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FEIRA(S
A(s) Feira(s)
Para Coutinho, Neves, e Silva (2006) 65, historicamente, as feiras livres se consolidaram como importante estrutura de suprimento de alimentos das cidades, especialmente as interioranas:
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No Nordeste, a feira é uma relevante atividade que promove o desenvolvimento econômico, social e cultural, facilitando o escoamento da produção familiar, comercializando alimentos com preços reduzidos, valorizando a produção artesanal, promovendo a integração social e preservando hábitos culturais.
Vieira (2004) descreve que a feira é um importante mecanismo de suprimento de gêneros alimentícios e existe desde o período da colonização:
Nos primórdios, as barracas se localizavam nos portos, locais onde se vendiam pescados e outros produtos. O comércio era informal, até que em 1771, o Marquês do Lavradio, 3º Vice Rei do Brasil, criou a primeira lei que visou regularizar a atividade e autorizou o funcionamento dos mercados de alimentos nas ruas. A partir de então, este comércio adquiriu as atuais características de feira livre. Em 1904, através do decreto no 997, as feiras foram reconhecidas formalmente pela administração pública, autorizando o seu funcionamento aos sábados, Domingos e feriados (In COUTINHO; NEVES; SILVA, 2006) 66 .
Quanto menor o município, mais importante a feira para o seu desenvolvimento local, pois garante a comercialização da produção familiar, da pequena agroindústria e de produtos artesanais:
A feira também favorece outros setores da economia, através da circulação de capital pelos feirantes, que após a comercialização de seus produtos, costumam comprar a vista em vários estabelecimentos do município. (COUTINHO; NEVES; SILVA, 2006) 67 .
No Brejo, a comercialização era feita em uma espécie de Feira, onde se reuniam as diversas pessoas, habitantes da região. Foi o primeiro comércio da cidade, e tem seu inicio já em 1924. Comercializava-se de tudo. As pessoas vinham de duas, tres léguas de distancia, tanto para vender como para comprar. As mercadorias eram trazidas por tropeiros, em lombo de burro, assim como eram transportadas, depois, para São João dos Patos, Pastos Bons,
65 COUTINHO, Edima Pinto; NEVES, Halanna Cavalcante da Nóbrega, ; SILVA, Eurides Marcílio Ginu da. FEIRAS LIVRES DO BREJO PARAIBANO: CRISE E
PERSPECTIVAS. In XLIV CONGRESSO DA SOBER “Questões Agrárias, Educação no Campo e Desenvolvimento”, Fortaleza, 23 a 27 de Julho de 2006,
Sociedade Brasileira de Economia e Sociologia Rural. 66 VIEIRA, R. Dinâmicas da feira livre do município de Taperoá. 2004. Monografia. (Trabalho de conclusão do Curso de Geografia) - Universidade
Federal da Paraíba, João Pessoa, 2004, citado por COUTINHO, Edima Pinto; NEVES, Halanna Cavalcante da Nóbrega, ; SILVA, Eurides Marcílio Ginu da. FEIRAS LIVRES DO BREJO PARAIBANO: CRISE E PERSPECTIVAS. In XLIV CONGRESSO DA SOBER “Questões Agrárias, Educação no Campo e
Desenvolvimento”, Fortaleza, 23 a 27 de Julho de 2006, Sociedade Brasileira de Economia e Sociologia Rural. 67 COUTINHO, Edima Pinto; NEVES, Halanna Cavalcante da Nóbrega; SILVA, Eurides Marcílio Ginu da, 2006, obra citada.
49 Colinas, Floriano. Os legumes eram trazidos do interior. Arroz, feijão, milho, trazidos no lombo de burros, assim como o babaçú e o algodão68 .
Seu Valentim lembra que a primeira feira foi ‘ali, perto daquele sobrado velho’. Chamava a Feira do Bernardino e, naquele início, só se vendia carne.
Devido à Feira, a primeira de João Paraibano, depois a de Bernardino, o Brejo se transformava num centro regional, com um comercio forte, que dominava já toda a região.
