Prefácio São sempre os quatro “is” que comandam os ismos. Vale para sexismo, racismo, etarismo, capacitismo, “LGBTismo”. O primeiro “i” é o da ideologia – um grupo que acha que vale mais que outro. É a mola propulsora da supremacia de qualquer natureza. Segue-se o “i” da institucionalização – como o grupo que se acha superior operacionaliza seu preconceito, como ele é traduzido na prática. Passa a ser estrutural e estruturante. O terceiro “i” é o intrapessoal – nas relações do dia a dia, colocando o grupo “inferior” para baixo. E finalmente o “i” de internalizado. O grupo discriminado acaba se achando mesmo inferior. A autoestima e a autoconfiança vão aos poucos sendo minadas pela violência da discriminação, resultando em humilhação e inibindo reações pessoais ou sociais, o objetivo central de ideologias que consagram preconceitos. Afinal, o propósito é a dominação e o controle. Eu acrescentaria um outro “i”, de inequidade – que acentua todos os demais. É mais fácil se impor como grupo “superior” quando impera a desigualdade, e quanto mais desigual uma sociedade, mais fácil se torna a tirania da discriminação. Está na raiz, a negação dos direitos, a essência do totalitarismo, seja qual for sua natureza. O que vale para grupos, prevalece para o indivíduo. Quando uma pessoa é discriminada os “is” se manifestam ainda com mais força, ela se vê isolada, mais vulnerável, menos empoderada. Em face do panorama das discriminações ressoa profundamente a advertência de Angela Davis, ao afirmar que “não basta não ser racista, é preciso ser antirracista”. Da mesma forma, não basta não ser sexista, é preciso ser antissexista; não basta não ser 10