Brochura Dia da Mulher

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MARÇO 2019


No âmbito do Dia Internacional da Mulher, a Liga Portugal homenageia, pelo terceiro ano consecutivo, 11 mulheres que ajudam a abrilhantar o quadro de pessoas ligadas ao Futebol profissional em Portugal; 11 mulheres que contribuem com o seu rigor para a evolução da industria e das competições; 11 mulheres que espalham talento no exercer da sua profissão; 11 mulheres que acrescentam profissionalismo nas estruturas em que estão inseridas; 11 mulheres que agregam qualidades humanas no quotidiano de trabalho. São também elas a prova que o Futebol é, cada vez mais, um mundo com espaço para todos. A integração é total. No Futebol e na Sociedade!


SELEÇÃO 2018-19 1 Alexandra Teixeira 2 Ana Teresa Rocha 3 Carmen Pereira 4 Catarina Morais 5 Cláudia Martins 6 Filipa Fernandes 7 Maria de Fátima Ribeiro 8 Maria João Ribeiro 9 Marta Grilo 10 Rita Puga 11 Sandra Basílio


FUTEBOL NO FEMININO

Alexandra Teixeira | Diretora de Relações Públicas do SC Braga


O Mundo do Futebol é entendido pela maior parte das pessoas como um “Mundo de homens”, mas tem felizmente, hoje em dia, muitas mulheres a perfilar nas suas fileiras. Claro que, naturalmente, com a profissionalização do Futebol e das suas estruturas, a abertura desta atividade às mulheres foi maior, e eu sou apenas mais uma que faz parte desse rol de mulheres que desempenham o seu papel no Mundo do Futebol. No que diz respeito à minha experiência, eu cheguei ao SC Braga com a formação da SAD e abracei várias áreas, todas relacionadas com a área da comunicação, relações públicas e organização de jogos, relações institucionais com os clubes portugueses e estrangeiros, Liga Portuguesa de Futebol Profissional e, Federação Portuguesa de Futebol e UEFA. Áreas que privilegiam o contacto com as pessoas que é o que mais gosto de fazer. Sempre fui adepta de desporto e do futebol e, como tal, foi de certa forma natural ter surgido a oportunidade de ingressar no SC Braga. A minha experiência tem sido enriquecedora, nomeadamente pela participação em diferentes competições nacionais e internacionais, que me permitiram ter contacto com diferentes realidades e formas de trabalhar, e ainda diferentes culturas. Principalmente em jogos internacionais como são os da Liga Europa e da Liga dos Campeões e até no Euro 2004, competição organizada em Portugal, onde eu também tive o privilégio de trabalhar. Partilho convosco uma curiosidade apenas, que diz respeito às viagens que tenho de efetuar no âmbito da minha profissão, e que são das partes mais engraçadas e interessantes do que faço, nomeadamente porque tenho contacto com diferentes culturas, como já referi anteriormente, tornando-se experiências curiosas, inclusive no mundo gastronómico, onde já passei alguns dos momentos mais embaraçosos, mas também mais divertidos. Por gentileza, muitas vezes fui obrigada a experimentar iguarias que de todo eram “deliciosas”, como a nossa comida tradicional, e que me levaram para sabores de outros mundos, mas nem sempre muito prazerosos!!! Mas tudo faz parte e torna-nos pessoas mais conhecedoras de outras vivências e degustações! Os jantares ou almoços oficiais com os outros Clubes permitem-nos conhecer outras realidades muito diferentes da nossa. O futebol é por isso um mundo enriquecedor em termos profissionais e eu sinto-me uma mulher realizada a fazer o que faço, e como tal agradeço o que esta atividade, que fascina tanta gente, me tem dado, como profissional e até como mulher. NÓS NO FUTEBOL www.ligaportugal.pt

