Revista Liga-te Nº20 - Os Novos Campeões

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N. 20 mai | jun

Entrevistas a coates e bruno pinheiro


nos.pt/5g


Venham os adeptos! uma palavra para com todos os clubes que não conseguiram alcançar os objetivos, mas aos quais nunca faltou dedicação e profissionalismo. A pandemia preencheu toda a época de 2020-21. Foi um ano em que nos vimos privados do mais mágico que existe no mundo do Futebol: os adeptos. E foi por eles que batalhámos ao longo de todo este tempo, com as revindicações dos últimos meses a darem agora frutos. Na próxima época já será possível os recintos do Futebol Profissional receberem 33% da sua lotação. Uma medida que se saúda, embora de forma tardia, pois nunca foi claro porque a generalidade das atividades podia receber público e o Futebol não. Nesta senda, importa ainda destacar que este foi o ano em que vimos ser aprovado o decreto-lei que determina a comercialização centrada dos direitos audiovisuais, uma etapa que permitirá maior

equidade no Futebol Profissional em Portugal. Enquanto caminhamos para uma maior profissionalização e diminuição do GAP entre clubes, vamos ouvindo, com imenso orgulho, treinadores como Jürgen Klopp elogiar a qualidade da nossa Liga Portugal, clubes, jogadores e treinadores. “É uma liga muito interessante, com uma filosofia própria, em que muitos clubes fazem coisas muito inteligentes para educar e treinar os jogadores”, disse o treinador do Liverpool, ele próprio uma marca mundial do Futebol. Olhamos para a temporada 2021-22 com esperança de um ano mais tranquilo, e com o tão ansiado regresso dos adeptos aos estádios. E não poderia ser de outra maneira, pois o lugar do 12.º jogador é junto do seu clube e dos seus ídolos!

Pedro Proença, Presidente da Liga Portugal.

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A temporada 2020-21 chegou ao fim de forma surpreendentemente positiva, sobretudo quando falamos de um ano desportivo atípico e que ficará para sempre nas nossas memórias. O Futebol Profissional nem sempre conseguiu driblar a COVID-19, mas pontuou, e muito, no que à segurança diz respeito com mais de 70 mil testes efetuados e um custo superior a 3 milhões e meio de euros. Mas a hora é de olhar para os sinais positivos deixados por uma indústria que, segundo os últimos dados oficiais (2019-20), contribuiu para 0,3% do PIB nacional. Ficam, naturalmente, os parabéns aos Campeões Nacionais, Sporting CP e Estoril Praia, mas também as boas-vindas aos clubes que chegam às nossas competições, CD Trofense e Estrela da Amadora, SAD, e ao FC Arouca, que no Playoff conseguiu garantir o acesso ao principal escalão. Mas deixo, igualmente,

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FICHA TÉCNICA LIGA-TE: EDIÇÃO 20 DIRETOR: Tiago Madureira EDITORA: Vanda Cipriano SUB EDITOR: João Nave REDAÇÃO: Rita Matos, Tiago Sá Pereira, Bruna Valente, Pedro Paupério, Elsa Bicho e Tiago Nogueira FOTOGRAFIA: Gualter Fatia e Pedro Trindade DIREÇÃO COMERCIAL E PATROCÍNIOS: João Medeiros Cardoso DESIGN E PAGINAÇÃO: Adriano de Carvalho e Tiago Cunha PERIODICIDADE: Bimestral

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Sporting CP, Campeão da Liga NOS

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Entrevista Sebastián Coates, Jogador Sporting CP

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Estoril Praia, Campeão da Liga Portugal SABSEG

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Entrevista Bruno Pinheiro, Treinador Estoril Praia

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Entrevista António Costa, árbitro olímpico e Diretor de Marketing e Comunicação do Estoril Praia

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Entrevista Luís Pedro, Jogador Varzim SC


Sporting CP conquistou o principal campeonato do Futebol português, quebrando um ciclo sem vitórias que durava já desde 2001-02 Dezanove anos depois, a taça de campeão da Liga NOS voltou a vestir-se de verde e branco. Os leões foram protagonistas de uma época histórica, onde somaram, à conquista da Allianz CUP, o 19.º título de campeão da Liga NOS, do seu palmarés. Nesta edição do principal escalão do Futebol www.ligaportugal.pt

português, a equipa orientada por Rúben Amorim alcançou um total de 85 pontos – 26 vitórias, sete empates e uma derrota -, destacando-se ainda como a defesa mais sólida da prova, depois de ter consentido apenas 20 golos na sua baliza. Pelo meio, a equipa de Alvalade bateu o seu recorde

de imbatibilidade na competição, depois de ter estado 32 jornadas consecutivas sem somar qualquer derrota, e igualou ainda os registos das épocas 1969-70, 1943-44 e 1939-40, onde apenas somou um desaire ao longo das respetivas edições. Esta foi também a segunda pontuação mais alta do conjunto verde e branco na história da Liga NOS, naquele que é um registo apenas superado ao longo

