Afrontamentos 5

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Depois do Espaço t, surge a Quase Galeria Espaço t, espaço de integração pela arte, numa perspectiva de inclusão total, sem tabus, estereótipos, preconceitos e tudo aquilo que segrega o valor humano. Valorizamos apenas a aceitação incondicional do outro. Numa perspectiva transversal da sociedade, dos ricos dos pobres, dos coxos aos esteticamente intitulados de belos, todos cabem no conceito. Num mundo cada vez mais desumanizado, solitário, onde todos são “colocados em gavetas”, verificamos que o homem apenas representa o papel que lhe é dado, e quase nunca mostra o seu verdadeiro interior. Com o Espaço t, aqueles que por ele passam ou passaram, crescem e entendem que o verdadeiro homem não é o do “gaveta” mas o do seu interior e entenderam também o que há na sua verdadeira essência, quer ela seja arte bruta, naife ou apenas arte de comunicar, é por si só a linguagem das emoções, a linguagem da afirmação do maior valor humano. O pensar e o libertar esse pensamento crítico sobre uma forma estética. Esse produto produz uma interacção entre o produtor do objecto artístico e o observador desse mesmo objecto; promovendo assim sinergias de identidade e afirmação melhorando dessa forma a auto estima e o auto conceito daqueles que interagem neste binómio e se multiplica de uma forma exponencial. Este é o Espaço t, E apesar de sempre termos vivido sem a preocupação de um espaço físico, pois sempre tivemos uma perspectiva dinâmica, e de elemento produtor de ruído social positivo, ruído esse que queremos que possa emergir para além das paredes de um espaço físico. Apesar de não priorizarmos esse mesmo espaço físico, pois ele é limitador e castrador foi para esta associação importante conseguirmos um espaço adaptado às necessidades reais e que fosse propriedade desta associação que um dia foi uma utopia. Com a ajuda do Estado, mecenas, e muitos amigos do Espaço t, ele acabou por naturalmente surgir. Com o surgir do espaço do Vilar, outros projectos surgiram tendo uma perspectiva de complementaridade e crescimento desse espaço, que apesar de real o queremos também liberto desse conjunto de paredes, fazendo do espaço apenas um ponto de partida para algo que começa nesse espaço e acaba onde a alma humana o quiser levar. Surgiu assim a ideia de nesse lugar criarmos outro lugar, também ele figurativo embora real, chamado Quase Galeria. Uma galeria de arte contemporânea com um fim bem definido: apresentar arte contemporânea Portuguesa nesse espaço, dentro de outro espaço, onde cada exposição será uma fusão de espaços podendo mesmo emergir num só espaço. Com este conceito pretendemos criar uma nova visão do Espaço t, como local onde outros públicos, outros seres podem mostrar a sua arte, desta vez não terapêutica mas sim uma arte no sentido mais real do termo que forçosamente será também terapêutico, pois tudo o que produz bem estar ao individuo que o cria é terapêutico. Com o apoio das galerias: Graça Brandão, Presença, Reflexus, Modulo, 3 em 1, Jorge Shirley e com a Comissária e amiga Fátima Lambert, temos o projecto construído para que ele possa nascer de um espaço e valorizar novos conceitos estéticos contribuindo para a interacção de novos públicos no espaço com os públicos já existentes promovendo assim, e mais uma vez a verdadeira inclusão social, sem lamechices, mas com sentimento, estética e cruzamentos sensoriais humanos entre todos. Queremos que com esta Quase Galeria o Espaço t abra as portas ainda mais para a cidade como ponto de partida para criar sinergias de conceitos, opiniões e interacções entre humanos com o objectivo com que todos sonhamos – A Felicidade. Jorge Oliveira O Presidente do Espaço t


