TATTOO ROCK FEST ENTREVISTA COM JULIANO AMARAL TÍTULO: Em cima de quatro rodas OLHO: Juliano Amaral é um dos skatistas mais conceituados do Estado. Em entrevista para a revista do Tattoo Rock Fest, ele conta como começou e seus projetos para se tornar profissional no próximo ano. Letícia Marina
1) Como surgiu o seu interesse pelo skate? O meu interesse por skate começou quando eu mudei para São Paulo, eu tinha uns 9 anos. Eu morei 10 anos lá. Não foi imediato. Meu irmão começou a andar e quando eu tinha uns 15 anos que meu interesse aumentou. Eu já tinha experimentado andar. Meu irmão já tinha deixado de andar de skate, então eu peguei o skate dele e comecei. Depois disso, acho que aconteceu o que acontece com todo skatista, quando tem o primeiro contato já é suficiente para não parar de andar.
2) Como foram as primeiras competições? Eu comecei a andar em 1999. E, nessa época, eu morava no interior de São Paulo, em São José dos Campos. E, são várias cidades, uma pertinho da outra, e sempre tinha campeonatos nas cidades. Era comum ter campeonatos, eu não sabia fazer nada no skate e já participava dos campeonatos. Eu cresci e evolui com os campeonatos. Eu puxava o nível para tentar competir, para melhorar ainda mais. Foi muito importante para me motivar a andar de skate e me fazer evoluir. E, até chegar em Goiânia. Quando eu mudei para cá, encontrei a Ambiente Skate Shop. E foi uma porta aberta para mim. Cheguei com uma bagagem legal no skate e aqui eu aprendi muito mais sobre skate. Aqui eu tive contato com quem sabia de skate, era referência, algo que eu nunca imaginei que aconteceria aqui. Aprendi muito mais aqui do que na época em que eu morei em São Paulo.
3) É difícil conseguir patrocínios em Goiânia? Goiânia já tem uma história que vem de muito tempo com o skate. A galera agora está andando na Praça Universitária, depois que reformou. Antigamente, já tinha uns caras que andavam lá. O Daniel, James, Caverinha, Lenardo “Jow” e outros já tinham patrocínio na época. Então, patrocínio em Goiânia já rolou antes. Acredito que mudou mesmo foi depois da Ambiente Skate Shop, que começou a fazer grandes eventos e a trazer possibilidades melhores para os skatistas daqui. Mesmo assim é difícil ser patrocinado aqui. Para isso tem que mostrar a cara, fazer vides aproveitar a comunicação através das redes sociais.
4) Quais as principais dificuldades que você enfrentou?
O mercado do skate é meio ingrato para quem mora no Brasil. O país é um dos únicos do mundo que tem mercado próprio do skate, tem as marcas nacionais, shapes nacional, trucks nacionais. Isso é bom, pois dá a oportunidade de se viver de skate no Brasil. Mas, ao mesmo tempo, é ruim, pois o mercado cresceu em cima de pessoas que não sabiam como se comportar dentro do mercado do skate. Então, o cara monta uma marca dele, e essa marca cresce. Ele poderia ter essa marca como se fosse para skate ou para qualquer outro segmento e ele iria tratar da mesma forma. Então, a ingratidão que eu falei vem a partir disso. Você é patrocinado por um cara que não vive do skate. Com isso, ele não vai pagar o salário que você merece. Se tiver patrocínio, você não vai ter uma cota que vá suprir as suas necessidades. É bem difícil o mercado no país.
5) Você pretende lançar a sua própria linha de shapes? Quando você passa para profissional o ideal é que uma marca de shape, que é a madeira do skate, faça o seu modelo com o seu nome assinado. Estou planejando profissionalizar no final do ano. E, acredito que isso vai ser uma porta aberta para muita gente que está vindo depois de mim. Eu vou ser o primeiro profissional de Goiânia e para molecada eu acho que isso é importante, para ter um profissional como referência. Assim, eles vão pensar que também poderão ser profissionais algum dia. Mas para isso tem que correr atrás e ter vontade de viver o sonho do skate. Acho que vai ser melhor para região do que para mim. Eu vou ter a satisfação de ser um profissional no skate, o que no Brasil é algo complicado.
