Ze n As s u n t o # 0 1
Criação e Edição: Leonardo Triandopolis Vieira Colaboradores desta edição: Walter S. Barbosa; Pedro Ian Brambilla e Leonardo Triandopolis Vieira. Diagramação e Revisão: Leonardo Triandopolis Vieira Contato: liberimago@gmail.com
Em seu monitor a primeira edição da revista eletrônica ZENASSUNTO! E-zine sobre filosofia, cultura e reflexão. Antes um vlog mantido por mim (Leonardo) resolvi transformar a ideia neste veículo eletrônico, no intuito de ampliar o número de cabeças pensantes! Nesta primeira edição conto com a participação de um estudante de yoga e um membro da Sociedade Teosófica. Espero que novas edições e novas colaborações possam vir! Este é um espaço aberto para qualquer um que queira compartilhar e comungar a senda da sabedoria! Boa Leitura e Namastê!
Em busca de segurança física e psicológica, ansiamos por controle externo. Ou seja, controle sobre o outro. Esse é o alimento da “guerra de egos” existente em toda parte. Identificados com o “jogo de mercado” – reflexo da nossa natureza egocêntrica – nos tornamos servos dele, fazendo da habilidade de acumular bens o sentido da vida. Daí ser
outros homens, os animais, a natureza. Justificando a máxima “Tudo está certo como está”, a balança cósmica nivela os pratos outra vez a despeito de nossa vontade, mantendo a harmonia desde as vidas pequeninas na sociedade das abelhas e das formigas, até a marcha colossal dos sóis e dos planetas. Insensíveis a isso, de cabeça baixa em nosso pequeno mundo, quantas
uma só Vida, uma só Consciência: a do Criador, origem de todas as “centelhas” ou espíritos individuais, nós mesmos. À semelhança dos raios do sol, que jamais separam-se dele, estamos ligados à consciência divina, o que nos torna irmãos em todos reinos. Por isso os Mestres de Sabedoria são nossos Irmãos mais Velhos, enquanto os animais são nossos
visto como saudável o estímulo à competitividade, ao sucesso externo, escapando-nos ao mesmo tempo a razão da miséria no mundo. De onde vem o terrorismo, a corrupção e todo esse desequilíbrio que salta aos olhos? É o próprio ego tentando entender. Conseguirá? A Lei do Carma, ou Lei de Causa e Efeito, é continuamente acionada para restaurar o equilíbrio desfeito pela ação humana, atingindo
v e z e s somos levados a fazer coisas que, para nossa surpresa, resultam algo bem distinto do planejado, indo até na direção contrária? Isso porque tal direção é determinada não exatamente por nossos planos. Quando eles dão certo é porque estavam de acordo com a lei natural, seguindo o fluxo do rio, como ocorre na vida das pessoas harmoniosas, receptivas. No Universo há
irmãos mais novos. Essa é a autêntica Fraternidade Universal. Tr e m e n d o engano vem a ser então a idéia de separatividade que nos põe em guerra mútua, sob a natureza mental do ego. A matéria mental, muito fina, penetra tudo. É o oceano onde os pensamentos atraem-se instantaneamente, por semelhança vibratória. Num acidente de avião, por exemplo, pessoas estranhas entre si
– mas relacionadas com algo infeliz no passado – juntam-se para resgate coletivo. Quem providenciou esse reencontro? Escolhemos relacionamentos de acordo com certa preferência. É o que pensamos. Contudo, tais parcerias acabam trazendo lições imprevistas que, sendo rejeitadas, reaparecem adiante em nosso caminho. O externo só muda a partir do interno. O Carma nos dá liberdade para agir, mas não para evitar o fruto da ação. Entretanto, esse fruto pode ser abortado quando, percebendo o erro, de imediato atuamos sobre a causa, eliminando-a. Ou quando, agindo de forma desinteressada na linha do “karma yoga”, encerramos causa e efeito na própria ação original. Nada sobra para o futuro. Assim, é infrutífero qualquer controle artificial ou esforço para “escapar à lei”. Mesmo o controle interno – sobre emoções e pensamentos – deve ceder lugar à auto-
observação, à suave luz da consciência, tornando o reto pensar nossa única alternativa. De acordo com essas idéias, as “quatro leis da espiritualidade” ensinadas na Índia, dizem: 1) “A pessoa que vem é a pessoa certa”. Nossos atos, desejos ou pensamentos atraíram essa pessoa para algum projeto, ou lição que devemos aprender juntos. 2) “O que aconteceu é a única coisa que podia ter acontecido”, significando o efeito criado por nosso limite de consciência. Não há recompensa nem castigo. 3) “Toda vez que você iniciar é o momento certo”, conjugando pessoas, lugares e circunstâncias na sincronicidade, para a ação já formada e decidida no plano mental. Não existem milagres. Nada surge do acaso.Assim, também, 4) “Quando algo termina, termina!” Muito sofrimento evitaríamos estando perceptivos disso. Tal condição, entretanto, é muito rara, pois tem a conotação de sabedoria.