AFRONTAMENTOS 51 Beatriz Albuquerque, Sónia Carvalho, João Cortez, Ynaie Dawson, André Fradique, Ana Fradique, João Galrão, Susana Guardado, Vanessa Muscolino, Catarina Patrício, Aldo Peixinho, Manuela Pimentel, Pauliana Valente Pimentel, João Pedro Rodrigues, João Vilhena “…O mundo quer distracção mas é preciso perturbá-lo perturbá-lo, perturbá-lo (…) Com o objecto do espírito contra o lixo do espírito com a obra de arte contra a sociedade contra a estupidez…”2 Nos inícios do séc. XX proliferaram manifestos, ultimatums, proclamações, lançados por grupos de artistas ou assumidos por artistas isolados. Entre todo uma panóplia de discursos empolgados ou de sistematizações acutilantes e lúcidas, os princípios que pautavam as actuações dos seus respectivos autores, pretendia-se atingir um público que estava por decidir. Ou seja, a noção de público(s) conformava-se enquanto uma soma de indivíduos, desconhecedores na sua quase totalidade, do que fosse arte, cultura – fossem estas fenómenos de modernidade ou vanguardas. Em cartas publicadas posteriormente, em diários ou outro tipo de registos intimistas e para “circuito fechado”, alguns modernistas portugueses assumiam-se como uma elite, cientes da incompreensão que suscitavam através da divulgação das suas ideias. O mais importante, como já afirmei noutros estudos e textos, foram os actos quanto as ideias mais do que as obras – no caso de alguns dos protagonistas de Orpheu e de Portugal Futurista, a titulo de exemplo. Ao longo do século passado, atravessando acontecimentos históricos irreversíveis e ideologizações (dês)necessárias, os artistas não largaram suas convicções e persistiram em anunciar utopias (nalguns casos), consolidar denúncias, promover actuações e apresentar produções artísticas. Enfim, geraram obras, fossem estes de valência mais estritamente conceptual ou sustentada em fisicalidades matérico-formais. As consequências traduzem-se na pluralidade e riqueza do património artístico-estético que nos procede e que, simultaneamente, nos situa…Ainda que, este “situar” possa ser alocalizável, deslocável e fugaz, verificando-se, pois e sem grande margem a dúvida, qual a extensão e pregnância entre espaço, tempo e movimento… Tanto quanto as publicações artísticas (suporte digital ou convencional) são imprescindíveis para propagar axiologias e obras, mais são convenientes acções conjugadas para apresentação autoral. Assim, entendo a presença assídua em diferentes espaços e locais das diferentes edições dos Afrontamentos, salvaguardadas as diferenças que o Zeitgeist e o Umwelt lhes conferem. Este colectivo de artistas inclui pessoas de diferentes gerações, embora de grande proximidade, manifestando-se em complementaridades de linguagens plástico-visual e em consecuções (numa leitura formalista e simultaneamente semântica) gratificantes e prospectivas. [Confronte-se o texto de apresentação, assinada pelo próprio colectivo, enuncia desde logo, os pressupostos e directrizes que têm orientado o desenvolvimento das suas ideias, desempenhos e concretizações autorais. Abstenho-me pois de repetição, remetendo para a sua leitura atenta e disponível.] As obras que integram Afrontamentos 5 desenham uma consciência societária e pessoal que não colidem ou se ignoram, antes angariam forças e geram sinergias inesperadas. Atendendo 1

O colectivo Afrontamentos tem vindo a apresentar-se em diferentes espaços, de Sul a Norte (e por aí…), integrando um número não regular, nem permanente… de artistas “residentes”. Além dos elementos que participam neste colectivo desde a 1ª edição, tem como característica endereçar convite a outros jovens criadores portugueses e de outros países. A edição 5 de Afrontamentos irá alastrar pela quase galeria, estendendo-se a outros espaços no Espaço T…saindo para fora e dentro…afrontando as leis da gravidade curatorial… 2 Thomas Bernard, Minetti, Paris, L‟Arche, 1983, pp.31-32 3


aos conteúdos iconográficos ou organizando racionalmente o que deles emana em estado de “ver mais puro e descontaminado”, confrontamo-nos com oposicionalidades, com redefinições de género e decisão, pela via de depoimentos específicos e particulares. Mas também, e mediante essas especificidades individuais, reconhecem-se compulsões e arquétipos que atravessam a condição existencial do humano. Um “humano” que de anónimo nada tem, embora ser susceptível de um processo de projecção/introjecção/…como bem se sabe. É questão de emissão estética promovida por uma intencionalidade sólida, quando de uma recepção diferenciadora, de acordo com o desconhecimento de quem sejam, precisamente os receptores, mas também a certeza de que sejam alguns deles – os utentes do Espaço T. A acção e produções do colectivo Afrontamentos permite convocarem-se as afirmações de Thomas Bernard, no seu texto dramático, Minetti:

“…Os artistas têm todos medo medo medo Arte e medo Esses homens decidem o curso da história Feridas recíprocas, sabeis Declamam em voz alta (…)3 O público que Afrontamentos pretende promover, incentivar é esse público constituído pelo “espectador activo”, como assim o designou Antoni Tàpies. Ou seja, é missão dos artistas induzir a novas assunções de si mesmo, de si na sociedade, novos desígnios e procedimentos, enfim, ao desempenho actuante sobre o “mundo”, contrariando estereótipos, convencionalismos, verdades supostas e/ou atávicas:

