Um pedacinho de Jaraguá em Goiânia Por Letícia Marina A Folia do Divino de Jaraguá (GO) é uma comemoração bastante conhecida na região. O que muitos talvez não saibam é que os jaraguenses que moram em Goiânia fazem questão de manter essa tradição viva, mesmo que há muitos quilômetros de distância. A Manifestação popular alia aspectos espirituais e folclóricos, buscando, acima de tudo, expressar a gratidão ao Espírito Santo pelos dons e bênçãos recebidas. “A tradição nasceu com os nossos colonizadores, os portugueses. É a devoção pelo Espírito Santo e, também, festeja a Nossa Senhora do Rosário e São Benedito”, diz Maria Augusta, organizadora da folia. Ela explica que a folia é uma junção da crença dos ricos e dos escravos do período da colonização. A tradição já ocorre há 26 anos e o principal objetivo a renovação e o resgate da goianidade e do caráter religioso e cultural da Folia do Divino Espírito Santo. “O nosso objetivo maior é a confraternização com os jaraguenses residentes em Goiânia e a preservação da nossa fé”, pontua. Paulo Antônio é organizador da folia e, às vezes, também é o maestro da Banda de Música Santa Cecília. Ele fala sobre a história por trás da tradição. A Banda é uma das mais antigas do Estado de Goiás e se mantém até hoje. “Essa também uma forma de manter a nossa cultura e tradição”, diz. Mas a banda não foi sempre assim, o Paulo Antônio foi essencial para que a banda se reerguesse na região. “Eu acompanho a banda desde que eu era pequeno. Mas, tínhamos um problema, os músicos não se renovavam. Quando fui eleito o prefeito de Jaraguá, incentivei a reestruturação da banda e comprei novos instrumentos. E, até hoje estamos muito fortes”, compartilha a experiência. A cerimônia é bastante tradicional e mantém muitas características da folia que era realizada antigamente. As famílias jaraguenses, que moram em Goiânia, recebem a visita dos foliões, liderados pelo Imperador do Divino e pela tradicional Banda de Música Santa Cecília. É uma linda cerimônia. As famílias aguardam a visita e, quando a banda chega, executa músicas tradicionais que são cantadas por todos. O imperador carrega, em uma bandeja, a coroa de prata com o símbolo do Divino e os grupos uniformizados portam estandartes de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito. Antônia Paula Rocha, dedicada a trabalhos humanitários, é a única goianiense que recebe a visita dos foliões. Ela trabalhou por muito tempo em Jaraguá e foi “adotada” pelas famílias jaraguenses e que, também adotou a cultura da região. Ela recebe os foliões em sua casa desde 1995, mas explica que participa da tradição desde quando era uma criança. “Os meus bisavós eram portugueses, então, conheço a tradição desde que eu nasci. Eu fui festeira pela primeira vez aos 6 anos. Foi uma experiência muito linda”, relembra. Ela também conta que a preparação para receber a folia em sua casa é grande. Ela fica cerca de um mês selecionando a decoração e escolhendo as lembranças que serão distribuídas. Tudo para que, no dia da festa, o local esteja o mais festivo e convidativo o possível. Antônia conta que é uma ótima ocasião para reunir os amigos e celebrar a tradição.
“É um momento de encontro dos amigos e da família. É uma forma de manter e reavivar a fé. É importante manter essa tradição viva.”, finaliza Antônia Paula Rocha.