Conforme relata Alzenir:
Aqui ainda não tinha industria, o comércio era do João Paraibano, ele tinha uma loja e tinha uma grante feira. Primeiramente era de João Paraibano e vinha gente dessa redondeza toda, distante duas, tres léguas. Vinha gente para a feira. E tanto trazia muita coisa para vender como comprava; e depois João Paraibano comprou um caminhão. As primeiras mercadorias era trazidas de Floriano nas costas de burros. Tinha os tropeiros. Os legumjes do interior. Arroz, milho e feijão, fora legume, era tudo carregado nas costas de burro. Tinha os homens que o nome era tropeiro. Tinha Pedro Pocidonio, era tropeiro. Pedro Augusto, era tropeiro. Augustinho Rocha, era tropeiro. E tinha mais, diversos tropeiros com o emprego. O nome deles já era Fulano Troipeiro, porque o trabalho deles era tropiar, carregar legumas, algodão, tudo. João tinha um grande comércio, comprava e ia vender em Floriano. Para Floriano ele levava no carro dele, carro grande. Mas aqui na redondeza tudo era colhido na costa de burro.
Santos (2013)69 lembra:
E, então, mal havian o sol despertado, quando já se ouvia o trote dos cavalos montados pelos fregueses procedentes de vários lugarejos, inclusive de outros municipios, como Pastos Bons, Passagem Franca, Mirador, para realizarem as compras da semana, ao tempo em que outos traziam animais com cargas de generos alimentícios, frutas, babaçu em amendoas, capões gordos, rapadura, mel de abelhas e muitos outros produtos, para fazerem as suas vendas.(p. 2223)
Alzenir informa de onde vinham as mercadorias, antes da aquisição dos caminhões:
[...] as primeiras mercadorias eram trazidas de Floriano, no lombo de burros. Tinha os tropeiros. Os legumes, do interior: arroz, milho, feijão, fora legumes, tudo carregado nas costas de burro.
68 Alzenir, como era conhecida Antonia Frazão de OLIVEIRA se lembra de algumas dessas pessoas que se dedicavam ao transporte de mercadorias, os tropeiros, Pedro Posidônio, Pedro Augusto, Augustinho Rocha, assim como tinha aqueles que incorporaram ao próprio nome a profissão, Fulano
Tropeiro, porque “o trabalho deles era tropiar, carregar legumes, algodão, milho, tudo”. In VAZ, 1990, obra citada. 69 SANTOS, Eliza Brito Neves dos. A Feira de Paraibano. In O TEMPO NÃO APAGOU. São Luis, 2013, p. 22-31
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João Furtado de Brito diz que saiam de Paraibano com 20, 30 animais, seja para Floriano, aí vinha para cá, de carga de lá para cá: “Eram dois dias de viagem a cavalo. Agora, as tropas eram cinco dias de viagem. Nós, que vínhamos a cavalo, na frente, com dois dias estava aqui” .
Eliza Brito (2013)70 lembra, ainda,que seus pais sempre acolhiam em sua casa proprietários de terras, compadres, parentes e amigos, entre estes: Manoel Alves Ferreira (Nenzinho); João da Chica; Anfrísio Pereira de Sá; Manoel Pereira, da Alegria; João da Cruz; José Tomaz (do Cocal); Rosalvo do Garana; Sulina do Barreiro; João Amancio de Lucena; Jaldo Moreira; Claudio Pedra; os Martins do Angical e Vagem Suja; os Rosenos, Anselmo Batista Carneiro e os seus filhos; e muitos outros que, depois das compras, vinham fazer suas refeições na casa de seu hospedeiro. Para tanto, a mesa era farta e não faltava comida para ninguém, rememora Eliza.
Com o desenvolvimento, outros comerciantes – como a sra. Joana da Rocha Santos e seu irmão Eurico da Rocha Santos, de São João dos Patos – resolvem se estabelecer no povoado. Dona Noca instala sua “feira” próxima à de Bernardino. Para gerenciar os negócios de Dona Noca, chega a cidade o Sr. Nicéias Mendes Vieira. Além do comercio de generos – secos e molhados, carnes –, mantinham na cidade uma industria de algodão, uma bolandeira. Antonio Diniz, outro comerciante, também se estabelece na nascente cidade.