“Perante uma verdadeira obra de arte, o espectador há-de sentir-se obrigado a fazer um exame de consciência e a pôr em dia as suas antigas concepções. O artista deve-lhe fazer compreender que o seu mundo era estreito e abrir-lhe novas perspectivas. Isto é: levar a cabo uma autêntica obra humanista.”4 Os artistas, através das obras que se apresentam nesta mostra, convocam e utilizam sinais, cifras e codificações, ícones simbólicos, cuja origem, na maioria dos casos, retrocede aos estados mais primordiais do humano sobre terra. Assim mesmo, sua genuidade, compulsividade ou emergência, se revelam como as mais prioritárias e imprescindivéis, pois reúnem, se alimentam e nutrem – em sobreposição - as circunstâncias irreversíveis, as forças inultrapassáveis de Eros e Thanatos. Trata-se de arquétipos que reconfiguram as argumentações de C.G.Jung. Por vezes, as suas formas são “impostas” pela natureza, quer a vegetal, outras são sinais inventados para cifrar conteúdos. Mas há casos em que pelas constantes repetições e utilização destes sinais em contextos semelhantes, as “fórmulas” de associações se tornam facilmente legíveis.

“Mas a palavra”matéria” permanece um conceito seco, inhumano e puramente intelectual, e que para nós não tem qualquer significação psíquica. Como era diferente a imagem primitiva da matéria - a Mãe Grande - que podia conter e expressar todo o profundo sentido emocional da Mãe-Terra !”5 Maria de Fátima Lambert Lisboa, Março 2009

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Thomas Bernard, Minetti, Paris, L‟Arche, 1983, p.20 Antoni Tàpies, La Pratica del Arte, Barcelona, Ariel, 1971, p.20 5 Carl C. Jung, O Homem e seus Símbolos, Botafogo, Ed. Nova Fronteira, 1987, p.94. 4

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Projecto colectivo, o qual vários artistas plásticos apresentam uma obra cujo conceito "Afrontamentos" serve como matriz. Esta palavra ambígua, ganha uma particularidade plástica e conceptual ao confrontar o público com várias soluções em que é esperada uma reacção activa e não indeferente por parte deste, podendo variar do encantamento ao espanto, do erotismo à reflexão social. A intimidade é aqui questionada, assim como o conceito de espaço enquanto galeria ou espaço cultural, tendo as soluções artísticas a capacidade de o transformar, tal como o espectador, afrontado. Este Projecto pretende inter-agir com alguns centros culturais, museus e galerias, como no exemplo de "Afrontamentos 1", dupla de André Fradique e Vanessa Muscolino, na Galeria Projecto de Vila Nova de Cerveira e em "Afrontamentos 2" na Casa da Guia em Cascais, neste caso uma colectiva. Este projecto, não pretende ficar limitado a um único espaço físico, nem incluir sempre os mesmos artistas no seu projecto, conseguindo assim uma versatilidade e continuação, cruzando experiencias de norte a sul do país por parte dos artistas e do público.

