Akademicos 60

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Foto daniela carmo

Suplemento do JORNAL DE LEIRIA, da edição 1498, de 28 de março de 2013 e não pode ser vendido separadamente.

Sou voluntário págs. 4 e 5

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José António Cerejo Jornalista

“O jornalismo de investigação incomoda sempre alguém” págs. 6 e 7


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A ABRIR

Voluntariado Jovem

Escrever umas breves notas sobre o voluntariado e, em especial, o voluntariado jovem num tempo marcado pela incerteza social e económica constitui um desafio interessante para refletir sumariamente sobre o papel do voluntariado na sociedade contemporânea. Colocar o seu tempo, ação e envolvimento ao serviço, economicamente desinteressado, do bem estar da comunidade (local, nacional e/ou mundial) “é uma viagem de

Teatro 28 de março, 21h30 Teatro José Lúcio da Silva

Os Reis da Comédia O Teatro José Lúcio da Silva irá ser palco para os “Os Reis da Comédia”, uma peça em que o tema é a idade de ouro da comédia. Neil Simon, um dramaturgo americano bastante premiado, foi quem criou esta peça com um enorme sucesso mundial. A peça conta com a dupla Jacinto Leite e Alberto Cruz, que fazem Portugal Mariana Lopes rir há mais de 40 anos, e ainda com interpretações de Rui Mendes, José Pedro Gomes, Carla de Sá, Diogo Leite, Rui de Sá e Jorge Mourato. Os bilhetes podem ser adquiridos por 15 euros (com desconto).

solidariedade e um meio de os indivíduos e as associações identificarem necessidades e problemas humanos, sociais ou ambientais e lhes darem resposta” (Comunicado da Comissão, COM(2011) 568 final, Bruxelas, 20.09.2011). A natureza diversificada das atividades de voluntariado ultrapassam e ampliam as funções assistenciais e de ajuda recíproca tradicionalmente atribuídas ao voluntariado, desempenhando atualmente um papel importante na promoção da cidadania ativa e da solidariedade e encetando processos de aprofundamento da coesão social. Neste âmbito merecem menção as atividades de voluntariado que se dirigem à reabilitação de espaços urbanos, à promoção dos direitos humanos e da igualdade de género. Em tempos de crise e num momento em que o Estado parece estar a retirar-se de forma acelerada do exercício destas funções, as diversas formas de voluntariado assumem uma centralidade que importa reconhecer e para a qual é necessário mobilizar a participação de variados extratos populacionais, em especial os jovens que apresentam, em Portugal, uma baixa taxa de envolvimento em atividades de voluntariado. A participação dos jovens no conjunto das atividades de voluntariado potencia-se

através do seu envolvimento em programas de voluntariado em que colaboram diferentes estratos etários, pela inclusão em atividades promovidas dominantemente por jovens (como, por exemplo, as atividades da Juventude da Cruz Vermelha ou o programa de voluntariado jovem do Instituto Português da Juventude), ou pela participação em ações exteriores a qualquer mediação organizacional. Independentemente da forma através da qual se concretiza o voluntariado dos jovens (e o voluntariado em geral), importa tomar em consideração que esta atividade não tem um sentido único, não se limita a um simples ato de ‘dar’ e ‘receber’. Ela envolve sempre um determinado grau de reciprocidade que possibilita ao voluntário simultaneamente participar na promoção de uma sociedade menos desigual e mais democrática e enriquecer a sua formação pessoal através de um conjunto variado de experiências que contribuirão para questionar a visão de um homo dominado pelo spiritus economicus.

focada na satisfação imediata, fazendo qualquer coisa para a obter. Põe em comparação a expetativa e a realidade. Em 2009, o documentário foi candidato ao Prémio Amnistia Internacional no Festival Internacional de Cinema Independente de Lisboa (IndielLisboa).

Música 29 de abril, 17h00 Leiria Shopping (FNAC)

José Carlos Laranjo Marques Docente ESECS/IPL

Blue Trash Can A banda de Rock Blue Trash Can vai apresentar o seu álbum Lights from Behind na FNAC num concerto ao vivo. Este álbum conta com participações de Diogo Dias (vocalista dos Klepth), Miguel Guedes (vocalista dos Blind Zero) e João Pires (Violoncelista da Metropolitana de Lisboa). Esta é uma banda que tem aproveitado todas as oportunidades para conseguir vingar no mundo da música e agora mostram quem são e para onde vão. Um concerto a não perder.

Não perkas

Dança 20 de abril, 21h30 Teatro José Lúcio da Silva

10º Torneio de Hip Hop dance De modo a proporcionar uma oportunidade para os grupos de dança de todo o país mostrarem o seu trabalho, irá decorrer a 10 edição do Torneio de Hip Hop Dance em Leiria. Na corrida para a conquista do Troféu CDM estão 8 escolas de nível infantil e 12 grupos de nível avançado. Os bilhetes têm o valor de 3 euros e a organização é do Colégio Dinis de Melo e Convenção School Fitness. Cinema A partir de dia 28 de março até dia 30 Teatro Miguel Franco

Deolinda - Mundo Pequenino

Muitos Dias Tem o Mês

RD

O Teatro José Lúcio da Silva é o local escolhido por Deolinda para a primeira apresentação ao vivo do seu terceiro disco de originais, Mundo Pequenino. Num concerto que promete, a banda portuguesa multiplatinada traz a Leiria novas canções, entre as quais o seu novo single, Seja Agora. k

Muitos dias tem o mês é um documentário contemporâneo realizado por Margarida Leitão. Este documentário mostra a vida da sociedade portuguesa acompanhando o dia-a-dia de famílias que têm dívidas. Pretende alertar para o fato de vivermos numa sociedade

Diretor João Nazário direccao@jornaldeleiria.pt Coordenadores Pedagógicos Catarina Menezes cmenezes@ipleiria.pt Paulo Agostinho paulo.agostinho@ipleiria.pt Apoio à Edição Alexandre Soares asoares@ipleiria.pt

Departamento Gráfico Jorlis - Edições e Publicações, Lda Isilda Trindade isilda.trindade@jornaldeleiria.pt Maquetização e Projeto Gráfico Leonel Brites – Centro de Recursos Multimédia ESECS–IPL leonel.brites@ipleiria.pt Maquetização Andreia Narciso

Música 4 de abril, 22h00 Teatro José Lúcio da Silva

Secretariado de Redação Daniela Peralta Redação e colaboradores Adriana Meneses, Ana Neves, Ana Vieira, Andreia Lucas, Andresa Cardoso, Daniela Carmo, Daniela Peralta, Diogo Fernandes, Francisco Grosso, Janaína Leite, Joana Batalha, João Diogo Santos, Mariana Lopes, Nuno Ribeiro

Presidente do Instituto Politécnico de Leiria Nuno Mangas presidencia@ipleiria.pt

Os textos e opiniões publicados não vinculam quaisquer orgãos do IPL e/ou da ESECS e são da responsabilidade exclusiva da equipa do Akadémicos.

