbano, transportes especiais e de carga, e de
transporte individual, que deverão ser conduzidas pela Prefeitura para atender às necessidades do município. Diferente do Plano Diretor de Transporte e Mobilidade (Lei Municipal 5631), de 2008, o Plano de Mobilidade tem como objetivo principal a sustentabilidade. Sendo assim, busca como prioridade a mobilidade ativa (à pé e de bicicleta), além de também focar no transporte coletivo. Para isso, propõe a melhoria das calçadas, a interligação das ciclovias e um maior investimento no transporte massivo. O documento explica que investir nos modais ativos é bem mais barato do que na circulação
de veículos. Além disso, para além das questões financeiras e sustentáveis, o plano busca incentivar o transporte à pé como uma forma de se conectar e conhecer a cidade por uma outra perspectiva. Rafael Edgar da Silva é ciclista e morador de Bauru há dois anos: “Gosto muito de andar de bicicleta, faço de tudo com ela, mas aqui eu vejo que isso é pouco incentivado”, avalia. O plano também traz propostas que são comuns em outras cidades, mas que ainda não ocorrem em Bauru. As chamadas “ruas de lazer” estão entre elas. Ruas fechadas aos fins de semana e abertas apenas para
POR isabelle tozzo e leonardo oliveira
os pedestres com intervenções artísticas são exemplos semelhantes ao que ocorre com a Av. Paulista, em São Paulo. Outra medida presente na capital, e uma proposta para Bauru, é a implementação de bicicletas de uso compartilhado. Parcerias público-privadas podem ser feitas para essa aplicação, como já ocorre em outras cidades. Para isso, o governo precisa fazer sua parte, aponta Ellen Beatriz de Castro, arquiteta e presidente do Conselho Municipal de Mobilidade: “Há empresas com interesse nesse ramo, mas se a cidade não tiver a infraestrutura não tem como elas agirem”, argumenta.
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ENVOLVA
Vitória faz 40 Emblema bauruense, parque “flutua” sobre a selva de pedra POR LEANDRO GONÇALVES E LETÍCIA PINHO
Letícia Pinho
Áreas de concentração árborea
Anfiteatro instalado no Pq. Vitória Régia recebe apresentações artísticas diversas, incluindo concertos e apresentações teatrais
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ípica da região amazônica, a vitória régia é uma das maiores plantas aquáticas que existem. Flutuantes sobre os lagos nortistas, se dispõem como um lindo e extenso tapete verde sobre as águas doces da maior floresta tropical do mun-
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Internet / Reprodução
Internet / Reprodução
Construído no final da década de 70, o parque seguiu parâmetros de arquitetura e urbanismo para se adaptar ao relevo
do, e são também protagonistas de uma das lendas mais famosas do folclore brasileiro. Foi essa espécie que inspirou a alternativa verde em meio à movimentada avenida Nações Unidas. O Parque Vitória Régia, com seus 50 mil m², completa quatro dé-
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e
cadas de existência em 2018. Projetada pelo arquiteto Jurandyr Bueno Filho (19422009), a área é palco de diversos eventos, como o Viva Bauru, comemoração do aniversário da cidade, além de ser uma opção para sair da rotina e sentir-se à distância do caos da cidade no dia a dia. Como cartão postal, é impossível falar em Parque Vitória Régia sem lembrar de seu anfiteatro, à beira da via mais movimentada da cidade. A arquitetura lembra a própria planta em seu formato, construído sobre o Ribeirão das Flores, afluente do Rio Bauru, que
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ENVOLVA
Legenda Água Área de gramado Vias públicas
às margens da Nações Unidas
Seta para identificação Seta de sinalização
Para cá Av. Duque de Caxias
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Leandro Gonçalves
Anfiteatro
Vitória Régia Para lá, Praça da Paz
A área é palco de diversos eventos, além de ser uma opção para sair da rotina e sentir-se à distância do caos da cidade no dia a dia
atravessa a área. No entanto, a disposição das águas e do caminho pluvial é perigosa e faz com que a única saída seja a própria avenida, causando inundações devido à baixa capacidade de escoamento da água de chuva. Um ponto positivo sobre o uso do Parque Vitória Régia pela população são os benefícios da prática de exercícios ao ar livre, como a melhora do humor, aumento nos níveis de vitamina D (os raios solares são a principal fonte para sintetizá-la), e também contato com a natureza e com outras pessoas. Além dos parquinhos
