Guia de Relvados Naturais 2019-20

Page 1



NOTA INTRODUTÓRIA

5

“Qualidade dos Relvados é Fundamental”

5

MANUTENÇÃO DE RELVADOS NATURAIS 7 A construção adequada do relvado A Importância da manutenção Tarefas Gerais de Manutenção Reparação após utilização O corte A rega Arejamento superficial e em profundidade A fertilização Tratamentos sanitários Espalhamento de areia Ressementeira As marcações do terreno de jogo Verti-cut Recuperação Após Final da Época Desportiva A equipa de manutenção

7 8 9 9 9 9 10 10 11 11 11 12 12 13 13

GUIA PARA CLASSIFICAÇÃO DOS RELVADOS 15 A monitorização dos relvados A classificação dos relvados Parâmetros de classificação Parâmetros Mensuráveis Sistema de rega Taxa de infiltração Planimetria Dureza Regularidade Ressalto e rolamento da bola Compactação Resistência à torção Densidade Grau de infestação Altura de corte Plano de manutenção O aspeto visual Impacto TV

15 15 16 16 16 17 17 17 17 18 18 18 18 18 19 19 19 20

MEDIDAS DE PROTEÇÃO DO RELVADO 23 Outras formas de proteção do relvado A ventilação

23 24

A iluminação artificial

24

QUESTÕES REGULAMENTARES 27 Anexo 1

GUIA DE RELVADOS NATURAIS

29

3



A Liga Portugal apresenta, a segunda edição do Guia dos Relvados Naturais, que se destina a dar orientações para a manutenção dos terrenos de jogo, contribuindo, desta forma, para diminuir as assimetrias entre os vários estádios e proporcionar as melhores condições para o espetáculo desportivo. No Futebol Profissional, onde as exigências competitivas e técnicas estão no nível mais elevado, o bom estado de conservação dos relvados é uma condição fundamental para garantirmos a qualidade do jogo e a evolução desta indústria que depende, também, em grande medida, da imagem exposta nas transmissões televisivas. Tal como na primeira edição, publicada em 2017, para o desenvolvimento deste Guia de Relvados Naturais a Liga Portugal recorreu aos aportes dos seus grupos de trabalho, bem como da FIFA e da UEFA. Voltou, ainda, a contar com o apoio da RED, empresa especializada na construção e manutenção de relvados desportivos, que ajudou a conceber o Guia. Com esta publicação, a Liga Portugal espera, mais uma vez, contribuir para o enquadramento e desenvolvimento do Futebol Profissional.

Pedro Proença

(Presidente da Liga Portugal)



A CONSTRUÇÃO ADEQUADA DO RELVADO A construção do relvado é primária para o desempenho de todos os intervenientes, sendo fundamental que a base de construção seja feita de forma correta. A má construção do terreno de jogo levará, naturalmente, à deficiente utilização do mesmo e do plano de manutenção. A criação de um relvado natural parte, desde logo, pelo projeto e pela execução da obra que deverá ser adjudicada a uma empresa especializada na área, com larga experiência no setor. A drenagem, a base, sistema de rega e a própria relva são partes que integram o relvado natural e por isso essenciais para o comportamento e longevidade do mesmo. Todas as superfícies para desporto necessitam de uma boa drenagem para garantir jogabilidade em todas as condições, maximizando assim os investimentos e aumentando a facilidade de uso. Excesso de água e compactação, resultam numa rápida deterioração de toda a superfície relvada, baixando consideravelmente toda a qualidade.

