Akadémicos Suplemento do JORNAL DE LEIRIA, da edição 1337, de 25 de Fevereiro de 2010 e não pode ser vendido separadamente.
Chakall Chefe de Cozinha
“A comida que faço tem a ver com a minha história” 06 e 07
Mobilidade de longa duração
FOTO: LUÍS ALMEIDA
Longe de casa
04 e 05
Vai lá, vai...
Abertura Director: José Ribeiro Vieira jose.vieira@movicortes.pt Director Adjunto: João Nazário direccao@jornaldeleiria.pt Coordenadora de Redacção Alexandra Barata alexandra.barata@jornaldeleiria.pt Coordenadora Pedagógica Catarina Menezes cmenezes@esecs.ipleiria.pt Apoio à Edição Alexandre Soares asoares@esecs.ipleiria.pt Secretariado de Redacção André Mendonça, Sara Vieira Redacção e colaboradores Anne Abreu, Ana Arsénio, André Mendonça, Ângela da Mata, Carla Silva; David Sineiro, Dora Matos, Élio Salsinha, Filipa Araújo, Joana Roque, Luís Almeida, Mariana Rodrigues, Sara Vieira, Tiago Figueiredo Departamento Gráfico Jorlis - Edições e Publicações, Lda Isilda Trindade isilda.trindade@jornaldeleiria.pt Maquetização Rui Lobo – Centro de Recursos Multimédia ESECS–IPL rui.lobo@esecs.ipleiria.pt
Presidente do Instituto Politécnico de Leiria Nuno Mangas
Ao abrigo de um protocolo com o Instituto Politécnico de Macau, chegam cerca de 20 alunos chineses por ano à Escola Superior de Educação e Ciências Sociais, para realizarem dois dos quatro anos da Licenciatura em Tradução e Interpretação Português/Chinês, Chinês/Português. Não conseguimos apurar quantos alunos chegam ao Instituto, vindos ao abrigo de protocolos com Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa, mas o número será, seguramente, maior. Ao contrário do que acontece com os estudantes chineses, que se concentram num só espaço académico, os alunos vindos de Cabo-Verde, São Tomé, Moçambique… distribuem-se por várias escolas, vários cursos, várias turmas. A língua pode até ser um obstáculo maior para muitos dos estudantes chineses, mas os desafios de integração são comuns. Dizia, um dia, um aluno de Cabo-Verde, que o fio do horizonte, o nascer e o pôr-do-sol lhe faltavam em Portugal. A paisagem, o clima, a alimentação, o sistema de ensino, a moeda, os códigos
sociais, o ritmo dos dias… As diferenças geográficas, sociais e culturais são grandes. Para além do percurso curricular, estes estudantes têm ainda de gerir a adaptação e, mais dificilmente, a ‘saudade’. O sucesso do percurso dependerá de cada um, mas também do apoio que derem funcionários, docentes e, sobretudo, colegas. Como em tantas outras coisas, as pessoas podem fazer a diferença. Para o futuro, muitos anseiam pelo regresso, por uma oportunidade de trabalho no país de origem. Cá ou lá, que os seus (mas também nossos) percursos, assentes nesta experiência multicultural, sejam marcados pelo enriquecimento humano que o contacto com o ‘outro’ sempre proporciona.
Catarina Menezes Docente ESECS / IPL
presidencia@ipleiria.pt
Director da ESECS Luís Filipe Barbeiro barbeiro@esecs.ipleiria.pt
Uma agenda do mês
DORA MATOS
Directora do Curso de Comunicação Social e Educação Multimédia Alda Mourão amourao@esecs.ipleiria.pt
Os textos e opiniões publicados não vinculam quaisquer orgãos do IPL e/ou da ESECS e são da responsabilidade exclusiva da equipa do Akadémicos.
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TEATRO 27 de Fevereiro, 21:30
MÚSICA 4 de Março, 21:30
Teatro José Lúcio da Silva, Leiria
Cinema São Jorge, Lisboa
O Ano do Pensamento Mágico É no teatro José Lúcio da Silva que, dia 17, terá lugar a peça de teatro de Joan Didion baseada nas suas memórias. Eunice Muñoz será a principal presença. Uma história que mostra a profundidade que só as grandes relações têm e reflecte sobre a doença e a morte, sobre a probabilidade e o acaso, sobre a saudade e o amor. Com encenação de Diogo Infante, o espectáculo tem a duração de 1:10, sem intervalo. O preço do bilhete é de 15 euros.
