Correio de Goiás

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CORREIO DE GOIÁS

Goiânia, quinta-feira, 17 de novembro de 2011

ENTREVISTA

‘Estamos preparados’ COLEMAR CARDOSO/EX-PREFEITO DE GUAPÓ (PSDB)

LETÍCIA MARINA

DA EQUIPE DO CORREIO DE GOIÁS

A

frase do ex-prefeito de Guapó Colemar Cardoso (PSDB) que dá título a esta entrevista pode ser interpretada de duas maneiras. A primeira interpretação é de que o líder político está pronto para um possível embate nas eleições de 2012 no caso de ser escolhido como candidato da base do governador Marconi Perillo. A outra interpretação é de que os partidos da base do governador estão

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CORREIO DE GOIÁS – Como o senhor analisa o cenário político de Guapó? COLEMAR CARDOSO – O cenário político em Guapó é bem favorável ao candidato que se propor a ser parceiro do governador Marconi Perillo. Quem for o candidato do governador certamente sairá com vantagem. Até porque não tem ninguém que investiu tanto na cidade quanto o governador Marconi. Ele fez e está fazendo mais pela nossa cidade que os todos os outros governadores juntos. Hoje em dia, o que mudou em relação à época em que o senhor foi prefeito? É uma situação delicada de falar. Não tenho acompanhado a administração do atual prefeito. Quando eu assumi a cidade de Guapó (em 2001), havia descaso do poder público, os salários dos funcionários estavam atrasados e a cidade estava praticamente acabada. Passamos por uma época bastante complicada e a partir das parcerias com o governo estadual, conseguimos recuperar a cidade e quero acreditar que o atual prefeito deu continuidade a esse trabalho em prol de uma cidade melhor. Guapó está uma cidade limpa, organizada e o prefeito manteve as obras que foram feitas. A cidade evoluiu bastante de 2001 para cá. Como o senhor avalia o trabalho do governo estadual no município nos dois mandatos de Marconi Perillo e no mandato do exgovernador Alcides Rodrigues? Eu faço uma comparação dos períodos através do trabalho diário do homem do campo. Tem época de abundância, em que a roça fica bonita e o gado engorda, mas tem época da seca, em que o gado passa fome e a lavoura seca. Na época do ex-governador Alcides Rodrigues, eu posso dizer que os prefeitos passaram muitas dificuldades, principalmente os que eram ligados a Marconi. Fui prefeito no governo do Alcides por dois anos e tive muita dificuldade em conseguir benefícios para nossa cidade. Não sei se é pela facilidade que o governador Marconi dá aos prefeitos, e não só aos que são ligados politicamente a ele. Eu tenho acompanhado quase todos os prefeitos no Estado, mesmo os da oposição. Só pra citar um exemplo, o governador Marconi lançou o programa Rodovida para 130 municípios, que visa recuperar as vias urbanas. A cidade de Guapó está incluída. No programa, constam várias cidades com prefeitos da oposição, mas o governador não quis saber da ligação política desses prefeitos. Ele quis beneficiar o povo da cidade, que não tem nada a ver com questões políticas. Então, é diferente você administrar com um governador que é municipalista como Marconi. Ele tem feito muito por Goiás. Ele procura levar os benefícios públicos a quem realmente necessita, ao município que precisa dessa ajuda, pois é ali que está a dificuldade, é ali que o povo vive, e é ali que se faz necessária a presença dos governos Estadual e Federal. Neste governo, Marconi tem sinalizado com obras para Guapó? Sim. Desde o momento em

preparados para a disputa independentemente do candidato que emergir das convenções, mantendo unida a coligação responsável pelas últimas três vitórias no pleito municipal de Guapó. Colemar já foi prefeito por duas vezes. Na primeira, teve 86% dos votos e, na reeleição, obteve 65% da preferência dos eleitores. Em ambos os casos, a superioridade foi incontestável.

