Liderança no Feminino Edição 1

Page 1

Liderança no Feminino

CIDáLIA LUíS-AKBAR E NATáLIA LUíS,

DA M. LUIS CONSTRUCTION CO, A LIDERANÇA DE DUAS MULHERES

SÓNIA SOUSA

JUSTINA TEIXEIRA, Administradora da Quinta da Barca e da Soluções D’ Eleição

“Temos de lutar mais que os homens, é certo, mas se formos fazendo o nosso caminho, focadas, demonstrando sempre do que somos capazes iremos igualar o patamar que os homens conquistaram de forma natural”

FOTO: RUI BANDEIRA

Publicação da responsabilidade editorial e comercial da empresa Horizonte de Palavras Edições, Lda. | Março 2017 | EDIÇÃO Nº 1 - Periodicidade Mensal | Venda por Assinatura - 4 Euros

PARTNER DA LEGACY CONSULTING EM DESTAQUE



Índice

P 11

SANDRA MENDONÇA, MANAGER DO SUL DA EUROPA DA AMERICAN EXPRESS

FICHA TÉCNICA Propriedade, Administração e Autor Publicação da responsabilidade editorial e comercial da empresa Horizonte de Palavras Edições, Lda. Administração – Redação – Depº Gráfico Rua Rei Ramiro 870, 5º A 4400 – 281 Vila Nova de Gaia Telefone +351 220 926 879 DIRETOR: Jorge Antunes

P 26

Editor: Ricardo Andrade Rua Rei Ramiro 870, 5º A 4400 – 281 Vila Nova de Gaia PRODUÇÃO DE CONTEÚDOS: Ana Rita Silva | Elisabete Teixeira

SARA MACIAS, SENIOR PARTNER DA MACIAS Y ASSOCIADOS RL., EM ENTREVISTA

GESTÃO DE COMUNICAÇÃO: Elisabete Marques | João Soares | Luís Pinto | Miguel Beirão | Nelson Luiz | Design E PAGINAÇÃO: Mónica Fonseca | Vanessa Taxa Assinaturas Para assinar ligue +351 22 092 68 79 ou envie o seu pedido para Autor Horizonte de Palavras – Edições Unipessoal, Lda Rua Rei Ramiro 870, 5º A, 4400 – 281 Vila Nova de Gaia E-mail: assinaturas@pontosdevista.pt Preço de capa: 4,00 euros (iva incluído a 6%) Assinatura anual (11 edições): Portugal: 40 euros (iva incluído a 6%), Europa: 65 euros, Resto do Mundo: 60 euros Sede da entidade proprietária: Rua Oriental nrº. 1652 - 1660 4455-518 Perafita Matosinhos Outros contactos: +351 220 926 877/78/79/80 E-mail: geral@pontosdevista.pt redacao@pontosdevista.pt www.pontosdevista.pt www.horizonte-de-palavras.pt www.facebook.com/pontosdevista

P 28

Patrícia Marta Rodrigues, Diretora Geral e CEO da BIOTA

Filomena Antunes, Administradora da Financar

P 32

Impressão Lidergraf - Sustainable Printing Distribuição Nacional / Periodicidade Mensal Registo ERC nº 126093 NIF: 509236448 | ISSN: 2182-3197 Dep. Legal: 374222/14 *O conteúdo editorial da Revista Pontos de Vista é totalmente escrito segundo o novo Acordo Ortográfico. Os artigos nesta publicação são da responsabilidade dos seus autores e não expressam necessariamente a opinião do editor. Reservados todos os direitos, proibida a reprodução, total ou parcial, seja por fotocópia ou por qualquer outro processo, sem prévia autorização do editor. A paginação é efectuada de acordo com os interesses editoriais e técnicos da revista, excepto nos anúncios com a localização obrigatória paga. O editor não se responsabiliza pelas inserções com erros, lapsos ou omissões que sejam imputáveis aos anunciantes. Quaisquer erros ou omissões nos conteúdos, não são da responsabilidade do editor.

P 47

Paula Grade e Karina Sousa, Criadoras da White Impact


LIDERANÇA NO FEMININO

» SÓNIA SOUSA, PARTNER DA LEGACY CONSULTING EM ENTREVISTA

FOTO: diana quintela

liderança no feminino

4

Sónia sousa

A LIDERANÇA TEM QUE SER REINVENTADA “A experiência de Coaching permite-nos abrir novas linhas de pensamento, que em convergência proporcionam pistas ou soluções diferenciadoras”, explica-nos, em entrevista, Sónia Sousa, Partner da Legacy Consulting.


As pessoas entregam-se quando sentem que deste lado estão profissionais commited tempo suficiente para fazermos as pazes no final da viagem. E nunca deixamos ninguém pelo caminho nem zangado. As pessoas entregam-se quando sentem que deste lado estão profissionais commited. Referem que o “legado” de cada pessoa, o que faz e como faz, é o valor mais importante que se deixa nas Organizações. Como é que a Legacy Consulting potencia este legado do capital humano? Em primeiro lugar acolhemos o que cada pessoa É e nos revela. Como? Criando um contexto pedagógico e relacional onde podem realmente ser elas próprias. A partir daqui e quando sentimos que o Outro já nos recebe na sua “casa” (o seu Eu) ajudamo-lo a construir/fortalecer outras divisões (aviso que não sou boa em metáforas). Os insights que a nossa metodologia e claro, a interação com os Consultores, proporciona, potencia a que o participante descubra que tem outros “espaços” em si que pode frequentar mais vezes, e aos quais pode recorrer para ser eficaz nos seus desafios profissionais, pessoais e sonhos que tenha. Nas pessoas que se cruzam connosco nas formações, também cada "Eu" tem várias nuances, vários recursos, alguns mais consistentemente ativados e outros menos. E se pudéssemos aceder a mais recursos dentro de nós? Faria a diferença nas nossas vidas? Na vida dos outros que se cruzam e/ou trabalham connosco? Eu diria que sim. Que principais lacunas verificam nas empresas e organizações hoje em dia? Claramente a liderança e a comunicação. Ambas com um peso brutal na gestão das empresas e das pessoas. Falta, por vezes, a visão de longo prazo porque se está mergulhado nos temas urgentes do dia-a-dia. Apagamos fogos, antes que eles nos “queimem” e depois, mais à frente pagamos o preço porque não cuidámos das pessoas que diariamente estão ali connosco nem reinventámos a estratégia. Há pessoas incríveis que independentemente da adversidade que estejam a viver ou das contrariedades do contexto da empresa onde trabalham, são verdadeiramente resilientes; trazem a empresa no coração. Queremos/devemos estar lá para elas, reconhecê-las, porque não nos falham. Em suma, dar-lhes um perímetro de segurança. Pessoas em desconforto produzem menos, diria. A liderança tem que ser reinventada, temos que estar próximos de quem gerimos, não recear expor as nossas fragilidades e ao mesmo tempo ter uma profunda sen-

sibilidade e perspicácia para o outro. Não podemos estar dependentes do que não controlamos. Temos que atuar no que controlamos e assim aumentar exponencialmente os resultados desejados. Simon Sinek, numa das suas mais conhecidas palestras de liderança no TED, fala no Golden Circle e recomenda vivamente que comecemos pelo Why (antes do what e how). É aí que o líder inspira as pessoas, quando lhes mostra um propósito e os leva com ele numa missão que todos entendem como deles. Faltam-nos mais líderes inspiradores (muitos deles, tenho o enorme gosto em conhecer na minha atividade de consultoria). São lideres próximos, sem perder o drive, amáveis sem perder a assertividade e que comunicam na dose e formato(s) certos! As mulheres adotam um estilo de liderança e gestão marcadamente feminino, fazendo prever um novo paradigma de gestão. Que estratégia adotou para se posicionar e destacar como líder no mundo dos negócios? É curiosa a pergunta. Não me revejo tanto nesta formulação, pois não me posiciono no negócio da Legacy, por ser mulher, ou dito de outra forma: sendo mulher nunca me ocorreu atuar de forma diferente da que faço, afirmando ou diferenciando-me no meu género. Não. Sou (procuro ser) líder através da forma como acredito e vivo os valores que me norteiam. Integro-os no modo como leio os outros e como interajo. Para mim, não tem a ver com o ser mulher, mas porque faz parte do meu “kit” existencial. Chame-lhe experiência, vida, educação, é um todo que levo comigo em cada interação. Quando pergunto, espero pela resposta, quando cuido dou o meu coração, quando sinalizo, quero construir algo melhor. E isso faz parte de gerirmos pessoas e também de gerirmos um negócio, aliado à responsabilidade de todos os dias entrarmos na casa (empresas) dos outros e que também nos dão permissão para nos relacionarmos com as suas dinâmicas internas. É cada vez maior o número de mulheres que ocupam lugares de liderança e de chefia nas empresas. As mulheres podem revelar-se melhores líderes no mundo empresarial? A diversidade deve ser inclusiva, deve unir-nos e trazer para a mesa as melhores sensibilidades, as maiores práticas e uma visão diferenciadora dos temas. Por isso a liderança no feminino e no masculino têm o seu DNA próprio. Há grandes líderes em mulheres e homens. E em sinergia, criam um elemento poderoso e sofisticado de intervenção nas equipas e nas empresas. Acredito que “os melhores líderes” não estão (não podem estar) associados ao género, mas ao caráter, à sensibilidade e à competência. E por isso, qualquer que seja o género, entendo que não podem faltar estas dimensões, na gestão de pessoas. ▪

5 março 2017

A Legacy Consulting pretende intervir junto das Organizações, no âmbito de uma consultoria estratégica na área comportamental, desenvolvendo projetos integrados nas áreas de Liderança, Business Coaching e Eficácia Organizacional. De que forma se processa a intervenção da empresa em cada uma destas áreas? Diria que antes de tudo, mergulhamos a fundo na realidade do cliente. Fazemos acompanhamentos no terreno, perguntamos a quem sabe, somos curiosos. Não digo que passamos a tratar por tu a realidade do nosso cliente, mas conseguimos em certa medida falar a linguagem do negócio dele. Só assim se personalizam intervenções com ressonância. Sempre que podemos, começamos pela liderança, conhecemos os nossos interlocutores, escutamo-los na forma como leem a realidade e as suas equipas. Por vezes somos provocadores: e se…? e porque não? A experiência de Coaching permite-nos abrir novas linhas de pensamento, que em convergência proporcionam pistas ou soluções diferenciadoras. Quando se trabalha a temática da liderança, temos que, acima de tudo, respeitar o perfil e as idiossincrasias do nosso interlocutor. E a partir daí ampliamos outras fontes, outros recursos que lhes sejam mais produtivos e que resultem melhor na gestão das equipas. No Coaching conhecemos a história do Coachee e construímos a partir desta base. Identificamos o seu ponto A e buscamos qual o ponto B onde pretende chegar. Pelo caminho, as perguntas abrem um novo awareness, fazem descobrir novos caminhos/links, despoletam emoções e devolvem enquadramentos em que não se tinha pensado. São os momentos “Uau” do nosso interlocutor. Em qualquer intervenção da Legacy, nada surge por acaso: nem as palavras, nem o tom, nem as sequências pedagógicas. Às vezes “zangamo-nos” com os nossos participantes/destinatários, mas com

FOTO: diana quintela

A

Legacy Consulting é uma empresa que atua na área da Consultoria e Formação em Recursos Humanos. Que estratégia a empresa tem adotado para se destacar dos demais do setor? Respeitamos e seguimos os valores e compromissos que definimos desde que a Legacy nasceu em outubro 2010, tomando sempre o desafio e a missão do cliente como nossa. Providenciamos as ferramentas, as pistas, e outros recursos para por em marcha a solução. E os caminhos gerados são sempre construídos com o cliente.Outra estratégia passa, claramente, pela aposta no desenvolvimento da equipa através de ações, a que chamamos Learning Sessions, na biblioteca atualizadíssima que possuímos, nos especialistas com quem aprendemos (dentro e fora de Portugal). E viajamos muito. Trazemos muito boas práticas, ferramentas e ideias transformadoras para este negócio. Trabalhamos também com os melhores do mercado enquanto nossos Parceiros de negócio: nas ferramentas psicométricas que utilizamos, no design criativo dos projetos, nos estudos de mercado, etc. Costumo dizer (quase) a brincar que não somos uma empresa de formação; somos uma empresa de consultoria que “por acaso” também faz formação. E este enquadramento faz toda a diferença no posicionamento da Legacy. E a nossa equipa é muito perspicaz, alegre, easy going, e abraça os clientes na sua missão. Diria que essa é a banda sonora que nos acompanha. Fazemos questão que a equipa de consultores viva muito. Temos que sair do nosso mundo e entrar noutras “vidas” para “regressarmos” cada vez mais apetrechados. Esse é um dos nossos combustíveis. Como o guru de liderança ao qual vou buscar inspiração, Robin Sharma, diz: “Seja absurdamente energético e loucamente vivo”.


Tema de capa

» JUSTINA TEIXEIRA

QUANDO SER MULHER É SER EXPRESSÃO DE FIRMEZA E DETERMINAÇÃO liderança no feminino

6

O Douro viu-a nascer mas depressa a viu partir porque a sua determinação levou-a a querer conquistar mais. Justina Teixeira, contrariou aquele que veio a ser o seu destino. Provou que enquanto mulher conseguiria tudo a que tinha direito por conta e risco. O negócio de família sempre foi, para ela, dos pais. O seu caminho teria de ser ela a traçá-lo. Quis a vida que depois de conseguir provar as suas capacidades enquanto profissional, que assumisse aquilo que os pais construíram. Chegou à Quinta da Barca, ao mundo dos vinhos… um mundo novo, totalmente desconhecido. Passou um ano. Hoje, garante que valeu a pena deixar a Biologia e voltar às raízes que nunca negou e das quais sempre sentiu saudades. Conheça, na primeira pessoa uma mulher, orgulhosamente transmontana, dona de um carisma que cativa.

Q

ue história pode ser contada sobre o seu percurso? Os meus pais sempre estiveram ligados à agricultura. Nasci neste meio e sempre convivi de perto com a agricultura. Por volta dos meus cinco anos os meus pais fundaram a primeira empresa de prestação de serviços, a Soluções D’ Eleição, que na época não tinha esta denominação. Cresci e fiz o meu percurso académico de forma normal. Licenciei-me em Biologia pela Faculdade de Ciências do Porto. Comecei a trabalhar numa empresa onde fiquei aproximadamente dez anos num segmento associado à biologia molecular, onde desempenhava funções de técnica comercial.

A par disto, os meus pais adquiriram a Quinta da Barca, que para eles sempre foi um projeto de paixão. No entanto, quis trabalhar fora daquilo que foi construído pelos meus pais por uma questão de afirmação pessoal. O facto de ser filha única fez-me querer provar de que conseguiria tornar-me alguém a nível profissional por minha conta e não à sombra daquele que tinha sido o esforço dos meus pais. Desejei traçar o meu próprio caminho. Porém, surgiu a altura em que decidi que seria hora de abraçar o projeto deles, dos meus pais, e então assumi a gestão das duas empresas: a Soluções D’Eleição e a Quinta da Barca, de produção de vinho, em 2016. O meu percurso profissional tinha sido per-

corrido numa área distinta daquela que é a área de negócio dos vinhos. Estive sempre associada às vendas, o que me deu a bagagem necessária para o contacto com o cliente e para o marketing de vendas. A minha passagem pela empresa onde trabalhei deu-me imensas ferramentas importantes para quando cheguei aqui. Aqui, cheguei com uma visão diferente, a de quem não conhece o mercado, o que é algo que considero muito importante. Chegar alguém que questione o porquê de as coisas se fazerem de determinada forma, principalmente


FOTO: RUI BANDEIRA

FOTO: RUI BANDEIRA

“O fundamental numa liderança é conversar, debater os assuntos em conjunto e não impor. Devemos sempre perceber qual é a perspetiva das pessoas, ouvi-las e dar-lhes voz”


tema de capa

» JUSTINA TEIXEIRA

FOTO: RUI BANDEIRA

Sempre quis construir uma carreira sólida, no entanto, ser mãe era também uma prioridade. A sociedade tem vindo a mudar mas ainda precisa de mudar imenso

um pouco parado, os meus pais sempre se dedicaram muito ao projeto da agricultura e o projeto dos vinhos era mais um projeto de paixão e de desejo, o de desenvolver uma marca própria. Percebi que era necessário algum tipo de evolução e inovação. Eles, os meus pais, estavam muito absorvidos pelo projeto da Soluções D’Eleição e, como foram sempre eles, ao longos dos anos, que tomaram conta de tudo, não lhes sobrava muito tempo para fazerem as viagens necessárias para tornar a evolução da marca de vinhos real. Hoje, eles confiaram-me os negócios, porém, todas as decisões são tomadas em conjunto, sempre.

poderia melhorar ou alterar. Fiz algumas restruturações e penso que correu bem, apesar de algumas dessas mudanças não terem surtido um efeito imediato. Na Quinta da Barca foi diferente… fui muito bem recebida. Acharam díspar e engraçado eu ter assumido a administração. As pessoas ficaram espantadas mas pela positiva. Antes de chegar aqui provei que sou uma profissional que consegue atingir os objetivos a que se propõe e, em alguns casos, superá-los. Tento sempre ter uma visão de atenção para com as necessidades do público, tendo em conta aquilo que é a realidade da empresa. Neste momento, posso dizer que o balanço é muito positivo. A Quinta da Barca exportava para a Suíça mas não era suficiente. O mercado interno estava

FOTOS: RUI BANDEIRA

liderança no feminino

8

num ambiente onde dominam homens, que estão responsáveis pela gestão, pelos projetos de internacionalização, acho interessante ter alguém que vem de um outro ramo e colocar muitos pontos de interrogação, que contribuiu para dar uma outra visão, a de uma mulher à frente de um negócio. A chegada à gestão dos dois negócios não foi fácil, principalmente porque ser mulher coloca sempre muitas reservas. Por outro lado suscita, também, muitas curiosidades «vamos ver do que ela é capaz de fazer». Na Soluções D’ Eleição tive de conhecer bem a empresa, as pessoas que trabalham connosco, nomeadamente, as necessidades do cliente, que para nós é o mais importante para crescer de forma sólida. Comecei por tentar entender o que é que

JUSTINA TEIXEIRA

O Dia Internacional da Mulher foi criado para que as mulheres não se esqueçam que também têm direitos. Hoje, considera que faz sentido assinalar o dia? Porquê? Faz bastante sentido. Tenho plena noção, por exemplo, que consigo estar nesta posição porque se trata de um negócio de família. É uma questão que não tem que ver com as minhas competências mas sim pela forma de como a sociedade ainda discrimina e não abre portas às mulheres assim como abre para os homens. Eu vivi isso no meu anterior percurso, sei do que falo. Os cargos de chefia são-nos vedados por sermos mulheres, por mais demonstração de capacidade que se mostre nunca é suficiente para conseguir evoluir e progredir de forma normal na carreira. Os filhos são sempre associados como unicamente responsabilidade da mulher. Eu tenho uma filha que tem, logicamente, um pai e uma mãe e, por isso, a responsabilidade é dividida pelos dois, mas isso não é a maioria dos casos são entendidos no mundo empresarial. Então os filhos são sempre um entrave à evolução de carreira? Sim, são. Optar por ter filhos ou uma carreira ainda é um problema que se coloca às ao género feminino?


Na sua opinião, terão mais as mulheres mais a provar no universo laboral do que os homens? “Cometi erros Sem dúvida. As mulheres têm de trabalhar o dobro para conseguirem mas foi graças o mesmo. Nem que seja por vezes a eles que aprendi e reconhecimento do bom trabalho que cresci como profissional. desempenhado. A nós mulheres, O caminho que percorri nunca nada nos é dado de forma Muitas foi necessário para chegar natural como aos homens. O esforço vezes tem de ser superior e a vontade de sim têm onde cheguei” vingar também, nem todas conseguide optar mos e às vezes, desistir parece a única porque não solução. Vivemos num mundo ainda é fácil. Conhemuito machista e isso é perfeitamente visível, ço situações de podem existir exceções, mas só confirmam a mulheres que optaregra. ram por construir uma carreira, tendo sido mesmo questionadas na O que mais gosta no seu trabalho? altura em que estariam prestes a progredir se Gosto dos desafios que vão surgindo. De estariam nos próximos anos a pensar constituir aprender, porque não percebia nada do mercafamília. Por isso, sim. As mulheres têm de optar. do de vinhos e por isso tem sido uma descoNo meu caso, não. Sempre quis construir uma berta muito interessante. É desafiante aprender carreira sólida, no entanto, ser mãe era tama lidar com um mercado que não conhecia, bém uma prioridade. A sociedade tem vindo apesar de ter vindo do negócio de vendas, este a mudar mas ainda precisa de mudar imenso. é um mercado único. Para mim é muito imporOlhamos para os cargos de chefia, de administante estabelecer metas e essa é a minha maior tração e simplesmente não vemos um número satisfação. exemplar de mulheres a desempenhar grandes responsabilidades. O que não pode um líder, independentemente do género, deixar de ter? O que significa para si liderar? Acho que os tipos de lideranças não depenEstar bastante próximo das pessoas. Não se dem do género mas da personalidade. Boas e pode deixar de estar atento aos colaboradomás. A grande diferença é que como mulheres porque dependemos deles para o sucesso res e homens pensam de forma diferente, por da empresa. O fundamental numa liderança é vezes, as estratégias delineadas para o mesmo conversar, debater os assuntos em conjunto e objetivo tomam rumos distintos. Um líder não não impor. Devemos sempre perceber qual é a pode deixar de ouvir as pessoas e de estar perspetiva das pessoas, ouvi-las e dar-lhes voz. próximo delas. Só assim conquistará o melhor Muito importante também é ser sensível perandos colaboradores para atingir o sucesso da te as necessidades ou problemas familiares de empresa. quem trabalha connosco. Uma vez que o bem-estar da família é essencial para que consigaOlhando para trás… teria feito algo de forma mos todos trabalhar convenientemente e de diferente? forma produtiva. Esta vertente, a flexibilidade e Não. Tenho a certeza que tudo o que fiz, bem o perceber o valor das pessoas e ajudá-las na ou não tão bem, foi essencial para conhecer sua vida é essencial. Julgo que penso assim portudo o que aprendi. Cometi erros mas foi graças que um dia fui eu a estar do outro lado. a eles que aprendi e que cresci como profissioNão faz sentido estar em confronto com os nal. O caminho que percorri foi necessário para colaboradores. Temos expectativas mas temos chegar onde cheguei. ▪ de retribuir. A relação entre a chefia e as pes-

"Não podemos é desistir, mesmo que demore" Que mensagem gostaria de deixar a quem vai ler a sua entrevista? Que nunca desistem daquilo que ambicionam ou dos sonhos que possam ter. Haverá alturas em que vai parecer impossível, mas com determinação e persistência chegarão lá. Às mulheres: somos imensas, com capacidades extraordinárias e que temos lugar de destaque e na administração das empresas. Temos de lutar mais que os homens, é certo, mas se formos fazendo o nosso caminho, focadas, demonstrando sempre do que somos capazes iremos igualar o patamar que os homens conquistaram de forma natural. Creio que conseguiremos um dia não ter de trabalhar mais para conseguir o mesmo. Não podemos é desistir, mesmo que demore. Mais cedo, ou mais tarde, será hora.

9 março 2017

Como define a importância da opinião de quem trabalha consigo? Fundamental. Atualmente estou com o projeto de internacionalizar a marca e tenho consciência de que não posso tomar uma decisão sem a opinião do Pedro Carvalho, o responsável pelo mercado interno. Ele está cá há mais anos e por isso tem mais experiência, conhece melhor os clientes. O trajeto de conhecimento dele é crucial para mim, para que eu aprenda. Não posso, nem quero, de forma alguma pensar que a minha relação com ele poderá ser de outra forma.

