Liderança no Feminino Edição 2

Liderança no Feminino

SÓNIA SILVA

DA DIXTIOR E UM OLHAR NO FEMININO

Filomena Ciríaco,

Publicação da responsabilidade editorial e comercial da empresa Horizonte de Palavras Edições, Lda. | Abril 2017 | EDIÇÃO Nº 2 - Periodicidade Mensal | Venda por Assinatura - 4 Euros

Diretora Operacional da Praxis Farmacêutica, EM DESTAQUE

Isabel Faria,

Country Manager da Cargill em Portugal Como alcançar o Sucesso

Isabel Padinha Country Manager da Vorwerk, afirma

“Há bons Líderes homens e a História está cheia de exemplos. Na vida das empresas, o equilíbrio entre a sensibilidade feminina e masculina é mais do que desejável”

Índice

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SANDRA MARQUES, DIRETORA-GERAL BOEHRINGER INGELHEIM PORTUGAL

FICHA TÉCNICA Propriedade, Administração e Autor Publicação da responsabilidade editorial e comercial da empresa Horizonte de Palavras Edições, Lda. Administração – Redação – Depº Gráfico Rua Rei Ramiro 870, 5º A 4400 – 281 Vila Nova de Gaia Telefone +351 220 926 879 DIRETOR: Jorge Antunes

Talita Brito, Presidente da Câmara de Comércio Europeia no Brasil

P20

Editor: Ricardo Andrade Rua Rei Ramiro 870, 5º A 4400 – 281 Vila Nova de Gaia PRODUÇÃO DE CONTEÚDOS: Ana Rita Silva | Elisabete Teixeira GESTÃO DE COMUNICAÇÃO: Elisabete Marques | João Soares | Luís Pinto | Miguel Beirão | Nelson Luiz | Design E PAGINAÇÃO: Mónica Fonseca | Vanessa Taxa Assinaturas Para assinar ligue +351 22 092 68 79 ou envie o seu pedido para Autor Horizonte de Palavras – Edições Unipessoal, Lda Rua Rei Ramiro 870, 5º A, 4400 – 281 Vila Nova de Gaia E-mail: assinaturas@pontosdevista.pt

P 22

Anja Oekzul, CCO do Monte da Quinta Resort, em entrevista

Preço de capa: 4,00 euros (iva incluído a 6%) Assinatura anual (11 edições): Portugal: 40 euros (iva incluído a 6%), Europa: 65 euros, Resto do Mundo: 60 euros

P 28

EVY OUGENDAL, PRESIDENTE DA CÂMARA DE COMÉRCIO LUSO-NORUEGUESA

3 ABRIL 2017

Sede da entidade proprietária: Rua Oriental nrº. 1652 - 1660 4455-518 Perafita Matosinhos Outros contactos: +351 220 926 877/78/79/80 E-mail: geral@pontosdevista.pt redacao@pontosdevista.pt www.pontosdevista.pt www.horizonte-de-palavras.pt www.facebook.com/pontosdevista Impressão Lidergraf - Sustainable Printing Distribuição Nacional / Periodicidade Mensal Registo ERC nº 126093 NIF: 509236448 | ISSN: 2182-3197 Dep. Legal: 374222/14

P36 *O conteúdo editorial da Revista Pontos de Vista é totalmente escrito segundo o novo Acordo Ortográfico.

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Ana Teixeira, Chief Technology Officer do Grupo NOWO – ONI – UMA MULHER NUM MUNDO DE HOMENS

LIDERANÇA NO FEMININO

» Sandra Marques, DIRETORA-GERAL BOEHRINGER INGELHEIM PORTUGAL

“NÃO PERMITAM QUE AS TRATEM DE FORMA DIFERENTE”

FOTO: diana quintela

liderança no feminino

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Sandra Marques é Diretora-Geral da Boehringer Ingelheim Portugal.

Foi a primeira vez que alguém português foi eleito para o cargo.

Em entrevista, revela o seu percurso, valores e filosofias perpetua na empresa farmacêutica.

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SANDRA MARQUES

LIDERANÇA NO FEMININO

» Sandra Marques, DIRETORA-GERAL BOEHRINGER INGELHEIM PORTUGAL

O

que a levou a escolher a indústria farmacêutica?

Aconteceu por acaso. Tinha concluído o curso de Engenharia Química e queria começar a trabalhar. A oportunidade surgiu há cerca de 20 anos, sob a forma de Delegada de Informação Médica, desafio que achei interessante.

Passados estes anos, sinto que, apesar de inesperada, foi uma boa aposta. A indústria farmacêutica portuguesa é uma das áreas mais desenvolvidas a todos os níveis. É dos setores mais legislados e controlados, o que contribui para salvaguardar a transparência bem como os interesses dos doentes. É também uma das áreas que mais tem contribuído para a sociedade portuguesa, não só de forma direta, através da contínua criação de postos de trabalho, como através de atividades menos visíveis, como sejam, o apoio à formação científica dos profissionais de saúde – médicos, enfermeiros, técnicos de saúde, etc.

Adicionalmente, o maior contributo da indústria farmacêutica continua a ser ao nível das contribuições financeiras para o Serviço Nacional de Saúde, não só através do pagamento de impostos, mas também na flexibilidade da sua postura nas discussões e negociações com o Ministério da Saúde.

A Sandra foi a primeira pessoa portuguesa a ser nomeada pela Boehringer Ingelheim para o cargo de Diretora-Geral. O que representou para si esta nomeação?

Primeiro, uma surpresa. Depois um enorme desafio tendo em consideração a conjuntura económica e financeira do país na altura, que se continua a refletir nas empresas. No entanto, o balanço é positivo e a empresa mantém um crescimento favorável, apesar dos eventuais constrangimentos.

Representou também uma enorme oportunidade, que me permitiu poder continuar a contribuir para o desenvolvimento da empresa no nosso país, assegurando o acesso dos nossos doentes à inovação.

Por último, representou e continua a representar, um enorme privilégio de liderar uma equipa empenhada e dedicada, que trabalha de forma incansável no sentido de assegurar que a Boehringer Ingelheim Portugal continua a atingir os objetivos a que se propôs.

FOTO: diana quintela

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O que faz a Boehringer Ingelheim diferente dos seus concorrentes?

Apesar de operar globalmente em todo o mundo e ter mais de 50 000 colaboradores, a Boehringer Ingelheim é acima de tudo uma empresa familiar de capitais privados, totalmente independente e que assim se tem mantido ao longo de mais de 130 anos.

O facto de não estar dependente das expectativas dos operadores de mercados bolsistas, permite-nos assegurar todos os anos um investimento sustentado em investigação e desenvolvimento, equivalente a cerca de 20% dos nossos lucros.

Num mundo altamente competitivo e em constante mudança, o valor dos produtos, dos serviços e das empresas sofre enormes pressões e só é possível criar e manter valor para os clientes através do desenvolvimento constante de novas soluções.

FOTO: diana quintela

Como é a sua rotina?

Tenho a certeza que é igual à de tantas outras pessoas: levantar, tratar dos filhos, levá-los à escola, vir trabalhar, regressar a casa, passar algum tempo com a família, trabalhar mais um pouco.

A diferença é que parte dessa rotina é constituída por frequentes viagens, nacionais e internacionais, o que requer maior planeamento e alinhamento. Mas tirando isso, é perfeitamente normal. É a favor de políticas que acelerem mudanças no que diz respeito à inclusão de mais mulheres nas empresas, quais, por exemplo?

A questão não é assegurar mais mulheres nas empresas porque elas já lá estão. A questão é assegurar que têm as mesmas oportunidades de progressão e a mesma retribuição salarial que os homens nas mesmas funções – é aqui que considero que há ainda um longo caminho a percorrer.

FOTO: diana quintela

Teve que abdicar de algo na sua vida pessoal para conseguir chegar ao lugar onde se encontra?

Abdicar propriamente, julgo que não. Penso que não passamos tanto tempo quanto gostaríamos com a família – e, provavelmente, nem tanto quanto eles desejavam. Tentamos compensar as ausências procurando assegurar qualidade na disponibilidade e por isso quando estamos, estamos mesmo. É uma gestão difícil, como para qualquer pessoa que tem uma carreira e família, em que cada dia é uma aprendizagem.

na boehringer ingelheim portugal temos procurado acelerar este processo e nesta altura a equipa de direção, por exemplo, está praticamente equilibrada em termos de género”

Também me parece que medidas adicionais não resolvem o problema, pois já existe legislação nesse sentido que, na maioria das vezes, não é cumprida. Trata-se de uma questão cultural e as mudanças culturais demoram mais tempo. Mas penso que vamos assistir nos próximos anos a uma mudança radical com as mulheres a chegar cada vez mais rapidamente a mais funções e cargos de topo – não por imposição, mas por necessidade: é que já há vários anos que o número de mulheres tende a aumentar, bem como o número de mulheres com formação superior. Portanto eventualmente chegaremos a uma situação em que a escolha óbvia serão as mulheres. Provavelmente nessa altura teremos necessidade de uma lei de quotas para os homens. Na Boehringer Ingelheim Portugal temos procurado acelerar este processo e nesta altura a equipa de direção, por exemplo, está praticamente equilibrada em termos de género.

A maior parte da sua carreira foi construída na Boehringer Ingelheim. É difícil imaginar-se em qualquer outro lugar?

A Boehringer Ingelheim não só é a empresa onde eu estou há mais tempo, como também tem sido a que me tem dado maiores oportunidades de crescimento. Mas eu também gosto de desafios e preciso de me sentir desafiada constantemente, de forma a poder continuar a evoluir.

Na sua opinião, qual é o conselho mais importante que as mulheres precisam ouvir hoje no local de trabalho?

Não permitam que as tratem de forma diferente. Acreditem em vocês e persigam os sonhos – mesmo os que parecem impossíveis de concretizar. ▪

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A nossa filosofia de valor através da inovação é o pilar essencial que nos distingue e a visão que contribuiu para o nosso crescimento.

Um bom Líder explica o “porquê” por detrás do “faz” e o Colaborador, entendendo, torna-se criativo.

Reconhecer um bom desempenho é também a chave de uma liderança inspiradora

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Tema de capa

» ISABEL PADINHA, country manager DA VORWERK, EM GRANDE ENTREVISTA

“Estar na linha da frente é ser exemplo” “Há bons Líderes homens e a História está cheia de exemplos. Na vida das empresas, o equilíbrio entre a sensibilidade feminina e masculina é mais do que desejável”. Quem o afirma é Isabel Padinha, Country Manager da Vorwerk, nome que a maior parte dos portugueses desconhece, mas que é a empresa alemã proprietária da marca Bimby, que em grande entrevista falou sobre o seu trajecto, das dificuldades e obstáculos que enfrentou e que ultrapassou ao longo dos tempos, fruto da sua perseverança e dedicação.

Nesta conversa, percebemos que a nossa interlocutora tem paixão pelo que faz e orgulho em ser Mulher e assume que nunca olha para trás, salvo se daí retirar alguma aprendizagem para o futuro. Assume que ser Mulher “dá um trabalhão” e deixa um conselho a todas as Mulheres... “Não se conformem!”

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Tema de capa

» ISABEL PADINHA, country manager DA VORWERK, EM GRANDE ENTREVISTA

Deixo um obrigada a todas as mulheres com quem trabalho e trabalhei porque, seguramente, todas elas de alguma forma, contribuíram para fazer de mim a mulher que hoje sou

Liderança Mais Do Que No Feminino MKT, Formação, Vendas e CFO

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G

ostaria de começar esta conversa por perguntar quem é Isabel Padinha e quais são as principais características que tem colocado em prática na sua vida profissional até hoje?

A Isabel Padinha é uma pessoa comum que viu uma oportunidade e que tal como muito portugueses, a agarrou de mangas arregaçadas e uma vontade férrea de fazer mais, melhor e diferente. Com este ponto de partida, trabalhou muito, sonhou bastante e concretizou muitas práticas de sucesso numa empresa internacional. Começámos com cinco quadros, hoje somos 125 quadros e cerca de 1500 pessoas na rua. Olhar para trás causa-me arrepios.

Lembro-me bem que na altura muitos me chamaram imprudente, pois iria trocar um emprego seguro (como se os houvesse!) por uma empresa com um nome com duas letras fora do alfabeto português: VORWERK! Actualmente é Country Manager da Vorwerk, nome que a maior parte dos portugueses desconhece, mas que é a empresa alemã proprietária da marca Bimby, sobejamente conhecida pela maior parte das pessoas. Antes de irmos à marca propriamente dita, como se deu a sua entrada na Vorwerk e qual o balanço que pode fazer?

Dois braços direitos: Laura Galhardo Simões, Strategic Sales Manager e Inês Cirera, Marketing Manager

A minha entrada na Vorwerk deve-se a um acreditar extremo no produto Bimby. Os alemães estavam a fazer uma tentativa de entrada da Bimby via Espanha que não estava a ser muito bem sucedida, em minha opinião apenas ligada a uma liderança errada, e equacionavam se o mercado português seria um mercado onde a Bimby não se enquadrasse. (imagine-se!!)

Eu andava numa fase de vida de busca de nova vida, e tinha feito 300km para ver uma demonstração Bimby que me fascinara completamente. Na altura, o pequeno Banco onde trabalhava tinha sido comprado por um grande Banco e eu passara de um dos 70 colaboradores com nome, a um dos 22.000 colaboradores, anónimos, da maior instituição bancária da altura. Confesso que não adorei a experiência, mas aprendi muito, mas mesmo muito com ela. Tenho uma máxima que me acompanha de toda a vida: “quando o aluno está pronto, o professor aparece”. soube, sei e continuarei a saber ser aluna para o resto da minha vida, tirando lições e aprendizagens que passam muitas vezes despercebidas aos que estão à minha volta.

O balanço que faço destes quase 14 anos, não pode ser mais positivo. Não seria o Líder que sou, se não tivesse ido ao terreno, aprender na base o que é entrar em casa de um cliente, fazer uma demonstração Bimby, aprender na pele o básico: o sim, o não, o talvez, o porquê, o porque não,

Afirmou uma vez que “na banca percebi a gestora que não quero ser”. Quais as razões desta frase e que género de gestora pretende ser e tem sido?

Esta frase foi descontextualizada e ainda bem que tenho a oportunidade de a explicar. Como referi anteriormente, aprendi muito na banca, mas aprendi também que se a vida pessoal e profissional não estiver em equilíbrio, que claramente não estava, pela enorme carga horária a que as pessoas eram sujeitas, a produtividade pode ficar comprometida.

Aprendi que colaboradores felizes em casa, são muito mais produtivos no trabalho. Que quando conseguem uma harmonia entre o profissional e o privado, dão muito para além do que se lhes pede.

Na Vorwerk também temos picos de trabalho, simplesmente, eles não duram 365 dias e, quando existem, as pessoas sabem que é um momento de “tudo ou nada” e dão, mas dão com o coração. Fora os picos, não gosto de ver ninguém depois das seis. Vão para casa, para o filhos, o marido, o namorado, o ginásio, o pôr-do-sol, um copo, mas vão, porque tem que existir vida para além do trabalho.

Ao longo da minha vida vi muito poucos líderes estimularem isto no mundo do trabalho. Sobre os poucos que vi, lembro-me de pensar que eram super inteligentes! Tinham as equipas sempre com eles…

Ver uma mulher em cargos de liderança ainda é visto mais como uma exceção do que uma regra.

Durante o seu percurso profissional alguma vez sentiu dificuldades acrescidas pelo facto de ser mulher?

Claro que sim. Trabalho para uma multinacional, na qual Portugal se encontra em minoria quando falamos de CEO’s e CFO’s femininos. Quase todos os países têm na liderança destes cargos um homem e sei que muitas vezes custa aceitar ver sair de Portugal grandes práticas que são aproveitadas por todos os outros países. Nós queremos sempre ser o “pilot country”. Poderia enumerar-lhe uma grande lista de áreas onde fomos pioneiros a nível internacional: Fomos o primeiro país na área digital (lançamos uma app de receitas, o primeiro a ter uma Agenda digital para a força de vendas, o primeiro no Facebook, o primeiro a fazer um lifestreaming…), o primeiro a ser Superbrand, o primeiro a ganhar um prémio Internacional com um livro de receitas, os “Gourmand Awards” que são os óscares dos livros e, Portugal tem vários livros premiados, incluindo um livro que foi considerado o Melhor Projeto de Solidariedade e Angariação de Fundos da Europa. Fomos os primeiros a ter

Cristina Gonçalves, CFO no feminino

ESTAR NA LINHA DA FRENTE DA MARCA BIMBY O número de mulheres em funções de liderança tem vindo a aumentar nos últimos anos, mas ainda assim a presença feminina em cargos de chefias em Portugal ainda tem um longo caminho a percorrer. Como é estar na linha da frente da marca Bimby? É duro. É reinventarmo-nos todos os dias. É saber que aquilo que tínhamos planeado fazer naquele dia pode vir a ser uma coisa bem diferente e ainda assim não desanimar, mas mais importante do que isso, é fazer com que os outros à nossa volta não desanimem também.

Estar na linha da frente é ser exemplo. É esquecer o nosso eu, porque ali há outros “eus” que dependem do nosso ânimo, perseverança, resiliência e motivação.

Não é nada fácil saber que os olhos estão sempre postos em nós.

Na sua opinião, serão as mulheres melhores líderes? O que diferencia as mulheres em cargos de liderança? Temos bons gestores em Portugal?

(Não me arranje inimigos!) Há bons Líderes homens e a História está cheia de exemplos. Na vida das empresas, o equilíbrio entre a sensibilidade feminina e masculina é mais do que desejável. Ainda assim, tenho tido a oportunidade de ver um tronco comum em algumas mulheres em cargos de liderança: inteligência emocional forte e atenção aos pormenores. Àquele detalhe, que acaba por fazer uma grande diferença na passagem da comunicação, da imagem, do sentimento, da mensagem, do sonho... Talvez os homens tenham mais medo de se expor, mas conheço vários muito bons gestores em Portugal e lá fora.

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o poder do hoje, a aprendizagem de ontem e a esperança no amanhã. Fez de mim um Líder com consciência da prática, onde aprendi coisas que tenho a certeza, não se encontram em nenhum manual académico.

Contagiei uma equipa com esta descoberta e, não importa de que universidades vinham Licenciados, a escola Bimby começa em casa do cliente.

Acredite-se ou não, isto empodera quando se dá formação, credibiliza o processo, faz seguidores, porque quando se fala, fala-se com muito conhecimento de causa e não porque se empinou uma matéria compilada pela experiência de outrem.

Julgo, que este é parte do segredo do sucesso da Bimby em Portugal. Na equipa, existe paixão e entrega a uma marca como nunca vi acontecer em nenhuma outra empresa por onde passei.

Tema de capa

» ISABEL PADINHA, country manager DA VORWERK, EM GRANDE ENTREVISTA

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uma Revista em Banca (que também já recebeu um Gourmand), os primeiros a “Cozinhar por uma Causa” e usar a Bimby em projetos de responsabilidade social. Já exportámos recursos lá para fora.

Hoje é uma portuguesa que está à frente dos destinos do México, há uma portuguesa como Product Manager a trabalhar com os Engenheiros alemães, há uma portuguesa a abrir o mercado de Nova Iorque; é portuguesa a equipa que produz filmes para maioria dos países. É portuguesa a empresa de formação com que Portugal trabalha que também já é responsável por áreas de formação em alguns países. É portuguesa a empresa de design e produção dos nossos livros que já algumas empresas Vorwerk utilizam. O que concluo também, é que quando os portugueses têm a oportunidade de se mostrar, normalmente, o fazem muito bem.

Infelizmente, somos um país pequeno onde nem sempre surgem oportunidades.

Uma sociedade equilibrada contempla a integração de homens e mulheres com igualdade de oportunidades. O sexo não torna o indivíduo nem mais nem menos apto para o desempenho de uma determinada função. O que é para si ser um bom líder?

Ser um bom Líder é conhecer muito bem o “job description” de cada colaborador com quem se trabalha. É ter a certeza que ele o conhece e que sabe o que é esperado no final de cada dia, de cada semana, de cada mês, de cada tarefa e de cada projeto. Esta é a única forma que conheço de não criar expectativas desnecessárias e frustrantes. É investir na formação dos colaboradores, mantê-los atualizados, dar-lhes ferramentas para um melhor desempenho. É saber colocar a pessoa na função certa. Já tive casos de pessoas com baixa performance em determinadas áreas e que se revelaram excelentes colaboradores quando colocados de acordo com as suas competências técnicas, pessoais e aspiracionais. É acreditar que a pessoa pode ir mais longe. Que eu Líder acredito,

BIMBY

Uma das grandes valias da Bimby é que hoje em dia qualquer pessoa a pode utilizar. Como explica o sucesso da marca?

O sucesso da marca é o conceito “tudo em um”. Um robot sólido que concentra num único aparelho todos os pequenos eletrodomésticos da cozinha (balança, varinha mágica, ralador, triturador, passe-vite, 123, pulverizador, picador de gelo, picador de carne, batedeira de bolos e massas lêvedas e, no fim ainda faz de fogão e de tacho, potenciando ainda a cozinha ao vapor). Associado ao produto, uma marca que atravessou duas guerras mundiais e sobreviveu nas mãos da mesma família até ao dias de hoje e que continua a fazer a sua aposta maioritária em postos de trabalho dentro das fronteiras da União Europeia (ainda que isso possa tornar os seus produtos mais dispendiosos).

mas que ela também tem que acreditar.

Julgo que um bom líder ensina a pessoa a capacitar-se, ajuda-a a ver umas asas que ela julgava não ter e, depois até sorri ao vê-la voar. Sei que soa um bocado poético, mas já vi isto acontecer dezenas e dezenas de vezes ao longo destes 14 anos. Um bom líder tem que ser dotado de uma enorme inteligência emocional para conseguir “calçar os sapatos do colaborador” nos momentos de grande tensão.

Um bom Líder deve ter um foco na Formação desde o primeiro minuto. À velocidade alucinante

a que acontecem as mudanças nos dias de hoje, é preciso que os colaboradores se sintam preparados e, por isso, procuro ter sempre um budget anual que cumpra com as necessidades de motivação e atualização da minha equipa, tendo em conta tanto a formação técnica como a comportamental.

Um bom Líder explica o “porquê” por detrás do “faz” e o Colaborador, entendendo, torna-se criativo. Reconhecer um bom desempenho é também a chave de uma liderança inspiradora.

Acredita que o país e o mundo começam a mudar mentalidades e comportamentos no que concerne às Mulheres e os cargos de Liderança?