GUIA DE RELVADOS NATURAIS

7


A IMPORTÂNCIA DA MANUTENÇÃO A manutenção correta de um relvado é essencial para se poder ter excelentes condições de jogo, bem como rendimento, satisfação e segurança de todos os intervenientes. Há ainda a necessidade de ter um bom aspeto visual do relvado, essencial para a captação de novos investidores e para preservar a própria longevidade do campo. Só uma boa manutenção (que envolve, necessariamente, uma equipa e equipamentos) aliada a um plano de trabalhos e utilizações regradas poderão levar ao potenciamento do relvado durante toda a época desportiva, mesmo em alturas em que as condições atmosféricas sejam adversas. A monitorização do próprio estado do relvado é essencial para a exigência tida e para evitar problemas que a posteriori poderão surgir com a utilização. A monitorização é, também, essencial para adaptar os planos de trabalhos à realidade do estado do relvado atual. Um bom relvado natural, é crucial e facilita aos intervenientes, nomeadamente jogadores, a demonstração das suas qualidades técnicas – e táticas – deliciando quem vê o jogo de futebol (espectadores no estádio ou telespectadores). Um relvado mal mantido – e mal utilizado – desmotiva quer intervenientes, causando o aumento de risco de lesões e sendo prejudicial para o rendimento dos jogadores, quer espectadores, diminuindo a espetacularidade do jogo.

8

GUIA DE RELVADOS NATURAIS


TAREFAS GERAIS DE MANUTENÇÃO Reparação após utilização

Após cada utilização do relvado, os danos existentes deverão ser devidamente reparados. “Bater o campo”, como é vulgarmente designado, consiste em fechar todos os rasgos que foram criados com a utilização do relvado. A reposição de todos os abatimentos irá fazer com que esta operação manual conserte o dano provocado pela utilização. A limpeza do terreno de jogo, com a passagem de máquinas rotativas que aspiram detritos orgânicos que resultaram do uso, também é outra das tarefas a ter em conta após a utilização do mesmo.

O corte Será uma das operações mais essenciais e visíveis ao olho do ser humano. É uma das operações de manutenção e trata-se do corte da própria planta. Deve ser feito de forma mecânica, usando máquinas com rolo de lâminas helicoidais, com 86 a 91 cm de largura de corte, esta operação irá remover sempre a parte das plantas cortadas. A sua frequência depende, em muito, das condições climatéricas, da necessidade de rega, da fertilização do relvado e do uso ou função pretendida para o relvado. Em regra, são, no mínimo, realizados 4 cortes por semana de abril a setembro e 3 cortes de outubro a março. Durante os períodos em que o mesmo seja utilizado para competição, o relvado deve, sempre que possível, ser cortado no próprio dia de jogo em sentido transversal do campo, dividido em 18 faixas.

A rega A rega é outro dos fatores importantes da manutenção do relvado. Importante para sustentar a própria vida e saúde da planta, as regas devem verificar-se sempre que o grau de humidade do solo não seja suficiente para assegurar o normal desenvolvimento da relva.

Corretamente projetada, a rega deverá ser feita com equipamentos certificados. O caudal necessário em cada zona e a cobertura de todas as áreas são fundamentais devendo, sempre que possível, a rega ser feita aspersor a aspersor através de controlo remoto.

GUIA DE RELVADOS NATURAIS

9


Arejamento superficial e em profundidade Durante toda a época desportiva, devem ser realizados arejamentos superficiais e em profundidade, consoante as necessidades e o tempo disponível, devendo ser efetuados em média uma vez por mês de competição. Ligeiras escarificações para remoção das partes mortas das plantas e, também, de algas que se formam pelo deficiente arejamento entre plantas e pela humidade deverão ser realizadas sempre que possível sendo que os arejamentos em profundidade, através de Verti-Drain’s, incrementam o aumento do comprimento e do volume radicular e beneficiam as condições de drenagem do solo principalmente a instantânea. A correta escolha do equipamento, vazadores e timing da operação são fatores essenciais para obter o máximo rendimento da tarefa.

A fertilização Para assegurar que a planta tenha todos os nutrientes de que necessita para se desenvolver é necessária a fertilização do próprio terreno. Tendo em conta os resultados de análises periódicas a realizar, as adubações sólidas devem ser calendarizadas reduzindo as perdas do adubo por lixiviação e exportação. Os adubos a utilizar devem ser microgranulados com uma formulação consentânea com as necessidades da planta e com a época do ano em que se procede à fertilização. Durante a época devem também ser realizadas fertilizações foliares para reequilibrar rapidamente a planta de alguma carência evidenciada. Geralmente, os adubos a utilizar na altura de outono/inverno deverão ter uma formulação mais rica em potássio (p. ex. 5-5-10), enquanto que durante a primavera/verão mais rica em azoto (p. ex. 14-2-7).