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O meu nome é Ana Teresa Rocha, tenho 30 anos, sou interna de ortopedia e médica da equipa de futebol do CDMafra. O meu dia é passado essencialmente no hospital, onde trabalho com afinco para me tornar melhor cirurgiã e melhor médica. Desde pequena, por influência e apoio do meu pai, desenvolvi um gosto imenso pela atividade desportiva e competição, tendo praticado natação e basquetebol federado durante vários anos. A presente função que exerço junto do CDMafra teve início na época passada, em apoio a um grupo de amigos que integravam a equipa técnica do clube. Na presente época, segundo ano em que trabalho com a equipa sénior, assumi a continuidade como médica do clube, com todo o gosto. São outras as minhas funções no mundo desportivo, no entanto saboreio as mesmas sensações: o gosto da competição e do trabalhar em equipa. Sempre acreditei no trabalho de equipa e é nisso que baseamos a nossa atividade no departamento. A Rita e o Rui (fisioterapeutas da equipa profissional) são pilares para que, diariamente, tudo corra “sobre rodas”. Para mim, o valor essencial passado pelos meus pais, em qualquer atividade profissional ou relação interpessoal, é o respeito. Respeito pelo clube, pelo meu trabalho, pelo atleta, seu talento e pela pessoa que é, são fundamentais para estar no futebol, quer seja masculino ou feminino, profissional ou amador. Ser competente, reconhecer as próprias limitações, combatê-las, não ter medo da decisão, é a “chave” em qualquer profissão, quer o profissional seja mulher ou homem. Por isso não gosto, nem defendo, ser individualizada ou destacada por ser uma mulher a trabalhar no futebol masculino, sou sim mais um elemento que, numa equipa, exerce as suas funções, o melhor que pode, sabe e consegue com as condições disponíveis. NÓS NO FUTEBOL LIGA PORTUGAL

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RESPEITO Ana Teresa Rocha | Médica da equipa de futebol do CD Mafra


Carmen Pereira | Diretora financeira e contabilista certificada do Vitória SC

RESPONSABILI Se alguma vez me tivessem dito que a minha vida estaria ligada ao futebol, seria a primeira a dizer “nunca”. Mas, não raras vezes ouvimos dizer que “nunca devemos dizer nunca” e acho que foi esse o desafio que a vida me preparou. A verdade é que nunca olhei muito para o fenómeno desportivo e, mesmo sendo de Guimarães onde o amor pelo Vitória é algo difícil de adjetivar, o futebol nunca foi a minha grande paixão. Saí para o Porto, onde me formei em Economia e, onde me estabeleci profissionalmente. Em 2002, comecei a dar apoio na área da contabilidade do Vitória e, aí deu-se um clique. Afinal de contas, o “bichinho” do Vitória tinha-se apoderado de mim e começara a ver o clube da minha cidade de outra forma. Após esta minha primeira experiência de cerca de 2 anos, em setembro de 2007, convidaram-me para passar a integrar os quadros do Vitória, passando aí a exercer as tarefas de Diretora Financeira. Não hesitei. Inicialmente, confesso que toda a adaptação à especificidade do futebol foi difícil, mas, com o passar do tempo, admito o orgulho de trabalhar neste clube e de envergar, também no departamento onde trabalho, a “camisola” NÓS NO FUTEBOL LIGA PORTUGAL

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IDADE do Vitória. Trata-se de um desafio constante, em que diariamente há novas conquistas, mas, acima de tudo, novas aprendizagens. Hoje, já dou por mim a acompanhar, de forma apaixonada, os jogos no estádio do Rei ou na televisão e a seguir, em cada momento, os resultados pelas plataformas móveis e as respetivas classificações. A propósito da minha experiência no futebol, admito que nunca senti qualquer discriminação, nem problemas por ser mulher, mesmo muitas vezes sendo a única em diversas reuniões e grupos de trabalho. Quer no Clube, quer com os pares no mundo do futebol sempre me senti respeitada, sem qualquer avaliação preconceituosa pela minha condição de mulher. No fundo, algo que não considero ser uma surpresa, mas apenas uma exigência numa sociedade onde o foco deverá ser o da igualdade de género, no respeito e nas oportunidades. Termino, afirmando que é com muita dedicação e responsabilidade que, diariamente, exerço as minhas funções num grande clube como o Vitória, uma instituição exigente, mas, acima de tudo, apaixonante.