O que ainda falta?

Talvez falte perceber que a mulher tem que provar muito mais do que um homem para fazer o lugar. Que para estar ali, naquela reunião, o seu dia já começou há muitas horas atrás onde, provavelmente, já viveu vários papéis: já despachou os filhos, fez lancheiras e marmitas, ajeitou fardas, trocou de roupa pois aquele filho deu-lhe “aquele abraço” esquecendo-se que as pontas dos dedos tinham restos de estrelitas de chocolate, fez de motorista, passou pelo cabeleireiro, retocou as unhas. Falta perceber, que todo este esforço traz, sem querer, competências enormes na área da Diplomacia, Estratégia, Organização, Planeamento e Comunicação. Gosto muito de trabalhar com mulheres que foram mães. São umas excelentes negociadoras.

Como Country Manager da Vorwerk, que análise perpetua das Mulheres no seio da empresa e das oportunidades que lhes são concedidas? É uma marca que promove a equidade entre géneros?

Sem dúvida que sim, embora inexplicavelmente na área comercial a tendência seja, maioritariamente, feminina. Não porque o procuremos mas acaba por ser assim. Tenho 21 Gestoras de

Que conselho deixaria às Mulheres que diariamente convivem e lutam contra o preconceito, o ceticismo e a dúvida pelo simples facto de serem Mulheres?

Não se conformem. Comparem-se com o melhor de si próprias e não olhem para trás a ver quem vem aí. Lembrem-se que os olhos não são na nuca. Eu nunca olho trás, salvo se for para tirar alguma lição que me sirva para a frente.

Que análise pode fazer do crescimento e evolução dos robôs de cozinha Bimby em Portugal? Veio revolucionar a vida dos portugueses?

Em que aspetos?

A análise clara que faço é que foi a Vorwerk que criou a concorrência no mercado de robots.

Durante mais de duas décadas estivemos como Adão e Eva no paraíso e, de repente, começámos a ver o mercado a ser invadido por robots de cozinha, alguns a “colarem” a sua abordagem à da Vorwerk, tanto ao nível do equipamento como ao nível da imagem gráfica dos nossos livros e revista. Sem dúvida, que a Bimby veio revolucionar a forma de estar na cozinha e em muitos casos teve um impacto até na forma de estar em família.

Será legítimo afirmar que a Bimby conseguiu aproximar famílias pelo simples facto do processo de cozinhar se ter tornado mais simples, eficaz e célere?

Para nós, a Bimby não tem um cliente padrão.

Qualquer pessoa podia aderir ao nosso produto, independentemente do sexo, idade ou estrato social; desde o pai divorciado que nunca tinha cozinhado e que deixava de mandar vir pizas para as fazer em família com um filho de cada lado na cozinha, à mãe que tinha um bebé a dar os primeiros passos na alimentação, à avó que recebia a família para o almoço de Domingo, os que sabiam cozinhar e os que não sabiam, os que queriam aprender, os que tinham restrições alimentares, os que se importavam com os rótulos dos ingredientes, os que sonhavam com a aventura da cozinha, os Celíacos, os Vegetarianos, os Vegan, os Paleo, enfim…Neste momento, temos uma Bimby que permite responder cada vez mais às necessidades dos nossos clientes, que permite sentar à volta da mesa a família e ir buscar “aquela receita que a avó fazia” mas também fazer um menu para a semana inteira e vê-lo no ecrã da Bimby, enviar a lista de compras desse menu para o smartphone e facilitar a ida ao supermercado. Uma Bimby tão vanguardista que já é possível abrir o frigorífico e ver que só há, por exemplo, bifes de frango, e fazer uma pesquisa por ingrediente e ver imediatamente listadas duas ou três sugestões de receitas para fazer com aqueles bifes! Uma Bimby que permite criar pequenos “livros” dentro da maquina com nomes personalizados como “as preferidas do pai”, “bons almoços de domingo”, “lanches que não falham”“as minhas dietas”, “jantares infalíveis”, etc. Esta Bimby, é o casamento perfeito entre tecnologia e tradição com um impacto inegável na aproximação da família ao momento de cozi-

nhar. Deixou de ser um momento da mãe para passar a ser um momento de todos. Enquanto uns escolhem o menu, outros vão às compras, outros preparam … a Bimby cozinha e …todos desfrutam!

Um dos aspetos interessantes é que mesmo com a crise que o nosso país viveu, a marca conseguiu manter níveis de negócios e lucros bastante acentuados. A que se devem estes resultados positivos?

Os resultados devem-se a um produto de excelência, aliado a uma equipa de excelência nos bastidores da Vorwerk em Portugal combinado com um serviço Premium prestado pelos nossos agentes no terreno. O cliente, sem saír da sua casa, vê o produto, experimenta-o, comprova resultados e recebe, mais uma vez no conforto da sua casa, uma entrega personalizada, onde em vez de ter que ler um manual de instruções, tem alguém que lhe explica tudo o que precisa saber para o utilizar e rentabilizar. Costumamos dizer que a Bimby se paga a ela própria e, sem dúvida, se o cliente a utilizar, rapidamente vê o retorno do investimento. Ás vezes, tenho amigas que me dizem: “tenho uma Bimby, mas só faço sopas”! Pergunto-lhes logo: porque não compraram antes uma varinha mágica?

Agora, bom mesmo, é ver sorrir aqueles clientes que fazem sopas, rolo de carne, douradas ao vapor, iogurtes, marmelada, pizas, tartes, marmitas para o colégio e que ainda se aventuram onde antes nunca pensaram ir, tipo, “sericaia da minha avó”, ou ouvir aquele pai, cujo filho sofria de uma restrição alimentar e que pode, pela primeira vez, vê-lo saborear um sorvete feito em casa. Isto sim, aquece o coração!

Bimby 5ª Geração. Quais as valias deste produto? Passa, acima de tudo, pela capacidade que tem em aliar a cozinha tradicional com as novas tecnologias?

As mais valias para além de tudo o que já se disse em termos de tecnologia e inovação, são os serviços que suportam o cliente e vieram facilitar todo o processo do “antes, durante e depois” da única tarefa que não pode ficar para amanhã: alimentar a família. Há uma Equipa de vendas credenciada para estar no terreno e que tem formação contínua; Há um Departamento de Desenvolvimento de Receitas que só coloca um selo Bimby numa receita depois de esta ter passado pelos 10 Critérios de Qualidade Vorwerk; Há livros publicados e uma revista mensal em banca que ajudam o cliente nesta aventura da gastronomia; há um Portal de Receitas digitais, o Cookidoo, onde o cliente desfruta de mais de 1200 receitas temáticas, segmentadas em função das suas necessidades e onde pode ainda escolher receitas internacionais; através deste serviço o cliente pode fazer menus com os filhos, onde cada um escolhe uma receita para um dia da semana, criar a sua lista de compras e enviar para o telefone, ficando com todos os ingredientes que vai precisar disponíveis, assegurando que não lhe vai faltar nada; Há as aulas de cozinha e os Workshops Cook-it. Há um serviço técnico para apoio ao cliente. Eu diria que a 5ª Geração é uma aposta para todos e onde todos podem participar, pois é uma viagem à cozinha Tradicional, à cozinha Automática e à cozinha Guiada passo-a-passo. Mas a melhor forma de perceber isto com muita facilidade é, sem dúvida, ver uma Demonstração personalizada. ▪

A terminar, quais os grandes desafios que se colocam à marca para o futuro em Portugal?

Continuar a ser Líder de mercado num mercado com concorrência. Dói, dá trabalho, exige a excelência. Mas, venha ela! A acrescer a isto, olhar para a nossa forma de trabalhar que esteve sempre centrada num único canal e ir adaptando-a àquilo que o cliente pede. Hoje, fala-se muito já de “Omnichannel” e a Vorwerk, com certeza, que terá que fazer os seus ajustes para continuar a servir o cliente, mas como lhe disse, a marca já sobreviveu a mudanças tremendas e sempre se adaptou.

13 ABRIL 2017

Loja, distribuídas de Norte a sul do país, três Área Managers, uma Regional Sales Manager e uma Marketing Manager, tudo isto no feminino.

Se as conhecesse, ficaria rendido. É uma equipa tão lutadora, sempre em busca da excelência que vive o seu dia-a-dia como atrás lhe descrevi.

Vivem mil vidas num só dia.

Ser Mulher é…?

Ser Mulher dá um trabalhão. É fazer, é mandar fazer, é estar sempre bem, é disfarçar, é permanecer, é desapegar, é perdoar, é exigir, é desculpar, é acreditar, é cuidar. Ser mulher, é concentrar em si quase todos os verbos em todos os tempos verbais!

E já agora, deixo um obrigada a todas as mulheres com quem trabalho e trabalhei porque, seguramente, todas elas de alguma forma, contribuíram para fazer de mim a mulher que hoje sou.

LIDERANÇA NO FEMININO

» FERNANDA alves SCHMELZ EM ENTREVISTA

“TEMOS DE ACEITAR DE UMA VEZ POR TODAS QUE NÃO É O GÉNERO COM QUE NASCEMOS QUE NOS DEFINE COMO PESSOAS” Fernanda Alves Schmelz, Vice-Presidente da Rainbow Portugal, deixa uma mensagem a todas as mulheres: “Não se deixe armadilhar por dogmas, que é o mesmo que viver segundo os pensamentos de outros. Não deixe que o barulho das opiniões dos outros abafe a sua voz interior”.

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ernanda Alves Schmelz é empresária e uma mulher empreendedora que dirige, atualmente, duas empresas. O que a inspira e motiva diariamente enquanto mulher e profissional?

A motivação é a mesma, ou seja, não sinto que, como mulher, tenha motivações diferentes das que tenho como empresária ou líder. É a motivação para a vida que conta e essa resume-se em poucas palavras: perseguir com determinação objectivos concretos sem pôr em causa os valores morais e éticos que aprendi em criança e que tento transmitir não só aos meus filhos como a todos aqueles com quem trabalho ou tenho relações de amizade.

Respeitar esses valores não significa para mim, porém, recear a inovação e a criatividade. Pelo contrário, fomento-as e procuro incluí-las (com

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bom senso e orientação adequada) em todos os aspectos da minha vida.

Convido persistentemente as várias equipas com que trabalho a sugerirem novas abordagens, novos eventos, novas formas de nos aproximarmos uns dos outros e de potenciais clientes e tem-me surpreendido positivamente a riqueza das propostas recebidas. Propostas que, uma vez discutidas e consensualmente aceites, passam a ser um projecto comum a várias equipas, envolvendo o maior número possível de pessoas que se deixam apaixonar pelo projecto.

Mulher e empresária, é também mãe de três filhos. É preciso ser-se uma supermulher para se conseguir conciliar todos os papéis que são inerentes a uma mulher?

Acredito que todos somos inteira e igualmente responsáveis pelas nossas vidas, pelas decisões que tomamos e pelas consequências dessas decisões. Também acredito que podemos evitar muitos erros na vida, se nos organizarmos e tivermos a noção das prioridades

Fernanda Alves Schmelz

Para mim, esse conceito de supermulher ou super-homem é discutível. Não se é “super” quando se luta esforçadamente para atingir os objectivos materiais, emocionais e afectivos que qualquer ser humano se propõe. Pensar que ser mulher e mãe tem necessariamente de implicar uma menor prestação profissional é falso e injusto.

O que é vital é ter uma atitude positiva perante a vida, saber ouvir os outros, aprender com os erros e ter um modelo de referência a seguir (ou vários, conforme a área da vida de que estamos a falar). Pessoalmente, sinto-me realizada sempre que posso passar a outros a minha experiência, as minhas ferramentas, as minhas recompensas, convidando-os a fazerem o que fiz e continuo a fazer: aprender, estar atenta, decidir, agir, assumir responsabilidade pelos erros e celebrar as vitórias em que incluo com alegria e gratidão os que colaboram comigo para as obter. E isto não é nada de extraordinário: é viver com os pontos fortes e fracos de qualquer ser humano, mas com equilíbrio, prioridades definidas e um grande sentimento de gratidão pela vida em si. É uma mulher de causas e desde sempre que se dedica ao voluntariado e a ações humanitárias.

Em que projetos está ou esteve envolvida e que gostaria de partilhar connosco?

Desde a minha adolescência que me envolvo em trabalho voluntário e me dedico a causas humanitárias e filantrópicas na África do Sul, em Portugal e também nos Estados Unidos. Quer se trate de trabalhar com crianças com deficiências mentais ou físicas, de recolher bens e produtos e distribui-los em igrejas e orfanatos (muitas vezes na companhia dos meus filhos), quer de contribuir com donativos para parar com a crueldade para com os animais ou para salvar uma espécie em perigo… Envolvo-me ainda em causas ambientais, sendo muitas as vezes que adiro, com os meus filhos, a acções nesta área, como, por exemplo, plantação de árvores, promovidas por entidades e associações relacionadas com o bem-estar ambiental. A Rainbow em Portugal festeja frequentemente algumas datas significativas e, sempre que o espaço o permite, convidamos representantes de associações humanitárias, de proteção animal, e de defesa do ambiente, a quem damos oportunidades para divulgarem os seus serviços e angariarem associados.

É uma oradora influente e gosta de promover o bem-estar. Que mensagem gostaria de deixar às nossas leitoras para as suas vidas profissionais e pessoais?

Como diz Stephen Hawking “temos de aceitar de uma vez por todas que não é o género com que nascemos que nos define como pessoas, quer relativamente às nossas capacidades quer relativamente ao nosso papel na sociedade”.

Uma sociedade mais paritária é mais justa, mais equilibrada e, obviamente, mais competitiva.

Por isso, não se deixe armadilhar por dogmas, que é o mesmo que viver segundo os pensamentos de outros. Não deixe que o barulho das opiniões dos outros abafe a sua voz interior.

Por fim, nunca deixe que a validação dos seus actos dependa do facto de ser mulher. Nem os bons nem os maus resultados podem ser explicados pelo género, mas pelas escolhas informadas que cada um faz, homem ou mulher. A nossa vida é plena de escolhas. Acredito que todos somos inteira e igualmente responsáveis pelas nossas vidas, pelas decisões que tomamos e pelas consequências dessas decisões. Também acredito que podemos evitar muitos erros na vida, se nos organizarmos e tivermos a noção das prioridades. Uma coisa espantosa que a vida tem é que está em constante mudança. As prioridades que se estabelecem hoje podem ser completamente diferentes amanhã ou daqui a uns meses... Por isso, frequentemente, pergunto a mim própria o que é importante, o que é que me proponho fazer, que projecto me está a apaixonar, como posso ser a pessoa que sempre quis

ser. Estou a avançar para deixar o legado que pretendo deixar? Mantenho os meus valores e as minhas prioridades? A minha saúde, a família, a carreira, a segurança financeira, a minha vida espiritual, a interacção com os outros?

Para levar uma vida equilibrada, preciso de saber o que é mais importante para mim e em que momento. É por isso que tenho de me concentrar nas coisas certas. As que me ajudam a concretizar os meus objectivos, entre os quais ressalta a minha parte de responsabilidade na gestão de uma marca com o prestígio mundial da Rainbow. É deste equilíbrio que resulta a capacidade de incentivar as várias equipas (vendas, marketing, assistência, etc.) – e dar-lhes meios – para manterem Portugal, desde 1996, entre os 3 países de todo o mundo com mais unidades vendidas por mês e por ano. É desta forma simples e universal que entendo a liderança. Ao fazê-lo, sinto uma grande paz, uma grande harmonia e um grande equilíbrio na minha vida, e, ao mesmo tempo, que estou ligada aos que me rodeiam, ao universo. ▪ *Este texto não foi redigido segundo o novo ortográfico

15 ABRIL 2017

Deixou para trás os seus estudos em psicologia infantil e uma carreira como modelo.

Olhando para trás mudaria alguma coisa no seu percurso?

Deixar para trás não significa para mim esquecer o que já aprendi e continua a enriquecer a minha vida como pessoa. Não perco muito tempo a pensar no que ou se teria feito de diferente; o passado é uma bagagem preciosa para me ajudar no presente a preparar o futuro.

Ao rever o meu percurso de vida, é surpreendente que os meus primeiros grandes feitos tenham tido a ver com concursos de beleza...

Agora sou essencialmente uma gestora de mulheres e homens que confiam em mim e que respeito e admiro pelo seu empenhamento. Tomo diariamente decisões que envolvem, em Portugal, a marca mundialmente conhecida Rainbow. O sistema de limpeza Rainbow (que alguns chamam, erradamente, aspirador) é comprovadamente o melhor produto de limpeza e purificação doméstica, recomendado por muitos médicos e instituições como a Fundação do Pulmão, em Portugal e algumas associações americanas, como, entre outras, a Asthma & Allergy Foundation, a Association of Home Appliance Manufacturers e a The Carpet and Rug Institute, Inc. Temos mais de 290 mil clientes em Portugal, mais de 400 agentes autorizados e 14 distribuidores independentes, sendo sobre este mundo que eu e as minhas equipas nos focamos diariamente. É neste imenso mundo que me é permitido exercer a melhor das lideranças que é, para mim, aquela que não implica autoritarismo nem prepotência, mas comunicação e interacção constantes, independentemente do género, idade ou etnia.

LIDERANÇA NO FEMININO

» AIRA DE MELLO, DA VOLVO PORTUGAL, EM ENTREVISTA

“MAIS QUE O GÉNERO IMPORTARÁ A COMPETÊNCIA” Conheça Aira de Mello, Diretora do Departamento de Marketing e Relações Públicas da Volvo Portugal, que em entrevista revela acreditar que “os melhores resultados surgem da diversidade - de género, de opinião, de cultura e de background”.

aqui?

Desde o início da Volvo Car Portugal em 2008.

Eu diria que o meu é um percurso de comunicação e marketing “sobre rodas”. Terminada a universidade comecei a trabalhar em agências de comunicação, primeiro na Ogilvy (1996) onde aprendi muito, depois na Wunderman (2000) onde pela primeira vez tive oportunidade de dirigir a conta de duas marcas de automóveis – a Ford e a Land Rover. A queda para a comunicação e marketing ligou-se à paixão pelos automóveis que desde miúda crescia em mim, o cocktail foi explosivo e não mais deixei de abraçar ambos. Passei para “outro lado do balcão”, primeiro na FIAT Auto Portuguesa, grande escola, depois na BMW Portugal onde fiz a start-up em Portugal e estive quatro intensos anos até receber o convite para vir para a Volvo, que inaugurava a sua National Sales Company no mercado nacional.

Uma marca de valores, de pessoas, que nasceu do sonho de dois homens, visionários, que os automóveis sejam símbolo de alegria, de liberdade e nunca de sofrimento e perda. Estamos quase a concretizá-lo, por eles, por todos nós.

Uma marca diferente.

liderança no feminino

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Que marcos destaca da sua carreira e que são motivo de orgulho?

Destaco dois. Completamente díspares. Um projeto que fiz na Wunderman com a Água do Luso. Na altura fizemos um programa de marketing social que permitiu a construção de 30 poços de água potável em Moçambique.

O projeto “deu/dá de beber” a cerca de 20.000 famílias, uma ajuda de quem é suficientemente privilegiado para ter água mineral à mesa àqueles que nada têm. Foi um projeto muito bonito e emocional, os poços ainda lá estão, a funcionar.

Já na Volvo, quando lançamos os motores ecológicos Drive-E fizemos um challenge que levaria três Volvo, conduzidos por pessoas comuns, de Lisboa até onde pudessem chegar com apenas um tanque de combustível.

Pelas minhas contas (ambiciosas para a generalidade dos colegas) chegaríamos a Paris. Na verdade ultrapassamos a cidade luz por mais de 200 quilómetros. 2000kms com um tanque de 50 litros de gasóleo (!) Foi um projeto inovador e gratificante.

Na sua opinião, há ainda muito preconceito relacionado com uma liderança no feminino? Viveu algo do género?

O meu primeiro emprego foi numa empresa com uma mulher na direção geral, isto nos anos 90. Sinceramente nunca tive nenhuma má experiencia. Eventualmente tive sorte, talvez por sempre ter trabalhado em multinacionais com culturas de empresa um pouco mais “à frente”, infelizmente conheço casos bem diferentes onde ser mulher significa ser e dar mais de si para chegar ao mesmo lugar e por vezes com menos compensações e méritos.

A evolução está a acontecer e é inexorável.

Acredito que as mentalidades estão a mudar, mais que o género importará a competência e claro a capacidade de cada um para se impor em ambiente profissional. No meu caso, desde que trabalho no mercado automóvel tenho, sobretudo, colegas do sexo oposto. Geralmente estou em reuniões em que sou a única mulher e isso nunca fez a mínima diferença.

As estatísticas revelam um aumento de disparidade salarial entre homens e mulheres, à medida que aumenta o grau de formação.

Este será um problema de mentalidade?

Certamente de mentalidade e sobretudo de algumas organizações, felizmente na Volvo, uma empresa em que os valores fortemente sociais suecos estão bem enraizados tal não se verifica. Conta sim o nível de responsabilidade para o negócio associado à função.

AIRA DE MELLO

Acredito que a sociedade está a evoluir no sentido de libertar a mulher das suas responsabilidades familiares de há 20 ou 30 anos

Conciliar a vida familiar com o trabalho continua a ser o maior desafio para as mulheres?

Acredito que a sociedade está a evoluir no sentido de libertar a mulher das suas responsabilidades familiares de há 20 ou 30 anos.

Assistimos a uma gradual divisão de tarefas que dá mais tempo às mulheres para terem espaço para a sua carreira profissional sem prejudicarem a sua vida pessoal. No meu caso é fácil manter ambos de forma equilibrada.

FOTO: direitos reservados

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á quanto tempo é Diretora do Departamento de Marketing e Relações Publicas da Volvo Portugal? Como foi a sua jornada até

Fala-se da competitividade e propensão ao risco típica dos homens e, por outro lado, diz-se que se houvesse mais mulheres em cargos de topo as coisas estariam melhores.

Será isto verdade? É sexista dizermos que seria melhor ou pior se as mulheres tivessem mais cargos de topo.

Evidentemente que mais que o género conta a personalidade, o profissionalismo e a competência. Já trabalhei com mulheres incompetentes e homens fantásticos e vice-versa, mais que homens, mulheres, brancos, azuis ou verdes somos pessoas, diferentes. Acredito que os melhores resultados surgem da diversidade - de género, de opinião, de cultura e de background. ▪

LIDERANÇA NO FEMININO

» CARMEN ALVES DA PULLOVER

BE YOURSELF, BE PULLOVER! É mãe, mulher e profissional. Conheça a história de Camen Alves da PullOver, uma loja multimarca com uma história de 30 anos no mercado de Leiria que, como a própria revela, foi uma oportunidade que viu e agarrou, como fez sempre desde muito nova…

A Pullover aparece em que fase da sua vida? Era já um sonho antigo?