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volta a rugir mais alto

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da época 2015-16, onde o Sporting CP amealhou 86 pontos – mais um que nesta temporada -. Nesta caminhada, os leões destacaram-se como uma das equipas mais jovens da prova, em que a aposta em jovens jogadores foi uma das imagens de marca do treinador Rúben Amorim – que conquistou o primeiro título de campeão da Liga NOS, enquanto técnico principal, ao terceiro ano

de carreira -. Nomes como Gonçalo Inácio, Tiago Tomás, Nuno Mendes ou Pedro Porro foram apostas recorrentes, apesar da sua enorme juventude, que foi complementada com a experiência de alguns jogadores mais “batidos”. Sebastián Coates, Adán, Feddal e João Mário foram referências e assumiram esse papel determinante. Em grande destaque esteve Pedro Gonçalves, com o médio leonino a consagrar-se

como o melhor marcador da prova, com 23 golos. O tão desejado momento da conquista do título de campeão chegou à passagem da 32.ª jornada, na receção da formação verde e branca ao Boavista FC. Um golo solitário de Paulinho, à passagem do 36.º minuto, ditou um triunfo muito celebrado por todos os jogadores, equipa técnica, estrutura e adeptos dos leões. www.ligaportugal.pt


“Feito histórico para o Clube!” Sebastián Coates, defesa-central e capitão da formação leonina, está ao serviço do clube há seis épocas e considera que 2020-21 foi “de longe a melhor época de sempre”. Com cinco golos apontados e 33 jogos realizados, o internacional uruguaio foi um dos jogadores que, ao longo de toda a temporada, demonstrou ser dos mais influentes na caminhada rumo ao título de Campeão Nacional da Liga NOS e um dos pilares da equipa de Ruben Amorim

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SEBASTIÁN COATES, Jogador Sporting CP

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Qual o balanço que faz desta temporada 2020-21, que terminou com o Sporting CP campeão? Esta foi, de longe, a melhor a época de sempre! Tanto a nível pessoal, como a nível coletivo. Conseguimos atingir o objetivo principal, fomos campeões e foi, sem dúvida, um feito histórico para o clube. Há muito tempo que não conseguíamos ser campeões e este grupo conseguiu realizar um desejo que estava por concretizar.

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A nível individual, esta foi a melhor época ao serviço do Sporting CP? Obviamente, para mim foi muito especial, não só por ter batido o recorde de golos ao serviço do Sporting CP, como também, pessoalmente, senti-me muito confiante. O grupo deu-me muita confiança. À medida que os jogos iam passando e iam correndo bem, continuei e aumentei essa confiança. Saber que podia ajudar o grupo a chegar aos objetivos era um sentimento que

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me fazia seguir em frente. Depois vêm essas questões de recordes e números, mas na verdade, prefiro focar-me em ajudar a equipa. Acabou por correr tudo bem e conseguimos atingir o objetivo principal, que era sermos campeões. Como capitão e jogador experiente, de 30 anos, como foi lidar com um plantel repleto de juventude? Na verdade, no início da temporada todos nós estávamos na expetativa e a pensar como iria correr a época. O grupo, que foi muito bem liderado por Rúben Amorim, era composto por muitos jogadores jovens, mas, na verdade, desde o primeiro dia eles sabiam onde estavam, o que tinham de fazer e aproveitaram a oportunidade que tiveram. Souberam fazê-lo! Da nossa parte, só tínhamos de acompanhar e saber se necessitavam de alguma ajuda. Sendo eu um dos jogadores mais velhos da equipa, assim como, o Luis Neto, Adán, Antunes que jogou menos, mas ajudou muito a equipa -, João Mário e João Pereira, que tinham muita experiência, fiz parte de um grupo onde tínhamos uma mistura de jogadores com experiência e jogadores com muita vontade de jogar e de ficar na história do Sporting CP. Acho que quem está de fora e vê os 90 minutos do jogo e os treinos sempre sentiu que erámos sempre assim, um grupo unido, com muito bom ambiente e que acabou por resultar na conquista do titulo.

“Estar na Liga dos Campeões, ganhar a Taça da Liga e chegarmos à conquista do campeonato é um feito que nos deixa felizes” www.ligaportugal.pt


O que faltou para ser uma época perfeita? Ou entende que foi? Honestamente não sei… Obviamente que estar na Liga dos Campeões, ganhar a Taça da Liga e chegarmos ao objetivo final, que era a conquista do campeonato, é um feito que nos deixa extremamente felizes. Estamos orgulhosos!

títulos. Quando acabou o jogo foram vários sentimentos que tive, de dever cumprido, de muita coisa que passámos, de todas as pessoas que trabalham todos os dias ao nosso lado e, claro, dos adeptos do Sporting Clube de Portugal que estiveram sempre connosco, que mereciam este título, depois de tantos anos à espera deste momento. Este foi um ano completamente atípico, onde acabou por não haver público na grande maioria dos jogos da Liga NOS. Como encararam os jogadores esta situação? Sentiu a falta dos adeptos? Claro que sim.

