CENTRO CULTURAL SANTA CATARINA

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CENTRO CULTURAL SANTA CATARINA

NOVO USO PARA A ÁREA DO TERMINAL CIDADE DE FLORIAnóPOLIS

Leodi Antônio Covatti ORIENTADOR Américo ISHIDA Trabalho de conclusão de curso Arquitetura & Urbanismo UFSC 2016.2

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Universidade Federal de Santa Catarina Trabalho de Conclusão de Curso Arquitetura e Urbanismo Centro Cultural Santa Catarina: Novo uso para a área do Terminal Cidade de Florianópolis Acadêmico: Leodi Antônio Covatti Orientador: Américo Ishida Semestre 2016.1


Leodi Antônio Covatti é acadêmico do curso de Arquitetura e Urbanismo na Universidade Federal de Santa Catarina. Tem experiência em pesquisa, ensino e extensão através da participação do grupo PET- Arquitetura e no Laboratório de Projetos, LabProj, ambos na UFSC. Participou de graduação sanduíche na área de Design Management na Olivier Gerval Fashion and Design Institute em Paris, França, como bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, CAPES. Estágios profissionalizantes 1. Superintendência do IPHAN no Estado de Santa Catrina 2. Laboratório de Projetos, LapProj UFSC 3. Ideias e Design escritório de Arquitetura, Florianópolis Projetos de pesquisa 1. Templos Modernos: Estudo das Igrejas de Gottfried Böhm em Blumenau e Brusque. Leodi Antônio Covatti, Flávia Martini Ramos, Vera Helena Moro Bins Ely e Karine Daufenbach (Coordenadora). Projetos de extensão 1. Expressão Espacial da Política de Permanência na UFSC. Leodi Antônio Covatti, Américo Ishida (Coordenador), Adairton de Souza, Gabriel Santiago Pedrotti, Priscila Ritzmann Engel, Fabiana Heidemann, Thiago Steffen Vieira, Gustavo P. Fontes, Giulia Aikawa, Heitor Yoshioka, Umberto Violatto, Victor de Carlos Giuliano, Wilson Monteiro de Souza, Maria Isabel Ko Freitag. 2. Espaço para Brincar: humanizando o pátio da Creche Anjo da Guarda. Leodi Antônio Covatti, Vanessa Goulart Dorneles (Coordenadora), Vera Helena Moro Bins Ely, Lucas Gustavo Anghinoni, Gabriela Hall Banki, Larissa Miranda Heinisch, Mariana Morais Luiz, Flávia Martini Ramos, Adriana de Lima Sampaio, Carolina Oliveira da Silva, Karine Zenita Cordeiro. 3. Estudos para o estacionamento do curso de Arquitetura e Urbanismo UFSC Leodi Antônio Covatti, Vera Helena Moro Bins Ely, Gabriela Hall Banki, Isabela Fernandes Andrade (Coordenadora), Julia Moraes Callado de Amorim. Idiomas 1. Inglês - Certificado TOEFL ITP 2. Francês - Diploma DELF B1, 3. Italiano - Certificado UFSC 4. Alemão - Certificado UFSC Prêmios e títulos 1. Desempenho Acadêmico, Universidade Federal de Santa Catarina 2011 e 2012 2. Menção Honrosa no 1º Concurso de Estudantes para ideias da revitalização da área central de Blumenau, Universidade Regional de Blumenau, 2012 3. Diplôme d’études en langue française, DELF, B1, Aliança Francesa de Florianópolis.



Resumo Este trabalho de conclusão de curso apresenta um anteprojeto nomeado Centro Cultural Santa Catarina: Novo uso para a área do Terminal Cidade de Florianópolis. Trata-se de um estudo para implantação de um equipamento de cultura na região central da cidade de Florianópolis. Abrange a área de cobertura do terminal urbano bem como o entorno imediato com novo desenho e uso, fazendo conexões com o patrimônio e demais espacialidades relevantes. Foco na democratização do lazer e cultura através de uma arquitetura convidativa que reorganize a região, oferecendo mais possibilidades de lazer e cultura à população. Palavras-chave: Centro de Cultura; Terminal urbano; requalificação urbana; Espaço público; Patrimônio; Abstract This paper stands for an undergraduation final work and consists of a project for the city of Florianópolis, specifically the area of the bus station called Terminal Cidade de Florianópolis as an essay for a cultural center building. The project covers the area of the bus station and immediate surroundings with new functions transforming it into a large space for the collective use taking in count the actual connections with the historical buildings and other important spatialities of Florianópolis. It is intended to make a democratic space of leisure and culture through an architecture that qualifies the area, providing opportunities for locals and tourists. Key-words: Florianópolis; urban renewal; public space; historical buildings



Agradecimentos A conclusão desse trabalho é mérito de todos aqueles que de alguma forma me ajudaram a chegar até aqui. Agradeço em primeiro lugar aos meus pais, Angelina Pelizzaro e Leodi Bernardino Covatti por acreditarem no caminho que eu escolhi e pelo amor e atenção dedicados. Também agradeço a oportunidade de estar em Florianópolis e estudar numa instituição da qual sempre quis fazer parte. A Universidade Federal junto ao Governo Federal e órgãos de fomento, que me proporcionaram inúmeras oportunidades, excelentes professores, participação em grupos de PET e laboratórios, cursos de línguas, viagens acadêmicas e intercâmbio no exterior. Aos professores que fizeram parte fundamental da minha formação. Um agradecimentos especial ao professor e orientador Américo Ishida, pelo apoio e paciência; à prof. Dra. Vera Moro Bins Ely e ao grupo PET, pela organização e crescimento; e à prof. Dra. Karine Daufenbach, pelo auxílio e disponibilidade. Aos amigos, que me acompanharam nessa trajetória na graduação de Arquitetura e Urbanismo, Nathália, Amarildo, Marina, Yuri, Fernando, Pedro, Tiago, Maria Helena, Nathália B., Chaiane, Matheus, Davi, Odara, Lais, Vanessa, Camila. Aprendo muito com a amizade e colaboração de todos vocês. Ainda, agradeço aos colegas de TCC, Amanda e Heitor, pela ajuda e companheirismo. Para Thiago e Adairton um agradecimento especial pelas valiosas contribuições e amizade.



Índice TCC1 Apresentação 13 Localização 15 Contextualização 23 Histórico 25 Objetivos 39 Arquitetura de Centros Culturais 41 Condicionantes 47 Ações 50 TCC2 TCC2 55 Apresentação e Objetivos 59 Relações de Projeto 61 Projeto do Centro Cultural 65 Plantas e Cortes 66 Detalhes Construtivos e de Fachada 72 Memorial Descritivo 79 Implantação 80 Plantas Baixas 82 Bibliografia 83

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Apresentação Neste caderno de projeto referente ao trabalho de conclusão de curso nomeado como Novo Uso para a Área do Terminal Cidade de Florianópolis estão presentes os estudos feitos para a proposição de um equipamento para área do Terminal Cidade de Florianópolis, também conhecido como Terminal Antigo ou Terminal Velho. É um tema baseado na disciplina de Projeto 7, onde é repensado o uso desta importante área, que em sua centralidade e capacidade estruturante vem sendo subutilizada com um edifício obsoleto e disfuncional. O grande potencial devido à localização no centro histórico e sua dinâmica foram grandes fatores motivacionais. A intenção principal do estudo é chegar em um anteprojeto de arquitetura no local e para isso foram considerado alguns fatores como I. a busca pela valorização das edificações históricas e antiga linha do mar, ressaltando-as na atual malha; II. proposição de um equipamento coletivo que possibilite a utilização da área em finais de semana e noites, haja vista o potencial; III. arquitetura em harmonia com o entorno e reestruturadora dos fluxos de pedestres. Os estudos teóricos foram pautado em textos que tratam dos conceitos de arquitetura, bem como o de recuperações de áreas urbanas, com ênfase na obra da arquiteta Lina Bo Bardi (1914-1992) com o MASP (1957) e o SESC Pompéia (1977). As intervenções urbanas mais marcantes em Florianópolis foram estudadas a partir da leitura de teses que elucidam os planos diretores e explicam o desenvolvimento urbano. Para dimensionamento, além das normas e livros específicos, investigouse exemplos importantes e de preferência já visitados pelo autor.