John Waite Já não vai ter de esperar muito mais... No próximo dia 4 de Março, John Waite, uma das melhores e mais carismáticas vozes do rock, actua pela primeira vez em Portugal para um concerto único no Cinema São Jorge em Lisboa. Situado na Avenida da Liberdade e com capacidade para 848 lugares sentados, o São Jorge é considerado um dos mais emblemáticos espaços de Lisboa. Um concerto com o apoio da, agora situada em Leiria, m80.
DANÇA 4 de Março, 21:30 Teatro José Lúcio da Silva, Leiria
A Bela Adormecida A Bela Adormecida, baseado no conto de Charles Perrault La Belle au bois Dormant bem ao estilo francês do século XVIII, é considerado um dos bailados que maior interesse desperta junto do público. Dançado por todas as companhias do mundo, esta obra de Tchaikovsky é uma das mais belas páginas do compositor russo. A música e a coreografia fizeram com que esta peça fosse considerada a obra emblemática da dança clássica. O espectáculo tem a duração de 2:20 e o preço dos bilhetes varia entre 25 e 30 euros.
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25 de Março, 21:30 Coliseu de Lisboa
Tangerine Dream O melhor do rock sinfónico dos anos 70 está de regresso a Portugal. Os alemães Tangerine Dream darão um espectáculo no Coliseu de Lisboa a 25 de Março. Donos de um estilo musical como new age, rock progressivo e tons electrónicos, os Tangerine Dream prometem aos fãs portugueses uma grande performance… Uma noite obrigatória.
Está a dar Aluno da ESAD premiado em Valência
DR
ÉLIO SALSINHA
Paulo Seco, estudante do terceiro ano do curso de Design de Cerâmica e Vidro, da Escola Superior de Artes e Design (ESAD), nas Caldas da Rainha, criou o Biowave e alcançou o segundo prémio no Concurso Indi, Revestimentos Cerâmicos, realizado pela Cevisama, Feira Internacional de Valência, em Espanha. O projecto tem como principal objectivo “a diminuição da energia utilizada na climatização dos edifícios”. Elaborado em grés, através da plantação de folha caduca nas unidades do BioWave, a folhagem fun-
ciona como filtro solar durante os meses mais quentes. Isto permite a incidência de raios solares durante todo o Inverno. “Este é um reconhecimento do meu trabalho”, afirma Paulo Seco que desenvolveu a ideia no âmbito da disciplina de Projecto do curso que frequenta e teve a ajuda de todos os alunos inscritos na unidade curricular. O estudante, que já tinha participado em anos anteriores, mas sem grande sucesso, acredita que a atribuição deste prémio no valor de 1800 euros, é “um óptimo pon-
to de partida para a carreira profissional”. Dentro dos 250 projectos concorrentes, o BioWave foi o único produto português a ser distinguido. O grande objectivo do evento é apoiar novas ideias da nova geração de designers. A inovação e a formação de iniciativas concretas foram pontos cruciais para as escolhas do júri do concurso, que procurou distinguir trabalhos que representassem uma simbiose entre a cerâmica e a natureza. O BioWave de Paulo Seco, foi um deles.