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Sendo o meu pai dirigente desportivo, desde nova aprendi a gostar do clube da minha terra, a colecionar recortes de jornal com as reportagens e crónicas dos jogos e a participar em excursões de apoio por todo o país. Cheguei jovem ao clube e apenas com o intuito de ocupar o tempo livre. Não mais saí e já lá vão 20 anos!! Pelo meio, casei com um jogador profissional de futebol e tive uma filha que, como não podia deixar de ser, adora futebol. Até há pouco tempo atrás era a mulher no meio dos homens, mas posso dizer que sempre fui acarinhada e respeitada por todos. Sempre estive na secretaria do clube, no trabalho administrativo, no atendimento aos sócios e num contacto mais direto com o público. Presentemente, com a reestruturação do estádio José Santos Pinto, continuo com o trabalho administrativo mas menos exposta e num apoio mais direto ao presidente. Com uma ligação mais direta ao futebol profissional, este ano ainda como elemento transversal, também participo em assuntos relacionados com o futebol de formação e posso dizer que faço um pouco de tudo. Aliás, quem conhece o nosso clube e o nosso presidente, sabe que primamos por honrar os nossos compromissos e por isso “um cêntimo é um cêntimo”. É para mim um orgulho poder trabalhar neste clube, o único que me faz sofrer e o único com o qual me importo com o resultado final. Poder participar e fazer parte do seu crescimento e, principalmente, ser reconhecida por estar sempre disponível para ajudar todos aqueles que por aqui passam é para mim um grande regozijo. Ao longo dos anos, passaram pelo clube profissionais de várias nacionalidades e crenças e tentamos sempre apoiar a sua integração e adaptação à cidade, não só deles mas também da família. Ficam sempre boas recordações e alguns bons amigos que recordo com saudade. É sempre bom ouvir e ler mensagens como “obrigado mãe”, “você é uma pessoa 5 estrelas e merece tudo de bom”, “eu mudei de clube mas continuas a ser a minha secretária”, “mando uma foto dos teus meninos para veres como estão crescidos”, “que Deus te ajude sempre porque és gente do melhor e mereces.”

FAMÍLIA

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Catarina Morais | Administrativa/Elemento transversal do SC CovilhĂŁ


