Terras do Tapajós - Novembro/2010

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Incra 40 anos

T

erras do

apajós

A agenda positiva da reforma agrária Novembro de 2010 - Edição XXIII

Retratos da reforma agrária na várzea do Baixo Amazonas Atuação do Incra: da criação de assentamentos à política de créditos. Pág. 2 Produção e renda nas comunidades tradicionais. Pág. 4 e 5 O homem e sua relação com o meio ambiente: experiências harmoniosas. Pág. 6

Inicia a construção de casas na várzea. Pág. 7 Ministro inaugura obras em Santarém. Pág. 8


Incra 40 anos

Na várzea do Baixo Amazonas

Artigo

Histórico da presença governamental na várzea e a criação de Projetos Agroextrativistas 2005 2005

Incra e SPU assinam Termo de Cooperação Técnica

2006 2006

Incra dá início às atividades na várzea. São criados mais de 40 PAE's

2007 2007

Incra e Ipam assinam convênio para elaborar PU’s e PB’s de 15 assentamentos

2010 2010

Concluídos os PU's e PB's. Cartilhas contendo os PU's são impressas para os assentados

A ocupação da Amazônia teve início nas

exploração de atividades economicamente

margens e várzeas dos rios da Bacia

viáveis e sustentáveis. Tais áreas de domínio

Amazônica, áreas até então ocupadas por

público são administradas pelas organizações

populações indígenas. A riqueza natural do

comunitárias e receberão a concessão de

ecossistema de várzea sustentou diversos ciclos

direito real de uso. O PAE prevê um instrumento

econômicos. Nos últimos tempos, três

de gestão chamado Plano de Utilização (PU),

atividades se destacam neste ambiente: pesca,

que é o regulamento discutido e elaborado

agricultura e pecuária extensiva. O fato de tais

pelos moradores e aprovado pelo INCRA para a

áreas serem historicamente ocupadas e

melhor utilização da área. Os PU's buscam

utilizadas pelo homem e não possuírem

atualizar e unificar todos os instrumentos

legislação fundiária e ambiental adequada

(TAC's e IN's) em apenas um documento.

gerou o Programa ProVárzea, com o objetivo de

Para garantir a sustentabilidade dos

nortear políticas públicas que garantissem o

projetos, no final de 2007, foi firmado um

manejo sustentável desse ecossistema.

convênio com o Instituto de Pesquisas

Antes da atuação do INCRA nessas áreas, já

Ambientais da Amazônia (IPAM) para que este,

existiam diversos acordos comunitários

aproveitando sua longa experiência no

regionais de pesca. O IBAMA, juntamente com

ambiente de várzea, acompanhasse a

o Provárzea, aproveitou essas experiências

elaboração de PU's e elaborasse Projetos

para elaborar diversas Instruções Normativas

Básicos (PB's) para o Licenciamento Ambiental

(IN's) relacionadas à pesca, com o principal

de 15 PAE's de várzea.

objetivo de garantir o estoque pesqueiro e

As comunidades que se organizarem e, de

diminuir os conflitos. Aproximadamente em

fato, aplicarem o PU terão grande avanço no

2002, o Ministério Público Federal (MPF)

atendimento de suas demandas coletivas, na

começou um trabalho para mediar conflitos

mediação de conflitos, na luta por seus direitos

entre pecuaristas, agricultores e pescadores,

e, principalmente, na aplicação de políticas

que resultou na assinatura de mais de 40

públicas destinadas para estas áreas.

Termos de Ajustamento de Conduta (TAC).

Atualmente, a Superintendência Regional do

Em 2005, Incra e SPU assinaram um Termo

Incra no Oeste do Pará está destinando grande

de Cooperação Técnica, tendo como um de

parte de sua capacidade de ação para a

seus principais objetivos a identificação das

implantação e desenvolvimento desses projetos

situações possessórias para a criação de

e, neste momento, inicia a aplicação do Crédito

Projetos de Assentamentos Agroextrativistas

Aquisição de Material de Construção. Desta

(PAE's) às populações tradicionais ocupantes

forma, a atuação do INCRA e de seus parceiros

dessas

tem colaborado significativamente na melhoria

áreas.

