“A primeira coisa que o político deve fazer é dar o exemplo para a sociedade” Letícia Marina Da equipe do Correio de Goiás
O vereador Luiz Teófilo (PMDB) assumiu como suplente no início deste ano. Além de vereador, Luiz Teófilo já atuou como Secretário de Fiscalização de Ação Urbana e Diretor de Patrimônio da Prefeitura Municipal de Goiânia. Ele acredita que o político deve, acima de tudo, ser um exemplo para a sociedade. Isso mudaria a visão da população sobre o meio político e ainda serviria como um incentivo para a melhoria da vida em comunidade.
Correio de Goiás: Como começou o seu interesse pela política? Luiz Teófilo: Quando eu era menino, lá na Vila Coimbra, meu pai já falava sobre política. Sempre me lembro das inaugurações de asfalto. Meu pai já era ligado ao antigo Movimento Democrático Brasileiro (MDB). Em 1982, quando eu estava formando em Direito, passei pelos principais cursinhos do Goiânia. E, nesta época, havia um movimento estudantil muito forte. E eu já fazia parte dos grêmios estudantis daquela época. Neste período, eu conheci a minha esposa. A mãe dela era vereadora em Jataí. Depois deste momento, tive a oportunidade de ajudar o Íris e o Maguito nas campanhas. Nesta época eu ainda trabalhava na antiga Telegoiás, e em 2000, surgiu o convite para me candidatar. Tive em média 1.376 votos. Depois, assumi de novo e fui vereador em 2004. E, em 2008, assumi como suplente. Foi mais por conta do interesse da mudança no Brasil. O país passava pela redemocratização com o regime militar para um regime civil. Era muito mais interessante porque tinha a liberdade de imprensa e a liberdade de vida começou a aparecer. Não imaginava que seria vereador, mas tive a oportunidade de ajudar muitas pessoas. Qual o balanço que o senhor faz do cenário político neste ano?
O cenário político tem duas vertentes interessantes. Houve um desenvolvimento da Câmara no Brasil. O país tem crescido e recebido o reconhecimento mundial pelo crescimento que tem apresentado, pelas questões sociais. O Brasil tem avançado muito. Ainda tem algumas desigualdades. Eu vi uma reportagem sobre algumas escolas em Maceió sobre as condições em que as crianças estudam. É até difícil de acreditar que no Brasil ainda tem aquilo. Mas já melhorou bastante. E negativamente, eu vejo dois pontos. O primeiro é essa onda de corrupção e a queda dos ministros. E isso é muito ruim para a imagem da política nacional e até perante o regime internacional. Até porque o Brasil não vive sozinho, não é ilhado. Tem toda uma gama de negócios e interesses tanto nosso quanto de vários outros países. A gente não pode perder essa credibilidade que adquirimos com muito esforço. Eu percebo que hoje nós alcançamos um nível interessante de respeito dos outros países. Quais seus projetos para o próximo ano? O principal projeto é fazer com que a área social e saúde da Prefeitura funcionem ainda melhor. E a outra preocupação é o trânsito. Mas não é só dentro do carro. Tenho uma preocupação muito grande com o total despreparo de conhecimento de trânsito e psicológico dos motociclistas. Eles arriscam a vida toda hora. Então, é preciso fazer campanhas muito chamativas e agressivas para os motoqueiros. Esse é o pedido que eu vou fazer à Câmara e a Prefeitura de Goiânia, para fazermos uma campanha forte. É só olhar o levantamento do Hugo (Hospital de Urgências de Goiânia), o número de acidentes com motociclistas é muito alto. Então, é essencial um projeto de ações preventivas e educativas no trânsito. E o outro é um projeto que eu apresentei para a Câmara. Os programas para acesso social no Brasil têm tido um apoio muito grande do Governo Federal. Chega dinheiro, muitas vezes mal utilizado. E esse projeto que está em tramitação na Câmara dá aos órgãos a condição de ter parceria com o serviço privado. Tem empresário que colocaria R$ 1 milhão, mas não assume R$ 10 mil por mês. E com essa parceria ele pode reformar e ter seus incentivos fiscais. E Goiânia precisa muito de investimentos. Outro ponto que precisamos melhorar é a saúde. E dentro da saúde, tem uma coisa que me preocupa bastante, que é a saúde bucal. Tem muita gente que não tem condições de sair de casa por conta de seus dentes. E nós temos que avançar nisso. E é uma saúde que tira a pessoa do mercado de trabalho, tira ele da vida. Ele tenta arrumar um emprego, não consegue. Tem que ir para o subemprego e muitas vezes vão para o crime. Dentro do assunto saúde, também analisamos as pessoas que caminham nos parques de Goiânia. Às vezes, ela começa a fazer ginástica sem nenhuma recomendação médica. Então, o projeto é que tenha em todos os parques da cidade uma agente de saúde para aferir a pressão e medir o nível de glicose. Os agentes também vão instruir as pessoas sobre a melhor forma de praticar o esporte. Nós também temos que fazer a expansão urbana de Goiânia. A cidade já não cabe o tanto de gente que tem. Temos que analisar a cidade como um todo. Deve-se ter habitação, que tem sido feita com muita competência pelo Iris Rezende e Paulo Garcia deu continuidade. Mas também precisamos de mercado. É preciso separar uma pequena parte dessa área urbana para montar um pólo industrial. Dessa forma, a população dessa região já tem um emprego e são menos motos e carros nas ruas. É como fazer pequenos núcleos de cidades.
