texto de MÁRCIA BEATRIZ BELLO e ilustrações para colorir de CLEMENTE LIPPMANN
texto de MARCIA BEATRIZ BELLO
ilustrações para colorir de CLEMENTE LIPPMANN
Copyright © 2017 Marcia Beatriz Bello Copyright © 2017 das ilustrações Clemente Lippmann
Todos os direitos reservados. A reprodução não autorizada desta publicação, no todo ou em parte, constitui violação de direitos autorais. (Lei 9.610/98) Grafia atualizada respeitando o novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa Revisão: Mônica Ramalho
Marcia Beatriz Bello Os Tomattos / Marcia Beatriz Bello – Rio de Janeiro: Folio Digital: Letra e Imagem, 2017.
isbn
1. Literatura infanto-juvenil. I. Título. II. Bello, Marcia Beatriz.
978-85-5473-01-7 cdd:
www.foliodigital.com.br Folio Digital é um selo da editora Letra e Imagem Rua Teotônio Regadas, 26/sala 602 cep: 20021-360 – Rio de Janeiro, rj tel (21) 2558-2326 letraeimagem@letraeimagem.com.br www.letraeimagem.com.br
028.5
Dedicatรณria
Esta é a história de Tom, um menino muito inteligente da família
dos Tomattos.
Tom era bochechudo e suas bochechas eram vermelhinhas. Aliás,
toda a família tinha bochechas vermelhas, porque esta era a marca dos Tomattos.
A mãe do Tom se chamava Tomátia. O pai do Tom se chamava Tomalter.
O irmão mais novo do Tom se chamava Tomaltinho.
Eles viviam muito felizes em volta de uma lagoa e todos os dias
Tom e Tomaltinho iam brincar no parque perto de casa.
Tom era muito guloso e um dos seus passeios preferidos era ir à
feira, onde podia encontrar todos os tipos de frutas, de que ele tanto
gostava. Mamãe Tomátia sempre colocava frutas, legumes e verduras
no carrinho, mas Tom só sabia pedir as frutas, porque achava muito difícil se lembrar de todos os nomes dos legumes e – mais complicado
ainda – decorar os nomes das verduras. Tom pensava que todas as
verduras eram iguais, folhinhas verdes, e não entendia por que tinha que comer aquilo todos os dias.
Tomaltinho, sendo mais novo do que o Tom, apenas apontava para
as coisas coloridas, mostrando o que ele gostaria de levar pra casa, enquanto o Tom queria muito saber o nome de tudo o que comia.
Uma noite, Tom sonhou que era um daqueles legumes da feira... e
logo quem? O TOMATE, o mais conhecido pelas crianças! Ele era um lindo e polpudo tomate, que brincava numa imensa barraca, cheia de outros amigos.
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− Ei, eu conheço esse pessoal! − disse Tom. – Lá está o João Ricar-
do fantasiado de... Cenoura!!
O amiguinho do Tom tinha os cabelos ruivos, de cor alaranjada
como uma cenoura!
− E aquele? Está parecendo o GuiGui!! Mas qual legume é o GuiGui?
Será um... um...
− Repolho! - disse GuiGui. - Isto porque meu cabelo é bem arrepia-
do no cocuruto, fazendo lembrar a palavra repolhudo.
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E assim, Tom olhava as barracas e reconhecia todos os seus amigui-
nhos, vestidos com as roupas dos alimentos de que ele mais gostava: as meninas mais bonitinhas estavam de Couve-Flor, usando vestidos
floridos. Os amigos mais fofinhos vestiam macacĂľes, imitando sacos de batata Inglesa, batata Baroa, Inhame.
Cada grupo de amigos em diferentes barracas, todos brincando de
fazer o Tom adivinhar quem eram eles, quais as vitaminas que possuĂam e algo interessante sobre suas vidas. Era uma festa sĂł!
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A Cebola conversava com o Pepino. Os dois trocavam ideias sobre
tomar banho em água corrente:
− Ah, Pepino, eu adoro me refrescar na pia. Sabia que me mergu-
lhar em água corrente serve para não deixar os olhos ardendo?
− E eu, dona Cebola? As pessoas gostam de comer minha casquinha
sem me deixar de molho por 30 minutos. Tenho que ficar na piscina, quer dizer, na bacia com 1 litro de água e 1 colher de bicarbonato de sódio, conhecia essa?
− Verdade? Eu tenho outro segredinho para o senhor: sabe o que
tira aquele cheiro forte que deixo nas pessoas? Esfregar as mãos com sal e enxaguar com água!
O Jiló se meteu na conversa:
− Então anote também a minha dica: para tirar meu gosto amargo,
devem me cortar dentro de uma vasilha com água, ou, como diz o Sr.
Pepino, dentro de uma piscina.