No

final

de

2005

e,

principalmente, no ano de 2006, o INCRA deu

da vida das famílias beneficiadas pelos projetos

início às atividades na várzea, resultando na

e estimulado o abastecimento regional com

criação de mais de 40 PAE's. É importante esclarecer que a modalidade

produtos de qualidade com origem na produção familiar.

diferenciada de Projeto de Assentamento PAE é destinada a populações tradicionais para

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Direção do Incra no Oeste do Pará


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Na várzea do Baixo Amazonas

Incra concede créditos a 2.460 famílias na várzea Investimento é avaliado em R$ 7,8 milhões. Oito assentamentos são atendidos Assentado recebe material para armazenar pescado

A Superintendência Regional do Incra

de luz, facilitando muito a vida deles. Os

no Oeste do Pará concedeu créditos a

filhos podem fazer seus trabalhos

2.460 famílias em oito Projetos de

escolares à noite. Antes, era à base da

Assentamento Agroextrativistas (PAE's)

lamparina”, destaca Jander Ilson Rêgo

nos municípios de Curuá (Salvação),

Pereira, diretor da Colônia de Pescadores

Alenquer (Madalena), Óbidos (Paraná de

Z-20. Em 2009, em razão de uma grande

Baixo e Três Ilhas) e Santarém (Aritapera,

cheia do rio Amazonas, recursos do Crédito

Urucurituba, Tapará e Ituqui). A ação está

Apoio Inicial também foram empregados,

relacionada à aplicação do Crédito Apoio

parcialmente, no socorro às famílias.

Inicial, que corresponde a R$ 3.200 por

Casas

família.

O desafio que se coloca agora para o

“Orientamos a ação por preceitos

Incra é o início da aplicação do Crédito

como participação popular e controle

Aquisição de Material de Construção, que

social, valorização e fortalecimento das

viabiliza novas moradias a famílias

entidades representativas dos assentados,

assentadas. Isso porque o ecossistema

além da transparência na destinação do

várzea tem peculiaridades ambientais que

recurso público”, explica o chefe da Divisão

exigem o planejamento de um modelo de

de Desenvolvimento, Fagner Garcia

habitação diferente em relação aos

Vicente.

assentamentos na terra firme.

Até o momento, o investimento,

Segundo

Fagner

Garcia,

foram

avaliado em R$ 7,8 milhões é referente

disponibilizados recursos para iniciar um

apenas ao Crédito Apoio Inicial, o primeiro

projeto piloto envolvendo 100 casas em

repassado pelo Incra a assentados da

quatro PAE's na várzea santarena:

reforma agrária. “O pescador pôde investir

Aritapera, Urucurituba, Tapará e Ituqui. “É

na parte da infraestrutura da pesca,

preciso encontrar soluções no dia a dia,

comprando rabetas, por exemplo. Muitos

aproveitando a sabedoria do povo. Desde

tinham de remar longas distâncias. Uma

2008, estamos discutindo a construção de

viagem que ele fazia num dia inteiro, hoje,

habitações na várzea. Temos um projeto

ele faz em uma hora. Isso tem melhorado

em conformidade com as normas

a fonte de renda do pescador. Muitos

ambientais”, informa o chefe da Divisão de

[pescadores] também compraram motor

Desenvolvimento.