Workshops temáticos da China contemporânea
À descoberta da cultura chinesa ANDRÉ MENDONÇA
A Escola Superior de Educação e Ciências Sociais do Insituto Politécnico de Leiria vai promover, através da comissão científica da licenciatura de Tradução e Interpretação Português/Chinês e Chinês/Português, a iniciativa “Quinzenas Temáticas”, com o tema “Diálogos com a Cultura Chinesa”. Com o objectivo de promover junto do público em geral um maior contacto com o mundo chinês, procurando a ligação entre a China cultural e histórica e a contemporaniedade, irão ser realizados diversos workshops de Março a Junho de 2010 que terão lugar no pagode chinês da ESECS. A dinamização destes workshops estará a cargo de Winjuan Wu e Shuangqi Lang, docentes do Instituto Politéncico de Macau e da Universidade de Línguas e Culturas de Pequim, actualmente em funções na ESECS. Mas, segundo Susana Nunes, coordenadora do curso de Tradução e Interpretação Português/ Chinês e Chinês/Português, “os alunos terão, tal como os professores do curso, um papel central da dinamização desta actividade já que haverá, para cada acção, uma equipa responsável pela sua organização e dinamização.” Além
disso, refere, “serão desenvolvidas iniciativas paralelas, como exposições fotográficas, que implicarão a abertura permanente do espaço ao público e que serão da inteira responsabilidade dos alunos”. Atracção pela cultura Susana Nunes explica que a comissão científica verificou que “há, efectivamente, uma grande curiosidade pela cultura chinesa. Foi precisamente esta percepção que levou à dinamização desta iniciativa.” Os workshops foram, por isso, concebidos para ir ao encontro das temáticas culturais mais atractivas, como por exemplo a curiosidade pela língua. No entanto, a docente refere outras: “há quem prefi ra saber um pouco mais sobre questões culturais como a gastronomia, a música e a dança. Por outro lado, há também um certo fascínio por aquilo que muitos consideram ser uma arte, como o desenho dos caracteres chineses. Ou até o manuseamento dos pauzinhos que, na generalidade, também provoca alguma curiosidade”. O primeiro workshop, de caligrafia chinesa, será no dia 17 de Março. Cada acção terá a duração de 2 horas e trinta
minutos e tem como limite máximo 30 participantes. A inscrição, feita no Gabinete de Projectos da ESECS, tem um custo de 5 ou 10 euros, variável consoante o workshop. Rentabilizar o Pagode Esta actividade será o ponto de partida para a dinamização do curso e do Centro de Língua e Cultura Chinesa. Susana Nunes explica que haverá continuação. “Temos em mente a realização de um ciclo de cinema, assim como a dinamização de um site onde serão relatadas todas as actividades/experiências relacionadas com os alunos do curso. Esta será também uma forma de comunicarmos com Macau e de mostrarmos o que por cá fazemos”, explica. Esta licenciatura cumpre-se em 4 anos: os alunos realizam dois anos em Leiria e dois anos em Macau/Pequim. Quanto ao sucesso da actividade Susana Nunes está expectante. “O nosso objectivo é abrir o curso ao exterior e, tendo em conta o feedback que temos vindo a receber, espero que os alunos extra-licenciatura, assim como o público em geral, adiram à iniciativa”, conclui.
PROGRAMA 17 Março Caligrafia Chinesa 24 Março Música e Dança Chinesas 21 Abril Introdução à Língua Chinesa I 5 Maio Gastronomia Chinesa 19 Maio Introdução à Língua Chinesa II 2 Junho Técnicas Chinesas de Relaxamento
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Está a dar
Oriundos da China ou de Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa, são vários os estudantes que o IPL acolhe ao abrigo de protocolos de cooperação e programas de mobilidade de longa duração. Longe de casa, durante longos períodos de tempo, têm o curso, mas também uma integração para fazer
TEXTO: ANA ARSÉNIO FOTOS: LUÍS ALMEIDA
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Entre culturas
