Mulatas! | Documentário

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“Dancei com uma dona infeliz, que tem um tufão nos quadris” Chico Buarque, “Bye, bye, Brasil”

mulatas! um tufão nos quadris

release do projeto


apresentação

Meninas do Brasil Diante de uma bela mulata - com o perdão da redundância -, o olhar de cobiça dos homens lembra o das crianças, na manhã de Natal, ao descobrir a árvore lotada de presentes. É tanta generosidade, tanta beleza, tanto tudo, que nem dá para saber por onde começar. Elas divertem-se com o assédio perpétuo, de gracejos abobalhados, gestos sem nexo, sorrisos entregues. Documentos da raça brasileira pela graça da mistura, acostumam-se ao cortejo permanente, na rua, no samba, na vida. E, claro, se divertem o tempo todo. Ou quase. Mulheres orgulhosas, com tudo “ão” - sorrisão, peitão, pernão, bundão -, escondem, sob a folia e a brincadeira, projetos de felicidade modesta, uma casa, o colégio melhor para o filho que normalmente cria sozinha, a faculdade, a sorte de um amor tranquilo. Na solidão do trabalho itinerante, mal remunerado, conjugam alegria. A maioria, veja só, não tem namorado. O flerte deslumbrado se dissolve no ciúme do ofício com pouca roupa, e o romance prospera. Os homens estão perto, mas longe. “Homem nenhum gosta de casar com mulata. A gente dá trabalho”, assume Mônica Rangel, 22 anos, da Viradouro. “Nenhuma passista que passou aqui disse que o namorado gosta. É difícil. A roupa da gente é pouca coisa, tem muito assédio...”, admite Grazi Dantas, 28, da União da Ilha. À espreita, está sempre a confusão com garotas de programa. As fantasias alimentadas pela dança sensual causam constrangimentos e relatos de preconceito, ainda que algumas repitam a música e aceitem “uma prenda, qualquer coisa assim”. As seis dezenas de relatos guardam um ponto comum - o amor pela vida na dança, no samba. Ter um tufão nos quadris, para elas, é tudo de bom. Aliás, para nós também. No mais, é como resume Janaína, da Beija-Flor. “Mulata já foi cor da pele; hoje é profissão”. Amém.

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“Dancei com uma dona infeliz, que tem um tufão nos quadris” Chico Buarque, “Bye, bye, Brasil”

objetivo

O samba em forma de pessoa... Estrelas anônimas da nossa maior festa, as mulatas são o emblema supremo do Carnaval. Ostentam, no passo impecável, a magia e sensualidade que hipnotizam a plateia e garantem a audiência planetária do espetáculo das escolas de samba do Rio. Muito além dos holofotes da folia e da brincadeira, suas trajetórias, paradoxalmente, conjugam melancolia, e humor – além, claro, do mais profundo amor pelo Carnaval. “Mulatas! Um tufão nos quadris” contará as histórias das personagens mais cobiçadas da avenida. Os relatos montam um indispensável retrato do cotidiano de rainhas pagãs que enfrentam discriminação, assédios e carências as mais variadas com o jogo de cintura típico dos bambas. Permitem um mergulho profundo nos bastidores do maior show da Terra, muito além das fantasias que brilham na TV, numa de suas faces mais misteriosas: o chão das escolas de samba, garantia maior do vigor da festa, que cruza a passarela a vida inteira, sem que os admiradores da arte carnavalesca desconfiem da riqueza das suas histórias.