Diretor da ESECS Luís Filipe Barbeiro barbeiro@ipleiria.pt Diretora do Curso de Comunicação Social e Educação Multimédia Catarina Menezes cmenezes@ipleiria.pt akademicos.esecs@ipleiria.pt


28 março 2013

DR

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está –a– dar

Escolas do IPL recebem sessão sobre prevenção da violência sexual Texto Daniela Peralta e Janaína Leite

A prevenção da violência sexual em estudantes do ensino superior esteve em discussão no passado dia 13 de março na Escola Superior de Saúde e na Escola Superior de Educação e Ciências Sociais de Leiria. A Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) apresentou aos presentes o projeto Unisexo. O evento, organizado pelos Serviços de Apoio ao Estudante do Instituto Politécnico de Leiria, foi bem recebido pelos alunos. Segundo Andreia Narciso, uma das participantes no evento, “o assunto é interessante e atual”. Num auditório quase cheio, foram levantadas questões sobre mitos em torno da violência sexual em relações ocasionais e de namoro e formas de combater crimes sexuais, como evitar deixar amigas sozinhas na rua ou o simples ato de não perder o copo de vista. Segundo Natália Cardoso, oradora da APAV, os objetivos do projeto consistem em “facilitar os recursos aos serviços de ajuda, prevenir com-

portamentos de risco, desconstruir mitos da violência sexual e reforçar o papel das comunidades de apoio à vítima”. Na concretização da campanha, cujo slogan é “Depois do não, Pára! Respeita a vontade dos outros”, a APAV trabalhou em conjunto com a Associação Académica de Coimbra e com a Associação de Estudantes da Escola Superior de Educação de Coimbra em ações que deram destaque aos direitos à autonomia sexual. A par da campanha nos meios de comunicação, as atividades desenvolvidas têm consistido na “formação de focus groups (grupos de discussão), workshops, manuais de boas práticas e seminários”, explica Natália Cardoso. Financiado pelo POPH e com duração de 24 meses, o projeto Unisexo terminará no próximo mês de agosto. A APAV faz um balanço positivo do projeto, acrescentando que “houve, de facto, bastantes interessados em colaborar”. A instituição, que prima pela solidariedade

Alunos da Escola Profissional preparam almoço japonês O restaurante da Escola Profissional de Leiria (EPL) – Escola de Sabores – foi o palco de um almoço realizado em conjunto por alunos da EPL e cidadãos da cidade de Tokushima. O almoço, que contou com o apoio da Câmara Municipal de Leiria, decorreu no dia 13 de março, e integrou propostas nipónicas e portuguesas. Seis pratos típicos da cidade de Tokushima, como Misosoup, Makizushi ou Negiyaki vieram dar a conhecer um pouco da gastronomia daquela cidade, contrastando com o prato tipicamente português, bacalhau, também servido no almoço. A iniciativa decorreu no âmbito do protocolo existente entre as cidades de Leiria e Tokushima. A geminação foi celebrada há mais de 40 anos, após a visita de uma delegação de Tokushima a Leiria em 1968 e, desde esse ano, vários intercâmbios têm sido efetuados entre as duas cidades, principalmente de carácter cultural. O objetivo é dar a conhecer a Leiria as raízes culturais japonesas. Também Leiria tem levado a Tokushima vários exemplos da cultura portuguesa, consistindo assim este protocolo numa espécie de diálogo entre as duas cidades.

Na agenda de atividades realizadas no âmbito da visita do grupo japonês, constaram também a inauguração, na Biblioteca Municipal Afonso Lopes Vieira, da exposição intitulada “Troca 2013” que estará aberta ao público até dia 28 de março. Também o Teatro Miguel Franco foi palco de um espetáculo musical intitulado “Tokushima de sons também Leirienses”, que contou com atuações de dois músicos de Tokushima. Este ano, a visita contou com a colaboração de alunos de Comunicação Social e Educação Multimédia da Escola Superior de Educação e Ciências Sociais do Instituto Politécnico de Leiria, que documentaram, durante três dias, as atividades realizadas pelo grupo japonês. O professor responsável por acompanhar os estudantes japoneses a Leiria, Donald Sturge afirmou que “gosta muito de vir a Leiria” e que deseja que haja um “diálogo entre as culturas.” Também o chef Alberto Vaz se mostrou satisfeito com a realização do almoço: “acho que o almoço correu muito bem, é importante este contato entre alunos de culturas diferentes, até nos próprios ingredientes utilizados. É outra forma de cozinhar, os sabores são diferentes e para isso os alunos japoneses trouxeram os seus próprios ingredientes tradicionais, para que a confeção fosse a mais aproximada da realidade japonesa”. k

vem agora trazer uma nova série de 60 temas inéditos, novos talentos e um variado leque de géneros de música, passando pelos variados subgéneros do Rock, Jazz, Blues, Eletrónica, Hip Hop e junções experimentais. Em português e inglês, encontra-se um panorama musical diversificado e inovador, que revela o futuro da música portuguesa através de uma nova geração de artistas repletos de criatividade, originalidade, profundidade nas letras e sons, que poetizam mensagens, lições de vida, aventuras, amores e desamores. Entre outros nomes promissores, pode encontrar-se Filipe Pinto, vencedor dos Ídolos de 2011, que nos traz a música Escolher Sentença do seu álbum

de estreia Cerne. O jovem músico mostra-nos a razão de ter ganho o concurso da SIC e o que aprendeu nos seis meses numa das mais conceituadas escolas de Londres. Podemos também saber um pouco mais sobre o que é a Verdade com o tema dos Capitão Fausto, banda lisboeta que é influenciada por vários grandes nomes da música nacional e internacional. Os Capicua apresentam um bom e criativo Rap cantado no feminino, entre outros que vale a pena descobrir e ouvir. Esta iniciativa vem chamar a atenção para estes jovens artistas e lembrar que Portugal tem potencialidades musicais e culturais à altura do que se faz lá fora. Nomes que esperam ser reconhecidos e quem sabe, enaltecer a cultura portuguesa no mundo. k