Todos os anos, as escolas do IPL recebem alunos vindos de Cabo-Verde, Guiné, Angola e Moçambique. Escolhem Portugal para completar a sua formação e chegam ao abrigo de protocolos de cooperação. Inserem-se nos mais variados cursos, com uma permanência que pode ir de um semestre a três ou quatro anos, dependendo do tipo de protocolo e do curso. As dificuldades de integração são diversificadas dependendo do país de onde vêm. Maria Antónia Barreto, uma das docentes com experiência no acompanhamento destes alunos na Escola Superior de Educação e Ciências Sociais, explica que “para os alunos de Cabo-Verde a situação será mais fácil, enquanto para os alunos da Guiné será mais difícil”, referindo que um factor de dificuldade é, sem dúvida, a língua: “Em ambos os países se fala Crioulo mas, de certa forma, a Guiné é um país mais isolado e as pessoas que vêm, têm menos contacto com a lingua portuguesa.” As diferenças culturais podem chegar a criar situações delicadas. Na experiência da docente Maria Antónia Barreto há um caso que pode retratar as dificuldades que podem surgir no quotidiano destes alunos: “Num determinado dia encontrei uma aluna na cantina com imensas dificuldades em usar talheres porque, provavelmente, veio de um ambiente cultural onde é prática utilizar a colher”. Elvis Alves de 21 anos, é um dos muitos alunos que vêm tirar a sua li-
cenciatura no IPL. Originário da Ilha do Fogo, em Cabo Verde, frequenta o 3º ano do curso de Comunicação Social e Educação Multimédia, da Escola Superior de Educação e Ciências Sociais. Antes de vir para Portugal, já conhecia portugueses que visitavam a sua localidade em Cabo Verde e os rumores de racismo eram uma realidade. Isso não demoveu o jovem aluno de vir, com 19 anos, para um país distante e com uma cultura muito diferente da sua. “São dois países de muita diferença mesmo”, refere. “Cabo-Verde é um país de desenvolvimento médio e Portugal de grande desenvolvimento, isso faz muita diferença, mesmo. O estilo de vida também. Lá tinha aulas de manhã e a tarde era para sair e estar com os amigos.” Apesar de sentir a constituição de pequenos grupos entre os alunos, sente-se bem recebido: “Há grupos aqui. Sempre foi um pouco mais difícil… Mas não constituiu um problema. Senti-me sempre integrado, sempre me trataram bem.” Para a docente Maria Antónia Barreto, os alunos portugueses “fazem um esforço” para integrar os colegas. Ainda assim, a docente afirma que não tem a certeza de que os alunos que vêm desses países, se sintam completamente enquadrados “porque as questões culturais têm um grande peso”. No que respeita ao ensino, também se sentem algumas diferenças. Conhecendo bem as realidades vividas nestes países, a docente afirma que, prin-
cipalmente na Guiné, as diferenças no ensino são muito acentuadas, “não só a nivel do domínio do Português, como também ao nível de competências científicas”, acrescentando que “as dificuldades de acesso a bibliografia são muito grandes e as dificuldades no acesso à internet também”. Embora as dificuldades de integração sejam muitas, a docente não poupa elogios aos alunos e diz que “são pessoas com bastante interesse e com muita vontade de saber quando chegam ao Politécnico.” Elvis não é excepção e também ele encontrou algumas dificuldades neste âmbito: “Achei muita diferença, principalmente no ensino. No liceu era completamente diferente. As minhas notas eram muito melhores.”
Do Oriente A primeira turma de alunos chineses chegou ao Politécnico no ano lectivo de 2007/2008. A partir dessa data, todos os anos chega uma nova turma de 20 alunos que vêm aprender a língua e a cultura portuguesas. A coordenadora do Curso de Tradução e Interpretação Português/Chinês, Chinês/Português, Susana Nunes, afirma que os alunos vêm muito expectantes: “Estão num país com uma cultura completamente distinta da sua, com uma língua que não dominam na perfeição e, além disso, estão muito longe de casa e dos seus familiares. Como são, genericamente, alunos muito novos, as primeiras semanas são sempre
As dificuldades de integração são diversificadas dependendo do país de onde vêm
de muita saudade e especial emotividade.” Para Hon Chon Tip, de 22 anos, esta é uma experiência repetida dado que é o segundo ano que está a estudar em Portugal. No penúltimo ano do curso, a jovem sente-se feliz por estar no nosso país e afirma não sentir assim tantas diferenças: “Tinha muita curiosidade sobre este país. Mas há muitos Portugueses em Macau. Há lá muitos restaurantes Portugueses, Igrejas… Por isso, para mim, não foi assim tão diferente como para os outros colegas da China. Macau é um pouco diferente do resto da China.” Embora concorde que o inicio tenha sido um pouco “estranho”, Hon Chon Tip, diz que a sua integração foi “muito positiva”. Adora viajar e o facto de estar longe de casa foi um problema apenas no seu primeiro ano. A integração dos alunos é um factor que preocupa os docentes e é a estes que cabe a tarefa de apoiar os estudantes que chegam deste país tão distante e cuja cultura é, em muitos aspectos, diferente da portuguesa. Susana Nunes, é uma das docentes a quem cabe a tarefa de apoiar estes jovens recémchegados: “Neste período, mais do que em qualquer outro, cabe-nos a nós, docentes do curso, estarmos especialmente atentos e apoiarmos os alunos em tudo o que necessitarem”. Neste sentido, afirma: “tem sido importante o diálogo e a relação próxima se tem vindo a implementar, pois sabemos que, mais do que professores, somos,