A PullOver é uma loja multimarca com uma história de 30 anos no mercado de Leiria. Não se tratou de um sonho mas de uma oportunidade para desenvolver um conceito já pré-existente: o de uma imagem irreverente ajustada à realidade profissional. Acredito que há espaço no mercado para esse conceito, porque se diferencia do conceito habitual de vestuário, define um estilo muito próprio baseado na diferença e na exclusividade que as pessoas não têm que ter medo de assumir só porque a maioria “reprime”. Por isso me envolvi pessoalmente, sendo o exemplo disso mesmo e ajudando a incentivar os clientes para sair fora do conceito clássico.

Já escrever… isso sim é um sonho antigo baseado numa espécie de “missão” de partilhar experiências próprias que possam ser úteis a outrem.

Qual é a melhor coisa que retira de se ter tornado empresária?

A possibilidade de criar, de inovar, de ousar. A cons-

ciência do risco é importante na nossa vida e é um papel que não é para todos, pois é frequentemente desconfortável e até incerto. É risco, ponto. À dimensão de cada projeto naturalmente, mas é preciso ter uma capacidade de assumir riscos que não são fáceis e que se refletem financeiramente no nosso próprio bolso. Estar dos dois lados do cenário – empregada e empregadora – faz-me compreender ambos os papéis e a ponderar melhor todas as opções. É preciso ter espírito positivo e capacidade de encaixe para lidar com as consequências dos momentos mais difíceis dos negócios. Da mesma forma que é compensador sempre que fazemos bem o nosso trabalho. E a beleza está nisso mesmo, nessa capacidade de equilíbrio.

Na sua opinião, existe desigualdade no tratamento de homens e mulheres por parte das empresas?

Eu sou suspeita para falar nisso, porque nunca o senti.

Tive a sorte de trabalhar com pessoas fantásticas e de uma formação excecional, onde a meritocracia era a base da evolução na carreira. No meio de tanta formalidade própria às funções que assumi, a imagem mais ou menos ousada nunca foi um problema. Comparativamente aos homens, nunca senti qualquer tipo de tratamento diferenciado, inclusivamente ao nível salarial.

Acredito que quando nos destacamos, sejamos homens ou mulheres somos recompensados de igual forma; mas acredito nisso porque é somente essa a realidade que eu conheço. Agora acho que há profissões onde destacar-se dos homens é de facto muito mais difícil, por exemplo no setor da construção: uma área fundamentalmente de homens e de mão-de-obra masculina e onde uma liderança feminina mais difícil é de assumir.

Mas isso é uma coisa natural, faz parte da área e há que saber entender isso. Há profissões onde se enquadram mais os homens e outras onde se enquadram melhor as mulheres, sejamos realistas. Não se trata de desigualdade, trata-se de demorar mais tempo a sobressair, talvez principalmente por questões culturais ou de força bruta, e nesse sentido o papel é mais dificultado às mulheres.

Três coisas que as mulheres empreendedoras precisam de saber…?

Primeira: ser mãe, mulher e profissional ao mesmo tempo é possível. É difícil, mas é possível.

Segunda: a inteligência emocional é um privilégio das mulheres. Uma vantagem que coloca na mulher a responsabilidade maior do equilíbrio dentro das organizações.

Terceira: nunca desistir. Nunca!

Uma mensagem de uma mulher empreendedora para outras que vão ler a sua entrevista. ▪

Be yourself, be PullOver !

Livro Socorro! eu também existo

17 ABRIL 2017

T

rabalhou em marketing, em assessoria, como relações públicas e até escreveu um livro, hoje é empresária. Com uma história profissional tão dinâmica a pergunta que se impõe é quem é Carmen Alves?

Carmen Alves é uma mulher muito simples, que teve um percurso pessoal extremamente difícil, e que por isso mesmo desde cedo se habituou a lutar pelos seus objetivos. Apenas isso. Enquanto criança tive uma vida humilde, perdi a mãe cedo, mas fui ensinada a nunca desistir dos objeti- CARMEN ALVES vos, fossem eles quais fossem. Sempre trabalhei e estudei, desde os 16 anos. Creio que terá sido esse início de vida precoce que me tornou numa mulher determinada, o que veio a refletir-se na minha vida profissional.

A experiência mais significativa da minha vida foi de facto o Grupo Lena, onde me formei profissionalmente e onde tive a oportunidade de criar e desenvolver, durante 17 anos e junto das melhores pessoas, projetos de enorme responsabilidade, tanto como Diretora de Marketing como enquanto Assessora de Administração.

Foi lá que tive o privilégio de aprender e de formar-me junto das melhores pessoas e dos melhores profissionais que, reconheço, desde cedo viram em mim a determinação e a ousadia necessárias a assumir algumas posições de destaque na organização. Parte-se-me por isso o coração e entristece-me deveras, conhecendo pessoal e profissionalmente cada um dos seus líderes, ver as injustiças e julgamentos públicos a que o Grupo Lena tem estado exposto nos últimos tempos; algo que só quem não conhece pode alimentar e acreditar…

LIDERANÇA NO FEMININO

» MARTA VEIGA, FUNDADORA DA MyNurse

MyNURSE UM SERVIÇO DE SAÚDE EM SUA CASA, QUANDO, COMO E COM QUEM ESCOLHER Quando a mãe e a avó ficaram doentes, Marta Veiga precisou e não encontrou um cuidador que prestasse os cuidados de saúde que procurava. Por isso decidiu conceber aquilo que procurou e não encontrou.

Criou a MyNurse, um serviço online que leva a saúde a casa.

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ma aplicação para escolher e agendar serviços de saúde, que permitam conhecer e escolher o prestador em tempo real e na sua área de localização..

A ideia de Marta passa por conseguir garantir às pessoas o acesso a uma rede de cuidados de saúde ao domicílio, de forma simples e intuitiva no telemóvel.

Envolveu três amigos e explicou a sua ideia e, de uma conversa de café, passou à ação. “Fui tentar encontrar as pessoas que me poderiam ajudar a agilizar o processo que se tornou muito fácil. Num domingo à tarde começamos a desenhar o projeto, pensamos em falar com alguém que soubesse como funcionava o universo das star-ups e depois de encontrar a pessoa certa me ajudar, cheguei até ao Pedro Santos da DarwinLabs”, que é o responsável pelo desenvolvimento tecnológico e digital da MyNurse.

“O Pedro achou uma ótima ideia de negócio e pediu-me duas coisas antes de aceitar o desafio: 20 prestadores e um cliente. Deu-me tempo de uma semana a um mês para o conseguir. No dia seguinte telefonei-lhe a dizer que tinha arranjado 40 prestadores e um cliente. Avançámos e foi assim que nasceu a empresa”.

O parceiro certo para a área tecnológica estava encontrado e é a quem se deve todo o desenvolvimento técnico num ambiente OutSystems que está a cargo de uma equipa de três pessoas da DarwinLabs e que tem desenvolvido a aplicação da MyNurse, a plataforma onde os utilizadores podem solicitar todos serviços de cuidados de saúde ao domicílio, sejam enfermeiros, fisioterapeutas, auxiliares de ação médica ou outros terapeutas. Passados apenas quatro meses do lançamento da plataforma, a MyNurse tornou-se a maior rede nacional de prestadores reunidos numa só aplicação.

Há mais de 1200 profissionais disponíveis e espalhados por todo o país, de várias áreas:

MARTA VEIGA

Na MyNurse o utilizador decide a hora para o atendimento, o serviço pretendido e, automaticamente, aparecem os prestadores que estão disponíveis, com currículo e comentários visíveis para apreciação

enfermagem, fisioterapia, osteopatia, acupuntura, psicologia e, mais recentemente, cuidados paliativos. “Faz parte do nosso sonho replicar o serviço dos cuidados paliativos que para já estão só disponíveis na região de Lisboa em parceria com a Linque, primeiro porque há

muita necessidade e depois porque as pessoas não sabem que os cuidados paliativos podem ser feitos com grande antecedência. É possível desenvolver um plano de tratamentos ao domicílio e assim dar uma maior qualidade de vida a estes doentes. Estamos sempre à procura do que as pessoas nos pedem”.

Todos os profissionais têm um perfil preenchido com uma espécie de currículo, uma vez que Marta considera extremamente importante o utente poder dar a sua opinião sobre o seu prestador e por isso é possível ver a avaliação atribuída pelos outros utilizadores da plataforma.

O processo para requisitar um dos especialistas pode ser feito através do computador, tablet ou smartphone, e segundo a fundadora “é o mais intuitivo possível para que seja de fácil utilização”.

“Temos que ser facilitadores, eliminar barreiras.

E eliminar barreiras pode ter de começar por usar o telefone e só depois levar as pessoas a usar a App”.

A comodidade vai além da App desenvolvida: “Na MyNurse o utilizador decide a hora para o atendimento, o serviço pretendido e, automaticamente, aparecem os prestadores que estão disponíveis, com currículo e comentários visíveis para apreciação”.

Os valores variam consoante o valor prestado.

Porém, existem serviços que podem compensar comparativamente com o SNS – Sistema nacional de Saúde.

Marta Veiga deixa um conselho a quem está a pensar construir o seu negócio.

“Mexam-se. É mesmo isso. Ideias boas há muitas, mas é preciso ter uma boa e consolidada equipa e, principalmente, querer trabalhar muito. Abrir um negócio, seja star-up ou de modelo tradicional é sinónimo de trabalhar muito. Dias, noites, fins-de-semana… E é bom que haja um sonho por trás disso, porque se não houver a pessoa desmoraliza. Mexam-se, lutem e perseverem!” ▪

LIDERANÇA NO FEMININO

» VERA MENÉRES, ADMINISTRADORA DA LUMA, EM ENTREVISTA

10 ANOS DE MUDANÇAS, 10 ANOS DE LIDERANÇA Entrevistámos Vera Menéres, Administradora, da Luma, uma empresa especialista em soluções de ponta na área das TI’s em Portugal, para saber que opinião defende sobre a forma de como as coisas evoluíram no mundo empresarial para as mulheres.

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Quais as suas responsabilidades enquanto administradora de uma empresa? À parte das questões correntes, que tanto tempo nos tomam, o mais importante será mesmo a definição de uma estratégia, a forma de comunicá-la e o planeamento das necessidades para que os objetivos sejam atingidos. A comunicação é um dos pontos fundamentais para o sucesso, é muito importante saber ouvir e permitir a troca de ideias.

Fazer com que toda a equipa esteja motivada, principalmente em fases difíceis. A Luma não é apenas a sua administração e colaboradores. É um conjunto, que engloba também clientes e todas as entidades externas necessárias a sua existência, que deve funcionar em harmonia.

O ser mulher foi, em algum momento, um entrave ao seu crescimento profissional?

Não, nunca senti que fosse um entrave.

Porque será a tecnologia da informação ainda uma área para poucas mulheres? A questão é meramente cultural, qual é a sua opinião?

Actualmente não considero que seja uma questão cultural. Os números revelam que essa tendência está a mudar. A sociedade tem integrado naturalmente o trabalho feminino em qualquer setor nomeadamente o nosso, mas isso não se faz de um dia para o outro. Também é necessário haver interesse, dentro das tecnologias de informação existem áreas que as mulheres consideram mais interessantes do que outras.

VERA MENÉRES

A sociedade está a evoluir e essa evolução não se faz de um dia para o outro. Também é necessário haver interesse e dentro das tecnologias de informação existem áreas que as mulheres consideram mais interessantes do que outras

Tem o tempo que deseja para fazer aquilo que gosta fora do trabalho?

Estamos sempre a gerir prioridades, quando é necessário e possível a família ou a vida pessoal toma a primazia. Para um bom desempenho a nível profissional é essencial termos tempo para descontrair e recuperar energias.

Que conselho daria a quem sonha em construir uma carreira profissional em alguma das áreas de tecnologias de informação?

O conselho que daria a qualquer pessoa, lutar pelo que quer, acreditar e nunca desistir. A nossa vida é constituída de vitórias e derrotas, o nosso sucesso depende da forma como encaramos ambas as situações. As vitórias servem de estímulo para continuar a desempenhar a nossa função e as derrotas dão-nos sabedoria para o futuro. ▪

19 ABRIL 2017

ez Anos de Administração na Luma.

Que balanço faz desta década?

Esta última década foi uma época de muitas mudanças não só a nível global como na própria Luma. A Luma existe desde 1989 e a propósito deste tema, nestas quase três décadas, na maioria do tempo foi gerida por mulheres. Em 2003 a Luma entra para o Grupo Promosoft e em 2007 dá-se uma cisão entre as empresas do Grupo. A Luma em conjunto com a SGgapi (antiga Promosoft SG) passam a ter uma nova administração. Embora fizesse parte da nova administração e acompanhasse todos os processos, por inerência passei a exercer a função executiva em 2014 após a morte do CEO Dr. Bilelo Gonçalves.

Em 2008 alguns processos tiveram que ser agilizados e racionalizados. A procura de novas áreas de atividade, sobretudo porque a Luma tinha uma forte implementação no setor bancário, a internacionalização para Espanha e o estreitar de parcerias com empresas em Angola foram projetos fundamentais para a nossa evolução.

Os nossos clientes são uma preocupação constante, nesta ultima década houve um grande esforço e criatividade em ajudá-los a encontrar soluções que se adaptam a nova situação das empresas.

Continuamos à procura de inovar e crescer com novos clientes, serviços ou parcerias porque a saída da crise ainda é muito ténue.

LIDERANÇA NO FEMININO

» QUEM É TALITA BRITO?

Uma mulher e profissional que jamais desistirá daquilo a que se propõe fazer As Mulheres e o papel que ocupam atualmente no mundo. O que mudou? O que ainda falta mudar? Que perspetiva tem Talita Brito, Presidente da Câmara de Comércio Europeia no Brasil, sobre estas matérias? Saiba mais de uma Mulher que tem sabido ultrapassar todos os obstáculos e que é hoje um exemplo de uma Mulher de Sucesso.

Q

uem é Talita Brito e que história pode ser contada sobre si?

Eu nasci em São Paulo, tive uma infância muito feliz, no interior cercada da família que sempre apoiou os meus sonhos de infancia: ser empresária, ser diplomata, trabalhar todos os dias de fato e ter um carro preto e um azul (risos). A relação com meus pais sempre foi muito próxima e de extrema confiança, eles sempre me diziam: você pode ser o que você quiser. O mundo é seu. E eu acreditei.

Tive meu primeiro negócio aos 16 anos, uma loja itinerante de aluguer de trajes para festas temáticas e depois não parei mais. O empreendedorismo sempre me fez sentir viva e nessa época eu senti em mim aquilo que todos já apontavam desde os meus sete anos: Essa menina tem tino para liderança. Conclui o curso de economia aos 21 anos e nessa altura já tinha concluído três especializações, indo diretamente lecionar no ensino superior em universidades de Minas gerais e São Paulo. Doutorei me em estratégia em Portugal, onde vivi durante 14 anos atuando na atividade empresarial primeiro com a direção de uma rede de franquias e também na equipa de direção da implementação do BNI em Portugal. Naquela altura, tinha somadas 12 especializações que hoje complementam a minha área de conhecimento. Há 10 anos fundei a empresa que hoje tem 23 representações divididas entre Europa, África, América do Sul e mais recentemente Ásia.

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Enquanto Mulher, quais são os princípios e valores que a movem a nível profissional e pessoal?

Transparência, respeito e reciprocidade, são os valores dos quais eu não abro mão seja a nível pessoal ou profissional. Uma das coisas que costumo dizer é que o maior cuidado que temos de ter na vida é não acreditar que temos mais a ensinar do que a aprender. O excesso dessa autoconfiança pode nos iludir e consequentemente nos fragilizar. É preciso respeitar a experiência de quem está a anos no mercado, mas também é preciso respeitar o conhecimento adquirido de quem apesar de menos idade ou tempo de carreira, dedicou-se a aprender e a investir em conhecimentos específicos. A forma como agimos a nível profissional está 100% associada ao nosso comportamento profissional. Observe alguém dentro de sua casa, como ela trata os pais, os irmãos, o marido a esposa os filhos e terá um espelho dos valores profissionais que essa pessoa carregará para dentro da organização. Eu tive uma grande sorte de crescer numa família que me ensinou que apesar de qualquer coisa sempre temos de dizer a verdade e nunca nos abandonar e tive a dupla sorte de casar com um marido que cresceu com esse mesmo valor. E nosso lema familiar é “Ohana”. Ohana significa família e família significa que ninguém fica para trás. Esse é um valor que tem um tremendo resultado quando levado para as organizações, porque assegura e fortalece o sentido de equipa

na. Essa “economia” provocada pelo efeito multiplicador da mulher é muito atrativa nas organizações.

TALITA BRITO

Transparência, respeito e reciprocidade, são os valores dos quais eu não abro mão seja a nível pessoal ou profissional

Acredita que atualmente as mulheres vêm conquistando o seu papel na liderança de empresas, movimentos e grupos, de forma consistente? O que ainda falta para que este cenário seja ainda mais evidente?

Cada dia mais. Esse papel notoriamente vem sendo ocupado por homens ao longo de várias décadas. Com a saída da mulher para o mercado de trabalho, seja por necessidade ou por vontade, começamos a mostrar uma forma diferente de fazer o mesmo que somados a nossa capacidade incontestável de realizar várias tarefas ao mesmo tempo, começou a demostrar uma vantagem competitiva na liderança de empresas, principalmente naquelas maiores e departamentalizadas. Se observar as maiores empresas com lideranças femininas, vai ver que essas tem menos assessores para entregar o mesmo trabalho do que uma liderança masculi-

Sentem que hoje as Mulheres são vistas de forma diferente pela sociedade? O que mudou? Alguma vez sentiu dificuldades no seu percurso profissional pelo facto de ser Mulher?

Sim. Hoje somos vistas com mais aceitação principalmente no mercado europeu, que deixou de ser tão restritivo às mulheres. Mudou a forma de enxergar, mudou o modelo estratégico de gestão de empresas, hoje focado nas pessoas e nos seus contributos e resultados. Eu já comecei minha trajetória como empreendedora, desenvolvi carreira académica, dirigi redes de centenas de unidades e sinceramente todas as vezes que tentaram impor alguma dificuldade eu me lembrava do que diziam meus pais: o mundo é seu… e por nunca duvidar disso eu nunca me deixei intimidar. Essas dificuldades sempre acabam por se impor quando estamos a nadar em mares tradicionalmente masculinos, como são os mares que eu nado (risos). Atualmente, presido a Câmara de Comércio Europeia no Brasil e presido e dirijo pessoalmente meu grupo empresarial onde negociamos commodities como soja, açúcar e partes de frango para todo o mundo, ambos mercados em que 98% dos dirigentes são tradicionalmente homens e acabamos por ter de nos adaptar para não ferir suceptividades e assim temos conseguido alcançar os resultados propostos, respeitando quem criou o mercado e sempre buscando aprender algo, pois no final do dia o que vai importar mesmo é fazermos o melhor que pudermos, da melhor forma com aquilo que temos em mãos.

Sente que o novo modelo estratégico de gestão de empresas que é mais focado nas pessoas veio ajudar a esta realidade de uma liderança mais feminina?

Sem dúvidas, mesmo porque esse novo modelo foi inspirado na capacidade feminina de unir, agregar e dividir.

O que podemos esperar de Talita Brito para o futuro? O que ainda pretende “conquistar”?

Uma líder que continuará a desbravar os mercados em busca do crescimento de sua equipa, carregando com honra a alcunha de Rainha do Frango (risos) (por causa das exportações de partes frango que fazemos para todo o mundo). Uma mulher e profissional que jamais desistirá daquilo a que se propõe fazer, que não abre mão do controle das suas operações mas que coloca sempre em primeiro lugar a família. Porque o trabalho, as empresas, os títulos isso tudo um dia passa, a família não. Para o futuro, pretendo estar entre as 100 maiores exportadores de commodities, criar a fundação DUCTUS - Lideranças para o Futuro (Ductus significa liderança em latim) e abrir 20 novas delegações da Câmara Europeia em todo o mundo, nos próximos 2 anos. ▪

LIDERANÇA NO FEMININO

» MARIA JOSÉ MARCOS | DIMENSÃO SEGUROS

RESILIÊNCIA E MOTIVAÇÃO PARA LIDERAR “Um bom líder é aquele que sabe fazer, discutir, brincar, agradecer, partilhar e delegar, aprendo e partilho o meu conhecimento para um dia ser substituída”, quem o diz é Maria José Marcos, fundadora da Dimensão Seguros. Saiba mais.

MARIA JOSÉ MARCOS

Propõe-se a liderar a sua equipa gerando motivação. Que importância assume para si o capital humano? É fácil gerir pessoas?

A motivação é uma das condições indispensáveis.

Para termos uma boa equipa, primeiro é preciso motivar. Os meus colaboradores são a parte mais importante do meu negócio, porque sem eles a empresa não existiria. Há que trabalhar, fazer crescer e posicionarmo-nos no mercado, quando temos uma equipa que está motivada e quer o mesmo que nós para a empresa, a equipa torna-se fácil de gerir. Se for bom para mim é bom para todos, este é o meu lema. Um grande problema de gestão é quando um gestor concentra toda a informação em si, não partilha… as pessoas têm de saber o que se passa. Considero que um bom líder tem que ser aberto e próximo e assim torna-se mais fácil gerir o capital humano que é extremamente importante.

O que significa para si ser um bom líder?

Um bom líder é aquele que sabe fazer, discutir, brincar, agradecer, partilhar e delegar. Aprendo e partilho o meu conhecimento para um dia ser substituída.

Vários estudos apontam que as mulheres possuem características para serem melhores líderes do que os homens e que as empresas lucrariam mais se houvessem mais mulheres a “comandar”. Concorda?

Concordo. As lideranças deveriam ser mais partilhadas no género. Na verdade conheço boas gestoras que não aumentam os seus resultados por não terem o poder de decisão. As empresas não lhes dão esse poder, elas fazem o trabalho e não podem decidir sobre ele. Acho que as empresas só perdem com isso e por isso sou a favor de uma mudança de postura.

Na minha área as mulheres são mais sensíveis, mais protetoras e mais pacientes. Temos de estabelecer diálogo e confiança para fazer negócio.