A feira de Bernardino situava-se em uma grande casa de telha, com boxes para carne, para frutas, secos e molhados, toda especie de generos. Também havia venda da produção agricola. Vendia-se o excedente para se adquirir os generos de primeira necessidade, como sal e querosene, soda cáustica, tecidos – havia mais de dez lojas, só de tecidos - além dos alimentos. Vendia-se também bolo, café...
Diz Barros (2013) que a hospitalidade também era característica dos demais comerciantes, que vieram se estabalecendo após o desenvolvimento da feira, tornando Paraibano centro de comércio: Antonio Diniz Barros, Bernardino de Brito Lira, João Furtado de Brito, Niceias Mendes Vieira (gerente da firma Rocha Santos), Joaquim José de Carvalho (gerente da firma Antonio Queiroz), e outro que foram se instalando com o transcorrer dos tempos também costumavam receber seus frequeses em suas casas:
No fundo dos quintais, sempre abrigavam-se os animais dos fregueses, bem como nas latadas de palha que eram construidas em frente ao comércio, onde se instalava uma enorme balança de madeira, com braços de ferro e grossas correntes para pesar os sacos de babaçu, de arroz, de algodão, de milho e de outros produtos agricolas, vindos do interior, para a comercialização [...] (p. 23).
Tomamos de Eliza Barros (2013) o funcionamento da feira e dos comércios que iam se instalando ao seu redor, até a transformação em mercado:
51 [...] Ali se comercializava tudo: o Sr. Manoel Lopes vendia anéis de latão, dona Quitéria, tia Soledade e outras prendadas senhoras vendiam bolos gostosos, sendo famosas as broinhas de tapioca (goma), que ninguém resistia à tentação. (p. 24). [...] Nos boxes, o Sr. Mamoel Vermelho vendia carne, pessoas diversas vendiam comida, café e muitas outras variedades; meu tio Quintino sempre vendia cachaça, transportada em um saco de palha que ele chamava ‘surrão’; o sr. Antonio Maxixe, que a principio se aborrecia com o apelido, após refletir melhor e pensar no lucro com as vendas, passou a oferecer o produto, gritndo; ‘Olhe o xarapim!’ E, assim, se movimentava o comrcio informal. (p. 24).
Próximo à “feira” de D. Noca, e à sua usina de beneficiamento de algodão, se instalaram outros comerciantes. Próximo, moravam: Cicero Gomes Correia e João Ribeiro, casados com d. Dulce e d. Lourdes, respectivamente, ambas filhas do sr. Manoel Chico, da Juçara, conceituado proprietário de terras; Marçal José de Sousa, Cicero Damasceno e, por tras da Capela de São Sebastião, o Capitão da Guarda Nacional Faustino Coelho de Sousa; um pouco mais abaixo, tia Satu, viuva de João Lopes, mãe de varios filhos, entre estes Adão Lopes , poeta, compositor de varias modinhas, casado com Lidia Furtado Brito.
Segundo Eliza Santos (2013), um senhor, ainda novo, vindo do Marajá chamava a atenção de todos pelos seus gritos, ecoando pelas ruas. Às vezes, pela manhã, outras à tarde e, quando se aproximava do comércio de d. Noca gritava: “Conforme as condições, municipio é Pastos Bons, Chico Mundoca irmão de Zé Paçoca, os home daqui é seu Niceas e seu Zé Paraibano, o resto é fio d’ua égua se vergonha”. Em sua caminhada, fazia paradas estratégias nas casas comerciais para comprar pinga, que segundo os visitantes, era de boa qualidade.
Entre as diversas marcas produzidas nos alambiques das localidades próximas, Eliza lembra da famosa ‘Messejana’, em cujo rótulo lia-se: fabricada por Manoel Pereira (Alegria) e engarrafada por Guilhermino de Brito Lira.