em primeira instância, as pessoas que lhes estão mais próximas e com quem poderão contar.” Mas a integração dos alunos não depende apenas dos professores, essa é, em grande parte, uma responsabilidade que cabe também aos restantes alunos do IPL que, aos poucos, estão a cumprir esta tarefa, tal como afirma a docente: “Há, inclusivamente, alunos chineses que frequentam opcionalmente unidades curriculares de cursos que não o seu. Além disso, progressivamente, os alunos chineses têm vindo a inserir-se em diversas actividades na comunidade escolar (e fora dela), estabelecendo relações de grande proximidade com colegas/amigos portugueses que entretanto conhecem por cá.” O sistema de ensino também é diferente. E, neste sentido, Hon Chon Tip tece grandes elogios, não só ao sistema, mas também aos professores portugueses: “A maneira de ensinar é muito diferente. Aqui há mais liberdade. Os professores respeitam as diferenças. Aqui há mais férias também (risos). O sistema de ensino é diferente.” Regresso a casa? No futuro, muitos destes alunos pretendem regressar aos seus países. Quer Hon Chon Tip, quer Elvis Alves, sentem que a familia tem um peso muito importante nas suas escolhas para o futuro. E, embora esteja a adorar a experiência, quando questionada
sobre um possivel futuro a trabalhar em Portgual, Hon Chon Tip responde um pouco reticente: ”Acho que pretendo voltar para Macau. A minha família está toda lá e tenho muita vontade de ir.” Elvis Alves vê esta experiência como algo muito positivo e importante para o seu futuro: “É muito enriquecedor. Conheces gente nova e é muito interessante. Saíres da tua terra para um sitio onde não conheces nada nem ninguém, vai fazer-te crescer. Cheguei aqui com 18 anos, que é uma idade importante para toda a gente. Quando cheguei a mentalidade era completamente diferente. Uma pessoa tem de aprender a viver sozinha.” Para o jovem, ficar a trabalhar em Portugal é uma questão muito delicada, até porque, diz, “as saudades são imensas”, não fosse o caso de, como muitos outros, estar longe da familia há 3 anos. “Isso só sei com o tempo. Gostava muito de voltar para Cabo Verde. Desde que vim, há 3 anos, ainda não fui de férias nenhuma vez. Tenho irmãos pequenos que me perguntam sempre quando vou voltar. Pelas notícias que me têm dado de lá, tem havido muito desenvolvimento. Também tenho tido notícias de colegas que tiraram cursos aqui e foram para lá e arranjaram logo trabalho. Mesmo na área da comunicação. Por isso depende de muita coisa, inclusive das oportunidades que vão surgindo.”
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Chakall, Chefe de Cozinha
Sentado “Não consigo viver em monotonia” no mocho Sentou, vai ter k explicar
Sem turbante, o chefe argentino fala de si, dos seus gostos e do sal com que tempera a vida. Aos 37 anos, Chakall conhece os quatro cantos do mundo e confessa que isso que lhe dá prazer TEXTO: ÂNGELA DA MATA E SARA VIEIRA FOTOS: LUÍS ALMEIDA
O que o levou a ser chefe de cozinha? Eu sou a quarta família (geração) de cozinheiros. Fui jornalista, mas voltei às origens familiares. Desde pequeno que cozinha? Sim. Os meus pais tinham um restaurante, os meus avós tinham um restaurante. Depois, numa etapa da minha vida, mudei para jornalista. Tirei um curso e, trabalhei sete anos num jornal. A primeira vez que fiz uma entrevista estava nervoso, não pela entrevista, mas porque não sabia o que perguntar. Era uma pessoa que não conhecia, não sabia nada da vida dela. Fazia uma pergunta, lançava uma ideia, mas estava perdido. Costuma dizer que é filho de cinco culturas. O que tira de cada uma delas? Do galego, a dúvida. Do italiano, a arte para salgados. Do suíço, a arte para doces. Do francês o mau carácter e do indígena/argentino a rebeldia. Ser rebelde sempre.