Créditos do Incra na Amazônia - Modalidades e Valores Apoio Inicial R$ 3.200

Apoio Mulher R$ 2.400

Aquisição de Material de Construção R$ 15 mil

Fomento R$ 3.200

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Adicional Fomento R$ 3.200

Recuperação/Materiais de Construção R$ 8 mil

Reabilitação de Crédito de Produção R$ 6 mil

Crédito Ambiental R$ 2.400


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Na várzea do Baixo Amazonas

Produção rica e diversa na várzea Assentados em áreas de várzea obtêm renda a partir de diversas atividades, como a pesca e a produção de mel, grãos e leguminosas

atividade como importante para agregar

requer baixo custo e o tempo despendido

a um período definido no ano, de março a

suspensas. A cerca de 30 minutos da área

Na várzea, não só as moradias são

couve, cebolinha, repolho e pimentão. A produção do assentado é destinada

valor. A maioria das famílias que assistimos

na manutenção não atrapalha as demais

agosto. Isso porque a comunidade Pixuna

urbana de Santarém, no Projeto de

para abastecer o mercado santareno.

já tem um local para a casa de abelhas, onde

atividades que desenvolve, a pesca e a

do Tapará usufrui de um lago mediante um acordo comunitário de pesca.

Assentamento Agroextrativista (PAE)

Durante o verão amazônida, ele diz que vai

elas ficam protegidas. Com esse trabalho,

agricultura. Além disso, a espécie com que

Urucurituba, comunidade de São Ciríaco,

ao Mercadão 2000, na área urbana de

melhoramos o sistema que as famílias

trabalha não possui ferrão e não agride o

assentados

da

reforma

agrária

“As comunidades que fazem esse

Santarém, até três vezes por semana para

utilizavam e possibilitamos o aumento de

homem, o que permite o convívio nos

trabalho [de manejo pesqueiro], como é o

reproduzem o mesmo modelo na

vender a produção.

suas caixas de abelhas. O objetivo do Ipam

arredores da casa da família.

caso de Pixuna do Tapará e Santa Maria do

agricultura. Hortas são cultivadas numa

Mel

de

Atualmente, Antonio mantém 38 caixas

Tapará, não se preocupam só em pescar e

No PAE Tapará, comunidade de Pixuna

comercialização, com embalagem e

destinadas à meliponicultura, que, neste

sim em conservar o pescado para que ele

Marcelo Augusto de Sousa Santos, 31,

do Tapará, em Santarém, há quatro anos

rotulagem do mel, além de criar uma

ano, devem lhe render até 40 litros de mel.

possa ter sustentabilidade e durar muito

trabalha há 17 anos com hortas suspensas.

assentados da reforma agrária recebem

associação para esse trabalho”, adianta

A expectativa é vender cada litro a R$ 25,

tempo.

A medida é preventiva: durante o período

capacitação do Instituto de Pesquisa

Márcio Roberto Cunha, técnico do Ipam.

perfazendo um faturamento de R$ 1 mil.

comunidades nos relatam que o pescado

Manejo pesqueiro

altura de até dois metros.

agora

é

melhorar

a

cadeia

chuvoso, o rio Amazonas avança sobre as

Ambiental da Amazônia (Ipam) para

Antonio Ferreira Carvalho, 51, é um dos

comunidades, um ciclo anual característico

qualificar a produção do mel. “Hoje, a

assentados do PAE Tapará que tem a

Os

pescadores

dessas

tem dobrado e a fonte de renda melhorado

Paralelamente, Antônio Ferreira se

muito”, informa Jander Ilson Rêgo Pereira,

da várzea. Com a ajuda do tio, Genilson

gente percebe um maior interesse das

produção do mel como complemento na

dedica à pesca, que, segundo ele, é a

diretor da Colônia de Pescadores Z-20, de

Corrêa de Sousa, 40, Marcelo planta

famílias em criar abelhas, que veem a

renda da família. Ele informa que a atividade

atividade mais rentável, embora se restrinja

Santarém.