FOTO: RUI BANDEIRA

soas tem de ser de reciprocidade. Tenho imensa sorte, aqui as pessoas são excecionais. Querem como eu, que a empresa cresça. Não é benéfico para ninguém liderar em confronto com os colaboradores porque quando precisarmos deles, eles possivelmente, e com toda a razão, não estarão lá para nos ajudar, assim como o líder não esteve. Haver uma relação unilateral é sempre errado.

Busto Grande Escolha Tinto Touriga Nacional 2010 Vinho de excelente qualidade, reconhecida em 3 concursos internacionais: CINVE 2016 (Medalha de Prata) Concurso Mundial de Bruxelas 2016 (Medalha de Ouro) Les Citadelles du Vin 2016 (Medalha de Prata)


LIDERANÇA NO FEMININO

» MARIA JOÃO COIMBRA EM ENTREVISTA

“A LUTA CONTRA O PRECONCEITO NÃO DEVE SER PRECONCEITUOSA”

P

Maria Joao Coimbra: duas filhas, um casamento, arquiteta e uma carreira brilhante. Conheça a mulher que diz: "são as nossas escolhas que mostram o que realmente somos"

rofissional, esposa e mãe. Mas, quem é Maria João Coimbra? Sou uma mulher de sorte! Sou arquiteta, no dia 8 de Março fiz 55 anos, sou casada, tenho 2 filhas universitárias e há 27 anos trabalho na NÓNIO, a mais antiga empresa em Portugal na área das Instalações Especiais em edifícios. Abracei a ideia e ajudei a desenvolver alguns dos projetos de crescimento e valorização da empresa que chegou a ser a maior portuguesa no seu setor. Vivi no Porto, vivi em Madrid e regressei a Lisboa onde me licenciei e vivo. Gosto de pessoas, balanço entre as cidades e a paisagem bordada ou a vastidão, e um dos meus desportos favoritos é a contemplação.

liderança no feminino

10

Como descreve o seu percurso profissional? As minhas funções foram diferenciadas e com distintos patamares de responsabilidade, de acordo com as características de cada uma, ao longo do tempo. Sempre ao lado da Administração, como operacional no terreno, implementando as estratégias que ajudei a definir. Ao nível do investimento e crescimento, por exemplo, na criação da única fábrica em Portugal de pavimentos sobrelevados para edifícios de serviços, um sistema construtivo que rompeu totalmente com os cânones da construção civil neste tipo de edifícios dotando-os de uma flexibilidade até aí inédita em termos de instalações especiais e cablagem imprescindível à implementação e utilização de novas tecnologias. Tive um papel ativo no acompanhamento dos meus Colegas arquitetos, assim como dos investidores e dos construtores, na evolução dos paradigmas do Projeto de Arquitetura e restantes especialidades. Questões ambientais e de sustentabilidade colocaram, igualmente, desafios importantes, mais uma vez ao nível do Projeto de Arquitetura, no encontro de soluções inteligentes para Edifícios Saudáveis. Selecionámos, no mercado internacional, parceiros sérios e credíveis, que nos permitissem adaptar às exigências de flexibilidade dos sistemas dando resposta nas mudanças e alterações cada vez maiores e mais frequentes num edifício de serviços, colocando um ativo imobiliário num patamar competitivo face à concorrência tradicional e às novas necessidades organizacionais das empresas. Quais são os marcos da sua carreira de que mais se orgulha? Logo após um trabalho criativo, de atelier, onde comecei, aceitei o convite para este desafio que me pareceu inicialmente exótico mas me deu a oportunidade de viajar e aprender. Instruí-me numa área do conhecimento das engenharias que ainda hoje é pouco estudada nas Faculdades de Arquitetura em Portugal. Quando olho para trás, sinto-me orgulhosa, tenho que con-

desenrolado num meio tradicionalmente masculino. Entra-se numa obra e o número de mulheres é ínfimo. O trabalho na Construção civil é duríssimo e sempre considerei absolutamente natural que as mulheres com quem me cruzei neste meio tivessem funções intelectuais e técnicas de back office. Liderei muitas reuniões de vários intervenientes sendo a única mulher - nunca foi, sequer, um pensamento que me ocorresse nesses instantes - e nunca houve qualquer tipo de constrangimento nem preconceito. Sempre exerci o meu papel de mulher e mãe com a maior naturalidade, incluindo no meu meio profissional. Estava grávida da minha primeira filha durante a extraordinária realização que foi a obra da Expo 98, um acontecimento com uma dimensão e um impacto urbano único numa cadência impressionante de projetos e obras. Nunca senti que a minha barriga fosse um problema, pelo contrário, foi um estado de graça e uma alegria. E a alegria é contagiante!

MARIA JOÃO COIMBRA

Acho que as mulheres podem ter um papel diferenciador nas organizações. Há características que nos distinguem dos homens e que podem ser uma maisvalia poderosa

fessar sem modéstia, por sentir que contribuí com a minha parte para um Portugal moderno, na crista da onda ao nível da integração das novas tecnologias em edifícios. Parar, olhar para trás e ver o que se fez de diferenciador é um fator de orgulho e dá-nos uma perspetiva otimista no futuro. Desenvolvi competências. Sinto-me totalmente preparada para outros voos. E isso é muito estimulante! Ao longo da carreira alguma vez sentiu que as oportunidades lhe escapavam pelo facto de ser mulher? Não. Toda a minha vida profissional se tem

Olhando à sua volta, reconhece que haja desigualdade no tratamento de homens e mulheres por parte das empresas? Prefiro sempre o lado positivo das questões. Acho que as mulheres podem ter um papel diferenciador nas organizações. Há características que nos distinguem dos homens e que podem ser uma mais-valia poderosa. A luta contra o preconceito não deve ser, ela própria, preconceituosa. Hoje, nos jovens, nota-se uma diferença enorme na postura face às tarefas familiares e o contacto com outras culturas foi muito competente nesta alteração, mais do que educação dada pelas mães, suponho. Na sua opinião, o que têm as mulheres de fazer para que alcancem aquilo que a sociedade, ainda, não entende que seja um direito (paridade)? Têm de assumir com orgulho, e com a delicadeza firme que assiste a uma mulher, a importância inquestionável, inimitável, verdadeiramente única da sua condição. ▪


LIDERANÇA NO FEMININO

» SANDRA MENDONÇA, MANAGER, Large Accounts DO SUL DA EUROPA DA AMERICAN EXPRESS

“NÃO É A QUESTÃO DO GÉNERO QUE FAZ A DIFERENÇA” “Não tenho dúvidas de que estamos no caminho certo e espero que, talvez já na próxima década, não haja mais a necessidade de serem escritos artigos como este nos jornais nacionais”, afirma Sandra Mendonça, Manager, Large Accounts do sul da Europa da American Express em entrevista.

É

Que desafios destaca no seu percurso profissional e que foram determinantes para ser hoje uma empresária de sucesso? Por coincidência ou não, sempre estive ligada à implantação de novos projetos, o que representou para mim sempre um desafio muito aliciante e determinante para o meu progresso profissional. Estando em Portugal, considero também como grande desafio conciliar este meu trajeto profissional com a minha vida pessoal e considero que isso é algo que a maioria das mulheres profissionais têm de combater em algum momento da sua carreira. Tenho de viver e trabalhar entre o Algarve e Lisboa, e isso pode ser difícil com duas filhas pequenas. Acrescentando a isso, muitos dos meus clientes estão baseados no estrangeiro, e em diferentes fusos horários, aí o obstáculo pode ser muito mais difícil. No entanto, quando fui contratada, foi assumido um compromisso mútuo, razoável e justo, pois as viagens que faço, podem-se tornar esmagadoras, no entanto posso sempre discutir isso muito abertamente e facilmente tudo é resolvido. Se uma filha minha, não está bem ou precisa de minha atenção, sempre me foi dada flexibilidade para ter tempo para ela, como há um respeito e confiança mútuos no meu ambiente de trabalho, as minhas tarefas

diárias serão igualmente concluídas, pois sempre que necessário, tenho um excelente backup da minha equipa para o trabalho mais urgente. O que pensa sobre a Lei da Paridade e da discriminação positiva que a mesma acarreta? Concordo com muitos aspetos da Lei da Paridade, principalmente que é necessário garantir uma participação aproximadamente igualitária das mulheres na política portuguesa. A representação política deve refletir a diversidade de nosso país.

SANDRA MENDONÇA

É com grande orgulho que posso dizer que Portugal está bem a caminho de derrubar as barreiras à desigualdade, e, em apenas dez anos, vi que estamos muito mais perto de perceber a verdade da equidade no local de trabalho. Muitas mulheres de negócios portuguesas estão a desafiar as expectativas sociais com o nosso empenho, grandes ideias e trabalho árduo; Elas inspiram e se inspiram nas histórias de sucesso que outras mulheres de sucesso tiveram nas suas vidas

Na sua opinião, qual é o panorama atual em Portugal? É com grande orgulho que posso dizer que Portugal está bem a caminho de derrubar as barreiras à desigualdade, e, em apenas dez anos, vi que estamos muito mais perto de perceber a verdade da equidade no local de trabalho. Muitas mulheres de negócios portuguesas estão a desafiar as expectativas sociais com o nosso empenho, grandes ideias e trabalho árduo; Elas inspiram e se inspiram nas histórias de sucesso que outras mulheres de sucesso tiveram nas suas vidas. Às vezes, essas histórias dizem-nos o óbvio, mas também nos fazem sonhar, e a querer ir mais longe. Não tenho dúvidas de que estamos no caminho certo e espero que, talvez já na próxima década, não haja mais a necessidade de serem escritos artigos como este nos jornais nacionais. Está num “mundo de negócios”, maioritariamente, liderado por homens. Isso representa um aspeto negativo para si? Creio que há sucesso na diversidade. A diversidade desafia a maneira como as coisas foram feitas no passado; Acrescenta novas perspetivas e ideias. A diversidade está aberta à mudança, favorece as soluções “out of the box”. Penso também que a diversidade é maior do que a questão da igualdade entre homens e mulheres; quando existe monopólio em qualquer aspeto do negócio, isso geralmente tem um efeito prejudicial sobre o mercado - por que motivo é isso diferente na força de trabalho? Eu também vejo muitos homens a tentar trazer igualdade para as suas equipas; Se não por razões sociais, então pelo menos por razões de negócio, tendo há muito percebido os benefícios de tal demografia na equipa. Se houvesse mais mulheres no “comando” o que seria diferente? Eu só posso falar pelas equipas em que tenho trabalhado, acredito na justiça, na igualdade salarial e no direito de todos às mesmas oportunidades, pelo que vi, não é a questão do género que faz a diferença, mas as pessoas que estão no comando. ▪

11 março 2017

Manager, Large Accounts do sul da Europa da American Express. Como descreveria o seu percurso até este ponto e o que representa este cargo para si, como mulher e como profissional? Acho que muitas pessoas que se sentem bem-sucedidas na sua carreira diriam que muito de seu sucesso se resume a sorte, e eu concordo com isso até certo ponto, mas também acredito fortemente que cada um faz sua própria sorte. Talvez tenhamos a ideia certa no momento certo, e conheçamos as pessoas certas nos lugares certos, mas precisamos ter também a ambição, a ética de trabalho e o apoio das pessoas ao nosso redor para criar uma carreira de sucesso. Pessoalmente, o que eu sinto que teve o maior impacto na minha carreira foi o não resistir à mudança numa indústria em rápido movimento, estabelecendo um ponto de exigência elevado comigo própria em tudo o que faço, e tendo uma enorme quantidade de tempo investido em relacionamentos com os meus clientes e os meus colegas de trabalho. Estou muito orgulhosa de representar esta marca, e é muito especial para mim trabalhar para uma empresa que me representa e me apoia. O meu empregador reconhece a individualidade e a igualdade, defende a inclusão e o direito à diferença, estimula o desenvolvimento profissional e apoia a vida pessoal e familiar de seus funcionários. Com estas condições, é muito mais fácil ser o melhor profissional que se pode ser.


LIDERANÇA NO FEMININO

» SANDRA DE CARVALHO DIAS, DIRETORA-GERAL DO GRUPO BC, EM ENTREVISTA

GRUPO BC PORTUGAL: UMA EQUIPA FORMADA POR 95% DE MULHERES Para Sandra de Carvalho Dias, Diretora-Geral do Grupo BC, “faz diferença ser mulher pelas suas características intrínsecas como ser humano. Destaco a versatilidade, a inteligência emocional, a escuta ativa e o multitasking organizadíssimo, como as primeiras características que nos distinguem dos homens”.

O

Grupo BC é líder na externalização de processos BPO (Business Process Outsourcing), com presença no Sul da Europa e na América Latina. Quais têm sido os principais pilares para a construção da solidez do grupo? Os principais pilares de construção e sustentação da solidez do Grupo têm sido quatro: O primeiro, sempre as pessoas. Somos cerca de 3.000 por esse mundo fora. O Grupo BC tem um histórico de quase 43 anos em que as pessoas que fizeram ou fazem parte do Grupo são pessoas com grandes horizontes, polivalência e vontade estratégica de fazer bem. Está no nosso ADN. Outro dos nossos grandes pilares são os nossos valores pois, apesar das variadas conjunturas, nacionais e internacionais, mantemos sempre o mesmo rigor, ética, transparência e qualidade de serviço, a nossa qualidade não é negociável e é o que nos distingue; O nosso know-how evolutivo é outro pilar de sustentação, a nossa formação, escuta ativa e o acompanhamento muito próximo dos nossos Clientes faz com que estejamos sempre do lado da solução, e por último, a segurança que damos aos nossos Clientes, nos serviços que prestamos. Não se trata apenas de ter bons seguros mas sim, ter equipas com grande know-how, o que permite trabalhar em segurança.

liderança no feminino

12

Com uma forte expansão internacional, e para contextualizar o nosso leitor, qual é o principal foco do grupo e que serviços disponibiliza? O Grupo BC é de origem catalã, opera em Portugal desde 2003, sendo que a nossa atividade começa a ser mais concreta em 2005. Os setores da Banca e dos Seguros são os nossos principais clientes e por isso, o nosso foco. A sucursal portuguesa é pequena, assente no modelo business to business (B2B). Desenvolvemos soluções à medida de cada cliente, onde a reengenharia de processos internos e a sua posterior externalização, levam à melhor organização e eficientização das entidades. Trabalhamos em áreas muito delicadas como as áreas operativas “no core”. Mantemos um contacto bastante estreito com todos os nossos clientes e tentamos sempre fazer parte da solução. Por vezes, quem está de fora, diagnostica mais rapidamente onde há necessidade de intervir. Sandra de Carvalho Dias é Diretora-Geral do Grupo BC e conta já com um vasto currículo profissional. Como descreveria o seu percurso profissional, enquanto mulher em cargos de liderança, até ao presente momento? O meu percurso profissional tem sido um percurso sempre evolutivo, de muito trabalho, muita aprendizagem e estudo. Tenho a sorte de poder fazer aquilo que gosto, o que ajuda muito pois, a predisposição para querer saber fazer, é maior. O facto de ter também uma boa equipa de trabalho, facilita o dia-a-dia. Claro que também tenho de agradecer a quem ao longo da minha vida tem apostado em mim, me tem

ensinado, incentivado e que, por ironia, tenho de dizer que têm sido sempre homens. O mercado de trabalho já promove a igualdade de género e a integração de mulheres em cargos de chefia? No Grupo BC, onde estou há já nove anos, nunca senti que as mulheres fossem tratadas de forma diferente, até porque já éramos a maioria. Havia sim, grande concorrência. Sempre senti que a possibilidade de ascensão a cargos de direção era uma realidade, veja-se pelo meu percurso e a nível do Grupo em si, a título de exemplo, temos a Direção geral de recursos humanos do Grupo e a Direção geral financeira do Grupo, a cargo de mulheres. Concretamente, em Portugal, a equipa é composta em 95% por mulheres, sendo que os nossos projetos são 99% liderados por mulheres. Não foi propositado, mas aconteceu. Ao longo dos 12 anos de existência da sucursal, as mulheres estiveram sempre em maioria. No mercado de trabalho em geral, ainda há muito que fazer pois, apesar de estarmos a assistir a uma evolução na atribuição de oportunidades às mulheres, as assimetrias ainda são muito patentes, nomeadamente no que concerne à igualdade de salários. Quando falamos de liderança faz diferença ser mulher? Diz-se que se houvesse mais mulheres no topo, as coisas estariam melhores. Será mesmo assim? Faz diferença ser mulher pelas suas características intrínsecas como ser humano. Destaco a versatilidade, a inteligência emocional, a escuta ativa e o multi-tasking organizadíssimo, como as primeiras características que nos distinguem dos homens. Acho que em muitas áreas, teríamos melhores resultados se a distribuição de lugares de topo fosse mais equilibrada. Ganharíamos todos com isso. Mas também tenho de dizer que, muitas vezes, não existem mais mulheres nos lugares de topo por culpa das próprias mulheres. Nesse sentido, temos de aprender a ser mais como os homens, valorizarmos as colegas, incentivá-las e promovê-las quando temos poder para isso. Sermos mais unidas. O que a caracteriza enquanto mulher, líder e empresária? Bom, é difícil separar as três, pois existem características que são inerentes a todas as minhas facetas mas começo por ser uma mulher bem-disposta, otimista e destemida por natureza, num mercado (Portugal) bastante oscilante e onde a massa critica não existe por inerência da pequena dimensão. Outras das minhas características transversais são a capacidade de adaptação, a frontalidade, a transparência, o rigor, a seriedade, a valorização do outro e sei que por vezes, sou também demasiado exigente, tanto comigo como com os outros, mas sempre com bom humor. Podemos dizer tudo o que nos passa pela cabeça a toda agente mas é preciso saber como fazê-lo. ▪


SANDRA DE CARVALHO DIAS


LIDERANÇA NO FEMININO

» ANDREA NUNES, EM ENTREVISTA

“NUNCA DESISTAM DOS VOSSOS OBJETIVOS” “Considero que os resultados alcançados, a persistência e perseverança são determinantes na conquista do respeito e admiração dos pares, e do mercado em que desenvolvemos a nossa atividade”, afirma, em entrevista, Andrea Nunes Country Manager do Grupo Constant.

O

liderança no feminino

14

Grupo Constant é um grupo empresarial especializado na área de Recursos Humanos com 30 anos de experiência e que conta com mais de 40 delegações por toda a Espanha. Como descreveria o percurso do grupo? Qual tem sido o seu principal foco? O Grupo Constant foi criado em 1987 por uma família de origem catalã, a família Aguilar, com o objetivo de oferecer ao mercado soluções à medida de cada organização, de cada projeto. A especialização em Recursos Humanos e o profundo conhecimento dos profissionais nos diferentes setores do mercado manifestou-se desde sempre como uma prioridade, o que permitiu oferecer uma ampla gama de soluções eficazes e inovadoras no âmbito do Outsourcing, Trabalho Temporário, Facilities e Formação. A cada vez mais importante gestão dos recursos humanos como fator chave do êxito empresarial motiva o Grupo Constant a inovar neste campo e a disponibilizar serviços adaptados a cada tipologia de projeto. Os especialistas em recursos humanos da nossa empresa analisam constantemente as tendências mais recentes, a nível mundial, de forma a que seja possível aplicá-las em benefício dos seus clientes. Fruto desta filosofia, o Grupo Constant é uma empresa líder na gestão de pessoas. O Grupo Constant privilegia o fator da proximidade para com os seus clientes. Que outros valores orientam a atuação do grupo no mercado? O Grupo encontra-se presente em Espanha, República Checa e mais recentemente em Portugal. O Grupo Constant decidiu em Agosto de 2016 apostar fortemente no mercado nacional. Apesar da presença em Portugal, há cerca de um ano a trabalhar com clientes de Espanha, que há algum tempo solicitavam a expansão do Grupo com uma cobertura ibérica, a ANDREA NUNES

expressão era reduzida. A estratégia de desenvolvimento do negócio para Portugal passa pela inovação em processos e métodos de trabalho como veículo de sucesso para as nossas organizações. O Grupo CONSTANT incrementou o seu negócio desde sempre de forma especializada, e para o efeito constituiu um branding especializado por setor de atividade, o que em Portugal ainda me parece precoce fazê-lo, uma vez que a Marca Grupo Constant ainda não se encontra cimentada. Na área de Outsourcing trabalharemos projetos nas áreas de Hotelaria, Logística e Transporte, Indústria, Field Marketing e do BPO, áreas onde detemos experiência muito alargada em Espanha e também em Portugal com a equipa que iniciou o projeto e por toda a equipa que está a ser constituída, de vários setores de atividade com conhecimentos especializados e que constituem uma enorme mais-valia na análise, desenvolvimento e monitorização de todos os projetos/processos.No Trabalho Temporário acompanharemos todos os projetos e necessidades de recrutamento dos nossos clientes, em todas as áreas de atividade dos mesmos, com uma equipa de recrutamento e seleção especializada no recrutamento e seleção, com timings de concretização extremamente reduzidos e com uma taxa de eficácia que se exige de 100%. O objetivo do Grupo CONSTANT para Portugal é distinguir-se como um parceiro de negócio fundamental no desenvolvimento dos negócios dos seus clientes/parceiros, acompanhando a gestão das suas atividades por indicadores de performance, e profissionalizando a prestação de serviços através de competências na gestão de processos e na monitorização de resultados. Como “add-on”, recrutarmos e selecionarmos através de profissionais especializados por setores de atividade garantindo a qualidade e celeridade na integração do profissional certo no lugar certo. Andrea Nunes é Country Manager do Grupo Constant. É, certamente, um cargo desafiante. Sendo mulher, durante o seu percurso profissional foi alvo de discriminação ou sentiu a desigualdade de género? Que principais obstáculos encontrou? Aceitar o projeto do Grupo CONSTANT para Portugal, numa fase de maturidade e sucesso de um projeto do qual me orgulho bastante como Diretora Executiva de uma das maiores empresas portuguesas do mercado de Recursos Humanos, foi de facto um enorme desafio.


Discutir liderança no feminino em pleno século XXI parece não fazer sentido. Mas a verdade é que, no que diz respeito a cargos de liderança e lugares de chefia, as mulheres ainda são alvo de preconceito e de discriminação. Qual é, para si, o maior obstáculo para a mudança deste estigma? Este estigma existe nos homens em relação às mulheres, mas infelizmente verifica-se ainda mais entre mulheres. Se as mulheres não conseguem ainda enfrentar e gerir o sucesso de

outras mulheres, dificilmente conseguimos exigir que os homens o façam. Penso que esta questão é mais do que tudo cultural e não terá nunca uma solução.

O facto de ser mulher naturalmente que nos obriga a um esforço adicional, como se fosse necessário provarmos mais para justificarmos os reais motivos pelo progresso e pelo sucesso alcançado ao longo do percurso profissional

Quem é Andrea Nunes enquanto mulher e enquanto profissional? Quais são as suas aspirações? A Andrea Nunes enquanto mulher é extremamente focada, obstinada e persistente na concretização dos seus objetivos pessoais e profissionais. Mãe de dois meninos, um de dez anos, outro de cinco anos, uma mulher feliz com muitos sucessos alcançados e com a resiliência necessária a que os mesmos se suplantem no futuro. Que mensagem gostaria de deixar as nossas leitoras enquanto mulheres, empresárias e líderes? Nunca desistam dos vossos objetivos, nunca permitam que vos façam acreditar que são menos profissionais porque têm de sair para uma consulta com os vossos filhos, nem que são piores Mães porque trabalham mais horas, apenas deverão sentir-se plenas no difícil papel de Mãe e profissional, e sentirem-se “super-heroínas” por conciliar duas áreas de extrema complexidade, mas igualmente de extrema realização. ▪

15 março 2017

O meu percurso na área dos RH iniciou em 2002 na Randstad, numa estrutura maioritariamente feminina, como aliás já tinha acontecido durante a Licenciatura em Gestão de recursos Humanos, em que cerca de 80% dos alunos eram mulheres. Ao longo da minha carreira sempre me foquei nos resultados das minhas equipas, e ao contrário das Direções de RH em que os KPI´s são menos mensuráveis, o que dificulta ainda mais, na área de atividade em que decidi investir mais de 90% do meu tempo, os KPI´s sempre foram totalmente mensuráveis e tinham naturalmente de falar por si. O facto de ser mulher naturalmente que nos obriga a um esforço adicional, como se fosse necessário provarmos mais para justificarmos os reais motivos pelo progresso e pelo sucesso alcançado ao longo do percurso profissional. Considero que os resultados alcançados, a persistência e perseverança são determinantes na conquista do respeito e admiração dos pares, e do mercado em que desenvolvemos a nossa atividade.