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Aldo Peixinho

1- Henri Miller - Tinta plástica, óleo e acrilico sobre papel fabriano (250gramas), 70x50 cm 2- Kafka -Tinta plástica e acrilico sobre aluminium, 62x44 cm 3- Antinoo - Serigrafia sobre papel Fabriano (250 gramas), 47x29,5 cm Esta mini-instalação, composta por três peças, foi elaborada, tendo como referência obras literárias, respectivamente: “Sexus” de Henry Miller; “Aforismos” de Franz Kafka; “As memórias de Adriano” de Marguerite Youcenar. As confissões de Miller fundamentadas na sua prática tradicional, vestidas de um carácter inovador. Citando Jorge de Sena em Maquiavel e outros estudos: De um rigoroso ponto de vista, toda a gente se revela, queira ou não, mesmo em obras inteiramente alheias a qualquer intuito revelador, ou qualquer proximidade imediata com a experiência individual do autor como homem. O que nos choca é no fundo as revelações do íntimo. Cada ser humano as tem. É o íntimo, o obsceno, o “porco”. O escândalo é a experiência humana, está inerente no homem e na obra choque em Sexus, é uma visão, são sentimentos. O que me fascina é a sua pureza, é transparente como a água. Segundo Walter Benjamin, Kafka, é o comentário. Faltas de presença, vazios interiores, silêncios, omnipresenças, o significado colado às suas parábolas tornando a língua rasa como um profeta silencioso, um sábio como diria Kundera nos ensaios de Os Testamentos Traídos. A sua parábola é assim, existe, algo que ocupa o lugar de outra coisa, é alargado e projecta a sua própria dimensão, mostra-nos um caminho, é evidente. Mas no fundo é outro, é uma pirueta, é uma manobra de distracção, belas imagens de pensamento, tendo um sério problema de culpa…Como escreve Agamben, é vergonha, é o cunho humano, seriamente humano é o modernismo do homem moderno confrontado com o seu espelho interior. As Memoires d’ Hadrian (memórias de Adriano) de Marguerite Youcenar de1951é um objecto ímpar de escrita, uma obra duma beleza estonteante. Marguerite coloca o imperador Adriano a falar na primeira pessoa relatando as suas memórias. O que eu retiro desta peça é o amor de Adriano por Antinoo o seu amado “a criança” como lhe chamava, e é na realidade o capítulo mais importante da obra. O amor (...este jogo misterioso que vai do amor de um corpo ao amor duma pessoa pareceu-me suficientemente belo para lhe consagrar uma parte da minha vida...) é uma experiência comunitária entre dois seres humanos. Porém as relações entre homem e homem, ou entre as pessoas, acabam por aparecer reduzidas ao vazio, ao indiferente, estão isoladas tornam-se impenetráveis. É o mal do homem moderno, é a solidão, que está nas nossas raízes mais profundas e não existe cerimónia social, nem política que faça desaparecer com facilidade. Este amor acaba duma forma trágica com o suicídio de Antinoo. Em sua honra Adriano manda construir uma cidade com seu nome, igualando-o a um deus tornado divino. A terceira peça é precisamente o tronco da escultura monumental de Antinoo mandada erguer por Adriano em sua homenagem. A peça foi feita a partir de uma foto tirada pelo artista António Mira. A leitura deste trabalho é uma visão um pensamento, um ensaio visual que requer uma visão sem preconceitos, sem barreiras, numa tentativa de romper a solidão, de infiltrar uma espécie de mensagem de descoberta dos nossos mais profundos laços humanos independentemente do sexo, procurando uma possibilidade de auto-libertação do ser humano chamando a afectividade humana à poesia do amor, do apelo social à espiritualidade. Aldo Peixinho - Lisboa, 26 de Fevereiro de 2009

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Beatriz Albuquerque

BUTt, 2008, vídeo performance (Chicago) Esta video-performance explora a repetição do mesmo movimento da zona das nádegas, que se costuma ver nos shows de pin-ups masculinos.

João Cortêz

Édipo segundo Jocasta (Quem sai aos seus), 2009 - Acrílico sobre tela, 205x145 cm A obra que apresento faz parte de uma série que tenho vindo a desenvolver a partir do texto “Rei Édipo” do clássico dramaturgo grego Sófocles. Que conta a história do indivíduo que mata o pai e depois se casa com a mãe. Nesta série tenho feito uma espécie de encenação pictórica. Procuro construir imagens a partir de, e, com as palavras do texto. Tal como no teatro é na repetição e no ensaio da palavra que desenvolvo a obra. Esta obra faz parte da ultima fase, onde comecei a procurar o rosto das personagens. Nela apresento um possível retrato de Édipo desenvolvido a partir de uma fala de Jocasta mãe-esposa do protagonista onde ela faz uma descrição de Laio, seu ex-marido-pai: _”Era alto e na cabeça começavam a surgir-lhe as cãs.De figura não era muito diferente de ti.”_ Esta fala permite-nos visualizar uma personagem que não entra em cena, que não aparece no quadro, e remete para o seu próprio seio familiar o observador. A imagem de Édipo corresponde a de Laio com uma diferença de idades pelo meio, tal pai tal filho.

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João Galrão

Pilão, 2009 - Madeira, 180x94x16 cm Pilão é uma peça em laminado de madeira, em que uma silhueta de um pénis em forma gráfica é apresentado. O seu interior é vazio e a forma oca. A representação deste símbolo tem sido uma constante no ponto de partida dos meus trabalhos no Projecto Afrontamentos. Interessa-me as questões associados ao comportamento social e a moral em relação a este símbolo, e ao preconceito e tabus associados, geralmente pouco aceites na comunidade e olhados e interpretados como negativos e mesmo censurados na nossa sociedade contemporânea. Em contraponto este símbolo era usado na nossa antiguidade como culto pagão em que o "falo" era usado como símbolo de fertilidade e união das culturas ancestrais.