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O indígena sempre se revolta contra tudo. E Portugal? Onde fica? Portugal é como a Galiza. Norte de Portugal e Galiza são iguais. Sinto que a parte mais forte que tenho é do meu pai. Sou cinquenta por cento galego. Por que decidiu ficar em Portugal? Eu vou ficando. É um bom país para viver. Tem coisas boas e coisas más. Mas as coisas boas para mim são mais importantes do que as más. Vivo o dia-a-dia. O facto é que em Portugal tem um restaurante, tem um programa de televisão, dois livros... E lá fora também. Tenho amigos fora, programas de televisão fora... na Alemanha, na China. Qual é o segredo para esta receita de sucesso em Portugal? Acho que não há receita. Não há nada feito com conhecimento óbvio... Acho
que o sucesso na cozinha é uma suma de factores, não são procurados directamente. Acha que os portugueses são bons garfos? Há de tudo. Há bons e maus. No geral sim. Acho que no Norte se come melhor do que nas noutras regiões. Aqui no centro isso não é muito importante. Mas no geral são bons garfos. Não só os portugueses, mas também os espanhóis e os franceses. O povo mediterrânico é bom garfo. O que é que a gastronomia portuguesa tem de especial? Cada gastronomia é especial. Aqui acho que há bom peixe. É extraordinário e diferencia-se de todos os outros países da Europa. Os portugueses são artistas com o peixe. Também se come bem cabrito. O que é que o seu restaurante traz de novo à cidade? O restaurante é a minha identidade. Comida muito simples, produtos biológicos,
carne argentina, (o bom do meu país), peixe português, (o bom deste país) e a razão do sucesso é isso. É um produto simples para as pessoas virem comer todos os dias. Não é um restaurante elitista, onde só podem vir comer uma vez por ano. E não vêm cá pessoas para ver o Chakall? Não. A maior parte das pessoas são empresários. Muitas nem me conhecem. A maior parte das pessoas vem para comer bem num bom ambiente.
Deve ser tudo simples: a comida, a apresentação, tudo. Qual tem sido a receptividade fora do país? Muito positiva. Em todos os lados. Trabalho em Espanha, França, Alemanha,
Médio oriente, China, Inglaterra... É um viajante... Sim. Hoje estou aqui, amanhã vou embora, volto domingo, vou-me embora na segunda-feira, volto quarta-feira e é sempre assim. Isso dá-lhe prazer? Tudo o que faço é com prazer. Porque se não desse não conseguia fazer. Tenho o restaurante, os livros, o programa de televisão, shows ao vivo, produtos e tudo passa por mim. Eu não tenho uma agência que monta as coisas, às vezes as pessoas perguntam-me se tenho uma agência de marketing. Eu não tenho nada. Eu fui jornalista e isso ajuda muito. Mostra-nos o outro lado e percebemos como funcionam as coisas. Como é que as viagens influenciam as suas receitas? Tudo influencia na vida. Esta conversa influencia na vida. Se calhar automaticamente não, não sei... A comida, as viagens, as pessoas, o clima. Quanto mais viajas mais influências tens. Quanto mais pessoas conheces mais influências tens. Não é algo que actua directamente. Toda a comida que faço tem a ver com a minha história. Qual foi a viagem que mais o marcou, pela positiva e pela negativa?
KURTAS Carne ou peixe? Carne Doce ou salgado? Salgado Insosso ou picante? Picante Quente ou frio? Quente Água ou vinho? Água Fruta ou sobremesa? Sobremesa
Pela positiva África.
apresentação, tudo.
Porquê? Só pode explicar quem vai a África. Pela negativa, nenhuma... Qualquer experiência mesmo que tenha sido negativa, eu transformo-a em positiva.
A sua imagem de marca costuma ser o turbante. Porquê? Hoje a pergunta não faz muito sentido (risos). Podia utilizar chapéu ou turbante. Eu escolhi o turbante. Se usasse um chapéu seria francês. Numa viagem a África trouxe o turbante e usava-o sempre. Depois veio o 11 de Setembro e aí começou a haver problema em andar com o turbante. A partir daí, passei a usá-lo só para cozinhar. Não foi uma estratégia, qualquer pessoa sensata pode usar um turbante como uma estratégia de marketing, mas não é o meu caso.
Que tipo de comida tem mais prazer em fazer? Gosto de fazer comida, é indiferente. Gosto de picar alho, qualquer coisa. A comida é tudo. Dá-me prazer fazer comida variada. Não me dá prazer repetir.
Os portugueses são artistas com o peixe.
Coisas que não podem faltar na sua cozinha.... Ingredientes: limão e azeite.
E comer? Depende do dia. Gosto de variar. Gosto de música variada, gosto de comida variada. Não poderia comer comida portuguesa todos os dias, nem argentina, nem italiana, nem japonesa. Não consigo viver em monotonia.
O que ainda lhe falta fazer? Vou fazer um tour por 24 municípios do país. Vou pegar em produtos locais, fazendo nova cozinha portuguesa, a partir de Maio. Provavelmente vou a Leiria. De certeza que vou à Batalha. Vou montar um restaurante lá.