LIDERANÇA NO FEMININO

» NATÁLIA LUÍS E CIDÁLIA LUíS-AKBAR

O SONHO AMERICANO TRADUZ-SE POR: INSPIRAR, TRABALHAR E CONSTRUIR São muitas as palavras que podem definir as duas irmãs Natália Luís e Cidália Luís-Akbar, no entanto, há uma que se impõe. Força. Dotadas de fortes valores, filhas de imigrantes portugueses, cresceram nos Estados Unidos da América, construíram o sonho americano. Conheça a história das duas irmãs, Administradoras da M Luis Construction.

Q

ue história pode ser contada sobre vocês? Somos filhas de portugueses imigrantes oriundos do Pombal! Viemos para os Estados Unidos da América ainda muito pequenas. Aqui, a nossa família fez jus ao chamado “sonho americano”. Chegamos a Maryland em 1979. Fomos muito bem recebidas na escola. A educação que recebemos no sistema educativo público foi incrivelmente positiva. A adaptação da nossa família a uma nova realidade foi ótima. Os nossos pais arranjaram emprego, apesar de não terem um inglês perfeito… A nossa lealdade para com este país é inquestionável. Temos imenso orgulho em sermos portuguesas - Portugal é um país maravilhoso- mas a América é o único lugar no mundo onde se pode chegar quase sem nada e, eventualmente, chegar à administração de grandes empresas. Fundámos a nossa primeira empresa em 2000. Queríamos provar que conseguíamos conquistar o sucesso. Em 2010 estávamos a entrar no mercado da produção de asfalto.

liderança no feminino

16

CIDÁLIA LUíS-AKBAR e NATÁLIA LUÍS

Como definem a vossa liderança enquanto administradoras da M Luis Construction? Fazemos as coisas de forma apaixonada, somos eternas aprendizas… Tentamos criar um bom ambiente de trabalho para os nossos colaboradores, premiamos o trabalho de quem trabalha a sério, confiamos e capacitamos os outros com capacidade e flexibilidade para tomarem decisões. Tentamos ter uma atitude de agir globalmente e de liderar em ambientes incertos, em que a mudança pode ser, além de constante, rápida. Construir algo de baixo para cima nunca é fácil! Construir algo significativo e duradouro, é ainda mais difícil. Requer uma visão clara, um planeamento cuidadoso, um compromisso firme e a quantidade de um camião TIR de perseverança para pavimentar o caminho que queremos traçar. Para ser líder, acreditamos que é necessário ter uma mistura de carisma, de trabalho duro e perseverança. Sem dúvida, que um líder precisa de todo o apoio de uma equipa que esteja, como ele, focada, para, que juntos, alcancem o sucesso. Ser líder é também estar preocupado com o que nos rodeia. A responsabilidade social e a distribuição dos lucros corporativos são atitudes que devem ser postas em prática. No nosso caso, procuramos incluir na missão da empresa a envolvência com organizações não-governamentais e sem fins lucrativos, especial-


A nossa lealdade para com este país é inquestionável. Temos imenso orgulho em sermos portuguesas - Portugal é um país maravilhoso- mas a América é o único lugar no mundo onde se pode chegar quase sem nada e, eventualmente, chegar à administração de grandes empresas No Dia de Ação de Graças, Natália Luís e Cidália Luís-Akbar no topo do Monte Kilimanjaro

Quem trabalha com vocês tem de ter em conta… Aquilo que nós próprias somos. Pensadoras estratégicas e visionárias. Sem tenho medo de contratar pessoas mais inteligentes que nós, pois sabemos quais são as nossas limitações. Gostamos que tenham atenção aos detalhes. O foco no sucesso, ser flexível, ser culto e apresentar resultados são características que procuro nas pessoas. Por fim, ter iniciativa e predisposição para as novas tecnologias, metodologias e inovação. A par disto, acreditamos verdadeiramente na diversidade de género, de etnia, e, sobretudo de pensamento. São fatores essenciais para que um negócio, em pleno século XXI, seja bem-sucedido. Que diferenças consideram que são mais visíveis entre uma liderança masculina e uma feminina? Os homens são bons mentores e trabalham bem o ‘networking’. Por outro lado temos a grande tendência mundial, “Womenomics” que nos mostra que as mulheres controlam 83% melhor os gastos. Outros dados indicam-nos que empresas que têm mulheres na sua liderança representam uma melhor receita. As mulheres, além dos resultados conseguem construir um negócio e ao mesmo tempo construir uma comunidade. Michelle Obama disse numa conferência nacional: “When you need something done and you ask women to do it, it gets done, end of story.” E isto é mesmo isso.

Não deixem que ninguém determine os seus horizontes ou defina o seu futuro. As únicas limitações só dependem do quão estão dispostas a trabalhar. Mantenham os vossos valores firmes. Os amigos e a família devem estar sempre por perto

Para ser líder, acreditamos que é necessário ter uma mistura de carisma, de trabalho duro e perseverança. Sem dúvida, que um líder precisa de todo o apoio de uma equipa que esteja, como ele, focada, para, que juntos, alcancem o sucesso Ao longo dos anos visualizaram algum tipo de padrões que se constatam na forma de como as mulheres são tratadas no mundo do trabalho e que provam que recebem um tratamento diferente dos homens? Tem de existir uma abordagem holística: definir metas da forma mais ampla possível, sem pensar no dinheiro. As mulheres lideram com mais colaboração dos outros, ouve mais e dá mais voz, sem pensar nas hierarquias. Sabe-se que as mulheres, por norma, começam um negócio com investimentos mais baixos, há um padrão claro de não “pedem” ajuda. Nos Estados Unidos e, certamente, noutros países, têm falta de confiança sobre as suas capacidades em relação aos colegas do sexo masculino Isto não pode acontecer. Devem começar a trabalhar, como eles, em um networking forte, sem medo de pedir ajuda ou de errar.

Empoderamento Feminino

Compartilhar histórias de sucesso e de fracasso. Fizemos isso. Ao longo dos anos reunimos sempre conselhos e orientação de empresários. Isto ajudou-nos a superar as dificuldades, no final conseguimos realizar os nossos sonhos. As mulheres que são líderes são muitas vezes subestimadas. Mas não devemos olhar para isso como uma fraqueza, devemos contrariar e tornar isso em força. Enquanto mulheres adotamos uma visão, uma liderança e um compromisso diferentes e se com isso podemos melhorar a vida das pessoas para melhor, podemos inspirar outros… As mulheres começam a ter um empoderamento financeiro. Tudo isto se deve ao trabalho de dedicação, à perspicácia empresarial, a um espírito empreendedor… Devemos agir com confiança e conhecer quais as nossas limitações. Escusado será dizer que os valores e moralidade devem

acompanhar sempre um bom líder. Por fim, e muito importante, é crucial mantermos a nossa família e os nossos amigos perto. Que observações podem tecer sobre os desafios enfrentados pelas mulheres nas empresas? Como foi no vosso caso? Em qualquer negócio, mas, especialmente na indústria, é importante conhecer todo sobre o negócio. Ter, manter e desenvolver continuamente uma forte rede de contactos. Diversificar sua cadeia de logística. Compreender que o sucesso é a única opção. Recusar-se a tornar-se numa estatística ou num estereótipo de género. O sucesso requer o apoio de uma equipa comprometida de pessoas que estão dispostas a seguir a nossa liderança e trabalhar connosco para alcançar a excelência. Não podemos ter medo de contratar pessoas extraordinariamente inteligentes e, finalmente, devemos aceitar e adaptarmo-nos aos novos paradigmas económicos do século XXI. Consideram que no mundo dos negócios continua a ser necessário uma mulher explicar a seguinte frase: “I'm not Bossy, I'm the Boss!”? Confiança é a palavra-chave! Temos o que é preciso, só é necessário certificarmo-nos de que estamos preparadas. O nosso conselho é: não associem qualquer dificuldade que apareça ao facto de ser mulher. Isso apenas vai resultar na vossa subida da sua pressão arterial. É muito importante confrontar quando algo está errado, no entanto, é mais importante saber quando o fazer. Quando era mais nova, os homens perguntavam-me muitas vezes se eu sabia qual é a diferença entre asfalto e betão. (Natália Luís) Não deixem que ninguém determine os seus horizontes ou defina o seu futuro. As únicas limitações só dependem do quão estão dispostas a trabalhar. Mantenham os vossos valores firmes. Os amigos e a família devem estar sempre por perto. Protejam aqueles que precisam de proteção, inspirem aqueles que procuram inspiração, sirvam de modelo e mentor para aqueles que procuram orientação e motivação, mostrem confiança e autoestima aqueles que precisam de alguém que acredite neles. As mulheres conseguem capacitar outras pessoas para que realizem os seus sonhos. E ainda, contribuir para a criação de uma comunidade na qual as pessoas, independentemente da origem, da cultura ou da cor da pele, possam viver e prosperar. ▪

17 março 2017

mente as que apoiam mulheres e crianças através da educação e assistência médica.


LIDERANÇA NO FEMININO

» NATÁLIA LUÍS E CIDÁLIA LUíS-AKBAR EM ENTREVISTA

OBAMA

Natália Luís Causas apoiadas por Natália: - Crianças - Empoderamento económico - Educação - Direitos humanos - Desastre e assistência humanitária - Alívio à pobreza

Em 2013, a convite de Barack Obama para uma conferência de imprensa da Casa Branca sobre Reconhecimento de Contribuição Económica. Recebeu vários prémios tais como: Prémio de Empreendedor do Ano; Prémio Mulheres do Ano atribuído pela revista Enterprising Women Magazine.

TRUMP

Em 2017, foi uma convidada à Casa Branca para representar pequenos empresários aquando da assinatura do Presidente Donald Trump para o Regulamento da Ordem Executiva sobre Pequenos Negócios.

PRÉMIOS 2017 - Natália Luís foi entrevistada pela Fox News e pela Fox Business News. - Recebeu o MDQi, Prémio de Excelência na Construção da Roland Avenue, na cidade de Baltimore. - Foi nomeada “SmartCeo Family Businees Awardee”. 2016 - Vencedora do Brava Award ‘Smart Ceo’, - Vencedora GOMA WBE, BBJ Book of Lists (em quatro publicações), - Participante na Delegação para Cuba

liderança no feminino

18

PRÉMIOS CIDÁLIA LUíS-AKBAR Em Maio de 2016, Cidália acolheu 42 membros da YPO (Organização de Jovens Presidentes) em Lisboa, Portugal, num retiro de três dias onde planeou e executou uma sólida introdução educativa de Portugal aos seus membros capitulares. Cidália, é também, membro do conselho da Diáspora Presidencial e recentemente aceitou o cargo de Conselheira na Embaixada de Portugal, em Washington.

2015 - Líder de Pequenas Empresas do Ano, Câmara de Comércio do Condado de Montgomery; O Prémio de Diretores de Liderança Comunitária do FBI 2014 - Prémio Top 100 das Mulheres de Maryland; SmartCEO Magazine, Vencedora do Prémio Circle of Excellence 2013 - Prémio Ernst & Young de Empreendedora do Ano de Maryland; Prémio Mulheres do Ano pela revista Enterprising Women; Apresentado na edição da revista Primavera do Edifício Washington, por Construtores e Empreiteiros Associados 2012 - Mulher do Ano, Associação Nacional de Mulheres Empresárias 2011 - Prémio Mulher do Ano; Daily Mail Top 100 Mulheres Líderes; Apresentado na edição de junho da revista Forbes e na edição de junho da Revista SmartCEO 2010 - Prémio Latina Powerhouse, Smart CEO 2010


LIDERANÇA NO FEMININO

» LUÍSA VASCONCELOS, CRIADORA DA Power2Blossom, EM ENTREVISTA

PASSO A PASSO PARA A CONQUISTA DO SUCESSO “Todas as pessoas têm um ponto de luz, o meu desafio é encontrar com elas o caminho para transformar esse pequeno ponto numa chama ardente e num dia a dia com paixão”, explica. Quem é Luísa Vasconcelos enquanto mulher e como profissional? O que a move?

P

Afirma que tanto como ferramenta pessoal como para trabalhar em coaching ou em gestão de talentos, conhecer-se e saber desbloquear o potencial interno pode ser a diferença entre ter uma vida de sucesso ou de total descontentamento. Em que consiste o coaching transformacional e a que se aplica? A frase: todas as respostas estão dentro de nós, deve ser das mais repetidas nos últimos anos, mas como chegar a elas e mais ainda acreditar que essas respostas que estão dentro de nós são verdade? O coaching transformacional é uma metodologia que assenta no autoconhecimento e traduz-se em processos (como a metodologia da P2B) que transformam fraquezas em forças, quer sejam questões de autoconfiança, de merecimento, de comunicação, de liderança... o caminho é tão diverso quanto cada pessoa, a imagem do processo costumo dizer que é como se se aprendesse a ‘levitar sobre a vida’, em vez de estarmos tão absorvidos por tudo o que nos incomoda, aprendemos a identificar prioridades e estratégias que permitam ganhar clareza sobre o que realmente nos preenche e depois passar da teoria à prática dia a dia.

Somos uma consultora boutique de coaching, desenhamos planos de expansão empresarial, profissional e pessoal e acompanhamos os nossos clientes na execução desses planos, da ideia à celebração do sucesso. Os nossos serviços são personalizados cliente a cliente e os nossos formatos de treino ajustam-se aos objetivos pretendidos, podendo ocorrer em 1to1 ou grupo; em sala ou em contexto de imersão experiencial como os Retiros Corporativos que lançamos no final de 2016 nos Açores.

LUÍSA VASCONCELOS

Algumas pessoas têm determinados traços de personalidade, onde a liderança é um recurso orgânico; outras são líderes por reação, quando os desafios da vida obrigam a ativar e fortalecer esse recurso; há depois outras ainda que preferem ser conduzidas na e pela vida" A Power2Blossom é uma consultora especializada em soluções de gestão de vida e de negócios. Transformam ideias em sucesso. Percebem de pessoas e dos seus talentos. Para contextualizar o nosso leitor, o que é a Power2Blossom e que soluções disponibiliza?

Luísa Vasconcelos é uma líder. O espírito de liderança é algo inato que nasce com a pessoa ou pode ser adquirida com o tempo? Algumas pessoas têm determinados traços de personalidade, onde a liderança é um recurso orgânico; outras são líderes por reação, quando os desafios da vida obrigam a ativar e fortalecer esse recurso; há depois outras ainda que preferem ser conduzidas na e pela vida. Diria que há uma parte orgânica na liderança (natural) que pode depois ser amadurecida (com o treino, com a experiência e com o tempo), os líderes naturais passarão por esse processo de amadurecimento, os ‘não naturais’ apenas se e quando necessário. É notável o aumento de lugares de chefia ocupados por mulheres. Estamos num bom caminho no que diz respeito à mudança de paradigma? Quando esta passar a ser uma ‘não pergunta’, teremos chegado a um bom equilíbrio. Há maior comunicação e uma maior consciencialização para este tema, o que não significa que internamente e nos bastidores das organizações o caminho seja mais simples. Pela minha experiência, esta é e será sempre maioritariamente uma questão de pessoas e não tanto de género. Há uma tendência global de empowerment feminino, logo o assunto ganha dimensão e a mudança ocorre com mais eficácia. Há que continuar a trabalhar a visão do papel masculino e feminino na nossa sociedade e a forma como cada pessoa (mulher ou homem) pode contribuir para levar uma organização ao sucesso. ▪

19 março 2017

rocuro estar alinhada com o meu próprio plano de vida, isso significa criar momentos memoráveis em todas as dimensões que considero importantes, como a carreira, as ligações pessoais autênticas ou as viagens, e a forma apaixonada como vivo o que faço. É um work in progress... Dei um salto de fé quando abri a minha empresa, com todas as alegrias e fracassos que isso implicou. A minha profissão é uma extensão de mim, não gosto de injustiças, aprecio a competência e adoro todas as expressões de felicidade. Hemingway disse algo como que são as melhores pessoas com as maiores virtudes que geralmente são as mais vulneráveis. Eu trabalho com “as melhores pessoas” garantindo que conseguem estar no melhor de si, no trabalho e na vida pessoal, sem que as suas vulnerabilidades, conscientes ou não, as atrapalhem no dia a dia.


LIDERANÇA NO FEMININO

» CIDÁLIA FERREIRA, UMA LÍDER NATA

“O espírito de liderança aprende-se ao longo do tempo” Fundadora das marcas Esonor e Olharlongo, a Revista Pontos de Vista conversou com Cidália Ferreira, uma mulher que tem sido uma líder ao longo da sua vida e que tem realizado um trajecto de credibilidade, rigor e confiança, ela que abriu o seu primeiro espaço comercial em Valongo, há 20 anos, sendo uma Mulher de sucesso, ambição e, principalmente, uma Empreendedora que não tem limites.

liderança no feminino

20

M

as como nasce o Grupo Opticalia e como se deu a união com a Esonor? Nado em Espanha, em março de 2008, pela mão de Javier Carceller, criador e detentor da marca Multiópticas, este sentiu que havia, após o sucesso da marca no país vizinho, espaço e necessidade de criar uma marca diferente. Em maio de 2012, a Esonor, empresa de Cidália Ferreira, foi convidada a juntar-se ao Grupo Opticalia, naquela que foi uma oportunidade de consolidar o negócio e continuar a crescer. De salientar que a Esonor foi reconhecida, uma vez mais, como PME Líder, galardão de enorme relevo, sendo que a Opticalia ganhou este ano, pelo terceiro ano consecutivo, o Pré-

mio 5 Estrelas, “o que é para mim um motivo de enorme orgulho porque este prémio é atribuído pelos consumidores, o que demonstra que estamos no bom caminho”. Igualdade de género exige que, numa sociedade, homens e mulheres gozem das mesmas oportunidades, rendimentos, direitos e obrigações em todas os apetos. Durante o seu percurso profissional foi alvo de discriminação pelo facto de ser mulher ou sentiu essa desigualdade de género? Não. Tive sempre os meus objectivos bem definidos e sendo assim nunca me preocupei ou estive atenta a esses factores. Se alguma barreira aparece no desenvolvimento de um projec-

to não acho que seja pelo género. Penso que as maiores barreiras ao desenvolvimento de projectos em Portugal advém da falta de visão de quem governa o país e está nos centros de decisão. Tudo demora demasiado tempo a que se despache os processos e as pessoas que trabalham nos vários organismos públicos estão maioritariamente para complicar e não para facilitar. Além disso, para o país continuar a fomentar empreendedores, deveria existir só um imposto único sobre os rendimentos e não esta confusão onde o Estado é um peso enorme e desmotivador a novos projectos. Felizmente aparecem excepções, o que deveria ser a regra.


É mãe, mulher e empresária. É fácil fazer a gestão destes papéis no dia-a-dia? Tem de ser uma “supermulher”? Sou uma pessoa normal. Delego funções nas empresas estando sempre por perto para orientar e ajudar em qualquer situação, até nas vertentes pessoais dos meus funcionários. Ser mãe para mim é dar autonomia, responsabilidade e que eles cresçam utilizando um manual de sobrevivência. Para se tornarem adultos com valores, ética e uma missão bem definida e com o sentido de empreendedorismo para a sucesso mas sem nunca se esquecer que a sorte dá muito trabalho. É uma mulher líder e uma empresária empreendedora. O que a fascina e o que a motiva? O fazer. Sou uma pessoa de acção gosto de sonhar com um projecto e de delinear o caminho para que se concretize... e fazê-lo acontecer. O género não torna o indivíduo nem mais nem menos apto para o desempenho de uma determinada função. O que é para si ser um bom líder? O espírito de liderança é algo que nasceu consigo ou foi aprendendo ao longo do tempo? Liderar para mim é ensinar, é motivar é descobrir em cada indivíduo como torná-lo melhor pessoa, melhor profissional. É estar sempre pre-

PERFIL

CIDÁLIA DE JESUS BARROS FERREIRA SÓCIA FUNDADORA DA EMPRESA OPTICALIA-ESONOR-OLHARLONGO

- Natural da Cidade de Rebordosa Paredes, nasceu a 1 de Maio de 1969 - Licenciatura em Física Aplicada - Ramo óptica na universidade do minho 1990/1995 - mestrado em optometria avançada em 2013 - em 1997 sócia fundadora da empresa opticalia-esonor-olharlongo

Penso que as maiores barreiras ao desenvolvimento de projectos em Portugal advém da falta de visão de quem governa o país e está nos centros de decisão

Liderar para mim é ensinar, é motivar é descobrir em cada indivíduo como tornálo melhor pessoa, melhor profissional. É estar sempre presente e funcionar como motivação de alguém a que as pessoas sigam e aspirem a ter por vezes comportamentos apreendidos, sendo um exemplo a seguir em missão, valores, orgulho, empreendedorismo e realização pessoal

sente e funcionar como motivação de alguém a que as pessoas sigam e aspirem a ter por vezes comportamentos apreendidos, sendo um exemplo a seguir em missão, valores, orgulho, empreendedorismo e realização pessoal. O espírito de liderança aprende-se ao longo do tempo convivendo e gerindo e também pesquisando, fazendo cursos e lendo muito. Que marca gostaria de deixar enquanto mulher e enquanto profissional? Que na vida tudo é possível. Temos que primeiro sonhar com o que queremos ter e ou atingir, definir um ou vários caminhos e trabalhar para que se realize. Gostaria de deixar um testemunho motivador para todos os jovens e pessoas que por algum motivo estão sem esperança. Porque a resposta para os seus problemas está dentro de cada um. ▪

21 março 2017

Achamos que “isto” da desigualdade é coisa do passado, que estamos bem onde estamos. Mas se olharmos para lá do que está à superfície, percebemos que ainda há um longo caminho a percorrer. O que é preciso mudar e por onde podemos começar? As mulheres devem mudar a sua mentalidade acreditando que elas são iguais e até em determinadas situações melhores. Cada ser humano deve acreditar em si próprio, porque tu decides, mas a opção normalmente é culpar sempre o outro.


LIDERANÇA NO FEMININO

» Telma Curado, Fundadora da TCC | SROC e Managing Diretor da Goodwise Consulting

“O sucesso de uma organização passa essencialmente pelas pessoas”

É

licenciada em Economia pelo Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG) da Universidade Técnica de Lisboa, com especialização em fiscalidade pelo IDEFE – ISEG e Finanças pelo INDEG – ISCTE, com a qualificação de Técnica Oficial de Contas e Revisora Oficial de Contas. Vamos começar pelo princípio, o que a levou a escolher a área das finanças? O meu interesse pela economia e em particular pelas temáticas financeiras surgiu desde cedo, muito por influência dos meus Pais que sempre estiveram ligados aos negócios! A simbiose que existe entre a economia enquanto ciência social, intimamente ligada ao comportamento humano e a componente financeira, muito mais concreta e objetiva, é uma dicotomia que me agrada muito! A curiosidade pela forma como as variáveis macro e micro económicas se interrelacionavam e impactavam de forma tão significativa a vida de todos nós, levou-me a uma licenciatura em Economia e posteriormente procurei especializações que me permitissem um contacto mais profundo e direto com o mundo das empresas!

liderança no feminino

22

Telma Curado

Empreendedora e de convicções fortes, Telma Curado, Fundadora da TCC | SROC e Managing Diretor da Goodwise Consulting, conversou connosco e deu uma visão mais alargada de ambas as marcas, onde ficamos ainda a compreender quais as motivações que regem uma Mulher que é Líder.

