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DO TIJOLO AO ÓLEO – INSTALAÇÃO DA INDUSTRIA
69 DO TIJOLO AO ÓLEO – INSTALAÇÃO DA INDÚSTRIA
A primeira indústria instalada no Brejo foi a da ceramica, para o fabrico de tijos e telhas. As casas, até a chegada dos Paraibanos, eram construidas de palha, alguimas de barro, mas cobertas de palha. Mesmo os Paraibanos, ao chegarem, passam a morar nesse tipo de habitação. Após a morte do primeiro filho de Guilhermino, e ouvindo conselhos de Padre Cícero Romão batista, de Juazeiro do Norte-CE, que indica, dada as características do lugar, o melhor local onde pudessem iniciar a produção do material – tijolo e telha , começa a produção, inicialmente para uso próprio. Por muito tempo foi uma indústria desenvolvida em Paraibano...
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[...] a construção das casas dos Paraibanos... não só se inctivava o fabrico das telhas, dos tijolos, mcomo trouxeram também operários de fora. Trouxeram operários, assim como Noel Cardoso, parente do fundador, para ajudar na construção, para ensinar, pois até isso era difícil [...] (Eliza Brito Neves dos Santos).
Alzenir lembra que agora já tem muita industria aqui, de óleo...
[...] está com muitos anos que aqui tem motor de benficiar arroz, depois o João Furtado de brito [sobrinho de Antonio Paraibano] te motor de pilar arroz, usina de tirar oleo, de beneficiar algodão e aqui tem mumas doze usinas de beneficiar arroz [...]
Eliza lembra que já se fabricava aguardente, rapadura. A cana de açucar era cultivada para consumo local, antes da industrialização do Brejo, pois o açúcar era mercadoria rara, destinada apenas às elites, como também lembra Manetinha, rememorando as viagens de João Paraibano, quando instala uma feira debaixo de uma grande árvore – sucupira -, distante seis quilometros:
[...] ele saia de Paraibano com uma carrada de mercdorias e lá ele colocava debaixo de uma árvore frondosa, chamada sucupira. E o pessoal daquelas imediações levava o produto e trocava por mercadorias. Trocava por soda caustica, pela rapadura, pois o açucar era produto da elite naquela época [...]
Essa feira, de João paraibano, debaixo dessa árvore, vem originar a cidade de Sucupira do Norte...
70 É ainda Clodomir Lima Campos quem conta que alguns agricultores se dedicavam ao cultivo da cana e mantinham engenhos para produção de rapadura e aguardente: “meu pai era agricultor. Tinha um sitio de cana, tinha duas juntas de carga para puxar engenho”. Paraibano era, em 1955, segundo dados do IBGE, um dos maiores produtores de rapadura e aguardente de cana do Estado. Sua cachaça era famosa, além fronteiras do Maranhão.
No final da década de 1930, inicio da de 1940, se inicia o aproveitamento da madeira, com a fabricação de móveis. Aé então, estes eram trazidos de fora, como informa Eliza Brito:
[...] para voce ter uma ideia, nem móveis eram conhecidos no Brejo, isto é, nem o fabrico de móveis. E João Paraibano, quando recebeu o Interventor Paulo Ramos (em 1939), trouxe seus móveis de fora, do Ceará, de Floriano. Mais tarde chegou outra pessoa ligada àquela família do fundador, o Sr. Henrique, um hábil marceneiro. Conheci muitos móveis de minha casa, mesa, cadeira, carteira de comércio, cama, guardaroupa , muito bem feitos, construidos pelo sr. Henrique, cunhado da segunda esposa do fundador. Não tenho ideia do sobrenome [...]
A primeira industria foi instalada por Guilhermino de Brito Lira, uma máquina de beneficiar arroz, e depois a de óleo, vendida a João Furtado de Brito:
[...] foi a de Guilhermino, de beneficiar arroz [...] (Valentim Florencio de Carvalho) [...] meu pai tinha máquina de arroz, máquina de algodão, de óleo babaçu, e comprava generos de todo Loreto, Sambaiba, daqui até Presidente Dutra, nós compravamos generos. [...] A produção e 75% das terras do municipio aqui foi do velho meu pai. Depois foi vendendo... mas dava muita produção para o municipio, era 80% da enda de Pastos Bons (Onildo Lira Brito). Primeiro meu pai montou uma máquina de beneficiar arroz, na decada de 1950, e depois montou uma máquina de extração de óleo vegetal, extração de babaçu, do caroço do algodão. Montou também uma máquina de beneficiar algodão. Depois o João Furtado de Brito montou a sua industria de arroz, de óleo e de algodão [...] (Eliza Brito Neves dos Santos).
A sra. Joana da Rocha Santos também se instala no Brejo, e ao que parece a sua máquina de algodão é anterior à de Guilhermino, muito embora os antigos moradores considerem a de Guilhermino como industria na acepção da palavra, pois fazia o beneficiamentto, não servindo apenas para descaroçar o algodão, como lembra o Sr. Valentim Florencio de Carvalho: “Servia para descascar algodão e arroz”. Clodomir Lima Campos diz ser uma “bolandeira, movida a motor, um instrumento muito antigo”. Eliza Santos informa que desde a decada de 1940 D. Noca tinha uma “descaroçadeira de algodão, muito rude, não tinha o aspecto dessas modernas”. Chico Siebra, como era conhecido Francisco Gomes Ribeiro, cunhado de Antonio Paraibano, instala uma fábrica de fogos, produzindo fósforo e foguetes:
71 [...] uma fábrica de fósforos clandestina, não tinha nada registrado. Fazia fósforos e inclusive, foguetes, foguete de rabo aqueles que faziam assim (gestos) (João Furtado de Brito). [...] a industria de fosforos floreceu em Paraibano. A famila da esposa do fundador tinha uma irmã, por nome Maria Duda, que veio ao Maranhão com o esposo, e implantaram essa industria de fogos, de fósforos, onde o Sr. Francisco Gomes Ribeiro, conhecido como Chico Siebra, ligado à família, e que mais tarde se torna cunhado do fundador, com o segundo casamento. Esse moço, além de fabricar fósforos, foi um grande incentivador da industria de calçados. [Eliza Brito Neves dos Santos).
Paraibano teve grande produção de calçados. Segundo o IBGE, pelo censo economico de 1955, essa produção chegou a 2.500 pares. Exportava para todos os municipios vizinhos. Havia a industria do sr. Nelton Noleto de Sá, uma grande industria do sr. Chico Siebra: “industria grande que eu digo é que, embora naqueles moldes antigos, vendia muito”, conforme Eliza Brito neves dos Santos:
[...] meu pai, junto com meu irmão, José brito Lira, tinha também uma fábrica de calçados. O sr. Manoel Duda tinha também uma industria de calçados e tinha várias outras sapatarias. O fabrico de calçados em Paraibano constitue um marco do setor economico.
Paraibano dispunha de grande tradição industrial. Municipio que tinha muitas industrias de aguardente, serrarias, beneficiamento de óleo, do algodão, máquinas de arroz. Outros foram continuando aquela tradição, confiada a um sobrinho do fundador, casado com uma neta, o Sr. João Furtado de Brito, cujos filhos continuam o trabalho do pai, como o sr. Raimundo Ari Furtado.
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