Assentados mantêm tradição secular do cacau Pão chocolate faz sucesso em feira de Óbidos

Tipiti é empregado no beneficiamento do cacau

A oito horas de barco do Município de Santarém (PA), comunidades à beira do rio Amazonas, no Município de Óbidos (PA), preservam uma tradição secular que as torna

No século XIX, Óbidos se tornou o principal exportador de cacau do Baixo Amazonas. Mesmo passado o auge desse ciclo, assentados preservam a atividade

Geleia de cacau ganha formas e se torna mais vendável

Semelhante ao mel, capilé é uma bebida obtida a partir do cacau

de abril de 2008 a junho de 2010, quando

é levado ao forno até ganhar a consistência

chocolate em bastões, que custam, cada

Pinedo residiu na comunidade São Lázaro.

de geleia.

um, R$ 2,50.

peculiar: São Lázaro, Santa Cruz e Livramento, no Projeto de Assentamento

Dona Maria Dorotéia da Silva Carvalho,

As mulheres do PAE Cacoal Grande

Além da feira semanal, Dona Conceição

Agroextrativista (PAE) Cacoal Grande, mantêm o cultivo e o beneficiamento do cacau. Elas

56, e Julio Leão de Carvalho, 59, residentes

criaram uma marca na venda da geleia do

diz que um ótimo período de vendas é a

estão na lista das que preservam a atividade em áreas de várzea no Baixo Amazonas. Uma evidência de que o cacau é um elemento importante na história de Óbidos é a

na comunidade São Lázaro, são um típico

cacau. Quem a vê, logo reconhece sua

Festa de Santana, que ocorre, no mês de

casal que tem o cacau como presença

origem. Em embalagens de tamanhos

julho, em Óbidos. O marido de Dona

presença, como ilustração, no brasão oficial do Município. Quem nos conta essa

cotidiana desde o nascimento. Os avós de

diversos e com preços que, usualmente,

Conceição, Francisco Dinanci Vinenti

singularidade é o professor Roberto Carlos Pinedo. Natural da Amazônia peruana, o

Seu Júlio, portugueses, já trabalhavam com

variam de R$ 3 a R$ 10, as geleias ganham

Bentes,

52,

ajuda

na

coleta,

no

pesquisador encontra-se no Brasil desde 2007, quando veio ao país para desenvolver sua

o plantio e o beneficiamento do cacau.

formas em desenhos de animais, por

beneficiamento e na venda do cacau. O

tese de Doutorado, que tem como tema “O cacau do remanescente sistema agroflorestal

Hoje, ele e a esposa tentam recuperar a

exemplo. A venda ocorre sob encomenda

casal se prepara para, em dezembro,

caboclo nas relações socioeconômicas das famílias ribeirinhas de várzea do Município de

área plantada. “Neste ano, devemos

ou numa feira de produtores rurais,

plantar mais de 100 mudas de cacau.

plantar, ao menos, mais 100 pés de cacau”,

localizada na área urbana do Município de

planeja o assentado. Em 2009, a família

Óbidos.

Óbidos”. “Sabe-se, pelos documentos históricos, que o município de Óbidos destacou-se na produção de cacau durante e depois do período de colonização da Amazônia pelos

sofreu com os efeitos da grande cheia do rio

portugueses. Inclusive, registros oficiais revelam Óbidos como sendo o principal município

Amazonas.

do Baixo Amazonas na produção e exportação de cacau”, revela Pinedo. No auge do ciclo do cacau em Óbidos, segundo levantamento do pesquisador peruano,

“Os diferentes produtos beneficiados do cacau são de pequenas plantações que

Dona Maria da Conceição Marialva dos Santos, 56, junto a outros assentados,

integram

diferentes

espécies

agroflorestais, como o taperebá. É possível

Do cacau, Dona Maria e o marido obtêm

acorda de madrugada, por volta das 3

planejar políticas de desenvolvimento das

renda com a venda da semente, seca ou

horas, para pegar o barco que os leva à

áreas de várzea visando recuperar o plantio

a Coroa Portuguesa e, depois, o Império Brasileiro mantinham uma propriedade com mais

ainda com parte da massa do fruto, e a

feira. Sua especialidade é a produção do

de cacau como o componente principal do

de 40 mil pés de cacau na várzea deste município. Esta propriedade era o “Cacaoal

produção de geleia. De modo artesanal,

que ela chama de pão chocolate.