É fundadora da TCC | SROC e Managing Diretor da Goodwise Consulting. Que sinergias existem entre as duas empresas? Atualmente, a TCC|SROC e a Goodwise Consulting são os meus principais projetos profissionais. O objeto da TCC|SROC é o exercício das funções que se encontram legalmente adstritas à figura do Revisor Oficial de Contas. Através dela, pretendemos de forma independente garantir a fiabilidade e o rigor da informação das demonstrações financeiras das empresas, e emitir uma opinião sobre as mesmas. A postura de proximidade que gostamos de ter e o acompanhamento contínuo que pretendemos oferecer aos nossos Clientes, tem como objetivo adicionar valor e apoiar os seus processos de tomada de decisão. Além dos serviços de auditoria e revisão legal de contas, tentamos prestar de forma integrada, mantendo a necessária independência inerente à nossa função, serviços de consultoria fiscal, financeira e de gestão, posicionando-nos de uma forma, cremos nós, altamente diferenciada face a outros prestadores de serviços. Isso deve-se muito às pessoas que integram a equipa da TCC|SROC e da Goodwise Consulting, que aliam forte know how técnico com proximidade na relação que temos com os clientes. Queremos apresentar-nos como parceiros e


Qual a parte mais aliciante do seu trabalho? Criar valor, fazer diferente e gerar impacto positivo junto dos nossos Clientes. E a forma de fazer isso, pode assumir os mais diversos contornos, e

é isso que é aliciante! Assim como, a vontade de crescer, estabelecendo parcerias de longo prazo com os clientes e com todas as entidades com quem nos relacionamos. Saber que estamos a prestar um serviço que ajuda a economia a ganhar sustentabilidade e a crescer, deixa-me verdadeiramente realizada. Outra parte que considero aliciante é sem dúvida ver o crescimento técnico e o desenvolvimento humano da nossa Equipa. E por isso, apostamos forte em formação diferenciada, interna e externa. Dada a sua experiência enquanto ROC, de que fatores dependem o êxito empresarial de uma organização? O sucesso de uma organização passa essencialmente pelas pessoas que a constituem. Escolher a Equipa certa para cada projeto é uma das minhas grandes responsabilidades. O conjunto de competências técnicas e comportamentais de cada um terá de funcionar numa unidade funcional holista. Estas competências terão de ser potenciadas, através de formações de natureza estritamente técnicas, formações relacionadas com as soft skills, através de programas de competências e carreiras que motivem a Equipa e alinhem os seus objetivos aos objetivos da organização. São as Pessoas que fazem as Organizações. As redes nacionais e internacionais são sem dúvida um fator fundamental neste setor de atividade e que nós temos vindo a trabalhar. Tando a Goodwise Consulting como a TCC|SROC aderiram recentemente à rede INPACT, que é uma rede internacional de empresas de serviços

financeiros independentes que visa melhor responder aos desafios de um mercado completamente globalizado. Somos também Associados Assistentes da Associação das Empresas Familiares (AEF), que agrega algumas grandes empresas e muitas PME que têm um papel fundamental na geração de emprego e que compõem 99% do nosso tecido empresarial. Estas empresas enfrentam hoje fortes desafios, nomeadamente a necessidade de profissionalizar a sua gestão, o desenvolvimento de um modelo de corporate governance eficaz, moderno e transparente e, necessariamente, a capacidade de responder a questões de sucessão de uma geração para a seguinte. Temos por isso mantido com a AEF uma parceria longa e construtiva. Anualmente, realizamos um ciclo de conferências, com convidados de elevada reputação profissional e dos mais variados espectros económicos para debaterem uma determinada temática ou problemática. Alguns destes convidados estão presentes em iniciativas nossas, desde sempre, como o jornalista de economia Camilo Lourenço e o Professor João César das Neves. O ano passado, tentámos trazer diversos empresários de sucesso, ligados à economia real e a setores tão tradicionais e importantes para a região e para o país como o pescado, a fruta e a sua transformação, a metalomecânica e a suinicultura. Este ano contamos lançar um ciclo de encontros, a que vamos chamar Wise Talks, que visa colocar em contacto empresários, gestores e opinion makers da economia nacional. ▪

23 março 2017

não como meros prestadores de serviços. A nossa ambição diária é conseguir apresentar soluções de valor acrescentado ao cliente, nas mais diversas áreas ligadas à gestão financeira! O melhor é falarem connosco…! (risos) Mostramos o que fazemos, como fazemos e porque fazemos e assim queremos continuar a crescer. A proximidade e o relacionamento ultrapassa a relação cliente-fornecedor transformando-se numa verdadeira parceria (relação Win-Win). O aprofundamento do conhecimento do mercado e a vontade prestar um serviço integrado, levou-nos a criar a Goodwise Consulting, uma consultora que presta um conjunto de serviços diferenciado, tailor-made, em áreas como Corporate Finance, Outsourcing Financeiro e M&A. O desenvolvimento desta atividade tem sido potenciada pelas parcerias que mantemos com um conjunto de fundos de investimento, como de private placement e venture capital e através da ligação a investidores nacionais e internacionais. A vontade de prestar um conjunto de serviços diferenciado, colmatando uma necessidade de mercado, onde as mesmas não encontravam oferta, levou-nos a tomar esta decisão. A missão da Goodwise Consulting é portanto apetrechar as empresas com avançadas ferramentas de gestão, ajudando os seus gestores nos maiores desafios que enfrentam.


LIDERANÇA NO FEMININO

» MAFALDA GASPAR DE BARROS DA B-SPIRT, EM ENTREVISTA

CRIATIVIDADE e VERSATILIDADE, NUMA ÚNICA MULHER “Nunca tinha pensado na hipótese de ter um negócio até me ter surgido essa oportunidade há 17 anos, quando pela primeira vez fui confrontada com essa possibilidade”, refere Mafalda Gaspar de Barros.

MAFALDA GASPAR DE BARROS

liderança no feminino

24

E

m poucas palavras… como se apresentaria? Dinâmica, otimista e perseverante. Com uma forte capacidade de trabalho e alguma teimosia à mistura adoro fazer acontecer. Os desafios não me assustam... motivam-me! Gosto de começar o dia de trabalho bem cedo e aproveitar bem a manhã. Não gosto de perder muito tempo em reuniões de trabalho pelo que tento que sejam curtas mas focadas no tema que se tem para discutir. Quando confio na minha equipa tenho bastante facilidade em delegar e de uma forma geral não tomo determinadas decisões sem ouvir também as suas opiniões. A gestão e conciliação da família com a empresa obrigam-me a ser muito organizada, no entanto não abdico de levar as minhas filhas ao colégio e sempre que possível ir buscá-las, mesmo que isso me obrigue a ter que voltar ao escritório e ficar até mais tarde. Gosto de praticar desporto, desde pequena e

até aos 20 anos pratiquei Equitação tendo conseguido com 16 anos um 4ª lugar no Campeonato Nacional de Salto de obstáculos. Atualmente, e devido à minha intensa vida profissional apenas me sobra tempo para o jogging. Adoro cinema e sou uma grande fã do cinema Francês. Viajar é algo que não dispenso pelo que todos os anos faço sempre uma a duas viagens. “A B. Spirt cria, planeia e executa projetos audaciosos”. A audácia é uma característica essencial para as mulheres que anseiam construir uma carreira? Sem dúvida que sim. Audácia, grande capacidade de trabalho e versatilidade, são essencialmente as características que as mulheres têm que ter para que consigam construir uma carreira. Apesar de vivermos numa Europa que todos os dias faz progressos no sentido de uma maior igualdade entre homens e mulheres continua a demonstrar

que ainda há muito a fazer para que as mulheres consigam ter as mesmas oportunidades que os homens. As mulheres continuam a ganhar em média menos 18,5% que os homens, mesmo quando exercendo a mesma função. De uma forma geral a maioria das mulheres apesar de terem as suas carreiras e a gestão dos seus negócios, continua a ter a seu cargo a gestão da casa e dos filhos, o que as obriga a ter uma grande capacidade de trabalho e organização, e o que lhes deixa menos tempo para reuniões fora de horas e alimentar redes de contacto, fazer lobby, etc... Em Portugal a maioria dos licenciados são mulheres, no entanto quando vamos olhar para os órgãos de decisão constatamos que ainda estamos longe de ter uma participação significativa de mulheres nessas funções. Os homens continuam a ter tendência a escolher-se e a proteger-se uns aos outros. Algumas pesquisas Internacionais dizem-nos, contudo

de que há uma maior tendência para escolher mulheres para cargos de chefia e decisão quando se torna imprescindível fazer mudanças numa organização, uma vez que a sua audácia, sensibilidade e versatilidade são por norma uma mais-valia extremamente valorizada nestas circunstâncias. Quais os principais desafios que tem enfrentado como empreendedora? Acima de tudo sinto que o meu maior desafio se prende com a conciliação entre a vida familiar e a vida profissional, costumo dizer que a minha principal empresa é a minha família. A conciliação dos horários das crianças com a minha atividade profissional entre constantes viagens de trabalho, acompanhamento de montagens de eventos, sem horários para conseguir chegar a casa e acompanhar as necessidades de todos, é muito complicado. A capacidade para arriscar e não


Temos que ter a coragem para se algo no processo correr mal encarar essa situação como uma aprendizagem e não como um fracasso

Ter um negócio próprio era um sonho desde criança? Nunca tinha pensado na hipótese de ter um negócio até me ter surgido essa oportunidade há 17 anos, quando pela primeira vez fui confrontada com essa possibilidade. Na altura trabalhava na empresa NOW Eventos, e fui convidada a adquirir 40% da empresa. Tinha 25 anos e recordo-me que quem me incentivou a aceitar essa proposta foi o meu pai. Neste momento tenho a B-SPIRT, Comunicação e Eventos, que conta 6 anos de existência, vendi recentemente a minha posição na GEOMETRIC WORLD, projeto educativo lançado por mim e outro sócio em 2014, ao consórcio Star Busy, depois de uma participação no programa SHARK TANK. Gosto de desafios, mas só arrisco quando acredito que os projetos têm condições para vingar. A área dos eventos é uma área muito exigente, sem horários, sem férias, sem fins-de-semana, cuja capacida-

de de resposta tem que ser imediata. Só trabalhamos a área corporativa, e somos especializados em eventos CHAVE NA MÃO. Existimos com o intuito de sermos facilitadores de serviços para as empresas. Mais do que um fornecedor o nosso objetivo é ser no fundo uma extensão das equipas das empresas com quem trabalhamos e isso só se consegue com uma relação de confiança bem consolidada. Criatividade, versatilidade, experiência e profissionalismo são os ingredientes que fazem parte do nosso trabalho diário. O que procura nas pessoas que recruta para trabalhar consigo? Procuro pessoas essencialmente com vontade de trabalhar e aprender, com grande sentido de responsabilidade e sem medo de aceitar desafios. Têm que ser empenhadas, com iniciativa e com capacidade para gerir processos complexos, desafiantes mas a maior parte das vezes com horários complicados. E tal como eu tenham paixão por fazer acontecer. Que conselho gostaria de deixar às mulheres empreendedoras? Iniciar qualquer tipo de projeto representa riscos e gera insegurança. E quando o assunto é criar um negócio próprio, as dúvidas adquirem grandes proporções. É fundamental pesar nos pratos da balança aspetos pessoais e profissionais, antes de tomar uma decisão que exigirá habilidades múltiplas a nível profissional e de gestão para além do impacto financeiro que ainda poderá ter... Mas não tenham medo de arriscar e de lutar pelos vossos objetivos e sonhos. Não tenham medo de arregaçar as mangas e ir à luta, no entanto, antes de seguir em frente com o seu projeto defina bem o seu modelo de negócio, trace

bem os objetivos. Comece pequeno mas sonhe em grande, exemplos bem-sucedidos de Startups como a Google e o facebook começaram com pequenos recursos e dirigidos a públicos pequenos. Ouça alguns conselhos de quem já tem experiência. Não tenha medo de procurar investidores caso veja que existe essa necessidade. Tenha consciência das suas limitações e procure conhe-

cer o mercado onde vai atuar. Tenha paixão pelo que faz, o entusiasmo e a paixão fazem toda a diferença e ajudam a diminuir a taxa de insucesso. Hoje em dia há muitos programas de apoio às Startups bem como investidores interessados em apoiar ideias com pernas para andar, para além dos programas de incentivos com os fundos Europeus de Investimento do Portugal 2020. ▪

25 março 2017

ter medo de arriscar e de errar nas opções que se fazem, são outros desafios com que nos defrontamos diariamente. Temos que ter a noção de que não podemos parar, há que ser resiliente, criativo e inovador. Temos que ter a coragem para se algo no processo correr mal encarar essa situação como uma aprendizagem e não como um fracasso. Todos os dias temos que nos automotivar e em simultâneo motivar as nossas equipas, uma vez que se não o fizermos ninguém o fará por nós. Outro dos grandes desafios que qualquer empreendedor enfrenta diariamente, prende-se com a carga fiscal. Num país em que a carga fiscal sobre as empresas é bastante elevada e que por seu lado o Estado não cumpre com as suas obrigações dentro dos prazos, a gestão financeira de uma empresa tem que ser cada vez mais rigorosa e disciplinada, sobretudo se temos como objetivo fazer investimentos que nos permitam fazer crescer o nosso negócio. Deveríamos ter um sistema fiscal mais amigo do investimento, um sistema fiscal que fosse mais estável menos imprevisível.


LIDERANÇA NO FEMININO

» SARA MACIAS, SENIOR PARTNER DA MACIAS Y ASSOCIADOS RL., EM ENTREVISTA

“LIDERANÇA NÃO É SÓ ESTAR NO COMANDO DE UMA EQUIPA” Serão as mulheres melhores líderes do que os homens? Ou os cargos de liderança estão destinados “apenas” e ainda só aos homens? Para Sara Macias, Advogada e Senior Partner na MACIAS Y ASSOCIADOS RL, “a liderança sustentada alcança-se por mérito e reconhecimento de dedicação e não por género, pelo menos nas áreas em que tenho trabalhado”.

S

liderança no feminino

26

ara Macias é Advogada e Senior Partner na MACIAS Y ASSOCIADOS RL. Que papel pretendem assumir junto da sociedade? A Macias Y Associados é uma jovem sociedade, cujos sócios têm a pretensão de marcar a diferença pelo conceito de Law Boutique, onde o cliente é apreciado e acompanhado no seu todo. A Confiança de um cliente no seu advogado deve abranger todos os momentos da vida deste e não apenas quando surge um problema jurídico. Quem nos conhece, há mais de 20 anos, sabe que a solução connosco passa por acautelar e prevenir e não apenas resolver. A advocacia preventiva na vida de um cliente é sempre recompensada pela sensação que o cliente tem, em nos ter como amigo que aconselha e não apenas que repreende. Há uns tempos a esta parte, e pela experiencia que a via judicial não resolve muitas vezes as questões fulcrais em tempo útil, empreendemos pela Mediação Privada de conflitos, quer sob o ponto de vista corporate e em direito comercial, quer do ponto de vista do particular. Assim pensando, enveredamos pela Certificação quer em Mediação Privada quer em Mediação Pública e hoje somos pioneiros nessa área e cada dia que passa, mais vezes somos solicitados para esta via de resolução. Que fatores decisivos contribuem para a notoriedade de uma sociedade de advogados? A notoriedade de uma sociedade de advogado tem de ser medida pela satisfação que os seus clientes transmitem após a resolução de uma situação que os preocupava. O sentimento de acompanhamento e disponibilidade face a uma questão de uma empresa ou de um particular é sempre reconhecido por quem foi ajudado ou aconselhado. O facto de ter clientes há mais de 20 anos que nos contactam sempre, que nos procuram, que nos recomendam a outros é o mais importante fator de notoriedade que qualquer profissional de direito pode almejar!

Sara Macias é também Head Officer do Banco Angolano de Negócios e Comércio em Portugal. O que representa para si a liderança deste cargo enquanto mulher e profissional? Este projeto foi abraçado por mim há quatro

sara macias

Este projeto foi abraçado por mim há quatro anos e tem sido um marco de glória na minha carreira, pois tenho um enorme orgulho na Instituição e nas pessoas que represento e na equipa com quem divido essa responsabilidade

anos e tem sido um marco de glória na minha carreira, pois tenho um enorme orgulho na Instituição e nas pessoas que represento e na equipa com quem divido essa responsabilidade. Contudo, não revejo neste projeto a condição de mulher, pois creio que esse assunto da igualdade dos sexos já está devidamente interiorizado nas mentalidades empreendedoras e inovadoras das nossas sociedades. A Liderança sustentada alcança-se por mérito e reconhecimento de dedicação e não por género, pelo menos nas áreas em que tenho trabalhado. Sabemos que, no que diz respeito à igualdade de género no mercado de trabalho, ainda há um longo caminho a ser percorrido. Na sua opinião, por onde devia começar a mudança deste estigma? O longo caminho que tem de ser percorrido para que haja mais mulheres em cargos de Liderança tem, em meu entender, com a evolução normal dos tempos. Não nos podemos esquecer que até há três décadas a maioria das famílias portuguesa educavam as suas filhas para serem mães e orientadoras das lides domésticas, e não para desenvolverem uma atividade profissional especifica. Se historica-


Líderes

mente as mulheres, na sua maioria e honradas sejam as exceções, tiveram um longo período de abstenção na vida ativa da sociedade, e só o alcançaram em pleno por volta dos anos 90, temos de dar tempo a que as gerações seguintes se afirmem no mercado e este reaja à sua presença. Nunca se poderá colocar a diferença do género em termos de inteligência ou capacidade produtiva, outrossim na sua existência nas atividades profissionais. O tempo irá ajudar a dar sustentabilidade a

O tempo irá ajudar a dar sustentabilidade a quem tem capacidade e perseverança para estar no mercado, e não por ser Homem ou Mulher quem tem capacidade e perseverança para estar no mercado, e não por ser Homem ou Mulher! Essa diferença na quota do mercado já está a ser naturalmente equilibrada, e só mentes inferiores, retrógradas e inseguras não entendem esta questão... Qual foi, até hoje, o maior obstáculo ou desafio que enfrentou no seu percurso profissional por ser mulher? Afortunadamente, entrei no mercado de tra-

balho - na banca comercial com 20 e poucos anos, e estávamos no auge dos anos 90 com brutal evolução desta área em Portugal, onde tudo acontecia e todos tínhamos uma enorme sede de conhecer mais e melhor e de saber fazer tudo! E nesses anos os mercados presenteavam a curiosidade, a vontade de inovar e de empreender, pelo que alguns de nós – jovens licenciados – integrámos grupos de JEP´S ( Jovens de Elevado Potencial ) que nos deu a possibilidade de integrar equipas de trabalho de seniores em projetos de Fusão de Bancos, Criar Salas de Mercados, Constituir equipas para unir instituições financeiras, e esse foi um grande desafio que me foi apresentado e no qual revi que o empenho é um fator de sucesso. O meu percurso profissional como advogada muito relacionada ao Direito bancário, se calhar porque desenvolvo uma área muito especifica, nunca foi alvo de qualquer obstáculo por ser mulher, pelo que nunca senti esse estigma ... Uns anos mais tarde, mais madura, tive a oportunidade de entrar no mercado da Banca Angolana, onde o desafio era ensinar as melhores práticas bancárias e também aí a qualidade de mulher nunca foi um obstáculo, pelo contrário, a mulher tem um papel muito respeitado na sociedade angolana. ▪

27 março 2017

Homens e mulheres apresentam características diferentes em termos de liderança. Serão as mulheres melhores líderes? O que é para si ser um bom líder? A minha perspetiva sobre este assunto já foi alterada ou melhorada, pelos diversos estádios da vida profissional onde fui deixando marca com a minha presença. Ser líder não é apenas ser mentor, não é apenas ensinar, não é apenas trazer o melhor de cada um, não é apenas desafiar e retirar da área de conforto quem está acomodado, não é apresentar melhores resultados e nem sequer é ser quem sabe mais ... Liderança não é só estar no comando de uma equipa, é proteger aqueles que estão connosco! As mulheres não são melhores líderes do que os homens apenas estão mais habituadas a gerirem múltiplos conflitos, pois socialmente é-lhes conferida a função de gerirem vários focus, como seja a sua atividade profissional, a sua casa e a vida dos seus filhos!


LIDERANÇA NO FEMININO

» Patrícia Marta Rodrigues, Fundadora e Diretora Geral da BIOTA, em entrevista

Mulher, Líder, Empreendedora Uma Mulher! Uma Liderança! Fomos conversar com Patrícia Marta Rodrigues, Fundadora e Diretora Geral da BIOTA, empresa que completa este ano dez anos de actividade. Nesta conversa, abordamos a dinâmica da empresa e suas valias, sem esquecer o que é ser uma Mulher Líder nos dias que correm. Uma Mulher emocional com uma visão muito frontal e direta.