Temos de desmistificar a linguagem típica contratual e transformá-la em prática corrente. Ora, as mulheres fazem a diferença neste aspeto. Trabalho maioritariamente com mulheres e verifico que isto é um facto.

Afirma que “na escola da vida aprendemos a ser empreendedores, temos que agarrar todas as oportunidades para deixar a nossa marca”. De que forma pretende deixar a sua marca?

Eu deixo a minha marca todos os dias, primeiro na minha família, depois nos meus colaboradores, nos meus parceiros de negócio e nos meus clientes. Acredito que a vida é um jogo de energias, ou seja, aquilo que fazemos aos outros volta para nós.

Por isso, considero importante termos uma postura de tentar fazer o bem e melhor. Em termos de legado, a nossa empresa aproxima-se neste momento de um ponto crucial: a responsabilidade social. Já fizemos várias acções, mas estamos mais próximos de uma instituição aqui de Setúbal, a APPACDM (Associação Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental), estamos a apoiá-los com a captação de investimento para os ajudar da melhor forma possível a melhorarem a vida destas pessoas. Estas pessoas são especiais, em termos de motivação são muitas vezes superiores às pessoas ditas normais. Estamos a apostar para que a nossa marca seja deixada também aqui, desta forma muito especial. ▪

21 ABRIL 2017

M

aria Marcos é Administradora da Dimensão Seguros desde 2008.

Como descreveria o seu percurso até aqui? Que fatores foram determinantes para ser hoje uma mulher de sucesso no mundo dos negócios?

Tenho 52 anos, nasci em Tomar, fui criada em Lisboa e atualmente vivo em Setúbal, onde tenho a sede da minha empresa. Escolhi o universo dos seguros, assim como o meu pai, o meu irmão e um tio, que estão também ligados a esta área. Trabalhei em várias seguradoras, passei por diversos setores onde adquiri o meu know-how ao longo de 30 anos. Em 2008 criei a Dimensão Seguros, uma empresa de mediação de seguros. No início foi muito difícil, as 24 horas do dia pareciam não chegar, mas com o passar do tempo, com muita resiliência e com uma boa dose de vontade tornou-se gratificante.

Ao longo da nossa vida somos educados para executar, temos sempre alguém que nos diz o que fazer, começa em casa com os pais, depois na escola com os professores, mais tarde no trabalho com os patrões… somos sempre educados para obedecer. Ninguém está preparado para tomar iniciativas, criar, decidir e muito menos correr riscos. O meu caso foi o de alguém que arriscou tudo. Antes de abrir a empresa tinha um excelente emprego, trabalhava numa seguradora do Grupo Caixa Geral de Depósitos, tinha bastantes regalias, mas passei disso para fundadora de uma empresa, numa área complexa que são os seguros. Quando decidi criar a empresa, recebi um convite dos administradores da Set Holding SA., para integrar essa mesma Holding com o ramo dos seguros, com isto o meu desafio aumentou e o sonho que eu tinha de trabalhar seguros das diversas marcas do mercado, concretizou-se… aquele foi o momento em que eu ia poder decidir como e com quem trabalhar… não ficando exclusiva de nenhuma seguradora. Este foi um fator determinante, juntando os conhecimentos de gestão que adquiri com os administradores da Set Holding SA., “que por mero acaso são sete e todos homens “deu-me a valência para poder construir a minha empresa e garantir-lhe o sucesso que alcançou.

“AS MULHERES LÍDERES SÃO UM VALIOSO RECURSO PARA AS EMPRESAS E PRECISAM DE SER APOIADAS COMO TAL” Anja Oekzul, CCO do Monte da Quinta Resort, em entrevista, conta a sua história de ascensão no universo hoteleiro e revela o que pensa sobre as desigualdades entre homens e mulheres no mundo laboral.

liderança no feminino

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C

omo surge a sua ligação à indústria hoteleira?

Em 1987 eu e o meu marido encontrámos um edifício edílico numa pequena praia no sul da Turquia aquando de uma ‘tour’ que fazíamos juntamente com um casal amigo.

Havia apenas uma pequena estrada que nos levava até aquela baía… era um lugar que não se encontrava em mapas.

Decidimos começar por investir num parque de campismo. Ao longo do tempo investimos cada centavo que tínhamos e em seis anos o parque de campismo transformou-se num reconhecido resort cinco estrelas.

Na época, não sabíamos seguramente aquilo que estávamos a fazer mas fizemo-lo de coração, entregámo-nos de corpo e alma áquele lugar e como sempre fomos eternos aprendizes, aprendemos rapidamente tudo o que devíamos saber.

O que lhe dá mais satisfação no seu trabalho?

A coisa que mais gosto na indústria hoteleira é que nunca se torna aborrecida, há sempre algo a acontecer. Penso que aquilo que me dá mais prazer no meu trabalho é essa versatilida-

Anja Oekzul

LIDERANÇA NO FEMININO

» Anja Oekzul Chief Creative Officer do Monte da Quinta Resort, em entrevista

23 ABRIL 2017

Penso que aquilo que me dá mais prazer no meu trabalho é essa versatilidade dos dias… Este é um trabalho que exige uma amplitude e conhecimentos variados sobre imensos temas como finanças, organização de eventos e até sobre como retirar nódoas de roupa…

LIDERANÇA NO FEMININO

» Anja Oekzul Chief Creative Officer do Monte da Quinta Resort, em entrevista

Os arquitetos são um ponto fulcral, para que exista uma harmonia de conceitos de decoração que apaixone os hóspedes.

No entanto, a parte dos bastidores dos hotéis não deve ser esquecida.

Ela deve ser igualmente embelezada para quem trabalha no hotel

liderança no feminino

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de dos dias… Este é um trabalho que exige uma amplitude e conhecimentos variados sobre imensos temas como finanças, organização de eventos e até sobre como retirar nódoas de roupa…

Quais são os maiores desafios que enfrenta enquanto responsável pela gestão de grandes hotéis e resorts?

O maior desafio que enfrento é fazer com que todos estejam sincronizados, garantir que cada membro da equipa entende a visão e que, o trabalhar em equipa, leva ao êxito. O que torna um hotel bem-sucedido é a visão que os outros têm do hotel e para isso toda a equipa deve compreendê-lo e através dele realizar um trabalho que funcione como relógio, coordenado.

Dada a sua experiência, como descreve os bastidores do mundo dos hotéis?

Os bastidores do hotel são o coração do próprio hotel. É aí que toda a ação acontece!

O design e a organização nos bastidores são cruciais ao ponto de erguer ou ‘demolir’ um hotel.

Os arquitetos são um ponto fulcral, para que exista uma harmonia de conceitos de decoração que apaixone os hóspedes. No entanto, a parte dos bastidores dos hotéis não deve ser esquecida. Ela deve ser igualmente embelezada para quem trabalha no hotel.

São os membros da equipa que passam a maior parte do tempo na parte de trás, nos bastidores, e por isso devem ser felizes no seu

trabalho. Acredito veemente que todo o brilho e glamour não deve existir somente para os convidados. Afinal, a equipa são os nossos convidados (internos). Richard Branson disse “que o cuidado que tivermos com os nossos funcionários eles terão com o nosso negócio”, concordo completamente com este conceito.

Concorda que as equipas de gestão das cadeias hoteleiras são principalmente homens? Qual é a sua opinião sobre isso?

Estatisticamente sim, são principalmente homens, embora existam muitas cadeias de hotéis que começam a procurar formas de incentivar as mulheres a atingirem cargos de gestão. No entanto, a realidade continua a ser esta: há muito poucas mulheres gerentes e infelizmente essas mulheres são nomeadamente as que priorizaram uma carreira a uma família.

Este desequilíbrio acontece porque existe pouco ou mesmo nenhum apoio à mulher que pretende contrabalançar a sua vida tendo uma família e também uma carreira. Começo a notar uma mudança na indústria, porém, não é suficientemente rápida ou abrangente, as mulheres líderes são um valioso recurso para as empresas e precisam de ser apoiadas como tal.

O que podem as mulheres trazer à indústria hoteleira que os homens não podem?

Acredito que as mulheres são mais atentas aos detalhes e geralmente têm uma maior

inteligência emocional. Além disso, é geralmente a mulher quem resolve todos os pormenores de uma viagem de férias e, também por isso, as líderes do sexo feminino podem ter uma visão única em cada decisão que tenha de ser tomada.

Outro fator é que a mulher é comummente capaz de perceber melhor as particularidades que surjam como o pedido de uma cama extra, coisas para as crianças, um secador para o cabelo…entre outras coisas.

Ser mulher afetou, de alguma forma, a sua ascensão na indústria hoteleira?

Vivi situações em que era apenas uma mulher entre muitos homens. E já aconteceu não ser levada a sério por isso, no entanto, não acredito que o meu caminho tivesse sido diferente daquilo que foi mesmo trabalhando por conta própria desde 1985. Porém, sei que teria sido muito mais fácil não ser mulher em muitas situações. Principalmente aquelas em que tive de batalhar mais para que me fosse reconhecido valor. Ao longo dos anos adaptei-me e aprendi a trilhar o meu caminho no meio de homens de negócios.

O género (feminino ou masculino) é um fator decisivo no que diz respeito à liderança?

Mulheres e homens são muito diferentes nas abordagens e visões. O género não dita o que é ser um bom líder. Homens e mulheres são diferentes e ambos podem ser bem-sucedidos. ▪

LIDERANÇA NO FEMININO

» Cristina Machado, Business Coach da ActionCOACH

“A diferença é o que efetivamente gera o preconceito” Apesar de já ter sentido que a trataram de uma forma paternalista, a nossa interlocutora, Cristina Machado, Business Coach da ActionCOACH Portugal, nunca deixou que isso alterasse a sua vontade de singrar e de se assumir como uma verdadeira Líder, até porque, como salienta, “procuro ser sempre eu própria em todas as situações”. Saiba mais nesta entrevista à Liderança no Feminino.

E

stá há pouco tempo na ActionCOACH Portugal. Como têm sido estes meses?

Têm sido meses intensos com muito que estudar e aprender sobre a metodologia da empresa e sobre mim própria - a grande vantagem de ser coach é que estamos em constante autodesenvolvimento.

A ambientação à empresa foi fácil, há um ambiente de camaradagem e simpatia excelentes e, depois de 20 anos em grandes empresas, passar para uma empresa com dez pessoas é muito bom.

ve à superação de obstáculos ou, por outro lado, notou que fosse um fator facilitador…?

Já existiram momentos em que senti efectivamente que ser mulher condicionou a atitude das outras pessoas. Já precisei de falar mais alto e de forma mais ‘dura’ para me impor em alguns momentos a nível profissional, em situações onde predominantemente os restantes intervenientes eram homens. E, já existiram também algumas situações onde senti que me tratavam de forma paternalista. Mas não posso considerar que alguma vez tenha sido um entrave ou tenha tido a vida mais facilitada por isso. Procuro ser sempre eu própria em qualquer situação e isso ajuda a minimizar este tipo de situações.

Já teve experiências anteriores em coaching mas de que forma e quando descobriu a sua vocação para a área?

Em 2014 depois de ter recorrido a um programa de Career Management, decidi aprofundar os conhecimentos sobre o Coaching, tendo feito uma formação no Portal do Ser. E, foi numa sessão de coaching que decidi criar o meu próprio negócio de forma apoiar empresários a serem mais eficazes na gestão dos seus negócios. No Verão de 2015 deixei para trás uma carreira de 20 anos na indústria seguradora para me dedicar a este projeto. E, no final de 2016 juntei-me à ActionCOACH, tendo ido a Inglaterra efetuar a certificação como Business Coach, com formadores que fazem parte dos Top 100 Coaches da ActionCOACH a nível mundial.

Houve momentos em que o facto de ser mulher foi um entra-

CRISTINA MACHADO

O preconceito, nos negócios para com a capacidade de líderes femininos existe efetivamente? Qual é a sua opinião?

Não penso que exista preconceito para com a capacidade de líderes femininas mas sim para com a diferença de estilo de liderança, que efetivamente existe entre homens e mulheres. A diferença é o que efetivamente gera o preconceito porque exige capacidade de adaptação e maleabilidade, algo que ainda é difícil no mundo de hoje. As mulheres escutam mais e procuram mais consensos que os homens, estes são mais individualistas nas suas decisões.

O coaching é entendido de forma diferente consoante o género? Porquê?

O Coaching pode ser dividido em Life Coaching, Team Coaching, Business Coaching e Executive Coaching. Cada uma destas áreas tem o seu público alvo distinto com necessidades distintas. Por exemplo, uma pessoa que recorre a um Life Coach porque precisa de melhorar a sua autoconfiança tem necessidades diferentes de um executivo que precisa de identificar novas estratégias para a sua empresa. Devido a essas necessidades distintas são utilizadas diferentes ferramentas e estratégias nas sessões e nos programas de coaching para efetivamente ser possível ajudar o coachee a atingir os seus objetivos. ▪

25 ABRIL 2017

O que mais gosta no seu trabalho?

Ser coach é ‘ser o pano que ajuda o outro brilhar’ - esta é uma frase que ouvi no meu curso de coaching e que foi extremamente significativa pois revi-me nela. Sempre gostei de ajudar as outras pessoas ouvindo-as e fazendo perguntas para que cheguem elas próprias às suas conclusões.

Como Business Coach há a mais-valia da interligação com o mundo da gestão que sempre me fascinou. Atualmente, penso que tenho o melhor dos dois mundos - trabalho no que gosto e como gosto.

LIDERANÇA NO FEMININO

» ANA ALMADA EM DISCURSO DIRETO

“(AS MULHERES) SÃO O MOTOR DE DESENVOLVIMENTO DA SUA REGIÃO”

FOTO: RICARDO RAMOS

Quanto às características necessárias para se ser um bom líder, Ana Almada acredita que “essas competências podem ser encontradas tanto nos homens como nas mulheres. É uma questão de desenvolvimento pessoal e por isso mesmo, podem ser adquiridas com formação ao longo da vida”.

Saiba o que diz mais Ana Almada, International Business Consultant na Ana Almada Consulting & Investments.

ANA ALMADA

liderança no feminino

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A

na Almada é International Business Consultant na Ana Almada Consulting & Investments e tem como foco negócios em países francófonos.

Que potencial apresentam estes mercados?

Independentemente do continente onde se encontra o país francófono (Americano, Africano ou Europeu), este apresenta um enorme potencial em vários setores de negócio seja nos sectores agroalimentares ou das energias renováveis, por exemplo.

Além disso, no decorrer do meu trabalho com esses países francófonos contacto diretamente os nativos dos referidos países e, na maioria dos casos, desconhecem os produtos de origem portuguesa e quando têm essa oportunidade, até têm uma agradável surpresa porque a nossa produção tem uma elevada qualidade.

No que diz respeito ao continente norte-americano, temos o caso do Canadá que está a aproveitar as lacunas das políticas externas dos EUA para estabelecer acordos comerciais com outros blocos, como seja a União Europeia. Uma vez mais, Portugal tem aqui mais uma grande

oportunidade de crescimento tendo em conta a conjuntura atual.

No que concerne os países francófonos situados no continente Africano, é uma excelente oportunidade de expansão em várias áreas de negócio visto que ainda há muito por fazer em vários setores, desde a construção civil, energias renováveis, agroalimentar, etc., numa ótica de sustentabilidade ambiental.

Tem em mãos vários projetos de índole internacional de forma a ajudar as empresas no processo de internacionalização para outros mercados. Com que serviços e valências se apresenta Ana Almada Consulting & Investments no mercado?

A Ana Almada Consulting & Investments é uma empresa de consultoria que se propõe a desenvolver todo o processo de internacionalização.

Dito isto, a empresa presta auxílio em serviços tão variados como: procura de clientes/ parceiros/investidores (como é o caso do projeto Inserra para o desenvolvimento da região do Sotavento Algarvio e Baixo Guadiana com

necessidade de investidores); tradução de material promocional (folhetos, websites, etc.); negociação; promoção de eventos no estrangeiro; acompanhamento em missões empresariais individuais no estrangeiro; auxílio no estabelecimento de empresas estrangeiras em Portugal; representação de empresas estrangeiras em Portugal.

Como cada empresa é analisada de forma personalizada, até se pode dar o caso de haver serviços à medida dessa mesma.

Nasceu em França, onde viveu durante a infância (até aos 12 anos), e é formada em Relações Internacionais. Tratam-se de duas mais-valias para os mercados onde atua. Mas que outros fatores contribuem para a diferenciação da empresa?

A empresa diferencia-se desde logo pelo foco nos mercados onde trabalha (Francofonia), não sendo exclusivo. Para além disso, há uma nova forma de abordar as relações económicas internacionais, ou seja, com a Ana Almada Consulting & Investments, primeiro, encontramos e

diz-se que as competências de liderança que as empresas procuram são mais facilmente encontradas nas mulheres. Concorda?

Acredito que essas competências podem ser encontradas tanto nos homens como nas mulheres. É uma questão de desenvolvimento pessoal e por isso mesmo, podem ser adquiridas com formação ao longo da vida.

Recentemente também tem tido contactos na Áustria e Nigéria. Qual será o caminho a percorrer pela empresa? Por onde passa o futuro da Ana Almada Consulting & Investments?

No que diz respeito ao futuro da Ana Almada Consulting & Investments, a médio prazo passará pela consolidação das parcerias estabelecidas até agora sob a forma de filiais (Tunísia, Argélia, Áustria, Costa do Marfim, Nigéria e França).

Numa segunda fase, apostar em outros mercados emergentes que também possam ser benéficos para as empresas exportadoras da mesma forma que desenvolvi os mercados anteriores.

Igualmente, está projetado o desenvolvimento da vertente de Responsabilidade Social da empresa, elegendo como causa a problemática das famílias carenciadas e sem-abrigo.

Que fatores ou características intrínsecas considera terem sido decisivos para alcançar o patamar onde se encontra?

Paixão pela atividade, honestidade, perseverança, confiança, um pouco de intuição e desenvolvimento de oportunidades quando elas surgem.

Como qualquer mudança, ela deve começar por um lado, desde a mais tenra idade e nas escolas e, depois, na sociedade civil

argelino nos próximos anos de tal forma que o Governo tem em curso um novo programa para as Energias Renováveis e Eficiência Energética (2015-2030).

Hoje, as empresas procuram cada vez mais a diferenciação, a criatividade, a relação humana e a fluência na comunicação. Por estas razões,

O género não pode ser visto, por si só, como uma marca distintiva. No entanto, a desigualdade de género, não só a nível profissional, continua a ser uma realidade. A Ana alguma vez foi vítima de discriminação pelo facto de ser mulher?

Até hoje não senti qualquer discriminação pelo facto de ser mulher.

Para si, onde deveria começar a mudança deste estigma? Ainda há um longo caminho a percorrer?

Como qualquer mudança, ela deve começar por um lado, desde a mais tenra idade e nas escolas e, depois, na sociedade civil.

A situação atual está melhor, mas ainda há um longo caminho a percorrer no que diz respeito à liderança feminina. Deparo-me sobretudo com essa situação quando vou a eventos relacionados com a minha área.

As mulheres são o futuro? Ou como se costuma dizer, o mundo é cada vez mais das mulheres?

As mulheres, de um ponto de vista global, são o futuro e encontram-se, globalmente, cada vez mais associações de mulheres (agrícolas, artesanato). Elas possuem cada vez mais habilitações académicas e são o motor de desenvolvimento da sua região. ▪

27 ABRIL 2017

Atualmente está a apostar na promoção da internacionalização de empresas no âmbito da parceria Portugal-Argélia no setor das energias renováveis. Que mais-valias acarreta esta parceria para as empresas portuguesas?

Antes de mais, quero esclarecer que esta parceria não é feita entre Portugal e Argélia mas sim, entre a minha empresa e associações empresariais estabelecidas na Argélia.

Essa mais-valia proporciona desde logo um contacto direto com as autoridades do país e uma visão mais realista do mercado. As associações empresariais argelinas pretendem estabelecer parcerias com associações empresariais portuguesas, simplesmente estas últimas não me têm dado qualquer feedback no sentido de querer aprofundar as relações económicas entre os dois países por essa via.

O setor das energias renováveis é uma das apostas mais importantes por parte do governo

FOTO: RICARDO RAMOS

negociamos com o parceiro / cliente a partir de Portugal e só depois, quando necessitamos de visitar esse parceiro, podemos então solicitar um apoio dos fundos comunitários. É uma abordagem clara, objetiva e personalizada das próprias relações económicas internacionais com a maximização das TIC mais adequada a cada país / produto.

LIDERANÇA NO FEMININO

» EVY OUGENDAL PRESIDENTE DA CÂMARA DE COMÉRCIO LUSO-NORUEGUESA

“AS RELAÇÕES COMERCIAIS ENTRE PORTUGAL E NORUEGA DEVEM SER MELHORADAS” Evy Ougendal vive em Portugal há 15 anos e é Presidente da Câmara de Comércio Luso-Norueguesa. Fomos descobrir que relação existe entre os dois países mais conhecidos pelo bom vinho e bom bacalhau.

A liderança no feminino

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EVY OUGENDAL

Câmara de Comércio Portuguesa Norueguesa foi fundada por si e iniciada pela embaixadora de Portugal na Noruega, Clara Nunes dos Santos em 2016. A Câmara é gerida pela presidente do conselho e tem uma base em ambos os países. Que responsabilidades advém do seu cargo?

A minha posição atual, enquanto Presidente da Câmara de Comércio Luso-Norueguesa exige incentivar uma cooperação mais forte entre ambos os países, tanto em matéria de comércio como intercâmbio cultural e investimentos. A minha experiência como CEO e Conselheira de um grande aldeamento na região de Vale do Lobo no Algarve, fez-me descobrir a minha vocação para o turismo. Trabalho de forma afincada para incentivar os escandinavos a descobrirem Portugal como um destino de férias e investir numa segunda casa. Aqui, no Algarve, principalmente, mas há muitas outras áreas em Portugal assim como na Noruega há para descobrir e apreciar.

Que história pode ser contada sobre Evy Jane Ougendal?

O meu passado é muito diverso. Comecei como assistente da minha mãe, que era bibliotecária. De seguida, licenciei-me em Economia, Imobiliário e Marketing.

Comecei a trabalhar como agente imobiliária e consegui a minha primeira posição de destaque no departamento de propriedades do maior banco da Noruega, tinha 32 anos. O meu primeiro cargo como gerente surgiu dois anos depois. Tornei-me membro do Conselho de Administração de um importante clube de futebol em Oslo e fui responsável por um grande programa de intercâmbio de futebolistas com o Rio de Janeiro e Buenos Aires para o Governo norueguês. Em 2002 consegui chegar a responsável pelo desenvolvimento do aldeamento turístico no Dunas Douradas Beach Club onde estive como CEO durante dez anos.