Texto: Joana Batalha e Francisco Grosso

Novos Talentos FNAC 2012 Um retrato do que por cá se faz

KAPAS Nuno Ribeiro

Novos Talentos FNAC 2012 é a sexta edição de uma iniciativa da FNAC com o apoio da Antena 3, que desde 2007 vem retratando a atual produção musical de Portugal. Esta coletanea de três CD, que já lançou grandes revelações como os Deolinda, Rita Redshoes, Anaquim ou Os Pontos Negros,

social, pela proteção e apoio aos cidadãos vítimas de crimes e, sobretudo, pelo voluntariado prestado, traz essencialmente uma vontade enorme de despertar consciências. Pelas palavras de Natália Cardoso, “independentemente do comportamento da vítima, a responsabilidade é sempre de quem age. Ou seja, do agressor”. Por estes lados, e com a Semana Académica à porta, esperamos que os alertas tenham sido ouvidos. k


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KAPA

Dedicação e vontade de ajudar são as palavras de ordem de quem faz voluntariado. Mas também se refere o fator aprendizagem. De longa ou de curta duração, os projetos são os mais diversos e para todos os gostos. Texto Sara Silva, Patricia Gonçalves, Ana Raquel Fotos Daniela Carmo

Aos 19 anos, Sara Matias, comerciante, conta já com 3 anos a desempenhar atividades de voluntariado em instituições de apoio social – Banco Alimentar e Cruz Vermelha. O desafio começou com um convite e com o exemplo do pai: «Ele entrou como voluntário e eu, como também tenho gosto em ajudar, também fui». Quando questionada acerca da importância desta atividade na sua vida, Sara não duvida: “Ajuda muito a crescer no mundo real, a olhá-lo com outros olhos e a conhecer as dificuldades dos outros cidadãos. No Banco [Alimentar] fico impressionada com o facto de existir tanta gente que precisa da nossa ajuda”. Sara é apenas um exemplo dos muitos jovens que atualmente dedicam parte do seu tempo a ajudar o outro. Mas ser voluntário não é apenas isto, é uma atividade que vai além da própria definição. Rita Miranda, 22 anos, com experiência de voluntariado em associações de solidariedade social e trabalhadora na área de Animação Sociocultural, elucida: “Consiste em valorizar outro tipo de coisas através de ações de caridade, porque deixar a sua vida em standby para se dedicar a outros nem sempre é um passo fácil de ser dado nesta faixa etária, em que o dinheiro e a ambição do ‘ter’ é mais forte do que o ‘ser’”. A atual conjuntura económica do país contribuirá para uma maior sensibilização. Como refere Adelino Simões, presidente do Banco Alimentar de Leiria e também ele voluntário, «os pais acabam por dizer aos filhos que há dificuldades e há pessoas com fome, e eles podem perceber isso e ajudar». O Banco Alimentar de Leiria desenvolve angariação de produtos alimentares em campanhas nos supermercados. Após essa etapa mais presencial, os alimentos são divididos em categorias no armazém por outros voluntários, e este local torna-se “uma barafunda muito grande (…), uma festa transpirada” como o Presidente da Instituição gosta de designar. Adelino Simões explica ainda que a organização “é feita de acordo com o tempo das pessoas e dentro das suas possibilida-

des e disponibilidades” e acrescenta que os jovens, influenciados pelos pais, pela escola ou por grupos onde têm atividade, “são sempre muito atuantes”, nomeadamente, nas campanhas de loja. Mas não é unicamente devido à conjuntura que surge a necessidade de ajudar o próximo. Existem outros tipos de projeto, como o apoio em situações de recuperação de problemas de saúde. “O doente muitas vezes precisa que o escutem, precisa de uma palavra, um sorriso, do toque de uma mão amiga, de não se sentir só… e muitas vezes o médico, a enfermeira e o auxiliar não têm tempo para isso”, refere Maria Teresa Ramos, reformada e voluntária na Liga dos Amigos do Hospital Distrital de Leiria. Esta veterana conhece bem a realidade que se vive no hospital e, para ajudar a atenuar o sofrimento dos que lá se encontram, colabora ativamente neste projeto, que “surgiu com o principal objetivo de apoiar aos doentes hospitalizados”. Segundo José Manuel (como é conhecido), reformado e tesoureiro da Liga, os voluntários vão “visitando, conversando e ajudando naquilo que podem e que não vai contra o serviço do pessoal médico e de enfermagem”. Relativamente aos requisitos para se tornar voluntário neste projeto, Maria Teresa Ramos explica que “é preciso ser maior de idade, ter disponibilidade para dedicar, pelo menos, três horas por semana para o voluntariado e é preciso formação”. A formação de que esta voluntária fala, é específica para que se possa exercer voluntariado no Hospital, e é recebida após uma entrevista realizada pelo psicólogo responsável, que irá determinar se a pessoa tem ou não perfil. Segue-se um período de estágio. Todo este processo é meticuloso, dado que este tipo de voluntariado se baseia no cuidado de vidas humanas em condições debilitadas. Dado o processo de preparação, na Liga dos Amigos do Hospital a colaboração é sobretudo assegurada por voluntários aposentados. “Os jovens às vezes vêm, mas quando arranjam emprego, vão-se embora e nós precisamos de um corpo estável”, explica Maria Teresa Ramos.

Na maioria das instituições que aceitam voluntários o processo de candidatura é mais simples. O Banco Local de Voluntariado de Leiria é um projeto dinamizado pela Câmara Municipal de Leiria que pretende agilizar a articulação entre as organizações promotoras e os voluntários. Segundo a representante, Célia Pires, serve de intermediário entre “qualquer organização, privada ou pública, sem fins-lucrativos e que possa assegurar a atividade de voluntariado” e os voluntários interessados em colaborar. Conforme explica: “Quem estiver interessado em fazer parte deste projeto pode ir ao nosso site, telefonar ou vir cá, e tem de preencher uma ficha. Se tiverem dúvidas ou precisarem de apoio técnico, também podemos marcar uma reunião. Depois propomos à organização, sem caráter vinculativo, o encaminhamento dos voluntários que são mais indicados para o tipo de atividade.” Célia Pires acrescenta: “não condicionamos a inscrição de ninguém, mas fazemos ver às pessoas que voluntariado não é uma actividade ocupacional, tem uma finalidade de apoio ao terceiro e não ao próprio”. Esta entidade, de atuação concelhia, tem como objetivos promover o voluntariado, desenvolver ações em prol das pessoas e da comunidade em geral e potenciar o desenvolvimento de iniciativas locais direcionadas para organizações e voluntários, entre outros. Normalmente, o Banco é solicitado para enviar apenas um ou dois voluntários para os projetos propostos pelas organizações em parceria, isto porque «às vezes aparecem pedidos muito específicos como, por exemplo, uma cresce que precisa de alguém para dar ginástica às crianças. Mas, para a Aldeia de Natal, foram pedidos cerca de 80», justifica Célia Pires. Acumular experiência