sistema

Imperial”, cuja área hoje, transformada em campo de pastagem, é compartilhada entre as

eles utilizam o tipiti, uma espécie de prensa

“Torramos a semente seca, descascamos,

desmatamento

agroflorestal, ou

diminuir

o

restaurar

o

comunidades de Santa Rita e Vila Barbosa, ambas pertencentes ao PAE Costa Fronteira.

de palha herdada dos índios amazônidas,

espanamos e moemos até obter a massa”,

ecossistema”, defende o pesquisador

Esses e outros fatos, de relevância histórica e da atualidade, foram descobertos no período

para obter o vinho da massa do cacau, que

explica a assentada, que vende o pão

Roberto Pinedo.

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Na várzea do Baixo Amazonas

Artigo

A Educação Ambiental como instrumento de cidadania e transformação nos PAE`s A educação dentro das comunidades de várzea dos Municípios do Baixo Amazonas passa por um processo de amadurecimento dos projetos político-pedagógicos. A metodologia tem de ser coerente com a realidade rural da

Comunitários fazem a coleta do lixo

Amazônia e suas múltiplas diversidades. Dentro desse mosaico, a educação ambiental torna-se um instrumento importante para a formação de cidadãos coerentes com

decorrência do comprometimento da água consumida.

planos de ação comunitários voltados para a

No período de vazante do Amazonas, os agentes de

sustentabilidade ambiental. O IPAM iniciou, em 1992, no Projeto de Assentamento Agroextrativista (PAE) Ituqui, uma formação dentro do

saúde descreviam o aumento de doenças de pele e verminoses. A iniciativa foi incorporada aos Planos de Utilização de PAE's na várzea do Baixo Amazonas.

eixo formal com professores. A partir de uma experiência

Na dinâmica estabelecida pelo projeto e absorvida

piloto, a metodologia foi readaptada e expandida para as

pelas comunidades, o lixo produzido é classificado, de

regiões dos PAE's Urucurituba, Tapará e Aritapera. Várias

forma que seja separado o material orgânico do não-

lideranças comunitárias foram capacitadas, tornando-se

orgânico. O primeiro é aproveitado como adubo para os

importantes para o processo de implementação dos

canteiros suspensos e as lavouras de grãos. O segundo,

Projetos Agroextrativistas criados pelo Incra. As

que inclui plástico, latas, pilhas e vidro, são recolhidos e

iniciativas que surgiram a partir dos instrumentos formais

levados até a área urbana de Santarém. A empresa

e informais de educação ambiental durante esses últimos

responsável pela coleta de lixo na cidade recebe e dá a

quinze anos foram muitos, mas podemos destacar as

devida destinação à carga.

iniciativas que tiveram sucesso não somente

Reflorestamento

comunitário, mas também em caráter regional.

Outra experiência bem-sucedida é o projeto de

O Projeto “Águas Limpas Comunidades Saudáveis”,

reflorestamento na comunidade do Aracampina e

que iniciou na região do Tapará, é um exemplo de

Igarapé do Costa, onde escola e comunidade uniram-se

experiência bem-sucedida, onde comunitários reuniram-

para a recomposição de ambientes degradados. No

se para resolver o problema de dejetos jogados

período da juta, muitas árvores nativas foram retidas

diariamente no curso das águas. O projeto surgiu em

para o plantio dessa cultura, que, após o declínio, segundo comunitários, deixou como consequência a degradação. Quelônios Trabalhar as praias artificiais para acompanhar todo o ciclo de vida dos quelônios é uma outra vivência interessante: tornou-se um assunto transversal no currículo das escolas da várzea. Crianças, adolescentes e lideranças comunitárias, juntos, estão conhecendo a importância do manejo sustentável da várzea através da educação ambiental, afinal, esse é um dos alicerces do desenvolvimento sustentável e equilíbrio, fundamentais para a qualidade de vida das atuais e futuras gerações dos PAE`s do Baixo Amazonas. Edy Lopes - coord. de educação ambiental do IPAM