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Localização A cidade de Florianópolis está localizada no estado de Santa Catarina, região Sul do Brasil. O município é o segundo maior do estado em número de habitantes, com população estimada em 2016 de 477.798 habitantes1. É a capital administrativa do estado e é composta por parte insular e continental. Possui forte apelo turístico pela paisagem natural, sendo visitada por milhares de turistas todo o ano. Ainda, é sede da maior universidade do estado, a Universidade Federal de Santa Catarina, fundada em 1960. A economia de Florianópolis gira em torno da sua função administrativa, prestação de serviços e do turismo. Não há área industrial na porção insular, embora a ilha já tenha possuído uma área portuária que fora se tornando obsoleta e engolida pelos consecutivos aterros. A relação com a água é paradoxal e em muitos casos distante, de acesso dificultado. Na área central, onde a ocupação teve início, há projetos de requalificação urbana, notadamente na antiga orla. As portas de entrada para a cidade são as três pontes, sendo que a mais antiga, a ponte Hercílio Luz (1926), segue em reforma. As outras duas, ponte Colombo Sales e ponte Pedro Ivo, fazem a conexão com o aterro da Baía Sul. A partir daí os fluxos são encaminhados a norte pela Beira-mar norte e a sul pelo túnel Antonieta de Barros. No interior da malha as vias estruturantes estão na porção leste através da Avenida Hercílio Luz e da Avenida Mauro Ramos, que ligam o centro ao norte da ilha. O terreno do Terminal Cidade de Florianópolis está nesse ponto estruturante da cidade, é área de aterro, tendo a norte a antiga orla histórica; a sul o aterro da Baía Sul, ou Parque Metropolitano Dias Velho, com o projeto parcialmente executado do paisagista Roberto Burle Marx; a oeste é circundado pela praça Fernando Machado - onde se encontrava o Trapiche Municipal; e a leste é seguido pelo Forte Santa Bárbara além das visuais do maciço do Morro da Cruz e Hospital de Caridade.

1  Disponível em cod.ibge.gov.br/4J6, acesso em dezembro 2016

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Palácio Cruz e Souza (c. 1765)

Mercado Público Municipal (1899)

Alfândega (1875)

Casa de Elevação Mecânica (i. 1913) - Atual Museu do Saneamento. Colunatas que simulam o local do Trapiche Municipal (c. 1875) e Miramar (1928-1974). Praça Fernando Machado

Resquícios do Projeto para o Aterro da Baía Sul Arq. Roberto Burle Marx (1978)


Igreja Matriz (1753) e Praça XV de Novembro

Casa de Câmara e Cadeia (1771)

Secretaria do Estado da Educação (1972)

Terminal Urbano Cidade de Florianópolis (1988)

Forte Santa Bárbara (c.1786)

Perspectiva salientando locais/edifícios importantes na região. Fonte: aplicativo Google Earth.


Igreja do Menino Deus e Imperial Hospital de Caridade (c.1760)

Assembleia Legislativa do Estado (1964)

Palácio da Justiça (1968)

Túnel Antonieta de Barros (i. 2002)


Fórum da Capital (1986)

Passarela Nego Quirido (1989)

Centro de Convenções CentroSul (1998)

Perspectiva salientando locais/edifícios importantes na região. Fonte: aplicativo Google Earth.


Companhia Catarinens de Ă guas e Saneamen


se nto (1998)

Ponte Gov. Pedro Ivo Campos (1991)

Ponte Gov. Colombo Machado Salles (1975)

Terminal Rodoviário Rita Maria (1976)

Ponte Hercílio Luz (1926)

Terminal Integrado do Centro -TICEN (.1993)

Perspectiva salientando locais/edifícios importantes na região. Fonte: aplicativo Google Earth. Datas e nomes: ndonline.com.br/florianopolis/noticias/aterro-da-baia-sul-cartao-de-visitas-pelo-avesso acesso em fev. 2017



Centro Cultural Santa Catarina: Novo uso para a área do Terminal Cidade de Florianópolis

Contextualização A área do Terminal Cidade de Florianópolis atua espacialmente como uma das fronteiras que separam a malha urbana do aterro da Baía Sul. Como terminal de ônibus foi um concentrador de fluxos e um marco urbano, contribuindo para a setorização do aterro. Suas atividades começaram no final dos anos 1980, como parte do Plano de Ampliação do Sistema de Transporte Coletivo desenvolvido pelo IPUF, pelo programa AGLURB de 1986 (PL-68), onde era previsto o aumento das áreas de terminais, que à época, tinham como pontos de transbordo o Largo do Mercado e os arredores da Assembleia Legislativa. O então novo terminal fez com que na região houvesse o desenvolvimento de um variado comércio vicinal, restaurantes, lanchonetes, lojas populares, minimercados, prestação de serviços, instituições de ensino. Seu uso foi drasticamente reduzido com a implementação do Terminal Integrado do Centro, TICEN na década de 1990. Apesar disso, vem servindo de palco para atividades como feiras e shows, haja vista o entorno movimentado, principalmente aos sábados durante a feira de rua no Calçadão João Pinto, paralelo ao equipamento. Ainda assim, não apresenta grandes atrativos, sejam formais ou espacialidades convidativas, sendo a presença do comércio popular nas imediações, bem como de equipamentos públicos e instituições de ensino, os geradores do fluxo. Hoje percebe-se a inversão do sentido de ocupação, pois se antes era o terminal que fazia com que o bairro se movimentasse, o crescimento e desenvolvimento das atividades ali presentes é o que agora nutre a região. Durante as visitas ao local foi possível perceber o abandono refletido na falta de manutenção e limpeza da estrutura, falta de sinalização adequada quanto às linhas de ônibus e acessos confusos e ineficazes. A presença do patrimônio histórico passa despercebida e de certa forma escondida pelo volume da edificação. As fachadas que davam frente ao mar hoje estão descaracterizadas e não há referencia à antiga orla, a não ser pelo desenho de piso que vem desde a praça Fernando Machado e da balaustrada em frente à antiga Casa de Elevação Mecânica (1913), atual Museu do Saneamento. A proposta de mudança de uso dessa área está em concordância como processo de ocupação do centro da cidade, do evidente desuso e obsolescência do Terminal como tal e do aproveitamento dessa centralidade como catalisador de atividades culturais para a população.

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Histórico Para a compreensão e aproximação com a área de intervenção foi importante entender, através de fatos históricos e imagens, os acontecimentos que de alguma forma foram fundamentais para a compreensão do espaço como o temos hoje. São eles o desenvolvimento do Leste da Praça XV de Novembro, o planejamento urbano e a dinâmica socioespacial da cidade. No período colonial, o leste e sudeste do Largo da Igreja Matriz foram as áreas onde a ocupação mais rapidamente se estendeu devido à sua localização próxima às fontes de água e à facilidade de despejos no Rio da Bulha, além da proximidade com o forte, quartel, igreja e hospitais da região.1 Nesta área se localizava a maioria da população, tanto ricos quanto pobres, sem existir ainda separação espacial entre estes e entre os locais de comércio e residenciais2. Havia dois tipos de traçado, paralelos à Matriz, estrutura fundiária original e às da proximidade ao rio da bulha e sopé do morro, implantadas de forma orgânica3. Soma-se à parte leste a dificuldade de saneamento e tardia organização do sistema fundiário, já com foco no crescimento organizado da cidade. As alterações de maior impacto nessa região estão presentes no século XX, canalizações com vistas ao saneamento, desocupação de cortiços e moradas informais, aterros e adequação viária pela intensificação do uso de automóveis4. Essas ações foram tema dos planos diretores e são até hoje sujeito de discussão. O primeiro Plano Diretor de Florianópolis, de 1952, foi proposto em um momento onde ideais de mudança e superação do atraso econômico ganhavam força. Com a redução das atividades portuárias, a economia se apoiava na função administrativa de capital do estado. Os problemas de infraestrutura aliados ao precário sistema rodoviário, dificultava os acessos à capital e inibia qualquer desenvolvimento industrial que pudesse dinamizar a economia nesse período.5 Desenvolvimentista, refletia o planejamento urbano nacional, tido como a solução para diversos problemas que as cidades enfrentavam e se baseava na proposição de vias estruturantes. Esse foco do desenvolvimento no sistema viário é o que viria a gerar as políticas de aterros nos planos diretores vindouros e que trariam grandes transformações nas Baías Sul e Norte.6 O plano de de desenvolvimento integrado (1969 e 1971) foi o que deixou a ilha com as formas que a conhecemos hoje. Entre os elementos de grande impacto, o aterro da Baía Sul e a nova ponte Ilha-Continente - Ponte Gov. Colombo Salles. É importante salientar que o plano foi alvo de grandes disputas entre as elites locais, e foi visto na sua totalidade como garantia de acessibilidade rodoviária a todas as regiões da Ilha- processo que de certa forma autorizou a maioria das intervenções viárias feitas nas décadas seguintes até os anos 19907. “as rodovias e vias expressas na área urbana provocaram irreparáveis rupturas e danos à continuidade do tecido urbano,à segurança e à qualidade paisagística e ambiental, acelerou o processo de ocupação espacial descontrolado com graves danos ao patrimônio ambiental e cultural(...)8 “ Assim percebe-se que através de uma sucessão de ações sempre impactantes, a cidade de Florianópolis foi sendo transfigurada e deformada, uma vez que os grandes investimentos, principalmente os ligados aos aterros, hoje apresentam-se como grandes vazios que servem exclusivamente ao sistema viário e afastam as pessoas da ideia de que se está numa ilha. Danos irreparáveis à paisagem natural e também à construída, pois se perdeu a referência dos casarios à beira-mar, dos banhos de mar e tampouco se resolveu o sistema viário, contradições irrefutáveis do desenvolvimento de Florianópolis.