para a criançada, o Vitória Régia também é opção para quem quer comer ao ar livre. Com grande área verde propícia para piqueniques, o local conta ainda com dezenas de foodtrucks, que ficam dispostos dia e noite ao redor do parque para atender os frequentadores, e até mesmo com estabelecimentos comerciais, como vários restaurantes, sorveterias e bares próximos ao parque. Ainda que essas alternativas sejam exploradas, o potencial do Parque é quase zero em dias de chuva. Mesmo grandes eventos acabam transferidos ou têm
público muito pequeno nessas ocasiões, prejudicando comerciantes, o público e as próprias atrações. Outra reclamação constante é a falta de acessibilidade para pessoas com deficiência em toda a extensão do Parque e a condição precária dos banheiros, que inclusive são insuficientes em grandes eventos, não dando conta da grande quantidade de pessoas que frequentam o local. Apesar dos pesares, é inegável a importância que o Parque Vitória Régia tem para a cidade de Bauru, tanto como local de lazer quanto como cartão postal marco da cidade. Parabéns, Vitória!
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DESENVOLVA
O surgimento da cidade sanduíche Com boa localização, Bauru cresce por ser centro de desenvolvimento regional POR EDUARDA SOUZA
Ao lado, Sanduíche Bauru. Abaixo, fachada do novo Skinão Reprodução/Social Bauru
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Reprodução/IG Ingredientes
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ão francês, rosbife, queijo mussarela, fatias de tomate e de picles. Unidos, esses ingredientes dão origem ao lanche que carrega o nome de um município do interior de São Paulo: Bauru. Com 122 anos de história, a chamada “cidade coração” paulista (devido à sua localização no centro do estado) foi construída como um reflexo do progresso ferroviário. Bauru começou como um bairro de Espírito Santo da Fortaleza. Em decorrência da Marcha do Café para o Oeste no ano de 1896, o distrito torna-se município. O produto ganhou força no século 19 na cidade por conta da Fazenda Val de Palmas. Considerada a maior do mundo, essa fazenda cafeeira foi, por muitos anos, mais importante do que a própria cidade-sede. Com a expansão do café, o governo brasileiro abriu mais fazendas e ampliou o sistema de transporte bauruense, o que desencadeou no crescimento populacional. A historiadora Rosemeire Berretini explica o motivo do avanço: “Bauru não tinha características para o cultivo de café, mas sim as cidades da região, como Dois Córregos, Jaú, Pederneiras, Lençóis Paulista, São Manoel, Botucatu e Cafelândia. Com o café e a ferrovia, num intervalo de dez anos, o município deu um salto em seu desenvolvimento”, declara a especialista. O entroncamento das ferrovias Estrada de Ferro Sorocabana, Nordeste do Brasil e Companhia Paulista da Estrada de Ferro estimulou o desenvolvimento de Bauru. “O cruzamento das ferrovias transformou Bauru em um grande centro comercial: casas bancárias, armazéns, hotéis, setores de saúde e educação começaram a se estabelecer no município”, explica Rosemeire sobre a importância
do meio de transporte na consolidação da cidade. Além de passageiros, o veículo era responsável pela transportação de café, minérios, gasolina, produtos agrícolas e animais. A inauguração da estação Noroeste, em 1939, tornou possível que todos os embarques e desembarques das três ferrovias fossem realizados em um só lugar: o centro da cidade. Dessa forma, os escritórios de empresas concentravam-se no local de descargo. A década de 50 marcou o início da decadência da atividade ferroviária. Com o declínio do cultivo cafeeiro nas regiões noroeste e centro-oeste paulistanas, as estradas de ferro deixaram de ser um bom investimento aos olhos governamentais. Dessa forma, a ferrovia tornou-se obsoleta, e hoje é um ponto turístico da cidade. Um fator marcante para o sucesso de Bauru é o lanche
batizado em homenagem ao município. Considerado patrimônio do local, o sanduíche foi criado por Casemiro Pinto Neto em São Paulo. O estudante de medicina frequentava um bar chamado Ponto Chic com os amigos, na década de 1930. Foi nesse ambiente que o rapaz sugeriu uma receita que foi batizada com o nome de sua cidade natal. A divulgação do sanduíche nas terras bauruenses ficou por conta de José Francisco Júnior, o Zé do Skinão. Na época da inauguração do restaurante, o cozinheiro distribuía o lanche gratuitamente para que a população pudesse degustar sua criação. Momentos como esse consolidaram a história de Bauru como localidade central responsável pelo desenvolvimento interiorano e atribuíram uma fama nacional e internacional ao sanduíche tradicional com o nome do município.