Todos os que gostam de Futebol nunca achariam possível que acontecesse isto. Um ano sem adeptos, era impensável. Claro que tudo o que se estava a passar no mundo era muito mau, mas no futebol, atividade na qual estamos habituados a chegar ao estádio e as bancadas estarem repletas de adeptos, este foi um ano muito estranho. Espero que em breve possam voltar aos estádios porque fazem muita falta ao futebol. Que opinião tem da competitividade do campeonato nacional de Futebol Profissional? Cada vez é maior? Sim, sem dúvida. Cada vez é mais difícil ir jogar fora do nosso

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No dia em que o Sporting CP se consagrou campeão, no jogo diante do Boavista FC, o que sentiu? Na primeira época, quando cheguei ao Sporting CP e ficámos a dois pontos de sermos campeões (20176-17), pensámos que iria ser difícil repetir esse momento, num campeonato tão difícil como é a Liga portuguesa. Mas, claro, nunca perdemos a esperança de atingir o objetivo e a cada ano que passava era esse pensamento e mentalidade: vencer todos os

“Quando acabou o jogo foram vários sentimentos que tive, de dever cumprido”

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“A mentalidade das equipas que vinham jogar a Alvalade era diferente do que é hoje. Agora todas jogam de igual para igual e na minha opinião é muito melhor para o espetáculo” estádio. Quando cheguei a Portugal a mentalidade das equipas que vinham jogar a Alvalade era diferente do que é hoje. Agora todas jogam de igual para igual e na minha opinião é muito melhor para o espetáculo e para o futebol português, que tem vindo a crescer. As equipas cada vez preparam-se melhor para defrontarem todas da mesma maneira.

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Que desejos tem para a próxima época? Desejo o mesmo de sempre. No fundo, o normal tanto para a minha vida pessoal como profissional. Os objetivos são sempre os mesmos. Fazer o melhor que sei e que sabemos, conquistar o maior número de títulos possíveis e jogar bem nos jogos da Champions League.

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A quem dedica o título de Campeão Nacional 2020-21? Em primeiro lugar à minha família, aos meus amigos, a todos os que convivem connosco no dia a dia e que fazem tudo por nós. A todos os que trabalham na Academia Sporting e no Estádio José Alvalade. E claro, aos adeptos, como já tinha dito eles mereciam este título que há muito tempo era desejado. E por tudo o que passamos esta época de pandemia, ainda merecemos mais. Espero que agora comece uma nova época e que o Sporting Clube de Portugal possa vencer mais vezes. www.ligaportugal.pt


11 DO ANO Adán 34 anos 32 jogos 19 GS

Pedro Porro

Pepe

Coates

Nuno Mendes

21 anos 30 jogos 3 GM

38 anos 27 jogos 2 GM

30 anos 33 jogos 5 GM

18 anos 29 jogos 1 GM

João Palhinha

Sérgio Oliveira

25 anos 32 jogos 1GM

28 anos 32 jogos 13 GM

Pedro Gonçalves 22 anos 32 jogos 23 GM

Carlos Júnior 25 anos 32 jogos 14 GM

Seferovic 29 anos 31 jogos 22 GM

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Taremi 28 anos 34 jogos 16 GM

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Pódio completo com dragões e águias Além do título alcançado pelos leões, esta edição da Liga NOS tem outras histórias para contar. Desde logo, começando pelo pódio, o FC Porto terminou no segundo lugar, garantindo o acesso direto à UEFA Champions League. Mehdi Taremi foi figura de destaque, ao consagrar-se como o jogador com

mais assistências na prova (11). Já o SL Benfica foi o terceiro classificado e vai disputar a terceira pré-eliminatória de acesso à prova milionária. Haris Seferovic foi o jogador com mais participações em golos, resultado de 22 tentos apontados e seis assistências. Também apurado para as competições europeias está

o SC Braga, depois de os Gverreiros do Minho terem terminado o campeonato na quarta posição. A formação bracarense está, assim, automaticamente apurada para a fase de grupos da UEFA Europa League.