Clรกudia Martins | Jornalista do desporto da Antena 1

MINORITร RIA


A minha entrada no mundo do desporto aconteceu devido a uma feliz coincidência, em 2007. Era recém-licenciada e surgiu a possibilidade de começar a colaborar com a Antena 1, onde tinha estagiado, na secção de desporto. Comecei e nunca mais saí, vivendo com a rádio uma paixão de adolescência. Se no início foi uma oportunidade, hoje é uma escolha, uma forma de marcar a diferença, de abrir novos caminhos e portas para outras que se queiram seguir. Com a presença neste mundo, que considera “maioritariamente masculino” e “profundamente machista”, ainda que de forma “dissimulada” e, por vezes, num tom “paternalista”, quero contribuir para a consciencialização dos vários quadrantes - sociedade em geral, mas também jornalistas, dirigentes, treinadores e jogadores - e para a desconstrução de estereótipos e preconceitos existentes na relação entre Desporto e Mulheres. Tento fazê-lo de duas formas, ora através da minha profissão, na rádio Antena 1, ora com o Doutoramento que tenho em mãos com a tese: “As Mulheres no Jornalismo de Desporto em Portugal: Quem? Quando? Onde? Como? Porquê? Sou feminista assumida, defensora da liberdade e as minhas paixões são o Jornalismo e a Rádio. Lamento que a distância entre jornalistas e protagonistas do desporto seja cada vez maior e que a comunicação se esteja a extinguir, dando lugar à manipulação e à propaganda. Trabalho maioritariamente em futebol e sou a única repórter de pista nas rádios nacionais em Portugal, ainda que saiba que outras existiram antes de mim. Tenho pena que não tenham permanecido. Aliás, sou a única mulher, atualmente, a trabalhar em rádio e em desporto, a nível nacional e sei, por isso, que integro uma minoria dentro de outra minoria: “As mulheres continuam a ser escassas no mundo do desporto e, mais ainda, no mundo do futebol. Não há mulheres a relatar na rádio como não existem na televisão enquanto narradoras ou enquanto cronistas nos jornais. Quase não há enviadas especiais aos grandes acontecimentos”. Na rádio pública portuguesa já fiz de tudo um pouco, futebol, quase sempre, mas também ténis de mesa, canoagem, e muito mais. Foi com o Futsal que vivi o momento mais inesquecível da sua carreira, em 2018, em Liubliana, na Eslovénia, quando a seleção nacional portuguesa venceu o Campeonato da Europa. NÓS NO FUTEBOL 13

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Ao contrário de muitas das minhas amigas, cresci numa família onde as mulheres comentavam os resultados de futebol. À mesa, nos encontros de fim de semana, não havia distinção de género quando se falava de futebol nem se formavam grupos para abordar temáticas desportivas. As mulheres emitiam a sua opinião sobre o futebol da mesma forma que os homens. Cresci assim e habituei-me a ser emotiva também quando se falava, em qualquer lugar, sobre o Desporto-Rei. Como a minha mãe e como as minhas tias, também eu, desde sempre, apoiei o nosso Clube do Coração, o Nacional. Esta ligação ao Nacional tem-me feito acompanhar todos os passos do clube. E provavelmente devido a esta tive a honra de ser convidada a integrar a Direção do Clube Desportivo Nacional, um cargo que tenho vindo a desempenhar nos últimos anos, permitindo-me estar mais presente no funcionamento deste. Esta tem sido uma experiência bastante enriquecedora e um desafio diário que me tem trazido excelentes oportunidades para conhecer pessoas e criar novos laços de amizade. Sinto que, cada vez mais, este clube tem, nos seus associados, apoiantes e simpatizantes, uma grande família Alvi-negra, que todos os fins de semana o apoiam com muito entusiasmos e de coração. Embora a ‘indústria do Futebol’ seja constituída por um público maioritariamente masculino, hoje, na minha opinião, a discriminação é cada vez menor. A opinião da Mulher é cada vez mais tida em conta, é mais preponderante. Isto deve-se à nossa capacidade de lutar, à nossa competência e ao nosso profissionalismo! Acredito que, no futuro, seremos cada vez mais mulheres e melhores!

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CONQUISTA Filipa Fernandes | Vice-Presidente CD Nacional


Maria de Fátima Ribeiro | Coordenadora da PG em Organização e Gestão no Futebol Profissiona

E PAIXÃO


al (UCP/LP)

