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ÁUREO VIEGAS MENDONÇA
ÁUREO VIEGAS MENDONÇA
Acrísio de Souza Mendonça nasceu no povoado Ibacazinho, em 21 de novembro de 1910, filho de Mariano de Souza Mendonça (Nhonhô) e Maria José de Souza Mendonça (Sinhá), pertenceu a uma das famílias mais tradicionais de Viana a família Mendonca, era proprietário da fazenda Nazaré. Segundo Reis (2019) “Os Mendonça formavam uma grande família, unida pelos laços de sangue e também distante pelo poder aquisitivo...Os ricos habitavam a Palmela, o Fojo, o Nazaré e o Marimar, quatro grandes fazendas, que tinham em Bidi, Velho Boa, Acrísio e Nhonhô, seus maiores patriarcas”. Acrísio Mendonça foi casado com Maria José Penha Mendonça (Zezé) e pai de 14 filhos, era sobrinho do meu avô Áureo de Sousa Mendonça,
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foi um grande desportista e um entusiasta do esporte e tinha uma paixão pelo futebol, com o seu apoio em 1939 e também como técnico do time organizou o Vianense Futebol Clube para realizar uma turnê com alguns jogos na capital e a primeira apresentação foi contra o MAC – Maranhão Atlético Clube, e depois enfrentou os demais clubes da capital, onde o time vianense realizou boas apresentações nos gramados do estádio Santa Izabel. Acrísio foi quem lançou o zagueiro Expedito na vitrine do futebol nessa excursão de jogos em São Luís, o jovem vianense que batia peladas na praça da matriz, se destacou e foi contrato pelo MAC - Maranhão Atlético Clube, onde foi Bi-Campeão Maranhense em 1941 ganhando do Sampaio Corrêa e 1943, o MAC conquistou seu 3º título na história da competição, esse campeonato foi a 22º edição da divisão principal do campeonato estadual do Maranhão, o MAC venceu o Moto Clube na grande final, além do MAC Expedito ainda teve passagens por grandes clubes do futebol brasileiro como Vasco da Gama, Canto do Rio de Niterói e pelo Santos Futebol Clube onde brilhou no estádio (Urbano Caldeira) a Vila Belmiro.
Na política Acrísio foi vereador de Viana em 1947, foi candidato a chefe do poder executivo municipal, na eleição de 1950 quando perdeu a eleição para o seu concorrente Luis de Almeida Couto, e foi eleito prefeito de Viana nas eleições do dia 3 de outubro de 1965 e seu mandato foi de 01/09/1966 a 31/10/1970 tendo como vice prefeito Ananias Castro, elegeu-se com 1.320 votos de um total de 3.248 votos apurados. Na sua administração em 1970 ultimo ano da gestão, época em que Viana não dispunha de energia elétrica da hidrelétrica de Boa Esperança, adquiriu um grande gerador de energia com motor a óleo diesel. Na década de 1960 os únicos meios de deslocamento de Viana para São Luís eram de lanchas, ou de aviões o chamado teco-teco, na sua gestão foi o responsável pela abertura e inauguração da primeira via terrestre ligando Viana a São Luís, conforme fontes consultadas um sonho almejado há muito pelos vianenses, mas na verdade a estrada foi ligando Viana a Vitória do Mearim, até chegar a BR-222 que liga Vitória do Mearim até Miranda do Norte e via BR 135 até São Luís. Na década de 1970 e também em parte da década 1980, o trajeto de Viana para São Luís era muito demorado, pois nessa época ainda não existiam as pontes sobre o Igarapé do Engenho e sobre o Rio Pindaré no povoado Cachoeira, o percurso de 16 quilômetros ligando a Viana à Cachoeira, era realizado no veículo chamado de pau-de-arara ou jardineira, os passageiros utilizavam canoas para a travessia do rio, no outro lado da margem já tinha um ônibus à espera e os carros precisavam atravessar o rio Pindaré no pontão de ferro (balsa) puxado por cordas e a viagem seguia em ônibus na estrada de piçarra até Vitória do Mearim para alcançar finalmente a estrada pavimentada em direção a São Luís e em tempos remotos quando ainda não existia a ponte sobre o Rio Mearim na cidade de Arari a travessia era realizada também em balsa e a viagem durava em torno de sete horas. Acrísio Mendonça teve uma árdua empreitada de ligar Viana à capital São Luís e por enfrentar esse desafio foi considerado um desbravador. Acrísio foi o proprietário da primeira empresa de transporte de passageiros por via terrestre no trecho Viana/São Luís, Empresa Nossa Senhora de Nazaré, depois vendida para a Empresa Florêncio, nessa época em Viana não possuía rodoviária e chamávamos agência o local onde e embarcava com destino a São Luís, e a agência funcionava num casarão colonial denominado "Porão" na Rua dos Canudos, atual Rua Celso Magalhães, de propriedade da família
Mendonça, por trás da antiga igreja de São Sebastião, que foi demolida, onde hoje funciona a escola normal Nossa Senhora da Conceição, atual Centro de Ensino Nossa Senhora da Conceição, após alguns anos a agência passou a funcionar no casarão da família Coelho na Praça da Matriz, que foi demolido e no local foi construído o Hotel Vianense, foi nessa casa que nasceu a cantora e compositora vianense Dilú Melo. Na minha infância o motorista do pau-de-arara era o Senhor Deoclécio e tinha as pessoas que trabalhavam com ele que eram Bigurilho e Chico de Edite. As viagens para São Luís eram realizadas duas vezes por dia saindo da agência de Viana às 6h e 13h. No ano de 1982, antes de se desincompatibilizar do governo para concorrer ao senado, o que ocorreu em maio de 1982 o então governador João Castelo inaugurou o primeiro asfalto na MA-014, ligando Vitória do Mearim até o povoado três Marias em Pinheiro passando por Viana. E em 1987 o então governador Cafeteira construiu todas as pontes de concreto e asfalto novo em toda a MA-014, a partir de entao se viajou de ônibus direto de Viana para São Luís. O Terminal Rodoviário de Viana, que foi construído na Administração Djalma Campos, e por iniciativa do então vereador Ismael Abreu, autor do projeto que foi aprovado pela Câmara Municipal de Viana, na gestão do prefeito Chico Gomes, recebeu o nome de Terminal Rodoviário de Viana Prefeito Acrísio de Souza Mendonça, uma homenagem mais do que justa pelos relevantes serviços prestados à Cidade de Viana na construção da primeira via terrestre Viana - São Luís. Acrisio Mendonça faleceu em 23 de maio de 2005. (*) Áureo Viegas Mendonça, é geógrafo, servidor publico federal e pesquisador. Fonte da pesquisa: Jornal o Renascer Vianense, edição nº 30 e 44. Raposo, Luiz Alexandre. Memórias de América Dias. São Luís: Edições AVL, 2012. Raposo, Luiz Alexandre. Anos Dourados em Viana: artigos e crônicas. São Luis, Gráfica e Editora Sete Cores, 2018. Reis, Nonato. A Fazenda Bacazinho. São Luís MA: Viegas Editora, 2019. Reis, Nonato. Os Sinos da Matriz: contos e crônicas São Luís: Viegas Editora, 2021. Fotos: Arquivo família Mendonça.