Walter S. Barbosa, membro da SOCIEDADE TEOSÓFICA ATIVIDADES – Aulas de Yoga Clássico. Grupo de Crescimento: “Compreendendo nossos relacionamentos” com a psicóloga Dilma Caetano, às quintas-feiras, 19h00. Sábados: 16h00 - Curso “Teosofia e Meditação”; 17h00 - Palestras públicas, à Rua Pernambuco, 824. Informações: (67) 9988-1010.
Nas turbulências da existência humana quem nunca parou um dia, por um segundo que seja, e se olhou no espelho perguntando: Quem é esse que se apresenta diante de mim? Uma das características que diferem o humano dos outros animais é sua capacidade de se desidentificar com aquilo que ele mesmo tem como o “eu”. Não só o humano tem esta
cap acidade de não se reconhecer, ou não aceitar seu próprio corpo, como também tem a capacidade de não se identificar ou aceitar seus próprios conteúdos mentais.
Te n t o u - s e explicar este fato nas varias linhas de psicologia e até mesmo no campo da r e l i g i ã o, p o r é m ainda não existe um consenso. Visto que, ao se tratar da subjetividade humana, nunca obtemos respostas definitivas. Se tratando da subjetividade humana a cultura indiana possui vários sistemas filosóficos cuja preocupação é
única e exclusivamente a condição humana. Neste texto irei tratar da visão do yoga em relação a esta situação humana peculiar, que é a questão da identidade. O yoga é um meio e um fim para entrarmos em contato profundo com nossos conteúdos internos – integrando os movimentos psíquicos, físicos e energéticos. A partir de um meio de vida adequado o praticante, através da cultura proporcionada pela tradição do yoga, tem a possibilidade de conhecer a
essência humana segundo seus ensinamentos. O termo yoga vem do sânscrito e quer dizer jungir ou união. A união preconizada pelo próprio nome deixa claro que o humano está em um estado de separação. Está não realizado e através da observação da impermanencia dos fenômenos (interiores e exteriores) aponta para uma essência que deve ser reconhecida como a real identidade individual que é o atman. Apesar de todos esses movimentos internos, existe
algo que testemunha tudo e permanece sempre o mesmo. Este é o obser vador silencioso ou sakshi, através da distancia entre ele e o observado, começamos a sentir pela sensação do espaço vazio entre sujeito e objeto, a presença profunda e quase que escondida da única coisa imutável, que pode realmente ser considerada nossa identidade – por ser permanente. O yogin busca a cessação deste sentimento de alienação que se expressa em cada um das mais variadas formas. Para o yogin é possível voltar (já que é ensinado como se
este fosse nosso estado natural) para o estado de plenitude, de liberdade das ignorâncias que nos causam sofrimento. O yogin se realiza em meio à conscientização deste observador silencioso. Que permeia cada parte de seu ser. Esta consciência pode não iluminar alguém,
como a grande maioria desinformada e confusa gostaria, por s e r u m a pratica tão sutil, na maioria das vezes é ignorada, mas para aquele que conheceu através do espelho do ego aquele eu interior que olha e presencia os próprios movimentos internos, para este se revela o estado de yoga realista, sem ficção e exageros projetados pelos desejos do ego, no fim o presente do yoga é nada mais que a reabilitação da habilidade mais simples e sutil do humano: A relação
saudável e consciente com nossa essência verdadeira, Sakshi.
Dizem que a alma não tem idade, é plena. É o agora, nunca o antes ou o depois. Por isso a criança é plena, o jovem é pleno, o adulto é pleno e o idoso é pleno! Quem assim a vida vê, sabe que não existem amigos nem inimigos, apenas mestres. Todos nós somos grandes instrutores, e com todos aprendemos.