P

liderança no feminino

28

atrícia Marta Rodrigues e Sónia Malveiro são as fundadoras da Biota, uma empresa de consultoria ambiental. Que missão definiu a criação da empresa e que objetivos se propunha a alcançar? A criação da BIOTA não foi uma decisão romântica de quem decide abrir um negócio para concretizar um sonho, nem tão pouco uma decisão muito planeada e estruturada de quem tem uma missão e visão bem definida. Pouco depois de ter acabado a licenciatua em Biologia na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, em 1999, e paralelamente a outras atividades, comecei a prestar serviços como freelancer para várias consultoras de ambiente, realizando o descritor ecologia (fauna e flora) para integrar Estudos de Impacte Ambiental. Ainda que as exigências do mercado e das entidades avaliadoras fosse muito inferior ao que felizmente se verifica hoje, tendo sempre em vista o fornecimento de um produto de qualidade aos clientes, era raro o trabalho em que não recorresse a colegas da faculdade especialistas em certos domínios que me assessorassem em temas mais específicos. E foi assim que se deu o meu reencontro com Sónia Malveiro, colega de curso, mas especializada em flora que passou a ser o meu braço direito na elaboração destes trabalhos. Algum tempo depois, o volume de trabalhos adensavasse e estava a tornar-se financeiramente insustentável continuar a trabalhar assim. Na prática, eu passava o recibo verde ao cliente por todo o trabalho mas já tinha por de trás uma “estrutura de custos não reconhecida”. Ou seja, eu pagava todos os encargos fiscais como se todo aquele dinheiro fosse para mim, mas a verdade é que ele era distribuido por “várias famílias”. Por esta razão, há muito que digo em jeito de brincadeira que os anos em que trabalhei como freelancer não foram para ganhar dinheiro mas sim para construir a carteira de clientes da BIOTA! E a verdade

Patrícia Marta Rodrigues

é que, 10 anos depois, mantemos atividade com os nossos primeiros clientes que ainda persistem no mercado - VISA Consultores, Grupo PROCME e PROCESL (atualmente incorporada no Grupo Quadrante). Desde a criação da empresa, em 2007, que análise é possível fazer do percurso da Biota? Uma grande experiência de vida! Chegados os 10 anos de existência da BIOTA, olho para trás e tenho muito orgulho naquilo que contruimos. Já atravessámos e, certamente como todas as empresas, havemos de voltar a atravessar dificuldades mas, com a nossa resiliência, criatividade e visão, entre outros valo-

res que caracterizam a cultura da BIOTA, havemos de as ultrapassar. Mais recentemente, a aposta que temos feito no estabelecimento de parcerias, tem vindo a desempenhar um papel central na alavancagem da nossa atividade. Da empresa que nasceu como criação de auto-emprego até uma empresa que opera no mercado internacional, considero que o salto foi de gigante. Hoje, para além dos clientes nacionais, a BIOTA presta serviços para empresas de vários países, tendo clientes em Espanha, Itália, África do Sul, Moçambique e Angola. Do portfolio da empresa, consta a participação em mais de 250 projetos, redigidos em português,

inglês e francês, distribuidos por Portugal, Espanha, Argélia, Malawi, Moçambique e Angola. Ainda que a maior parte deste percurso tenha sido feito por sua conta, a BIOTA não esquece que a sua primeira e impactante oportunidade de experiência internacional, foi através de um cliente nacional a COBA S.A., empresa internacional de origem portuguesa, com 50 anos de existência, com quem colaboramos desde 2009. O ano passado iniciámos um período que considero de transformação profunda. Chegámos a um momento de maturidade em que, ou continuávamos como estávamos e o futuro poderia não ser muito promissor, ou dáva-mos o salto para o “patamar seguinte”. Após muita reflexão, temperada com a angústia de quem tem de tomar decisões estruturais, iniciámos um novo ciclo de crescimento. Revimos todos os nosssos processos internos, implementámos um sistema integrado de apoio à gestão e alargámos a nossa oferta para outras áreas não tradicionais, nomeadamente produtos tecnológicos para a área da biologia/ ambiente e serviços para a área do turismo, potenciando o nosso Know-how em biodiversidade, aplicando-o a contextos muito diferentes como, por exemplo, a atividade “Morcegos no Castelo”, que desenvolvemos para a EGEAC e que decorre todos os sábados à noite, de junho a setembro, no Castelo de São Jorge. Que papel assume hoje a Biota e qual tem sido o seu impacto? Ainda que possa ser suspeita por falar em causa própria, considero que a BIOTA assume hoje um papel de referência, especialmente ao nível dos estudos de biodiversidade desenvolvidos no âmbito de Processos de Avaliação e Pós Avaliação de Impacte Ambiental. Apesar de pouco conhecidos por uma parte significativa de clientes-alvo, devido à nossa postura discreta, reunimos competências de elevada qualidade no âmbito da avaliação da qualidade ecológica da água; da determinação de caudais ecológicos


com recurso a métodos holísticos e da sua monitorização para avaliação da eficácia. Nesta área, desde 2009 que temos tabalhado todos os anos, quase em exclusivo, para a LABELEC, empresa do Grupo EDP. Patrícia Marta Rodrigues é Bióloga e CEO desde a sua criação. Com mais de 15 anos de experiência profissional é uma empreendedora e líder. Que desafios enfrentam as mulheres no que diz respeito à liderança de cargos de chefia? Sem dúvida o equilíbrio entre maternidade vs internacionalização. Acredito que a maioria dos desafios na área da liderança que os cargos

Afirma-se que “em matéria de igualdade de género o nosso país é desigual”. Já foi alvo de discriminação ou enfrentou dificuldades acrescidas durante o seu percurso profissional pelo facto de ser mulher? Na verdade não tenho memória de ter sido alvo de discriminação ou de ter enfrentado dificuldades acrescidas durante o meu percurso profissional por ser mulher. Considero as palavras sempre e nunca perigosas pois, facilmente, ainda que

sem querer, podemos estar a ser imprecisos mas, acho que nunca fui alvo de discriminação, pelo menos evidente. A ser, penso que terá sido descriminação positiva, sendo o convite para esta entrevista uma das evidências. Mais do que ser mulher, acredito que o facto de ter

sido empreendedora desde muito cedo e de ter uma atitude muito positiva e de gratidão perante tudo – facilidades e adversidades, tem contribuído para o caminho que tenho feito, quer em termos de desenvolvimento pessoal, quer profissional. ▪

29 março 2017

Uma grande experiência de vida! Chegados os 10 anos de existência da BIOTA, olho para trás e tenho muito orgulho naquilo que contruimos. Já atravessámos e, certamente como todas as empresas, havemos de voltar a atravessar dificuldades mas, com a nossa resiliência, criatividade e visão, entre outros valores que caracterizam a cultura da BIOTA, havemos de as ultrapassar

de chefia colocam não têm “género”. Homens e mulheres enfrentam todos o desafio da motivação das suas equipas, das quais eles próprios fazem parte; a solidão que é estar à frente de uma empresa (especialmente quando a responsabilidade de “guiar o leme” não é partilhada), entre outros sobejamente conhecidos. No meu caso em particular, e possivelmente para todas as mulheres que se encontram numa situação idêntica, acredito que o equilíbrio emocional entre a dedicação à maternidade e o investimento nas ausências físicas necessárias quando a empresa se encontra num processo de internacionalização constitui o maior desafio enquanto mãe, mulher e empresária. Presto aqui uma homenagem e um agradecimento público muito sentido à família maravilhosa que tenho e que me apoia incondicionalmente em todos estes momentos. Sem eles, nem a BIOTA nem eu poderiam vir a ser quem ambicionam. A verdade é que sou uma emocional por natureza...mas estar a responder a esta entrevista em Moçambique... torna a resposta a esta questão muito mais sentida...


LIDERANÇA NO FEMININO

» CRISTINA MARTINS, COUNTRY MANAGER POrTUGAL & SPAIN DA ON TIME SERVICES

A LOGÍSTICA ESTÁ PRESENTE EM TUDO Persistência, dedicação, inteligência e dinamismo são as características que inspiram o percurso profissional de Cristina Martins, Country Manager Portugal & Spain da On Time Services. São estes os ingredientes essenciais para ser-se bom líder e para uma boa liderança? Venha descobrir connosco.

A

liderança no feminino

30

On Time Services é um agente transitário com sede em Gondomar, Porto. Tem quase um ano de existência no mercado internacional e atua na área da logística, principalmente no setor da indústria automóvel. E o que fazem? Organizam transportes principalmente dedicados, terrestres e aéreos para os grandes construtores da indústria automóvel, para qualquer ponto da Europa. A indústria automóvel trabalha sem stocks havendo por vezes falhas. E é aqui que a On Time Services entra, para salvaguardar essas situações. Com meses de existência, a On Time Services está a expandir-se tendo já alcançado os mercados Asiático e Marroquino. É um setor que tem muita necessidade deste tipo de serviço e Cristina Martins soube aproveitar este nicho do mercado. “Se consegui colocar três empresas de pé e dar-lhes nome internacionalmente, porque não construir a minha própria empresa? Foi assim que tentei destacar-me como profissional na área da logística”, explica Cristina Martins. Com um know-how de mais de 20 anos neste setor da indústria automóvel, começou com 28 anos noutra área exigente: a área comercial. Uma mudança “radical”, pois Cristina Martins era uma pessoa introvertida e com dificuldades no contacto com pessoas “desconhecidas”. Hoje é uma líder, uma mulher apaixonada pelo que faz, motivadora e capaz de inspirar muitos profissionais. Apesar de Cristina Martins não se considerar uma líder e de afirmar que “não gosta de liderar”, com apenas 20 anos, Cristina Martins já estava a liderar uma equipa constituída por oito elementos na Lear Corporation, empresa líder mundial no fornecimento de cablagens para grandes construtores da Indústria Automóvel, como por exemplo a Jaguar. Trata-se de um setor onde é necessário saber lidar com a pressão, o stress, a gestão do tempo e solucionar de forma célere situações de emergência. Competências que Cristina Martins adquiriu, trazendo a sua experiência para a On Time Services. “O meu telemóvel está ligado 24h, sete dias por semana. Quando vou de férias, apenas mudo o meu escritório de local”, afirma. No entanto, é essa adrenalina que motiva e inspira a nossa entrevistada. É uma mulher com um ritmo inigualável que gosta do que faz e adora trabalhar. “Não conseguia estar fechada num escritório das 9h às 18h. Não é para mim. Não gosto

“Sobre a desigualdade de género, a mudança devia começar pela mulher”

CRISTINA MARTINS

da rotina”, adianta Cristina Martins para quem o dia de trabalho começa às 6h da manhã, mas nunca tem hora para terminar. “É difícil encontrar alguém que consiga acompanhar o meu ritmo”, comenta a nossa interlocutora. Empresária, empreendedora, mulher e esposa, Cristina Martins é ainda mãe de cinco filhos. Quando questionada sobre como consegue conciliar estes múltiplos papéis e fazer a gestão do tempo, a resposta é simples: “Tudo é logística”, afirma a nossa entrevistada. Cristina Martins assume-se como uma pessoa pragmática e organizada que aspira a projetos credíveis na área profissional, a fim de atingir os objetivos. A logística, o pragmatismo e a organização também se aplicam em casa e na família. “Cada um dos meus filhos sabe exatamente as tarefas diárias que tem de fazer. Sou uma pessoa muito exigente e de regras. Tudo é uma questão de logística”, esclarece a nossa entrevistada. ▪

Cristina Martins, durante o seu percurso profissional, esteve sempre ligada a áreas associadas, ainda nos dias de hoje, aos homens. A trabalhar num “mundo de homens”, a nossa entrevistada afirma que nunca sentiu qualquer discriminação ou desigualdade de género pelo facto de ser mulher. Antes pelo contrário. Sempre sentiu alguma rivalidade e discriminação por parte de mulheres. “Prefiro trabalhar com homens do que com mulheres. Há muita rivalidade entre mulheres”, lamenta Cristina Martins. Empenhada, focada e apaixonada pelo seu trabalho, Cristina Martins sempre se destacou, alcançando os objetivos que definia. Motivos suficientes para ser encarada como um “alvo a abater”, infelizmente, por parte de mulheres. “Sempre trabalhei muito. O percurso para chegar onde estou foi difícil, mas as pessoas não olham para isso. Avaliam apenas onde estou e o sucesso que consigo alcançar e não para o meu trabalho árduo e a batalha para chegar onde quero”, adianta a empresária. E conclui, “as mulheres têm de ter vontade de vencer, têm de ser focadas e definir objetivos a nível profissional, mas a nível pessoal também para alcançar o sucesso em qualquer aspeto da sua vida. Temos de gostar do que fazemos, acordar todos os dias e sentirmo-nos motivadas. Tudo se consegue com muita força de vontade. E com logística também (risos)”.


LIDERANÇA NO FEMININO

»1

“É preciso SER diferente” Mulher de convicções, fomos conversar com Bárbara Magalhães, Administradora da BDR | BANDEIRAS E MASTROS, uma marca que tem evoluído e que é cada vez mais um dos parceiros eleitos no momento dos clientes definirem a sua estratégia de comunicação para as suas marcas. Porque é preciso ser diferente. ção, estudando novas soluções para o mercado. Por trás de uma grande campanha publicitária está sempre uma grande mulher? No caso da BDR | BANDEIRAS E MASTTROS, poderemos dizer que estão três mulheres e um homem (risos). Agora a sério, um dos pilares da nossa empresa é o verdadeiro trabalho em equipa e o empenho e compromisso que cada um tem no seu departamento, diariamente. Queremos continuar a merecer a vossa confiança e veicular as vossas ações promocionais. ▪

EM 2017 CONTAMOS CONSIGO! Conheça melhor a BDR BANDEIRAS E MASTROS www.bdr.pt

BÁRBARA MAGALHÃES

Quais são as suas aspirações enquanto administradora e diretora comercial da BDR? O caminho da BDR | BANDEIRAS E MASTROS está bem definido. É preciso SER diferente. E ao mesmo tempo, transmitir os valores que nos caracterizam e identificam no mercado. Além de seguir tendências, queremos também criar tendências, rumo à excelência e à liderança incontestável no mercado onde atuamos. A nossa missão é continuar a dar movimento à marca dos nossos clientes, o objetivo será sempre o de reforçar parcerias de longevidade e o compromisso de melhorarmos e continuar a crescer com os nossos clientes, dando a nossa melhor garantia: qualidade, associada a um conjunto de serviços diferenciadores.

www.instagram.com/bdrbandeirasemastros

O universo da publicidade sempre foi uma grande paixão? A paixão pela publicidade é semelhante à intuição de mãe que vem lá do fundo e nos faz suspirar de felicidade. Conectar e criar emoções nas pessoas com as marcas através da publicidade é um sentimento maravilhoso. A publicidade está presente, por exemplo, desde que acordamos pela manhã. Tudo aquilo que utilizamos é fruto da publicidade: o leite que bebemos, o café que tomamos, a emissora de rádio que ouvimos, o jornal que lemos, o smartphone ou tablet que utilizamos para as redes socais…. E podia continuar… É mulher e empresária. Acredita que o género, feminino, é uma mais-valia no mundo dos negócios? Porquê? Acredito que sim. Principalmente porque vivemos num mundo em que se apela cada vez mais às emoções, sentimentos, relacionamento do consumidor com as marcas. Como é um dia normal de trabalho? Diariamente uma das nossas prioridades é oferecer um atendimento personalizado, de forma a fazer cada cliente sentir-se especial, pois todos os clientes são importantes para nós. Procuramos ser uma empresa verdadeiramente única para todas as necessidades dos nossos clientes. Apostamos continuamente em inova-

31 março 2017

H

á 10 anos que prometem “dar movimento” às marcas. Como é possível resumir esta última década? São 10 anos de uma história cuja missão foi dar movimento às marcas dos nossos clientes. Por isso, sim, podemos afirmar que prometemos e cumprimos. Para nós é uma enorme satisfação perceber que a BDR | BANDEIRAS E MASTROS é cada vez mais um dos parceiros eleitos no momento dos nossos clientes definirem a sua estratégia de comunicação para as suas marcas, fruto da aposta em tornar os clientes fãs dos nossos produtos e serviços.

www.facebook.com/bdrbandeirasemastros


LIDERANÇA NO FEMININO

» FINANCAR EM DESTAQUE

“Cada vez mais o mundo é das mulheres" Filomena Antunes, Administradora da Financar, afirma que as mulheres conseguem conquistar com a sua simpatia. Mas determinação, pulso firme e saber liderar são os ingredientes principais. Venha conhecer um pouco mais sobre esta líder e o projeto que surgiu há 35 anos e ao qual tem dado continuidade: a Financar.

A

liderança no feminino

32

FILOMENA ANTUNES

Financar surgiu há 35 anos pelas mãos do seu pai, Luís Antunes, Sócio Fundador, mas Filomena Antunes acompanhou sempre a evolução da empresa. “Cresci com ela tendo sempre por base os valores que o meu pai me foi incutindo, mas que fui adaptando à minha personalidade”, começa por explicar a administradora da Financar. Com mais de 30 anos de experiência a Financar presta serviços nas áreas da Contabilidade, Apoio à Gestão, Recursos Humanos, Consultoria Fiscal e Formação, sob o lema “coloque a sua empresa na rota do sucesso”. Verificando algumas lacunas nas empresas e organizações, a Financar foi adaptando a sua estratégia às necessidades do mercado. A verdade é que a correta organização contabilística de uma empresa desde o seu início evita problemas futuros com a Administração Fiscal, poupando tempo, trabalho e dinheiro na sua resolução. Mas uma empresa de contabilidade não pode apenas fazer contabilidade. “Temos de prestar consultoria e o devido apoio aos nossos clientes, acompanhando-os no seu percurso. Fazer planos de negócios e antecipar tendências, objetivos e metas. Criamos uma visão da empresa a médio e longo prazo. Criamos uma perspetiva para a empresa saber por que caminho deve seguir”, refere Filomena Antunes que nos explica que não foi um percurso fácil até chegar ao cargo que hoje ocupa, apesar de ser «a filha do patrão». "Não entrei na empresa diretamente para um cargo de topo. Comecei por baixo, a executar as tarefas mais simples e básicas como arquivar documentos. Não tive o trabalho facilitado. Pelo contrário, tive de trabalhar e empenhar-me muito mais para me desvincular do rótulo “filha do patrão”. Quis mostrar o meu valor enquanto filha, para o meu pai, e enquanto profissional, para os meus colegas. Percorri todos os patamares e fui subindo todos os degraus da empresa até chegar ao cargo de liderança da empresa”, afirma a nossa entrevistada. A administrar a empresa e a liderar a equipa sozinha há dez anos, Filomena Antunes tem mantido uma equipa coesa e, apesar da crise que todas as empresas enfrentaram há uns anos atrás, a sua equipa nunca foi reduzida nem ninguém foi despedido. “O funcionário mais antigo da casa está cá há 35 anos”, afirma com orgulho. “Com uma equipa unida temos vindo a adaptar-nos e a mudar a estratégia de acordo com as exigências do mercado, as necessidades dos clientes e dos empresários, e do efeito da globalização”, avança a empresária. A pensar no mercado, foram introduzidos novos serviços na Financar, o Apoio à Gestão e a Formação, duas áreas que, para Filomena Antunes, estavam em


falta no setor empresarial. “Os nossos empresários precisam de estar bem informados no que diz respeito à fiscalidade e à organização e gestão de empresas”, refere. A introdução de novas valências têm como propósito abranger um maior leque de empresas e empresários. Por esse mesmo motivo, Filomena Antunes é membro de um grupo de empresários, o BNI, que lhe permitiu criar parcerias e uma rede de contactos que têm aberto portas para outros mercados. “Temos clientes estrangeiros e investidores estrangeiros que procuram os nossos serviços. Permitiu-me complementar a minha formação dando-me uma visão alargada sobre as empresas e empresários, bem como sobre liderança. Se trabalharmos em conjunto e em equipa teremos melhores resultados”, avança a nossa interlocutora.

Não foi fácil o meu percurso porque para além de ser filha do patrão, era mulher. Tive sempre duas tarefas: mostrar o meu valor enquanto filha e mostrar o meu valor enquanto funcionária da empresa. Tive que trabalhar mais para conseguir a confiança de todos

Para Filomena Antunes, hoje a mulher é vista com outro olhar e outra perspetiva. Não é vista como um “alvo a abater”, mas sim como um aliado. “Há 20 anos atrás não era assim”, explica. Éramos discriminadas quer em ordenados, quer em funções. Não foi fácil o meu percurso porque para além de ser filha do patrão, era mulher. Tive sempre duas tarefas: mostrar o meu valor enquanto filha e mostrar o meu valor enquanto funcionária da empresa. Tive que trabalhar mais para conseguir a confiança de todos”, afirma Filomena Antunes. A verdade é que as mulheres adotam um estilo de liderança e gestão marcadamente feminino e o número de mulheres em lugares de chefia tem crescido. Serão as mulheres líderes eficazes? Para a nossa entrevistada, as mulheres não são melhores líderes, pensam é de forma diferente. “As circunstâncias obrigam-nos a ser mais duras e ter pulso firme para ter o merecido reconhecimento. Este fator não nos deixa fraquejar. Uma mulher quando tem de ser líder, sabe ser uma boa líder. Mas a mudança de estigma está a acontecer porque o homem também está a

mudar. O homem da atualidade compartilha tarefas e responsabilidades da maternidade, por exemplo. A mulher já não é vista para ficar em casa a tomar conta dos filhos. Há muitos homens a fazê-lo”, esclarece Filomena Antunes. “Os meus pais sempre me educaram para ser uma mulher independente e lutar pelos meus ideais. Por isso dediquei-me primeiro a mim e decidi ser mãe só aos 33 anos. Hoje sou empresária, líder e mãe. Às vezes não é fácil conciliar estes papéis, mas é gratificante”, explica a administradora da Financar para quem ser um bom líder é saber partilhar tarefas, saber delegar funções e saber trabalhar em equipa. “Temos de

confiar nas pessoas que estão ao nosso lado. Temos de fazer uma boa gestão de pessoas e perceber que todos somos diferentes com personalidades e características próprias”, defende Filomena Antunes para quem uma empresa faz-se de pessoas. “Eu não trabalho sozinha. Eu lidero e delego funções, mas temos de trabalhar todos em equipa para o mesmo objetivo que é fazer crescer e levar a empresa para a frente. O mérito não é só meu. Um bom líder tem de ser um bom gestor. Cada vez mais o mundo é das mulheres. Há muitas mulheres que têm deixado a sua marca ao longo da história e realizado feitos incríveis”, conclui.▪

33 março 2017

“Ainda hoje deparo-me com algumas dificuldades”


LIDERANÇA NO FEMININO

» Sandra Ribeiro, General Manager da ITIM na Península Ibérica e América Latina

"Com trabalho e dedicação tudo se consegue" Começou a trabalhar aos 13 anos. E soube desde logo que queria mais. Traçou um caminho com o apoio incondicional da família. Hoje, considera-se uma sortuda porque nunca desistiu e porque conseguiu chegar ao topo, onde declara que é feliz a fazer aquilo que gosta. Conheça Sandra Ribeiro, General Manager da ITIM na Península Ibérica e América Latina.

C

omo se chega ao topo? Com muito trabalho e dedicação. Acredito muito numa liderança por exemplo. Acredito que se chega ao topo com muito esforço juntamente com as equipas. Ninguém é líder sozinho. A nível pessoal sempre estive rodeada de pessoas que me mostraram que sozinhos não chegamos a lado nenhum. É necessário sempre um acompanhamento. Lembro-me de um chefe meu me dizer que o ‘topo’ era solitário, o que me assustou imenso… Hoje, entendo o que ele quis dizer. A decisão final é realmente solitária. Porém, sempre tentei, ao longo da minha carreira, ser entendida, explicar o porquê das minhas decisões. Para mim, é extre-

liderança no feminino

34

mamente importante que a minha equipa entenda as minhas escolhas. Alguma vez sentiu que o ser mulher é sinónimo de algum tipo de discriminação? Tenho sorte. Nunca senti isso. Tento sempre dar o meu melhor e se não fiz mais foi porque não me foi possível. Já senti algum tipo de discriminação com mercados onde temos que provar as nossas competências a dobrar mas não pelo género. Sinto muitas vezes que tenho de provar valor. Considera que a liderança no feminino transforma as empresas? Sim. A ITIM é uma empresa de informática e tentamos sempre equilibrar as equipas entre homens e mulheres

porque ambos os géneros trazem diferentes valências ao ambiente laboral. A mistura do todo torna tudo muito mais rico. Temos muitas mulheres e por isso urge considerar muitas vezes ter atenção ao facto de algumas estarem a planear constituir família. Aqui tentamos apoiar as nossas colaboradoras e a nossa prática é de ajudá-las no que nos for possível, pois, é um direito que lhes assiste e pelo qual não devem ser prejudicadas. No nosso planeamento estratégico-empresarial as questões familiares são consideradas. Como conjuga a sua vida familiar com a profissional? Faço muita ginástica. Tenho um enorme apoio familiar, como viajo imenso, seria muito complicado caso não tivesse uma estrutura familiar forte. Tenho um filho que é um sortudo. Enquanto família numerosa, o meu filho nunca sentiu que estivesse sozinho. Nunca tive de optar pela minha carreira ou por constituir uma família, obviamente que, houve alturas em que tive que me desdobrar para conciliar tudo, mas, e mais uma vez, a entreajuda familiar foi aquilo que me possibilitou conseguir equilibrar toda a logística. Às vezes sinto que o eu dia são vários no mesmo. Mas tal como eu, qualquer mulher sabe do que falo. Mesmo que não administre empresa nenhuma. Qualquer mulher com família e emprego entende perfeitamente do que falo. Sou uma privilegiada e não tenho qualquer problema em admiti-lo, sempre tive muito apoio. Quer em casa, quer no trabalho. Olhando para trás, que desafios destaca como aqueles que foram essenciais no seu crescimento enquanto profissional? Licenciei-me em engenharia de Sistemas e Informática e já sabia o que queria fazer. A única coisa que eu desejava era ir para uma área que me garantisse colocação direta no mundo do trabalho. Comecei a trabalhar muito nova. Não me arrependo de nenhuma escolha que fiz. Iniciei-me desde cedo numa vertente de gestão. Fui colocada numa equipa pequena

SANDRA RIBEIRO

que me desenvolveu capacidades, me deixou crescer e começar a criar a componente de consultoria. Fiz uma séria de formações e fui angariando valências para traçar um bom caminho. Por isso, tento fazer isso com os mais novos da empresa, acompanhá-los e fazê-los sentir que não estão sozinhos, tal como eu não senti que estava. Uma mensagem de inspiração às mulheres empreendedoras de amanhã? A minha avó dizia que “Deus a quem promete, não falha”, então, acredito muito que a dedicação, que acreditar num projeto, em nós e lutar para que as coisas aconteçam, eventualmente tudo acontece. É preciso coragem para perceber que o fazemos hoje pode não ser o que pretendemos fazer amanhã. Ter uma missão e saber o caminho que queremos fazer é essencial. Com trabalho e dedicação consegue-se tudo. Não devemos desistir de nós próprias. Apostar em nós e nas nossas capacidades. Tinha 13 anos quando comecei a trabalhar na costura e sempre tive a certeza absoluta que, aquilo, eu não queria fazer. Foi muito bom isso ter-me acontecido. Tive a plena certeza de que queria muito mais que aquilo. Isso fez-me ir mais longe. Por isso, nem todos os entraves são impeditivos, podem ser uma lição e realmente necessários. As mulheres, historicamente, passaram por tanto e já conquistamos tanto no mundo que acho que isso nos criou uma resistência e força para enfrentar o que for necessário. ▪


LIDERANÇA NO FEMININO

» Sandra Henriques, Diretora Comercial Europac, em entrevista

“Em primeiro lugar… gostar muito do que se faz!” Sandra Henriques, Diretora Comercial Europac, em entrevista, revela-nos que trajeto percorreu e que desafios conheceu para chegar a um cargo de destaque.