Dizem que o segredo é a alma do negócio. Tem segredos gastronómicos? Não. O único segredo é ser directo. Parece que não, mas é esse o segredo. Acessível e directo. Depende das tuas possibilidades e do tempo. Mas deve ser tudo simples: a comida, a
O que tem mais gosto em fazer? Cada coisa dá gosto. Tens vários filhos, de qual é que gostas mais? Não há favorito, cada coisa tem o seu momento. Talvez o segundo livro (4 Estações). O primeiro também, mas este deu-me mais trabalho e gosto.
Kultos
DAVID SINEIRO
Mass Effect 2 Fevereiro começou em grande com o lançamento de Mass Effect 2, a sequela daquele que muitos consideram o melhor Role-Playing Game da Xbox 360. Mais uma vez um exclusivo Xbox 360 e Games for Windows, o épico de ficção-científica da Bioware continua onde o seu antecessor acabou. Assim, segue a saga de John Shepard e da luta que este trava contra o avanço dos Reapers. Uma antiga raça de máquinas que pretende consumir toda a vida orgânica da galáxia. Depois de, no primeiro jogo, Shepard ter travado o arauto dos Reapers, desta vez, o problema surge de forma mais subtil, com colónias humanas a desaparecer do mapa, e um Conselho que pouco faz para o investigar.
É com a ajuda da organização criminosa Cerberus que Shepard vai começar a sua investigação e reunir uma equipa dos melhores guerreiros da galáxia para, juntos, embarcarem numa missão suicida para lá das linhas inimigas e, assim salvarem todas as formas de vida orgânicas. Shepard reunirá não só algumas caras conhecidas do primeiro Mass Effect, mas também novos personagens de raças completamente distintas. Todos com um objectivo comum. A história deste segundo jogo, não é tão forte como a do primeiro, mas é um claro aquecer dos motores para o futuro Mass Effect 3, afinal o escritor Drew Karpyshyn sempre disse que esta seria uma trilogia, e foi pensada assim desde o início. No entanto, quem jogou o primeiro sabe que uma história mais fraca ainda é sinónimo de grandiosidade, dado a dimensão estarrecedora do anterior. A jogabilidade foi alvo de vários melhoramentos, sendo que a mecânica de shooter se aproximou mais de Gears of War no que toca à cobertura. E também melhorou pela presença de mais atalhos para poderes no comando sem precisar de recorrer ao menu. É de salientar que a evolução dos personagens está muito mais minimalista, no entanto, os poderes de cada um são menores, mas mais dinâmicos. Num jogo que é inteiramente conduzido pela história, seria de esperar que se fizesse notar alguma continuidade, mas a Bioware excedeu-se neste aspecto. Não só podemos importar o nosso personagem do primeiro jogo para este, como todas as escolhas que fizemos ao longo da jornada serão contabilizadas e terão repercussões. E não só a main quest, até as sidequests e o conteúdo adicional contam. Veremos notícias sobre os eventos passados e falaremos com personagens que possamos ter salvo, todas com os mesmos actores a dar-lhes voz, algo que torna a experiência num todo muito mais coeso. A música, que já era excelente, recebeu um tratamento ainda mais épico, com os créditos finais a serem a verdadeira apoteose. Mass Effect 2 define-se como o primeiro grande lançamento de 2010 e um sério candidato a jogo do ano. Obrigatório para quem jogou o primeiro. Quem não jogou, faça um favor: adquira-o, novo ou usado. 10/10
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Últimas
A Fechar
CARLA SILVA, JOANA ROQUE, MARIANA RODRIGUES
Caminhada Ser Solidário A delegação de Leiria da Cruz Vermelha Portuguesa está a promover a caminhada Ser Solidário, a decorrer no próximo Domingo, dia 28. A caminhada terá início no Largo do Papa, pelas 15:30 e as inscrições poderão ser feitas na sede da Cruz Vermelha ou no local de partida.