personagens

Protagonistas Tânia Bisteka. Vice-presidente de eventos e coordenadora da ala de passistas da Mangueira. Aos 36 anos, fez seu último desfile como passista no Sábado das Campeãs de 2010. Tem uma das histórias mais ricas, com longas viagens ao exterior e um grande conhecimento do mundo do samba. Solitária, usa a fama e a trajetória no carnaval para espantar a melancolia. Sonia Capeta, 50 anos, até hoje desfila na Beija-Flor. Exrainha de bateria, ela é uma celebridade na escola, mulata antológica. No ensaio técnico na Sapucaí exibiu à nossa câmera seu passo único, que balança o quadril como num liquidificador. “Só a Capetinha faz isso”, garante. Nilce Fran, 45 anos, é a mestra “Yoda” que garante o futuro da arte do passo no samba. Formadora de várias gerações de passistas, contou sua trajetória, com longas temporadas no exterior, a angústia pela distância do filho de saúde frágil e a solidão da vida na estrada. Mantém, na Portela – onde é coordenadora da ala de passistas – uma turma de seu projeto profissionalizante, o Primeiro Passo. “Mulata já foi raça, hoje é profissão”, afirma. Elaine Ribeiro tem apenas 28 anos, mas já viveu um mundo de histórias incríveis. Aos 18 anos, embarcou num navio e passou um ano rodando a Terra, à custa de shows de dança. Ficou noiva de um sueco, não casou, sofreu preconceito, voltou para o Brasil até ir morar em Turim, Itália, por seis anos. Jamais por acaso, a caixa postal do celular tem mensagem em três línguas: português, inglês e italiano. Ex-rainha de bateria da Porto da Pedra, hoje é uma desiludida com o carnaval, mas sabe como usar sua imensa beleza. Afirma que não entra em fila, nem tem problemas para se livrar de blitzes. Usa seu poder sedutor para facilitar a vida cotidiana. Hoje trabalha como telefonista no Hotel Intercontinental, cinco estrelascarioca.

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“Dancei com uma dona infeliz, que tem um tufão nos quadris” Chico Buarque, “Bye, bye, Brasil”

Rose Bombom, 21 anos, da Grande Rio, impressiona pela história de vida, que mistura alegria e tragédia em doses generosas. Abandonada pela mãe aos oito meses, vive com a avó e ajuda a criar oito crianças, suas primas, num pequeno barraco no Parque Centenário, favela de Caxias. Conta que foi vítima de racismo ao ser confundida com prostituta em Copacabana. Mas não lamenta seu destino – ao contrário vive de bom humor, sempre com um sorriso marcante. Rafaela. Nascida na classe média do Grajaú há 29 anos, vive e trabalha em Botafogo. Mangueirense, formou-se geógrafa e presta serviço para Furnas. Ela reflete sobre a condição de mulata e teoriza sobre a topografia musical da Mangueira. Revela seus sonhos de construir uma família “de comercial de margarina”. Papo cabeça em pleno carnaval. Andressa. É chamada de “Olímpia” pela avó, porque quase nasceu na quadra da Mangueira, durante a escolha do samba-enredo de 1990. “...Sinhá Olímpia/ Quem é você?/ Sou amor, sou esperança/Sou Mangueira até morrer”. Ser mulata para Andressa é a coisa mais importante em sua vida. Aos 21 anos, é manicure. Ana Paula. Portelense, 26 anos, é neta de um fundador da escola (Jair do Cavaquinho). Só se tornou passista depois de ser mãe, pouco tempo antes de o avô morrer. Ele custou a permitir. “Não se mete com homem do samba”, aconselhava a avó à neta, hoje uma referência na ala de passistas da Portela. Casada com um paulistano de classe média, mora em São Paulo, onde desfila na Unidos de Vila Maria. Jaqueline Faria. Ex-rainha do Carnaval, 27 anos, é uma de nossas cinderelas – e uma das mais lindas mulatas da festa. Nora de Neguinho da Beija-Flor, dança nos shows dele e integra o balé do cantor Latino. Desfila como destaque de chão na Beija-Flor. Uma diva do samba. Meiri Lannes, 24 anos, da Mocidade Independente de Padre Miguel, é uma menina religiosa aprisionada num corpo escultural de mulata. Aos domingos, ela canta no coro da Igreja de Santa Clara, em Campo Grande. O pai morreu assassinado quando ela tinha 5 anos. Vive com a mãe, expassista, e uma irmã. Guarda-vidas num condomínio próximo de casa, cursa faculdade de Educação Física.