1  VEIGA, Eliane Veras da. Florianópolis: Memória Urbana. 3. ed. Florianópolis: Fundação Cultural Franklin Cascaes, 2010. 464 p. (pag. 209) 2  SUGAI ,1994 apud Souza, Jéssica Pinto de. O plano diretor de 1952-1955 e as repercussões na estruturação urbana de Florianópolis [dissertação] / Jéssica Pinto de Souza ; orientadora, Maria Inês Sugai. – Florianópolis, SC, 2010. 3  VEIGA, Eliane Veras da. Florianópolis: Memória Urbana. 3. ed. Florianópolis: Fundação Cultural Franklin Cascaes, 2010. 464 4  VEIGA, Eliane Veras da. Florianópolis: Memória Urbana. 3. ed. Florianópolis: Fundação Cultural Franklin Cascaes, 2010. 464 5  Souza, Jéssica Pinto de. O plano diretor de 1952-1955 e as repercussões na estruturação urbana de Florianópolis [dissertação] / Jéssica Pinto de Souza ; orientadora, Maria Inês Sugai. – Florianópolis, SC, 2010. 6  Ibid. 7   SUGAI, Maria Inês. Segregação Silenciosa: Investimentos públicos e dinâmica socioespacial na área conurbada de Florianópolis (1970-2000). Florianópolis: Editora da Ufsc, 2015. 255 p. (pag. 98) 8  SUGAI, Maria Inês. Segregação Silenciosa: Investimentos públicos e dinâmica socioespacial na área conurbada de Florianópolis (1970-2000). Florianópolis: Editora da Ufsc, 2015. 255 p. (Pag. 105)

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Esquema do Plano Diretor de 1955 Fonte: PAIVA, RIBEIRO, GRAEFF (1952) apud SOUZA, Jéssica Pinto de. O plano diretor de 1952-1955 e as repercussões na estruturação urbana de Florianópolis [dissertação] / Jéssica Pinto de Souza ; orientadora, Maria Inês Sugai. – Florianópolis, SC, 2010. pag. 77.

Centro Metropolitano do Plano de 1969. Fonte: PEREIRA (s/d) apud SOUZA, Jéssica Pinto de. O plano diretor de 1952-1955 e as repercussões na estruturação urbana de Florianópolis [dissertação] / Jéssica Pinto de Souza ; orientadora, Maria Inês Sugai. – Florianópolis, SC, 2010. pag. 120.


Imagens abaixo: Ilustração da Baía Sul da Vila de Nossa Senhora do Desterro9 datada de 1876, no período colonial. “Consolidação da ocupação e conformação do traçado urbano que irá configurar a malha viária da cidade(...). Ocupação em torno do porto, na costa oeste da Ilha, voltado para a Baía Sul(...). As poucas edificações que abrigavam residências e um pequeno comércio localizaram-se nas áreas em torno da praça XV de Novembro. O traçado das primeiras ruas foi determinado pela linha original da orla e pela implantação da praça central e da Igreja Matriz, conforme as normatizações portuguesas.” 10

Mosaico de 1938.11 Elementos marcantes: Aterro do Largo 13 de maio, Avenida do Saneamento, atual Avenida Hercílio Luz.

9  Imagem retirada de VEIGA, Eliane Veras da. Florianópolis: Memória Urbana. 3. ed. Florianópolis: Fundação Cultural Franklin Cascaes, 2010. 464 p. - Mapa Anexo à Edição impressa. 10  Souza, Jéssica Pinto de. O plano diretor de 1952-1955 e as repercussões na estruturação urbana de Florianópolis [dissertação] / Jéssica Pinto de Souza ; orientadora, Maria Inês Sugai. – Florianópolis, SC, 2010. 11  Fonte: FLORIANÓPOLIS. PREFEITURA DE FLORIANÓPOLIS. (Ed.). Geoprocessamento Corporativo. Disponível em: <http://geo.pmf.sc.gov.br/>. Acesso em: 03 nov. 2016.


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Imagens abaixo, mosaico de 1957.12 Elementos marcantes: Avenida Mauro Ramos (anos 1940), ligação Largo 13 de maio até o Forte São Luiz, em frente ao que é hoje o Beira-Mar Shopping.

Mosaico de 1977.13 Elementos marcantes: Aterro da Baía Sul, 611.000m2 (19721974).14 Assembleia Legislativa e Palácio da Justiça, ponte Gov. Colombo Salles.

12  Fonte: FLORIANÓPOLIS. PREFEITURA DE FLORIANÓPOLIS. (Ed.). Geoprocessamento Corporativo. Disponível em: <http://geo.pmf.sc.gov.br/>. Acesso em: 03 nov. 2016. 13  idem 14 SUGAI, 2015 apud Santa Catarina, 1975


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Imagens abaixo, mosaico de 1994.15 Elementos marcantes: Consolidação da área de administração pública, Terminais Rita Maria e urbanos e parque metropolitano - ponte Gov. Pedro Ivo.

Ortofoto de 2009.16 Elementos marcantes: Aterro da Baía Sul com o sistema viário atual, Centro de convenções CentroSul, Passarela Nego Quirido, CASAN, TICEN, Camelódromo e Direto do Campo (demolidos).

15  Fonte: FLORIANÓPOLIS. PREFEITURA DE FLORIANÓPOLIS. (Ed.). Geoprocessamento Corporativo. Disponível em: <http://geo.pmf.sc.gov.br/>. Acesso em: 03 nov. 2016 16  idem

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Repertório de imagens históricas representativas

Trapiche da Baía Sul 1926. Destaque para a Praça XV, o Trapiche Municipal e as fachadas voltadas para o mar. Fonte: Acervo Casa da Memória de Florianópolis.

Visual da Baía Sul 1940. Destaque para a casa elevatória de água, atualmente Museu do Saneamento, a linha do mar e aos fundos o forte Santa Bárbara, já com ornamentos em estilo art déco. Fonte: Acervo “Praças e Monumentos” Casa da Memória de Florianópolis.

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Regata na Associação de remo Martinelli na orla da Baía Sul 1968. Nesta foto já é possível perceber o crescimento em altura da cidade (destaque para o Hotel Royal à direita) e também a relação das pessoas com o mar, ainda próximo e parte da vida quotidiana. Fonte: Acervo “Esportes” Casa da Memória de Florianópolis.

Aterro da Baía Sul 1980. Nesta foto é possível perceber o uso distorcido do aterro como depósito de automóveis e ônibus. À direita, o Parque Metropolitano vazio e isolado da malha urbana. Ainda, o sombreamento causado pelo crescimento do gabarito na região com destque para a Secretaria de Educação, à esquerda. Fonte: Acervo “Aterros” Casa da Memória de Florianópolis.