Projetos de curta duração como a Aldeia de Natal ou o Programa Férias Criativas, dinamizados anualmente pela Camara Municipal de Leiria, com o objetivo de apoiar as famílias com a ocupação do


Voluntariado: onde procurar? O Portal da Juventude - ] juventude.gov.pt disponibiliza informações relativas a voluntariado jovem. Podem ser consultados projetos e iniciativas por área de residência e processo de candidatura. A plataforma disponibiliza também informação sobre direitos e deveres do voluntário.

Outras informações sobre ofertas disponíveis e processos de recrutamento: Liga dos Amigos do Hospital de Leiria/ Centro Hospitalar Leiria Pombal ] www.chlp.pt Banco Alimentar de Leiria/Fátima ] www.leiria.bancoalimentar.pt Banco Local de Voluntariado de Leiria ] www.cm-leiria.pt Bombeiros Voluntários de Leiria ] www.bombeiros.pt Bolsa do Voluntariado Nacional ] www.bolsadovoluntariado.pt/ Conselho Nacional para a Promoção do Voluntariado ] www.voluntariado.pt

lazer e dos tempos livres das crianças e jovens, são também oportunidade para ocupação e desenvolvimento de currículo de estudantes voluntários. A realização do Programa Férias Criativas, durante o período de Páscoa, conta, por exemplo, com a cooperação de vários estudantes do Instituto Politécnico de Leiria, nas áreas de Ensino Básico, Desporto e Bem-Estar, Educação Social ou Comunicação Social e Educação Multimédia. Para Filipa Abrantes, 18 anos, estudante e uma das voluntárias do programa Férias Criativas, esta foi a primeira experiência e surgiu muito naturalmente “a partir da sugestão de um professor. Ele disse-nos que ia haver esta atividade e eu decidi participar, pois acho que é uma boa forma de ocupar o meu tempo livre e ainda de acrescentar experiência à minha área de estudo”. Também Vera Saudade e Silva, de 22 anos e estudante de Educação Básica, encarou esta participação enquanto voluntária como “uma experiência profissional” em que tem a oportunidade de entrar em contacto direto com as crianças. Defende que este tipo de participação “ajuda no currículo porque, atualmente, tudo conta, não são só as notas”. Já as estudantes da licenciatura de Desporto e Bem-Estar admitiram ter-se voluntariado para a atividade principalmente devido ao gosto pela dança, a partir do qual tiveram oportunidade de proporcionar momentos divertidos às crianças, através da realização de várias coreografias idealizadas e monitorizadas por elas. Elisa Oliveira, técnica superior da área de Divisão de Juventude e Educação da Camara Municipal de Leiria, e uma das responsáveis pela dinamização do Programa Férias Criativas, refere que a atividade é também uma oportunidade de contacto com a futura área de trabalho, porque “estão a dinamizar e a aprender”. Nesse sentido, Elisa Oliveira explica que é sempre entregue um certificado com indicação das competências que o jovem retirou da atividade. A técnica acrescenta ainda que, no caso das Férias Criativas, existem três beneficiários: os vo-

luntários que “tiram vivências e aprendem”, a organização pelo apoio em termos de recursos humanos e pela participação dos jovens que proporcionam também aprendizagem e uma “lufada de ar fresco”, e as crianças que “veem caras novas” e se afeiçoam aos voluntários, “tanto que no último dia existem sempre algumas lágrimas.” Uma corporação igualmente ativa no distrito de Leiria e que move jovens devido ao gosto de ajudar o próximo são os Bombeiros Voluntários de Leiria. Um dos mais recentes membros, Joni Vieira, de 21 anos e estudante no IPL refere que se inscreveu motivado pela “coragem e determinação que eles têm para salvar vidas”. A maioria destes bombeiros não são remunerados e tendem a conciliar o seu emprego com a atividade voluntária. O trabalho voluntário não abre necessariamente portas no mercado de trabalho, mas pode ajudar nas entrevistas de emprego pois, através dessa referência no currículo, dá a conhecer à empresa que o candidato que está a contratar tem um olhar atento sobre a sociedade e um sentimento de solidariedade, como nos diz o Presidente do Banco Alimentar de Leiria: “Depende da empresa e da orientação dos recursos humanos que estão a fazer admissões. Depende da sensibilidade. Mas acho que é sempre útil estar a fazer o escrutínio de uma pessoa que tem essa mais-valia. É uma pessoa que está atenta e não é indiferente”. Já no mercado de trabalho é também possível conciliar as funções profissionais com os projetos voluntários, como nos diz a Cátia Pires, lojista de 21 anos e voluntária na Associação Humanitária dos Bombeiros de S. Martinho, “apesar do trabalho me ocupar algum tempo, há sempre um bocadinho para fazer voluntariado e ajudar alguém”. Perfis diferenciados