Dos tipos ‘apreciadores da maranhense’, Eliza se refere ainda à Pedro Centenária, um senhor alvo, careca, de idade avançada, mas sempre disposto e presente nos dias de feira. Trazia um saco com raizes de macaxeira, assim apresentando: vira mnguau no fundo da panela. Era só comprar, e ele investir o dinheiro na bebida. Outro, era Feliciano do Gapara, presença constante nos dias de feira. Portador de uma memória invejável, mesmo dpois de ingerir várias doses – sempre cortesia dos ouvintes – recitava romances de cordel, inteiros.
Em 1948, Guilhermino de Brito Lira reuniu um grupo de comerciantes para discutirem a construção do mercado, pois o desenvolvimento do povoado já exigia tal providencia:
[...] já depois que João Paraibano havia saído de lá, pois ele saiu em 1943. Guilherrmino resolveu reunir os comerciantes em sua residencia e ali combinaram para construir o mercado; cada pessoa fazia, construia um quarto (box), deixando o centro livre para o comercio dps feirantes de carne [...] [...] os comeciantes se reuniram na sala de visitas de minha casa, alguns comerciantes convocdos por Guilhermino, meu pai, e ali combinaram construir um mercado por conta própria, por volta de 1949 foi
52 construido o mercado de Paraibano, sem aquela ajuda de Pastos Bons, que naquela época tinha como marco de construção apenas a Escola Rural João Pareaibano [...] [...] um mercado particular, cada um tinha um quarto (box). Foi iniciativa de meu pai [Guilhermino de Brito Lira], que convidou Lourenço Araujo Lima, e fizeram quase todo ele. Fizeram muitos quartos e depois foram vendendo os pedacinhos, o centro foi doado para a Prefeitura fazer o que quizesse, fizeram uma venda de carne no centro, então fizeram um galpãozinho, o meu irmão, e ficava vendendo carne, essas coisas [...] Edificado o prédio, o setor comercal intensificou-se nas suas proximidades, ocorrendo um grande desenvolvimento na parte mais alta do povoado, que até então era mais habitado a partir da Capela de São Sebastião até a casa senhor Pedro Possidonio ( Pedro Tropeiro). As demais casas eram distantes umas das outras. Como exemplo, quando se saia de casa para visitar alguém que morava proximo da Unidade Escolar Henrique Dias, falava-se: ‘eu hoje tenho que ir lá na Chapada do Zé de Brito71’. (SANTOS, 2013, p. 27).
Por volta de 1950, o comércio do povoado já causa inveja aos municípios vizinhos, assim como grandes oficinas de calçados, destacando-se a pertenccente aos sr. Neuton Noleto de Sá, Venancio Pereira, Francisco Gomes Ribeiro (Chico Siebra), Manoel Duda e Sebastião Araujo Lima que, além de vender sapatos, chinelos, selas, etc., divertia a população com sua famosa coleção de discos de Luiz Gonzaga. Lembra Eliza:
Geralmente as lojas maiores, já em numero bem elevado, acrescentando-se a do sr. Cícero Coelho de Sousa – Cícero Rico72 - vendiam mercadorias variadas: tecidos finos (organdi suiço, seda priana, tafetás,cambraias de linho, linho irlandes, seda pura, musseline, etc.), comprados a Alves de Brito, em Recife. De Fortaleza passavm os viajantes de Jean Jereissati e J. Amin Jereissati. Da Bahia Salomão Sibalde, viajante de Valério & Cia., que também abastecia o comércio, destacandos-e entre seus produtos de venda a tricoline da Torre, e chapéus de feltro, que por cortesia traziam entre a copa e a aba a indicação paravquem estava sendo fabricado: ‘fabrico especial para Guilhermino de Brito Lira’. Para ‘Antonio Diniz Barros’, para ‘João Furtado Brito’, para ‘Niceas Mendes. De Teresina, o sr. Alberto, em seu Jeep Willyz Owerland represetaa ‘A Samaritana’, de Tomaz Tjara & Cia.. De Floriano vinham ferragens e outro produtos ca Casa Inglesa, da Marc Jacobs, Salomão Mazuad, e Calixto Lobo. Medicamentos vinham da Farmácia Sobral e Rocha, para complementarem os de Odaly soares, de Fortaleza (p. 28-29).
