foto: Wilton Montenegro
L E O AY R E S trabalhos 2011-2015
A instalação Quarto de Crescer (growroom) foi desenvolvida para ocupar uma das salas do Castelinho do Flamengo. Vasos de planta foram colocados na sala, preparada com lâmpadas especiais para o crescimento das plantas e com as janelas recobertas com uma película espelhada. A técnica é a mesma utilizada para o plantio da cannabis em ambientes internos. A disposição dos vasos de planta em espiral cria um caminho oculto e permite a entrada do espectador no ambiente. No rodapé, lia-se os primeiros versos da Divina Comédia de Dante “Nel mezzo del cammin di nostra vita / Mi ritrovai per una selva
foto: Wilton Montenegro
oscura”.
foto: Wilton Montenegro
Q u a r t o d e c r e s c e r , 2015 plantas, luzes de led uv, pelĂcula espelhada instalação no Castelinho do Flamengo
foto: Wilton Montenegro
Q u a r t o d e c r e s c e r , 2015 plantas, luzes de led uv, pelĂcula espelhada instalação no Castelinho do Flamengo
foto: Wilton Montenegro
Q u a r t o d e c r e s c e r , 2015 plantas, luzes de led uv, pelĂcula espelhada instalação no Castelinho do Flamengo
Existe um sexto sentido. E um sétimo, um oitavo, um nono, um décimo... Existem vinte sentidos. Manipular as luzes, transfigurá-las, gerar desequilíbrio e confusão são táticas para estimulá-los. Os espectadores podem circular livremente pelos trabalhos e participar, trazer o elemento do acaso, sempre presente.
Os trabalhos se desenvolvem na junção de objetos previamente elaborados com objetos encontrados no local onde é instalado, o que produz situações caóticas e ocupações do espaço com proposições poéticas por meio de reflexos, luzes e espelhos. O resultado final também podem ser vestígios de performances. A conclusão das instalações pode ocorrer minutos antes da abertura da exposição, ou estar em contínuo processo. O desejo do trabalho é extrapolar molduras e limites.
Vista da exposição Tananan Opera Chanchada no Centro Cultural Ibeu (Rio de Janeiro, RJ), 2013
Ta n a n a n O p e r a C h a n c h a d a individual realizada em junho de 2013 na Centro Cultural Ibeu curadoria de Ivair Reinaldim assista ao vĂdeo
E s c a d a p a r a s u b i r n a m e s a d a g a l e r i a , 2013 escada, mesa, computador e pessoa trabalhando 80 x 80 x 90 cm
S e m t í t u l o , 2013 banco de madeira com almofada, televisor, dvd player com monitor, fita adesiva prateada o vídeo mostra uma mão acendendo repetidamente um isqueiro, onde se lê FUCK 80 x 50 x 50 cm assista ao vídeo
S e m t Ă t u l o , 2013 base de abajur, rede plĂĄstica, bolinhas espelhadas e luz dicroica 160 x 30 x 30 cm
S e m t í t u l o , 2013 lâmpada amarela, braço de gesso, purpurina, grafite e flores dimensões variáveis
S e m t Ă t u l o , 2013 lustre, cĂşpula de abajur, ralador, rede, bola espelhada, luzes piscando 230 x 50 x 50 cm
Discoteca de mão, ou da amizade como modo de vida Terão que inventar de A a Z uma relação ainda sem forma que é a amizade: isto é, a soma de todas as coisas por meio das quais um e outro podem se dar prazer. Michel Foucault
De repente, começamos a espiar, a observar à distância, a nos colocar no lugar do artista, na posição de voyeurs. E é estranha a sensação de ambiguidade despertada: um pouco de desconforto e muito de curiosidade. Quase como se estivéssemos invadindo um mundo íntimo, particular, uma situação da qual não nos caberia participar, e, ao mesmo tempo, experimentássemos uma espécie de familiaridade, de proximidade com aqueles que são observados, com o lugar que acolhe essa relação aparentemente distanciada. Como não sentir empatia? Por que não nos deixar seduzir? Partilhar é também abandonar-se. E se é de afeto que trata Leo Ayres, do processo recíproco de afetar e afetar-se, Discoteca de Mão só pode ser uma súmula poética. Podemos aí vislumbrar um pouco de cada um dos seus trabalhos, um apanhado das questões que instigam e interessam o artista, mas também a insinuação de novas possibilidades a serem exploradas. Tanto quanto o gesto lúdico da lanterna que ilumina o globo espelhado, sensibilizamo-nos pelo desejo-inquietação do estar junto através da constituição co-partilhada de um tecido afetivo, pelo anseio subjacente da amizade como modo de vida. Esse desejo-inquietação é a matéria pulsante trabalhada pelo artista, desdobramento de anseios íntimos transplantados para a dimensão pública da exposição. Assim, a galeria passa a ser um