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O regresso do castor europeu e uma página dourada na história do Santa Clara

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A completar o lote de representantes europeus na próxima edição das competições europeias, restam destacar duas formações. Em primeiro lugar o FC P. Ferreira que, ao terminar no quinto lugar, está apurado para a terceira pré-eliminatória de acesso à UEFA Europa Conference League, uma prova recém-lançada pela entidade

que tutela o Futebol europeu. Os castores regressam assim às provas internacionais, depois de terem participado em duas ocasiões: 2007-08 e 2013-14. Já o Santa Clara está apurado pela primeira vez para uma competição europeia, depois de terminar na sexta posição. Os açorianos vão participar na segunda pré-eliminatória de acesso

à UEFA Europa Conference League, culminando assim a melhor época da história do emblema açoriano. A formação de Ponta Delgada alcançou a sua melhor classificação na prova, bem como o recorde de pontos, contando, para isso, com o contributo do novo melhor marcador de sempre do Santa Clara na Liga NOS: Carlos Júnior. www.ligaportugal.pt


Luta pela permanência durou até ao fim No que respeita às contas da manutenção, como habitual, as decisões ficaram guardadas para o final. Depois de o CD Nacional ver consumada a sua despromoção, à passagem da 33.ª jornada, SC Farense, Rio Ave FC, Boavista FC e Portimonense partiram para a última ronda ainda a lutar por manter o seu lugar no escalão maior do Futebol Profissional. Uma disputa que viu Portimonense e Boavista FC sorrirem, uma vez que os resultados obtidos respetivamente – empate e vitória -, possibilitaram a permanência na Liga NOS. Já o Rio Ave FC, apesar da vitória obtida na Madeira terminou na 16.ª posição e, como tal, disputou o Playoff diante do terceiro classificado da Liga Portugal SABSEG. Dois embates que decidiram quem ocupa a última

vaga da edição 2021-22 da Liga NOS. O SC Farense, por sua vez, saiu derrotado na deslocação aos Açores

e não evitou a despromoção no ano seguinte ao seu regresso ao convívio dos grandes.

Melhor marcador da Liga NOS é português pela primeira vez neste século

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vez que o jovem natural de Vidago se tornou no oitavo melhor marcador mais jovem de sempre desta competição, e no mais novo desde que Fernando Gomes (FC Porto) venceu em 1978-79. Além disso, “Pote”, como é carinhosamente apelidado no mundo do Futebol, tornou-se no primeiro português a conquistar esta distinção desde a época de 1995-96 – tendo em conta os atuais critérios de desempate -, altura em que Domingos Paciência foi o artilheiro máximo do escalão maior do Futebol português. Com esta conquista, Pedro Gonçalves passa a ser o quarto

jogador do Sporting CP neste século a vencer este prémio, sucedendo a Mário Jardel (2001-02), Liedson (2004-05 e 2006-07) e Bas Dost (2016-17).

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Para além da incerteza que persistiu até final, relativamente às contas europeias e da manutenção, esta prova ficou marcada pela intensa disputa pelo título de artilheiro máximo da Liga NOS. Pedro Gonçalves acabou por sorrir no final, muito graças ao hat-trick apontado na última jornada, diante do Marítimo M., que permitiu ao jovem de 22 anos terminar a prova com um total de 23 golos apontados, superando o registo de Haris Seferovic (SL Benfica), que somou 22 golos. Este é um feito histórico, uma

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Canarinhos de regresso ao topo os canarinhos somaram 20 vitórias, 10 empates e apenas quatro derrotas. Com um total de 55 golos marcados e 26 golos sofridos, a equipa liderada por Bruno Pinheiro terminou

no topo da tabela classificativa com 70 pontos - mais quatro que o segundo classificado, FC Vizela -. Para além disso, os estorilistas foram a melhor defesa do campeonato numa época

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Três épocas depois, o regresso. O Estoril Praia foi a equipa mais regular nesta edição da Liga Portugal SABSEG, consumando, assim, a tão desejada a subida à Liga NOS. Em 34 jogos,

Época de sonho do Estoril Praia vale regresso ao principal escalão do Futebol português. Será a 27.ª presença da formação da Linha na Liga NOS

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Já o experiente lateral, Joãozinho, foi o jogador que mais minutos somou na formação orientada por Bruno Pinheiro. Esta mescla de juventude e experiência foi, por isso, a tónica principal de uma equipa repleta de jogadores com bastante qualidade que se afirmaram nesta edição da Liga Portugal SABSEG. Dani Figueira, Hugo Gomes e Miguel Crespo foram alguns dos outros nomes que emergiram ao longo desta temporada. Curiosamente, o regresso dos estorilistas ao escalão maior do Futebol português, bem como a conquista

do título de campeão da Liga Portugal SABSEG, acabaram por acontecer… no sofá. No que respeita à subida de divisão, esta aconteceu à passagem da 31.ª jornada, graças ao desaire caseiro da A. Académica frente ao FC Arouca, enquanto a conquista desta prova chegou na jornada seguinte, quando o FC Vizela empatou no reduto do CD C. Piedade. Este foi, assim, o terceiro título de campeão desta divisão, alcançado pela equipa da Linha, que se torna no segundo conjunto mais titulado desta prova, apenas superado pelo FC P. Ferreira (quatro títulos).