Contemplação A contemplação é o equilíbrio entre a compulsão e a repulsão. Imaginemos que toda a vida é um imenso jardim com flores em constante desabrochar, cada pétala aberta libera uma fragrância que pode provocar três reações em nós: Repulsão, Compulsão e Contemplação. Quando
Sendo assim compartilho com
repudiamos, negamos a oportunidade
vocês, mestres meus, uma fórmula que
de desfrutar do desabrochar flóreo,
está me ajudando muito a descobrir
tornamo-nos ignorantes quanto à
sobre mim mesmo e a pacificar minhas
magia e beleza do jardim e suas flores.
atitudes!Afórmula é a seguinte:
Quando agimos compulsivamente
c+c+c+c=A
acabamos por querer a flor e seus
O primeiro c significa contemplação; o segundo, compreensão; o terceiro, carinho e o quarto, compaixão. Estes quatro aspectos quando trabalhados interiormente, de forma a somarem-se no âmago de cada ser, resultam no A absoluto, que é pura e simplesmente Amor . Mas para entendermos melhor este amor com “a” maiúsculo é preciso discorrer um pouquinho mais sobre o que cada c representa.
atributos apenas para nós mesmos e, com isso, acabamos por arrancar a flor da terra que a nutre e a privamos de oxigênio e nutrientes, matando-a rapidamente e ficando sós e com uma experiência curta e frustrante. Mas quando contemplamos somos capazes de perceber toda a relação da flor com a terra, o ar, o céu, nós mesmos e o mundo que compartilhamos! Passamos a tratá-la com respeito e liberdade, regando-a quando há seca, adubando quando a terra carece de
nutrientes e, assim, vemos que a beleza
compreendemos, tomamos conta de
está em todo o jardim e da mesma
que o carinho está em todo lugar. A
forma que a flor dá sentido ao jardim, o
terra acaricia nossos pés, o vento
jardim também dá sentido a flor. A
massageia nossa pele e cabelos, o
harmonia é estabelecida e damos o
sorriso acalenta nosso espírito e assim
primeiro passo para a compreensão.
infinitamente! Então olhamos para
Compreensão
nossas mãos e nos damos conta de que
Nós somos o ambiente em que os outros vivem. Compreender é não julgar, é ver sem ver. Os olhos são plenos e não dicotomizados (Isso é bom ou isso é ruim...). A compreensão surge da constante contemplação, quando permitimos que as coisas sejam o que elas realmente são, sem dar atributos e qualidades a tudo, podemos compreendê-las! É não julgar, é não acreditar e nem acreditar. Mas apenas ouvir, ouvir e ouvir. Enquanto apenas ouvimos, os zumbidos e barulhos ilusórios se enfraquecem diante do constante mantra da sabedoria e, assim, podemos escutar a verdade única de cada um!
elas foram feitas para curar. O nosso primeiro lar foi um corpo humano, que nos concebeu, acolheu e forneceu todas as condições para que pudéssemos desfrutar do milagre da vida, e mesmo antes de nosso primeiro inspirar fomos ajudados por mãos carinhosas a concretizar este milagre! Que ser vivo, seja homem ou animal não gosta de um toque carinhoso que nos proporciona uma sensação de bem-estar! O carinho não é apenas físico e tátil, ele pode se manifestar de todas as maneiras possíveis, basta contemplarmos e compreendermos! Compaixão Ser carinhoso, caridoso nos
Compreensão!
conduz à compaixão. Ser compassivo
Carinho
não é ter pena ou dó do outro, mas sim
Quando contemplamos e
ser plenamente contemplativo, plenamente compreensivo e plenamente
carinhoso! A plenitude nas atitudes e
Não reclamo nada do que foi
nos pensamentos é a mais pura compa-
dito aqui como saber absoluto, mate-
ixão. Se um coração compassivo é
mática exata ou puro conteúdo egóico
ferido, ele não se rompe, ele queima. E
de minha pessoa. Mas sim agradeço à
a chama que dele emana torna-se uma
vida que permite o saber que aflora a
tocha em seu caminho! E o caminho é
todo o momento de todos os cantos e de
iluminado pela tocha que ao invés de se
todas as formas!
autoconsumir se transforma em um fogo intenso que consome o portador e o transforma não em uma luz, mas sim em uma sombra consciente e plena de: AMOR Uma forma que muito me fortalece na senda dos quatro C's é a seguinte técnica meditativa do Ho'oponopono: Sinto Muito. Me perdoe. Te amo. Sou Grato. Procure sempre pensar nestas quatro orações, não procure por um sentido lógico ou um insight mágico, muito pelo contrário, apenas diga para si mesmo (a) as palavras e as ouça, apenas ouça e, quando menos perceber, sentirá passar pela contemplação, compreensão, carinho e compaixão! Última observação
Namastê! Leonardo Triandopolis Vieira liberimago@gmail.com
Escute esta mĂşsica clicando no link abaixo: http://www.youtube.com/watch?v=xPVWUED08wA
Leonardo Triandopolis Vieira liberimago@gmail.com
Este artigo é uma tentativa de explicar de maneira ilustrativa e objetiva conceitos universais presentes na maioria dos mitos, religiões e filosofias da humanidade. A Origem não originada – O Infinito.