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Construção do Terminal “I” Cidade de Florianópolis. Meados dos anos 1980. Parte do Plano de Ampliação do Sistema de Transporte Coletivo (PL-68), onde era previsto aumento das áreas de terminal, que à época, tinham como pontos de transbordo o Largo do Mercado e pontos em frente e aos arredores da assembleia. Fonte: Acervo Casa da Memória de Florianópolis.

Aterro da Baía Sul. Paisagismo de Roberto Burle Marx. Meados de 1980. Fonte da fotografia: Mattos, Melissa Laus. Arquitetura institucional em concreto aparente e suas repercussões no espaço urbano de Florianópolis entre 1970 e 1985 [dissertação] / Melissa Laus Mattos ; orientadora, Maria Inês Sugai. - Florianópolis, SC, 2009.

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Repertório de imagens atuais representativas O entorno do Terminal Cidade está bastante deteriorado, com as fachadas dos edifícios escondidas devido à proximidade da estrutura do equipamento, além da poluição visual advinda da fiação elétrica e intervenções nas paredes. Em adição, a visual do Forte está completamente obstruída, sendo difícil a percepção do mesmo. A repetição da estrutura do terminal transforma o passeio numa espécie de corredor pouco convidativo e monótono. O barulho das poucas linhas de ônibus que ainda fazem transbordo no local torna-o uma forte barreira à conectividade da malha urbana.

A proximidade do terminal faz com que se crie um corredor, desvalorizando o local, pois além da obstrução do Forte Santa Bárbara, não permite que o usuário tenha uma visão global da antiga orla e das edificações tombadas nesse caminho. Os volumes de sanitários, adição recente, atrapalham ainda mais a permeabilidade visual, além de não coerentes com a projeção da cobertura.

Falta de legibilidade e obstrução da vista. Pelo rasgo entre os ônibus e a cobertura do terminal é possível visualizar parte das palmeiras do projeto do Parque Metropolitano e o Centro de Convenções CentroSul. O Calçadão da Rua João Pinto é local de grande fluxo de pessoas nos fins de semana embora não disponha de grande estrutura, como bancos, banheiros ou calçamento apropriado.

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Apropriação A estrutura do Terminal Cidade, apesar de monofuncional e obsoleta como terminal urbano de ônibus, vem sendo apropriada pela população nos mais variados eventos e em horários onde o local normalmente não é frequentado.

Evento sob a cobertura do terminal com grande concentração de público. Fonte: IPUF (Santa Catarina). Prefeitura de Florianópolis. Ajustes, implementos e complementações do Plano Diretor: Florianópolis, 2015. 142 slides, color.

Batalha das minas, apresentação de estilos musicais, agosto de 2016. Ao fundo, Forte Santa Bárbara. Fonte: youtube.com/watch?v=IznBkRt5cS4 acesso em fevereiro de 2017.

Feira na cobertura do terminal mostra como a estrutura modulada pode ser facilmente adaptada às mais diversas atividades. Fonte: GAMBÔA, Róbinson. Feira improvisada no terminal antigo é opção para presentes populares. 2010. Disponível em tudosobrefloripa.com.br/index.php/desc_noticias/feira_improvisada_no_ terminal_antigo_e_opcaeo_popular_para_presentes_de_ult>. Acesso em: 03 nov. 2016.

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Objetivos Atribuir novo uso ao Terminal Cidade de Florianópolis e ao terreno no qual ele está inserido, haja vista a sua localização privilegiada e obsolescência como parte do sistema de transporte. Desenvolver, a partir de uma proposição de um edifício, ferramentas para valorização do centro histórico, ressaltando o eixo da antiga orla. Objetivos Específicos Projetar um centro de cultura a nível de anteprojeto arquitetônico e paisagístico. Análise do histórico da região como suporte das decisões projetuais e das intervenções no patrimônio histórico. Pesquisar sobre a arquitetura de Centros Culturais. Projetar o espaço aberto para que dê suporte a atividades ao ar livre, espaços de vivência e lazer acessíveis e convidativos METODOLOGIA Visitar a área de intervenção em diversos períodos do dia e em diferentes dias de semana. Elaboração de mapas da área e entorno imediato com informações sobre clima, sistema viário, uso do solo. Estudar o histórico de Florianópolis pertinente à área de estudo e trabalhos que analisem as transformações urbanas, notadamente aquelas que elucidam as mudanças no centro da cidade. Pesquisa de material relativo aos equipamentos propostos, normas e regulamentações.

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ARQUITETURA DE CENTROS CULTURAIS As obra mais significativas para o desenvolvimento desse estudo foram o MASP (1957) e o SESC Fábrica Pompéia (1977), ambos obras da arquiteta Lina Bo Bardi em São Paulo e o Centro Georges Pompidou (1977) de Renzo Piano e Richard Rogers em Paris. “El Museo y el Centro Cultural como foco de transformación de civilización, saber y arte, tal como señalaba el proyecto del Romanticismo, el Neoclasicismo y la Ilustración. Pero, al mismo tempo como foco para estimular futuras actividades culturales e comunitaerias”1

1 Montaber, Arquitectura y mimesis: La Modernidad Superada, p. 11. apud CABRAL, Maria Cristina Nascentes. O Racionalismo Arquitetônico de Lina Bo Bardi. 1996. 96 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de História, Departamento de História, Pontífica Universidade Católica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1996.

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MASP 1957 São Paulo Lina Bo Bardi “A implantação como um mistério, vão exigido para o Belvedere sobre o parque (...) A ousadia de suspender no maior eixo (...) não mascarando a atitude de suspender. Os códigos e sinais da arquitetura não são evidentes. Processos mecânicos e industriais como uma imagem da sociedade moderna. “monumental” no sentido do coletivo, da dignidade cívica. Como preconizado no Museu de São Vicente, cinema popular e espaço de uso público(...)”1 “Descarta a possibilidade de utilização da tipologia tradicional do museu (...) como caixa ornamentada para guardar objetos preciosos(...) propósitos universalistas (...) rompeu propondo novas bases”2 “Transparência, planta livre e flexível, espaço universal, funcionalidade, precisão tecnológica como elemento de identidade e destino do edifício, e neutralidade e ausência de mediação entre espaço e obra a expor”3 “Contato com o público, contribuição à arte atual”4, Formação de um museu escola, não só como expositor de arte, mas como educador e formador de valores artísticos e ideológicos e fomentador do ambiente artístico nacional”5

Museu de Arte de São Paulo - MASP. Fonte: masp.art.br/masp2010/ sobre_masp_missao.php, acesso nov. 2016.

Plantas do subsolo e pavimento expositivo do MASP Fonte: adbr001cdn.archdaily.net/wp-content/uploads/2012/07/1342285911_1311629382_plantas.jpg

1 CABRAL, Maria Cristina Nascentes. O Racionalismo Arquitetônico de Lina Bo Bardi. 1996. 96 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de História, Departamento de História, Pontífica Universidade Católica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1996. 2 Ibid. 3 Montaner, Museos para el nuevo siglo apud CABRAL, Maria Cristina Nascentes. O Racionalismo Arquitetônico de Lina Bo Bardi. 1996. 96 f. Dissertação (Mestrado) Curso de História, Departamento de História, Pontífica Universidade Católica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1996. (pag. 48) 4 Revista Habitat n. 8 jul set 1952 apud CABRAL, Maria Cristina Nascentes. O Racionalismo Arquitetônico de Lina Bo Bardi. 1996. 96 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de História, Departamento de História, Pontífica Universidade Católica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1996. 5 CABRAL, Maria Cristina Nascentes. O Racionalismo Arquitetônico de Lina Bo Bardi. 1996. 96 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de História, Departamento de História, Pontífica Universidade Católica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1996.