Como é um dia normal para si?

Um dia normal para mim começa com a verificação de e-mails, na maioria dos dias aparecem empresas portuguesas a pedir que as conecte com empresas norueguesas, de seguida, lido com o marketing de Portugal nas redes sociais. Muitas vezes viajo entre Portugal e Noruega. Tento conciliar o meu tempo também com uma organização humanitária e no Teatro Nacional da Noruega. Quando me sobra tempo, gosto de jogar ténis ou aproveito para estudar, estou a tirar um MBA na Universidade de Edimburgo Heriot Watt.

Como define as relações comerciais entre Portugal e a Noruega?

As relações comerciais entre Portugal e Noruega devem ser melhoradas. Temos o comércio tradicional de Bacalhau da Noruega e o vinho e o turismo do lado de Portugal, no entanto, também sei que existe a necessidade de fortalecer a relação comercial entre os nossos países. Portugal tem tanto a oferecer com as indústrias tradicionais de fabrico com melhores tecidos e sapatos e também a inovação para as fontes de energia renováveis ​​e não podemos esquecer o setor marítimo.

Nasceu e cresceu na Noruega, no entanto, está em Portugal há alguns anos. O que pensa de Portugal?

Portugal tem sido a minha casa desde há 15 anos, tenho uma filha e duas netas que vivem no Algarve. O meu respeito por Portugal cresceu com o passar dos anos e tenho sido muito bem tratada neste país.

Ser uma mulher no mundo de negócios é...

A minha experiência é que a igualdade entre sexos é muito importante a ter em conta e mesmo que ainda exista um “telhado de vidro” para as executivas. Porém, comigo só posso constatar respeito e boa vontade. ▪

LIDERANÇA NO FEMININO

» EVY OUGENDAL PRESIDENT OF THE PORTUGUESE-NORWEGIAN CHAMBER OF COMMERCE

“BUSINESS RELATIONS BETWEEN PORTUGAL AND NORWAY SHOULD BE MUCH BETTER” Evy Ougendal has been live in Portugal for 15 years and she is the the President of the Portuguese-Norwegian Chamber of Commerce.

We went to find out what relationship exists between the two countries best known for good wine and good codfish.

he Portuguese Norwegian Chamber of Commerce was founded by you, initiated by the Portuguese ambassador to Norway, Clara Nunes dos Santos in 2016. The Chamber is managed by you, the President of the board, and has a base in both countries. Which responsibilities relates to your position?

My current position as the President of the Portuguese Norwegian Chamber of Commerce is to encourage stronger cooperation between the two countries, both related to trade, cultural exchange and investments.

With my background as the CEO and Board Member of a big aldiamento in the Vale do Lobo area in the Algarve, I have a big heart for tourism and work hard to encourage Scandinavians to discover Portugal as a holiday destination and to invest in a second home here, but there are many other areas where both Portugal and Norway would gain from closer collaboration.

What story can be told about Evy Jane Ougendal?

My background is a very diverse one. I started out as an assistant to my mother who was a librarian. I then took a degree in economics, real estate and marketing and started working as a licensed real estate agent. I got my first board position in the property division of Norway’s largest bank at the age of 32 years and my first General Manager position two year later. I became Board Member of a major football Club in Oslo and was in charge of a big footballer-exchange program with Rio de Janeiro and Buenos Aires for the Norwegian Government. In 2002 I got the assignment be responsible for the development of the holiday village of Dunas Douradas Beach Club and was the CEO there for 10 years.

How is an ordinary day for you?

An ordinary day for me will be to start with checking

my emails and most days there will be a company in Portugal who would like me to connect them with a company in Norway and then i deal with marketing of Portugal as a destination on social media. Very often I will be travelling between Portugal and Norway.

Then I give a lot of attention my board position in a humanitarian organization and the National Theater of Norway. And if I have some time left, I will be playing tennis or working on my MBA studies at Edinburgh University Heriot Watt.

How do you define business relations between Portugal and Norway?

Business relations between Portugal and Norway should be much better. We have the traditional trade of Bacalhau from Norway and wine and tourism on the Portuguese side, I do however also see the need to strengthen the business relationship between our countries. Portugal has so much to offer both within the traditional industries of manufacturing the finest fabrics and shoes, but also within innovation for renewable energy sources and within the maritime sector.

You were born and raised in Norway however you have been in Portugal for some years. What do you think about Portugal?

Portugal has been my home for 15 years and I have both a daughter and two granddaughters in the Algarve. My respect for Portugal has grown as the years have passed and I have been very well taken care of in this country.

Being a woman in a business world is...

My experience is that equality between genders is very high on the agenda, and even though there is still a “glass ceiling” for female executives, I have only experienced respect and goodwill myself. ▪

29 ABRIL 2017

T

EVY OUGENDAL

LIDERANÇA NO FEMININO

» NELMA FERNANDES, CEO DA WIN COACH ACADEMY

POSTURA E ATITUDE para bons resultados “A Win Coach Academy desenvolve equipas tanto ao nível coletivo dentro das empresas, bem como individual de carreira”. Nelma Fernandes, CEO da Win Coach Academy, em entrevista, explica a importância do coaching na vida de qualquer pessoa. Saiba mais.

É

CEO da Win Coach Academy e formada pela ICC International Coaching Community. O que a motivou para escolher uma carreira no coaching?

Na realidade enquanto gestora de empresas noutras áreas, senti necessidade de algo mais.

De início não percebi o que seria, mas enquanto curiosa nata fui à procura... Quando iniciei a minha pesquisa sobre coaching não tinha uma noção clara sobre o tema. A verdade é que a medida que ia absorvendo informação, a paixão foi de tal forma, que nunca mais consegui deixar de aprofundar os meus conhecimentos. Percebi de imediato que era a tal peça do puzzle que estava em falta. Peça essa para conseguir a excelência, não só no relacionamento com o outro, para uma gestão eficaz a todos os níveis e, principalmente, para a minha própria evolução enquanto gestora. A nossa postura e atitude perante tudo o que fazemos e dizemos traduz na íntegra o resultado obtido.

Em 2015 a revista Fortune publicou que nas 500 maiores empresas mundiais havia apenas 23 mulheres que ocupavam o cargo de CEO. De que forma pode o coaching auxiliar as mulheres que têm mais dificuldade em progredirem nas empresas pela questão de género?

Pode efetivamente auxiliar a todos os níveis. O coaching de uma forma geral é uma ferramenta com validação científica que, suporta e acompanha pessoas a realizarem os seus objetivos e metas. Ou seja, a identificar o ponto A (estado atual ou presente), e apoiar no percurso até ao ponto B (estado desejado ou objetivo). Na ver-

liderança no feminino

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“A win Coach Academy desenvolve equipas tanto ao nível coletivo dentro das empresas, bem como individual de carreira, com excelentes resultados. Existe talvez uma linha na vertente «atitude»”

NELMA FERNANDES

As mulheres ou pessoas em geral não são bem-sucedidas por acaso, muito pelo contrário, existe estratégia, trabalho árduo e muita dedicação por trás de cada história"

Na sua opinião, que características são mais visíveis nas mulheres e que contribuem para uma gestão eficaz?

As mulheres ou pessoas em geral não são bem-sucedidas por acaso, muito pelo contrário, existe estratégia, trabalho árduo e muita dedicação por trás de cada história. Temos nomes sonantes na história da liderança feminina: Cleópatra, Marie Curie, Indira Gandhi e muitas mais. Na minha opinião o que realmente faz a diferença, para além do trabalho é disciplina, humildade, persistência e clareza no foco. Associado a elas pessoalmente utilizo outras ferramentas que resultam na perfeição. Mentalidade “ganha ganha” nada mais do que perceber que uma vitória para todos é, fundamentalmente, melhor a longo prazo, do que somente uma individual, numa determinada ocasião. Por último e não menos importante, colocarmos paixão em tudo o que fazemos, quando apenas levamos o corpo sem a alma, nada vale a pena...

Rir muito o bom humor é a droga da felicidade.

Na verdade a maior parte das pessoas não conseguem realizar o que pretendem porque efetivamente desconhecem os cinco passos essenciais: Foco, Planeamento, Entrar em ação, Melhoria continua e Resulta" É possível definir um padrão relativamente às principais dificuldades que encontra em quem a procura?

De todo. Não existe padrão até porque somos únicos com objetivos e desejos destintos. A win Coach Academy desenvolve equipas tanto ao nível coletivo dentro das empresas, bem como individual de carreira, com excelentes resultados. Existe talvez uma linha na vertente “atitude”. Quando temos o nosso mind set focado no positivo os resultados são igualmente positivos, o contrário, os resultados certamente são menos positivos.

“A maior limitação é a nossa mente”? Porquê? É tão verdade como o sol é brilhante. A nossa mente condiciona as nossas atitudes, que por sua vez se traduz em resultados. O nosso cérebro é extremamente inteligente, tem apenas cerca de 2% da nossa massa corporal mas

consome cerca 25% da nossa energia. Funciona da seguinte forma, tenta sempre antecipar os nossos atos de forma a conseguir poupar energia. Um exemplo prático, quando fazemos uma pesquisa no Google, digitamos uma letra e aparecem logo propostas de palavras a tentar adivinhar o que pretendemos... É exatamente como a mente funciona, quando algo acontece, igualmente vai tentar adivinhar o que pretendemos fazer, ou seja, vai agir da forma que lhe é habitual. Positiva ou negativa. Resultado, os pensamentos “positivos genuínos”, atraem situações igualmente positivas e consequentemente resultados iguais.

O apoio do Coach é fundamental para quem…?

Para todos nós. Eu própria faço e é comum os coach’s terem essa prática, somos todos seres humanos. O coaching ajuda a potenciar ao máximo a performance das pessoas em geral, a encontrar a melhor versão de si próprio. Pode evidenciar qualidades de um indivíduo até então desconhecidas, o que quer dizer que todos deveriam ter essa experiência. É aplicado tanto nos negócios bem como em todos os aspetos da vida. E para desmistificar na verdade o coach não precisa de ser especialista na área de atuação do seu cliente ou empresa. O Coach é um profissional especializado a apoiar no percurso onde se pretende atingir resultamos satisfatórios, metas e objetivos. Em Portugal é mais procurado por empresários, executivos e atletas profissionais. ▪

31 ABRIL 2017

dade a maior parte das pessoas não conseguem realizar o que pretendem porque efetivamente desconhecem os cinco passos essenciais: Foco, Planeamento, Entrar em ação, Melhoria continua e Resultado. O Livro Transformar Suor em Ouro, ensina nos que existem duas frases realmente verdadeiras: o sucesso exige mais e nada resiste ao trabalho. O mundo na minha opinião já está muito mais aberto a liderança no feminino, o caminho já percorrido é sem dúvida alguma uma vitória gigante.

LIDERANÇA NO FEMININO

» SÓNIA SILVA | CHIEF OPERATING OFFICER DA DIXTIOR

UM OLHAR SOBRE UMA LIDERANÇA NO FEMININO EM CONSULTORIA "Uma liderança no feminino requer que as mulheres saibam que não e fácil e que há que ser muito persistente e consistente tanto nas atitudes como nas palavras". Quem o diz é Sónia Silva, Chief Operating Officer da Dixtior, conheça-a.

SÓNIA SILVA

C liderança no feminino

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omo surgiu a Dixtior na sua vida?

A Dixtior surgiu como uma ideia do Mário Oliveira, um dos meus sócios. Queríamos criar uma empresa e fazer algo melhor. Já trabalhávamos há bastante tempo juntos na mesma empresa e ambos considerávamos que fora dali conseguiríamos fazer mais e melhor.

Faltava-nos uma terceira pessoa com talento natural para conquistar os clientes e mostrar-lhes aquilo que conseguimos fazer, nenhum de nós tinha esse talento e foi assim que o Rui Vicente entrou neste projeto Dixtior. Foi preciso coragem, toda a aposta foi nossa, não tivemos ajuda de investidores e arriscamos tudo. Ficámos os três no desemprego, propriamente dito e começámos passo a passo a construir este nosso sonho. No princípio éramos só os três a trabalhar. Depois as coisas foram evoluindo muito naturalmente…

Quais são as suas responsabilidades enquanto Chief Operating Officer da Dixtior?

Comigo ficou a parte operacional de implementação de projetos e de coordenação das equipas de projeto nos clientes. Tenho uma formação em Informática de Gestão, que não é propriamente para gerir empresas mas direcionada para gerir projetos e pessoas.

E é isto que quer dizer COO, ser responsável pela parte operacional de todas as equipas de projeto e da relação com o cliente mas apenas quando estamos na fase de projeto.

Tentei não destruir nenhuma das partes, não abdicar da minha vida pessoal nem da profissional.

Tentei equilibrar tudo e foi muito complicado. Como nunca abdiquei de manter a qualidade que tinha no meu trabalho acabei por prejudicar a minha vida pessoal

Acumulo por vezes também a parte financeira mas esta é uma tarefa dividida pelos três. Entendemo-nos muito bem, com todas as diferenças que existem entre nós.

Ser mulher foi em algum momento sinónimo de dificuldade acrescida no seu processo de crescimento profissional?

Foi. Comecei a detetar isso por dois motivos: o primeiro quando comprei casa e comecei a ter uma vida familiar que exigia mais de mim… trabalhar numa consultora significa não ter um horário fixo. Tentei não destruir nenhuma das partes, não abdicar da minha vida pessoal nem da profissional. Tentei equilibrar tudo e foi muito complicado. Como nunca desisti de manter a qualidade que tinha no meu trabalho acabei por prejudicar a minha vida pessoal.

A segunda foi quando comecei a viajar para africa, e neste caso só em relação ao trabalho, ser mulher não me ajudou muito nos projetos que comecei a fazer em Angola. Aqui, em Portugal não se notava tanto mas em Angola, por questões culturais, a forma de como simplesmente não falavam comigo foi mesmo muito difícil de aceitar. Nunca reuniam apenas comigo, quando tinha que participar numa reunião com um colega também responsável pelo projeto, era completamente ignorada. Hoje, em Angola, já se vêm mulheres em cargos de liderança mas mesmo assim basta haver uma negociação que envolva números que perguntam de imediato onde está o homem para resolver a questão, mesmo sendo eu quem assina os contratos.

Qual é a sua opinião sobre na forma de como o mundo empresarial trata as mulheres?

Acho que cada vez mais se dá valor às características que as mulheres têm na área profissional.

Nós, mulheres, estamos habituadas a gerir a vida profissional e pessoal ao mesmo tempo. Temos uma forma de compreender as coisas um pouco diferente dos homens, que eu considero que são mais práticos e alheios a alguns pormenores. As mulheres são, por norma, mais exigentes e rigorosas com o trabalho e responsabilidades que lhe são atribuídas. Hoje, penso que estamos a conseguir que as empresas reconheçam isso, que somos capazes de tudo o que os homens são.

Há sempre bons e maus exemplos. Neste momento na área em que trabalho, não acho que sejamos tratadas de forma diferente dos homens.

Cada vez mais vemos mulheres a assumirem cargos de liderança. A sociedade começa, finalmente, a olhar para as mulheres e a querer aproveitar as nossas características como mais-valias

Três coisas que as mulheres empresárias deveriam ter constantemente em mente?

Que não é fácil. Liderar uma empresa não é mesmo nada fácil. É preciso ser muito persistente e muito consistente com aquilo que dizemos e fazemos. Estamos em constante avaliação pelas decisões que tomamos e não é fácil tomá-las. Mas vale a pena, principalmente quendo olhamos para trás e vemos o que já conseguimos construir em quatro anos e as oportunidades que ainda temos pela frente. Portanto, ser consistente, persistente e ter a noção de que não é fácil mas que vale a pena. ▪

E a sociedade?

Acho que não. Não tenho tido evidências disso.

Aqui, na Dixtior, não incluímos ou excluímos pelo género e penso que a sociedade também não está a fazer essa distinção nem sequer de forma dissimulada. Cada vez mais vemos mulheres a assumirem cargos de liderança. A sociedade começa, finalmente, a olhar para as mulheres e a querer aproveitar as nossas características como mais-valias.

O que espera das pessoas que trabalham consigo?

Essencialmente responsabilidade. Optamos por, numa primeira fase, contratar pessoas com pouca experiência e ainda jovens para os podermos moldar à nossa forma de trabalho, o que lhes tentamos incutir é o sentido de responsabilidade nas tarefas que lhes são atribuídas. Lidam com os clientes e por isso têm de ter brio no trabalho que entregam. Se eles forem responsáveis, o trabalho será bem realizado com certeza!

Esperemos que trabalhem em equipa. Tentamos que a equipa seja uma só, apesar das várias áreas, e com isso pretendemos conquistar um bom ambiente de trabalho, porque só quem se sente bem e dignamente no seu local de trabalho consegue ter um bom desempenho profissional.

Hoje temos uma equipa sensacional com 35 excelentes profissionais.

Uma liderança no feminino transforma as empresas? De que forma?

Ser mulher dá-nos uma visão um pouco diferente e isso aplica-se também à forma como gerimos a empresa. A forma como nós encaramos a vida e lidamos com toda a dinâmica que existe entre vida familiar e vida profissional em simultâneo, leva-nos a ter que ter uma visão diferente sobre a forma de como tratamos a nossa empresa. A maior transformação que advém de uma liderança no feminino é a tendência de fazer uma extensão da forma de como vivemos. Somos mais cuidadoras e importamo-nos de como as pessoas são tratadas.

No nosso caso, somos os três muito diferentes, mas respeitamos as opiniões uns dos outros e aproveitamos essas diferenças para ter uma gestão equilibrada.

33 ABRIL 2017

Que diferenças podem ser apontadas entre homens e mulheres em contexto laboral?

Homens e mulheres são diferentes naturalmente.

Eles são mais relaxados, mais calmos, não dão tanta importância a pormenores. As mulheres são mais rigorosas, organizadas e exigentes no que fazem e dão mais importância aos detalhes. Aqui, tentamos sempre criar equipas mistas de forma a aproveitar todas as valências de ambos os géneros.

LIDERANÇA NO FEMININO

PWN Lisbon como stakeholder estratégico das organizações em Portugal

Ana Torres Presidente da PWN Lisbon

liderança no feminino

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E

ste primeiro ano de atividade da PWN Lisbon, do triénio 2016/2019, foi particularmente desafiante e permitiu através de decisões estratégicas e ações muito diversificadas alcançar e reforçar a 3 Grow Strategy que norteia a organização: 1. Fazer crescer a PWN Lisbon, estabelecendo alianças e parcerias estratégicas e expandindo a base de membros e associados; 2. Promover a igualdade de oportunidades de desenvolvimento profissional das mulheres, através de formação e orientação em liderança, programas de mentoring, empreendedorismo, networking e partilha de boas práticas; 3. Disponibilizar mais evidência sobre o valor económico e social da diversidade de género.

A PWN Lisbon tem vindo a manter, de forma cada vez mais recorrente e sólida, contacto com organismos públicos e privados, cuja atividade tem incidência direta na diversidade. Deste modo, tem ganho uma maior visibilidade e marcado presença nos fóruns mais relevantes da cena pública portuguesa, no que concerne à promoção da carreira e do talento feminino.

Paralelamente, vários board members da PWN

têm vindo, ao longo deste ano, a representar a PWN Lisbon em eventos e iniciativas de prestígio na área da diversidade.

Naturalmente, a PWN Lisbon acompanhou a evolução da aprovação da proposta de lei para representação equilibrada de género nos órgãos de gestão das empresas do setor público e cotadas em Bolsa, que estabelece uma representação mínima de 33% de cada um dos sexos.

Em linha com o seu objetivo de liderar a definição e implementação de iniciativas inovadoras no acompanhamento contínuo e na promoção das mulheres nas suas carreiras, a PWN Lisbon implementou ao longo deste último ano um conjunto de programas de formação e iniciativas de networking, que beneficiam uma rede de mais de cerca de 250 membros ativos em Portugal, entre mulheres e homens, de diferentes faixas etárias e com total diversificação de funções, setores e culturas.

Em linha com as melhores práticas já estabelecidas na PWN Global e seguindo a visão da União Europeia nos processos de aceleração das mulheres na liderança, o WOB surge como uma iniciativa estratégica no âmbito da qual são identificadas as mulheres com o perfil, o percurso e as competências adequadas ao desempenho de funções de topo, públicas e privadas.

Através do WOB, será possível criar sinergias e potenciar o encontro entre as profissionais e as organizações, com benefício para o tecido empresarial e a sociedade portuguesa no global.

O programa está orientado, pois, para a retenção do talento, na ótica organizacional, e para a integração de programas de desenvolvimento profissional exclusivos e o acesso aos stakeholders mais relevantes, na ótica das profissionais destacadas.

Arranque do Programa Women on Boards

Em 2016, foi realizada uma nova edição do programa de Liderança da PWN Lisbon, no ar desde 2012 para dar a conhecer as fundações da liderança a mulheres que são potenciais líderes, fornecendo ferramentas, desenvolvendo competências e partilhando casos de sucesso. Inspirado nas Neurociências e promovendo uma visão única da liderança, este segue uma abordagem

No dia 2 de fevereiro de 2017, surgiu pela primeira vez em Portugal e pela mão da PWN Lisbon o Women on Boards (WOB), um programa inovador desenhado de raiz para alavancar a maior participação das mulheres na gestão de topo das organizações.

Edição de 2016 do Programa de Liderança

completamente inovadora, com vista a preparar profissionais para o desempenho de funções de liderança neste nosso mundo turbulento e imprevisível.

Na edição de 2016, que se prolongou ao longo de cinco meses e contou com uma equipa de 30 voluntários, foram registados 41 participantes, que puderam assistir a 44 sessões de formação, conduzidas por 30 oradores nacionais e internacionais.

IBM) e da Mercer, moderadas pelo CEO do WY Group, Pedro Janela; com a Secretária de Estado para a Cidadania e Igualdade, Catarina Marcelino, a fechar, foi dada nota de destaque ao empenho e à influência que a PWN Lisbon está a construir na sociedade portuguesa.

Workshops temáticos

Edição de 2016 do Programa de Mentoring

5.ª Conferência Anual da PWN Lisbon

No dia 18 de novembro de 2016, teve lugar em Lisboa a 5.ª Conferência Anual da PWN Lisbon, com o tema Pensar o país: Portugal como HUB de Conhecimento no Século XXI. Neste evento, foram dados ao debate público contributos sobre a centralidade do conhecimento como agente dinamizador de uma cultura económica de crescimento e geradora de emprego, com impacto no desenvolvimento de todos os setores.