E

Concorda que existem mulheres que, mesmo em cargos de direção, são alvo de determinados comportamentos que minam o seu desempenho e as desvalorizam? Esse é um estigma de todos os tempos. Haverá sempre alguém em algum momento a confundir competência com género. Isso não é característico apenas dos cargos de direção, embora possa ter maior impacto à medida que subimos hierarquicamente na carreira. Conceptualmente sou contra as quotas de género, percebo que possam fazer sentido numa perspetiva de mudança de mentalidades, mas deixa de me fazer sentido se por uma questão de quotas optamos por uma mulher em vez de um homem com skills superiores para uma determinada função.

Reconheço, e as estatísticas são claras, que por vezes é necessário fazer um pouco mais para obter o mesmo reconhecimento. Mas também sei que há verdades incontornáveis e se tivermos valor o reconhecimento acaba por chegar. Ainda assim tudo isto é muito subjetivo, iniciei a minha carreira como gestora de cliente e passados 8 anos assumi o meu primeiro cargo de direção. Teria sido mais rápido se fosse homem?

SANDRA HENRIQUES

Haverá sempre alguém em algum momento a confundir competência com género. Isso não é característico apenas dos cargos de direção, embora possa ter maior impacto à medida que subimos hierarquicamente na carreira

Cabe a cada um de nós combater esse estigma nas nossas próprias atitudes, contribuído para que as competências se sobreponham a qualquer outro critério. Alguma vez se sentiu prejudicada devido ao género? Não diretamente. A minha carreira foi ao longo do tempo sendo suportada em resultados positivos, que ditaram não só o meu crescimento dentro das organizações por onde passei mas também pelo crescimento na troca de funções mudando de organização.

O que considera fundamental para se exercer uma boa liderança? Em primeiro lugar, e acima de tudo, gostar muito do que se faz! Em determinada altura da minha carreira, numa das empresas por onde passei, entenderam que eu deveria fazer uma pausa na área comercial para abraçar um novo projeto. O desafio era desenhar de raiz uma direção de Customer Satisfation, onde era necessário definir procedimentos, criar fluxos de interação com todas as áreas da empresa, padronizar os fluxos de informação e redesenhar todo o modelo de contacto ao cliente. Foi um grande desafio, e eu não viro as costas a nenhum… Mas não era a minha paixão. Desenhei todo o modelo, em quatro meses concluí e apresentei o modelo à administração e de seguida apresentei a minha demissão. Voltei para aquela que é de facto a minha paixão – as vendas, a direção comercial, a gestão de equipas comerciais. Consoante a idade, as mulheres lideram de uma forma diferente? Na liderança como em qualquer outra situação, o crescimento, a experiência e a evolução, levam a que tenhamos ao longo do tempo posicionamentos e atitudes diferentes daquele que tínhamos no início. Há características que se mantém ao longo do tempo, mas a “repetição” de algumas vivências ao longo da vida profissional, prepara-nos para os desafios e dá-nos a calma suficiente para ultrapassar eventuais dificuldades. Um conselho às mulheres que como a Sandra pretendem construir uma carreira. O melhor conselho que posso dar é efetivamente aquele que me norteou ao longo de mais de 20 anos de carreira, e que servirá seguramente para qualquer área que não só a comercial: aceitar os desafios sem constrangimentos; ter a capacidade e a coragem de expor a nossa opinião mesmo em circunstâncias mais difíceis; saber defender o nosso ponto de vista e mais do que isso não ter receio de tomar decisões. Juntar a isto muito trabalho e muita dedicação e esperar que alguns dos que nos rodeiam digam que tivemos sorte. ▪

35 março 2017

nquanto Diretora Comercial da Europac como descreveria a sua liderança? Quais são os principais desafios que pode destacar no cumprimento das suas funções? A palavra liderança só tem de facto significado se a equipa que lideramos nos reconhecer essa característica. A capacidade de motivar, acompanhar e orientar os membros de uma equipa é das tarefas mais desafiantes que um Diretor Comercial pode ter. A conquista da confiança, o respeito mútuo, a gestão pelo exemplo, a proximidade e a partilha, são sem dúvida fatores fundamentais para solidificar a base das relações que permitem formar equipas de sucesso. Numa época em que o reconhecimento pela competência é, felizmente, e pelo menos na maioria das empresas, o fator mais importante de reconhecimento, a autonomia das equipas com a respetiva orientação e responsabilização pelo seu desempenho, permite que os colaboradores possam evoluir e crescer nas suas funções e nas suas carreiras. No entanto, um Diretor Comercial, seja na Europac ou noutra organização, tem também a responsabilidade de garantir uma visão global do impacto do desempenho da sua equipa em toda a organização, garantindo uma interação da sua direção com todas as outras para que as organizações funcionem de forma organizada e sustentável. Concretamente em relação ao meu estilo de liderança, e tendo feito parte de equipas muito diferentes nas várias organizações por onde passei (Chronopost; CTT; Rangel; Europac), optei sempre por adequar o formato de acordo com os colaboradores em cada momento, mantendo sempre os pilares que me parecem fundamentais para que uma equipa comercial seja verdadeiramente uma equipa: Lealdade, partilha de informação e o espirito de entreajuda.


LIDERANÇA NO FEMININO

» MÁRCIA ESTRELA, PARTNER LAWYER No M-STAR LAW OFFICE

QUANDO A COMPETÊNCIA É TUDO O QUE AS MULHERES PRECISAM PARA BRILHAR Márcia Estrela, do M-Star Law Office, em entrevista, explica que caminho percorreu e o que a experiência no mundo da advocacia lhe concedeu para que hoje seja uma advogada de sucesso.

O liderança no feminino

36

M-Star View Law Office é um escritório de advogados pensado para apoiar empresas, entidades de natureza pública e pessoas individuais. No sentido de contextualizar o nosso leitor, como caracteriza o M-Star View Law Office e que percurso tem vindo a ser traçado até hoje? O M-Star View Law Office posiciona-se no mercado nacional e internacional como canalizador de soluções para empresas de diferentes setores de atividade, especialmente para aquelas que pretendam crescer nos mercados europeu e internacional. Concomitantemente e porque os problemas jurídicos, tal como a vida, andam sempre ligados a várias áreas, privilegiamos ambas as áreas de atuação, de direito privado e de direito público. O objetivo, desde o início, passou por prestar assessoria jurídica não só na fase pré-negocial, como também, durante e após a concretização contratual, não excluindo claro está o contencioso. Desta forma, o cliente sente-se seguro e confiante. Costumo fixar prazos de resposta muito curtos e sempre que alguém da equipa diz que não vai ser possível respondo invariavelmente “se houver solução no mundo jurídico encontrá-la-emos”. Somos um escritório polivalente, temos especialistas dedicados a cada área do direito, somos multilingues e ágeis. Um mundo globalizado obriga-nos a encontrar soluções no momento. O M-Star View Law Office, nasceu originalmente deslocalizado, mas com escritórios-base em Lisboa (Avenida da Liberdade) e no Porto (Avenida da Boavista). Ambicionamos, em breve, ter equipas de trabalho permanentes nas principais cidades europeias e mundiais, de forma a estarmos cada vez mais próximos de um conjunto de empresas e empreendedores que têm

MÁRCIA ESTRELA

Recordo alguns julgamentos em que participei e nos quais, ao início, na troca de cumprimentos com colegas mais velhos, notava alguma sobranceria… talvez por ser mulher ou apenas jovem. Porém, quanto mais incautos, mais espantados e incrédulos ficavam no desfecho das ações, pois confiaram demasiado na sua experiência e não temeram a competência que poderia estar do outro lado

uma visão global dos negócios. Esta visão prende-se muito com o início da minha carreira profissional, na qual ao longo de dez anos pude perceber as dificuldades práticas que as empresas enfrentam no desenvolvimento internacional dos seus negócios e o quão difícil é encontrar recursos humanos qualificados para executar e empreender as nossas ideias de negócio. As empresas devem cada vez mais especializar-se na produção de bens e serviços de

valor acrescentado, sendo-lhes retirado todo e qualquer obstáculo à internacionalização por equipas de advogados especialistas nas negociações, na contratação, na elaboração dos seus pactos societários, etc. Não aceito, nem nunca aceitarei que as regras de um qualquer ordenamento jurídico estrangeiro impeçam um dos meus clientes de realizar os seus objetivos. Desde o início da minha carreira privilegiei sempre o estudo de diferentes Ordenamentos Jurídicos, não só numa perspetiva de Direito Comparado, mas também na busca de soluções de direito internacional que possam ser também implementadas nos diferentes países, criando soluções jurídicas para os meus clientes. As necessidades dos clientes com que contacto todos os dias, a minha formação avançada, em que destaco o Mestrado Científico em Direito Constitucional pela Universidade de Coimbra em conjugação com a Universidade da British Columbia, Vancouver, Canadá, onde realizei a investigação para a tese “Direito do Ambiente: natureza, exercício e tutela público-privada” , assim como a recente participação em Washington DC, USA em Setembro de 2016 como conferencista da Internacional Bar Association, e, atualmente membro integrante do Comité Permanente de Direito Comercial e do Franchising, no qual representarei a advocacia portuguesa em Sydnei, na Austrália no próximo mês de outubro de 2017, conferem-me cada vez mais a certeza de que o direito tem de ser olhado numa perspetiva internacional e que a M-Star View Law Office tem de ter sempre uma vocação “internacionalista”. Assim, aquilo que ofereço aos meus clientes, e após uma primeira análise, é um serviço multidisciplinar conectado a diferentes países do mundo, desde EUA, EAU, Rússia, Japão, China, Austrália, entre outros".


não ter uma voz mais reclamante e reivindicativa na área de investigação da minha tese de mestrado, o Direito do Ambiente, área na qual desejo ser mais participativa, lembrando e provando que o Direito do Ambiente, apesar de (ainda) não ser reconhecido como merece ser, é um Direito fundamental cuja tutela não podemos abdicar. É difícil coordenar todo o trabalho, as equipas, as deslocações, as reuniões, os telefonemas constantes e manter-me atualizada, mas com trabalho e muita dedicação não há limites!

Todos os advogados do M-Star View Law Office trabalham sob a sua liderança e orientação. Como líder, quais são os seus principais atributos e qualidades? Como líder sou organizada, metódica e perspicaz. Saber o que fazer a cada momento, perante cada problema faz a diferença. Defino as linhas de orientação do trabalho a realizar, conferindo depois as necessárias autonomias, mas nunca abdico de acompanhar o trabalho, seja presencialmente ou em teleconferência, transmitindo instruções, corrigindo o que puder ser melhorado, fazendo sugestões ou expressando indicações. As equipas de trabalho sentem-se, assim, motivadas a atingir determinados “goals”, pois esse é o desafio diário da nossa profissão: apresentar a solução e fazer acontecer com a rapidez, dedicação e tenacidade, dando confiança aos clientes na resolução dos seus problemas e despreocupando-os das questões jurídicas. Por outro lado, habituei-me desde sempre a olhar para os bons exemplos de liderança, como Martin Luther King ou o Presidente Barack Obama e, todos os dias tento demonstrar como agir em cada momento, dando o exemplo de como fazer, mostrando o que se pretende e como chegar lá. Como descreveria o seu percurso profissional até este ponto? Alguma vez sentiu algum cepticismo por ser mulher neste mundo da advocacia, ainda tão dominado pelos homens? Acredito que a distinção se faz pela competência. O ceticismo ainda está enraizado na nossa sociedade, mas cai por terra quando o mitigamos com o conhecimento, a astúcia. Recordo alguns julgamentos em que participei e nos quais, ao início, na troca de cumprimentos com colegas mais velhos, notava alguma sobranceria… talvez por ser mulher ou apenas jovem. Porém, quanto mais incautos, mais espantados e incrédulos ficavam no desfecho das ações, pois confiaram demasiado na sua experiência e não temeram a competência que poderia estar do outro lado. Não sou nada feminista, mas tal como existem

É ser competente. O resto é conversa e uma perda de tempo. A discussão de aspetos paralelos à competência são uma perda de tempo

líderes masculinos competentes acredito, também, que as mulheres são excelentes líderes. Porque em regra, são organizadas, metódicas e capazes de com uma pena fazer cair um muro de solidez masculina. Como advogada e líder é fácil esta gestão da vida profissional com os múltiplos papéis que a mulher assume no seu dia-a-dia na vida pessoal? "Esta dimensão e predisposição internacional nem sempre é fácil de gerir….Nem sempre há tempo para cumprir todos os nossos papéis na sociedade. " Um deles e que me tem custado bastante é

O mercado profissional está em constante mudança e a presença feminina nas organizações tem aumentado. Estamos a assistir a uma mudança de paradigma? Segundo um relatório recente da OIT, a nível mundial, 87% das empresas são chefiadas por homens, sendo que apenas 13% são lideradas por mulheres. Estes números provam que esta mudança de paradigma ainda não aconteceu. Sinceramente, não acredito que a competência se defina em razão do género e creio que a evolução da humanidade, mais cedo ou mais tarde, ditará um nivelamento destes dados. Porém, e por agora, muito caminho há a fazer pelas mulheres. Aos poucos mudam-se as mentalidades. Falar de mulheres é associar, quase automaticamente, a múltiplos papéis que as mesmas assumem: o papel de mulher, mãe, filha, amiga, chefe, entre outros. Assim, na sua opinião, ser líder e mulher é…? É ser competente. O resto é conversa e uma perda de tempo. A discussão de aspetos paralelos à competência são uma perda de tempo. Porém, e por agora, muito caminho há a percorrer pelas mulheres. Como líder e advogada, o que podemos esperar de si de futuro? Desenvolver competências, relações profissionais globais, levar o maior número de empresas portuguesas a conseguirem exportar e a conquistar em notoriedade e conferir visibilidade aos seus produtos e serviços. Podem esperar no futuro o crescimento do M-Star View Office abrindo dependências nas principais e mais relevantes cidades do mundo. Em andamento está já uma parceria com o nosso “partner” americano em Nova Iorque, o que tem possibilitado um trabalho muito profícuo junto dos nossos clientes para se internacionalizarem para um dos maiores mercados e consumo do mundo. ▪

37 março 2017

Por outro lado, implementei um sistema avançado de gestão de informação que me permite o cumprimento escrupuloso de prazos, independentemente do local onde esteja e do fuso horário da entrega dos trabalhos. O trabalho na advocacia tem de ser realizado cada vez mais numa perspetiva internacional e de contínua formação para o contacto com diversas nacionalidades. As empresas e as necessidades particulares de um mundo cada vez mais em movimento assim o exigem.


LIDERANÇA NO FEMININO

» MARIA TERESA PEREIRA E SÓNIA FELÍCIO, ADVOGADAS DA JOÃO MARCELO & ASSOCIADOS

A SOCIEDADE TEM MUITOS TABUS “O predomínio do Homem nesta profissão resultou de a mulher, só neste século, ter decidido ser parte ativa em todos os domínios da Sociedade”, afirma Maria Teresa Pereira, e “são efeito de uma estrutura social conservadora, onde ainda está muito enraizada, a ideia de que as mulheres devem ter um papel lateral na sociedade”, reforça Sónia Felício, Advogadas da João Marcelo & Associados.

SÓNIA FELÍCIO

liderança no feminino

38

A

JMA – João Marcelo & Associados Sociedade de Advogados, RL – , é um escritório de advogados, em Castelo Branco, de apoio jurídico quer individual, quer a nível empresarial. Que valores têm orientado o percurso e o trabalho da sociedade? Maria Teresa Pereira (MTP) A JM&A criada, em Fevereiro de 1996, está alicerçada num quadro sólido de valores que orientam a sua forma de estar no Direito e na Vida, regendo-se por elevados padrões de profissionalismo, ética, confidencialidade, lealdade e defesa de interesses de cada cliente, apostando na contínua valorização académica e profissional dos seus Advogados.

O escritório de advogados João Marcelo & Associados (JMA) tem desenvolvido a sua atividade nos vários ramos de direito, com especial incidência nas áreas do direito público, direito fiscal e societário, direito do trabalho e responsabilidade civil. Que principais características diferenciam e destacam a JMA das demais sociedades de advogados?

MARIA TERESA PEREIRA

MTP A par dos valores porque se regem os advogados desta sociedade, a proximidade com os clientes e a total disponibilidade e dedicação que se lhes transmite bem como a confiança, seriedade e a responsabilização social serão algumas características que destacam a preferência pela JM&A. Garantem eficácia e a qualidade de todos os serviços prestados, para além de que os clientes poderão contar com assessoria, tanto para entidades públicas como entidades privadas. Desenvolvem, também, atividade na área de contratos de parcerias público-privadas. Qual é o caminho a seguir pela JMA? Que desafios enfrentam as sociedades de advogados? MTP Os grandes desafios das sociedades de advogados e principalmente dos advogados é a constante mutação da sociedade civil ao nível do pensamento e do conhecimento das pessoas. Daí que o advogado também tenha de acompanhar essa evolução/ transformação que se dá em todos os domínios quer sejam o social, económi-

co e político quer sejam o tecnológico, industrial e financeiro; consequentemente, no Direito, o advogado não pode deixar de acompanhar a transformação que um novo movimento a nível global se integra naturalmente nesta área que é transversal por definição a todas as outras. Ser advogado implica assim uma constante aprendizagem, uma atualização permanente. Há que estar a par do novo mundo que se vive, evoluir sem preconceitos, ter (como dizem os mais jovens) “uma mente aberta”, para poder e saber distinguir, na evolução, aqueles novos fatores e elementos que irão fazer a diferença. O conhecimento torna-se mais específico, transfronteiriço, exigente. Uma sociedade dotada de profissionais com experiência e com estas capacidades define o percurso ao caminhar como estamos a caminhar acompanhando a transformação que o novo mundo global determina. Maria Teresa Pereira é advogada e partner da JMA. Trata-se de uma profissão dominada, até


Há estudos que provam que em empresas onde há mulheres a transparência e o rigor da gestação financeira é maior. São potenciadoras de mais eficácia, de mais lucro. Qual é a sua opinião sobre a proposta de lei do Governo que pretende criar paridade homens/mulheres nas empresas? MTP O alargamento da paridade ao setor privado é somente um meio de aceleração da mentalidade, da mudança social. É um pequeno contributo num processo moroso e com demasiadas frentes de combate, onde se se diminuir substancialmente a desigualdade de oportunidades, a disparidade de salários entre homens/mulheres, as posições de liderança, terá valido a pena. No fundo, falamos de Direitos Humanos e como tal, estes direitos devem ser vividos na sua plenitude eliminando o preconceito e verificando que a igualdade proporciona resultados benéficos e maior produtividade em todos os setores. Ainda é difícil para as mulheres chegarem a lugares de chefia? O que é preciso mudar? MTP Principalmente a mentalidade, a educação, a forma de estar na vida. O preconceito de “ter de provar” que profissionalmente a mulher é igual ou melhor do que o homem, também tem de mudar. Homem e

mulher são iguais, são capazes de fazer as mesmas coisas, de desempenharem as mesmas tarefas, as mesmas profissões. Homem e mulher terão de exercer a profissão que almejarem, aprendendo a distinguir a sua constituição física, sem preconceitos e subterfúgios. São seres diferentes e como tal têm de conviver. Mas a diferença física não pode ser tida como uma diferença “a priori” intelectual. Será essa própria diferença física que permitirá tirar um maior partido das capacidades de cada um dos sexos.

disciplina, rigor e capacidade para gerir relações humanas, consequência da necessidade de exercer diversos papéis na sociedade, têm melhor capacidade para elaborar estratégias e encontrar soluções, harmonizar o ambiente de trabalho, obtendo assim maior produtividade, que se irá refletir na competitividade do negócio. Por outro lado, a perceção e sensibilidade para atender às necessidades do cliente, correspondendo, assim, aos seus desígnios, faz com que a sua liderança seja eficiente e produtiva.

Uma mulher em cargos de liderança ainda é visto mais como uma exceção do que uma regra. O que seria urgente mudar na nossa sociedade no que diz respeito à igualdade de géneros? Sónia Felício (SF) As mentalidades! São efeito de uma estrutura social conservadora, onde ainda está muito enraizada a ideia de que as mulheres devem ter um papel lateral na sociedade, um papel sobretudo ligado a um contexto familiar. Este preconceito dificulta, naturalmente, o reconhecimento pela sociedade de que as mulheres têm competências e estão capacitadas para exercer cargos de liderança. Contudo não deixo de considerar que são estas dificuldades que tornam a nossa atuação profissional um verdadeiro estímulo para nos superar e demostrar que, afinal, somos tão ou melhores líderes do que os homens!

Quais são os principais desafios e/ou barreiras que as mulheres portuguesas ainda enfrentam em termos profissionais? SF O preconceito associado à liderança das mulheres, que se traduz na diferenciação salarial entre géneros. Apesar de ainda existir um longo caminho a percorrer, com as crescentes medidas sobre a igualdade de géneros, estamos cada vez mais perto de eliminar ou pelo menos atenuar o chamado glass ceiling. Outro desafio é conciliar a maternidade com a profissão. Na advocacia, a mulher não tem direito a licença parental. A Ordem dos Advogados reconhece a maternidade através da concessão de irrisórios subsídios, não assegurando quaisquer direitos de proteção na maternidade. Por vezes, vemos as advogadas a levar os seus filhos recém-nascidos para as diligências e para os escritórios. A exigência da profissão, traduzida na obrigatoriedade de observância dos prazos processuais e na imposição de horários alargados, não permite que as advogadas gozem em pleno a maternidade, existindo a necessidade imperiosa de implementar medidas neste sentido. ▪

Falar de mulheres é associar, quase automaticamente, a múltiplos papéis que as mesmas assumem. Serão as mulheres melhores líderes do que os homens? SF Sim! Sem dúvida! Aliás, existem estudos científicos que o comprovam! As mulheres pela sua

39 março 2017

há pouco tempo, por homens. Esse facto alguma vez representou um obstáculo no seu percurso profissional? MTP A sociedade tem muitos “tabus” que demorarão mais alguns anos a serem banidos. Este será um deles, apesar de a mulher ter ficado legalmente habilitada a exercer a profissão de advogado há quase um Século – Julho de 1918. Todos os percursos profissionais têm obstáculos de várias índoles e só a sua sucessiva superação permitirá o reconhecimento de um partner. O exercício propriamente dito da profissão de advogado não cria “obstáculo” entre os sexos. O predomínio do homem nesta profissão resultou de a mulher, só neste século, ter decidido ser parte ativa em todos os domínios da sociedade. Ter decidido que se entregava, na sua totalidade, à profissão.


LIDERANÇA NO FEMININO

» Gina Francisco, Diretora Comercial e Marketing da Adega Cooperativa de Favaios, CRL

“O mundo dos vinhos sempre teve bons exemplos de gestão no feminino” Gina Francisco, Diretora Comercial e Marketing da Adega Cooperativa de Favaios, em entrevista, dá a conhecer que o facto de ser mulher, no mundo vitivinícola, é algo, simplesmente, natural.