10

GUIA DE RELVADOS NATURAIS


Tratamentos sanitários Perante as condições climatológicas (temperaturas altas e humidade) do nosso País é fundamental considerar tratamentos preventivos e curativos contra as doenças fúngicas dos relvados. Sempre que as sintomatologias ofereçam dúvidas recorrer-se-á a análises fitopatogénicas para identificação dos fungos presentes. As doenças fúngicas mais recorrentes no nosso País e com maior significado nefasto para a planta que devem ser combatidas preventivamente, nomeadamente:

• Fusarium roseum;

• Sclerotinia homoeocarpa;

• Pythium blight (em ressementeiras);

• Laetisaria fuciformis;

• Curvularia lunata;

• Drechslera spp;

• Leptosphaerulina spp.

Os tratamentos preventivos a executar contra as doenças referenciadas devem ser feitos com fungicidas indicados para o controlo dessas patologias. Os fungicidas são utilizados nas concentrações recomendadas para a cultura da relva e de uma forma alternada para minimizar os riscos da criação de resistências. Para avaliação do risco para a saúde humana e meio ambiente, os tratamentos a executar devem ser do conhecimento dos utilizadores do relvado. A aquisição e aplicação dos produtos fitofármacos carece, atualmente, de licença legal – Lei nº 26/2013 de 11 de abril.

Espalhamento de areia Numa operação que deverá ser feita, idealmente, de dois em dois meses, o espalhamento de areia contribui para o melhoramento da regularidade da superfície, bem como do solo existente e da drenagem. A operação de espalhamento de areia vai contribuir também para assegurar uma superfície de jogo mais firme devendo durante a época serem efetuados espalhamentos ligeiros (12 a 14 m3 por operação).

Ressementeiras Após a utilização do relvado há zonas que ficam, naturalmente, afetadas. As áreas de baliza, as faixas dos árbitros assistentes e pequenas áreas são as mais danificadas e devem ser ressemeadas de forma a assegurar a manutenção do nível de densidade desejado ao longo de todo o ano. As sementes a utilizar nas pequenas ressementeiras devem ter a mesma composição florística das que foram inicialmente utilizadas na produção do relvado. No outono e inverno, a densidade da relva diminui. Nesta altura do ano, deverá proceder-se à ressementeira integral do relvado, com espécies que apresentem uma baixa temperatura de germinação e um rápido estabelecimento.

GUIA DE RELVADOS NATURAIS

11


As marcações do terreno de jogo Feito de acordo com a regulamentação existente, o relvado deve ser marcado dentro dos parâmetros exigíveis. As linhas devem ser marcadas regularmente, de forma nítida e com tinta com formulação adequada para não “queimar” a relva. A marcação de um relvado de forma correta vai contribuir decisivamente para um bom aspeto visual do mesmo, potenciando um melhor espetáculo, quer a quem esteja a assistir ao vivo no próprio estádio ou em qualquer outra plataforma (televisão ou streaming).

Verti-cut

Com o propósito de deixar de haver matéria que provoque obstrução à drenagem, a operação de verti-cut é essencial para a limpeza da manta morta que se acumula na superfície. A sua não realização poderá potenciar o aparecimento de fungos prejudiciais à saúde da planta.

12

GUIA DE RELVADOS NATURAIS


RECUPERAÇÃO APÓS FINAL DA ÉPOCA DESPORTIVA Altura ideal para se proceder a trabalhos de fundo. No final da época desportiva deve fazer-se um trabalho de manutenção que vise preparar o campo para suportar as exigências de um novo período de utilização intensiva durante o campeonato. Descompactação e arejamento (com extração) associado a escarificações, espalhamentos de areia (60 a 70 m3 por campo) e ressementeira integral do relvado são operações que devem ser executadas na altura em que o relvado não tenha a habitual utilização. Para a realização deste trabalho deve prever-se cerca de uma semana, a que acrescem mais quatro semanas de paragem absoluta. Após a conclusão dos trabalhos e antes da primeira utilização é primordial que o campo esteja totalmente parado.