Ações de voluntariado podem ser desempenhadas independentemente da idade, formação ou situação profissional. Célia Pires refere que, tendo em conta a base de dados de voluntários associados ao Banco Local de Voluntariado de Leiria, o perfil do voluntário é muito heterogéneo. “Temos muitos licenciados, estudantes, reformados, desempregados… há de tudo. Temos muitos estudantes que nem são de cá mas querem fazer alguma coisa, temos estudantes que vêm de Erasmus, temos licenciados desempregados à procura do primeiro emprego e que não querem ficar sem fazer nada, mas também temos pessoas com disponibilidade só em pós-laboral ou fim de semana e que são, portanto, pessoas que trabalham.” A técnica refere que há mesmo pessoas que não querem fazer voluntariado na sua área profissional, “querem experimentar outras áreas, entrar em contacto com outras realidades, experienciar coisas diferentes e também poder dar coisas diferentes de si, aos outros.” Para enumerar as mais-valias de ser voluntário, nada melhor que o testemunho dos que desenvolvem atividade. Para o Presidente do Banco Alimentar de Leiria, o voluntariado é “um bichinho que está cá dentro (…) é o prazer de ajudar”, Maria Teresa Ramos, acrescenta que “fazer voluntariado é uma terapia”, que a faz sentir-se útil. A voluntária Vanessa Guerra explica como a experiência no Banco Alimentar e no Hospital a ajudou no seu percurso de vida: “cresci imenso ao encarar as realidades que vivi, torna-me numa pessoa ainda melhor e fez com que desse mais valor às coisas. Acho que de facto o voluntariado faz crescer”. A par desse enriquecimento pessoal, existem também os laços afetivos que se criam entre o voluntário e as pessoas ajudadas. Segundo Vanessa, são “momentos marcantes que se vivem quando se faz voluntariado”, a partir dos quais se criam amizades que deixam saudade quando partem, “mas o que não falta são novas pessoas maravilhosas para conhecer”. Para Célia Pires, responsável pelo Banco de Voluntariado de Leiria, é importante sublinhar a dimensão cívica. Como refere: “Tudo o que venha fomentar a responsabilidade social é um acréscimo e é também a perspetiva de que a sociedade somos todos nós. Sobretudo nos jovens, despertar esta responsabilidade cívica é importantíssimo”. k

29 março 2012 DR

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KO Konsumo obrigatório

texto

Ana Vieira

João Diogo Santos

Funmácia A cura para todos os males chegou à cidade A Funmácia é a nova atração de Leiria. A loja situada no Mercado Santana pretende «aliar um lado divertido, as gomas, a um lado sério que é uma farmácia de verdade», garante Ana Carolina Palma, responsável pela loja de Leiria. Este é um conceito português que surgiu através de uma viagem que dois jovens fizeram a Barcelona após terem terminado o curso superior. Bruno Mendes e Ricardo Belchior conheceram a Dreampills e quiseram fazer algo parecido em Portugal. Depois das três lojas existentes na zona de Lisboa, a cidade do Liz foi a segunda a poder contar com os serviços deste já famoso estabelecimento, fazendo as maravilhas de miúdos e de graúdos. A responsável explica que as gomas e os sumos naturais são os únicos medicamentos da Funmácia. «Os clientes podem divertir-se enchendo os frascos com os doces de que mais gostarem e, no fim, colocar um dos nossos divertidos rótulos com títulos humorísticos», acrescenta. Inibidor de Mau Feitio, Potenciador de Amor, ou ainda, Estimulador de Sorte são três das curas que se podem encontrar. A escolha fica ao critério de cada cliente, em função do tipo de ‘doença’. Até para a crise têm remédio com a receita de Atenuador de Impostos. É com um sorriso no rosto que Ana Carolina Palma nos diz que «Leiria ainda não conhecia o conceito, só algumas pessoas é que conheciam as lojas de Lisboa e até agora a Funmácia tem tido boa aceitação». Não é para menos, uma vez que os preços são acessíveis, variando entre 1,70€ a 6,80€. Há disposição existem organizadores, blisters e boiões, com várias medidas. Há ainda os ‘Packs Emergência’ que são uma oferta divertida e em conta para as pessoas de quem mais gostamos. A marca Funmácia tem um ano e meio, mas o projeto não se fica por aqui. Os produtos têm sido requisitados para ocasiões especiais tais como casamentos, festas de empresas e batizados. Os produtos da nova loja prometem aumentar a motivação, a produtividade e a boa disposição. Afinal, sorrir é o melhor remédio! k


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SENTADO NO MOCHO

José António Cerejo

Kurtas Um político: Não consigo escolher nenhum

Uma referência: O meu pai

“Os jornais em papel podem vir a ser considerados um produto vintage” Texto Ana Neves Foto Sara Vieira

O sorriso afável e a simpatia não permitem adivinhar o cansaço e a solidão de muitas horas, dias e anos de pesquisa nalguns dos principais dossiês mediáticos em Portugal. Burlas em Câmaras, financiamento ilegal de partidos, diplomas irregulares de governantes ou desvios de dinheiro de empresas, tudo foi matéria de investigação e de notícias daquele que é um dos decanos do jornalismo português. Aos 62 anos, José António Cerejo é uma das referências do jornalismo de investigação em Portugal. Apesar do entusiasmo juvenil que tem por todos os assuntos quentes, há alguma desilusão com o rumo do jornalismo no país e no mundo.

Um livro: “A um Deus desconhecido” de John Steinbeck, que me faz recordar o meu pai

Uma música: “Grândola vila morena” de Zeca Afonso, que faz todo o sentido cantar atualmente

Um sabor: Vinho, gosto muito de vinho.

Trabalhou e fez a cobertura em casos relevantes ao longo da sua carreira. É difícil trazer a público notícias sobre os casos Freeport, a licenciatura de Miguel Relvas, os projetos arquitetónicos de José Sócrates, o trabalho Passos Coelho junto da Tecnoforma, entre outros? Há duas coisas. Trazer ao Público e a trazer a público. Trazer ao Público, jornal onde eu trabalho, nem sempre é fácil, como não é fácil trazer casos como estes a qualquer jornal, porque hoje em dia ninguém está muito interessado na verdade nem em jornalismo que incomode. Este tipo de trabalhos incomoda sempre alguém. Para quem tem poder de decidir o que se publica ou não publica, é mais fácil não incomodar ninguém. Já trazer a público estas coisas, divulgar, não é difícil nem fácil. Dá trabalho. Exige sobretudo persistência e alguma experiência para dominar um conjunto de técnicas e recursos. É preciso conhecer como se tem acesso a documentos que é suposto serem públicos, mas que, quem os tem, não gosta de os mostrar, embora tenha obrigação de o fazer. É preciso saber procurar e insistir.Depois há que saber aquilo que se quer. Aquilo que se procura é essencial para saber o que se procurar. Não é especialmente difícil, mas temos de ter algumas técnicas. E que técnicas são essas? Essas técnicas passam muito pelo conhecimento dos direitos dos jornalistas e dos cidadãos, e pela maneira como se põem em prática. São direitos que têm a ver com o acesso à informação porque para se chegar a essa informação não é preciso arrombar cofres de ninguém, nem cometer uma ilegalidade que não nos compete a nós, jornalistas, cometer. O essencial é saber onde é que

