Resenha: Estruturalismo

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Resenha Estudos da Linguagem: ESTRUTURALISMO Escrito por: Letícia Moura O estruturalismo de Saussure O Estruturalismo mostra uma nova abordagem da linguística. Contrapondo aos estudos anteriores, que focavam em uma linguística comparativa, o estruturalismo propunha uma “abordagem não histórica, descritiva e sistemática” (PAVEAU, 2016, p.63). Os conceitos do linguista suíço Ferdinand de Saussure (1857 – 1913) funcionam como base para a construção desta teoria, no entanto, é importante ressaltar que o filósofo, apesar de propor uma nova abordagem, não negava a validade dos conceitos apresentados pela corrente do historicismo. Nos estudos histórico-comparativos, muito utilizados antes das teorias de Saussure, o objetivo era comparar diversas línguas com o intuito de organizá-las em grupos e definir uma língua de origem. Saussure chama este método comparativo de diacrônica (através do tempo) e propõe um novo ponto de vista para o estudo: a visão sincrônica (ao mesmo tempo). Nesta, “determinado estado e uma língua é isolado de suas mudanças através do tempo e passa a ser estudado como um sistema de elementos linguísticos” (FIORIN, 2002, p.79). Outro marco do estruturalismo de Saussure é caracterizar a oposição entre língua e fala. A língua é coletiva, social e sistemática (é um sistema de signos); enquanto a fala é particular, individual e assistemática. Dentro desta divisão, a teoria promove um avanço ao definir como objeto de estudo da linguística a língua como um sistema, o que foi essencial para decretar independência da linguística em relação a outras disciplinas. Saussure também discorre sobre a diferença entre significante e significado. Dentro do conceito de que a língua é um sistema de signos, é importante definir um signo linguístico. Pensando em uma fórmula matemática, podemos dizer que: Signo = Significante (imagem acústica) + Significado (conceito). Então, mostra que a relação não é entre palavras e coisas, e sim sobre imagem acústica e um conceito, definindo a língua como um princípio de classificação. Ou seja, cabe à língua nomear todas as coisas existentes no universo, no entanto, o nome dado ao objeto será apenas um reflexo da coisa e não a coisa em si. O signo também é caracterizado como arbitrário, “já que não há uma relação de causa e efeito que motive a relação que une um significado e um significante” (FIORIN, 2002, p. 87).


Outra característica importante do signo é a linearidade. Por conta do caráter linear, é impossível que os signos linguísticos ocorram simultaneamente em uma fala. Desta forma, é necessário que haja um alinhamento que coloque em ordem ou que proporcione uma combinação entre os signos (sintagma). Além disso, também é necessária uma relação que selecione os elementos a serem combinados (paradigma). “Um signo pode ser associado a outros signos por, pelo menos, três modos: por meio de seu significado, com seus antônimos e sinônimos; por meio de seu significante, com imagens acústicas semelhantes; e por meio de outros signos, em processos morfológicos comuns” (FIORIN, 2002, p.88). Essa distribuição dos signos e as suas relações é explicada por Saussure como a dicotomia entre paradigma versus sintagma. Essa dicotomia é importante para definir até o nome da teoria. Segundo John Lyons (1981, p.204), a descrição estrutural de uma língua se propõe a esclarecer de que forma cada “componente” vai se encaixar. Saussure acredita que a língua funcionaria como uma estrutura (ou sistema) em dois níveis: o nível de relações sintagmáticas (combinação entre os signos) e o de relações paradigmáticas (seleção dos elementos que são combinados). Esta “estrutura” enfatiza as relações internas combinatórias e contrastivas no sistema.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÀFICAS FIORIN, José Luiz. Introdução à Linguística, São Paulo: Contexto, 2002. LYONS, John. Language and Linguistics, Tradução autorizada de primeira edição inglesa, publicada em 1981 por Cambridge University Press, Inglaterra. PAVEAU, Marie-Anne. As grandes teorias da linguística: da gramática comparada à pragmática, Tra. M.R. et al. - São Carlos: Claraluz, 2006.


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