personagens

Dandan, 28 anos, nasceu na Baixada Fluminense, desfila no Salgueiro e mora no Vidigal, de onde sai para longas temporadas dançando no exterior. Na dia a dia, sua aparência não impressiona. Mas sempre é precedida pelo aviso: “Espera pra ver montada”, senha da transformação para uma mulata espetacular. Inicia-se na carreira de atriz e modelo. Queila Mara. Já morou várias vezes no exterior, e ainda viaja várias vezes por ano. Hoje, reveza-se entre os shows e o trabalho como produtora. Tem fama de ser extremamente profissional no trato com as outras mulatas. Em 2009, tentou realizar o sonho de ser rainha do carnaval, apesar de não ter mais idade – o limite, pelo regulamento é de 35 anos; ela tem 45. Na semifinal, foi denunciada numa carta anônima. Temos ainda o depoimento de seu marido, Edson Marcos de Andrade, prova viva do amor pelas mulatas. Ele está no oitavo casamento – todos com musas do samba. Ana Perola, 24 anos, da Mocidade Independente, dividese entre o sonho da vida nos shows e a realidade do cotidiano como gari da Comlurb, no Rio. Dá expediente no Centro Administrativo da Prefeitura carioca, onde muitos a saúdam e incentivam pelo ofício de mulata, mas alguns ainda destilam preconceito. “Somos confundidas com prostitutas”, admite, num lamento.

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“Dancei com uma dona infeliz, que tem um tufão nos quadris” Chico Buarque, “Bye, bye, Brasil”

produção

Documentário de longa-metragem 70’ Entrevistas com 13 mulatas de escolas de samba do Rio, de gerações diferentes, que ajudam a compor um retrato da vida deste personagem fundamental da cultura popular. Os relatos tratam do amor pelo Carnaval, a vida cotidiana, a relação com os homens, a divisão entre os papéis de mãe, esposa, filha, namorada, trabalhadora. Além delas, três homens também são entrevistados, com visões diferentes sobre o tema: Sérgio Cabral, pesquisador de Carnaval e arte popular, fala da importância histórica das mulatas e a consolidação de seu papel na festa; Alberico Campana, gerente da Plataforma (onde acontece o único show permanente de mulatas no Rio), conta a longa convivência com várias gerações de dançarinas carnavalescas; e Edson Marcos de Andrade, engenheiro que está no oitavo casamento com mulatas de Carnaval, dá a visão de um irremediável apaixonado. O filme prova que as mulatas, agentes da alegria e da beleza, são, por vezes, personagens melancólicos, cheios de angústias e carências. E oferece imagens delas no ofício carnavalesco, com as fantasias que despertam a paixão dos fãs que as assistem ao vivo na avenida ou pela TV.


orçamento Pré-produção Equipe Equipamentos Transporte Diversos Pós-produção Taxa produtora (15%) Impostos

28.500,00 112.750,00 46.150,00 29.350,00 53.000,00 50.000,00 47.362,50 61.729,13

Total geral

428.841,63

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“Dancei com uma dona infeliz, que tem um tufão nos quadris” Chico Buarque, “Bye, bye, Brasil”

créditos Direção: Walmor Pamplona Assistente de direção: Manuh Fontes Assistente de direção: Claudia Ebert Roteiro: Aydano André Motta Direção musical: Luis Filipe de Lima Produtor Executivo: Christoph Reisky Produção: Carla Rainho Assistente de Produção: Luiza Canário Direção de Fotografia: André Pamplona Cinegrafistas: André Pamplona, Daniel Vitales, Bernardo Scotti Edição: Gregorio Mariz Finalização: Diego Bragança Som Direto: Igor Pessôa Ass. Jurídica: Ana Cristina Monteiro Medeiros


mulatas! um tufão nos quadris

trailer na internet www.youtube.com Login: mulatasquadril Senha: mulatas2010 Clicar no nome do usuário e, depois, em “Meus vídeos”.

realização

www.cariocafilmes.com.br


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