Cerca de 300 pessoas, entre membros da PWN Lisbon, associados e representantes de empresas parceiras aplaudiram ao longo do evento as várias intervenções que, na sua globalidade, procuraram abranger os principais eixos de atuação da PWN Lisbon e colocar em antena personalidades emblemáticas da esfera pública portuguesa com voz relevante na área da diversidade empresarial.

Deu o pontapé de partida a Presidente da PWN Lisbon, Ana Torres, cuja apresentação enquadrou a entidade organizadora do evento e a sua equipa multidisciplinar; três membros do programa de Mentoring da PWN – um mentee, um mentor e um mentoring angel – deram o seu testemunho sobre a respetiva intervenção no programa; o Presidente do Conselho de Administração do Novo Banco, António Ramalho, fez a intervenção aspiracional, verdadeiramente inspiradora, e deixou a frase charneira do evento: «A PWN é um stakeholder fundamental para qualquer organização»; tiveram ainda lugar, no painel de reflexão sobre a centralidade do conhecimento, as intervenções da Siemens, da EDP, da SoftINSA (Grupo

Catarina Marcelino Secretária de Estado para a Cidadania e a Igualdade

Celebração de novas parcerias estratégicas

A PWN Lisbon implementou ao longo deste último ano um conjunto de programas de formação e iniciativas de networking, que beneficiam uma rede de mais de cerca de 250 membros ativos em Portugal, entre mulheres e homens, de diferentes faixas etárias e com total diversificação de funções, setores e culturas

Neste primeiro ano de atividade, a PWN Lisbon celebrou um conjunto de parcerias estratégicas com organizações de relevo em Portugal, cujos colaboradores estão hoje mediante a parceria integrados na rede de membros da PWN Lisbon, beneficiando desse modo do ecossistema de eventos de networking, programas e workshops de formação PWN Lisbon.

Através destas relações de parceria, a PWN Lisbon pretende: - Estabelecer alianças estratégicas com empresas, instituições públicas e outras organizações relevantes, que potenciem e promovam a sua atividade e a sua missão; - Criar uma rede de parceiros de negócios representativos dos diferentes setores estratégicos de crescimento e que permitam alargar o valor das iniciativas e atividades da PWN Lisbon. ▪

35 ABRIL 2017

O programa de Mentoring da PWN Lisbon, uma iniciativa pioneira e inovadora em Portugal, contou já com mais de 340 candidatas em cinco edições, tendo mudado a vida a perto de 200 mulheres e posicionando-se como uma poderosa ferramenta de desenvolvimento pessoal e profissional.

Estabelecendo duplas entre Mentoradas e Mentores de referência na sua área de atuação, este programa consiste numa relação de compromisso, em regime de voluntariado, que envolve partilha de conhecimento e experiências, num caminho de aprendizagem para o alcance de objetivos pré-definidos pelas Mentoradas. Com a duração de 1 ano, pressupõe 8 a 12 sessões mensais num modelo presencial ou virtual, disponibiliza acompanhamento ao par, se necessário, por uma equipa e promove encontros para partilha de experiências e networking.

Na edição de 2016, que se prolongou ao longo de 12 meses e contou com uma equipa de 20 voluntários, foram registadas duplas de 38 mentoradas e 38 mentores.

Com vista à promoção da atividade da PWN Lisbon e para fazer face à necessidade estratégica de oferecer vantagens competitivas a todos os seus associados, a PWN Lisbon tem vindo a realizar um conjunto de workshops temáticos (1/ mês), ancorados na construção de carreira e na consolidação da liderança e do talento, endereçando diferentes áreas e formadores. Entre 2016 e 2017, foram realizados 4 sessões de formação, às quais assistiram ao todo mais de 80 pessoas: Personal Branding & Linkedin, por Clara Celestino, HR Manager da Microsoft Portugal Que Media Training para os Líderes? Por Isabel Guimarães, profissional de media training Transformação digital: conhecer as tendências recentes, por Hugo de Sousa, Assessor de Transformação Digital da Secretária de Estado da Justiça Comunicação & Liderança, por João Carlos Ferreira de Lima, Consultor

LIDERANÇA NO FEMININO

» ANA TEIXEIRA, CHIEF TECHNOLOGY OFFICER NA NOWO E ONI

ANA TEIXEIRA

liderança no feminino

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UMA MULHER NUM MUNDO DE HOMENS As mentalidades estão a mudar no que diz respeito à desigualdade de género? O que é mais importante quando se ocupa um cargo de liderança? Ana Teixeira, Chief Technology Officer do Grupo NOWO - ONI, responde-nos a estas e outras questões.

A

tualmente é Chief Technology Officer do Grupo NOWO - ONI, há quanto tempo se encontra nestas funções e quais os principais desafios que enfrentou até chegar aqui?

A NOWO surgiu no mercado em setembro de 2016. É uma marca nova e com um posicionamento disruptivo no setor das telecomunicações, que nasceu da antiga Cabovisão. Foi na Cabovisão que comecei por assumir a função de CTO, em 2013. Entretanto, a então estrutura acionista adquiriu a ONI e acabei por assumir também a responsabilidade da liderança tecnológica desta empresa. Tem sido um desafio

constante trabalhar duas empresas, que embora atuem dentro do mesmo setor, têm estratégias, objetivos e públicos distintos. No mercado nacional desde 2000, a ONI continua a apostar no segmento empresarial, com soluções para todas as indústrias, desenhadas e ajustadas à medida das necessidades dos seus clientes. A NOWO, a marca challenger do setor das telecomunicações português, foca-se no consumidor e tem vindo a lançar produtos inovadores, como a NOWO TV, um serviço de televisão fácil, rápido e orientado para os conteúdos.

Porquê a aposta nesta área e de que forma

tem ultrapassado os diferentes obstáculos na sua carreira?

Sempre gostei bastante de matemática e das disciplinas científicas. E desde criança que também sempre tive bastante curiosidade pelos brinquedos eletrónicos. Gostava de desmontar os aparelhos e perceber como é que eles funcionavam (risos). Gosto desta área e não me arrependo de ter seguido este percurso. Houve altos e baixos como é normal, mas não mudaria nada. E são esses aspetos menos positivos que enfrentamos que acabam por nos ajudar a crescer e a desenvolver competências. Quando fazemos parte de uma equipa e passamos a

Que análise perpetua relativamente aos conceitos de Liderança e Mulheres? Sente que ainda existe algum cepticismo quando juntamos estes dois conceitos?

Há pouco tempo li que apenas 5% das empresas tecnológicas em Portugal têm mulheres em cargos de chefia. É muito pouco. Mas acho que não se trata apenas de os homens nem sempre aceitarem mulheres a liderar. Sou da opinião de que, por vezes, as próprias mulhe-

37 ABRIL 2017

chefiar os nossos colegas, a adaptação nunca é muito fácil – principalmente quando se é uma mulher a liderar uma equipa maioritariamente masculina. É de facto – e infelizmente - verdade que as mulheres têm de se esforçar mais para verem o seu trabalho ser reconhecido e valorizado. Temos de nos esforçar para demonstrar que conseguimos ser iguais ou melhores do que os homens. Durante o meu percurso profissional, em todas as funções que desempenhei, tive de demonstrar que estava à altura daquela função por ser uma mulher numa indústria composta por homens. Nas equipas que liderei, tive pessoas que se identificaram com o meu estilo de liderança e outras, menos colaborativas e isso contribuiu muito para potenciar as minhas soft skills e a forma como faço a gestão das minhas equipas e das minhas pessoas.

res têm algum medo de arriscar e de sair da sua CTO fui diretora de IT, apesar de ser formada em zona de conforto por acharem que não estão Engenharia Eletrónica e Telecomunicações - um preparadas ou por não quererem abrir mão de curso composto maioritariamente por homens outras coisas, como o work-life-balance de que também. Estive sempre presente no mundo tanto se fala atualmente. Isto porque sabemos dos homens e com o tempo nós próprias acabem que é muito difícil conseguir gerir a vida bamos por nos adaptarmos a esta realidade. familiar com a nossa vida profissional e pessoal.

Quando era mais nova sentia menos confianTenho um filho de dez anos e um cargo exigença em afirmar o meu lado feminino, em me te e que ocupa muitas horas do meu dia. E o maquilhar, vestir roupas mais femininas…Hoje, meu filho, como todas as crianças, ressente-se, com outra idade e outra maturidade, gosto de o que acaba por nos fazer sentir alguma culpa. assumir a minha feminilidade. Aliás, na ComisPor isso mesmo tenho lido muito sobre são Executiva do Grupo NOWO - ONI, gestão, liderança e gestão de tempo. a equipa é constituída por cinco Recentemente li um artigo bashomens e uma mulher por tante interessante, que decidi isso tenho de representar Sou pôr em prática, e que sugeria bem o género feminino geralmente que os líderes deviam ter (risos). descrita como uma um dia por semana sem pessoa determinada, com reuniões marcadas. Nem Acredita que existe foco e força de vontade. sempre é possível, mas uma distinção clara Por isso, essa desigualdade agora, todas as semanas entre a Liderança de género nunca foi impeditiva procuro ter um dia sem Feminina e a Mascupara mim e nunca tive reuniões para me dedicar lina? medo de assumir inteiramente a outras tareA sensibilidade atridesafios fas que se vão acumulando. É buída como uma caracuma forma de conseguir fazer terística inerente do géneuma melhor gestão do tempo e ro feminino é um ponto basde conciliar atividades que exigem tante importante e a favor das mais tempo de dedicação e concentração mulheres. Isto porque um líder gere com as atividades regulares inerentes ao cargo pessoas diariamente e precisa de ter a intelique desempenho. gência emocional para perceber como lidar e motivar cada elemento da sua equipa. Temos Na sua opinião, existem mulheres que, um “instinto conciliador” e conseguimos levar mesmo em cargos de direção, ainda são alvo a nossa equipa para a frente através da nossa de comportamentos que prejudicam o seu subtileza e pela forma delicada como abordadesempenho? mos os assuntos, ao contrário dos homens que Não sinto essa discriminação. Hoje tenho outra estão habituados a competir. Por outro lado, maturidade e ao longo dos anos adquiri fernão acredito no conceito de “multitasking” aperamentas para me defender e proteger desse sar de ser atribuída à mulher a característica de tipo de atitudes. Se for a um evento de tecnoconseguir executar várias tarefas ao mesmo logia, 99% dos presentes são homens e 1% são tempo. Acredito sim, que temos a capacidade mulheres. Há uns anos atrás, nesses eventos, as de passar mais rapidamente de uma tarefa para mulheres acabavam por ser colocadas à parte a outra e de um tema para o outro. Parece que porque não faziam parte do “clube” dos homens. fazemos várias coisas ao mesmo tempo, mas Sou geralmente descrita como uma pessoa não. É apenas uma sequência. Na minha função determinada, com foco e força de vontade. esse aspeto ajuda bastante porque este setor Por isso, essa desigualdade de género nunca tecnológico abrange diversas áreas e faz com foi impeditiva para mim e nunca tive medo de que tenhamos de estar constantemente em assumir desafios. Antes de assumir o cargo de cima de todas elas. ▪

FILOMENA CIRÍACO

“AINDA SOMOS UMA MINORIA” liderança no feminino

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Filomena Ciríaco é Diretora Operacional da Praxis Farmacêutica. Tem quatro filhos e sempre conseguiu conciliar a sua carreira com a sua vida profissional. Hoje é líder e uma mulher de sucesso. E para Filomena Ciríaco organização e um bom suporte familiar são essenciais para se ter uma carreira de excelência. Venha connosco saber mais.

H

á quanto tempo é Diretora Operacional da Praxis Pharmaceutical? Quais foram os principais desafios que enfrentou para chegar até aqui?

Acho que tive um percurso muito normal. Comecei na indústria farmacêutica com 19 anos. Fui, certamente, a delegada mais jovem que entrou na indústria farmacêutica, e isso fez com que fosse sempre muito apoiada a nível de chefias e de colegas.

Lembro-me numa das entrevistas que fiz para entrar na indústria farmacêutica consegui chegar à fase de topo onde fui entrevistada pelo diretor geral.

Aqui tinha 18 anos e a primeira coisa que ele me disse foi que eu era muito nova. Para ele o facto de ser muito nova era sinónimo de falta de responsabilidade, o que me chocou bastante. Posteriormente, quando faço uma entrevista para o laboratório onde iniciei a minha carreira, é uma das questões que coloco logo. “Se vou andar a fazer entrevistas e passar às fases seguintes para depois me dizerem que ter 18 anos para vocês significa falta de responsabilidade, é preferível ficarmos por aqui”. Nesse dia,

quando cheguei a casa, tinham ligado a dizer que tinha sido selecionada para o lugar.

Aos 21 anos abracei o primeiro grande salto dentro da indústria farmacêutica quando sou convidada pela Roche Farmacêutica a integrar uma equipa de oncologia como delegada hospitalar. A Roche tinha criado uma área hospitalar específica, a biotecnologia, onde integrei uma equipa hospitalar completamente sénior chefiada por uma mulher, uma excelente profissional. Tudo o que sou profissionalmente hoje é um pouco do reflexo do que aprendi e absorvi com ela e com os meus colegas dessa equipa onde estive 12 anos. Era a mais nova da equipa e muito do meu know-how o devo a eles.

Por outro lado, tive a sorte de ter laboratórios que sempre apostaram em mim e na minha formação.

Mais tarde há um despedimento coletivo e eu estava na lista das pessoas que iam ser despedidas.

Na altura fiquei desorientada porque já tinha dois filhos, mas hoje considero que a Roche me “libertou” na altura certa. Ao dar-me a oportunidade de uma formação na DBM num programa de continuação

de Carreira para Executivos, ganhei o background para dar o salto.

Em 2002 surge uma nova proposta na Chiron para o cargo de account manager que me obrigava a viajar por todo o país. Mais tarde, quando o diretor-geral da Chiron me propôs o cargo de diretora nacional de vendas, questionou-me como é que ia conseguir conciliar este cargo com dois filhos ainda pequenos.

A minha resposta foi simples “como sempre fiz tudo.

Com muita organização e um bom suporte familiar tudo se faz”. E realmente fiz.

Alguma vez sentiu que lhe foram vedadas metas pelo facto de ser mulher? Existe ou não discriminação entre homens e mulheres?

Neste momento tenho quatro filhos. O papel de mãe nunca foi impeditivo para mim para ascender profissionalmente. Para nós mulheres é o maior desafio que temos, ser mãe e progredirmos num mundo que ainda é um mundo de homens. Há 15 anos atrás eramos muito poucas mulheres a chefiar equipas. Hoje já somos mais,

LIDERANÇA NO FEMININO

» FILOMENA CIRÍACO, DIRETORA OPERACIONAL DA PRAXIS FARMACÊUTICA dependentes de mim. Tive de repensar tudo, mas mas ainda é pouco. Ainda somos uma minoria. consegui conciliar estes dois papéis. E esta relação Se analisarmos bem as direções das empresas, de família e profissão deu-me um background para estas são constituídas maioritariamente por chegar onde estou hoje. Tenho uma perspetiva do homens. E as diferenças não se ficam por aqui. mundo, quer a nível empresarial, quer a nível econóComeçam logo na diferença de salários entre homens e mulheres. Por isso mesmo tive de tramico, diferente e muito abrangente. Tenho também balhar o triplo para mostrar o meu valor e para a capacidade de perceber que todos somos difeme desdobrar entre a vida profissional e a vida rentes e não podemos gerir as pessoas da mesma pessoal. Queria dar atenção aos meus filhos e maneira. Consigo ter esta sensibilidade porque vê-los crescer. Tentava sempre ir buscátenho quatro filhos. Foram educados da -los ao colégio e passar tempo de mesma maneira, mas são pessoas qualidade com eles, mas depois diferentes. Cada um pensa e de os deitar ainda tinha de sente de maneira diferente. trabalhar para a empresa.

Acho que este é o meu Nunca ficou um relatório ponto forte, saber gerir Neste momento por enviar. pessoas. Considero-me tenho quatro filhos. uma pessoa bastanJá os homens têm mais O papel de mãe nunca possibilidades para ascente humana. Quando foi impeditivo para mim alguém da minha equider profissionalmente para ascender até pelo simples facto de pa precisa de ajuda eu “descartarem” um pouco estou lá. Costumo dizer profissionalmente as suas tarefas como pais à minha equipa que sou por saberem que a mãe está a chefe, hierarquicamente, lá para cuidar dos filhos. Por isso mas temos de trabalhar em temos de trabalhar mais para conequipa. Porque se eles não atingem os objetivos deles eu seguirmos vingar e mostrar que consetambém não atinjo os meus. guimos ser boas profissionais.

Acho que as mulheres são mais sentimentais e sensíveis e temos uma maneira diferente de ver as O que é mais importante quando se ocupa um pessoas e de as motivar. É importante ter as pescargo de liderança?

Em 2007, quando fui convidada para diretora soas da equipa motivas. Mas o que posso fazer para operacional da Praxis o meu filho mais novo tinha motivar um elemento da minha equipa é diferente dois anos e perdi muito da infância dele devido às de pessoa para pessoa. viagens constantes e responsabilidades acrescidas.

E este é o meu maior desafio: manter os meus colaMas consegui criar uma relação excelente com o boradores felizes e manter um ambiente estável e meu filho. Lembro-me que quando descobri que saudável na empresa. Temos de gostar daquilo que estava grávida foi um choque para mim porque foi fazemos e sentir-nos bem no sítio onde trabalhano momento em que decidi apostar mais na minha mos. Se estivermos bem é um passo para consecarreira por os meus outros filhos já não estarem tão guirmos ter sucesso. ▪

ABRIL 2017

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LIDERANÇA NO FEMININO

» SORAIA M. GONÇALVES DIRETORA DA ESCOLA SUPERIOR DE GESTÃO

liderança no feminino

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SORAIA M. GONÇALVES

O ENSINO COMO ELEMENTO DE IGUALDADE ENTRE HOMENS E MULHERES Soraia Gonçalves é Diretora da Escola Superior de Gestão do IPCA e, em entrevista, fala sobre o seu percurso e sobre os estereótipos associados a questões de liderança, sejam elas femininas ou masculinas.

O perfil da mulher líder está mais diversificado, se antes seria maioritariamente uma mulher sem filhos neste momento é cada vez mais comum encontrar uma mulher líder com filhos, isto, para mim, é a constatação da mudança extremamente positiva que está a ocorrer nos homens

Qual é, na sua opinião, o impacto dos estereótipos de género no acesso das mulheres a cargos de liderança?

Estou numa instituição em que a questão não se parece colocar, isto porque a maioria dos dirigentes são mulheres. Obviamente que tal resulta do facto da maioria do corpo docente da Escola ser feminino, no entanto, em nenhum momento senti que alguém tenha sido preterido por uma questão de género. A educação em geral é considerada um setor em que a presença feminina é maior e como tal a presença de mulheres na liderança será superior, mas se considerarmos os cargos de topo, Reitores e Presidentes de Institutos Politécnicos, ainda vemos que a questão de género tem influência. O impacto ocorre mais pelas condicionantes que existem, ou se assume que existem, no tempo disponível das mulheres do que na diferenciação em termos de perfil de liderança. Não acredito que as diferenças de género devam ser assumidas como genéricas, globalmente as mulheres praticam uma liderança

LIDERANÇA As mulheres…?

São boas líderes e más líderes como os homens são bons líderes e maus líderes.

mais participativa e consensual e os homens uma liderança mais dominada pela autoridade e motivação através de um sistema de recompensas. O impacto dos estereótipos de género no acesso a cargos de liderança existirá enquanto existir uma desigualdade nas práticas educativas, sobretudo no âmbito da família que tem de afastar a ideia de que a mulher deve assumir maior responsabilidade nas tarefas domésticas e familiares.

De forma particular, o ensino, em Portugal, ainda é estruturado para que se criem ambientes masculinos e limitem, assim, o acesso das mulheres no que toca a cargos de relevo?

A minha experiência diz-me que não, seja enquanto docente e dirigente no IPCA seja pela experiência que tive ao longo do meu percurso como estudante. Muito pelo contrário, acredito que o ensino tem sido um elemento importante para mostrar que rapazes e raparigas podem estudar o que quiserem e serem o que quiserem.

O acesso a cargos de relevo está dependente das capacidades individuais mas também do tempo disponível para o exercício do cargo, pelo menos

da forma como em Portugal ainda se perceciona que deve ser exercido. O perfil da mulher líder está mais diversificado, se antes seria maioritariamente uma mulher sem filhos neste momento é cada vez mais comum encontrar uma mulher líder com filhos, isto, para mim, é a constatação da mudança extremamente positiva que está a ocorrer nos homens, que assumem o papel de companheiros na família e como tal com capacidade para partilhar todas as tarefas do domínio familiar.

Fará falta um certo feminismo à sociedade?

Não diria que falta feminismo à sociedade, em termos genéricos homens e mulheres são diferentes, ninguém pode estar vedado do que quer que seja porque é homem ou porque é mulher, ou porque tem uma determinada religião ou orientação sexual ou por qualquer outra condição.

Devem ser garantidas condições de equidade a todos, mas não através de quotas, o sistema de quotas na minha opinião contribuiu para a desvalorização do mérito de quem assume o cargo.

Alguma vez sentiu que o ser mulher fez com que o percurso se tornasse mais difícil?

Sinto-me muitas vezes dividida na atenção que dou à minha profissão, e a um cargo naturalmente exigente como o da direção de uma Escola, e à minha família, especialmente aos meus filhos, ao meu filho de 8 anos e à minha filha de 4 anos.

Aliás a minha filha nasceu já eu assumia o cargo de direção e em certos momentos penso se a sua personalidade não é já marcada por isso.

Tenho um apoio da parte do meu marido excecional nesta matéria, ambos fazemos todas as tarefas essenciais ao bem-estar dos nossos filhos e nisso somos uma equipa, mas penso se fosse homem se seria mais fácil, se não existiria menos angústia... ▪

41 ABRIL 2017

É

Diretora da ESG desde 2011 mas iniciou a sua carreira em 1999 como assistente no ensino superior. Que história nos pode contar sobre si e sobre a carreira profissional que tem construído?

Iniciei o meu percurso profissional em 1999, como assistente na Escola Superior de Gestão (ESG) do Instituto Politécnico do Cávado e do Ave (IPCA), logo após ter concluído a licenciatura em Administração Pública na Universidade do Minho.