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No meio do papo e do troca-troca de segredos, toda a feira ouviu
um assovio bem agudo: Fiu-fiiiiiiuuuuuuu!
Era a Berinjela, anunciando a chegada do caminhão do Chuchu. As
meninas ficaram alvoroçadas. O Chuchu desfilava pelas barracas e
jogava charme por onde passava. Suas fãs sabiam que ele fazia bem para a pele e, nas internas, o chamavam de Chuchu-Beleza.
− Dessa vez eu quero ir com ele! − disse a Batata Baroa, também
conhecida como Mandioquinha, dependendo de onde era encontrada. − No way, darling. Sou eu que vou, ele é meu! − disse uma Batata
Inglesa animadíssima.
− Esperem!! Estou me lembrando de uma roxinha que sempre acom-
panha o Chuchu no meu prato... Docinha, gostosa... a Be... − Terraba! − todos gritaram.
− Isso, a Beterraba! Gosto muito dessa dupla: Beterraba com Chuchu!
− Opa! − disse a Beterraba, pulando de sua barraca – Então é mi-
nha vez de sair com o Chuchu hoje! Tom, você sabia que as pessoas
podem me aproveitar para fazer açúcar?
− É mesmo? Que legal! − vibrou Tom. 12
− E eu sou ótimo para fazer xarope pra tosse! − disse o Nabo, en-
trando na conversa.
Tom estava animadíssimo com tudo o que estava aprendendo. Era
tanta novidade! Neste momento a conversa foi interrompida por uma
voz bem chatinha:
− Ai, gente! Vocês não vão falar sobre a minha família? Ai, gente!
Estou tão cansada de fazer compras! Beterraba, me ajuda aqui com essas sacolas? Ih, Tomate novo no pedaço? Que gracinha! − Quem é ela? − perguntou Tom para a Betê. − Essa é a Abóbora, ela só fala abobrinha!
− Mas Abobrinha não é de comer? – Tom começou a se confundir.
− Isso mesmo, Tom, mas é que depois que a Abóbora se casou com
o Camarão, ela ficou chique. Agora só entra em receitas caras e só fala abobrinha!
− Mas e a Abobrinha, a verde, comprida? − quis saber Tom.
− Está no mesmo lugar, ora bolas! – interrompeu a Abóbora. Não
confundir alhos com bugalhos! Abóbora é abóbora, abobrinha é abo-
brinha, ora essa! Ai, gente! Minha vida está tão corrida! Hoje à 14
noite tenho um jantar com meu maridão, o Camarão. Amanhã, com o Senhor Alho-Poró; depois de amanhã, um almoço com a Dona
Carne-Seca... Se eu continuar assim, vou ter que ir para um SPA
bem rápido, para ser espremida e virar purê! − a Abóbora caiu na
gargalhada, rindo dela mesma pela piadinha que tinha acabado de inventar.
− Hum, que delícia! − exclamou Tom. – Adoro purê de Abóbora!
− Mas Tom, essa vidinha simples e rápida ficou para trás. Eu hoje
sou importante, sou uma celebridade com uma vida social agitada.
Por falar nisso, vou indo, porque preciso descansar, tenho que tirar o soninho da beleza. Tchauzinho!
Tom estava muito feliz. Aos poucos, decorava os nomes dos legu-
mes, aprendia curiosidades sobre eles e estava achando aquele passeio muito divertido! Descobriu que o Quiabo só babava quando não
pingavam limão nele depois de cortado; que os pimentões, a abóbora, a abobrinha e o próprio tomate eram frutos por possuírem sementes; que os produtos possuíam vitaminas, sais minerais, fibras, tudo o que
fazia bem para o organismo. Todos os alimentos do sonho do Tom se 16
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apresentavam e iam embora para seus compromissos, até que Tom se deu conta de que estava faltando conhecer um pessoal.
− ESPEREM! − gritou Tom. – Onde estão as folhas? Aquelas que
mamãe Tomátia e papai Tomalter comem com uns molhos
por cima?
− ESTÃO LÁÁÁ! – Apontaram todos ao mesmo
tempo.
Uma cortina se abriu, uma música bem alta co-
meçou a tocar e as luzes começaram a piscar como num
salão de dança. Tom pôde ver uma fila de folhas verdinhas abraçadas,
em cima de um palco. Elas dançavam com as pernas para o ar, ora
jogavam uma perna, ora outra. Naquele instante, Tom lembrou que
quando acordasse iria passar o dia com sua madrinha, que tinha pro-
metido ir ao teatro com ele e Tomaltinho. Mas antes de acordar, ele
precisava saber os nomes das folhinhas: − Como vocês se chamam?
− Nós somos os Mattinhos! − responderam as bailarinas. − Os Mattinhos? − perguntou Tom. 18
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− É! – Responderam todas, sempre dançando e cantando.