Tradição
O Skinão foi inaugurado como um bar da cidade bauruense no ano de 1971 por José Francisco Júnior. O local tinha como prato principal o sanduíche de pernil, porém, devido a proximidade entre o Zé do Skinão e Casemiro, o lanche popularizado com o nome da cidade interiorana chegou em terras bauruenses. E diferentemente da receita vendida na maioria das lanchonetes populares, o Bauru original não contém presunto. O restaurante de José Francisco, um dos mais tradicionais da cidade, reproduz até hoje a receita original criada na metrópole paulistana. Graças à divulgação do Skinão, o sanduíche Bauru atrai visitantes de todo o Brasil e costuma agradar os mais diversos paladares.
DESENVOLVA Prefeitura de Bauru
Bauru voltada ao norte Superavenida dá sequência ao eixo desenvolvimentista POR LEANDRO GONÇALVES E LETÍCIA PINHO
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mento com perfis de ocupação diferentes”, argumenta. Além disso, Letícia destaca os benefícios da proximidade entre áreas residenciais e industriais que, além de possibilitarem novos espaços de habitação e gerarem empregos, também irão aproximar os trabalhadores dos locais de trabalho, fazendo com que eles não precisem se deslocar por longas distâncias. Apelidado de “Ibirapuera Bauruense”, o Parque Jurandyr Bueno Filho é outra proposta que estimulará o desenvolvimento na Nações Norte. Com o objetivo de ser um espaço de cultura e lazer na região norte, ainda carente de opções, o parque será quatro vezes maior que o Vitória Régia e abrigará extensa área verde para educação ambiental. Nesse sentido,
Kirchner reitera que normas de preservação do meio-ambiente devem ser seguidas à risca para a construção e manejo de novos espaços urbanos, de maneira a respeitar os limites das áreas de preservação ambiental, conciliando o desenvolvimento à sustentabilidade no tocante à expansão da cidade.