O Sr. Félix Pereira de Páscoa 73, ao propor a fundação de uma ONG que abrigaria os moradores ausentes, nascido no Brejo, assim se manifesta:
Dei graças à Deus pela emancipação politica em 06 de janeiro de 1953 (sic),dou graças à Deus pelos 50 anos de Paraibano, não sei quantos habitantes havia na época, o comércio era bem desenvolvido, fábricas de calçados eram 04, a do Chico Ciebra (sic), a do Neuton Sá, a de Sebastião Soriano e a do meu tio Venancio Pereira da Silva, foi lá que apendi a profissãoque serviu para mim conhecer em outras plagas e outros modos de vida
71 José de Brito Lira, irmão de Antonio de Brito Lira; adquiriu ‘o pé de chão’, de cerca de 200 hectares, de Vitorino Fernandes de Sousa, antigo morador. Zé de Brito residiu lá por muitos anos, em companhia de sua segunda esposa Francisca de Sá, e seu filho Francisco ds Chagas Brito, e seu sobrinho Higino Brito. 72 Por volta de 1947 transferiu o comércio do lugar Saquinho para o povoado de Brejodos Paraibanos. 73 PASCOA, Feliz Pereira de. CALENDÁRIO DE PARAIBANO para os anos de 2002 e 2003.
A produção da região começa a crescer, incentivada pelos Paraibanos, que de agricultores do início, passam a comecializar de tudo, exportando o que é produzido e abastecendo o povoado de tecidos, sal, querosene, soda cáustica, enfim, de todos os produtos necessários:
[...] a expansão do comércio, que tinha os principais comerciantes João paraibano, Bernardino de brito Lira, Guilhermino, Marcos, todos irmãos. Aí vem o velho Niceias Mendes Vieira. [.../ tinha um comércio lá em Paraibano, com a industria de algodão, a bolandeira dos Rocha Santos, Eurico da Rocha Santos e Joana da Rocha Santos, que eram sócios, o gerente foi o Niceias Mendes Vieira. Também comerciante o Antonio Diniz Barros (Clodomir Lima Campos). O Sr. Niceias Mendes Vieira era o gerente do comercio mantido na cidade pela Sra. Joana da Rocha Santos, conhecida como D. Noca. Essa senhora instala-se no povoado para tentar recuperar a hegemonia do comercio, perdida quando João paraibano e seus irmãos inciciam a comercializsação da produção excedente da região, e passam a fornecer os principais produtos de consumo:
Mais tarde d. Noca instalou uma casa comercial no brejo. Eu lembro que um dos gerentes do seu comércio era o Sr. Iceias Mendes Vieira [...]. a parte dos Rocha Santos de São João dos Patos, porque em Pastos Bons tinha a d. Alcina neiva, irmã de d. Noca, casada com o dr. José neiva de Sousa. Esta não se peocupou com a paerte comercial de Paraibano. Entretanto, d. Noca e o sr. Eurico, eles tinham o maior interesse. Fundaram comércio, se estabeleceram em Paraibano, chegando d. Noca a construir, mais tarde, uma pequna usina de algodão (Eliza Brito Neves dos Santos).
D. Noca se utilizava de um caminhão para transportar os produtos adquiridos na região. Retirava essa produção excedente como se fosse produzida em São João dos Patos, sem pagar os impostos devidos a Pastos Bons, fato que viria gerar um desentendimento, mais tarde, com os Paraibanos.
Os Paraibanos fazim comércio com todo o Nordeste, e mesmo o Sul do País. Da região, compravam generos alimenticios, babaçu, algodão, resina, couro de animais, etc., e exportavam os produtos de duas industrias de oleo de babaçu e de caroço de algodão, aguardaente, rapadura, calçados.