− Estamos ensaiando para a nossa próxima apresentação. Muito
prazer, eu sou a alface, a mais conhecida e usada de todas as folhas!
Sempre me colocam em sanduíches, assim como você, Tomate... que-
ro dizer, Tom! − disse a mais falante de todas.
− E por que o grupo se chama Os Mattinhos? − perguntou Tom,
achando graça do nome.
− Porque quando as pessoas querem brincar com a gente, falam que
vão comer uns matinhos... aí o apelido pegou!
− É – disse outra folha. – Lembramos um bom capim!
− Mas, somos gostosas – continuou a alface −, somos folhas im-
portantes para o seu crescimento, Tom. Então, resolvemos batizar o
grupo de Os Mattinhos. Ficou simpático, não é?
− É! Mas, bem... quer dizer... Eu não gosto muito de capim. Ou me-
lhor, de matinho. Não, de verdinhas... ver... ver... − Verduras! − todas gritaram.
− Sabe por quê, Tom? − perguntou uma das verduras da fila.
− Porque você ainda não conhecia a gente. Na próxima vez que 20
você olhar uns matinhos no seu prato, repare bem como as folhinhas
estão sempre em movimento. Isto acontece porque estamos dançando
no seu prato! − disse a falante Alface.
− Que legal, que legal, vou prestar atenção na dança das verdinhas!
Meus pais adoram vocês! Ah, o Tomaltinho também não come muito das folhinhas...
− O Tomaltinho vai começar a gostar. Quando ele crescer mais um
pouquinho, você conta a ele que somos verduras-bailarinas, tá? − E famosas também! − falou a Couve. − Por que famosas? Tom queria saber.
− Porque estamos sempre na companhia da feijoada, o prato mais
conhecido do Brasil! – explicou a Couve.
− E não pode se esquecer de mim! Também sou famoso: a verdura
preferida do marinheiro Popeye! − retrucou o Espinafre.
− É, vocês são populares mesmo! Mas são tão parecidas, como vou
saber a diferença entre vocês? − Tom perguntou, confuso.
− Ah, pelos desenhos, pelas formas, pelas figuras... Aos poucos você
vai ver que somos diferentes. Mas não se preocupe, Tom. Até os adul21
tos às vezes se confundem. Eu mesma já vi sua madrinha na dúvida entre a Salsinha e o Coentro! − disse a Couve, rolando de rir. − Vocês conhecem a Didi? − perguntou Tom.
− Claro que sim! De onde você acha que puxou essa paixão por fei-
ras? Ela adora uma feira, prova tudo das barracas, faz a festa! − res-
pondeu uma Uva, perdida no papo.
− Ih, é mesmo, a Didi! Combinamos de ir ao teatro hoje! Ainda te-
nho que acordar deste sonho, brincar com o Tomaltinho no parque,
voltar pra casa e almoçar!
− Almoçar? – perguntou o Espinafre. – E o que você vai comer de
agora em diante?
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− De tudo, ué! Agora que aprendi sobre cada um de vocês, vou pe-
dir os coloridos todos no meu prato.
− Isso mesmo, Tom, peça sempre bastante frutas, legumes e verdu-
ras quando for à feira, para você e para o Tomaltinho.
− Está bem! Vou deixar vocês ensaiando porque tenho que acordar
deste delicioso sonho! Ai, que fome! Tchau, Mattinhos! − Tchau, Tom!
Quando Tom abriu os olhos, deu de cara com Tomaltinho, que todo
dia esperava o irmão mais velho acordar, quase em cima dele. Parecia que Tomaltinho estava dando as boas-vindas ao Tom. Mamãe Tomátia
e papai Tomalter entraram no quarto e chamaram Tom para tomar café da manhã. Sabe o que Tom respondeu?
− Hoje quero colocar alguma folhinha no suco, para ficar bem for-
tão! Ah! Já sei, uma folhinha de Hortelã no suco de Abacaxi.
Os pais de Tom se entreolharam e começaram a rir, mas enten-
deram que alguma coisa tinha mudado. Tomaltinho quis provar do
mesmo que o irmão. E você? O que vai pedir de novidade no café da manhã?
FIM
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E
sta é a história de Tom, um menino muito inteligente da família dos Tomattos. Tom era bochechudo e suas bochechas eram vermelhinhas. Aliás, toda a família tinha bochechas vermelhas, porque esta era a marca dos Tomattos. Uma noite, Tom sonhou que era um daqueles legumes da feira... e logo quem? O TOMATE, o mais conhecido pelas crianças! Ele era um lindo e polpudo tomate, que brincava numa imensa barraca, cheia de outros amigos.
ISBN 978-85-5473-001-7
9 788554 730017