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SESC Fábrica da Pompéia 1977 LINA BO BARDI “Caráter Popular da Obra. Manutenção da estrutura existente (...) Escala humana, blocos verticais representando a escala vertical que a cidade assumira. A implantação do conjunto remete à cidade, com ruas principais, ruelas, jardins, cafeteria, rio para molhar os pés.“1 “As características que fazem alguns dos equipamentos do SESC não serem funcionalmente bons, como o teatro, confortos acústico e ergonômico, eram considerados por Lina como itens de desprestígio pois eram o âmago da sociedade moderna e de consumo. Assim, poder-se-ia dizer que era ela formalista, contudo, um formalismo um tanto social, uma vez que as decisões eram pautadas no rechaçar os caros à burguesia. Alinhamento com o formalismo da arquitetura paulista.”2 “No SESC ela realizou a ideia que perseguiu desde sua chegada ao Brasil: Um museu de cultura Brasileira, não o museu europeu, lugar da historia e sala de troféus, mas a concepção clássica do lugar das musas em sua versão industrial.”3 “Para Lina o Brasil estava tentando lutar entre os modelos culturais dos países industrializados e sua autêntica cultura, a popular. (...) e essa não ter sofrido pressões que sofreu a cultura da elite...proporção, elegância, finesse… A beleza apresenta-se na intransigência de propor o Feio no lugar do Belo.”4

Fotos retiradas do Folheto Explicativo do SESC Pompeia. Tiradas, de cima para baixo, Leonardo Finotti e Marco Antonio. Fonte: issuu.com/sescsp/docs/ folhetohistorico_port?e=1483811/34374185

1 CABRAL, Maria Cristina Nascentes. O Racionalismo Arquitetônico de Lina Bo Bardi. 1996. 96 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de História, Departamento de História, Pontífica Universidade Católica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1996. 2 ibid. 3 Eduardi Subiratis, in Revista Projeto n.49 apud CABRAL, Maria Cristina Nascentes. O Racionalismo Arquitetônico de Lina Bo Bardi. 1996. 96 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de História, Departamento de História, Pontífica Universidade Católica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1996. 4 CABRAL, Maria Cristina Nascentes. O Racionalismo Arquitetônico de Lina Bo Bardi. 1996. 96 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de História, Departamento de História, Pontífica Universidade Católica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1996.

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Centro Georges Pompidou 1977 Renzo Piano e Richard Rogers “O Nascimento de um conceito revolucionário. Em 1969, o presidente Georges Pompidou decide investir no platô central, então estacionamento, no bairro Beaubourg para a construção de um centro cultural multidisciplinar de um tipo completamente novo. Trata-se de um novo impulso dado a vários projetos voltados para o futuro, onde se espera reunir: a construção, no centro de Paris, de uma biblioteca de leitura pública e acessível a todos; a reabilitação do Museu Nacional de Arte Moderna (...); o projeto de um centro de criação musical (...)”1

Platô do bairro Beaubourg como estacionamento, década de 1960 e maquete final do Centro Georges Pompidou. Fonte: centrepompidou.fr/fr/ Le-Centre-Pompidou/L-histoire

1 Texto traduzido pelo autor do original em francês disponível em https://www.centrepompidou.fr/fr/Le-Centre-Pompidou/L-histoire, acesso em novembro 2016.




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Condicionantes O Plano diretor vigente no município de Florianópolis, lei complementar 482/2014, define a área de intervenção como Área Mista Central e Área Comunitária/Institucional, onde, conforme o Art. 42. sobre o zoneamento esclarece: (FLORIANÓPOLIS, 2014) Áreas Mistas Centrais são aquelas de alta densidade, complexidade e miscigenação, destinada a usos residenciais, comerciais e de serviços; Áreas Comunitárias Institucionais são aquelas destinadas a todos os equipamentos comunitários ou aos usos institucionais, necessários à garantia do funcionamento satisfatório dos demais usos urbanos e ao bem estar da população; Além disso, no zoneamento secundário a área aparece como Área de Preservação Cultural e também na categoria de Áreas Prioritárias para Operações Urbanas Consorciadas, onde esclarece: (FLORIANÓPOLIS, 2014) As Áreas de Preservação Cultural são aquelas destinadas à preservação de sítios de interesse cultural, objetivando a preservação, valorização e promoção delas. As Operações Urbanas Consorciadas de realização prioritária são um conjunto de intervenções e medidas coordenadas ou autorizadas pelo Poder Público municipal, com início obrigatório num prazo de até dois anos após a aprovação desta Lei Complementar. Novas construções ou readequações das construções existentes inseridas na categoria P3 deverão observar o seguinte: I – harmonização com a arquitetura do conjunto formado pelas edificações próximas, respeitando as características volumétricas e compositivas; II - implantação de conformidade com as características do alinhamento frontal e afastamentos laterais predominantes no conjunto; III - implantação adequada à valorização da edificação protegida, garantindo a apreciação do monumento preservado, sendo que, com vistas à sua adequada inserção; IV – estabelecimento de limite de volume para não exceder a altura máxima das edificações das categorias P1, P2 e P4 mais próximas; V – emprego de materiais de cobertura iguais aos do conjunto das edificações protegidas próximas, admitindo-se, excepcionalmente, adequações em conformidade com o inciso I e o §2o deste artigo; e VI – limitação da altura e aspecto dos muros de vedação de conformidade com as características do conjunto de edificações, sem impedimento ou redução da visibilidade dos bens preservados. Mapa que localiza as edificações tombadas no entorno da área de intervenção. Hachura diagonal significa tombamento federal, no caso o Forte Santa Bárbara. Em quadriculado, tombamento estadual, o Museu do Saneamento. Em branco, edificações tombadas a nível municipal. Fonte: SEPHAN.

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Em relação aos equipamentos no entorno da área de atuação é possível perceber a sua importante posição na malha urbana, pois há grande variedade de atividades, como escolas, institutos, comércios, escritórios e presença massiva de patrimônio histórico. Isso gera grande vitalidade e diversidade, fator extremamente benéfico na dinâmica urbana.

As condicionantes mais importantes na implantação do projeto são os ventos. A área é extremamente desprotegida e árida, sendo influenciada diretamente pelo vento sul. O nordeste, por sua vez, é filtrado pela massa construída. Há falta de proteção vegetal no entorno e a grande quantidade de asfalto causa grande desconforto nos dias mais quentes. O relativo afastamento da área mais densa da malha propicia mais liberdade projetual e mais opções para resolução de problemas advindos da insolação.


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O baixo número de residências provoca o esvaziamento do centro nos contra turnos e fins de semana, causando uma sensação de cidade fantasma. Na área de intervenção há o agravante da subutilização do terminal que faz com que a região fique vazia mesmo em horário comercial.

A área de intervenção é bem servida de vias, contudo isso causa diferentes tipos de problemas. Há vias de trânsito rápido, avenidas e calçadões, e essa variedade exige cuidado na hora de planejar as conexões com a malha urbana adjacente.

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Ações na escala da cidade Como ação no nível do bairro Centro propõe-se uma maior conectividade pela ciclovia que circunda a Beira-mar Norte, ligando-a através de um novo trecho na Avenida Paulo Fontes, em frente ao Terminal Rita Maria. A partir daí, em trecho retilíneo até o Terminal Cidade, passando pela antiga orla, Mercado Público, Alfândega, Praça XV de Novembro, Forte Santa Bárbara. A ligação com a ciclofaixa da Avenida Hercílio Luz daria acesso à Avenida Mauro Ramos, e esta, por fim, à Ciclovia da Beira-mar Norte, um circuito. Seria ainda mais interessante se houvesse aluguel de bicicletas no decorrer do trajeto para que o uso se dê tanto para transporte quanto turismo.

Novo trajeto de ciclovia/ciclofaixas. Em azul, ciclovias/ciclofaixas existentes; em vermelho, proposição.


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Ações na escala local, eixos e visuais A nível local é importante salientar a existência de projetos que visam a revitalização do eixo da antiga orla de Florianópolis, dentre eles o do Largo do Mercado, o do Parque Metropolitano da Baía Sul ou Parque Metropolitano Dias Velho1 e o da Praça dos Três Poderes. É importante ressaltar que os três locais citados são hoje local de estacionamento de automóveis ou ônibus e são ou já foram terminais urbanos. Em se tratando da área do Terminal Cidade, a intenção é que o projeto de um Centro Cultural promova a religação da malha urbana nos sentidos longitudinal e transversal, valorizando o eixo histórico e a relação com o aterro da Baía Sul.

Eixos maior relevância. Em laranja, eixo histórico da antiga orla. Em azul, ligações da ilha com o “mar” e o Parque Metropolitano.