Dos projetos realizados até hoje, qual é aquele que o senhor considera como o mais importante? Quando eu fui Secretário de Fiscalização de Ação Urbana, eu insisti muito para a gente tratar os projetos da proximidade da Prefeitura com os empresários. Existia uma barreira muito grande, pelo menos foi o que eu senti quando estava na Secretaria. E nós implantamos a ação antes de ter a repressão, teríamos contato com todos os segmentos. Por exemplo, os bares de Goiânia. O que se via? O abuso desses bares tomando conta das calçadas de Goiânia. Sempre achei que deveríamos evitar isso. Chamamos a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) e começamos a discutir cada caso. Fotografamos várias situações e fizemos um acerto muito interessante na época. Quais são as maiores necessidades de Goiânia atualmente? A maior necessidade de Goiânia é a saúde. Há uma história interessante na saúde, que as pessoas não entendem, elas acham que os CAS de Goiânia não têm condições de atender. Na verdade, eles têm condições, mas ainda precisam de algumas melhorias. Em sempre dou o exemplo da Fórmula 1. Como é que um piloto tem 40 engenheiros de ponta e tecnologia, mas quando é no domingo ele não consegue largar? É a vida. A gente tem que aprimorar a todo o momento. Um dos problemas é que nós não temos saúde regional. Não há um hospital de referência regional. Então, além de receber toda a demanda do Estado de Goiás, ainda recebemos do entorno. Goiânia avançou demais na qualidade dos CAS, mas ainda precisamos avançar bastante. Mas o Governo do Estado também precisa investir nos hospitais regionais. O senhor acredita que as redes sociais podem facilitar a comunicações entre a população e políticos? Tudo que você coloca a cara, você tem duas vertentes. Uma que você colhe louros políticos e outra os problemas políticos. Não há mais como viver sem redes sociais. E outro ponto são as ações. É uma forma de prestar contas para a sociedade sobre o que você está fazendo. É extremamente importante. O senhor acredita que a população pode participar mais da fiscalização do uso de recursos públicos por parte dos governos? Todo mundo pode ajudar. O governo não consegue acompanhar uma obra que está sendo feita lá no Norte do país. A população precisa denunciar. Não há corrupção na política se não houver a outra parte. Só de votar certo, a população já ajuda. Por isso, escolha bem o seu sindico, presidente de bairro, os vereadores, deputados e até chegar ao presidente da República. Dessa forma, as coisas vão mudar muito. Qual a sua opinião sobre essa onda de violência de assola Goiânia? Como o Governo pode agir para reduzir o número de casos? Investimento em inteligência na segurança. Temos que investir forte em meios eletrônicos, câmeras de segurança na cidade e mapeamento das regiões com maiores índices de criminalidade para combater o crime.
Como você analisa a volta da Rotam às ruas? Qualquer lugar do mundo precisa de uma força mais forte para atuar. A Rotam saiu das ruas porque eles começaram a atuar como os filmes que a gente vê por ai, a imprensa já falou sobre isso. Eles usavam excessivamente da força. Eu acho extremamente importante a volta da Rotam. Ela é uma guarnição muito respeitada. O novo coronel é uma pessoa muito inteligente e equilibrada. E eu tenho boas expectativas sobre a volta da Rotam. O senhor acredita que o meio político está passando por uma onda de moralidade? Temos 513 deputados na Câmara Federal. Na Câmara de Goiânia, temos 35 e na Assembleia, 41. O Brasil tem mais de 190 milhões de habitantes. Já pensou se só tivesse bandidos? Não tem só bandidos nas cidades. Acredito que não tem nem 10% que são bandidos. O mesmo é com a política. Mas é preciso que as pessoas que assumem um cargo desses tenham mais consciência e patriotismo para servir o seu país. O dia que todos tiverem isso vai mudar bastante. Existe uma preocupação dos políticos de não serem mais vistos como corruptos. O pessoal quer mudar essa imagem. O que o meio político pode fazer para incentivar a qualificação de profissionais de diversas áreas? Quando eu trabalhava na Telegoiás, tive contato com muitos jovens. Nós contratávamos muitos estagiários. Ele já começava a atender com dois ou três meses. Então, a nossa função e que eu exigia de todos que trabalhavam comigo era que a gente desse a esses meninos esperança, expectativa, senso de organização, responsabilidade e dever. A primeira coisa que um político precisa fazer é dar exemplo. Ter uma vida descente e correta. Ele deve dar exemplo e cobrar a execução e aplicação de leis na sociedade. Temos que incentivar a melhoria da qualidade de prestação do serviço e levar coisas boas à comunidade. Qual a sua opinião sobre a crise da Celg? O que pode ser feito para melhorar a situação sem prejudicar o consumidor? Primeiramente, tem que tirar qualquer intervenção política de dentro da Celg. Tem que rever todos os seus contratos e enxugar o quadro. A empresa precisa trabalhar com tecnologia. Se essas mudanças já estiverem em andamento, parabéns. Para fazer esse dever de casa, ela conta com administradores e técnicos competentes e não deve prejudicar o funcionário público.