Isabela Camargo
Cuidados no uso de academias ao ar livre
Prefeitura de Bauru
rojetada como extensão da avenida Nações Unidas e inaugurada em junho de 2011, a Nações Norte é uma via de 3,5km de extensão que permitiu o desenvolvimento da zona norte de Bauru e a expansão do perímetro urbano nessa área. Além disso, facilita o trânsito local e a interligação com o centro da cidade. De acordo com Letícia Kirchner, secretária de planejamento, desde a instauração da via a região têm atraído diversos projetos, incluindo residências e industrias, e a pluralidade desses investimentos assume valor positivo. “Temos vários empreendimentos para aquela região, sejam de interesse social ou de uma faixa de renda mais elevada. É muito bom quando você consegue criar desenvolvi-
Projetada pelo mesmo idealizador do Parque Vitória Régia, a nova área terá espaços dinamizados. Inclui palcos para concertos, lugares para exposições, áreas de convivência e restaurante, além de ciclovias e outras opções. Abaixo, a avenida Nações Norte
Nem sempre os equipamentos instalados em diversos pontos são usados de maneira correta POR isabela almeida
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istas de skate, parques e academias, entre outros equipamentos, estão espalhados pela cidade. Ao tomar conta do espaço público, esses aparelhos têm o intuito de proporcionar à população práticas de lazer e saúde. Mas será que são utilizados da maneira correta? As academias ao ar livre são um exemplo de equipamento que traz muitos benefícios ao corpo, mas requerem uma série de cuidados. A preparadora física Cinthia Zanirato reconhece que esses ambientes podem trazer os mesmos resultados de uma academia normal, e por isso
devem ter a mesma atenção. “Deve-se saber como se alimentar e se alongar antes e depois, o que vestir e, primeiro de tudo, procurar um médico para avaliar as suas condições cardíacas e também um profissional de educação física para poder orientá-lo”, recomenda a profissional. A importância de um educador físico é tanta que o secretário do Meio Ambiente, Sidnei Rodrigues, revela que a responsabilidade pelos aparelhos deixará de ser da Semma e passará para a Secretária de Esporte e Lazer (Semel). “En-
Academias em praça no Jardim Brasil
tendo ser uma atividade física de intensidade baixa Então, nada melhor que profissionais da área cuidem desses equipamentos. A instalação sempre foi realizada pela Semma, por mexer com normas das áreas verdes”, explica o secretário. Ao ser questionado so-
bre a manutenção, Sidnei diz que tem sido precária, tanto que mais de 25% das 40 instaladas já foram retiradas devido a vandalismo. “Com a mudança para a Semel, deve-se ter um acompanhamento mais específico nessas áreas”, adiata o secretário.
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DESENVOLVA A Sedecon está organizando um evento para reunir todos os Distritos Industriais do município no dia 5 de dezembro para discutir estratégias e inovações. Fique atento para mais informações!
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Os parques industriais fortalecem a economia, mas a natureza não deve ficar em segundo plano
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A atenção com o meio ambiente nos distritos industriais POR BRUNA TASTELLI E LAURA ALMEIDA
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prefeitura de Bauru está entre as poucas que ainda oferecem áreas públicas para a instalação de empresas, os “distritos industriais”. Essas áreas ficam em regiões reservadas para indústrias e empresas com fins comerciais ou prestação de serviços. Em Bauru há quatro distritos, em variados pontos da cidade. A Secretaria Municipal do Desenvolvimento Econômico, Turismo e Renda (Sedecon), administra as concessões dessas áreas, regulamenta, fiscaliza e até intermedia os meios público e privado. Para Aline Fogolin, secretária da Sedecon, esses bairros industriais “são fundamentais para o município, pois concentram o maior número de empregos e o maior volume de investimentos”, afirma. Fogolin ainda ressalta que muitas vezes o empresário não tem capital suficiente para um investimento inicial, e por isso, com o apoio dos órgãos públicos, tudo fica mais fácil. Porém, uma parte não deve ser esquecida: é necessário salientar sobre o estado que fica a natureza local após a chegada de tantas empresas e indústrias. Fiscalização ajuda Luiz Henrique Facin, diretor de divisão da Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Semma), conta que de acordo com a Lei Federal 12.305/2010, é uma obrigatoriedade da indústria realizar a gestão dos resíduos sólidos: “Geralmente elas têm os funcionários responsáveis pelo descarte dos re-
síduos sólidos, portanto nós não temos muitos problemas com as empresas grandes de Bauru em relação a isso, pois elas querem cumprir os requisitos da ISO 9000 e ISO 14000, e não gostariam de levar uma multa”. A Semma é responsável por fiscalizar os impactos ambientais locais de baixo índice de poluição, como por exemplo as oficinas mecânicas e empresas de funilaria e pintura por conta da poluição atmosférica, e os restaurantes devido aos óleos de cozinha que se descartados incorretamente vão para o sistema de esgoto, afetando seu funcionamento. E no geral, as indústrias do estado de São Paulo são fiscalizadas pela Cetesb, que fica a cargo dos altos índices de poluição. O diretor da Indústria e Comércio da Sedecon, Rafael Rosalin, diz que não houve nenhum caso marcante recentemente relacionado a problemas ambientais com as indústrias em Bauru: “Qualquer denúncia nós apuramos: descarte irregular de lixo, derramamento de esgoto, produtos químicos... Isso tudo é acompanhado”. Além disso, de acordo com Rafael, os impactos ambientais são calculados antes da criação de um distrito. Outro ponto importante de se salientar é a chegada da população no entorno dessas áreas, que pode provocar tanto efeitos ambientais, quanto sociais: “A gente procura áreas isoladas, até por conta dos ruídos que são produzidos, poluição e também por logística”, explica.