Concurso Público de Requalificação do Largo do Mercado, Proposta de reurbanização para a Baía Sul e Concurso para a Praça dos Três Poderes. Fontes: vitruvius.com.br/revistas/read/projetos/11.122/3755?page=2 au.pini.com.br/arquitetura-urbanismo/240/artigo307967-4.aspx concursosdeprojeto.org/2012/03/23/resultado-praca-dos-tres-poderes-florianopolis-sc/

1  O arquiteto do Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis (Ipuf), César Floriano e o paisagista José Tabacow elaboraram uma proposta de reurbanização no aterro da Baía Sul de Florianópolis, transformando-a em parque público.

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Ações na escala do terreno O Terminal Cidade vem tendo seu uso bastante reduzido desde a implantação do Sistema Integrado de Transporte apesar de continuar com linhas diárias. Ainda, dá suporte a atividades que acontecem sob a sua cobertura como shows, feiras e eventos. O projeto de um novo uso para o Terminal Cidade se nutre na hipótese de mudança de função da área, focando nas atividades locais que são importantes para a manutenção da vocação do bairro, esse cultural e dinâmico. Serão levados em conta quatro pontos:

1. Reutilizar da estrutura existente 2. Liberar visualmente eixo da antiga orla 3. Remembrar as partes do terreno divididas por vias de acesso ao terminal. 4. Mudança do fluxo visual para o sentido bairro direção Baía Sul.

Para viabilizar estes pontos foram propostas a desmontagem da cobertura dos dois ramos próximos à fachada histórica (Figura 1). Isso além de ser importante para ligar o eixo que vêm desde a Rua Francisco Tolentino, dá maior legibilidade ao espaço, tornando visíveis as fachadas históricas, o Museu do Saneamento e o Forte Santa Bárbara (Figura 2). ==o que é hoje o estacionamento de ônibus (Figura 4) e dá-se continuidade ao eixo bairro-parque metropolitano (Figura 5).

Figura 1

Figura 2


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Figura 3

Figura 4

Figura 5

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Esta parte do material é a segunda parte do trabalho de TCC, equivalente ao período de TCC2. É resultado das observações da pré-banca e apresenta o detalhamento da proposta inicial, especificando o tema do trabalho e as diretrizes de projeto.

TCC 1 & TCC 2


Perspectiva a partir do Forte Santa Bárbara. Destaque para o Centro Cultural, o Terminal, a área de praça e feiras e o caminho arborizado que leva à Praça Fernando Machado.




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APRESENTAÇÃO CENTRO CULTURAL SANTA CATARINA Proposta de novo uso para área do Terminal Cidade de Florianópolis, também conhecido como Terminal Antigo ou Terminal Velho. É uma região estruturante e fundamental para a cidade, tendo sido construída sobre parte do grande aterro dos anos 1970. É fronteiriço a norte à antiga orla, onde estão presentes algumas edificações tombadas; a sul face ao Parque Metropolitano da Baía Sul, ou Parque Metropolitano Dias Velho, com desenho do paisagista Roberto Burle Marx e parcialmente executado (1978), sendo recentemente objeto de projeto; a oeste é circundado pela praça Fernando Machado - onde se encontra o monumento ao antigo Trapiche Municipal; e a leste seguido pelo Forte Santa Bárbara e Avenida Hercílio Luz, além das visuais do maciço do Morro da Cruz e Hospital de Caridade. ENTENDER AS PREEXISTÊNCIAS Área de extrema importância para a cidade, com grande potencial, entorno pulsante dia e noite. Lugar onde se pode perceber as diferentes fases de Florianópolis, dos vetores de crescimento e das decisões do poder público em relação ao aterro e ao patrimônio. O novo uso consiste na requalificação urbana do local e é idealizado através da proposição de um equipamento de cultura que leve em conta as características físicas como ruas e eixos; histórico-culturais como espaços e edificações importantes; e ambientais, como o clima e os ventos, principalmente o sul. Por se tratar de um local estruturante na malha ressalta-se a importância do uso público e democrático através de atividades que possam agregar conhecimento e lazer à população, bem como potencializar e preservar as atividades que já ocorrem nos arredores. OBJETIVOS a) Busca pela valorização das edificações históricas, da antiga linha do mar, dos vestígios arquitetônicos do passado e do presente. Cada arquitetura colocando-se como testemunho do desenvolvimento urbano. Desenho que permita a valorização e destaque dos elementos relevantes. b) Proposição de equipamento coletivo que possibilite o uso da área no período noturno e aos finais de semana, haja vista o forte potencial local e as atividades que acontecem no entorno como feiras, mostras e shows. c) Projeto em harmonia com a malha urbana adjacente, capaz de reestruturar os fluxos e servir de convite para as atividades propostas no programa. PROGRAMA Pensado para dar suporte às atividades da cidade e trazer as pessoas em períodos onde há o esvaziamento do centro, atuando de forma complementar ao agregar novas atividades a um espaço já apropriado pela população. 1. PRAÇA 2. CINEMA 3. OFICINAS 4. RESTAURANTE 5. BIBLIOTECA 6. ESPAÇO DE COWORKING 7.ESPAÇO EXPOSITIVO

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CATEDRAL METROPOLITANA

Mercado público

praça XV de novembro

Alfândega

MUSEU DO SANEAMENTO

parque metropolitano forte santa bárbara


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Relações de projeto 1. Eixos estruturantes O eixo longitudinal representa a antiga orla do mar. Em destaque as edificações e conjuntos históricos de referência urbana. Os eixos transversais destacam e reforçam a relação da área de intervenção com a malha adjacente. Em destaque a fachada histórica, o museu do saneamento, o Forte Santa Bárbara e o Parque Metropolitano.

2. Ligação Praça Fernando Machado - Avenida Hercílio Luz Com intenção de conectar as bordas da área foi desenhado um caminho arborizado provido de canteiros e bancos destinados a fazer a ligação da Praça Fernando Machado até a Avenida Hercílio Luz, hoje arborizada e provida de ciclovia. Este caminho também demarca simbolicamente o limite da antiga orla e ressalta os elementos arquitetônicos de maior destaque.

3. Estrutura existente e praça Sob a cobertura do terminal já acontecem atividades como feiras, shows e apresentações, por isso optou-se por retirar somente parte da estrutura visando desobstruir a vista para o Forte, colocar em evidência a fachada histórica e conformar uma praça paralela ao Calçadão da Rua João Pinto, onde há grande fluxo de comércio nos fins de semana.

4. Forte Santa Bárbara, atualmente Museu Naval Além de desobstruir o entorno do Forte Santa Bárbara, foi proposto desenho de canteiros que levem o olhar do observador em direção à edificação histórica. Jatos de água circundam o forte, onde é possível a interação com a água, remetendo à antiga posição do edifício à beira-mar.

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Perspectiva a partir do bloco do restaurante voltado para o Parque Metropolitano. Os canteiros sĂŁo dotados de bancos e servem como interface Ă avenida de trĂĄfego rĂĄpido protegendo os pedestres e as atividades voltadas para essa fachada.


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Projeto do Centro Cultural A partir das relações de projeto e do entendimento das preexistências foi proposta uma implantação coerente às especificidades do local. O desenho da praça e as linhas de perspectiva que salientam as edificações relevantes são provenientes desse processo. A locação do edifício na porção sudoeste da área de intervenção também é resultado da mesma dinâmica, considerando o entorno tangível sob a forma de patrimônio edificado e o intangível, como o patrimônio cultural e ambiental. No local escolhido foram dispostos três volumes paralelos ao terminal e à Avenida Paulo Fontes, colocando o Forte Santa Bárbara em evidência ao criar uma rua interna. O quarto volume

corresponde ao segundo e último andar e é o grande elemento que transpassa todo o comprimento do projeto e arremata o edifício, tornando-o apreensível como todo. Desse modo foi possível organizar uma estratégia para o programa da edificação onde os diferentes níveis pudessem estruturar seu funcionamento global. O térreo serve como cooptador, centralizando atividades do quotidiano como cinema, oficinas e restaurante, tendo na arquitetura do terminal - agora local de feiras e acontecimentos espontâneos - um elemento de atração e aproximação no sentido de dar suporte e complementação às atividades culturais. O primeiro andar serve à biblioteca, à sala de estudos e

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ao espaço de coworking por se tratar de um espaço de estudo e concentração, diferentemente do térreo, onde há circulação intensa de pessoas. Ainda assim possui generosas aberturas para ambas as interfaces, o terminal e a Baía Sul, além das passarelas longitudinais, verdadeiros belvederes. O segundo e último andar, por sua vez, é o espaço destinado às mostras, exposições e performances. Local de reflexão, contemplação e interação onde o intangível se faz protagonista (imagens 4 e 5). Também conta com um terraço onde é possível contemplar grande parte do skyline de Florianópolis. A circulação pela edificação se dá longitudinalmente por caminhos no térreo e passarelas no primeiro andar, sendo o segundo andar

Corte AA

em planta livre. Cada volume é servido por circulação vertical independente dotada de elevador do tipo monta-carga panorâmico, que possibilita tanto o deslocamento de usuários, equipamentos, mobiliários ou obras quanto a visualização das atividades nos diferentes níveis. Em relação à materialidade escolheram-se revestimentos capazes de tornar a edificação adequada ao clima e aos ventos predominantes, e que também ressaltassem a clareza das formas simples do projeto. O o revestimento dos dois primeiro pavimentos se dá através de placas cimentícias enquanto o pavimento do espaço expositivo é revestido por painéis metálicos perfurados que sombreiam e filtram o vento.