está a informação que é pertinente, saber qual é o ponto de partida e ter tempo e paciência para a encontrar. A internet agora serve para tudo. Há dois anos fazer um trabalho, como o que fiz nos últimos quatro meses sobre as ligações de Passos Coelho à Tecnoforma, ter-me-ia levado um ano e teria sido muito mais complicado. Os políticos são sérios? Os políticos não aparentam ser sérios. A imagem que a generalidade dos cidadãos tem dos políticos está extremamente degradada. Há uma percentagem muito significativa de políticos que podem ter muitas qualidades, mas a honestidade não costuma ser uma delas. Nem a honestidade em termos pessoais ou na forma como se relacionam com os outros nem no sentido mais estrito da palavra, a honestidade nos negócios e economia. Como é que um jornalista lida com a pressão? Um jornalista lida com a pressão da maneira que é capaz. Ou com muito ou com pouco stress; com ou sem a ajuda de um ansiolítico. Também se aprende a lidar com a pressão com a experiência. É também preciso ter muito claro o que é a função do jornalista e quais os seus direitos e obrigações, para que quando esteja a ser pressionado, ele saiba que está no seu direito. Se eu estou no meu direito, estou muito mais à vontade com a pressão. Uma outra coisa essencial é manter distâncias. Os jornalistas têm que saber que não são amigos e não devem beber copos com as pessoas que em determinado momento são fontes de informação. E com a crítica? Uma pessoa tem que a ter em conta, mas também não se pode deixar instrumentalizar pelos críticos


que muitas vezes não são desinteressados nem são ingénuos. Muitas vezes são organizados e exprimem interesses, por exemplo na blogosfera e nos sites dos jornais. Anónimos ou identificados, muitas vezes estão interessados na matéria que estão a comentar. As críticas têm que ser tidas em conta, só os burros é que não as têm em conta, mas uma pessoa tem que procurar perceber a natureza dessas críticas e fazer o seu juízo sobre a validade ou não. Se tivesse de escolher uma palavra para definir o jornalismo de investigação atualmente, qual seria? Raridade. Faz-se muito pouco. Há muitas coisas que são publicadas com o carimbo de jornalismo de investigação, e muitas vezes pouco têm a ver com investigação e até pouco a ver com jornalismo. Há trabalhos que são difundidos que não são mais do que sínteses de investigações feitas por outros, com ou sem isenção. Estou a falar de sínteses de trabalhos de investigação feitos pelas polícias ou pelo Ministério Público que depois dão direito a uma acusação. Muitas vezes há jornalistas que, com ou sem violação do segredo de justiça, resumiram o despacho de acusação ou pronuncia e dizem que é jornalismo de investigação, mas não é. Às vezes até são as fontes que divulgam estes casos junto dos jornalistas porque lhes interessa. O verdadeiro trabalho de investigação faz-se pouco porque dá trabalho, demora muito tempo e custa caro. Além disso, implica riscos, sobretudo para as empresas de comunicação porque essa investigação pode dar origens a problemas de vários tipos. Muitas vezes, surgem casos em que as empresas são obrigadas a pagar indemnizações. Em que medida é que jornalismo pode contribuir para a contestação social? O jornalismo não contribui diretamente para a contestação, mas contribui para que os destinatários adquiram informação e conhecimentos, que os levam a formar opiniões e a sentir necessidade de agir e de intervir na mudança das situações que consideram injustas. O jornalismo é uma fonte de cidadania, contribui para formar as pessoas enquanto cidadãos e enquanto interventores na sociedade em que estão inseridos. Todas as ditaduras anseiam por ter uma opinião pública ignorante, que não conhece nada e que nada dará porá em causa. Acredita no jornalismo de cidadão, a intervenção das pessoas no espaço mediático produzindo aquilo que consideram ser notícias? A intervenção dos cidadãos nas redes sociais e o envio de dados para os meios tradicionais é útil mas as pessoas que consomem informação com essa origem têm que perceber que é uma informação que está muito condicionada porque é produzida por pessoas que não profissionais da informação nem seguem quaisquer regras de conduta deontológica. São pessoas cujo trabalho pode ser muito interessante, mas muitas vezes não tem credibilidade. Qual é a relação das redes sociais com o jornalismo? Para os jornalistas, as redes sociais e os blogues devem funcionar como pistas de próximo trabalho e como fontes de informação. São muito úteis para essas coisas, tomando as devidas precauções. A crise económica levou a uma crise jornalística? As pessoas querem estar mais informadas? Numa situação como a atual as pessoas precisam, mais do que nunca, de informação para saberem com que linhas é que se hão de coser. É verdade que esta situação não ajuda a que essa informação se produza com a qualidade necessária. Com a crise, as fontes de receita dos meios de comunicação são profundamente afetadas. Com a falta de investimento, as empresas não anunciam, os leitores não têm dinheiro para assinar as publicações na internet nem para comprar as que estão na banca. As empresas têm enormes dificuldades em sobreviver e é óbvio que o produto que oferecem é um produto de menor qualidade quando realmente as pessoas precisam mais dele. Precisam mas não quer dizer que procurem, até pelo contrário. Quanto mais as pessoas estão afetadas na sua vida quotidiana, mais vontade têm em se abstrair consumindo outras coisas que as afastem do quotidiano.