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em que o Estoril Praia também disputou os quartos de final da Allianz CUP, prova na qual foi eliminado pelo SC Braga, finalista da competição. Os canarinhos chegaram ainda às meias-finais da Taça de Portugal, pelo que esta foi uma temporada com muitos jogos e que demonstra bem a profundidade do plantel estorilista. No que toca a destaques, nota para Yakubu Aziz. O avançado ganês, de 22 anos, foi o melhor marcador da equipa da Linha – 12 golos em 28 jogos -, enquanto Zé Valente foi o rei das assistências, com seis passes certeiros para golo.

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“O título é a cereja no topo do bolo”

Bruno Pinheiro, Treinador do Estoril Praia

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Bruno Pinheiro. Um nome que, certamente, seria desconhecido para a maior parte dos adeptos no início da presente época. A verdade é que, em época de estreia no Futebol Profissional, foi o timoneiro que devolveu o Estoril Praia à Liga NOS e logo com chave de ouro, em virtude da conquista do título de campeão da Liga Portugal SABSEG

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Agora com a cabeça mais fria, já consegue explicar as emoções que sentiu quando percebeu que tinha conquistado o título? Foi e continua a ser um misto de emoções, mas estas foram bem mais fortes na subida do que propriamente quando nos sagrámos campeões. A subida acabou por, em determinado momento, ser um objetivo real. De facto, é o que nos permite chegar à elite do Futebol português. Diria que o título de campeão da Liga Portugal SABSEG é a cereja no topo do bolo, até porque fizemos uma época que se tornou excelente.

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“Este grupo foi uma família… acho que foi o grande segredo”

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Qual o segredo associado ao título conquistado pelo Estoril? Existem vários. Primeiro, quando cheguei ao Estoril Praia encontrei um clube com condições de trabalho, não digo excelentes porque acho que há aspetos em que podemos melhorar, mas com boas condições alicerçadas em departamentos muito profissionais e competentes. Depois, creio que o recrutamento foi bem feito, pois quando o dinheiro não abunda tornamo-nos muito mais criteriosos. Acho que esta época fizemos um recrutamento muito criterioso e, acima de tudo, valorizámos essencialmente duas componentes: as características dos jogadores, mediante a ideia de jogo que se pretendia, e as características do jogador

como pessoa, como ser humano. A terceira, que se calhar destacaria, é mesmo isso: o grupo fantástico de jogadores. Em qualquer entrevista há uma palavra que é sempre repetida: família. Este grupo foi, de facto, uma família. Tudo isto associado, acho que foi o grande segredo desta temporada. Este é o primeiro troféu como treinador principal. Qual a importância? Já tinha tido alguns momentos marcantes na minha carreira, mas sei que em Portugal sou um desconhecido para a grande maioria dos adeptos de Futebol. A realidade é que levo muitos anos de treino e os últimos anos permitiram-me ser campeão Interassociações de Sub-20 em Portugal e já levo duas participações no Torneio de Toulon. Também alcancei uma meia-final da Taça da Ásia e uma participação no Campeonato do Mundo. Apesar de não serem troféus, são feitos muito importantes. Quanto a este troféu sabe-me muito bem, pois, aos olhos de quem não nos conhece, é uma espécie de atestado de qualidade. Há muitos treinadores, e nomeadamente nesta Liga Portugal SABSEG, que estão a fazer um trabalho fantástico. Neste ano tão atípico, com a COVID-19, felizmente até nisso o nosso grupo foi exemplar. Não tivemos casos, mas o futebol é muito aleatório e por vezes o resultado não corresponde à qualidade do trabalho desenvolvido. Nesse sentido, apenas transmite para o exterior um selo de qualidade ao treinador, que pessoalmente não sinto que assim seja. Tem a melhor defesa do campeonato. A consistência defensiva é importante para a sua ideia de jogo? Eu diria que é o oposto. Trabalhamos muito pouco a organização defensiva e acho que o segredo no nosso modelo de jogo, na nossa forma de jogar, é a www.ligaportugal.pt


“Tive a felicidade de ouvir várias vezes “Parabéns, mister. Equipa fantástica!”