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2 ° Andar - Espaço Expositivo

1. DML 2. Banheiros 3. Hall 4. Espaço expositivo 1* 5. Banheiros 6. Camarim*

7. Hall 8. Espaço expositivo 2* 9. Hall 10. Administração 11. Banheiros 12. Copa

12 13

13. DML 14. Terraço *Layouts sugeridos em linha pontilhada

1 2 3 5 9 10 12 13 14 15 4 11 17 16 6 7 8 18

1° Andar - Biblioteca

1. DML 2. Banheiros 3. HALL 4. Espaço de Coworking 5. Armários 6. Sala 1

7. Sala 2 8. Sala 3 9. Banheiros 10. Recepção 11. Biblioteca 12. Armários

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13. Hall 14. Banheiros 15. Copa 16. DML 17. Sala de estudos 18. Administração

TERMINAL A

B

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B 16

A

PARQUE METROPOLITANO

Térreo

1. DML 2. Banheiro 3. Hall 4. Sala de Projeção 5. Cinema 6. Café

7. Banheiros 8. Hall 9. Oficinas 10. Hall 11. Banheiros 12. Almoxarifado

13. Restaurante 14. Cozinha 15. Carga e descarga 16. Acesso garagem

Corte BB

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O projeto dialoga e incorpora os elementos existentes, como o Parque Metropolitano e o Terminal Cidade, além de colocar em evidência o Museu do Saneamento e o Forte Santa Bárbara.

Imagens abaixo, perspectiva a partir da passarela do 1° andar, ligação entre os blocos da biblioteca. Destaque para as atividades sob a cobertura do terminal. As camadas de história se sobrepõe, o contemporâneo sob a forma do Centro Cultural, e o passado representado pelo Terminal Cidade e pelas fachadas da Rua Antônio Nico da Luz, onde está localizado o caminho arborizado e onde se tinha a antiga linha do mar. Relação entre o Terminal, com eventual feira de rua, e o edifício proposto. Ao fundo o Forte Santa Bárbara e o maciço do Morro da Cruz reforçam a perspectiva privilegiada dos patrimônios construídos e paisagísticos da ilha.


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Os aterros Em Florianópolis os aterros foram obras de grande impacto urbano e ambiental. Objetivando resolver questões sanitárias e viárias atuaram como alicerces de planos diretores que previam grandes projetos paras as baías. Com o passar do tempo, interesses diversos se sobrepuseram às políticas de desenvolvimento e não se tem mais que alguns traços dos espaços de lazer antes propostos. Especificamente na região do Terminal percebe-se um conflito, pois a relação de um terminal urbano entre a malha construída histórica e o parque metropolitano parcialmente executado é conflituosa. Isso se dá devido à barreira que é criada pela circulação em massa de ônibus, obstáculo físico, visual e sonoro que reforça a distância até o mar. Hoje o grande aterro é um local subutilizado e a ausência de um plano global para a área permite que diversos projetos sem conectividade sejam implantados não levando em conta sua importante posição dentro da cidade.

Corte de entorno longitudinal

Corte de entorno transversal



Detalhes Construtivos e de Fachada

1. Unidades externas de arcondicionado central, 34HP. 2. Telha de fibrocimento CRFS - cimento reforçado com fios sintéticos - apoiada em terças de alumínio, inclinação de 8,7%. 3. Shed de ventilação do telhado. 4. Painel fotovoltáico policristalino 250W. 5. Forro metálico do tipo cell frame fixado na laje. Suporte das luminárias fixado nas faces do forro. 6. Parede de bloco cerâmico

9X14X19 com pintura PVA. 7. Paineis externos do tipo screen panel em alumínio perfurado. Fixação em estrutura de alumínio fixa à parede da edificação. 8. Chapa interna de madeira compensada, estrutura em quadros de alumínio com trilho. 9. Perfil metálico I abas iguais fixado na laje. 10. Laje em concreto armado 15cm, inclinação de 5% . 11. Esquadria em alumínio com lâmina de vidro 2mm.

12. Elevador elétrico do tipo monta-carga. Estrutura portante em aço e vidro sem casa de máquinas. 13. Piso de cimento queimado sobre laje. 14. Laje nervurada 40cm. 15. Parede ventilada com placas cimentícias fixadas em perfis metálicos. 16. Superfície em concreo armado 10cm. 17. Shed de ventilação da garagem.




Perspectivas do 2° andar, espaço expositivo, com layouts alternativos para espetáculos diversos, nas imagens, à esquerda, exposição de arte; à direita, apresentação de dança. A versatilidade do espaço se dá pela planta livre com paineis retráteis intalados na porção central da espaço. Tanto o mobiliário quando as divisórias podem ser facilmente transportados pelos elevadores monta-carga. As possibilidades de atividades são amplificadas pela facilidade de modificação espacial, haja vista as dimensões do ambiente e os diversos pontos de shatfs dispostos na planta. Pisos e forros em cores neutras possibilitam grande variedade de composições internas.


Acima, perspectiva interna a partir do hall do cinema que, assim como nos outros blocos, conta com elevador do tipo monta-carga, permitindo o deslocamento de materiais que possam servir de apoio, como por exemplo, a atividades e reuniões pós-sessão. Aos fundos, o café atua como foyer de recepção e possui abertura para o Parque Metropolitano. À direita, perspectiva interna das oficinas parcialmente abertas e do hall. As salas contam com mobiliários de tamanhos variados, tanques e bancadas reforçadas de concreto, o que possibilita a realização de diversas atividades, desde aulas de desenho até aulas práticas de conserto de bicicletas.




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Memorial descritivo O edifício está localizado na Avenida Paulo Fontes, no bairro Centro, onde hoje é o estacionamento de ônibus do Terminal Cidade de Florianópolis. Como forma de conseguir uma arquitetura que fosse coerente volumetricamente com o entorno histórico imediato - sobrados em quadras bem definidas - além de coesa com as propostas de eixos de pedestres, a organização se dá através de três volumes retangulares que se abrem para ambas as interfaces urbanas adjacentes, o Terminal Cidade e a Avenida Paulo Fontes. Esses blocos têm conteúdos programáticos distintos e são ligados longitudinalmente por caminhos a nível do térreo e passarelas no primeiro andar. O segundo andar é o quarto grande volume que transpassa todo o comprimento. Possuem uma linguagem de fácil apreensão por se tratarem de formas retangulares simples, com toda a supraestrutura implantada de forma linear, onde se encontram escadas, elevadores, banheiros, depósitos e os shafts. O térreo contém os acessos principais tanto pelo terminal como pelo Parque Metropolitano. Abriga o cinema, com capacidade de 140 lugares com café anexo; as oficinas equipadas com painéis corrediços, sendo possível a disposição em diferentes layouts de salas; e a cozinha e restaurante com opção de varanda externa virada para o Parque. O primeiro andar abriga um grande espaço para a biblioteca, sala de estudos e o espaço dedicado à servir de incentivo ao coworking, que conta com mesas de reunião e salas anexas para usos diversos. O segundo andar, relativo ao espaço expositivo conta com uma planta livre de 1600m² divisíveis em dois espaços distintos através de painéis em madeira com sistema de roldanas metálicas. Esse pavimento ainda conta com a administração e copa.