G

ina Francisco é directora comercial e de marketing da Adega de Favaios, uma profissão dominada, até há bem pouco tempo, maioritariamente por homens. Atualmente, ainda pesa o fator “ser mulher” no mundo da vitivinicultura? Não, penso que esse conceito de avaliar os cargos executivos/direções pelo facto de sermos mulheres, hoje já não se coloca, mesmo num mundo dos vinhos, aliás o mundo dos vinhos sempre teve bons exemplos de gestão no feminino. A questão não está tanto concentrado nos setores, mas sim na sociedade que ainda dificulta, e acredito que sempre irá dificultar, a gestão entre profissão e a família. Este é um peso muito mais acrescido nas mulheres.

40

Quais são as suas maiores conquistas e como é “movimentar-se” neste universo enquanto mulher? O crescimento sustentável da Adega de Favaios, a liderança indiscutível do moscatel de Favaios no mercado, e o posicionamento da marca têm sido uma das mais aliciantes conquistas profissionais. Conseguir juntar a parte profissional com um equilíbrio pessoal e familiar é, também, para mim uma conquista. Quanto à parte de “ movimentar-me” enquanto mulher… é tranquilo, natural, sempre tive como princípio que a sabedoria, e o desempenho são trabalhados e conquistados independentemente de sermos mulheres, homens, altos, baixos, loiros ou morenos. A nossa formação, educação, conceitos de vida e capacidade profissional são os fatores que realmente contam.

liderança no feminino

O que a moveu para integrar este «mundo» do vinho? Por um lado o desafio que me foi colocado na altura que integrei o setor e porque o mundo do vinho é uma enorme paixão, um desafio constante uma forma única de trabalhar, um renovar em cada ano, em cada vindima, uma aproximação muito forte com os consumidores, e claro, a possibilidade desde há seis anos de integrar o projeto da Adega de Favaios, com toda a grandiosidade e expressão de mercado da marca Favaios.

O paradigma está a mudar e os lugares de chefia do universo empresarial começam a ser ocupados por mulheres. É fácil fazer esta gestão dos múltiplos papéis que a mulher assume na sociedade, atualmente? Fácil não é. Desempenhar bem vários papéis exige organização, capacidade de sacrifício, apoio e compreensão das partes envolvidas. Fora do mundo vitivinícola, quem é Gina Francisco? Raramente estou fora do mundo vitivinícola, posso é estar em papéis diferentes. Mais posicionada como consumidora, mas sim, quando tenho pausas para estar fora do ambiente de trabalho, viajo, estou com a família e os amigos. Divirto-me e não uso relógio. Quando consigo, coloco o telemóvel em silêncio. Para si ser líder e mulher é …? O que vão continuar a esperar de si de futuro? Desafiante. Vão com certeza continuar a encontrar-me no mundo dos vinhos, a lutar pelos excelentes vinhos portugueses, a encontrar formas desafiantes de os colocar nos mercados e a posicionar marcas numa política de proximidade com o consumidor. ▪

Gina Francisco

O crescimento sustentável da Adega de Favaios, a liderança indiscutível do moscatel de Favaios no mercado, e o posicionamento da marca têm sido uma das mais aliciantes conquistas profissionais. Conseguir juntar a parte profissional com um equilíbrio pessoal e familiar é, também, para mim uma conquista"


LIDERANÇA NO FEMININO

» ANA OLIVEIRA, DIRETORA-GERAL DA PSYCHOLOGICAL EFFECT, EM ENTREVISTA

AUMENTE O SEU ÍNDICE DE FELICIDADE Sobre as clínicas de saúde mental The Psychological Effect, Ana Oliveira, Psicóloga e Diretora-Geral da Clínica, explica-nos que “a diferença é que connosco, as pessoas aprendem diversas estratégias que as ajudam a lidar de uma forma saudável com esses sentimentos, de forma totalmente independente, em qualquer situação futura”.

A

Psicóloga Clínica com mais de dez anos de experiência profissional e Diretora-Geral das clínicas de saúde mental The Psychological Effect, Ana Oliveira é também formadora na Ordem dos Psicólogos. Que outros cargos de liderança assume e como é feita a gestão da vida profissional com os múltiplos papéis que a mulher assume no seu dia-a-dia na vida pessoal? Quando iniciei este projeto, algumas pessoas, preocupadas comigo, tentaram demover-me. Estávamos em 2013, no auge da crise e eu tinha o que era considerado, um emprego maravilhoso (e até era mesmo!). Era psicóloga na Santa Casa da Misericórdia de São João da Madeira, desde 2006. Mas, precisamente por estar a atravessar uma altura da vida em que tinha algumas dificuldades a nível financeiro, achei que a minha única alternativa era, precisamente, criar o meu próprio

" Felizmente assistimos a cada vez mais casos e temos cada vez mais exemplos de sucesso no feminino"

Ana oliveira

negócio. E não foi fácil. Conciliei o meu emprego com a gestão do negócio, a formação na Ordem e a vida familiar até 2016, altura em que, um problema oncológico me obrigou a abrandar o ritmo e deixei o trabalho na Santa Casa. Mas nem sempre é fácil. Tive sempre o apoio do meu marido, que ficou responsável pelo Centro Empresarial. E tenho o filho mais compreensivo do mundo. E muita ajuda de toda a família. A maior parte dos dias não consigo ir buscá-lo à escola, e muitas vezes chego a casa depois da 21h00. Mas acredito que todo o tempo que passo com ele é mesmo de qualidade. Prefiro trabalhar até muito tarde alguns dias e, por exemplo, à sexta-feira, ir buscá-lo à escola e ir passear o resto do dia com ele. Quanto às tarefas “domésticas”, se trabalharmos em equipa, tudo se faz mais rápido! O número de mulheres em lugares de chefia tem crescido, mas ainda assim a presença feminina nas organizações em Portugal tem um longo caminho a percorrer. Na sua opinião, o que seria necessário para que a mudança do paradigma fosse mais célere? Para mim o ideal será quando esta questão já não tiver de ser colocada. Quando nós mulheres não precisarmos de provar à sociedade que somos competentes. Quando isso já não for um motivo de admiração. Quando falarmos de pes-

soas, em vez de “homens” versus “mulheres”. Depende muito de nós mulheres, acreditarmos que somos capazes de gerir um negócio ou ter sucesso. Felizmente assistimos a cada vez mais casos e temos cada vez mais exemplos de sucesso no feminino. E, naturalmente, isso vai acabar por acontecer. Acho que, se individualmente, cada pessoa acreditar, seja homem ou mulher, que pode ter sucesso, definindo os seus objetivos e fazendo o necessário para os colocar em prática, irá consegui-lo. No entanto, infelizmente, assistimos ainda a desigualdades em muitas empresas em que, até a nível salarial, descriminam as mulheres. Já sem falar das questões relacionadas com a gravidez, entre outras. Aí sim, temos um longo caminho a trilhar. As mulheres são líderes eficazes? O que diferencia as mulheres dos homens em cargos de liderança? Bem, acho que tanto homens como mulheres podem ser líderes eficazes. Não generalizando, penso que nos é reconhecida, a nós mulheres, uma maior capacidade de nos ligarmos emotivamente às questões que preocupam os nossos colaboradores, mas também os nossos clientes. Temos também a reconhecida capacidade de desempenharmos várias tarefas ao mesmo tempo, o que é fundamental na gestão de um negócio. ▪

41 março 2017

Psychological Effect é uma empresa que se divide em duas áreas de atividade: Duas Clínicas de Desenvolvimento Pessoal/ Saúde Mental e um Centro de Desenvolvimento Empresarial. Qual é o propósito da atuação das Clínicas e de que forma se complementam estas duas áreas? O nosso principal objetivo é ajudar os nossos pacientes a conseguirem “viver” no verdadeiro sentido do termo. A serem pessoas mais felizes, a terem e a concretizar objetivos. Há pessoas que não vivem, apenas vão sobrevivendo. É normal estar triste, ansioso ou preocupado de vez em quando. E isso é ser humano. A diferença é que connosco, as pessoas aprendem diversas estratégias que as ajudam a lidar de uma forma saudável com esses sentimentos, de forma totalmente independente, em qualquer situação futura. Tudo isto é trabalhado também nas empresas, através do nosso Centro de Desenvolvimento Empresarial. Acreditamos que pessoas/colaboradores felizes e motivados geram valor acrescentado e, nesse sentido, desenvolvemos ações e iniciativas, originais e únicas, que contribuem para diminuir níveis de stress e ansiedade no local de trabalho e para aumentar os índices de Felicidade Interna Bruta nas organizações. Ajudamos na implementação de ações e planos de desenvolvimento pessoal e responsabilidade social e fazemos tudo isto com Talento, Ousadia, Atitude e Criatividade.


LIDERANÇA NO FEMININO

» CRISTINA COUTINHO, Diretora Comercial do Wholesale da Firmo

"tudo é considerado impossível até acontecer"...

CRISTINA COUTINHO

Cristina Coutinho, Diretora Comercial do Wholesale da Firmo, explica o que é para si ser um bom líder. “Costumo dizer que funcionamos numa pirâmide invertida: sou eu que estou ao serviço das equipas e não são as equipas que estão ao meu serviço”.

C liderança no feminino

42

ristina Pereira Coutinho é uma jovem mulher, líder por natureza, que tem vindo a assumir diversos cargos de chefia. Como descreveria o seu percurso profissional? Foi um percurso fácil por ser mulher em cargos de liderança? Fácil…faz-me lembrar quando alguns amigos me dizem que tenho sido bafejada pela sorte, normalmente respondo que, até pode ser verdade, mas a sorte dá muito trabalho a alcançá-la! Portanto, quando me pergunta como foi chegar até aqui, a minha reposta é que foi um processo com muito trabalho, aliado a humildade e inabalável vontade de aprender, crescer e vencer. Tenho a sorte de estar rodeada de pessoas muito boas, o que me obriga a um incessante processo de melhoria. Todas as empresas pelas quais passei e tive em funções de liderança: Vivafit, Sonae, Fitness UP e Firmo foram sem dúvida uma “escola” para mim e que todas elas me possibilitaram passar ao “next level”. Como é que se caracteriza enquanto líder? Respeito muito as minhas equipas, dou-lhes um grande focus, dou prioridade ao seu desenvolvimento profissional e pessoal e à motivação. Costumo dizer que funcionamos numa pirâmide invertida: sou eu que estou ao serviço das equipas e não são as equipas que estão ao meu serviço. Por outro lado, sou uma pessoa muito focada no crescimento sustentável e em compliance, dentro das regras, porque acredito que é ele que nos garante o futuro, especialmente em países mais pequenos. Considero-me uma pessoa muito positiva e pelo que dizem sou também uma pessoa com uma energia inesgotável (risos…). Pensa que há diferenças entre o estilo de lide-

rança de um homem e de uma mulher? O estilo de liderança de um homem ou de uma mulher está relacionado com as características da pessoa. Existem estilos de liderança diferentes entre pessoas, até do mesmo género, dependendo das circunstâncias de vida, da idade, do ambiente onde vivem, do que conseguiram aprender e integrar. O que considera fundamental para exercer uma boa liderança? Existem várias competências fundamentais para uma boa liderança, mas apontaria a capacidade para inspirar, influenciar, envolver, comprometer, desenvolver e servir as equipas. É importante fazer coincidir o propósito da empresa com o sonho de cada elemento da equipa. Quando isto acontece o sucesso é inevitável! Saber liderar é importante e saber ser liderado também o é? Claro, pois a liderança deve ser vista numa perspetiva de 360º, tal como refere John C. Maxwell no seu best-seller “Líder 360º”, em que devemos procurar irradiar positivamente a nossa influência nos que nos rodeiam. Gosto de pensar no exercício da liderança como uma cascata, em que recebemos, tratamos e passamos para o nível seguinte, com a certeza de estar a contribuir e a gerar valor a todos os níveis. acha que se deve promover o mérito nas empresas? Em toda a minha carreira, sempre promovi a MERITOCRACIA como linha de conduta das empresas por onde passei. Na realidade ambiental onde as empresas movi-

mentam hoje a atividade, a competitividade é um fator critico ao sucesso. Assim sendo, temos que dinamizar uma lógica de performance dos diferentes fatores de operacionalidade da empresa e, sem margem para dúvida, que neste exercício um dos “Key point” é o elemento Recursos Humanos. Ora os Recursos Humanos, ou seja, as pessoas constituem o fator diferenciador das empresas já que na sua essência devem ser entendidos como o seu ADN e a fonte inesgotável de contributo ao processo de otimização empresarial, como consequência de ser sempre possível melhorar o equilíbrio dos planos emocional e racional. Não acredito no sucesso das Organizações sem a institucionalização de mecanismos de progressão de carreiras que fundamentem a sua essência na premiação do mérito. É considerada uma inspiração para os seus amigos, colegas de trabalho e todos os que a rodeiam. Que mensagem deixaria a todas as nossas leitoras? A vida é baseada em sonhos e decisões. Nenhum sonho é ridículo ou impossível de ser realizado, pois como diz Nelson Mandela “tudo é considerado impossível até acontecer”. Todos podem ser aquilo que quiserem e o primeiro passo é acreditar nisso e o segundo é planear e trabalhar para tal, de forma focada e disciplinada. E caso o sucesso não aconteça à primeira, devemos mudar de estratégia e nunca nos deixarmos derrotar ou desistir. Também não devemos permitir que nos digam que não é possível, mas quando recebermos elogios não nos devemos iludir nem nos desfocar do essencial. Acredito que tudo depende de nós… e que somos apenas consequência das nossas ações! ▪


LIDERANÇA NO FEMININO

» CLÁUDIA SOARES FAIAS EM DISCURSO DIRETO

“A liderança é uma questão de comportamento e iniciativa” “Enquanto mulher, mãe e profissional, dedico-me a cada atividade com determinação e definição de objetivos”. Quem o afirma é Cláudia Soares Faias, Diretora Executiva do Ciprotur Hotel Group e Docente Convidada na Universidade dos Açores, que deu a conhecer um pouco mais do seu percurso e como é ser Mulher e ultrapassar todos os obstáculos.

rupo Ciprotur proporciona oferta de alojamento turístico diferenciado em duas das ilhas do Arquipélago dos Açores: A Ilha São Miguel e a Ilha de Santa Maria. O que vai encontrar quem escolhe um dos hotéis do grupo para conhecer e descobrir o melhor dos Açores? Localização privilegiada, foco no cliente e no seu bem-estar, informalidade, conforto e look minimalista, são as nossas principais caraterísticas. O Hotel Ponta Delgada e o Antillia Hotel Apartamento localizam-se no centro de Ponta Delgada e oferecem uma vasta gama de serviços no âmbito do turismo de negócios e do turismo de lazer. O Hotel do Mar, na Vila da Povoação, em frente ao mar e a 12 km das Furnas, e o Hotel Colombo, na ilha de Santa Maria situado entre o campo e o mar, proporcionam descanso e conforto revigorantes, bem como uma agradável proximidade a praias e atividades náuticas. Cláudia Soares Faias é Diretora Executiva do Ciprotur Hotel Group e Docente Convidada na Universidade dos Açores. É uma líder e uma mulher que assume uma posição de destaque na vida profissional. Que barreiras superou durante o seu percurso profissional? Ser mulher no “mundo dos negócios” acarreta obstáculos ou desafios? Nasci e cresci numa família de empresários

empreendedores. Aprendi a comunicar e a gerir desde muito cedo o que me forneceu ferramentas essenciais ao meu percurso académico e profissional. Ser mulher no mundo dos negócios é um constante desafio. Ser mulher e ter um papel ativo no âmbito da gestão turística e hoteleira, que é ainda um cenário dominado pelos homens, representa um repto de maior dimensão. É percetível que, hoje em dia, as mulheres líderes estão mais preocupadas em obter respeito do que de reconhecimento. Ainda assim é devido à desigualdade de género que se faz sentir no mercado de trabalho. Por onde devia começar a mudança? O respeito conquista-se através de uma liderança eficaz, mas não é indissociável do reconhecimento, que é ganho pelos resultados obtidos na gestão eficiente dos recursos. A desigualdade de género existe e está presente no mercado de trabalho, mas parte de todos nós mudar o contexto. As mulheres estão a conquistar mercado e a ganhar terreno na liderança de setores de atividade onde há 30 anos atrás apenas os homens se evidenciavam. A formação, a atitude e a sensibilidade são alicerces fundamentais. A mulher tende a possuir, tradicionalmente, um vínculo familiar mais estreito do que o homem. Assume a responsabilidade pela casa, por cuidar dos filhos, ser boa mãe, companheira e empresá-

ria. Quem é Cláudia Soares Faias enquanto profissional e enquanto mulher? Uma plataforma de gestão de prioridades… Somos ambos pais e gestores e tentamos dar o nosso melhor no seio da família e das diferentes empresas em que exercemos funções, partilhamos tarefas e preocupações. Enquanto mulher, mãe e profissional, dedico-me a cada atividade com determinação e definição de objetivos. só assim consigo avaliar os prós e os contras das decisões tomadas nas diversas circunstâncias. As mulheres geralmente são reconhecidas por competências de liderança mais subtis. Afinal, mulheres e homens são diferentes e é natural que possuam competências distintas. O que é preciso para se ser um bom líder? São as mulheres líderes mais eficazes? As mulheres são por natureza atentas, observadoras e multitarefas. A gestão familiar poderá servir de base para a gestão empresarial. Obviamente que as competências são diferentes, o que se revela positivo. A diversidade de conhecimentos e de competências transmite cor, dinâmica e potencial em qualquer conjuntura. Um bom líder otimiza os recursos, enfrenta adversidades, assume insucessos e partilha vitórias. As mulheres poderão ser líderes mais eficazes, mas não me parece que a eficácia seja uma questão de género, diria antes que a liderança é uma questão de comportamento e iniciativa. ▪

43 março 2017

G

CLÁUDIA SOARES FAIAs


LIDERANÇA NO FEMININO

»TERESA GAUDÊNCIO SANTOS, EM ENTREVISTA

PODEMOS DAR SEMPRE MAIS DE NÓS E SER SEMPRE MELHORES “Tudo é possível quando existe paixão! Portanto, procurem um negócio que as apaixone. A partir daí, que acreditem e invistam em si mesmas, sejam focadas e perseverantes”. Esta é a mensagem que Teresa Gaudêncio Santos, CEO da TGS – Formação e Consultoria de Marketing, deixa a todas as nossas leitoras.

A

liderança no feminino

44

TGS – Formação e Consultoria de Marketing assume-se como uma empresa “para (ainda) pequenas empresas com grandes aspirações”. A quem se dirige a TGS e de que forma se apresenta no mercado? O nosso lema coloca-nos lado a lado com o nosso público-alvo. Um grupo do qual também fazemos parte e que é a maior fatia do tecido empresarial português - as Microempresas e as PME’s. Tal como nós, essas pequenas empresas têm grandes aspirações, e necessitam de acompanhamento para atingir os seus objetivos. Colocámos o “ainda” na nossa comunicação porque acreditamos no empenho, na motivação, mas, principalmente, nas parcerias certas, como chave para o sucesso no mundo empresarial. Em suma, a TGS apresenta-se a essas empresas como um parceiro de negócios, muito mais do que como um fornecedor de serviços. Assumimos uma missão que aponta precisamente nessa direção: “possibilitar aos gestores das empresas portuguesas um maior grau de autonomia na promoção dos seus negócios, apoiando-os, e proporcionando-lhes as soluções, as competências e as ferramentas de Marketing de que realmente necessitam”. Naturalmente, também trabalhamos com grandes empresas nacionais e internacionais, que acabam por reconhecer nos nossos serviços a mais-valia de uma abordagem de proximidade (eu diria “quase intimista”).

cei nessa altura a planear detalhadamente o meu próprio futuro. (eu costumo dizer que isto é “de-formação” profissional, mas não sei viver sem um plano). Enfim, acabei por criar um Plano de Marketing para “produtizar” a pessoa Teresa Gaudêncio Santos, a partir daquilo que me apaixona: trabalhar em marketing, e ensinar (a trabalhar em marketing)!

Refere que a TGS começou a ganhar forma a partir do seu próprio “Plano de Marketing Pessoal”. De que forma? O que a motivou? É verdade. Há uns anos comecei a questionar-me sobre o modelo profissional dos nossos dias, e sobre a situação em que me encontrava. Até que ponto é que ter “um emprego para a vida” fazia sentido para mim? Gostava muito do que fazia, mas quereria fazê-lo daquela forma por quanto tempo? Surgiu a hipótese de sair da multinacional tecnológica em que estava há já dez anos e come-

A Teresa Gaudêncio Santos também é uma mulher com grandes aspirações? Eu diria mesmo enormes aspirações! Senão vejamos: tenho o projeto da TGS que quero levar muito mais longe (em especial na vertente da formação). E tenho dois projetos de “start-ups” que ainda estão no “segredo dos deuses” por estarem numa fase muito inicial, mas que acredito que venham a tomar proporções globais (muito distintos, mas ambos na área do turismo e com uma base fortemente tecnológica)! Depois, há as metas mais pessoais: terminado o

mestrado, seguirei para um doutoramento que cruze a área das tecnologias com a área da formação, e me permita fazer alguma investigação neste campo. Como se vê, são grandes aspirações! “Culpo” uma pessoa que, infelizmente, já não tenho comigo há muito tempo: a minha mãe, porque uma das coisas que me incutiu é que podemos dar sempre mais de nós e ser sempre melhores não do que os outros, mas do que nós mesmos!

TERESA GAUDÊNCIO SANTOS

Que desafios acarreta a criação da TGS para si enquanto mulher e enquanto profissional? Considero que o maior desafio é mesmo profissional: é o desafio da perseverança. Criar uma empresa em Portugal é um ato de coragem. Temos de estar preparados para grandes adversidades e dias em que temos vontade de fugir e nunca mais voltar. Temos de tornar-nos em verdadeiros malabaristas orçamentais. O estado e a carga fiscal são como um predador que nos persegue, e a banca está lá para nos ajudar – se não precisarmos, claro! Perseverança. Porque seria fácil desistir. Pelo facto de ser mulher, pessoalmente, não enfrentei grandes desafios. Tenho ao meu lado um grande apoio, e reconheço que se não fosse assim, provavelmente, não faria esta declaração. As mulheres ainda são muito vistas como a “Fada do Lar”, o que não deixa espaço a empreendedorismos. Mas no meu caso, a vida doméstica é um “regime de coprodução”, que me permite conciliar o lado empresarial com o familiar. Que mensagem gostaria de deixar para as nossas leitoras que são empresárias, empreendedoras, mulheres, mães, entre outros muitos papéis? Tudo é possível quando existe paixão! Portanto, procurem um negócio que as apaixone. A partir daí, que acreditem e invistam em si mesmas, sejam focadas e perseverantes. Acima de tudo, desenvolvam boas parcerias, porque o ditado deveria ser: “ao lado de uma grande mulher, está também um grande homem!” ▪


LIDERANÇA NO FEMININO

» CARLA GASPAR, CEO DA SMARTIDIOM

“SER LÍDER É CUIDAR DA NOSSA EQUIPA” “O empreendedorismo e a inovação no mundo dos negócios não têm género ou idade. Arrisquem tudo e lutem pelos vossos sonhos. Rodeiem-se das pessoas certas e elas alimentar-se-ão da vossa fé e seguir-vos-ão incondicionalmente”, diz-nos Carla Gaspar, CEO da SMARTIDIOM, uma empresa de soluções linguísticas e de comunicação multilingue.