Em 2008 concluí o doutoramento em Ciência Política na Universidade de Santiago de Compostela, e atualmente sou professora coordenadora da área disciplinar de administração e finanças públicas, assim como diretora da Escola Superior de Gestão, desde 2011 como referiu.

LIDERANÇA NO FEMININO

» MARGARETE FILIPA REIS, Secretária executiva No MAIS NEGÓCIO PORTUGAL

“CONQUISTAR PARA EVOLUIR” Margarete Filipa Reis, Secretária executiva no Mais Negócio Portugal, apresenta-se como alguém que gosta das “coisas simples da vida”. Desde cedo que se evidenciou como dinâmica e determinada. Conheça-a na primeira pessoa e que percurso a levou até à famosa rede de networking portuguesa que é conhecida por fechar negócios ao almoço.

A

liderança no feminino

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té chegar à Mais Negócio Portugal, qual foi o seu percurso?

Com uma boa disposição incrível sempre levei a vida com um sorriso no rosto.

A minha pró-atividade foi notada sobretudo no secundário, estava fazer um curso profissional de Técnica de Apoio à Infância quando fui motivada e incentivada a prosseguir os estudos.

Várias pessoas acreditaram em mim e fui para a faculdade, licenciei-me em Educação Socioprofissional pela ESE Jean Piaget. Ao mesmo tempo desenvolvi e o liderei o meu primeiro projeto.

Estava a estagiar na Junta de Freguesia de Grijó quando desenvolvi o projeto “Trabalhar Para o Emprego”. Motivei um grupo de pessoas desempregadas de quatro freguesias de Vila Nova de Gaia e tive uma taxa de sucesso incrível. Após o meu projeto todo o grupo arranjou emprego e ficou feliz! Foi muito gratificante para mim ver a emoção e a alegria das pessoas, no projeto todos ensinavam todos, todos aprendiam com todos.

Recebi a minha primeira carta de recomendação “Margarete Reis sempre foi uma estagiária exemplar, com grande poder de iniciativa, que sempre colaborou com os demais funcionários da Junta de Freguesia, tendo desempenhado as suas funções com grande cariz profissional e exemplar”.

Paralelamente a tudo isto tive uma horta biológica comunitária, vendia legumes ao sábado de manhã. Entretanto tive que deixar o projeto da horta porque fui incentivada por amigos a fazer o mestrado em Ciências da Educação: Educação Social e Intervenção Comunitária na Universidade de Aveiro onde tive a oportunidade de aprender muito sobre participação cidadã de crianças e inspirei-me em Francesco Tonucci para realizar o projeto “Por um bairro mais amigo das crianças: novos protagonistas” um projeto que envolveu mais de 70 crianças e jovens do município de Aveiro e que incidiu sobre direitos de participação e planeamento do espaço público urbano do Bairro de Santiago.

A minha transição da área social para os negócios ocorreu assim: depois do mestrado participei no concurso de talento para o marketing pessoal Master.Spitch onde tive a oportunidade de fazer um pitch de 90 segundos no palco do Rivoli para um conjunto de empresas, fui uma das finalistas do concurso e ganhei uma bolsa de formação em marketing pessoal; após o concurso uma ONG - a JCI que estava na plateia sugeriu que eu organizasse um evento para me dar a conhecer. Organizei o evento “Excelência pessoal: profissionais que transformam realidades”, enquanto estava a organizar o evento recebi uma mensagem no LinkedIn a convidarem-me para um almoço de empresários, não sabia para o que ia mas aceitei o convite. Era um almoço do Mais Negócio Portugal, achei o conceito incrível! Apresentei-me e falei do evento que estava organizar e algumas empresas ofereceram-se para me patrocinar. O Pedro Ribeiro, CEO da empresa reuniu-se comigo e averiguamos a possibilidade de eu integrar a equipa e hoje trabalho lá.

O segredo do sucesso consiste no facto de fazer as coisas com o mesmo brio como se estivéssemos a ser observados sempre.

Sucesso é sermos nós mesmos MARGARETE FILIPA REIS

Quais são as suas responsabilidades na empresa?

Estou no back office da empresa, convido e inscrevo as pessoas para as reuniões/almoços de networking empresarial, faço um acompanhamento personalizado para cada empresa, reencaminho cada pessoa para o grupo mais adequado, geograficamente e de acordo com as oportunidades de negócio. O feedback tem sido sempre muito positivo e ocasionalmente também participo nas reuniões.

Como funciona o modelo de networking praticado pelo Mais Negócio Portugal?

Somos uma empresa portuguesa que convida os melhores empresários a aumentarem os lucros da sua empresa enquanto se reúnem uma vez por semana ao almoço para fecharem negócios entre si.

As reuniões acontecem sobretudo ao almoço e funcionam através de um modelo estruturado (com ordem de trabalhos pré-definida), de um modelo com métricas (onde as estatísticas são validadas) e de um modelo de exclusividade (em cada grupo um profissional por setor de atividade). A satisfação profissional dos membros é a razão de existir da empresa e por isso todos ganham a possibilidade de participar em formações técnicas e informativas de forma gratuita. Para além de existir uma forte componente formativa e um grande espírito de entreajuda e crescimento coletivo a empresa assume ainda um papel de responsabilidade social. Em 2016 doou 780 refeições através da iniciativa Nourish The Children. Neste momento atuamos na zona do Porto e região e Lisboa.

“Os melhores negócios são ao almoço”?

Sim! A hora de almoço é o timing perfeito para a negociação porque estreita os laços de confiança entre os membros, descontrai, recarrega energias, aumenta as hipóteses de fechar negócios e dessa forma ganhar dinheiro.

O que tinha em mente quando decidiu participar no Master.Spitch?

O meu objetivo inicial era apenas arranjar empre-

go, mas esse objetivo tornou-se pequeno quando conheci o concurso. Recomendo! Fiz muitos contactos, aprendi ferramentas muito uteis ao nível do marketing pessoal e profissional.

O que é e do que depende o sucesso?

Sucesso é a capacidade de sabermos onde estamos sem nos esquecermos de quem nos ajudou até aqui. Sucesso é amar, motivar e evoluir. Sucesso é trabalhar, aprender e estar preparado para quando a oportunidade surgir a conseguirmos agarrar e levar até ao fim. O segredo do sucesso consiste no facto de fazer as coisas com o mesmo brio como se estivéssemos a ser observados sempre. Sucesso é sermos nós mesmos. O ser bem-educado, simpático e humilde são características que fazem parte de uma pessoa bem sucedida, todos precisamos de conquistar para evoluir!

Quando não está a trabalhar o que gosta de fazer?

Gosto de agradecer pelo novo dia e leio diariamente cada pergaminho de Og Mandino.

Tento ser uma pessoa melhor de dia para dia, amo estar rodeada de pessoas positivas. Sempre que tenho oportunidade gosto de viajar, jantar fora, convidar amigos e familiares para celebrarmos as conquistas da vida juntos. Valorizo muito as tradições de família. Posso ser uma pessoa ocupada mas tenho sempre tempo para fazer o bem, por exemplo uma vez por semana vou visitar e dar o jantar a pessoas idosas no hospital voluntariamente. Quando estou sozinha gosto simplesmente de apreciar a beleza da natureza, o nascer e o pôr-do-sol; ouvir música calma enquanto conduzo ao final do dia.

Amo as pequeninas coisas do quotidiano como o desenho de uma criança, o abraço de alguém especial, a comida da minha mãe, o bolinho da tia Cristina ao domingo. Detalhes como um simples bilhete para mim fazem toda a diferença. ▪ Contactos: Telm: 919 615 991 | E-mail: mreis@mnegocio.pt

LIDERANÇA NO FEMININO

» ANA GARCÍA CEBRIÁN EM ENTREVISTA

IGUALDADE E INCLUSÃO “Penso que apenas o trabalho e a personalidade de cada um revelam a sua liderança, não o género.

O bom líder adapta-se às situações e ao momento”, afirma Ana García Cebrián, Country Chair da Sanofi Portugal e General Manager da unidade de negócio Sanofi Genzyme.

As mulheres de hoje assumem múltiplos papéis pelo destaque que têm vindo a ganhar no mercado de trabalho: empresárias, empreendedoras, líderes, mães, companheiras ou mulheres. Tem sido fácil para si conciliar a vida profissional com a vida pessoal numa sociedade que exerce cada vez mais pressão?

Quando vim para Portugal, comigo vieram os meus dois filhos menores mas não o meu marido que está a trabalhar no Reino Unido. Mas esta transição só foi possível graças ao esforço e apoio da minha família e ao facto de trabalhar numa empresa que muito valoriza o desenvolvimento dos seus colaboradores. Fiz a escolha de apostar na minha carreira e nunca deixei de abraçar um projeto profissional por motivos pessoais mas a minha família é o meu pilar e a minha força. Tenho um marido que me apoia incondicionalmente, mas que também tem a sua carreira, ambos fazemos cedências e procuramos encontrar soluções para

nos sentirmos realizados. Em relação aos meus filhos tenho outros suportes em quem confio plenamente sempre que a minha agenda é mais complicada ou que tenho de viajar. Sei que tenho momentos que não posso passar com eles e que são requisitos da minha função, mas o tempo que passo com eles é de total entrega e dedicação e ser mãe é um papel que assumo com todo o coração.

Acredito que o fundamental é encontrar um equilíbrio na vida pessoal e familiar para ter a tranquilidade e o foco necessários para desenvolver o meu trabalho e neste caso sinto que sou uma privilegiada. Outro grande desafio é encontrar tempo para mim própria e nesta área tento ter muita disciplina para o conseguir.

A Sanofi é uma empresa constituída por um número considerável de mulheres a ocupar cargos de chefia. É uma estratégia da empresa ou um sinal de mudança de estigma?

A Sanofi Portugal é um exemplo para outras companhias a nível da paridade de género. Dos 168 colaboradores 57% são mulheres e 59% dos managers são também do sexo feminino. Em termos de liderança temos várias mulheres em áreas

ANA GARCÍA CEBRIÁN

estratégicas e a nossa direção é maioritariamente composta por mulheres. Esta situação, não planeada, não é necessariamente a ideal já que a paridade acrescenta riqueza e valor na sua diversidade. Desta forma, a nossa companhia não distingue entre homens e mulheres, valoriza sim o seu empenho, dedicação, proatividade, capacidade de pensar e fazer diferente e o seu compromisso. Só assim podemos cumprir os nossos objetivos, sempre com o doente no centro da nossa atividade.

Esta é a nossa responsabilidade principal.

De acordo com um estudo da Informa D&B, no final de 2016, as mulheres ocupavam já cerca de 28,6% dos cargos de liderança das empresas portuguesas. Irão as mulheres revelar ser melhores líderes do que os homens?

Penso que apenas o trabalho e a personalidade de cada um revelam a sua liderança, não o género.

O bom líder adapta-se às situações e ao momento.

Os líderes definem o estilo de liderança e diferem consoante os tempos, a cultura, a situação do país e da empresa ou até das expectativas internas e externas. Por exemplo, a indústria farmacêutica é de algum modo ainda conservadora, mas o número de mulheres em cargos de liderança está a aumentar e esta é uma tendência que reflete o progresso do papel da mulher e do trabalho e os bons exemplos dados por mulheres que são líderes. No meu caso, dou o meu melhor para acompanhar e compreender as necessidades do momento e para elevar o negócio e as nossas pessoas.

Segundo o mesmo estudo, quando as líderes são mulheres, há mais diversidade de género nas equipas de gestão e liderança. Os homens líderes, por outro lado, dão mais primazia a equipas exclusivamente masculinas. Qual tem sido a sua estratégia para uma boa liderança e gestão de pessoas?

Pessoalmente, nunca senti que os homens líderes dessem mais primazia a equipas exclusivamente masculinas. Penso que equipas vencedoras têm de incluir perfis com competências que se complementem. As diferenças entre os sexos podem e devem ser aproveitadas da melhor forma com diferentes estilos de liderança, gestão de equipas e conflitos. No que se refere à minha estratégia, esta passa muito por compreender o momento e o ambiente, por me adaptar à situação atual, por ter a capacidade de, mais do que me impor, motivar e dar o empowerment necessário às pessoas e por me rodear da equipa certa. Estamos a viver um período de grandes transformações no qual a mudança é uma constante. Neste contexto, é importante manter um diálogo aberto e assegurar que todos compreendem a nossa estratégia, missão e propósito, que vivemos os nossos valores e temos uma linha condutora que nos guia. ▪ Contactos: Tel.: 21 358 94 00 | E-mail: geral.pt@sanofi.com

43 ABRIL 2017

A

na García Cebrián é Country Chair da Sanofi Portugal e General Manager da unidade de negócio Sanofi Genzyme.

Chegar a esta posição foi para si um desafio pelo facto de ser mulher ou considera que tenha sido um percurso natural?

No meu caso considero que foi um percurso natural. Entrei para a Sanofi em 2014 como Head of Market Access para a Europa e passados dois anos cheguei a Portugal cheia de expectativas para abraçar um projeto totalmente novo, como General Manager da Sanofi Genzyme, a unidade de negócios da Sanofi para a Esclerose Múltipla, Doenças Raras, Oncologia e Imunologia. Aceitar um novo desafio profissional é sempre uma experiência exigente especialmente quando mudamos várias coisas em simultâneo, a posição, o país, a cultura e toda a nossa realidade. A Sanofi é uma multinacional onde a palavra-chave é a diversidade, temos um ambiente bastante desafiante e em constante mudança onde ter uma boa capacidade de adaptação, flexibilidade de entender as necessidades de cada momento são fundamentais, independentemente do género. Por outro lado, sempre valorizei muito o meu auto desenvolvimento e estabeleci metas para um plano de carreira, começando pela minha formação em economia e passando por muitas horas de trabalho e dedicação. Desde o início de abril de 2017, que passei a ocupar a posição de Country Chair da Sanofi em Portugal, que acumulo com a minha anterior função, o que considero uma nova oportunidade de crescimento.

Acredito que as mulheres na Sanofi têm as mesmas oportunidades para evoluir dentro da organização com base no seu empenho e competências. Na companhia temos várias mulheres em posições de liderança o que demonstra uma aposta forte por parte da empresa nesta área, mas também uma tendência geral e um esforço por parte de muitas entidades em termos de igualdade e inclusão.

LIDERANÇA NO FEMININO

» ISABEL FARIA, EM ENTREVISTA

CONFIANÇA E ESTABELECER LIMITES DOIS INGREDIENTES PARA ALCANÇAR O SUCESSO Isabel Faria, Country Manager na Cargill em Portugal, fala-nos, em entrevista, sobre o seu percurso profissional e sobre os desafios que as mulheres enfrentam atualmente no mercado de trabalho. Venha connosco conhecer mais um caso de sucesso.

liderança no feminino

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P

ara iniciarmos a nossa conversa e contextualizar o leitor, o que é a Cargill e que posição assume atualmente no mercado?

A Cargill é uma empresa multinacional com presença global. Em Portugal atua no setor de Nutrição Animal em clientes industriais, tendo uma forte componente também na área do retalho. Atualmente somos uma das empresas líderes de mercado a nivel nacional.

É Country Manager Portugal da Cargill.

Como descreveria o seu percurso profissional até aqui? O que a marcou mais?

O meu percurso profissional sempre foi pautado pelos novos desafios que fui abraçando nas diversas áreas. O facto de ter começado numa empresa de auditoria financeira ajudou-me a perceber muito cedo que no mercado de trabalho temos de ter a flexibilidade e a capacidade de conseguir gerir diferentes equipas em diferentes projetos com timelines muito curtos. Essa é a dinâmica atual de mercado que nos exige muito foco, definição clara de prioridades, forte execução e uma visão estratégica para nos ir direcionando. Também desde cedo tive oportunidade de ir trabalhar para fora e estar num contexto internacional onde o contacto com diversos países era constante e era exposta a múltiplos projetos de cariz global. Julgo que a mudança de país tenha sido um dos passos mais importantes que tomei na minha carreira e que me permitiu um desenvolvimento profissional e pessoal muito importante para abraçar novos desafios. A partir daí as oportunidades foram surgindo, o que, aliado a uma grande determinação, resultados obtidos e um pouco de ambição, determinaram que fossem surgindo outras oportunidades.

Que

fator(es) considera ter(em) sido decisivo(s) ou que tenha(m) contribuído para alcançar o patamar onde se encontra hoje?

Sempre tive uma grande

paixão pela mudança e por resultados concretos, o que me foi levando de etapa em etapa na minha carreira. Acho que a exposição internacional e o contacto com uma grande diversidade de pessoas foram, de certa forma, as coisas que mais marcaram o meu percurso profissional e mais me permitiram aprender e me tornar na profissional que sou. Não acredito muito em “sorte” e acho que cada um tem de construir o seu caminho e aproveitar as oportunidades certas no momento certo.

Sempre fui uma pessoa muito trabalhadora e com grande dedicação aos projetos em que estava envolvida com o objetivo de atingir o sucesso. Só assim é possível obter resultados concretos.

Quem é Isabel Faria? Que características a definem enquanto mulher e profissional?

Sempre fui uma pessoa muito determinada com vontade de fazer mais e melhor e sem receio de enfrentar desafios em todas as áreas da minha vida. Sempre acreditei que há que correr alguns “riscos” na vida, porque senão não progredimos e não temos a oportunidade de nos tornamos melhores seres humanos, melhores profissionais. Tenho como valores a ética, a integridade, o respeito pelo outro, a transparência e acredito verdadeiramente que só com confiança entre as partes se consegue contruir relações de sucesso e duradouras. É desafiante ser-se mulher e ocupar um cargo de topo?

O desafio, muitas vezes, consiste em conjugar o “todo”. As mulheres, tendencialmente, dedicam-se a múltiplas tarefas e vão acumulando tudo o que lhes aparece. Esquecemo-nos, por vezes, que há limites tanto fisicos como psicológicos que há que estebelecer. Esse estabelecer de limites acaba por se ter de definir mais cedo ou mais tarde quando se torna demasiado evidente que não é possivel fazer tudo.

Mas definindo prioridades concretas e mantendo o foco no que é realmente importante acabamos por ir gerindo melhor os desafios. E é isso que eu tenho tentado fazer de forma a tentar manter um equilíbrio entre a vida profissional e pessoal e atingir o sucesso.

Não acredito muito em “sorte” e acho que cada um tem de construir o seu caminho e aproveitar as oportunidades certas no momento certo.

Sempre fui uma pessoa muito trabalhadora e com grande dedicação aos projetos em que estava envolvida com o objetivo de atingir o sucesso Isabel Faria

Desde a desvalorização das nossas competências em contexto laboral à pressão exercida sobre o que é aceitável vestirmos, dizermos ou fazermos, todas elas são formas de discriminação que têm como ponto de partida o género com que nascemos, e o que dele é esperado. Que desafios ou obstáculos enfrentou pelo facto de ser mulher?

Não sinto que tenha tido obstáculos pelo facto de ser mulher. Sempre fui da opinião que cada um deve construir o seu caminho e mostrar o seu valor em qualquer coisa que faça. Sempre me foquei muito em desenvolver as minhas competências, aceitar humildemente as áreas que me eram apontadas como pontos a desenvolver e trabalhar para fortalecer as mesmas. Há uma série de competências que não são inatas na maioria das pessoas e que têm de ser desenvolvidas por cada um para se tornar um melhor profissional, um melhor líder. A minha empresa sempre defendeu muito a igualdade de género e a inclusão pelo que as oportunidades são claramente disponbilizadas para todos sem qualquer discriminação. Não sinto que tenha ficado prejudicada relativamente aos meus colegas do sexo masculino. O que falta, por vezes, às mulheres é um pouco mais de confiança para poderem demonstrar tudo o que podem contribuir e aportar à organização. No meu caso essa confiança foi crescendo à medida que fui tomando novas posições de liderança e fui “afinando” algumas competências. Acima de tudo somos todos seres humanos, mulheres ou homens, e temos características diferentes que aportam valor à organização de forma diferente. É nessa complementaridade que está a chave do sucesso. E isso é cada vez mais claro para as organizações que vêm esse valor multiplicado. ▪

LIDERANÇA NO FEMININO

» Paula Oliveira, Diretora Geral do Grupo UCALL, EM ENTREVISTA

“Construímos pessoas maiores” Paula Oliveira, Diretora Geral do Grupo UCALL e acionista maioritária da SDO Consultoria em Portugal, em entrevista à Liderança no Feminino, dá-nos a sua visão sobre o universo das Mulheres no meio empresarial. Saiba mais.

paula oliveira

A liderança no feminino

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UCALL Consulting é uma empresa Angolana especialista em gestão do Capital Humano, fruto de uma parceria estabelecida com a SDO Consultoria em 2013. Pode falar-nos um pouco mais sobre o papel que a empresa tem vindo a assumir no mercado?

A Ucall Consulting é uma empresa de Consultoria, especializada em Recursos Humanos, que tem contribuído em várias empresas para o desenvolvimento de Pessoas em Portugal e em Angola.

O que nos distingue é o conhecimento profundo da realidade e cultura do país, assimilada ao longo de mais de 20 anos de experiência na área.

Conseguimos ser um dos maiores empregadores de Angola, porque sabemos seleccionar pessoas, formá-las e entrega-las aos nossos clientes. Esse é o nosso papel mais importante nesta sociedade, nós “construímos pessoas maiores”.

Paula Oliveira que é Diretora Geral do Grupo Ucall e acionista maioritária da SDO Consultoria em Portugal. Que desafios acarreta esta posição para si?

Este é um desafio muito interessante porque eu sou o elo de ligação entre o know how da SDO, empresa especializada em RH há mais de 25 anos em Portugal, e a Ucall com o seu domínio no metier angolano. É muito importante assegurar que os dois lados se completam para uma entrega de excelência aos clientes, e que não concorrem, nem se sobrepõem. É nesta gestão que acrescentamos sempre valor às empresas com quem trabalhamos; a inovação, a profundidade da análise, ligada à especificidade do país e a visão prática adaptada às necessidades reais dos nossos clientes.

É licenciada em Gestão de Recursos Humanos e Psicologia do Trabalho. Podemos aprender a ser bons líderes e gestores eficazes de pessoas ou é algo que já nasce com a pessoa?

Um bom líder pode ser obviamente desenvolvido e conseguir adquirir ferramentas que lhe permitam gerir e desenvolver as suas equipas para atingir os resultados, potenciando a sua liderança pessoal. É fundamental que tenha sempre uma estratégia presente, um rumo definido, saber comunicar as nossas ideias e levar as pessoas a acreditar nelas pelos factos e nunca pelas hipóteses. Ouvir as pessoas e o mercado, e nunca achar que temos tudo sob controlo. Ir sempre à procura de pessoas com competências que nos completam, e nos fazem crescer.

