Boletim Evoliano, núm. 2 (1ª série)

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Boletim Evoliano

Opinião

Julius Evola: Homem de Acção Eduard Alcàntara ————————————– ————————————–——– ——–——————————————-—

Não vai há muito tempo alguém teve a ideia de realizar uma comparação entre um conhecido político, já falecido há alguns anos, e Julius Evola. Defendia-se a postura de superioridade deste como homem de pensamento e, pelo contrário a superioridade do personagem político como homem de acção. Para nós, este tipo de comparações parecem-nos carecer de qualquer sentido, além de completamente deslocadas. E parecem-no devido ao facto de que os planos em que cada um desenvolveu a maior parte das suas actividades, ou pelo menos aquelas que mais notoriedade lhes trouxeram, foram planos diferentes que não admitiam comparação alguma. De qualquer maneira, e mesmo que se tivessem dedicado a actividades parecidas, as comparações sempre padecem de uma forte carga de subjectividade, já que os critérios utilizados por alguém para as realizar podem ser totalmente diferentes dos utilizados por outro. E poderíamos ainda acrescentar o conhecido ditado: “As comparações são odiosas”. Não pretendemos entrar neste tipo de debate e não vamos por isso falar do personagem político em causa. Vamos, pelo contrário, centrar-nos na figura de Evola e vamos fazê-lo não para falar da sua faceta de homem de pensamento ou, como ele preferia que o definissem, “intérprete da Tradição”, mas sim da sua faceta de homem de acção. Assim o faremos visto que é bem conhecida a sua alta competência no âmbito cultural mas não tanto a sua outra vertente que o situa fora das bibliotecas, dos estudos e dos escritórios – vertente desconhecida para muitos e vertente digna de ser tida em elevada consideração. Não temos melhor maneira de falar desta outra faceta senão narrando episódios da sua vida altamente significativos a este respeito. Episódios que confirmam a vocação que (na sua autobiografia “O caminho do Cinábrio”) afirmou ter desde tenra idade e que consistia num impulso face à acção que o fez aderir rapidamente ao ideal do guerreiro, do (recorrendo à tradição do hinduísmo) shatriya.

Vamos centrar-nos na figura de Evola e vamos fazê-lo não para falar da sua faceta de homem de pensamento, mas sim da sua faceta de homem de acção. Assim o faremos visto que é bem conhecida a sua alta competência no âmbito cultural mas não tanto a sua outra vertente que o situa fora das bibliotecas, dos estudos e dos escritórios – vertente desconhecida para muitos e vertente digna de ser tida em elevada consideração.”

“Acção” que temos de entender não só do ponto de vista externo mas também interno, pois é um intenso, prolongado e metódico accionar no interior do ser humano o que o pode levar pelo caminho do descondicionamento (no que diz respeito a tudo aquilo que acorrenta, perturba e cega a sua consciência) até ao seu Despertar para a Realidade do Incondicionado, Eterno e Imutável que se encontra na origem de todo o mundo manifestado. Mas não é desta acção interior que vamos tratar no presente texto mas da outra, a exterior; fazendo-o como referimos acima, com a exposição de episódios passados na vida do nosso autor. Assim, começaremos por recordar o seu alistamento no Exército italiano com a tenra idade de 16 anos. No ano seguinte ao seu alistamento (1915) a Itália entra na I Guerra Mundial que havia começado no ano anterior. Evola participou nela como oficial de artilharia. A sua participação em acções bélicas foi muito escassa. Praticamente não teve essa possibilidade, o que tão pouco lhe terá desagradado, pois, apesar da sua vocação para a “via do guerreiro”, certamente teria preferido que o seu país tivesse alinhado com os chamados Impérios Centrais em vez de o fazer com as plutocracias demo-liberais. Certo é que antes da conflagração bélica a Itália fazia parte da Tripla Aliança, juntamente com a Alemanha e o Império Austro-húngaro, e assim, se a isto juntarmos a convicção que tinha o nosso autor (juntamente com os seus então companheiros de viagem dadaístas e como também os vanguardistas futuristas de Marinetti) de que a participação da Itália na guerra (com os traumas, abanões e remoções de consciência que a guerra acarreta) ajudaria a romper esque-


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