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Na várzea do Baixo Amazonas

Casas na várzea

Assentados recebem material de construção

Projetos

casas. O modelo foi definido de forma participativa, em

Agroextrativistas (PAE's) da várzea santarena

reuniões nas comunidades com representantes do

As

famílias

assentadas

dos

começaram a receber o material referente à construção

Incra e do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia

de casas. As primeiras comunidades atendidas estão

(Ipam). “Foi feito tudo conforme o pedido das

localizadas nos PAE's Aritapera e Tapará. A ação, que

comunidades”, afirma Edivaldo Santos.

inicialmente prevê a construção de 100 casas, também

Além dos costumes locais, as casas em construção

compreende mais dois assentamentos: Urucurituba e

na várzea santarena têm por base a experiência na

Ituqui.

Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá

O anúncio do início da construção de casas nos

(RDSM), localizada no Amazonas. As habitações

assentamentos de várzea em Santarém foi realizado

estarão suspensas a até 2,5 metros de altura em

pelo ministro do Desenvolvimento Agrário, Guilherme

relação ao solo, como medida preventiva em relação à

Cassel, em visita ao município, no dia 23 de outubro. A

subida do nível dos rios no período de cheia, e terão um

iniciativa é financiada com recursos do Instituto

sistema sanitário para tratamento dos dejetos, através

Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra),

de uma fossa de fermentação. O sistema exige a

através do Crédito Aquisição de Material de Construção,

construção de duas câmaras contíguas em alvenaria,

que corresponde a R$ 15 mil por família. No total, será

com uma casinhola de madeira e um assento feito de

investido R$ 1,5 milhão em créditos na primeira etapa

ferro e cimento para adaptar uma tampa de vaso

de construção de casas.

sanitário comercial.

Essa é a primeira vez que um ente público financia a

O modelo sanitário escolhido para as casas em

construção de casas na várzea santarena. As

construção na várzea, segundo técnicos do Incra e do

habitações existentes na região, até então, foram

Ipam, resiste aos ciclos de enchentes e secas, fortalece

erguidas pelos próprios moradores, cuja experiência

as atividades de educação ambiental e diminui a

será empregada na execução das obras das novas

incidência de doenças, como a diarreia.

casas. “Estamos contratando carpinteiros das próprias

“Espera-se que, com a instalação de fossas de

comunidades para trabalhar na construção das casas”,

fermentação, esta tecnologia social garanta melhorias

revela o presidente do Conselho Regional de Pesca do

no requisito saúde, principalmente de crianças, e

Urucurituba, Edivaldo José Pinheiro dos Santos.

reduza a incidência de doenças de veiculação hídrica e

Basicamente, a madeira será utilizada como

doenças oriundas do contato com dejetos humanos e

material, a exceção da estrutura do banheiro, em parte

vetores. Essas benfeitorias também serão úteis para

de alvenaria. As casas terão área média de 42 metros

tentar proporcionar aumento da consciência

quadrados, segundo Assis Dantas, técnico do Incra

ambiental”, sustenta Alcilene Cardoso, chefe do

responsável pelo acompanhamento da construção das

escritório do Ipam em Santarém.