Como é sentir o reconhecimento, sobretudo dos adversários? Foi a grande surpresa para mim. E foi a melhor de todas. Foi altamente gratificante. Por exemplo, nos jogos da Taça de Portugal, com as equipas da Liga NOS, tive dois ou três episódios, às vezes ainda com os jogos 0-0. Tive a felicidade de ouvir várias vezes “Parabéns, mister. Equipa fantástica!”. Teve mais algum episódio engraçado? O Sebastián Pérez, do Boavista FC... O Ivo Pinto, do Rio Ave FC, e na Madeira, contra o Marítimo M., alguns jogadores disseram: “Parabéns, mister! A sua calma passou para a equipa”. Em Braga, mais elogios… Isto falando de jogadores. Às vezes falava-se na pressão, mas senti mais pressão a meio da época pelo facto de toda a gente dar como certo que nós íamos subir de divisão. Na eliminatória com o SL Benfica, o Jorge Jesus disse-me: “Mister, vocês sobem fácil”, ao que respondi que, pelas minhas contas, faltavam conquistar aí 40 pontos! E ele: “Esqueça, vocês estão muito bem. A equipa é muito boa taticamente”. Muita gente me disse que íamos subir de certeza e isso causava-me uma pressão tremenda, porque havia muitos pontos em jogo e pensava que ainda não tínhamos tido nenhuma má fase. www.ligaportugal.pt

Como foi a sua experiência no Catar? O Catar foi fantástico. Uma coisa Tendo sido uma estreia é vivermos no estrangeiro e só viver com na Liga Portugal SABSEG, aquela cultura. Outra coisa é viver num país como avalia esta competição? como o Catar, que tem dois milhões e meio Correspondeu àquilo que de habitantes e só 300 mil são locais. esperava. Nunca fui de perder Em Portugal não conhecemos a Aspire tempo com coisas que não Academy, mas é um centro de excelência de necessito ou não controlo. várias modalidades em que o Futebol é rei, Sabia que o meu regresso até porque será realizado o Campeonato a Portugal passaria muito por uma do Mundo no Catar. Dentro dessa Segunda Liga e então acompanhava Academia, além de todas as condições de muito a Liga Portugal SABSEG. infraestruturas e de toda a tecnologia de Depois de viver esta temporada ponta que existe, temos o que para mim na competição, a minha ideia é o mais importante, que são os recursos é que corresponde exatamente humanos. São tão variados, mas tão à opinião que tinha, de que é uma variados, com tantas nacionalidades Liga extremamente competitiva. e tanto conhecimento diferenciado, Existem três ou quatro plantéis que que não é apenas uma experiência estão acima dos restantes, mas o último no estrangeiro. Ou seja, eu se for classificado pode ir perfeitamente para Espanha, vou viver a cultura a casa do primeiro e roubar pontos, espanhola. Eu fui para o Catar e não o que é uma situação normal nesta bebi apenas da cultura do Catar, mas competição. do mundo inteiro. O meu staff era constituído por O Futebol português está cheio italianos, estónios, finlandeses, de jovens talentos e o Estoril Praia alemães, iraquianos… havia um é a prova disso mesmo, tendo em conta bocadinho de todo o mundo. que é a equipa mais jovem depois Foi uma experiência que valeu por de SL Benfica B e FC Porto B. várias. O Catar utilizou toda a sua Como foi o desafio de potencializar riqueza para formar o cidadão jogadores tão jovens? catari e investiu muito no desporto Essa é a outra parte gratificante e na cultura. e em relação à qual sempre tive uma Por exemplo, de mês e meio mente muito aberta. Acho que em mês e meio nós recebíamos a competência não tem idade. De facto, clubes de topo mundial. Dentro é mais uma barreira quebrada. Muita desse intercâmbio, os próprios gente associa a Liga Portugal SABSEG treinadores partilhavam a equipas experientes, muito batidas, experiências entre si, o que era em que os jogos se resolvem em fantástico. detalhes. Há jogos muito equilibrados Além de todos os estágios e acho que este Estoril Praia quebrou que as equipas fazem, como o um bocadinho este mito, pois é uma Bayern de Munique, o PSG, o equipa muito jovem, com apenas três Zenit ou a Juventus, todos os jogadores acima dos 30 anos. Se em clubes mundiais vão parar ao alguns momentos isso pode ser uma Catar. Recordo-me de episódios, desvantagem, noutros tem muito mais como por exemplo, de estar a vantagens. São jogadores que têm o dar um treino dentro daquela sonho de alcançar uma carreira, que imensidão toda de campos que têm uma vontade tremenda, e isso é nós tínhamos e no campo mais fantástico. Este misto com três/quatro à direita estava o André Villasjogadores mais experientes, e neste caso Boas com o Zenit e, no campo à destacaria o Joãozinho e o João Diogo, esquerda, estava o Carlo Ancelotti foi muito importante. Foram jogadores com o Bayern de Munique. de um suporte tremendo para mim, que São experiências fantásticas! era um estreante nesta competição.