João Vilhena

Untitle Fuck of 1/ 2, 2009 – acrílico s/ madeira, 100x76x7cm/71x71x7cm Integrado nas interrogações sobre género, João Vilhena refugia-se no rigor essencialista para fazer considerações sobre o tema " Afrontamentos", tema esse da autoria do artista e comissário João Galrão, para esta mostra. O trabalho de João Vilhena, desloca-se em considerações relativas á pintura e fotografia. Em trabalhos anteriores foram visitados temas, personagens e pontos de vista. Actualmente a pintura de João Vilhena, avança num discurso sobre o que não se vê. Cada pintura tem dezenas de camadas de acrílico e aguada sobre madeira para remeter para o universo dos anos 30, durante a grande recessão.

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João Pedro Rodrigues

Discussão, 2009 - Receptáculo em Vidro, Base em Ferro, Motor de Oxigenação, Vidro Estilhaçado, Pedras, Madeira , Peças em Cerâmica e Água, 1,90x0,30x0,30cm Discussão - Projecto “Universos” 2009 João Pedro Rodrigues expõe " Universos". Neste seu último ensaio, tenta recriar diferentes realidades, lugares e situações. Liga os elementos da natureza: a Água, a Terra, o ar e a luz. Em receptáculos de vidro, surgem elementos vegetais suspensos numa atmosfera auto sustentável isolados da presença humana, noutros, o Homem discute num ambiente invertido, isolado e despojado de vida... No trabalho “Discussão” João Pedro coloca num ambiente estéril um trio de humanos com diferentes visões acerca de realidades que os rodeia, a eterna discussão, a imposição dos seus universos, o enraizamento de conceitos que os torna incapazes de aceitar outras esferas.

Pauliana Valente Pimentel e Catarina Patrício

Sem título, sem data - Técnica Mista S/ papel, 112X250cm

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Manuela Pimentel

Os jardins são de cimento? 2007, Técnica Mista s/tela (resina s/acrílico s/cartazes), 120x 150cm Fixação Proibida É nas paredes frias que se reflectem as marcas do tempo. Nas intervenções públicas urbanas do nosso quotidiano, com e sem consciente de sentido. As ruas transformam-se em corredores sem tecto, nós em habitantes avulsos. As paredes parecem habitar-nos por fora! O meu trabalho reflecte-se na luz dos Azulejos, e o que escuto é a minha crítica sobre o que vejo. Num encontro casual e inesperado dos sentidos, leituras e significados, são os pontos que me motivam e conduzem à prática da repetição da mensagem: uma forma de leitura visual contínua inserida num contexto real da sensibilidade e observação. Tenho nos azulejos portugueses o meu pretexto, transmitindo o que nos dizem as ruas. As fachadas, bem como os cartazes que maltratam os azulejos, são aqui expressões do que as paredes nos dizem. A comunicação, os folhetos informativos, os grafittis ou as manifestações das pessoas, que quando já não têm azulejos semelhantes colocam outros no seu lugar, fazem também parte deste universo. É uma procura de um percurso nestes desenhos, mensagens, nos ritmos da repetição existentes à nossa volta, em lugares como a Baixa Portuense ou o Bairro Alto em Lisboa, o que se respira entre paredes que falam através das intervenções que se inscrevem desenfreadas pelas fachadas de Azulejos Tradicionalmente Portugueses. E então encontro a minha observação envolta das histórias das coisas e do que resultam, são estes os pontos que entranham a minha vontade de falar mais alto, de sentir e de gritar...

Susana Guardado

Fama #01, 2009 – Papel, 50x60 cm / 70x50 cm Carta de recomendação do critíco Alexandre Melo para candidatura de Susana Guardado ao "Projecto em Curso" no Rio de Janeiro, Brasil, 2008/2009, mais declarações escritas dos seguintes artistas: Carla Cabanas, Catarina Botelho, Miguel Bonneville e Ynaiê Dawson, sobre a referida carta. 10