Estimular o crescimento individual, a cultura do conhecimento e do mérito. Garantir que as pessoas gostam, têm orgulho e se divertem no seu trabalho.

Apesar dos esforços de muitos países, um estudo constatou que em quase um terço de empresas (de um grupo de empresas analisadas) não há mulheres na administração ou em cargos de topo. Durante o seu percurso profissional, sentiu essa desigualdade ou foi alvo de discriminação pelo facto de ser mulher?

Nunca. Devo confessar que muitas vezes pensei que teria que me tornar mais “masculina” para ser respeitada, mas tal nunca aconteceu.

Em todas as empresas onde trabalhei, desde pequenas consultoras, até a grandes multinacionais, sempre fiz carreira vertical rapidamente e nunca fui alvo de qualquer descriminação. Sou mãe de três filhos, tive as minhas licenças como qualquer outra mulher trabalhadora, nunca

senti que tivesse perdido alguma oportunidade por esses motivos. Assumi cargos de elevada responsabilidade, desde Diretora de Recursos Humanos da Coca Cola, a Administradora Executiva do Conselho de Administração da ESCOM (Grupo Espírito Santo), isto antes de me tornar empresária, e depois, enquanto empresária, nunca me senti menos segura em ambientes maioritariamente masculinos. Compreendo essas afirmações, não me entendam como indiferente, sei que elas existem, mas julgo que tem muito a ver com a nossa auto confiança e segurança nas nossas convicções.

Há quem defenda que há mais mulheres qualificadas do que homens, sendo preciso deixá-las ocupar cargos de chefia, e os que defendem que é preciso tempo, pois estas são mudanças profundas nas empresas. Ainda temos um longo caminho a percorrer no que diz respeito à igualdade de género?

Julgo que em Portugal sim, mais do que em Angola. Angola desde a independência que sempre teve um número significativo de mulheres no poder, desde os governos, às empresas.

Talvez pelo seu histórico de guerra, que obrigava os homens a estarem fora dos centros económicos, se proporcionou a que as mulheres assumissem um maior protagonismo. Na europa, pela história, formaram-se muito mais homens do que mulheres, durante várias gerações e portanto a desigualdade começava no número de concorrentes. Hoje em dia julgo que esses números mudaram mas a liderança das grandes empresas e grandes grupos, ainda é muito antiga. Enquanto não se criar uma nova geração de líderes, teremos que gerir estes preconceitos. ▪

LIDERANÇA NO FEMININO

» Lina Gomes, Managing Partner mindFLOW, em entrevista

“Precisamos de pessoas felizes, capazes de darem o melhor de si próprias” Lina Gomes, Managing Partner mindFLOW, deu-nos a conhecer um pouco mais da marca e como a mesma tem evoluído.

Nesta conversa, percebemos como a nossa interlocutora analisa a dinâmica da Liderança no Feminino e as diferenças com o universo masculino.

P

ara contextualizar o nosso leitor, o que é a mindFLOW? É uma empresa que gamifica a formação, transformando em jogo os conteúdos que as empresas precisam que os seus colaboradores saibam. Com os seus smartphones e tablets, os colaboradores de uma empresa jogam entre si enquanto vão desenvolvendo novos conhecimentos ou consolidando antigos. Quando a formação é presencial, o grupo de formandos senta-se ao redor de um jogo de tabuleiro customizado e através da estratégia da descoberta e partilha de experiências o desenvolvimento flui entre risos, competição e cooperação. Quando o plano de formação é in house, preparamos os formadores internos até ficarem autónomos na gamificação de ações de formação em sala, e-learning ou mobile learning.

Lina Gomes é Managing Partner da mindFLOW. O quão desafiante tem sido este projeto para si?

O maior desafio é, de momento, a internacionalização da mindflow. Em 2016 um dos nossos clientes, após os resultados alcançados em Portugal, aceitou alargar o projeto para mais dez países na Europa. Objetivo: 5000 pessoas de dez países jogarem para aprenderem e consolidarem conhecimentos. Esta alavancagem permitiu-nos iniciar ação comercial noutros países, como Suíça e França. Neste momento, estamos à procura de parcerias com empresas locais para escalar a distribuição e acompanhamento de clientes internacionais.

Já foi docente no IPAM, nas áreas de Liderança, Motivação, Criatividade e Psicologia. O que é para si ser um bom líder?

lina gomes

Um bom líder no contexto organizacional atual estimula a motivação intrínseca através do feedback positivo atento e constante, promove a descoberta, aumenta a autonomia, introduz práticas de trabalho participativas, sustenta a criatividade, encoraja a rede de trabalho, comunica de forma positiva e entusiástica e promove um ambiente de felicidade. A liderança está sempre associada ao que necessitamos dos nossos recursos humanos e hoje precisamos de colaboradores com competências de gestão de emoções, criatividade, capacidade de tomar decisões. Para tarefas rotineiras e de repetição fomos desenvolvendo a informática e a robótica. Precisamos de pessoas que analisem os resultados dos sistemas de informação, que não tenham medo de dar ideias, que sejam capazes de se colocarem no lugar do outro, que saibam acalmar-se, que se levantem depois de terem caído. Precisamos de pessoas felizes, capazes de darem o melhor de si próprias.

A liderança feminina está a crescer e as mulheres ganham cada vez mais espaço no mercado de trabalho. Na sua opinião existem diferenças entre a liderança feminina e a liderança masculina?

As evidências científicas revelam alguma diferença entre a liderança feminina e a masculina. As mulheres tendem a estar mais orientadas para as pessoas, com maior facilidade na expressão emocional, mais abertas à opinião dos outros, encorajam mais a participação na tomada de decisão e apresentam maior facilidade em construir consensos. É frequente que as reuniões lideradas por mulheres sejam mais prolongadas, as pessoas são mais envolvidas e os assuntos discutidos em maior profundidade. Os homens tendem a estar mais focados num objetivo, na otimização do tempo, com uma boa orientação para o negócio e maior tendência a decidirem sozinhos. É esta diversidade que pode tornar as organizações mais fortes e vencer adversidades. ▪

47 ABRIL 2017

É mestre em Psicologia Social e das Organizações e especializada em Comportamento Organizacional. Como descreveria o seu percurso profissional?

Que fatores considera terem sido determinantes para o seu sucesso no mundo dos negócios?

Inovação, resiliência e a confiança que clientes e colaboradores depositam em mim parecem-me terem sido os principais fatores. Comecei a minha carreira na investigação e no ensino superior e, já com a minha primeira empresa de formação, mergulhei nas mais variadas áreas de atividade. A diversidade de experiências foi muito importante para o desenvolvimento de um pensamento crítico, criativo e pragmático, mas acredito que a passagem pela investigação científica foi a mais determinante. Para além dos métodos de pesquisa e do rigor, a investigação também me familiarizou com a “aldeia global”, pois nos anos em que trabalhei em investigação fiz várias comunicações em congressos europeus e americanos e colaborei com cientistas de universidades de várias partes do mundo. Isto permitiu-me sair do mundo em que tinha crescido e ganhar a confiança que se revela sempre que é necessário correr um risco ou avaliar o potencial de um novo desafio.

LIDERANÇA NO FEMININO

» SHEYLA SANTANNA EM ENTREVISTA

"TENHAM NOÇÃO DOS DESAFIOS E ATUEM DE MODO A SUPERÁ-LOS" “A mulher tem o misto de sensibilidade e atitude, age com a razão, mas escuta o coração, a mulher é forte, é feminina, é delicada, é simplesmente MULHER”. Conheça Sheyla Santanna, da Jeunesse Global, empreendedora e facilitadora de expressão e comunicação oratória para empreendedores.

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ue história ser contada sobre o seu percurso?

Minha história tem um percurso cheio de curvas a procura de um propósito de vida, um propósito em ajudar as pessoas. Quando criança sonhava em ter um orfanato para ajudar as crianças abandonas.

Me formei como enfermeira auditora, mas vi que ali não era meu lugar, porque sempre busquei a liberdade, e isso se tornou uma busca incessante, essa busca me levou a minha segunda formação em artes cénicas, ali me encontrei, senti o que era a liberdade, mas no Brasil um ator não consegue se manter financeiramente na sua arte de atuar, foi quando recebi um convite para interpretar uma índia e resolvi ir ate a Amazónia, estudar, me encantei com aquele mundo. Fiquei por sete anos desenvolvendo projetos na Amazónia em comunidades indígenas, para isso tive que abrir uma empresa, uma produtora cultural que fez muito sucesso, com projetos de teatro, exposições, parcerias com Ministério da Cultura, Governo do Estado do Rio de Janeiro etc.

Até que em 2013 fui convidada para uma parceria, para desenvolver um projeto pela FIFA, que não aconteceu por causa da Hegemonia da Globo, muitas empresas quebrando no Brasil, não sendo diferente comigo, a tentativa de desenvolver trabalhos artísticos sobre o ser mulher teria que ficar para depois.

Na busca incessante de empreender com liberdade, através do meu curso de Oratória, me indicaram a um empreendedor da Jeunesse, foi ai que eu conheci todo o modelo maravilhoso do Marketing de Relacionamento, entrei de cabeça e alma na Jeunesse, cada passo que eu dava me via mais livre de um sistema que esta corrompido, esses passos agora cada vez mais profundo e largo.

Esse modelo de negócio propicia que mulheres e homens ganhem o mesmo, de forma meritocrática, é um modelo onde nós mulheres que temos mais habilidades de se comunicar, temos muito sucesso, destaque e resultados. Então ali eu me encontrei, sem duvidas que o que eu tanto pedia, tinha chegado, o universo tinha me dado e mais do que isso, dado uma grande missão de mostrar que eu como mulher, posso ser uma supermulher, independente, capaz de conquistar todos os meus sonhos, de conquistar minha liberdade, tanto de espaço, financeira e principalmente de expressão.

Estou aprendendo a construir a minha própria riqueza, ser responsável por mim, ter liberdade de expressão, de pensamento e de atuação na vida, para impactar os milhares de pessoas no mundo, sendo mulheres ou homens, porque somos todos iguais, somos um na sabedoria infinita do universo.

Quais são os maiores desafios de ser uma empresária empreendedora?

Apesar dos visíveis avanços que temos em relação à conquista de espaço da mulher no ambiente

tenho equipe em vários países, não distingo entre homens e mulheres, mas quando essa negociação parte de mim para eles, sinto um incómodo por parte de alguns homens. Alem de constantemente perceber que reuniões são marcadas por parte deles com segundas intenções, e quando deixo claro minha intenção estritamente profissional, não consigo andamento na negociação. Um obstáculo que temos que vencer e acredito que conseguiremos vencer mais esse desafio.

SHEYLA SANTANNA

empreendedor, ainda existem muitas dificuldades e desafios que impedem um crescimento ainda maior do empreendedorismo feminino. O principal deles é o preconceito, e em ser respeitadas e levada a sério, principalmente quando lidam diretamente com homens. Esse é um obstáculo muito grande pelo qual vejo passar e outras mulheres também e que infelizmente ainda precisam passar e que pode comprometer o sucesso de um negócio ou a iniciativa de uma mulher. Por ex. Vejo muitas mulheres que querem desenvolver um trabalho com o Marketing de relacionamento, mas são impedidas pelo seu marido, porem outras que estão se colocando, se posicionando e assumindo as rédeas das suas decisões. Mas tudo isso é camuflado, Escondido, onde temos que o tempo todo driblar e mostrar que temos capacidade, tão quanto um homem tem.

E os maiores vitórias?

As maiores vitorias e ver que podemos, é ver várias mulheres se desenvolvendo, é ver algumas mulheres, inclusive da minha equipe se libertando, é mais do que queimar um sutiã é de dentro para fora, é uma decisão, a perca do medo e a vontade de falar para o mundo que podemos sim e que não dependemos de ninguém para vencer ou para conquistar nossos sonhos e que quanto mais unidos todos mais fortes seremos, para transformar o mundo em um mundo igual e com espaço para todos.

Acredita que ainda exista alguma desconfiança por parte dos clientes por ser uma empreendedora e não um empreendedor? Já sofreu algum tipo de preconceito?

Sim, acredito e vivo isso diariamente, disfarçadamente os homens demonstram e acham estranho quando uma mulher propõe uma parceria de negócios. Eu consolido uma marca global,

Um dos seus objetivos enquanto empreendedora é ‘fomentar a mulher como tal’, como tem trabalhado este propósito?

Mostrando para cada mulher que entra na minha equipe, ou que cruza o meu caminho que somos capazes, que podemos ser tão excelentes quanto qualquer outra pessoa.

Apesar das iniciativas empreendedoras femininas ainda estar em um período de crescimento e o cenário empreendedor, assim como boa parte do mercado de trabalho, é predominantemente masculino. Com isso, muitas mulheres se sentem intimidadas na hora de fazer networking, de apresentar seu negócio, de falar com outros empreendedores e em muitas outras situações. Afinal, para os homens é mais natural assumir posições de destaque, liderar e ser proativo do que para as mulheres, que por muito tempo assumiram um lugar secundário na sociedade.

Nesse cenário, é importante, portanto, que as empreendedoras tenham noção desses desafios e ajam de modo a superá-los, assumindo um papel de protagonismo e de liderança de forma igualitária aos homens. Além do mais, é extremamente relevante que essas mulheres busquem apoio umas com as outras, para compartilhar experiências, conhecimento e se apoiar.

Que conselhos poderia dar a uma mulher que pretende começar a investir num negócio próprio?

Ter autoconfiança, amor-próprio, autoestima, se sentir poderosa.

Buscar auto desenvolvimento, se descobrir como única. É importante que as mulheres trabalhem esse ponto e encontrem formas de se tornarem mais confiantes em seu próprio trabalho e em seu conhecimento e experiência. Se manter sempre atualizada, fazer cursos e estudar sobre o seu mercado de atuação, por exemplo, é uma ótima forma de fazer isso. Mulher é o estado da graça, do ser que cria, que acolhe, que desenvolve, precisamos resgatar o poder feminino do belo e do forte. A mulher tem o misto de sensibilidade e atitude, age com a razão, mas escuta o coração, a mulher é forte, é feminina, é delicada, é simplesmente MULHER. ▪ www.sheylas.jeunesseglobal.com

BREVES

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ALIMENTAÇÃO

Algas: as aliadas perfeitas para uma dieta saudável BELEZA

Óleo de argão: o aliado da sua pele e do seu cabelo É dos ingredientes mais procurados no mundo da cosmética e é de tal forma nutritivo que, no seu país de origem, as cabras sobem às árvores para o comer. Na pele, hidrata intensamente e rejuvenesce.

O óleo de argão não é novo. Na verdade, já é usado nos produtos de cabelo há muito tempo graças às suas propriedades hidratantes. Mas, gradualmente, tem vindo a dar o salto para os cuidados de pele e são cada vez mais as marcas a explorar os seus benefícios nas gamas de rosto e corpo. Nos últimos anos, com a popularidade dos óleos faciais de beleza, o óleo de argão tornou-se ainda mais procurado e, como lembra o The Guardian, passou de um ingrediente natural proveniente da Floresta de Argan, em Marrocos, para um dos óleos mais premiados (e procurados) no mundo. Produzido a partir dos grãos encontrados dentro da noz de argão (que, por sua vez, se encontra dentro do fruto das árvores de argão), é um ingrediente tão nutritivo que, em Marrocos, as cabras sobem às árvores para o comer. O que é que o torna este óleo tão especial? É rico em vitaminas A, D e E, antioxidantes e contém níveis elevados de ácidos graxos essenciais (as gorduras “boas” e que o nosso corpo não consegue produzir), como Ómega 6, ou seja, é um potente ingrediente anti-envelhecimento.

Uns olham com ceticismo, outros com curiosidade. Nos países asiáticos são um verdadeiro manjar, por cá vão chegando ainda de forma tímida. Falamos das algas, as novas meninas bonitas da alimentação e das dietas saudáveis de perda de peso. O El Mundo rendeu-se a esta tendência gastronómica e publicou no seu site um artigo detalhado sobre este alimento, que tem tanto de colorido como de versátil, sendo bom para sopas, saladas ou pratos mais exóticos. Quanto ao sabor, esse pode ser educado, mas quem gosta de marisco não terá problema de palato com as algas. De acordo com o Ignacio Hernández Carrero, autor do livro ‘As algas comem-se?’, esta iguaria tem menos calorias, é rica em hidratos de carbono, em proteínas, fibra e vitaminas A, B, C e E e ainda ferro (em mais quantidade do que a carne ou lentilhas, por exemplo). Mas as algas não são apenas aliadas nas dietas de perda de peso por possuírem um teor calórico baixo, são também saciantes e um ótimo estimulante do trânsito intestinal. Além disso, o seu uso na hora de cozinhar leguminosas permite que a digestão seja mais suave. Mas, e tal como acontece com todos os outros alimentos, não é por fazerem bem e impulsionarem a perda de peso que as algas podem ser consumidas desenfreadamente. Diz o especialista que o consumo deve cingir-se a três refeições por semana, sendo recomendado que cada refeição não tenha mais do 20-25 gramas de algas.

combinação

Chocolate e maçã? Sim, combine-os Sente que está numa amizade tóxica? Estes são os sinais que deve avaliar A amizade é fundamental para o equilíbrio, para a saúde e bem-estar… mas somente quando é verdadeira.

1 – Há alguém que nunca se sente bem e confortável consigo mesma quando está junto desse grupo de amigos; 2 – A pessoa não sabe qual é o seu ‘papel’no grupo; 3 – As fofocas são uma constante (até mesmo aquelas que dizem respeito à vida pessoal de um dos elementos do grupo); 4–U m dos membros do grupo é constantemente ignorado, nunca tendo ‘voto na matéria’ sobre os mais variados temas; 5 – A pessoa é pressionada a fazer algo que não quer; 6 – Há sempre um sentimento de competição presente; 7 – A negatividade é uma constante, especialmente quando esses amigos se referem à pessoa que se sente à parte.

possível. Alguns alimentos são, por si só, aliados da boa saúde, mas outros precisam de um ‘empurrãozinho’ para serem verdadeiras ‘bombas’ nutritivas. E esse ‘empurrãozinho’ precisa apenas de uma combinação certeira.

49 ABRIL 2017

AMIZADE

Alguns alimentos são, por si só, aliados da boa saúde, já outros precisam de um ‘empurrãozinho’.

Fazer a combinação certa de determinados alimentos é a melhor forma de melhorar o sabor e textura de uma refeição, mas também o método mais eficaz de conseguir o máximo de nutrientes

BREVES BREVES

Suor noturno?

TRADIÇÕES

Um ano sem dores de cabeça?

Coma um ovo cozido e atire as cascas ao rio, dizem as gentes de Vila Verde A freguesia de Prado, em Vila Verde, revive, pela meia-noite do domingo de Páscoa, uma tradição que promete “acabar com as dores de cabeça”: comer um ovo cozido na ponte e atirar as cascas ao rio.

Segundo uma nota da Junta de Prado, a lenda reza que aquele que, à meia-noite do dia de Páscoa, sobre a ponte da freguesia, comer um ovo cozido, passará todo o ano sem ser acometido de dores de cabeça.

Para que o “tratamento” seja realmente eficaz, é preciso lançar as cascas do ovo ao rio Cávado.

“Com ou sem superstição, a verdade é que os ovos cozidos já tomaram conta do tabuleiro da centenária ponte filipina, tradicionalmente acompanhados com champanhe”, acrescenta a nota.

A autarquia sublinha que a tradição se assume como “um palco de excelência para o encontro de velhos amigos e longas

liderança no feminino

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conversas pela noite dentro”.

“Uma ocasião de amizade, confraternização e muita alegria, que são os verdadeiros pilares da tradição”, refere ainda.

Veja o que pode revelar sobre a sua saúde Até mesmo nas noites mais frias costuma acordar todo transpirado e com a sensação de corpo quente? Saiba o que pode isso querer dizer.

O suor noturno, à primeira vista, é algo inofensivo e apenas o resultado do calor da roupa que se tem vestida e dos cobertores que se tem na cama. Contudo, quando ocorre de uma forma frequente e vem associado a alguns outros sintomas pode mesmo ser sinal de que algo está errado com a saúde.

Quem o diz é a revista Prevention, que reuniu o depoimento de alguns especialistas e ainda a conclusão de de estudos científicos e listou tudo aquilo que o suor noturno pode estar a tentar revelar sobre a saúde e condição de cada pessoa, devendo a visita ao médico acontecer assim que os primeiros sinais de alerta surjam, sejam eles constantes ou não.

The Body Shop

jet bronze

30 anos de comércio justo e novos ingredientes já em 2017

O lado negativo do ‘jet bronze’ de que ninguém quer falar

Foi em 1987 que Anita Roddick, fundadora da The Body Shop, criou um programa que visa melhorar a qualidade de vida das comunidades marginalizadas ao mesmo tempo que oferece aos clientes os produtos mais naturais de cada região.

Trata-se do programa Comércio com as Comunidades, criado em 1987 pela fundadora da marca, Anita Roodick. O “compromisso é comercializar de uma forma justa com os nossos fornecedores, e em troca, oferecer boas práticas comerciais e preços independentes”, diz a marca no seu site.

Este projeto assenta em três ideias muito próprias e que visam transformar as comunidades marginalizadas, preservar as culturas e métodos agrícolas tradicionais e ainda promover a sustentabilidade agrícola das regiões em que está presente. O programa olha ainda para a produção de matéria-prima de uma forma isenta, justa e equilibrada, preocupando-se em contrariar as questões relacionadas com salários baixos, uso de pesticidas e fertilizantes químicos e ainda práticas agrícolas e laborais não sustentáveis.

É mais seguro do que os solários, mas não é isento de riscos.

Nos últimos anos surgiu uma alternativa que parece inofensiva – o ‘jet bronze’, ou bronzeado de spray -, mas esta opção também traz riscos e todos evitam destacá-los. Darrell Rigel disse ao site Total Beauty que os bronzeadores de spray contêm um ingrediente prejudicial, di-hidroxiacetona (DHA).

O professor de dermatologia da Universidade de Nova Iorque diz que esta substância é tóxica, pode danificar o ADN e está ligada ao cancro. Este é o ingrediente responsável pela mudança de cor na pele. No passado pensava-se que esta substância só pintava as células mortas da pele, mas recentemente provou-se que o DHA penetra as células vivas da pele, alterando o seu código genético.

Portanto, fale com um dermatologista antes de fazer jet spray e tente procurar opções sem este ingrediente. Se não encontrar, tente fazer o mínimo de sessões possível.