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Terra Firme

Infraestrutura

Ministro inaugura obras no valor de R$ 8,2 milhões Famílias do Projeto de Assentamento Moju I e II são atendidas com captação de água e estradas

O impacto na vida das famílias No final de 2008, o Incra iniciou uma ação de infraestrutura de estradas que envolve a complementação/construção de 393 quilômetros, dos quais, 230 concluídos e 163 em execução. A obra, no total, está orçada em R$ 10,7 milhões. Comunidades passaram a ter acesso a estradas e pontes, permitindo o melhor deslocamento das pessoas e o escoamento da produção. “Hoje, o que mais tem é gente querendo fazer linha [de ônibus] para o PA Moju porque está mais habitado e o assentamento evoluiu. Antes, praticamente não tínhamos estrada, mas ramais, fechados demais”, recorda-se Samuel Brito, assentado e liderança comunitária. Ele acrescenta que o acesso a estradas significou o fim de situações como o deslocamento, a pé, por até 30 quilômetros, das famílias de comunidades mais afastadas.

O Ministro do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel inaugurou, no dia 22 de outubro, 230 quilômetros de estradas vicinais e sete sistemas simplificados de abastecimento de água no Projeto de Assentamento Moju I e II, cuja área incide, em parte, sobre os municípios de Santarém e Placas, Oeste do Pará. A solenidade de inauguração, que ocorreu dentro da área do assentamento, contou também com a presença de gestores que atuam na Presidência do Incra, em Brasília (DF), e na Superintendência Regional da autarquia em Santarém. Os investimentos correspondem a R$ 8,2 milhões. A complementação e a construção de 230 quilômetros de estradas vicinais demandaram, até o momento, R$ 7,1 milhões, enquanto nos sistemas de abastecimento de água foi aplicado R$ 1,1 milhão. A programação no PA Moju I e II incluiu ainda visita a casas recentemente entregues a famílias assentadas. Só neste ano, 105 novas casas foram concluídas no assentamento e outras 105 passaram por reforma. Nos últimos três anos, 500 casas foram construídas e recuperadas na área com a liberação de R$ 6,1 milhões.

A dona de casa Maria da Conceição Santos de Sousa, 55, além das estradas, destaca a recente conclusão de um sistema simplificado de abastecimento de água em frente à vila onde mora, no PA Moju I e II. No período chuvoso, ela relata que era difícil o consumo da água do igarapé. “A água ficava suja, barrenta ou branca, e nós tínhamos que usar mesmo assim. Hoje, temos água limpa dentro de casa a qualquer hora do dia e da noite”, informa a assentada, que mora com o marido, José Oliveira de Sousa, 57, há sete anos no PA Moju I e II. A construção e a reforma de casas é outra ação de impacto social do Incra no assentamento. Famílias têm substituído barracos de palha e madeira por casas de alvenaria. É o caso de Sady Bandeira, 59, e de sua esposa, Erna Maria Bandeira, 54, que trocaram o Rio Grande do Sul pelo Pará há sete anos. Recentemente, eles receberam a primeira casa própria.

Terras do Tapajós é uma publicação concebida e mantida pela Assessoria de Comunicação da Superintendência Regional do Incra no Oeste do Pará.

SR-30/Sede Avenida Rui Barbosa, 1321, Centro - Santarém - Pará CEP: 68005-080 - Fone: (93) 3523 - 5831/1296

Entre em contato conosco. (93) 3523-1296 ou ascom@sta.incra.gov.br

www.incra.gov.br

Projeto gráfico/Redação/edição de textos e imagens Luís Gustavo Colaboradores Edy Lopes e Márcio Roberto, ambos do Ipam Roberto Pinedo (Doutorando da UFPA) Autoria das imagens Luís Gustavo e Assis Dantas (Incra) /Ipam

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Superintendente titular: Cleide Antônia de Souza Superintendente substituto: Cláudio Ribeiro da Silva Chefe da Divisão de Administração: Antonio Israel Santana Chefe da Divisão de Desenvolvimento: Fagner Garcia Vicente Chefe da Divisão de Obtenção de Terras: Francisco De Luca Chefe da Divisão de Ordenamento Fundiário: Charles Vidal Chefe da Procuradoria Jurídica: Eliaci Nogueira


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