Sónia Carvalho

N a t u r a l B o r n K i l l e r # 1, 2006 - L a m b d a P r i n t, 98cm x 102cm N a t u r a l B o r n K i l l e r # 2, 2006 - L a m b d a P r i n t, 98cm x 102cm “A prática de Sónia Carvalho (1978) ancora-se em múltiplos meios de expressão, embora sobressaiam a pintura e o desenho. Porém, é o potencial da dimensão performativa que a artista explora – por exemplo, as intervenções de natureza pictórica remetem para a performance, entendida enquanto acção individual ou colectiva que envolve quatro elementos fundamentais: tempo, espaço, o corpo do(a) performer e o relacionamento existente entre este(a) e o público. Daí que o plano da imagem, tanto nas suas pinturas como nos seus desenhos, consista na representação de um dado personagem, a maioria das vezes protagonizado pela própria artista, a executar uma qualquer acção. A silhueta gizada através da linha, em traço próximo da estética underground típica das fanzines, complementa-se com as extensões corporais esboçadas pela mancha, que caracterizam tanto física como psicologicamente o(a) retratado(a). Trata-se de objectos de uso quotidiano, evocativos do modelo comunicacional definidor da contemporaneidade, como megafones, que aumentam o desempenho do corpo quando a ele acoplados, instituindo-se em metáforas da conexão verificada entre a artista e o espectador dos seus trabalhos. (...)” Miguel Amado, revista internacional de arte contemporânea “ExitExpress”, Maio de 2006.

André Fradique

Magna Mater, 2009 – 121x11x56cm - fibra de vidro, madeira, ferro e flores. Esta peça é um ícone que questiona e faz a inversão conceptual das influências dos cultos populares portugueses. 11


Vanessa Muscolino

I’m so happy!, 2009 – 38 folhas A4, papel e tintas de água, dimensões adaptáveis Conheci hoje o espaço T (desculpem-me a ignorância) e para dizer com franqueza fiquei Toda AfecTada de sorrisos e alegria. Numa sociedade em que o T (ideológica e politicamente aceite) de Ter se sobrepõem ao S de Ser confesso sem pudor que a minha peça “I‟m so happy!” encontrou-se aqui… na medida possível em que as peças encontram “o seu” espaço também. Esta peça teve como motor de arranque a queda voluntária mas radical na simplicidade; na vontade de partilha; no desejo de dádiva. Para o efeito, utilizei materiais comuns, baratos e quotidianos (tintas de água, papel A4). Poderei dizer que o paredão I‟m so happy! é o resultado materialmente possível da falta de artifício absoluto a que propus no último ano. No sentido em que a(s) arte(s) é, no seu extremo, o manuseamento hábil e sociológico do artifício, este T (decidido hoje) encontra-se no pólo oposto, usando da minha liberdade enquanto artista. T de tinta, T de trabalho, T de Tu e eu (em alguns dias de tola também)… E T de todos, onde os bichos/pessoas podem ter em simultâneo, pernas e asas, riscas ou bolas, duas, três ou quatro patas! Árvores com olhos ou cactos que afinal querem ter focinho. Este “I am so happy!” (ele mesmo) transformado em T como agradecimento a vocês Espaço T! Bem hajam!

Ana Fradique

Branca de neve e não só - 4 fotografias, 40x60 cm (cada) Branca de Neve e Não Só é uma série de fotografias em que um homem e uma mulher se encontram nus sobre a superfície de um lago gelado. Juntos suportam o contacto directo da pele com a neve que os rodeia. Hesitam procurar outro lugar ou ficar ali, no imenso branco e despovoado. Talvez não possam escapar à brutalidade do longo Inverno, nem ao desejo um do outro. Este trabalho, cujo título pode ter várias leituras, troca a condição humana por animal, e leva a relação com a natureza ao extremo do choque térmico.

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Ynaie Dawson

Eros x Thanatos, 2009, madeira e maças, tinta dourada comestível, dimensões variáveis. A instalação consiste em uma maçã, feita em madeira maciça, ligeiramente agigantada, com as letras a, m, o, r, t, e, inscritas em seu redor, podendo-se ler „amor‟ e „morte‟. Ela encontra-se suspensa em meio a uma série de maçãs verdadeiras, douradas (com corante comestível), também elas suspensas no espaço, gravitando à espera de serem colhidas e degustadas pelo público. A eterna relação dialéctica entre amor e morte é explorada nessa peça a partir da simbologia em torno da maçã: uma primeira referência diz respeito à maçã da discórdia, que dá origem ao início da guerra de Tróia. Quando Paris, príncipe desta cidade, é incumbido de oferecer uma maçã de ouro à deusa mais bela entre Afrodite, Hera e Atena, ele acaba por escolher a deusa do amor e, em troca, é-lhe oferecido o amor da mortal mais bela, Helena. Entretanto Helena é casada com Menelau, rei da Grécia e o rapto dela por Paris faz com que Menelau, enfurecido, resolva invadir Tróia para resgatá-la, dando início à guerra entre gregos e troianos. Uma guerra, que por mais razões politicas que estivessem em causa, acaba por ser impulsionada pelo amor... A proposta de oferecer as maçãs diz respeito já à segunda referência (inevitável), da maçã enquanto símbolo do conhecimento. Tendo em consideração a origem etimológica das palavras „saber‟ e „sabor‟ – o vocábulo latim sapere – proponho o compartilhar do saber através do sabor, a partir de uma reflexão entre as associações do amor com a morte e a violência.