Embora tenha nascido e sempre vivido num mundo, num país e numa cidade onde se respira futebol, o meu real contacto com ele começou com um projecto académico e científico: a leccionação de um seminário de Direito do Desporto na Universidade Católica levou-me à escrita do livro Sociedades Desportivas, no qual analiso criticamente o regime jurídico das sociedades desportivas (e a sua relação com os clubes desportivos) em Portugal. Depois, assumi a criação e coordenação da Pós-Graduação em Organização e Gestão no Futebol Profissional, que resulta de uma parceria entre a Universidade Católica Portuguesa e a Liga Portugal. Seguiram-se numerosos artigos (científicos e de opinião), conferências e formações, dentro e fora de Portugal. Neste caminho, tive a sorte de ir conhecendo e podendo interagir com muitas pessoas que, a diversos títulos (estudantes, gestores, juristas, agentes desportivos, jogadores e ex-jogadores, árbitros, treinadores, presidentes de clubes, jornalistas desportivos, investigadores, adeptos, e tantos outros), vivem, sonham futebol – e me levam permanentemente a considerar novos problemas, sob novas perspectivas. Cresço com todas estas pessoas. É um desafio, mas jogado fora das quatro linhas, pensando “fora da caixa”. Fui sentindo, por experiência própria, que o futebol é um fenómeno que tem o estranho dom de envolver e prender todos os que com ele contactam; que precisa muito de ser pensado, mas com o acrescido cuidado de assim se evitar também que a razão possa vir a destruir toda esta paixão. E fui confirmando o que senti quando, no filme Timbuktu (que retrata a vida nesta cidade do Mali onde o futebol é proibido), vi a melhor e mais emocionante cena de futebol que se possa imaginar (e que se encontra facilmente no YouTube): o futebol, com ou sem bola, pode e deve ser, acima de tudo, um factor de sublimação.

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Maria João Soares Ribeiro | Vogal do Conselho Jurisdicional da Liga Portugal

Na minha vida sempre foi tudo “por desporto”. Cedo percebi que a prática desportiva era um elemento vital do meu ADN. Ainda na escola, no momento em que tive de decidir o meu futuro académico, uma lesão veio dar um cartão vermelho a esta vocação e abriu o caminho para o curso de direito. Entrei, e fiz toda a faculdade, com uma ideia feita: especializar-me-ia em direito desportivo. Se não era de uma forma, seria de outra! Contribuiria “à minha maneira” para o desporto que tanta falta me fazia. Assim fiz. Primeiro um curso de especialização em direito desportivo, depois uma pós-graduação e até o exame de agregação da Ordem dos Advogados versou sobre a temática. O primeiro impacto com esta formação não foi fácil: as questões jurídicas que se colocavam respeitavam quase em exclusivo ao futebol... Não era a minha

VERDADE NÓS NO FUTEBOL

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modalidade desportiva preferida, mas o futuro indiciava já algo que sempre me atraiu: desafios! Rematei certeira para algumas oportunidades e marquei golo, primeiro na European Professional Football Leagues (EPFL) e depois na Liga Portuguesa de Futebol Profissional. Na EPFL fascinei-me com o admirável e profissional mundo das grandes ligas de futebol europeias e aprendi com prazer tudo quanto observava nas áreas da gestão, do marketing, das políticas e das matérias jurídicas. Um desafio profissional em Angola obrigou a um intervalo forçado, para, mais tarde, conciliando a minha vida profissional como advogada e empresária na área da consultoria em comunicação e marketing, vir jogar a segunda parte à Liga Portugal: primeiro como instrutora da Comissão Disciplinar e agora como Vogal do Conselho Jurisdicional. Ser a única mulher eleita nos órgãos da Liga Portugal tem o sabor de um penalti convertido em golo, depois de ter sido rasteirada na grande área: é mais difícil, mas vale o mesmo que um golo marcado sem arte. NÓS NO FUTEBOL www.ligaportugal.pt

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Marta Grilo | Jornalista na SportTV