Erasmus para jovens empreendedores FILIPA ARAÚJO
Para além do tradicional programa de mobilidade para estudantes, o programa Erasmus está agora disponível para jovens empreendedores. A iniciativa tem como objectivo, não só incentivar o empreendedorismo e a competitividade, como também o crescimento e internacionalização das pequenas e medias empresas da União Europeia. Os participantes terão, assim, oportunida-
de de ganhar experiência em áreas como: desenvolvimento de produtos e serviços inovadores, gestão financeira e operacional, planeamento eficaz, vendas e comercialização, direito comercial europeu. Nesta nova modalidade Erasmus, podem participar jovens que planeiam criar a sua própria empresa ou que iniciaram a sua actividade nos últimos três anos, bem como em-
preendedores experientes que devem ser proprietários ou gerir uma PME na União Europeia há mais de três anos. A correspondência entre novos empreendedores e empresários de acolhimento será efectuada com o auxílio de organizações intermediárias. As inscrições estão disponíveis no sítio: www.erasmus-entrepreneurs.eu.
Prémio Inovação ValorPneu Com o intuito de descobrir soluções inovadoras para o destino sustentável dos pneus usados, a Valorpneu está a dar oportunidade aos estudantes do ensino superior de apresentarem os seus projectos. Os trabalhos candidatos podem enquadrar-se nas áreas de Engenharia, Arquitectura ou Design. Para mais informações sobre o concurso, consultar www.valorpneu.pt.
INTERNETES
Concurso de Poesia
Galardoado ‘Um coração simples’ TEXTO: SARA VIEIRA
Já é conhecido o vencedor do Prémio de Poesia Manuel Alegre. Com o pseudónimo de Inês Finisterra, Daniel da Silva Gonçalves, de Vila do Porto, Santa Maria, Açores, arrecadou o prémio no valor de sete mil e quinhentos Euros com a obra Um coração simples.
A iniciativa do Instituto Politécnico de Leiria, que tem como objectivo premiar uma obra inédita de Poesia escrita em Língua Portuguesa, estimulando a criação literária e o aparecimento de novos autores e contou, este ano, com 128 obras a concurso.
ANNE ABREU
útil Para quem quer tratar das suas recordações fotográficas de um modo mais profissional e gratuito, nada melhor do que o Photoshop online. Este site permite fazer qualquer tipo de modificação de uma maneira simples e eficaz, consoante o gosto e desejo de cada um.
Atletismo soma pontos TEXTO: TIAGO FIGUEIREDO
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JORNAL DE LEIRIA 25.02.2010
https://www.photoshop.com/
agradável
O mês de Fevereiro contou com mais um campeonato nacional universitário, desta vez de Atletismo, modalidade que o IPL proporciona a quem esteja interessado em “correr” pelo seu nome. A competição resultou numa medalha de Prata e duas de Bronze. A medalha de Prata foi conquistada pela atleta Catarina Rosa no lançamento do peso (4kg) e as de bronze conquistadas pela equipa constituída pelas atletas Diana Morgado, Liliana Jorge, Ana Cláudia Faria e Cândida Bairrada na prova de estafeta de 4x200 metros; e pela atleta Cândida Bairrada nos 60 metros planos. Foi, assim, conseguido o 3º
lugar na classificação geral com 62 pontos. As inscrições para esta modalidade desportiva já estão encerradas na Internet, mas ainda estão a decorrer na secretaria. Basta apresentar os documentos necessários e realizar os exames médicos exigidos pelo IPL para desenvolver a actividade num nível mais competitivo. Quem quiser experimentar poderá aparecer nos treinos que se realizam às terças-feiras das 20:00 às 21:15, no Centro Nacional Lançamentos, com o treinador Paulo Reis e às quintas-feiras das 20:30 às 21:30, no Estádio Municipal de Leiria, com a treinadora Cátia Ferreira.
DR
O musicovery permite ao utilizador escolher o tipo de música pretendido e decidir o estado de espírito que quer que a sua escolha lhe transmita, seja ela enérgica, calma, positiva ou dark. Este site permite ainda que sejam criadas contas, onde se podem ouvir os melhor hits, e as músicas preferidas de cada um, desde a década de 50 até à actualidade.
FOTO: SAS IPL
A Escola Superior de Saúde de Leiria está a promover mais uma edição das jornadas dos alunos do curso de Enfermagem, a decorrer nos dias 12 e 13 de Março. Os cuidados de saúde primários são o tema base destas jornadas que também incluem workshops em tratamento de feridas, toque terapêutico e massagem infantil. Os candidatos poderão inscrever-se online até ao dia 10 de Março. Informação detalhada em http://www.euvouxijornadasesslei.pt.vu/.
DR
XI Jornadas dos Alunos de Enfermagem
http://musicovery.com/