A equipa de manutenção

Meio caminho para o sucesso do estado do relvado é a criação de uma equipa que mantenha o relvado em boas condições. A sua contínua formação é essencial para o melhor desempenho do trabalho. Para o normal e correto desempenho das funções, a equipa deve sempre que possível e necessário receber formação sobre a manutenção, produtos e equipamentos que utiliza, bem como a forma de os manusear.

GUIA DE RELVADOS NATURAIS

13



Monitorização dos relvados Para se poder manter o relvado natural em boas condições ao longo de toda a época é necessário proceder-se a uma constante monitorização do seu estado. Esta monitorização é efetuada não só através de uma inspeção visual diária, bem como por frequentes análises de solo e medições de alguns parâmetros. Só conhecendo o completo estado do relvado, será possível definir tratamentos e/ou operações a efetuar bem como necessidades de produtos a adquirir. Prevê o Regulamento das Competições (RC) organizadas pela Liga Portugal que o relvado tenha a obrigatoriedade de ser avaliado pela Liga Portugal no final de cada época desportiva, antes do início de cada época desportiva e nos meses de novembro, janeiro e março, ficando os clubes obrigados a proceder aos melhoramentos aconselhados (Quadro E4 do anexo IV ao RC).

A classificação dos relvados No âmbito do Regulamento das Competições, a Liga Portugal realiza, no decurso da época desportiva, vistorias periódicas de avaliação do estado dos relvados nos respetivos estádios. Para isso, torna-se necessário estabelecer parâmetros de classificação que sejam relevantes, consistentes e objetivos. Deste exercício resultaram três grandes pilares: 1. Estrutura: avalia elementos estruturais do relvado que derivam da sua própria construção; 2. Performance: elementos relacionados com o comportamento espectável do relvado e da bola durante uma partida; 3. Manutenção: avalia elementos relacionados com a manutenção do relvado, nomeadamente o seu aspeto visual.

GUIA DE RELVADOS NATURAIS

15


Parâmetros de classificação O seguinte quadro detalha os parâmetros de classificação de cada pilar e sugere níveis de classificação:

TIPO

PARÂMETROS MENSURÁVEIS

NÍVEL DE CLASSIFICAÇÃO 1 – 95%

2 – 75%

3 – 55%

Cobertura total; controlo por setores

Cobertura deficiente; rega por canhões

30 =< 15 mm/h

< 15 mm/h

Estrutura

Sistema de rega

Cobertura total; controlo por setores e individual dos aspersores

Estrutura

Taxa de infiltração

> 30 mm/h

Estrutura

Planimetria

Estrutura

Dureza de relvado

entre 65 e 120 G

entre 55 e 140 G

entre 35 e 200 G

Performance

Regularidade

<=15 mm

< 15 < 18 mm

> 18 mm

Avaliado após levantamento topográfico das cotas de campo

Performance

Compactação

=< 16 bar

< 16 < 22 bar

> 22 bar

Performance

Rolamento da bola

Entre 7 e 10 metros

Entre 4 e 12 metros

Entre 2 e 16 metros

Performance

Ressalto da bola

Entre 32 e 42%

Entre 25 e 45%

Entre 20 e 55%

Performance

Resistência à torção

>= 36 Nm

35 < 25 Nm

< 25 Nm

Performance

Densidade

>= 90%

89% < 75%

< 75%

Performance

Grau de infestação

< 10%

11% < 40%

Performance

Altura de corte

=< 25 mm

Manutenção

Plano de manutenção

Existência ou não de plano de manutenção adequado (incluindo análises de solo); composição da equipa de manutenção; equipamento disponível.

Manutenção

Aspecto visual

O campo deverá estar cortado e marcado para se poder analisar este parâmetro.

> 41% > 25 mm

Nota: o sistema de classificação considera relvados: • Premium: cumpre entre 85 e 100% dos parâmetros elencados; • Golden: cumpre entre 70 a 85% dos parâmetros elencados; • Silver: cumpre entre 55 a 70% dos parâmetros elencados.

PARÂMETROS MENSURÁVEIS Sistema de rega A rega dos relvados é importante para sustentar a vida e saúde da planta. As regas devem ser efetuadas sempre que o grau de humidade do solo não for suficiente para garantir a vida e o normal desenvolvimento das plantas. O sistema de rega deve ser correctamente projectado, escolhendo os equipamentos correctos, assegurando o caudal necessário e a cobertura de toda a área relvada e, idealmente, de forma a poder ser controlado remotamente aspersor a aspersor.