O papel vai acabar? Só irão sobreviver as publicações online? A tendência é para a redução do peso da informação em suporte papel, mas imagino que há sempre meia dúzia de pessoas que gostam de sujar as mãos na tinta do papel. Não há dúvida que o papel vai tornar-se residual, mas o prazo ninguém o sabe determinar. Há modas que aparecem, e pode ser que qualquer dia os jornais em papel sejam considerados um produto vintage e que tenham muito sucesso. O Público despediu recentemente vários profissionais. Como lidou com o processo? Já está tudo dito sobre isso. Foi um processo que, do ponto de vista empresarial, tinha de acontecer. E aconteceu. Por mais que os que cá ficaram se esfarrapem, as consequências são óbvias para a qualidade do jornal. Esse processo poderia era ter sido diferente na maneira como foi conduzido. Podia ter sido conduzido com mais lisura e com mais humanidade e verdade. Talvez houvesse outras soluções para salvar este jornal, mas para isso era necessário outras pessoas nos lugares de decisão. Qual é a sua opinião sobre o P3? O P3 pertence a futuro no qual eu ainda não estou. Por aquilo que sei, e é muito pouco, acho que é um projeto muito interessante e que pode permitir a fidelização de leitores. O P3 pode ser uma maneira de interessar a um público mais jovem, pelos temas que aborda. E sobre o Inimigo Público? É verdade que vai acabar? Ainda não se sabe muito bem o futuro dessas páginas, mas acho que é um projeto interessante, que tem público e qualidade. É um complemento importante para um jornal sério, como o Público. Tem alguma situação que tenha marcado o seu percurso profissional? Há muitas. Para não recuar muito no tempo, talvez fale do despautério e pouca vergonha de José Sócrates, primeiro-ministro na altura, que teve de me vir insultar nas páginas do jornal onde trabalho a propósito de eu ter revelado coisas de interesse público, nomeadamente os dinheiros públicos, mas que ele queria manter em segredo. Quando comecei a publicar essas notícias que tinham que ver com financiamentos do Estado à Associação da Defesa do Consumidor (DECO), quando ele tutelava a área da defesa do consumidor entre 1999 e 2001, Sócrates escreveu um artigo neste jornal desacreditando-me e dizendo que eu padecia de um delírio mental. O artigo foi publicado com o meu acordo, mesmo depois de ele já ter exercido por duas vezes o direito de resposta, na certeza de que eu o iria pôr em tribunal por causa das ofensas que me fazia nesse artigo. O processo esteve seis, sete anos nos tribunais e terminou sem que nenhum tivesse que pagar nenhuma indemnização ao outro. O que me marcou mais foi um político sentir-se incomodado com a investigação de um jornalista. O que faz um bom jornalista? O principal requisito de um bom jornalista é a curiosidade, a sede de saber. Um jornalista que não é curioso, não tem vontade de saber, de perceber, dificilmente terá alguma coisa para contar. Julga que pertence a uma das últimas gerações de jornalistas? Não. Mesmo com o tal jornalismo de cidadão, terá que continuar sempre a haver pessoas que recolham, tratem e difundam a informação de acordo com regras profissionais e essa é a função do jornalista, tentando mantendo sempre a máxima objetividade possível. E considera que existe futuro no jornalismo de investigação? Depende da evolução do setor, das relações entre os patrões e empregados das empresas detentoras de meios de comunicação social e da evolução da tecnologia. A tecnologia está a evoluir de uma forma que permite reduzir os custos de produção de informação. Pode ser que seja possível fazer bom jornalismo de informação com meios relativamente escassos que não precisem de nenhum acionista que controle e que possa ser um travão à informação jornalística. Mas não se podem fazer futurologias. k

28 março 2013 DR

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KULTOS Diogo Fernandes

As vantagens de ser invisível A vida do estudante Charlie Kelmeckis (Logan Lerman), o protagonista de As vantagens de ser invisível (The perks of being a wallflower no original), assemelha-se à de muitos adolescentes. Apesar de se passar nos, não muito distantes, anos 90 (no tempo das cassetes de música e do vinyl), este filme espelha os mesmos problemas de rapazes e raparigas do nosso tempo. Charlie é o típico jovem tímido e não muito popular. Ao entrar no ensino secundário torna-se ‘invisível’ (ou uma wallflower), sem amigos, e vítima de bullying por parte de alguns colegas. Na primeira aula, a sua inteligência é reconhecida pelo professor de inglês: apesar de não participar, escreve as respostas (corretas) no caderno, algo que salta imediatamente à vista. No final da aula os dois conversam, sendo esta a primeira pessoa com que Charlie fala na sua nova escola. Ao revelar o seu sonho ao professor – ser escritor - ele começa a emprestar-lhe livros do seu gosto pessoal de forma a alimentar a cultura literária de Charlie. Ao assistir a um jogo de futebol americano, conhece os meios-irmãos Patrick (Ezra Miller) e Sam (Emma Watson) e consegue integrar-se no grupo dos ‘desajustados’. Numa festa com os seus novos amigos, Charlie ingere um brownie de cannabis e revela a Sam que o seu melhor amigo se suicidara há um ano atrás. Outro mistério da vida de Charlie, que apenas é revelado na reta final da história, é a relação que tinha com a sua tia que morreu num acidente, mas é presença constante ao longo de todo o filme. Sam, personagem interpretada por Emma Watson que ficou conhecida pela saga Harry Potter, torna-se a grande paixão de Charlie. Os dois partilham um gosto musical muito parecido, algo que os junta ainda mais. Já Patrick, o seu amigo homossexual, proporciona a Charlie momentos de diversão bem como de libertação, como por exemplo quando todos atuam na sua versão do The Rocky Horror Picture Show (musical de sucesso dos anos 90) e Charlie é convidado a participar. Retratando na perfeição a história de Charlie, a banda sonora revela-se um dos pontos fortes do filme. Ao ingressar na nova escola ouve-se Could It Be Another Change? da banda The Samples, fazendo transparecer a timidez do protagonista. Ao ver os seus amigos a dançar num baile ao som de Come on Eileen dos Dexys Midnight Runners, Charlie sai da sua ‘bolha’ e acompanha-os, no que se pode chamar uma ‘dança de liberdade’. Por fim e sendo uma das principais, senão mesmo a principal música do filme, surge Heroes de David Bowie, ouvida pelos três amigos num túnel e apenas identificada por eles no final do filme. Com ela, Charlie sente-se “infinito”. Abordando temas como a violência que a irmã de Charlie sofre durante o namoro, drogas, abuso de menores, bullying, homossexualidade, popularidade, sexo, entre outros, o filme consegue abranger muitos públicos e tocar qualquer pessoa. A problemática da adaptação de um livro ao cinema vê aqui algo pouco habitual: o autor do livro, Stephen Chbosky, escreveu o guião e realizou o filme, algo que joga a favor do produto final e lhe valeu uma nomeação para “Melhor Argumento Adaptado” nos prémios Writers Guild Awards (Prémios do Sindicato dos Argumentistas). Considerado pela crítica como um dos melhores filmes de 2012, As vantagens de ser invisível tem já um grande culto de fãs. Em Portugal, foi ontem lançado o DVD.k


8 Escolas do IPL apresentam oferta formativa

Um Dia Aberto a novos alunos No passado dia 13 de março, decorreu na Escola Superior de Educação e Ciências Sociais a iniciativa Escola Aberta. Com o objetivo de promover a oferta formativa, a iniciativa foi dirigida a alunos em fase de conclusão do ensino secundário ou de seleção da área educativa. “Os alunos dos ensinos secundário e profissional que nos visitaram puderam interagir com a exposição pedagógica, que reuniu os vários cursos ministrados”, referiu a docente Isabel Pereira, da equipa dinamizadora da Escola Aberta. Os alunos puderam ainda participar nas oficinas dinamizadas pelos estudantes de