que o governador Marconi assumiu, a cidade de Guapó ficou mais alegre. Hoje, as portas do Governo estão abertas para Guapó. Basta ver o exemplo que citei, o programa Rodovida. Está prevista a recuperação de 80% do asfalto de Guapó. Quando fui prefeito, fizemos 300 mil metros de asfalto em Guapó em parceria com o Governo do Estado, com empresários do município e com recursos próprios da prefeitura. Agora já está sendo liberado pelo Governo do Estado essa quantia de asfalto para Guapó, o que vai ajudar bastante. A cidade sempre contou e sempre poderá contar com empenho do secretário Extraordinário de Articulação Política Sérgio Cardoso, um dos responsáveisi diretos pela recuperação e crescimento de nosso município. Como o senhor vê a possibilidade de fechamento da indústria Flora, que foi aberta durante o seu governo no município? É uma grande tristeza. A cidade de Guapó está perdendo muito. São 150 funcionários trabalhando diretamente. Então, imagina quantas pessoas serão atingidas indiretamente. O comércio de Guapó sentirá os reflexos disso. Na época em que eu era prefeito, quando trouxemos a empresa, doamos o terreno. A prefeitura estava em dificuldade, mas a gente sabia que era para o bem de Guapó. Acho que os proprietários devem rever e achar uma maneira viável de mantê-la em funcionamento para que não prejudique a população de Guapó. Foi a primeira indústria a vir para Guapó com a expectativa de crescimento. Quando doamos a área, a expectativa era de atingir a marca de 500 funcionários em dois anos. Até hoje isso não foi atingido, mas espero que eles repensem e possam não somente manter a fábrica funcionando como também atingir essa meta de geração de empregos.

Quando fui prefeito, ajudei a eleger meu sucessor e isso foi a primeira vez que aconteceu na história política de Guapó. Hoje temos uma base política muito bem organizada. Quais são hoje as maiores necessidades do município? A principal chama-se infraestrutura. Guapó cresceu muito, tem a rede de esgoto que foi implantada pelo governador Marconi, mas ainda faltam asfalto, rede de energia, reconstrução de pontes e construção de casas. Já foram feitas muitas casas, mas a população ainda precisa de mais. Tem também a questão da indústria, promover a chegada de novos investimentos com geração de empregos e melhoria da qualidade de vida do guapoense. Grande parte da população de Guapó trabalha em Goiânia e isso precisa ser eliminado. Nosso município tem de oferecer oportunidades para que o morador não precise se deslocar à Capital para ter um trabalho onde possa ganhar melhor ou, nem tanto por causa do salário, mas devido à oferta de vagas no mercado de trabalho. O senhor está sendo apontado como candidato nas eleições do próximo ano, isso procede? Sou um dos pré-candidatos.

Temos de respeitar o prefeito atual, que faz parte da base do governador Marconi, líder de meu partido. Sou do PSDB, o prefeito atual é do PP. Se o meu partido quiser me lançar, estou preparado para isso. O importante é que tenhamos coerência e bom senso para chegaremos a um acordo e manter fortalecida a base de apoio ao nosso governador. Se o candidato for eu, o atual prefeito ou outra liderança política, isso só o tempo vai dizer. Como disse, o importante é manter a união dos partidos que estão com nosso governador. Quem ganha com isso são os partidos e, acima de tudo, a população de Guapó. Há possibilidade de mais de duas candidaturas à prefeitura de Guapó? Acredito que não. Falo isso por mi. Pelo menos da minha parte, posso garantir que saberei compreender e se eu não for candidato, se o momento político levar á escolha de outro nome. Sou muito grato à população de Guapó por ter me dado dois mandatos de prefeito e por ter me ajudado a eleger meu sucessor. É gratificante sair às ruas e ser bem recebido pela população da minha cidade. Isso não tem preço. Se não houver condições para que eu seja o candidato da base do governador a partir de critérios onde a opinião pública é soberana, saberei entender e trabalharei pelo candidato de nossa coligação. Isso é a democracia. Nada pode ser imposto ou determinado por interesses próprios. A base do governador Marconi Perillo está sólida no município? Sim. O que ocorre é uma consequência do momento político. Na política, até você definir o candidato há divergências. Isso é normal. Cada um tem seu canto, quer procurar ajuda de um lado, há ciúme político, mas eu acre-