16

GUIA DE RELVADOS NATURAIS


Taxa de infiltração A taxa de infiltração mede a velocidade com que a água se infiltra no relvado, permitindo aferir da estrutura de solo existente. A taxa de infiltração é medida com um aparelho idêntico ao da figura abaixo, aferindo a quantidade de água que entra no solo num determinado espaço de tempo.

Planimetria A planimetria, avaliada por levantamento topográfico, tem habitualmente uma configuração de telhado em quatro águas, apresentando uma relação entre cotas de acordo com as dimensões da área relvada, como abaixo se indica. Uma planimetria correta é fundamental para que se promova a escorrência de água superficial, funcionando desta maneira como o primeiro elemento para uma correta drenagem dos relvados desportivos.

Dureza Efetuado em várias zonas do campo, o teste de dureza do relvado permite medir e controlar a resistência do solo. É usado para confirmar a compactação do terreno de jogo e para determinar a dureza do solo na zona de impacto. Realizado em várias zonas do campo, é avaliada a média permitindo verificar a variação de compactação.

Regularidade A regularidade da superfície relvada é de extrema importância porque se relaciona diretamente com o deslizamento da bola e consequente velocidade, com a facilidade de receção e com a acumulação de água nas depressões. A escala utilizada para a avaliação da regularidade da superfície está definida no ponto Parâmetros de classificação. O processo de medida é feito com a utilização de uma régua de 3m de comprimento, não deformável, medindo a folga entre o relvado e a régua nas zonas de aparentes depressões, não inferior a cinco avaliações por campo. Aconselhando-se a correção das depressões sempre que sejam superiores a 18mm.

GUIA DE RELVADOS NATURAIS

17


Ressalto e rolamento da bola Uma ferramenta que permite verificar quanto é que a bola salta a partir de uma medida específica de 2,20m, estes dois testes permitem ainda dar indicação às Sociedades Desportivas se a superfície de jogo é muito dura ou muito macia. A distância que a bola rola está ligada com a altura da relva e do próprio sentido de corte. Realizado em quatro sentidos totalmente opostos, o teste permite alertar a própria equipa de manutenção para que trabalhos devem ser realizados para melhorar o estado do relvado.

Compactação A compactação tem efeitos imediatos no estado no relvado, facilmente verificáveis pelo aparecimento de zonas secas, áreas em relva e sem reação à aplicação de água ou fertilizantes. Podendo ser avaliado até 60cm de profundidade, a compactação deve ser medida em vários pontos diferentes do relvado, sendo depois extraída a média.

Resistência à torção Com o objetivo de medir a capacidade do próprio relvado resistir à torção do pé do atleta durante a sua própria rotação de apoio, este parâmetro permite proteger as articulações dos intervenientes no jogo bem como diminuir o próprio risco de lesões. Medido em vários pontos do relvado com um equipamento similar ao da figura, quanto maior for a resistência à torção maior será a estabilidade do relvado. Daqui se extrai a média final.

Densidade A densidade reflete a cobertura de relva que temos em todo o campo, sendo a percentagem ideal 100%. No entanto, é muito difícil um relvado apresentar uma cobertura total em toda a época, pelo que se considera como nível 1 todos aqueles que tiverem mais 90% ou mais em média. A densidade é medida visualmente em 5 pontos do relvado, sendo o técnico responsável pela atribuição de uma percentagem por ponto, extraindo-se depois a média.

Grau de infestação O grau de infestação do relvado é medido de forma visual pelo técnico responsável que atribui uma percentagem de cobertura de infestantes. Quanto maior for o grau de infestação, pior será o relvado.

18

GUIA DE RELVADOS NATURAIS


Altura de corte Devendo ser sempre abaixo dos 25mm, o corte de relva é uma das mais importantes operações de manutenção do relvado. A altura do corte é uma das principais condicionantes da velocidade da bola e do próprio jogo. Medido com equipamento similar ao da imagem, o RC preconiza que o relvado deve ser obrigatoriamente cortado em listas paralelas à linha de meio campo com corte uniforme entre os 22 e os 25mm para jogo (artigo 39.º do RC e Quadro E4 do Anexo IV ao RC). Não são permitidas assim diagonais ou círculos no corte de relva que tem, por si só, grande impacto visual.