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qualidade do jogo com bola e a capacidade de nos conseguirmos manter organizados no momento da sua perda. Acho que isso é a chave número um: a qualidade do jogo com bola. Depois, obviamente que ter uma equipa com pouco golos sofridos implica muito trabalho dos jogadores da frente. Portanto, o mérito muitas vezes é atribuído às linhas defensivas e aos guarda-redes, mas a realidade é que, no nosso modelo de jogo, os avançados são os primeiros defesas e são aqueles jogadores que mais se desgastam na nossa equipa.

“Catar foi fantástico”

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FC Vizela na Liga NOS…

36 anos depois História feita, após uma temporada absolutamente incrível! É preciso recuar até 1984-85 para ver o FC Vizela na Liga NOS, algo que, aliás, aconteceu apenas por uma vez na história do clube. Mas passemos a números e factos: os vizelenses estiveram invictos durante 26 jogos, sem que essa marca, aliás, tivesse

sido interrompida. A derrota na visita a Arouca, na oitava jornada da prova, foi a derradeira ocasião em que a formação orientada por Álvaro Pacheco conheceu o sabor da derrota. Depois desse encontro, seguiram-se 16 triunfos e 10 empates que culminaram com a confirmação da segunda posição

na competição e consequente ascensão ao principal escalão do Futebol português. Outro dos destaques dos minhotos foram os 59 golos apontados por parte daquele que foi o ataque mais concretizador da prova. Para mais, o conjunto vizelense foi o que mais triunfos somou a jogar como visitado (10).

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Luta pela promoção contou com vários emblemas

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O incrível percurso dos vizelenses valeu uma vaga na próxima edição da Liga NOS, mas a verdade é que a luta foi bastante intensa. Várias equipas entraram nesta disputa pela promoção direta, com o FC Arouca a terminar a apenas um ponto da formação minhota. O conjunto orientado por Armando Evangelista venceu as últimas nove jornadas e garantiu um lugar no Playoff, onde mediu forças diante do Rio Ave FC. Já A. Académica e CD Feirense ocuparam durante largas jornadas os lugares cimeiros da tabela classificativa, mas acabaram por terminar na quarta e na quinta posição, respetivamente, enquanto o GD Chaves foi o sexto classificado, apesar da recuperação operada na reta final da prova. www.ligaportugal.pt


Manutenção discutida até ao último suspiro Na última ronda, seis equipas entraram em campo a lutar pela continuidade na prova. O fardo da despromoção acabou por recair sobre Vilafranquense e UD Oliveirense. A formação de Vila Franca de Xira viu a relegação ser confirmada após derrota na deslocação ao reduto do FC Vizela. Por outro lado, a UD Oliveirense saiu derrotada na visita ao terreno do Varzim SC, por 1-0, e não conseguiu alcançar a tão desejada continuidade na Liga Portugal SABSEG. Por outro lado, além dos varzinistas, também CD C. Piedade, Ac. Viseu e FC Porto B garantiram na derradeira jornada que disputarão a próxima edição da competição.

Já no que respeita a estatísticas, o principal destaque vai para o facto de o melhor marcador da prova e o jogador com mais assistências alinharem ambos ao serviço do FC Vizela. O avançado Cassiano fez as redes adversárias abanar em 16 ocasiões e foi uma das grandes figuras, tanto da época 2020-21, como, mais concretamente, da histórica época da formação vizelense. Mohammed Bouldini (A. Académica), com 13 golos, e João Vieira (CD C. Piedade), com 12 remates www.ligaportugal.pt

certeiros, completaram o pódio dos maiores goleadores da prova. Já no que toca a assistências, Kiko Bondoso, outra das figuras vizelenses da temporada, “ofereceu” 10 golos aos companheiros de equipa, o número máximo

alcançado por um jogador na presente edição da Liga Portugal SABSEG. Feliz (CD Feirense) e Traquina (A. Académica), ambos com sete assistências, fecharam o “top-3” de jogadores com mais passes para golo.

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Estatísticas individuais são lideradas por atletas do FC Vizela

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garante último bilhete para a Liga NOS

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Conjunto da Serra da Freita superiorizou-se ao Rio Ave FC no Playoff. Triunfo expressivo por 3-0, em Arouca, e vitória por 0-2 em Vila do Conde ditaram a segunda subida de divisão consecutiva para os arouquenses