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Aldo Peixinho Nasceu em Cascais em 1976. Vive e trabalha em Lisboa. Frequentou o Centre Culturel de Boulogne-Billancourt. aldopeixinho@gmail.com João Galrão Nasceu em Sintra, 1975. Vive e trabalha em Lisboa. 1993/1996 - Curso de Conservação e Restauro do Património Edificado na EPRP de Sintra, Portugal 1996/2001 - Curso Avançado de Artes Plásticas do Ar.Co, Lisboa, Portugal www.galeriagracabrandao.com/ galgb@mail.telepac.pt http://thechemistry.cz www.joaogalrao.blogspot.com www.myspace.com/joaogalrao www.joaosintra.multiply.com Beatriz Albuquerque Nasceu no Porto em 1978. Vive e trabalha no Porto e Chicago. Licenciatura em Design (2003) Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto. 
2006 Master of Fine Arts, the School of the Art Institute of Chicago. beatriz_albuquerque@hotmail.com www.beatrizalbuquerque.web.pt Galeria 3m1: http://www.3m1arte.com Sónia Carvalho Nasceu em Fermonde em 1978. Vive e trabalha no Porto. Licenciada em Artes Plásticas pela Escola Superior de Arte e Design das Caldas da Rainha e em Pintura pela Escola Superior Artística do Porto. Bolseira do programa Erasmus pela Faculdade de Belas Artes da Universidade Complutense de Madrid. Actualmente lecciona na Escola Superior Artística do Porto (extensão de Guimarães). Rua da Igreja, 584 - 4415 - 106 Sermonde info@soniacarvalho.com www.soniacarvalho.com Galeria Plumba: www.plumba.net Ynaiê Dawson Nasceu em São Paulo, 1979. Vive e trabalha em Lisboa. Maumaus – Escola de Artes Visuais, Lisboa, 2006-2007; Pós-Graduação em Fine Art Media, Slade School of Fine Art, UCL, Londres, 2003-2004; Fotografia, UNESA, Rio de Janeiro, 1999-2002. Rua de São Marçal, 101 / 1o 1200-420 Lisboa/Portugal +35 1 91 788 1734 ynaie.dawson@gmail.com http://ynaiedawson.blogspot.com Manuela Pimentel Nasceu no Porto em 1979, onde vive e trabalha. Bacharel do curso de Desenho da Escola Superior Artística do Porto (99/02). Licenciatura em Artes Plásticas, com especialização em Litografia, Serigrafia e Arte Multimédia, na ESAP(02/03). www.impressoesderisco.blogspot.com www.joaopedrorodrigues.com – galeria 14