Há um consenso em todas as doutrinas esotéricas e exotéricas de que existe uma realidade única, com “r” maiúsculo, e essa Realidade é representada pelo conceito do infinito. Que não possui um início e nem um fim. Algo que em sua infinitude é impossível de ser completamente realizado por nossa finitude. A Fonte de Tudo, a Fonte de Si Mesma. E para a mente humana – finita – qual seria um símbolo adequado
para representar tal essência infinita? Um círculo. Um círculo perfeito representa o infinito, a Realidade Última. No círculo não existe um início e nem um fim, não há ponta lateral, superior ou inferior. Existe apenas o Todo. Podemos encontrar este símbolo em todas as culturas existentes, seja na representação do Tao asiático até na serpente engolindo o próprio rabo, vista em culturas ocidentais e povos nativos das Américas. A Consciência Plena – Deus/Demiurgo/Divindade.
Do Infinito nada se pode tirar e nem delimitar. Logo o Infinito existe e não existe ao mesmo temo. É consciente e inconsciente de Si mesmo. É o Todo e é
o Nada. Para representar a consciência do infinito (pois o Infinito em sua infinitude pode tomar consciência de Si Mesmo), utiliza-se um ponto bem no centro do círculo. A este ponto pode ser designado o papel de Deus, Demiurgo, YAHVEH entre outras variações de acordo com a cultura de determinada região. Mas em seu estado bruto. Não há criação, ainda, apenas um latente Criador. A Inconsciência – O Início da Criação.
Para a Consciência tomar consciência de si, primeiro é preciso que se torne inconsciente de Si Mesma. Então a Consciência se dualiza. Luz e Trevas. Consciência e Inconsciência. Isto está bastante evidente na passagem judaico-cristã onde Deus separa a Luz da Escuridão. Simbolicamente isto é representado através de um risco no meio do círculo perfeito. Tudo o que é divino, angélico, espiritual, sutil e imaterial é representado por um risco vertical. A Dualidade.
Um Mergulho mais profundo – A realidade física/Big Bang.
No anseio de buscar mais profundidade na obtenção da Consciência Plena, a Divindade começa vibrar em uma frequência maior e mais densa. O sutil se condensa e explode em Criação. O Universo Físico é criado. Ou melhor. Ainda está se Criando. Pode-se atribuir a alegoria hindu de Maya (o universo físico – Ilusão). O firmamento criado por Demiurgo. Agora temos uma cruz dentro do círculo, dividindo quatro espaços. Fogo, Água, Ar e Terra. Os elementos responsáveis por formar a matéria. O círculo pode ser considerado como o quinto elemento (Éter, Akasha, Vácuo, Prana, Chi, Vril...), o elemento responsável por animar os demais. Além da cruz dentro do círculo, outro símbolo bastante utilizado para representar este estágio é a estrela de cinco pontas. O Infinito move o Finito.
sobre nós mesmos, não é? O mais importante de tudo isso é perceber que somos parte do Todo e que a identificação com a linha horizontal, ou a vertical, ou algum aspecto dentro do círculo é Ilusão. Afinal o oceano é formado por gotas de água, mas não podemos afirmar que uma gota de água é o oceano, não? Namastê!
Agregando todos os “estágios” e símbolos anteriores temos o que conhecemos por suástica. E não. Isso não é um símbolo nazista. Apesar de Hitler ter utilizado este símbolo em sua campanha nazista, a suástica é muito mais antiga e se encontra em diversas culturas antigas. Como no Hinduísmo, Jainismo, Budismo, Zoroastrismo... Está no emblema da Seicho-No-Ie, na antiga Cruz do Sol escandinava, na bandeira de Kuna Yala (Panamá), em tapeçarias dos índios Navajos (América do Norte) e em diversas outras culturas. Aqui temos a ideia de que tudo é movido pelo Infinito. O Infinito é a Realidade Última responsável por todas as demais realidades. Esta interação é muito bem ilustrada no símbolo do Yin Yang e na roda do Dharma. Acredito que agora ficou mais fácil de entender alguns símbolos que vemos em diversos lugares e entendermos um pouco mais
Leonardo Triandopolis Vieira liberimago@gmail.com