ambiente múltiplo, um misto de espaço expositivo e coleção de fragmentos de uma disco club imaginária. Na parede o instante congelado, o rastro de uma passagem, como se estivéssemos diante de uma fotografia desumanizada, porém desejante da presença daqueles que a animariam. Não são mais as frações de espelho que projetam pontos de luz sobre nós, mas nós que nos projetamos – que projetamos nossos desejos – sobre essas superfícies marcadas na escuridão do dancefloor. Ao sugerir, dissimular e estender poeticamente a abrangência de sua proposta para dentro e fora da galeria, Leo reafirma o convite à participação. Não basta alimentar o sentimento de empatia, mas também a vontade de co-atuar, de passar de observante a observado, colocar-se de fato no lugar do outro. Desse modo, somos instigados a completar aquilo que não nos é dado, a inventar uma relação ainda sem forma. Na grande performance por ele sugerida, precisamos somar para tecer a trama imaginária que nos une, para construir a amizade possível, mesmo que hipotética, entre espectador e artista, entre um eu e um outro. Ivair Reinaldim Agosto 2011
performers: Pedro Gallego e Marcelo Amorim D i s c o t e c a d e m ã o , 2011 vídeo 3’45” assista a um trecho do vídeo
Deixe as luzes acesas individual realizada em 2012 no Centro Cultural do Banco do Nordeste (Fortaleza, CE) com curadoria de Luiza Interlenghi
S e m t í t u l o , 2012 parquet criado com mil tacos feitos de acrílico espelhado dimensões variáveis
F a r o l d e M u c u r i p e , 2012 maquete com luz piscando, areia 30 x 30 x 40 cm (farol)
S e m t Ă t u l o , 2012 mapa da cidade de Fortaleza feito com pepel preto perfurado, acrĂlico, luzes coloridas 80 x 50 x 30 cm
S e m t Ă t u l o , 2012 detalhe
P a r a t a p a r o s o l , 2011 cart達o postal perfurado 10 x 15 cm
C a m p o m i n a d o , 2014 instalação realizada durante o evento #obaoba no Ateliê 397 (São Paulo) Os tacos da sala, que estavam soltos, foram retirados e embaixo deles foram colocadas pequenas lanternas de led. Ao final, as lanternas foram levadas pelos participantes.
C a m p o m i n a d o , 2014 vista da instalação
C a m p o m i n a d o , 2014 detalhe
F a z v i s t a s , 2014 l창mpada fluorescente amarela dentro de sacola com padronagem de tigre com os olhos perfurados 50 x 40 x 30 cm
Ta n a n a n O p e r a C h a n c h a d a ( v i t r i n e r e m i x ) , 2013 série de 10 entrevistas realizadas dentro de instalação executada no Armazém Artur Fidalgo assista ao vídeo de uma entrevista
Sem título Instalação realizada no sótão da galeria durante a Bienal Anual de Búzios em 2013. Os visitantes podiam subir a escada e conhecer o espaço modificado com luzes coloridas e objetos encontrados no próprio local. A sala possui dimensões aproximadas de 2 x 3 m.
S e m t í t u l o , 2013 vista da instalação
S e m t í t u l o , 2013 vista da instalação
S e m t í t u l o , 2013 vista da instalação
S e m t í t u l o , 2013 vista da instalação
S e m t í t u l o ( b u b b l e b u t t ) , 2014 vídeo, corda de varal, pregadores, cueca vermelha, short azul, meias brancas dimensões variáveis
A exposição foi realizada no 8.Salon em Hamburg, Alemanha. Cada artista recebeu uma bandeira de um país participante da Copa do Mundo. Recebi a Rússia e brinquei com o fato de ser um país homofóbico. O vídeo mostra um rapaz rebolando com as roupas do varal assista ao vídeo.
A i n d a q u e a t a r d i n h a , 2014 espelhos, projetor e materiais encontrados instalação realizada em 2014 no Palácio das Artes (Belo Horizonte, MG) dentro da exposição Improvável, com curadoria de Paula Borghi 500 x 500 cm assista ao vídeo
Ainda que a tardinha (detalhe)
O B A B A R , 2014 guarda sol, l芒mpadas coloridas girat贸rias, carrinho de compras, isopor, fitas adesivas, cerveja, gelo 200 x 120 x 120 cm
#OBAOBA
O projeto #obaoba consiste em chamar artistas contemporâneos para ocupar boates com seus trabalhos. Atuei como mediador/ curador/organizador/divulgador. Não havia texto de parede ou qualquer identificação dos trabalhos, tornando tudo como uma grande instalação. Foram realizadas três edições em 2014, sendo duas no Rio de Janeiro (La Paz e Fosfobox) e uma em São Paulo (Ateliê 397). A ideia era criar novos espaços para a circulação dos trabalhos e pensar no que a cena artística tem se tornado. Com o advento das redes sociais, as exposições parecem ser pensadas não no espaço em si, mas em um evento fotografável e com artistas que “bombem” no instagram, facebook e twitter. Por isso pensar na ideia da festa e sua efemerabilidade.
foto: Wilton Montenegro
Leo Ayres (Rio de Janeiro, 1975) Estudou de 2005 a 2009 na Escola de Artes Visuais do Parque Lage. Foi selecionado em 2010 no Novíssimos do Ibeu (Rio de Janeiro, RJ) e no Programa de Exposições do MARP (Ribeirão Preto, SP). Expôs individualmente no Centro Cultural Ibeu ( Tananan Opera Chanchada , 2013), Centro Cultural do Banco do Nordeste ( Deixe as luzes acesas , 2012), Galeria Oscar Cruz ( Como eu , 2011), Cosmocopa ( Discoteca de mão , 2011) e Furnas Cultural ( Operação: Camuflagem , 2008).
foto: Marcos Chaves / performers: Leo Ayres e Dudu Quintanilha M o r t e Sú b ita 2013 performance com diversas duplas dançando com copos e velas até que os copos caíssem e as velas se apagassem