C

carla gaspar

om presença ativa em 22 países, que papel pretende a SMARTIDIOM assumir junto do universo empresarial? Na sua essência, a SMARTIDIOM pretende ser a organização de confiança no momento de levar as empresas a alcançarem o sucesso internacional. O objetivo é permitir que as empresas encontrem na SMARTIDIOM um leque variado de soluções linguísticas e de comunicação multilingue adequadas às suas necessidades: quer sejam startups nacionais ou internacionais, quer sejam um grupo de empresas com presença mundial. Alcançar este estatuto de confiança só é possível com os melhores profissionais, as melhores ferramentas, conhecimentos técnicos exímios e experiência profissional acumulada ao longo de vários anos. Afirmam que empresas de renome à escala global confiam a sua comunicação multilingue à SMARTIDIOM. E perguntam se queremos saber porquê. Porquê? Diria que a credibilidade, o profissionalismo, a inovação, a transparência e a proximidade com o cliente são os valores fundamentais do nosso trabalho. Em segundo lugar, a implementação das normas ISO 9001 e da ISO 17100 nos métodos e processos da empresa corrobora

Com um percurso profissional enriquecido, Carla Gaspar é CEO da SMARTIDIOM. O que representa para si assumir este cargo, enquanto mulher e profissional? Assumir este cargo numa empresa que está presente em cada vez mais lugares do mundo é um orgulho para mim, como mulher e como profissional. Tenho, com a equipa certa, a oportunidade de combater a desigualdade de géneros que ainda é uma realidade no mundo empresarial. Significa dar um passo em frente por todas as mulheres empreendedoras, que não desistem das suas ideias e querem desbravar caminho pelas suas próprias mãos. Com a SMARTIDIOM, tenho a oportunidade de seguir os meus ideais de um ambiente justo, com as condições de trabalho ideais para os meus colaboradores darem sempre o seu melhor e potenciarem as suas capacidades. É a conquista de um lugar de líder de uma equipa tão diferenciada e que veste, sem hesitar, a camisola da SMARTIDIOM. Quais os principais desafios que enfrenta, enquanto mulher, ao “comandar o rumo” de uma empresa à escala global? Provavelmente, um dos maiores desafios de liderar uma empresa à escala global é a conciliação da vida pessoal com a vida profissional. Com os desafios de uma maternidade recente, a quebra no ritmo de trabalho habitual e a constante necessidade de diferen-

tes tipos de gestão no meu dia-a-dia permitiram-me ter uma nova perspetiva enquanto mulher num lugar de liderança empresarial. Liderar a SMARTIDIOM é trabalhar diariamente para quebrar barreiras ideológicas corporativas e procurar o equilíbrio dentro de uma equipa caracterizada pela diversidade. Apesar das mudanças do paradigma da sociedade, é sabido que a igualdade de género no mercado de trabalho ainda está muito aquém do desejável. Durante o seu percurso profissional, este estigma foi um obstáculo para si? Ser mulher trouxe alguns dissabores ao longo da minha carreira, mas as dificuldades acabaram por ser ultrapassadas graças à minha vontade de trabalhar, de nunca

desistir, sempre com o apoio das pessoas certas. Sentir este estigma na pele fez-me crer e querer mais, permitindo-me criar e fazer crescer uma SMARTIDIOM com o espírito ambicioso das pessoas a quem confiei a missão de me ajudarem a concretizar o meu projeto. Que mensagem deixaria, como empresária líder e empreendedora, às nossas leitoras? O empreendedorismo e a inovação no mundo dos negócios não têm género ou idade. Arrisquem tudo e lutem pelos vossos sonhos. Rodeiem-se das pessoas certas e elas alimentar-se-ão da vossa fé e seguir-vos-ão incondicionalmente. Ser líder é cuidar da nossa equipa, nutri-la e mimá-la 24 horas por dia, sete dias por semana. É trabalhoso, mas dá ótimos frutos. ▪

45 março 2017

todo o rigor com que trabalhamos. Em última instância, a rede de contactos global, o serviço personalizado que prestamos aos nossos clientes com soluções à medida das diferentes áreas de negócio, a excelência linguística que garantimos pelo facto de os nossos profissionais serem nativos na língua de chegada com formação linguística adequada e conhecimentos sólidos nas respetivas áreas de especialização e a otimização de custos que proporcionamos ao reduzirmos substancialmente o investimento financeiro dos nossos clientes e acelerarmos até 25% o prazo de execução são mais-valias que fazem toda a diferença.


LIDERANÇA NO FEMININO

» PAULA TOMÁS CONSULTORES

15 ANOS DE LIDERANÇA NO FEMININO Paula Tomás, Diretora da PTC (Paula Tomás Consultores), revela o seu lado de empresária. Apesar de o caminho para o sucesso não ter sido sempre fácil, desistir nunca foi uma opção válida.

A

Paula Tomás Consultores dedica-se à gestão técnica de recursos humanos e engloba serviços ao nível da formação e da consultoria. 15 anos passaram desde que fundou a empresa e garante que “o balanço é francamente positivo. Embora tenhamos passado um período complicado.” A crise instaurou-se no tecido empresarial português o que levou as empresas a desinvestirem nas áreas da formação e consultoria. “Por teimosia, continuei a manter a empresa, com custos e investimentos muito elevados”. Mas foi este o risco que quis correr. Hoje, olha para trás e diz “que ainda bem que o fiz”. Em 2015, conta que a empresa começou novamente a crescer e que “2016 foi um ano positivo relativamente ao exemplo dos anos anteriores. Para 2017 estamos com excelentes perspetivas e com um arranque de ano que não tínhamos desde 2007/2008.” “A Paula Tomás Consultores trabalha maioritariamente para grandes empresas, nacionais e multinacionais, pois são aquelas que mais investem nas pessoas. Hoje sentimos que muitas pequenas e médias empresas começam a investir no capital humano e isso é uma mudança interessante. Por outro lado, curiosamente, as grandes empresas ainda não estão a investir nas pessoas ao nível do que já aconteceu no passado”. Porquê? “Muitas das grandes empresas voltaram a investir, mas estão ainda muito cautelosas e procuram um retorno rápido do investimento. Ora, ao nível da formação e da consultoria o retorno não é imediato, uma vez que estamos a trabalhar na mudança do comportamento”. Curiosamente, as empresas que não tinham grande tradição de apostar na

46

A Paula Tomás Consultores trabalha maioritariamente para grandes empresas, nacionais e multinacionais, pois são aquelas que mais investem nas pessoas. Hoje sentimos que muitas pequenas e médias empresas começam a investir no capital humano e isso é uma mudança interessante. Por outro lado, curiosamente, as grandes empresas ainda não estão a investir nas pessoas ao nível do que já aconteceu no passado formação do seu capital humano, são hoje, aquelas que começam a olhar para a importância da gestão das competências, logo das pessoas, com mais interesse. Temos vindo a desenvolver, em diversas PME’s, projectos de estruturação organizacional, de gestão e avaliação do desempenho e de formação, o que não era habitual”. Segundo a diretora “as empresas consciencializaram a importância de investir nas pessoas como forma de gerir e reter o talento. Perceberam a importância de implementarem sistemas de desenvolvimento, avaliação e compensação que permitam a retenção das competências distintivas, quer ao nível técnico, quer ao nível da atitude e do comportamento”.

liderança no feminino

CONFERÊNCIA DOS 15 ANOS “GESTÃO DAS PESSOAS, O OLHAR DOS MEDIA”

paula tomás

De forma a celebrar os 15 anos da empresa, a PTC está a organizar, no dia 15 de Março, uma conferência com o tema “Gestão das pessoas, o olhar dos Media”. A ideia passa por dar voz a quem conhece o setor dos recursos humanos mas que, ao mesmo tempo, está fora dele. “Há quatro revistas especializadas neste meio, convidamos os responsáveis editoriais destas revistas a partilhar, numa mesa redonda, as suas opiniões sobre a gestão das pessoas. Ter um olhar diferente, «de fora», sobre os RH é inovador e por isso interessante. Para além desta mesa redonda iremos ter como oradores os dois presidentes das associações representativas do sector: Mário Ceitil, presidente da APG representativa dos profissionais de recursos humanos e, por outro lado, Afonso Carvalho, presidente da APESPE-RH representativa das empresas do setor. O evento está aberto a todas as pessoas interessadas. “Os nossos clientes receberam convites personalizados, e publicitamos o evento

ao público, com o valor de 25 euros de inscrição, que reverte para a instituição Liga dos amigos da Aldeia de Santa Isabel, com o compromisso de ser utilizado na escola profissional aí existente”.

A EQUIPA PTC

“Somos oito pessoas e o que há a dizer sobre eles é que: sem equipa não há Paula Tomás Consultores. Somos uma equipa que tem sido rejuvenescida ao longo dos anos. No entanto, temos colaboradores que estão connosco há cerca de 13 e dez anos e, alguns dos colaboradores que saíram da empresa, para abraçar outros projetos, são hoje nossos clientes, ou continuam a colaborar connosco como freelancer”. Caracteriza-se como “muito exigente na resposta ao cliente e esta é a marca da PTC: foco no cliente e nos resultados que este pretende obter. Pode haver algumas falhas, mas em tudo o que é necessário para corresponder às expectativas do cliente não podem existir falhas. Sou muito focada e penso que tenho uma equipa que, nesse aspecto, é como eu”.

LIDERANÇA NO FEMININO vs LIDERANÇA NO MASCULINO

Homens e mulheres são diferentes naturalmente, no entanto, quando se fala em liderar existem diferenças que fazem a diferença? “Nunca pensei muito nisso, mas à partida não penso que exista grande diferença. Fui liderada durante 17 anos por um homem que, na minha opinião, não tinha uma liderança no masculino, tal como ela é muitas vezes definida”, afirma convicta. “Aquilo que pode constituir alguma diferença é que as mulheres, algumas mulheres, têm mais abertura para a comunicação, o que pode originar uma gestão mais participativa. A antropologia explica isso, os homens iam caçar em silêncio e as mulheres ficavam nas aldeias a tomar conta das crianças e trabalhar em conjunto. Quer-me parecer que as mulheres estão mais atentas a algumas das necessidades que os colaboradores possam ter, nomeadamente, questões familiares, uma vez que também passam pelas mesmas dificuldades. No meu caso, sempre gostei do trabalho no terreno, da proximidade com os clientes, isso exige muitas viagens, ausências de casa e ocupa-me grande parte do tempo. Apesar disso, tenho conseguido, com alguma “ginástica”, gerir um casamento e a educação de dois filhos. Por outro lado, segundo as investigações apontam, as mulheres são mais “multitarefa” do que os homens, o que pode permitir uma maior atenção a alguns pormenores. Um aspeto curioso é que há algum tempo atrás, a maior parte dos consultores eram homens, pela necessidade de deslocações dentro e fora do país, hoje, a realidade mudou. As mulheres estão em maior número, talvez por esta facilidade de fazer várias coisas ao mesmo tempo e pela flexibilidade e adaptabilidade que isso nos permite”. ▪

www.ptomasconsultores.pt


LIDERANÇA NO FEMININO

» WHITE IMPACT

WHITE IMPACT

TUDO PARA O CASAMENTO PERFEITO Trabalho e dedicação resumem dez anos da White Impact. Paula Grade e Karina Sousa são as criadoras de um conceito inovador em Portugal, a de “especialista de casamentos que assume o papel principal na organização da cerimónia, garantindo todos os detalhes e serviço diferenciador”. Saiba mais.

Como surgiu esta oportunidade e que impacto tem no vosso trabalho em Portugal? Pensam expandir-se para outros países?

A nossa atuação é a nível nacional com organização de casamentos entre o Algarve e agora também em Lisboa. Dublin foi a nossa primeira viagem porque os nossos primeiros noivos eram irlandeses. Na altura fez-nos sentido começar por aí e ao longo dos anos reconhecemos que acertámos. O mercado UK acontece de forma natural à medida que foram surgindo clientes desta nacionalidade. A publicidade ‘boca-a-boca’, os testemunhos de amigos e familiares, têm ajudado a contruir a nossa marca. Neste momento já fazemos três feiras internacionais organizadas por nós, White Impact Wedding Show em Dublin, Londres e Manchester e um circuito de dez ‘roadshows’ entre a Irlanda e o Reino Unido. Vemos o nosso reconhecimento além-fronteiras acontecer com o convite especial para representar Portugal no WedAway - Destination Wedding Show em Londres, o grande evento para casais que se querem casar no exterior.

cada vez mais procurada, mas continua a ser um conceito inovador. Como se vêm nesse ‘papel’? Expliquem-nos como funciona. Na realidade, vemo-nos como ‘a melhor amiga’ dos noivos e da sua família, pois estamos aqui para ajudá-los e dar-lhes todo o apoio e acompanhamento no dia mais importante das suas vidas. Estando fora do seu país este serviço personalizado é fundamental. A figura da Wedding Planner surge assim como a especialista de casamentos que assume o papel principal na organização da cerimónia, garantindo todos os detalhes e serviço diferenciador, reduzindo todo o stress do casal. O objetivo é que os noivos possam desfrutar do seu dia em pleno, sem stresses de última hora. A nossa envolvência é de tal forma que, na grande maioria das vezes, criamos relações fortes com os ‘nossos’ noivos, traduzindo-se de seguida em novos casamentos de amigos e familiares.

Atualmente a figura da Wedding Planner é

Quer dizer que o fator ‘planeamento’ é ponto essencial para tornar um casamento especial e não apenas mais um grande evento igual a tantos outros? Têm algum processo que garanta irem ao encontro das expetativas dos noivos? Desde o primeiro dia que o evento é planeado em detalhe, do local, às cores, ao conceito, ao menú, bolo, flores… Tentamos conhecer o máximo dos noivos, seus gostos e expetativas, para que o dia do casamento possa ser um ‘espelho’ da sua imagem. Todos os pormenores contam e são pensados de acordo com o que sonharam. Não chega fazermos bem, gostamos de superar as expetativas e no final ver a felicidade de um dia inesquecível. E como vêm o seguimento deste negócio nos próximos anos? Vamos continuar a ter um crescente de casamentos no nosso país? O negócio está em crescente porque Portugal está na moda e o nível de serviço também tem melhorado bastante. O clima, a boa comida, a simpatia e hotéis de luxo são parte essencial para que continue a prosperar. O nosso objetivo é manter os mercados atuais e conquistar novos mercados, nomeadamente o nacional. O White Impact Wedding Show será uma das ferramentas fundamentais que levaremos a estes novos mercados, já com data marcada para Novembro, em Lisboa. E em que se destaca a White Impact relativamente a outras empresas que se dedicam à organização de casamentos de luxo? Para além dos anos de experiência e serviço de excelência, temos paixão e amor pela nossa profissão. Dedicamo-nos e personalizamos cada casamento como sendo único. Celebramos o 1º dia do resto das suas vidas! ▪

Paula Grade e Karina Sousa

47 março 2017

D

ez anos passaram desde que criaram a White Impact. Do turismo ao planeamento de casamentos de luxo… de que forma surgiu este projeto na vida de ambas? Que balanço fazem desta década? O projeto AWP (White Impact) surgiu de uma conversa informal entre duas colegas de trabalho, inicialmente até pensado como um ‘part-time’, no seguimento de um convite inesperado para organizar o casamento de uns clientes irlandeses que se encontravam de férias no Algarve. Após este, seguiram-se vários outros pedidos e os casamentos passaram a ser uma constante nas nossas vidas. O balanço é muito positivo com dez anos intensos de muito trabalho, dedicação e, sobretudo, dez anos a fazer o que mais gostamos, realizar os sonhos dos ‘nossos’ noivos.


LIDERANÇA NO FEMININO

» ANA MOLARINHO E MARISA PIRES EM DISCURSO DIRETO

É IMPORTANTE ASSINALAR TODAS AS CONQUISTAS (DAS MULHERES)

Ana Molarinho, Iberia Marketing Director e Marisa Pires, Sales Head Portugal do Grupo Electrolux falam na primeira pessoa sobre o conceito de liderança e a igualdade de género no mundo do trabalho.

ANA Molarinho

A liderança no feminino

48

Ana é a recente Diretora Ibérica de Marketing de Portugal e Espanha do Grupo Electrolux. Que gosto tem este novo desafio? Ana Molarinho AM Este desafio tem um sabor muito especial, num momento da minha carreira em que posso colocar toda a minha experiência de marketing internacional ao serviço de um grupo totalmente orientado ao consumidor. Um grupo que se rege por valores que são também os meus: as pessoas como prioridade, a orientação para os resultados, a paixão pela inovação, a sustentabilidade como base.

A Marisa, agora, dedica-se, em exclusivo, ao mercado português enquanto Sales Head Portugal, um cargo que já ocupava desde 2012. Quais são as características pessoais mais importantes para exercer este cargo? Marisa Pires (MP) Como em qualquer função com um perfil marcadamente comercial penso que é extremamente importante alguma dose de competitividade e aquele gosto por ganhar. Mas obviamente isso não chega… para que os desafios sejam bem-sucedidos é essencial a capacidade de nos reinventarmos, de dar espaço a novas ideias, novos processos. Ambas coordenam equipas. Quais são os maiores desafios enquanto gestoras de pessoas?

MARISA PIRES

AM Neste momento considero como principal desafio o tempo que consigo dedicar ao contacto presencial com cada pessoa da minha equipa. Para mim é fundamental que entendam que são a minha prioridade e assegurar que saibam que estou sempre disponível para o que necessitem. Considero que pessoas felizes são mais produtivas e certamente que um bom ambiente de trabalho é fundamental e transmite-se a todos os níveis. Na Electrolux vive-se um ambiente de trabalho que espelha os valores acima referidos. E isso diz tudo. MP Para mim há dois desafios essenciais. O primeiro é criar um ambiente de confiança, onde cada elemento da equipa possa dar o melhor de si, contribuir com as suas ideias para objetivos comuns. Este espírito de equipa é o que faz com que as pessoas se superem, cresçam, façam aquele esforço extra, façam a diferença nos resultados das empresas. O segundo desafio é, sem dúvida, a capacidade de conhecer, entender e aceitar as individualidades de cada membro da equipa e potenciar o melhor de cada um. Acredito que se as pessoas se sentirem felizes e realizadas são melhores profissionais. É a típica situação win-win. Como é um dia típico no trabalho? AM Quando não estou em viagem, chego tradicionalmente cedo ao escritório (sobretu-

do em Madrid) porque as primeiras horas do dia são as mais produtivas, sem interrupções. Durante o dia tenho sempre inúmeras reuniões internas e externas, acompanhadas de ‘conference calls’ internacionais. Tento sempre cumprir com o último compromisso diário (com direito a constar da agenda), uma ida ao ginásio que me assegura o equilíbrio entre a vida profissional e pessoal. E por vezes é mesmo durante ou após a atividade física que tenho ideias ou tomo decisões importantes. De facto, um cérebro ‘oxigenado’ funciona melhor... MP É tudo menos monótono. Entre reuniões internas onde analisamos resultados, alinhamos estratégia, preparamos planos de ação e visitas a clientes onde verdadeiramente sentimos o mercado, o que move os nossos clientes, e as motivações dos consumidores. É um equilíbrio interessante entre a pressão dos resultados, a criatividade e o trabalho em equipa. Sempre temperado com enorme responsabilidade e com alguma diversão. Como definem o conceito de liderança? Acreditam numa igualdade de género no mundo do trabalho? AM Quanto à liderança acredito que esta se conquista pelo exemplo e tem que ser genuína. Em relação à igualdade, acredito sobretudo na


Consideram importante que se assinale o Dia Internacional da Mulher? Porquê? AM Considero que até atingirmos o tal nível de igualdade, é importante assinalar todas as conquistas (sobretudo de direitos e liberdades) de que hoje usufruímos na nossa sociedade. Por outro lado, acho que é mais uma oportunidade de lembrar tudo o que significa ser mulher. Embora sinceramente, eu pessoalmente faça questão de o celebrar a cada momento. MP Assinalar o Dia Internacional da Mulher pode parecer irrelevante na nossa cultura nos dias de hoje. Mas lembra-nos que os direitos mais básicos nem sempre forem iguais. E que ainda hoje ouvimos membros de organizações como o parlamento europeu desvalorizar as mulheres. E se viajarmos até outros pontos do

nosso mundo as discrepâncias são imensas e mostra que há muito a fazer pelos direitos iguais. A mulher pode elevar-se através de… AM A mulher pode elevar-se através do reconhecimento das suas próprias capacidades e da defesa inequívoca dos seus valores. Da sua natureza. Da afirmação como ser humano. Da sua resiliência. Da empatia que é capaz de gerir melhor que ninguém, ao ser capaz de se colocar ‘no lugar do outro’. São todos estes fatores que elevam a mulher. Como elevam um homem. MP Através da sensibilidade que coloca em cada momento. Da forma como mostra o melhor do ser humano: bondade, capacidade de múltiplas e complexas tarefas, e ao mesmo tempo rigor e objetividade. ▪

A liderança passa, por um lado, pela visão estratégica essencial para guiar os destinos de uma organização. Mas esta visão não tem qualquer resultado se o líder não tiver a capacidade de mobilizar as suas equipas, motivar, desenvolver cada pessoa, apoiar nos momentos difíceis e celebrar as vitórias

49 março 2017

diversidade (e não apenas no género) e em que as melhores equipas são constituídas por bons profissionais, independentemente do género, raça, crença religiosa/política ou orientação. A igualdade de oportunidades, de salários, etc. deveria ser uma base óbvia na nossa sociedade. Infelizmente, ainda estamos longe desse ponto, o que se nota por exemplo na baixa percentagem de mulheres em cargos de direção. Tanto eu como a Marisa, fazemos parte do comité de direção da Electrolux, que é totalmente multicultural e em que metade somos mulheres. Por mérito. Sem necessidade de quotas ou outras políticas. MP Se acredito que deveria existir? Obviamente que sim, e é um longo caminho que todos teremos que percorrer. Penso que as últimas décadas mostram que as coisas mudam e pessoalmente nunca senti que ser mulher fosse um problema. O grupo Electrolux, que honra a sua origem sueca, valoriza as pessoas pela sua atitude e pelo seu contributo para resultados, independentemente do género. Por isso, diferentes culturas, backgrounds e experiências são positivos e enriquecem toda a equipa. Quanto à liderança, não é fácil esgotar o tema num conceito fechado. A liderança passa, por um lado, pela visão estratégica essencial para guiar os destinos de uma organização. Mas esta visão não tem qualquer resultado se o líder não tiver a capacidade de mobilizar as suas equipas, motivar, desenvolver cada pessoa, apoiar nos momentos difíceis e celebrar as vitórias. Um bom líder tem equipas felizes, confiantes e realizadas, ao ponto da sua presença física quase não ser necessária.


LIDERANÇA NO FEMININO

OPINIÃO DE MAFALDA FLORES, CEO DA BLOOD.COM

Liderar é saber comunicar!

E no feminino isso é claramente evidente… Comunicar é uma manifestação de sentidos, que nos permite transmitir mensagens, inspirar, motivar e captar atenções. Não é uma ciência exata, nem nos corre nas veias, mas é a alma de um bom líder que marca pela diferença e se faz ouvir, mesmo com poucas palavras.

N

liderança no feminino

50

a realidade o que importa mesmo é a nossa atitude e a forma como atuamos perante os outros. Ser líder é uma responsabilidade acrescida que se conquista pelo exemplo, o que não significa saber fazer tudo, mas ter coerência nas atitudes, ações e decisões a tomar. A comunicação assume aqui um papel fundamental, sendo assertiva e eficaz, tem o poder de influenciar, conquistar e desenvolver competências. É a chave do sucesso que vem proporcionar todo o conhecimento e através de sua transmissão incentivar ao progresso económico-social da nossa sociedade. Marcam-se etapas, criam-se modelos, impulsionam-se novas tendências… Esta dinâmica é claramente evidente nas Mulheres enquanto líderes, que acentuando todo o seu carisma e atenção ao detalhe, adotaram um estilo de gestão marcadamente feminino, onde a comunicação se destaca por aspetos fundamentais como o olhar, a postura, o humor, as roupas e, claro, a forma de falar e particularmente escutar. Compreendendo que passar corretamente a mensagem não é questão apenas de conteúdo, mas também de forma, esta líder que sabe comunicar é também uma excelente ouvinte. Escutar ativamente é uma grande oportunidade de dar atenção aos outros mostrando-lhes o quanto são valorizados. Esta mais recente tendência de liderança pela comunicação ‘humana’ vai ganhando expressão, conquistando um lugar privilegiado no mercado organizacional onde a mulher empresária assume a gestão ativa dos seus negócios. ▪




Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.