André Fradique Nasceu em Lisboa em 1976, onde vive e trabalha. 2001 - Bacharelato em Realização Plástica do Espectáculo, Escola Superior de Teatro e Cinema, Lisboa 1996 - Curso Técnico de Conservação e Restauro, Escola Profissional de Recuperação do Património de Sintra, Especialização em Pedra. 1994 - Trabalho de escultura no Centro Internacional de Escultura, Pêro Pinheiro. 1993 - Curso de Desenho com o mestre de escultura Anjos Teixeira, Casa-Museu Anjos Teixeira, Sintra R. da Pedra Abelha, 71, Negrais 2715-334 Almargem do Bispo – Sintra andrefradique@hotmail.com http://www.andrefradique.blogspot.com http://andrefradique.hi5.com http://www.andrefradique.multiply.com http://www.bienaldecerveira.org Susana Guardado Nasceu em Sintra em 1971. Vive e trabalha em Lisboa e Rio de Janeiro. Sintra, Aulas de Desenho com o Mestre Escultor Anjos Teixeira Lisboa, Frequência do Curso de Desenho da Sociedade Nacional de Belas Artes Lisboa, AR. CO; Workshop de Photoshop Lisboa, Ar.Co.; Curso de Escultura Lisboa, Ar.Co.; Fase Avançada de Artes Plásticas Lisboa, Curso Intensivo de Multimédia da Fundação Oliveira Martins (com componente pedagógica), creditado pelo Centro de Emprego e Formação Profissional. Lisboa, Curso de Tratamento Digital, CENJOR Rua Cidade Benguela Lt 292 A r/c Esq. Olivais Sul 1800 Lisboa Galeria 3m1: http://www.3m1arte.com sugulab@yahoo.com Pauliana Valente Pimentel Nasceu em Lisboa em 1975, onde vive e trabalha. Curso de fotografia da Gulbenkian no âmbito do programa de criação artística, coordenado por Sérgio Mah Assistente do fotógrafo Andrea Pistolesi em Portugal, México e Itália Workshops de Fotografia (TPW) em Itália, com David Alan Harvey (“How to create a photographic book”) e Andrea Pistolesi (“Easter Processions in Sicily”). Workshop de Fotografia em Lisboa na ETIC, com Alex Majoli e Eric Lessing (Magnum). Organização/ Participação do workshop “LisbonLight” com David Alan Harvey (Magnum) em Lisboa. Curso de Tratamento Digital do CENJOR. Workshops de Fotografia (TPW) em Itália, com Amy Arbus (“Easter Processions in Sicily”) e Bob Sacha (“Street Life in Sicily”). Curso de Fotojornalismo do CENJOR. 2002 - Workshop com David Alan Harvey (Magnum e National Geographic) em Lisboa onde foi convidada para ser sua assistente de fotografia em Lisboa durante 2 semanas. 1993 -1995 -Curso de Desenho e Pintura na Sociedade Nacional de Belas Artes. 1993 -2005- Licenciatura e Mestrado em Geologia pela Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa pauliana@yahoo.com http://www.programacriatividade.gulbenkian.pt/arquivo_fotografia_detalhe.asp?id=pauliana_valente_pim entel&num=39&area=arquivo Galeria 3m1: http://www.3m1arte.com

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João Pedro Rodrigues Nasceu em 1967, Rambouillet, França. Vive e trabalha no Porto. Licenciado em Artes Plásticas pela Escola Superior Artística do Porto (ESAP), com especialização na área de: artes performativas, arte e multimédia e serigrafia. Bacharelato na área do desenho - ESAP - PORTO Curso de Artes Visuais - Escola Sec. Soares dos Reis Especializada no Ensino Artístico. Curso de Realidade Virtual (3D StudioMax, Bryce 5) Microcamp internacional - Porto 2004 Curso de formação pedagógica de formadores - (C.A.P) - instituto de artes e ciências - Porto - 2003. Curso de escultura - Centro de Estudo da Pedra (C.E.P), Matosinhos -1995. www.joaopedrorodrigues.com http://joaopedrorodrigues.multiply.com/ João Vilhena, 1980 Vive e trabalha em Lisboa e Nova Iorque. 1996/ 2001 - Sculpture Studies and Advanced Art Course, Ar.Co School of Art and Visual Communication, Lisbon, Portugal. 1995/1996 - Lightening and Camera Studies, Logomedia Productions, Lisbon, Portugal 1994 Summer Drawing Course, Ar.Co School of Art and Visual Communication www.joaovilhena.carbonmade.com www.freewebs.com/joaovilhena www.apintofblood.blogspot.com joao_vilhena@yahoo.com Ana Fradique Nasceu em Sintra, em 1984. Attending Maters's programme in Environmental Art at University of Art and Design of Helsinki (TAIK) and doing Leonardo Da Vinci european programme at Nunes Gallery, in Helsinki. In 2008, concludes Licenciatura degree in Painting at Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa (Faculty of Fine Arts, University of Lisbon - FBAUL). Group Show "Quintanistas ponto final" at Galeria do Casino, Estoril. "Sondas" solo exhibtion at Corrente d'arte gallery, Lsibon. In 2007, Selected By ELIA (European League of Institutes of the Arts) for Hotel Bloom project, Brussels, Belgium. Erasmus Programme scholarship 2006/2007, at Institute of Fine Arts, Lahti University of Applied Sciences, Finland. ana.fradique@gmail.com João Cortêz Nasceu em 1972 e vive em Mafra Frequentou o 1º ano do curso de desenho S.N.B.A. joaocortez@joaocortez.info www.joaocortez.info Agradecimentos: Galeria 3m1 - Lisboa Galeria Graça Brandão - Lisboa/Porto Galeria Jorge Shirley - Lisboa E, muito em especial à colaboração "desafrontada/coordenada" de João Galrão, Beatriz Albuquerque, Ynaie Dawson, Vanessa Muscolino, Manuela Pimentel, André Fradique e João Pedro Rodrigues, aqui no Porto, ao longo destes dias... Finalmente, um muitíssimo obrigado ao José Mário Brandão.

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