dito que em um momento exato vai estar todo mundo junto, pelo bem da nossa cidade. Defendo a tese de que ninguém deve pensar em si. Deve pensar primeiramente na cidade. O interesse maior é Guapó. Eu sou filho de Guapó e quero o melhor para nosso município. Todas as lideranças que pretendem colocar seu nome para apreciação a uma possível candidatura fazem isso pensando em dar o melhor de si para nosso município. Têm o mesmo interesse em ver a cidade crescer. Quem for escolhido vai ter o apoio de todos. Causa algum problema o fato de o senhor ser apontado como favorito numa eventual disputa pela prefeitura nas eleições de 2012? De jeito nenhum. Muito pelo contrário. Eu fico orgulhoso em saber que eu fui prefeito por dois mandatos e sou bem aceito pela população. Para mim é um momento de muita alegria, me sinto muito orgulhoso de sair às ruas e em todas as casas em que chego sou bem recebido. Sei que posso até não ser o candidato, mas tenho o reconhecimento do povo pelo que eu fiz nos oito anos em que fui prefeito. Tenho muito o que agradecer ao povo de Guapó pela confiança de me escolher como prefeito por duas vezes. Na primeira vez em que fui prefeito, enfrentei o desafio de superar um trauma de toda administração municipal em nossa cidade. Todos os prefeitos que passaram por Guapó sempre enfrentavam grandes dificuldades junto á população após dois anos de mandato, chegando a ser vaiados pelos moradores. No meu segundo ano como prefeito, fizemos uma grande solenidade pública junto com o governador Marconi e fui aplaudido. Aquilo quebrou essa tradição prejudicial a nosso município. Depois, foi reeleito de forma expressiva e consegui fazer meu sucessor. Foi a primeira vez que um prefeito faz um sucessor em Guapó. Nós temos uma base política muito bem organizada. Como o senhor analisa o fato de surgirem boatos sobre uma impossibilidade de candidatura devido a problemas com aprovação de contas? Essa situação já foi resolvida? Quem tem o privilégio de poder morar em nossa cidade, pode-se considerar uma pessoa feliz, pois gente melhor que a nossa não existe. Ainda falta fazer muito, mas nossa cidade não fica a dever a nenhum outro lugar em qualidade de vida para se morar. Apesar de nos dedicarmos ao máximo à administração e termos herdado uma prefeitura completamente sucateada, há aqueles que se incomodam com esse trabalho em prol da população. Quando eu estive na prefeitura, todos os dias saíam boatos nas ruas dizendo que o prefeito Colemar não estaria mais na prefeitura. O engraçado é que a origem desses boatos era sempre a mesma. E eu fui prefeito por oito anos. Não saí, não fui afastado e não tive nenhum problema sequer. Agora, há outros boatos envolvendo uma suposta impossibilidade de eu me candidatar. Assim como os ou-

tros, são boatos falsos, que vêm da mesma origem. Então, a população de Guapó pode ficar tranquila que eu não devo nada para a Justiça. Fico tranquilo porque os moradores me conhecem e conhecem também quem está interessado nesses boatos falsos. Quem deve são os bandidos, os criminosos. Não sou bandido, não roubei e não matei. Tenho minha ficha limpa para ser candidato se for o escolhido pela base do governador. Não tenho nenhum problema que possa me impedir de ser candidato. Quem quiser, pode entrar no site do Tribunal Superior Eleitoral e puxar pelo meu nome ou CPF, e vai ver que não há nada contra. Não me preocupo com esses boatos. A que o senhor credita esses boatos? Isso é boato mais de oposição, às vezes, até mesmo de candidato. Como agora é o momento de escolher um candidato, é natural que algumas pessoas procurem tumultuar o ambiente político, tentar atrapalhar. Estou acostumado com isso e até vejo um lado positivo nesse desespero, pois demonstra uma preocupação com minha eventual candidatura. Tenho experiência em política. Podem ter certeza que, caso seja o nome escolhido pelos partidos de nossa coligação, não haverá o mínimo problema de ser candidato a prefeito de Guapó pela terceira vez. Se for da vontade da população e dos partidos da base do governador Marconi Perillo, não há nada que me impeça de ser candidato. Quando foi prefeito, ficou algum projeto que o senhor gostaria de ter concluído e não foi possível? Quando eu assumi Guapó, o trevo era uma espécie de depósito de lixo da cidade. E eu tinha o sonho de ver aquele trevo bem organizado. Mesmo sendo uma rodovia federal, cuidamos daquela região. Começamos, organizamos e fizemos asfalto dos dois lados do trevo. Mas ficou faltando eu fazer o calçadão em volta da lagoa. Eu também queria ter feito mais asfalto, tinha o compromisso de fazer, mas não consegui viabilizar os projetos a tempo. Pela da Lei de Responsabilidade Fiscal, tinha que adequar as despesas ao ano fiscal, não podia gerar mais despesas. O que tive condições de fazer foi feito. O dinheiro público que veio foi bem aplicado. Tenho consciência disso. Se não fizemos mais, foi realmente por falta de condições. A Lei de Responsabilidade Fiscal e a maior fiscalização da justiça eleitoral sobre o uso de recursos públicos são fatores impeditivos para os prefeitos trabalharem melhor? São instrumentos importantes. Já acompanhei muitas administrações e pude perceber irresponsabilidade de alguns administradores. A fiscalização é importante e faz parte do processo político. A população precisa contar com instrumentos para poder fiscalizar a aplicação dos recursos públicos. Antigamente, havia prefeitos que andavam com talão de cheque da prefeitura no bolso e pagava conta no boteco, em qualquer lugar.Isso é inadmissível e a fiscalização é bem-vinda.


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