COM


A minha paixão pelo futebol começou cedo, devia ter uns 7/8 anos. Mas não foi uma paixão à primeira vista, acredito, à semelhança da maioria das meninas da minha geração. Futebol sempre houve em casa dos meus pais, sob a batuta do meu pai, apreciador do desporto no geral e do futebol de todo o coração. O meu pai, o homem da casa. Foi com ele que pela primeira vez assisti a um jogo no estádio, foi na companhia dele que soube como era um treino (meio obrigada lá o acompanhava aos sábados de manhã) e, assim, de forma algo inconsciente, fui aprendendo a olhar atenta para um mundo que há 20 anos (bem mais do que hoje) era deles. Na adolescência acompanhava o desporto rei em Portugal mais à boleia dos amigos (os rapazes, eles sim, sabiam tudo, “perdiam” horas a debater o jogo do último domingo, a qualidade do passe do médio x, a contratação do avançado y). Já no mercado de trabalho, foi meio por acaso que uni a paixão pelo jornalismo ao outro, ao de sempre, ao futebol. Primeiro na imprensa digital, depois na televisão, o sonho foi ganhando forma e consistência. O sonho que esteve lá sempre, tímido, pronto a expressar-se, concretizou-se e continua a concretizar-se, ao lado de homens e mulheres. Cada vez mais com elas. Profissionais, competentes, comprometidas. Em 2019, o futebol (praticado, treinado, descrito), nas mais variadas formas possíveis de nos relacionarmos com ele, ainda é um mundo maioritariamente masculino. Ainda. As oportunidades não são iguais para homens e mulheres e culturalmente persiste alguma estranheza em ver uma senhora falar para e sobre o futebol. Mas estamos a anos-luz do Portugal de há três décadas. As capacidades e os sucessos conquistados por um número crescente de mulheres (quantas delas pioneiras!) nesta área têm aberto caminho a outras tantas que, com mais ou menos tropeções, se vão impondo e mostrando que temos muito mais a ganhar juntos do que separados. O futebol, também nisto, é o reflexo da sociedade em que vivemos e que ajudamos a construir. Eu quero contribuir, dando voz e expressão à modalidade que, ontem como hoje, é a rainha em Portugal.

MPROMISSO

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A minha história profissional começou há quase três anos quando recebi o convite para ser assessora de comunicação no meu clube. Recém-licenciada e cheia de sonhos, entrei nesta aventura sem pensar duas vezes. A realidade mostrou-me que esta é uma profissão exigente, muitas vezes ingrata, mas muito gratificante. Trabalhar no clube do coração é sentir as derrotas em dobro, mas vivenciar as vitórias duma forma impossível de replicar em palavras. O tempo passou a correr e o sucesso tem acompanhado o nosso caminho: subimos de divisão, conseguimos uma manutenção inédita na Liga NOS e conquistamos a Taça de Portugal. Fizemos história! Se ser mulher no mundo do futebol é difícil? Prefiro chamar-lhe desafiante. Felizmente, raras foram as vezes em que me senti discriminada por ser mulher num “meio de homens”. Todos os dias me cruzo com pessoas maravilhosas - atletas, colegas de outros clubes e jornalistas - que me fazem acreditar que o “lugar de mulher é onde ela quiser”. NÓS NO FUTEBOL LIGA PORTUGAL


HISTORIA Rita Puga | Diretora de Comunicação CD Aves

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Sandra Basílio | Técnica de Marketing e Publicidade do Marítimo M.


AUTÊNTICA 25

Mulher e com tendência para as Artes, confesso que nunca me imaginei no mundo do futebol. Quando assisti pela primeira vez a um jogo do Marítimo, na companhia do meu pai, fiquei assustada. Porém, jogo após jogo fui criando um carinho muito especial por esta Grande Instituição, que tem no futebol o seu principal rosto. A minha licenciatura em Design abriu-me as portas na área do departamento de Marketing Comunicação e Imagem. Atualmente desempenho uma nova função no Estádio do Marítimo como Coordenadora do mesmo. A organização e orientação dos eventos, quer desportivos, quer de carácter social ou promocional, é a área que me enche o coração. Adoro o convívio com o público e o feedback que recebo. Acrescento que é sempre aliciante e motivante trabalhar num clube onde o Presidente é uma fonte de inspiração, sempre com ideias inovadoras e “fora da caixa”. No meu entender faz manter viva a alma do Clube que carrega mais de 100 anos. Ser transparente e autêntica ajudou-me a encarar com naturalidade e descontração uma profissão que na generalidade é dominada por homens.

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