Plano de manutenção Essencial para assegurar a correta manutenção do relvado, o plano de manutenção dos relvados naturais é fundamental para assegurar excelentes condições de jogo. Ligado ao bom aspeto visual do campo e à sua longevidade, o plano de manutenção correto permite que o rendimento, satisfação e segurança dos intervenientes seja realmente assegurado. Só um bom plano de manutenção pode potenciar um relvado de qualidade durante toda a época, mesmo que existam condições adversas. Na tabela abaixo temos um exemplo de um plano de manutenção de vários relvados durante 1 mês. CAMPO DIAS

CAMPO 1 28 29 30

Corte

1

2

X

X

CAMPO 2 3

4

28 29 30

1

X

X

X

2

CAMPO 3 3

4

28 29 30

1

2

X

CAMPO 4 3

4

28 29 30

1

X

X

X

2

3

4

X

X

X

Tratamento sanitário Espalhamento de areia

X

X

Fertilização Marcação Bater campo

X X

X

X X

X X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

Forquilhar Arranjo área gr. Ressementeira Verti drain

X X

X

X

Verti cut

O aspeto visual Um relvado em boas condições pode não estar sempre associado ao seu aspeto visual. Este é cada vez mais importante para a transmissão de jogos de futebol e para a captação de público, sendo também fundamental para a valorização da própria Sociedade Desportiva. Hoje em dia nenhum patrocinador gosta de estar associado a imagens menos positivas da competição quer ao nível visual das bancadas (público) como do próprio relvado.

GUIA DE RELVADOS NATURAIS

19


Impacto TV Principal instrumento para apoio a uma maior qualidade de jogo e de transmissão televisiva, em que a Sociedade Desportiva deve manter rigorosamente o máximo de qualidade do seu relvado. A imagem deve ser verde nos cortes regulamentares uniforme. No final de cada jornada é feita uma avaliação aos relvados, através da análise da informação reportada pelas equipas de arbitragem, pelos delegados da Liga e pelo Match Center. PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS A TER EM CONSIDERAÇÃO PARA EFEITOS DE AVALIAÇÃO:

CATEGORIAS

Match Center

NÍVEIS

Aspeto visual 0,00 CATEGORIAS

NÍVEIS

Regularidade Delegado Liga

Corte Marcações do terreno de jogo Aspeto visual 0,00 CATEGORIAS

NÍVEIS

Regularidade Corte

Equipa de Arbitragem

Marcações do terreno de jogo Aspeto visual Comportamento do relvado ao longo do jogo 0,00

0,00

NÍVEIS MUITO MAU

MAU

RAZOÁVEL

BOM

EXCELENTE

1

2

3

4

5

Nota: Deve ser dada nota máxima de 3 em aspeto visual aos relvados que: • Não cumpram os parâmetros e normas regulamentares; • Relvados com manchas, recortes e zonas de baliza degradadas.

20

GUIA DE RELVADOS NATURAIS




O relvado é um dos elementos mais relevantes num estádio de futebol, senão o mais importante e que contribui significativamente para a visibilidade do evento desportivo e para o retorno do investimento por parte das Sociedades Desportivas. Assim, é de extrema importância a recomendação de padrões que acautelem a sua utilização. Após contacto com várias Sociedades Desportivas verifica-se que: • As Sociedades Desportivas devem dispor de um campo de treino para evitar ao máximo utilização do campo principal, hoje em dia previsto no anexo IV do RC; • Devem ser criadas regras relativamente às ativações ou ações a implementar no dia e no terreno de jogo, e que nos dias em que haja maior precipitação deve ser evitada a realização de ativações e ações que contemplem a entrada no terreno de jogo de muitos elementos, por forma a proteger o relvado para os verdadeiros protagonistas; • As Sociedades Desportivas devem dar conhecimento à Liga Portugal de todas as utilizações/cedências de estádio para outras competições e/ou atividades, bem como o respetivo plano de utilização do relvado, nomeadamente com a criação de espaços de aquecimento para cada uma das equipas evitando o uso de zonas mais desgastadas; • A rega a efetuar deverá ser de forma uniforme logo após o aquecimento, devendo ser tido em conta também o estado do relvado, que deve ser aferido mal haja possibilidade; • Com a finalidade de preservar a qualidade do relvado, devem ser criadas zonas de aquecimento das equipas de forma equilibrada e se possível devem ser disponibilizadas as equipas adversárias as zonas que devem ser evitadas de ser utilizadas durante o aquecimento; • É ainda recomendável que os apanha-bolas façam a recreação no pré match, no intervalo ou no pós match, fora das quatro linhas.