6) Quais são os passos para se profissionalizar? Há duas coisas muito importante para virar um profissional. A primeira é ter uma entrevista em uma revista do segmento. Neste ano saiu uma entrevista minha de 14 páginas na Cemporcento Skate. A segunda é ter uma parte de vídeo boa. E, foi o que eu fiz neste ano. Demorei dois anos para fazer essa parte em vídeo, filmei na Europa, São Paulo, Brasília, Goiânia e várias outras regiões do país. O lançamento desse vídeo e a entrevista é um grande passo para virar profissional. Depois disso, não tem mais o que fazer. Meu próximo passo é tentar profissionalizar e fazer as marcas daqui crescerem ainda mais. As marcas que me patrocinam são daqui, a Capital (Brasília) e a Ambiente Skate Shop (Goiânia).
7) Como foi ser indicado ao prêmio CemporcentoSkate em 2009? Como eu disse antes, eu me inspirei muito no Aladin, da Capital, para começar a mandar os meus vídeos. Tinha uma promoção de enviar vídeos para a revista Cemporcento Skate, a Skate Promo do mês. E, todo mês saia um vídeo. Então, eu resolvi participar, meus amigos ajudaram a filmar, eu editei o vídeo. Nessa promoção foram escolhidos os três melhores. E no final do ano, eu fui indicado ao troféu Cemporcento. Eu já era conhecido por sempre participar dos eventos, mas a partir disso que meu nome
começou a ser mais falado. Esse Promo acrescentou muito, muita gente acabou me conhecendo. Andar de skate bem, muita gente anda, mas correr atrás são poucos. 8) Como foi dar aula na Ambiente Skate Shop? Quando eu comecei, ainda não tinha aula de skate na Ambiente. Eu conversei com o Daniel, para poder ter uma ajuda a mais para viajar e participar dos eventos de fora. Foi ai que surgiu a ideia de fazer uma aulinha de skate. Eu comecei sem experiência, porque mesmo você sabendo andar de skate, é diferente você tentar explicar para uma criança. Mas foi uma experiência bem legal. Hoje em dia, os moleques que eu dei aula já estão todos grandes e eles sempre lembram. Atualmente, quem dá aula na Ambiente é o Pedrinho e as aulinhas são sempre cheias.
9) Você acredita que dá para viver só do esporte no Estado? Acho que sim. Como eu citei o Aladin como referência, que é de Brasília, ele vive uma cena muito parecida com a minha aqui em Goiânia. Ele dedicou 100% ao skate e hoje em dia, ele é um profissional que tem modelo de shape, eixo, roda e tenis. E é isso que fortalece ele, já que ele consegue ganhar os royalties dele e uma graninha para se manter. Ele tem uma situação de vida estável só trabalhando com skate. E, se ele conseguiu, qualquer um pode conseguir. É só batalhar, dedicar e correr atrás. O skate nunca para de crescer no país, em todas as regiões. Então, a cada dia que passa, fica mais fácil. Então, quem quiser correr atrás, vai conseguir.
10) Como você avalia o crescimento do Skate no Estado? O que pode ser feito para estimular ainda mais esse crescimento? O skate cresce no Brasil inteiro. aqui na região através dos eventos que fazemos sentimos cada vez mais o interesse das grandes marcas. Isso é um bom sinal por que assim temos mais força para dar continuidade ao nosso trabalho. E, para quem anda, fica cada vez mais próximo a chance de se viver do skate. Para crescer mais, Goiânia tinha que ter mais gente realmente interessada em nosso mercado, aqui tem muita gente envolvida com o skate, mas pouca gente fazendo alguma coisa.
11) Você acredita que tenha alguma relação entre tatuagem e skate? No estilo de vida?
Para mim, skate e a Tattoo sempre andaram juntos. Tanto é que as minhas tatuagens são de amigos que andam de skate e fazem tatuagem. Quando faço uma tattoo, marco um momento, uma fase que estou passando que vai ficar registrada para sempre em minha pele. Curto muito e agradeço por ter amigos tatuadores. Eles são Giuliano Maia, Felipe Liwan e o Casé.
12) Qual a dica que você dá para a galera que está começando no Skate?
A dica ĂŠ andar sempre com intuito de se divertir, se alguma oportunidade aparecer atravĂŠs do skate abrace e seja verdadeiro!