Distrito Industrial I Localizado no final da Rodrigues Alves, foi o primeiro de Bauru. As indústrias que se destacam são as de plástico (Plasútil e Plajax) e alimentícia (Mezzani Alimentos e Haribo, primeira multinacional alemã fora da Europa)
Distrito Industrial II Criado nos anos 80, localiza-se próximo ao Otávio Rasi. Indústrias de baterias (Tudor e Estalos) são o foco por ali, além de também ter as empresas SEST e SENAT
Distrito Industrial III Criado no final dos anos 90 e início dos anos 2000, está localizado nas Nações Norte. O foco industrial são empresas de transportadoras (TNT Mercúrio) e de gás (Ultragás)
Distrito Industrial IV Criado em 2014, localiza-se na Quinta da Bela Olinda. Seu foco industrial são microempresas
Papel na economia local e impacto ambiental Leandro Gonçalves
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DESENVOLVA
Quando a garantia do direito à habitação se torna um privilégio Bauru ainda enfrenta grandes dificuldades em relação ao direito à moradia de interesse social POR JAQUELINE NEVES
“As famílias que não têm condições, de custear um aluguel, por uma questão de renda, por exemplo, veem como única possibilidade ocupar as áreas do município em movimentos de moradia, ou as áreas de risco, geralmente desocupadas” Vanessa Ramos
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acaba tendo que, sozinha, encontrar meios de amenizar a situação. Uma das alternativas têm sido a ocupação dos espaços ociosos da cidade, geralmente organizado pelos movimentos sociais que lutam pelo direito à moradia, como o Movimento Social de Luta dos Trabalhadores (MSLT). As famílias que integram estes movimentos geralmente ocupam prédios abandonados ou terras improdutivas, revitalizando o local, ou montando acampamentos. “As famílias que não têm condições de custear um aluguel, por uma questão de renda, por exemplo, veem como única possibilidade ocupar as áreas do município em movimentos de moradia, ou as áreas de risco, geralmente desocupadas”, conta Vanessa. Por conta de todas as dificuldade que existem e impedem que haja construção de moradias de interesse social, o governo tem como alternativa a regularização do reconhecimento da titularidade de espaços já ocupados na cidade, como aconteceu nos bairros Jardim Olímpico,
Vitória e Cutuba. Conforme a Prefeitura, os funcionários estão trabalhando na regularização das escrituras dos bairros Jardim Nicéia, Ferradura Mirim e Parque Jaraguá. Esse serviço cabe à Secretaria Municipal de Planejamento.
Afinal, pelo que lutam esses Movimentos Sociais? O MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) luta pela redistribuição das terras improdutivas, contra um projeto que prioriza produção e exportação em massa. Ocupa terras que não estão sendo utilizadas para morar e praticar agricultura familiar. O MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), luta por uma reforma urbana, por moradias para todos. São famílias que não possuem casa própria por não conseguirem pagar aluguéis. Por isso, ocupam prédios que não cumprem sua função social na cidade.