Frequentemente iam a Floriano, Teresina, Fortaleza, Recife, São Paulo, onde faziam grandes compras de generos alimentícios, implementos agricolas, maquinas industriuais, caminhões e automóveis. Tinham como seus principais fornecedores:
[...] firma Alvaro de Brito, no Recife; ujm viajante da Bahia, de nome Salomão Sibaude; nas firmas J. N. Jereissati e Jean jereissati, em Fortaleza; em teresina, na firma Tomas Tajra e Cia. (Eliza Brito Neves dos Santos).
Observa-se que o comercio maior era com o Nordeste, não havendo praticamente ligação com São Luis, pois:
[...] dada as dificuldades de estradas, inclusive o comércio mesmo era feito com Floriano, com as firmas Marques Jacó, da casa Ingleza, a firma Moraes e Cia. Só depois é que em 1960 é que a gente veio a ter um contato com São Luis . (Eliza Brito Neves dos Santos).
Manetinha nos relata como eram essas viagens a São Luis, ainda nos anos 1950. Conta que Adão Lopes de Sousa, genro de Quintino Paraibano, foi a São Luis no ano de 1953, onde passou uma semana. Para se chegar a São Luis, gastava-se quatro dias, indo a Floriano, de la para Teresina, e em Teresina tomava-se o trem para São Luis 74 .
O comercio atinge o auge na epoca da emancipação do Municipio, em 1952, e se mantem por praticamente 10 (dez) anos, decaindo a partir de 1963.
SÁBADO DA FEIRA GRANDE EM PARAIBANO/MA75
O sábado que antecede o Sábado de Aleluia em Paraibano/MA é conhecido como o dia da Feira Grande, e a feira livre acontece na Praça do Mercado Ludovico Freire.
É chamado Sábado da Feira Grande devido na ocasião a feira livre ser intensificada principalmente por moradores da zona rural do município que trazem suas mercadorias (abóbora, azeite de babaçu, galinha caipira, puba, ovos caipira, queijo... ) para serem vendidas e ao mesmo tempo fazem suas compras para passarem a Semana Santa juntamente com visitantes(familiares e amigos que vêm de outros centros). Este ano (2014) a feira caiu neste sábado, 12 de abril. As atividades começaram por volta das 4:00 h da manhã, os produtos mais comercializados foram: peixes; tapioca, puba e tempero para fazer bolos; sardinha em lata e macarrão espaguete para fazer as famosas tortas; pião, baralho e dominós para entreter no grande feriado; confecções entre outras mercadorias. O movimento foi grande, e os feirantes e comerciantes faturaram bem mais uma vez. O empresário Zé do Geraldo fretou e disponibilizou para hoje mais de 10 (dez) carros para moradores da zona rural virem à sede e retornarem às suas residências neste dia, um ato que já está virando tradição assim como a Feira Grande.
56 Viva a tradição, viva a Semana Santa, viva a Feira Grande em Paraibano, parabéns ao Sr Zé do Geraldo pela iniciativa de disponibilizar carros aos sertanejos e boa Páscoa a todos.
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A HISTÓRIA DA ABÓBORA EM PARAIBANO
Por Leonardo Lasan
http://www.paraibanonews.com/blog/2017/04/03/a-historia-da-abobora-de-paraibano/
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Zim Marão e esposa Antonia Luiza. Zim é filho do pioneiro da abóbora na região.
A abóbora plantada em Paraibano desde os anos 70 e atualmente na região alcançou no ano passado uma economia de 26 milhões de reais, segundo estudo do SEBRAE e apresentado durante Fórum do Polígono da Abóbora no Parque de Vaquejada em setembro passado. Mas para alcançar essa cifra, muitas lutas, suor, alegrias e sofrimentos foram carregados em jacás e lombos de animais. Iniciado nos anos 70, mas precisamente no povoado Cabeça da Vaca de onde foram transportadas as primeiras abóboras para serem vendidas na feira: “Meu pai Alexandre Francisco Santana trazia no lombo de jumento, para vender a abóbora que era partida em talhadas pra venda na feira de sábado… era uma viagem longa, fizesse sol ou chuva, eu ainda era criança e ajudava meu pai” revelou Walmir Santana (57 anos) ao site. A princípio a abóbora era plantada na roça de arroz para consumo próprio da família dos lavradores. O tino para o negócio da abóbora veio com o paraibano José Marão, o primeiro a vender em escala comercial, conforme disse seu filho Zim Marão: “ Ele trazia da roça plantada no povoado Cabeça da Vaca, era trazida em cima de animais, aqui em Paraibano colocava as abóboras em sacos e em cima de um carro pau-de-arara, levava até Floriano e de lá o produto era transportado para Recife, com a venda, o dinheiro ganho foi aumentando e também o tamanho da roça, aí os amigos viram o lucro e passaram a plantar também” afirmou Zim que hoje é um dos maiores produtores de abóbora da região, juntamente com parentes.