Outras formas de proteção do relvado Os clubes devem dotar-se dos recursos materiais necessários para o cuidado e manutenção adequada para que o relvado se mantenha em bom estado. Entre eles, deve equacionar-se a utilização de sistemas de lâmpadas de luz artificial e de sistema de circulação de ar.

GUIA DE RELVADOS NATURAIS

23


A ventilação Já utilizada em Portugal, a ventilação mecânica permite que o relvado se apresente de forma uniforme mesmo em alturas de calor. Com o objetivo de reduzir doenças da própria planta, o sistema de circulação de ar mantém a relva em bom estado de conservação. As altas temperaturas aliadas à falta de circulação de ar são problemas muito comuns quando se trata de manter a relva uniforme em toda a superfície de jogo. Esta ajuda ainda que haja uma alteração e quebra nas temperaturas registadas à face da própria relva.

A iluminação artificial

Um dos aspetos a ter em conta hoje em dia é a proteção ao relvado. O natural desgaste do relvado após o jogo de futebol faz com que este se apresente de forma diferente do início do mesmo. Uma medida para o mais fácil crescimento da relva é a utilização de iluminação que permita que a aparência visual seja no jogo seguinte idêntica à apresentada no jogo anterior. Com uma dissipação de calor eficiente, a iluminação artificial colocada sobre o relvado irá permitir uma vida mais longa ao próprio relvado. Essencial para as zonas em que o campo recebe pouca ou nenhuma luz natural (devido à própria infraestrutura do estádio), a iluminação ajuda a que o campo de futebol tenha uma maior qualidade de jogo sendo a própria superfície mais segura para os jogadores. A sua utilização permite mais crescimento, desenvolvimento radicular mais profundo, plantas maiores e maior densidade.

24

GUIA DE RELVADOS NATURAIS




DURANTE A ÉPOCA DESPORTIVA No decurso da época desportiva, a Liga Portugal realiza vistorias periódicas de avaliação ao estado do relvado nos estádios (n.º 5 do artigo 39.º do RC), nos seguintes momentos: a) antes do início da época desportiva; b) até novembro; c) até janeiro; d) até março; e) antes do termo da época desportiva.

Em cada jornada é efetuado um acompanhamento aos relvados. Caso se verifique que o relvado não se apresenta nas condições regulamentares, a Liga Portugal procede à notificação da Sociedade Desportiva para apresentação de plano de tratamento, sujeito a aprovação pela Liga Portugal. Findo o prazo estabelecido sem que a intervenção no relvado se mostre concluída, a Liga Portugal determinará a realização, através de empresa especializada, dos trabalhos em falta, correndo os respetivos custos por conta do clube (n.º 5 a 7 do artigo 39º do RC).

GUIA DE RELVADOS NATURAIS

27



FOTOS DE PROBLEMAS ENCONTRADOS EM RELVADOS PROVOCADOS PELA MANUTENÇÃO INADEQUADA

Sem enraizamento, a relva apresenta-se com uma fra-

A invasão de poa annua causa problemas de aspeto

ca estabilidade saltando facilmente

visual

A excessiva utilização leva a que o perímetro de jogo

Fraco nível de superfície mesmo na entrada da baliza

se apresente em fracas condições

após placagem de relva deficiente

GUIA DE RELVADOS NATURAIS

29




Rua da Constituição 2555 4250-173 PORTO

T: +351 228 348 740 www.ligaportugal.pt


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.