A aparente linearidade do volume total é proveniente da escolha do terreno, paralelo ao terminal, tornando-se menos impactante pela implantação clara de três blocos ligados unicamente por uma passarela. O deslocamento longitudinal é o que liga as diferentes atividades nos volumes. As generosas aberturas para ambos os lados permitem que o usuário tenha ampla visão da cidade. A malha na qual o edifício está é de 8X10m, sendo a mesma do terminal no eixo longitudinal , motivo pelo qual se mantêm perspectivas importantes dos eixos visuais. Além disso, essa malha é coerente com o sistema construtivo viga-pilar com laje do tipo nervurada, que permite vãos como esse. Ainda, conta com pavimento de garagem (103 vagas) onde está a infraestrutura, como os reservatórios infriores e depósitos. Nesse ambiente serão necessárias paredes diafragma de concreto armado aptas a absorver cargas axiais, empuxos horizontais e momentos fletores, além de bombeamento de água ativo por se tratar de área propensa a alagamentos e baixa drenagem. Outro ponto importante da estrutura são as juntas de dilatação. Por ser um edifício longilíneo foi preciso desenvolver um sistema de dilatação independente para cada bloco, ou seja, a estrutura funciona como se fossem 3 edifícios ligados por uma laje alveolar que funciona como elemento de dilatação que estabiliza o todo.

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Placas de laje alveolar protendida Apoio na laje nervurada

2 º ANDAR +8.40 Passarela 1 º ANDAR +4.00

TÉRREO +0.40 GARAGEM -3.00

Esquema isométrico translúcido Nesse esquema é possível ter uma noção do funcionamento e distribuição dos seguintes sistemas que percorrem os shafts. 1. Águas pluviais 2. Rede de distribuição paineis solares 3. Distribuição ar-condicionado 4. Caixas d`água Águas pluviais Paineis solares Ar-condicionado 34 HP Reservatórios superiores 20.000 litros

Entrada e saída de energia sistema público Reservatórios inferiores 30.000 litros


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Vegetação Para a proposta são indicadas árvores de fuste alto e plantas arbustivas e gramíneas com pequena altura. Isso para permitir uma clareza visual uma vez que a praça tem grandes dimensões. Além disso, é interessante a inserção de vegetação adaptada a solos úmidos. Algumas das espécies sugeridas:

1

1. Pau-ferro (Caesalpinia leiostachya) - fuste alto, copa frondosa 2. Sibipiruna (Caesalpinia peltophoroides) - fuste alto, copa frondosa 3, Araçá-pitanga - indicada para arborização urbana.

2

Segundo LORENZI (1949), plantas para locais úmidos ou com lençol freático mais ou menos superficial. 4. Canela Rosa (Persea venosa Nees) 5. Ponçada (Senna silvestris)

3

4

Fotos 1, 3, 4 e 5 retiradas de LORENZI (1949) e 2 de http://www.mudasnativas.com/ acesso em 05 fev 2017

Mobiliário urbano e acabamentos Piso: Placa permeável drenante - concreto poroso. Paginação em retângulos de diferentes tamanhos. Mobiliário fixo: Bancos em concreto pré-moldado branco em diferentes tamanhos. Mobiliário Móvel: Mesas e cadeiras em madeira e aço. Iluminação: 1. Postes 3m aço galvanizado di tipo coluna (praça) 2. Postes 8m aço galvanizado ( interface com ruas) 3. Luminárias de piso: 3.1 Sancas de piso Centro Cultural 3.2 Iluminação postes terminal 3.3 Iluminação fonte Forte Santa Bárbara 4. Iluminação cênica pilares do Terminal 5. Luminárias externas Centro Cultural

5


1 : 1000

Implantação 1-1000

1

Implantação 1/1000

120.00

0

20

Centro Cultural Santa Catarina: Novo uso para a área do Terminal Cidade de Florianópolis

20.00

15,00

24,00

25,00

8,30

TCC 2016.2

9.40

82


E

D

C

B

T3 A

T2

12.00

12.00

10.00 6,00

10.00

10.00

F G H I

J K L M N O P Q R S T U V

8.00 8.00 8.00 8.00 8.00 8.00 8.00 8.00 8.00 8.00 8.00 8.00 8.00 8.00 8.00 8.00

Planta do térreo com a praça 1/1000

9.40

T1

0

20

Centro Cultural Santa Catarina: Novo uso para a área do Terminal Cidade de Florianópolis TCC 2016.2 83


Centro Cultural Santa Catarina: Novo uso para a รกrea do Terminal Cidade de Florianรณpolis

Fachada Noroeste

TCC 2016.2

Fachada Sudoeste

84


10,00

10,00

10,00

26,85

33,15

128,00

33,15

0

10



20

TCC 2016.2

GARAGEM

Planta da garagem nível -3,00 - 1/500

8,00

Planta do térreo nível +0.40 - 1/500

8,00

Centro Cultural Santa Catarina: Novo uso para a área do Terminal Cidade de Florianópolis 85

30,00

25,5

10,00


Fachada Sudeste

Fachada Nordeste

Planta do pav. da caixa d’água nível +12.20 - 1/500

126,00

Centro Cultural Santa Catarina: Novo uso para a área do Terminal Cidade de Florianópolis

22,50

TCC 2016.2

7,8

86


TCC 2016.2

16.00

0

10

20

Centro Cultural Santa Catarina: Novo uso para a área do Terminal Cidade de Florianópolis

8.00

Planta do 1 ° Andar nível +4,00 - 1/500

3.40 10.00

Planta do 2 ° Andar nível +8,40 - 1/500

87



Bibliografia 1. CABRAL, Maria Cristina Nascentes. O Racionalismo Arquitetônico de Lina Bo Bardi. 1996. 96 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de História, Departamento de História, Pontífica Universidade Católica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1996. 2. LORENZI, Harry. Árvores Brasileiras: Manual de Identificação e cultivo de plantas árboreas nativas do Brasil. 3 ed. Nova Odessa, SP. Instituto Plantarum, 2009 3. SOUZA, Jéssica Pinto de. O plano diretor de 1952-1955 e as repercussões na estruturação urbana de Florianópolis [dissertação] / Jéssica Pinto de Souza ; orientadora, Maria Inês Sugai. – Florianópolis, SC, 2010. 4. SUGAI, Maria Inês. Segregação Silenciosa: Investimentos públicos e dinâmica socioespacial na área conurbada de Florianópolis (1970-2000). Florianópolis: Editora da Ufsc, 2015. 255 p. (pag. 98) 5. VAINER, André; FERRAZ, Marcelo Carvalho; SUZUKI, Marcelo (Org.). Lina Bo Bardi. São Paulo: Instituto Lina Bo e P.m. Bardi, 1996. 336 p. (Arquitetos Brasileiros). 6. VEIGA, Eliane Veras da. Florianópolis: Memória Urbana. 3. ed. Florianópolis: Fundação Cultural Franklin Cascaes, 2010. 464 p. Catálogos 1. JOHNSON CONTROLS - HITACHI AIR CONDITIONING. Catálogo Comercial VRF Set Free STF2000. Disponível em: <http://www.hitachiapb.com.br/ produto/set-free-eco-flex>. Acesso em: 01 dez. 2016. 2. BRASILIT (São Paulo). Catálogo Telhas de Fibrocimento. Disponível em: <http://www.brasilit.com.br/produtos/telha-de-fibrocimento-ondulada>. Acesso em: 01 dez. 2016. 3. HIDRAL (São Paulo). Catálogo Elevadores Elétricos. Disponível em: <http:// www.hidral.com/en/products/29/goods-and-passenger-lifts>. Acesso em: 01 dez. 2016.




Universidade Federal de santa catarina Arquitetura & Urbanismo Leodi covatti

Este trabalho final de graduação apresenta um anteprojeto nomeado Centro Cultural Santa Catarina: Novo uso para a área do Terminal Cidade de Florianópolis. Trata-se de um estudo para implantação de um equipamento de cultura na cidade de Florianópolis. Abrange a área onde está implantado o terminal urbano bem como o entorno imediato. Através de um novo desenho e uso, são feitas conexões com o patrimônio e demais espacialidades relevantes. Foco na democratização do lazer e cultura através de uma arquitetura convidativa que ofereça mais qualidade de vida para a população.


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