Últimas Andreia Lucas

Conferência de Inovação e Segurança Alimentar Inovação, qualidade e segurança alimentar vão estar em discussão dia 19 de abril, na Escola Superior de Turismo e Tecnologia do Mar, em Peniche. A V Conferência de Inovação e Segurança Alimentar vai receber especialistas no campo da investigação alimentar para falar de questões como regras de rotulagem alimentar, fruta desidratada ou segurança alimentar no setor das frutas e hortícolas. As inscrições estão abertas a estudantes, profissionais e empresas do setor até dia 15 de abril. Programa disponível em: http://www.estm.ipleiria.pt.

cada curso, e segundo a docente, o balanço foi bastante positivo. Isabel Pereira explica que “esta é uma experiência construtiva e útil no processo de decisão vocacional e a ESECS/IPL pretende continuar a ter um papel ativo neste processo, enquanto Instituição de Ensino Superior”. A iniciativa Escola Aberta teve também lugar na Escola Superior de Tecnologia e Gestão. Nos dias 13, 14 e 16 de março, a ESTG abriu portas a alunos do ensino secundário, aos agentes de ação educativa e à comunidade civil e empresarial da região. A 15ª edição da iniciativa visou apresentar a oferta de cursos, os trabalhos e projetos desenvolvidos pelos estudantes. Foram também dinamizadas experiências laboratoriais, jogos e exposições. Na opinião do docente da ESTG, Hugo Abreu, que apela à continuidade da iniciativa, os objetivos foram concretizados, se se entender este evento como uma promoção dos cursos e também do próprio IPL. k

ON LINE

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Segundo lugar em Futebol 11 garante acesso às fases finais

Também nos dias 13 e 14 de março se realizou o II Torneio de Apuramento de Andebol Masculino em Aveiro. Com oito equipas em competição e apesar de todo o esforço e dedicação, a equipa do IPL não conseguiu apurar-se para as meias-finais, ficando no 7º lugar na classificação geral.

http://www.tapasnalingua.com

Após os resultados obtidos no I TA de Futebol de 11 em Vila Real e Coimbra, os atletas do IPL voltam a dar que falar. Desta vez no II Torneio de Apuramento para o Campeonato Nacional Universitário, realizado nos dias 26, 27 e 28 de fevereiro, em Viseu, onde oito equipas universitárias disputavam uma ida à final do Torneio. As equipas deram o seu melhor dentro do relvado, apesar do frio que se fazia sentir. Após alguns dias de eliminatórias e várias vitórias, a equipa do IPL chegou à tão esperada final onde acabaria por perder através da marcação de grandes penalidades, por 5-4. Ainda assim, a equipa conseguiu um honroso 2º lugar que lhe permitiu o acesso directo às Fases Finais a decorrer no mês de abril na cidade da Covilhã. No andebol, a Associação Académica da Universidade de Aveiro recebeu o II Torneio de Apuramento de Andebol Feminino nos dias 13 e 14 de março, onde quatro equipas disputaram o apuramento para a Fase Final do Campeonato. As várias vitórias levaram a equipa do IPL ao primeiro lugar, conseguindo presença imediata na Final de Andebol Feminino que irá decorrer em abril, na cidade da Covilhã.

DR

Texto Adriana Meneses

Snowboard & Surf Já no dia 2 de março, realizou-se o Torneio Nacional Universitário de Snowboard na Torre na Serra da Estrela, organizado pela AAUBIAssociação Académica da Universidade da Beira-Interior juntamente com a Federação de Desportos de Inverno. O IPL fez-se representar pelo atleta João Luís Almeida, que competiu com outros 16 atletas no sector masculino. Apesar do atraso inicial, o atleta fez representar da melhor forma o Instituto Politécnico de Leiria, ficando no 12º lugar. O próximo evento será o Campeonato Nacional Universitário Surf a decorrer nos dias 6 e 7 de abril na Praia do Marcelino, Costa da Caparica. Patrocinado pela Fuel Tv, SurfTotal e Mega Hits, o Festival contará com a inscrição dos atletas até dia 2 de abril. k

YouCook Dirigido por amadores apaixonados pela arte de cozinhar - o site YouCook contém propostas de refeições completas, desde a entrada até à sobremesa. A simplicidade dos pratos, adequados aos orçamentos familiares, faz com que o YouCook seja um sucesso, somando mais de 12 mil seguidores. Já fizeste o jantar? k

http://www.youcook.pt

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A Escola Superior de Educação e Ciências Sociais está a organizar a Conferência Internacional Investigação, Práticas e Contextos em Educação. A conferência decorre a 10 e 11 de maio e visa contribuir para o avanço da teoria e prática em educação promovendo a colaboração entre investigadores, professores e estudantes. O objetivo é discutir desafios e soluções para os mais diversos problemas e contextos no mundo da educação. Serão abordados temas como Desenvolvimento Comunitário, Educação à Distância, Experiências na formação inicial de professores, Supervisão escolar, Multiculturalidade e Diversidade Educativa, Organização escolar e gestão curricular, Políticas Educativas e Formação ou Tecnologias na Educação. Mais informação disponível em http://sites. ipleiria.pt/ipce2013. k

Da autoria de Ana Morais, o blogue Tapas na Língua nasceu há dois anos. Entre temas como a fotografia, viagens e culinária, o leitor Daniela Carmo pode perder-se pelas paisagens vietnamitas, pelos sabores portugueses ou por imagens do dia-a-dia captadas pela autora. Com mais de 4 mil seguidores, o Tapas na Língua é já um blogue de referência para quem gosta de apreciar sabores e paisagens.

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Conferência Investigação, Práticas e Contextos em Educação

a fechar

Tapas na Língua

Concursos Click pela Inclusão e Zoom pela Inclusão O concurso de fotografia Click pela Inclusão e o concurso de vídeo Zoom pela Inclusão pretendem incentivar o desenvolvimento de trabalhos inovadores pela sua capacidade de expressão e divulgação no domínio da inclusão. Na categoria de fotografia podem ser submetidas imagens centradas na expressão (que captem rosto ou movimento humano) e imagens centradas no momento (que captem manifestações de inclusão). A categoria audiovisual está aberta a produtos de ficção, animação, documentário ou experimental. Os trabalhos podem ser submetidos até 15 de junho e os participantes deverão ter um vinculo ao Instituto Politécnico de Leiria ou a um dos Parceiros do projeto IPL (+) Inclusivo. Mais informações em: http:// maisinclusivo.ipleiria.pt/.

Andresa Cardoso


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