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Orleans, Walmir e Josias: Histórias da abóbora. Foto:Lasan
Para o paraibanense Orleans essa visão do futuro da produção e venda da abóbora foi logo abraçada pelos comerciantes ainda no início dos anos 80 a exemplo de Chico Castor, Chico Jovelina e Senhor Ormar: “Veio o comprador o senhor Alagoano com a família residir em Paraibano e foi um dos primeiros grandes compradores residindo no município, isso deu uma alavancada e influenciou outros compradores como os pernambucanos, Josias, Antônio Garanhuns, Marcos e Cícero Perua e aí deslanchou para a fama da abóbora de Paraibano em todo o Brasil” disse Orleans. Josias Paz Barreto pernambucano que está no mercado há mais de 20 anos afirmou que a abóbora plantada em Paraibano é a melhor do Brasil. Que o estado do Pernambuco investiu mais de 16 milhões na economia da região na compra do produto, somete no ano passado. Mas Josias critica o pouco investimento do Governo do Maranhão e a alta da taxa de imposto sobre o produto, o que inviabiliza maior investimento dos pequenos lavradores no plantio da abóbora: “O Governo do Estado e a Secretaria de Agricultura do Maranhão deve olhar com mais atenção para o pequeno agricultor, investindo na melhoria da produção, diminuindo os impostos, apoiando-os muito mais. Um dos problemas é o transporte da roça até o ponto comercial ou o carro trucado, como o produto é perecível é necessário esse apoio de logística” disse Josias durante entrevista realizada em setembro de 2016 no Fórum do Polígono da Abóbora em Paraibano “Paraibano continua sendo o melhor local do Brasil para se comprar abóbora e esse produto daqui é aceito em todos os Estados. Então é preciso mais investimentos, diminuição dos impostos, acredito que de todos os estados do Nordeste, o Piauí e Maranhão, são os únicos que cobram esses impostos, com isso quem sofre a consequência é o pequeno agricultor, é preciso rever essa política, nós consumidores estamos há anos contribuindo com nossa parte na economia do município e do Estado, precisamos desse apoio para maior desenvolvimento e melhora de vida do povo do Maranhão” pontuou Josias, atualmente um dos maiores compradores de abóbora na região.
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Mas nem todos que plantam abóbora na esperança de lucros se dar bem nos negócios. Ainda falta uma capacitação para orientar os pequenos lavradores, com experiências na questão do clima, de manejo, etc. Outra opção é o cooperativismo, para evitar os atravessadores que se aproveitam do tempo de início, meio e fim de safra para monopolizar os preços. Como o produto é perecível, muitos não alcançam o preço desejado em tempo hábil, o que pode estragar a fruta e com isso todo um anos de trabalho. Já foram feitas tentativas para a formação de uma cooperativa mas não houve consenso. Para Zim Marão outro problema são os bancos que não tem uma linha de créditos para a abóbora, tem para outros tipos de legumes e frutas, mas no caso das corcubitácias (família da abóbora) não existem apoio por parte dos grandes bancos. E nessa luta, mesmo sem tecnologia adequada e dependendo do clima e de Deus, a produção de abóbora segue, destacando o município como Capital da Abóbora. N semana de 6 a 8 de abril de 2017, o município de Paraibano sedia a AGRITEC a maior feira de agritecnologia do Maranhão, e um dos carros chefes e símbolo da feira é a abóbora, o produto que mais traz economia para a região.
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