Juntos, compõem os Movimentos Sociais de luta pelo direito à moradia no Brasil Bruna Tastelli
demanda por moradia em Bauru é um problema que ainda enfrenta muita burocracia. O crescimento populacional na região não sofreu mudanças significativas nos últimos anos, totalizando cerca de 0,63%, de acordo com dados do IBGE. Mesmo assim, ainda há famílias que sofrem com a falta de estrutura habitacional na cidade. De acordo com o Artigo 6 da Constituição Federal Brasileira, dos Direitos e Garantias Fundamentais, é previsto o direito à moradia, dentre as demais demandas sociais básicas, mas acontece que a procura acaba sendo muito maior do que o Governo consegue suprir. A Coordenadora Técnica do Trabalho Social do Programa “Minha Casa Minha Vida”, Vanessa Ramos, conta que a crise econômica tem contribuído muito para a o aumento do número de famílias em vulnerabilidade social. As pessoas que perderam seu emprego tendem a apelar para o trabalho informal, tomando o lugar daqueles que não possuem uma condição educacional, o que faz com que as situações de extrema pobreza se agravem. Essas pessoas, então, passam a depender dos programas sociais do governo, que não conseguem atender a todos os cidadãos. Ela também conta que o Ministério da Cidade do governo Temer entendeu que o município já tinha
sido contemplado com número suficiente de habitações para atingir o déficit populacional, e que, portanto, não se pode mais construir moradias do programa “Minha Casa Minha Vida Faixa 1”, que é justamente o qual atende as famílias em maior vulnerabilidade. A Secretária da pasta de Planejamento, Letícia Kirschner, diz que uma das maiores dificuldades para a questão habitacional em Bauru é que a cidade, historicamente, não possui estrutura institucional. “Hoje por exemplo, nós da secretaria de planejamento, que temos outras incumbências, estamos tentando lidar com isso e levar à frente a questão da habitação. Mas na realidade não existe uma estrutura, não tem divisão, não tem departamento, não temos uma equipe específica que cuide do assunto. Nós estamos tentando montar isso”, ela conta, e completa que quem fazia este papel anteriormente, mas deixou de exercê-lo, era a Cohab, Companhia Metropolitana de Habitação em São Paulo. A partir disso, a sociedade
O Nova Canaã, no Nova Marabá, é um assentamento no município bauruense, o único que possui autorização na cidade. A prefeitura paga o aluguel de R$25 mil pelo terreno ocupado pelos assentados
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BORA OCUPAR BAURU?
Nesta edição, o LIMITE te leva ao Bosque da Comunidade, espaço verde localizado na Rua Araújo Leite, q-29 s/nº, próximo à USP. Com pistas de caminhada, viveiro de pássaros, playgrounds e muito sossego, o Bosque é uma ótima opção de lazer para Felipe, Edna, Matheus e Antônio.
“Passo por aqui principalmente de fim de semana. É fresco, é gostoso e é bonito… Já foi menos seguro, mas hoje, em comparação a outras áreas, é muito mais seguro.”
FELIPE MONTEIRO, 25
Estudante de jornalismo e de teatro
“Eu venho pra cá mais no período da manhã e finais de semana, e nesse horário [fim da tarde] eu particularmente acho bem seguro.”
EDNA GODINHO, 24
Pós-graduanda em Produção ultural
MATHEUS ANTÔNIO, 23
Revendedor de produtos orgânicos e veganos
“Faz 5 anos que trabalho aqui, não arrumava emprego. Então, peguei picolé pra vender e estou aqui o dia inteiro. Todo mundo já se acostumou comigo. Nunca vi nada anormal.”
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“Quando eu não tenho nada pra fazer, procuro vir pra cá. Venho pra poder ler, ouvir música, relaxar, e pela calma e tranquilidade. É bastante seguro, não vejo tanta necessidade de policiamento.”
ANTÔNIO LIMA, 58 Ambulante
Fotos da página por Letícia Pinho
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