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Quatro anos depois, o FC Arouca está de regresso ao escalão maior do Futebol Profissional. A equipa comandada por Armando Evangelista levou a melhor sobre o Rio Ave FC, no Playoff, assegurando assim a última vaga para a edição 2020-21 da Liga NOS. No duelo que opôs o 16.º classificado da Liga NOS e o terceiro da Liga Portugal SABSEG, o sucesso da equipa de Arouca começou a ser construído sob fortes alicerces logo na primeira mão disputada, precisamente, no Estádio Municipal de Arouca. Os arouquenses capitalizaram

da melhor maneira o fator casa e alcançaram um expressivo triunfo, por 3-0. Pité, aos 43 minutos, abriu o ativo, enquanto na etapa complementar valeram os golos de Sema Velázquez, ao minuto 58, e de André Silva, aos 75 minutos. Em Vila do Conde, na segunda mão, a toada manteve-se em tons amarelos, com o FC Arouca a vencer novamente. Desta feita, o triunfo da formação de Armando Evangelista fez-se por dois golos de diferença, graças à pontaria certeira de Arsénio, ao minuto 32, e de Sema Velázquez aos 59 minutos. De malas feitas para a Liga NOS, os arouquenses foram, deste modo,

os autores de um invulgar percurso ao longo dos últimos anos. Depois das despromoções em 2016-17 e 2018-19, da Liga NOS e Liga Portugal SABSEG, respetivamente, o conjunto da Serra da Freita arranjou forças para renascer e voltar à ribalta do Futebol Profissional, fruto das duas promoções alcançadas consecutivamente nas épocas 2019-20 e 2020-21. Um carrossel de emoções que, por certo, todos os adeptos do FC Arouca esperam que volte a revisitar algumas das páginas mais douradas do clube, como é o caso da inédita presença no Playoff de acesso à UEFA Europa League, em 2016-17. www.ligaportugal.pt


Tiago Madureira, Diretor Executivo Liga Portugal

Sporting Campeão Nacional, Estoril Praia, Campeão da Liga Portugal SABSEG, FC Arouca garantiu a presença na Liga NOS na próxima época, após playoff, e CD Trofense e Club Football Estrela, SAD chegam ao Futebol Profissional, depois de terem vencido os respetivos grupos no Campeonato de Portugal. Lido assim parece que falamos de uma temporada normal e que terminou sem sobressaltos. No fundo, se olharmos para setembro do ano passado, e para toda uma nuvem de incógnitas que existiam, esta foi, efetivamente, uma temporada que acabou por selar-se com tranquilidade. A verdade é que as Sociedades Desportivas fizeram um esforço absolutamente extraordinário no combate à COVID-19 e merecem uma palavra por isso. Mas merecem mais! Precisam do apoio do Governo! Agora que as portas já foram abertas há outras questões pendentes, mas que, estou certo, Liga, Executivo e Clubes vão conseguir resolver. Os danos ainda estão para chegar em número efetivo, mas há medidas, como tanto temos defendido, que podiam combater, e muito, as débeis contas das nossas Sociedades Desportivas e das quais o Presidente da Liga Portugal tem dado conta e volta, nesta edição, a enumerar. O Futebol Profissional, por tudo o que significa, pelo que consegue agregar à volta, pelas sensações que desperta, e pela capacidade que tem de gerar dinheiro em alguns segmentos, devia ser olhado pelo Governo de outra forma. Vamos olhar agora para 2021-22, uma temporada que traz novos e renovados desafios e uma certeza. O calor dos nossos adeptos vai estar de volta e, certamente, irá elevar ainda mais alto as emoções da nova Liga Portugal Bwin e da Liga Portugal SABSEG. Esta acaba por ser, para já, a grande vitória do Futebol Profissional e do país. 33% não é suficiente, mas, estamos certos, que esta é uma percentagem que vai aumentar com o tempo. Porque os adeptos merecem! www.ligaportugal.pt

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Esforço extraordinário

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Fotos: FPF

CD Trofense,

o regresso 6 anos depois

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Formação da trofa de volta às competições profissionais

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O CD Trofense venceu a Zona Norte da Fase de Acesso à Liga Portugal SABSEG e confirmou o regresso aos escalões profissionais. Na última jornada, um empate a uma bola na visita ao terreno do SC Braga B foi suficiente para levar de vencido o grupo. Para colocar um ponto final na ausência de seis anos do segundo escalão do Futebol português, a equipa da Trofa somou 11 pontos, mais um que o Anadia FC, segundo classificado. O Pevidém SC, com nove pontos, e o SC Braga B, com quatro, completaram a tabela classificativa. Após o apito final na derradeira jornada, Rui Duarte, treinador principal da equipa recém-promovida,

foi a voz da satisfação do grupo: “É fantástico. Primeiro quero agradecer aos jogadores, que são incríveis. Temos aqui um espírito muito forte. Conseguimos construir aqui uma verdadeira família e, quando assim é, conseguimos ultrapassar muitos obstáculos”, disse o técnico de 42 anos, afirmando que se trata de um prémio para todo o clube. Na hora da festa, o timoneiro da formação da trofa não esqueceu “os incansáveis adeptos”, lamentando “não poderem estar dentro do estádio no momento da consagração”. “Abdicámos de muitas coisas, às vezes até mesmo das nossas famílias para conseguirmos coisas boas com muito espírito de sacrifício. Eles merecem tudo”, concluiu Rui Duarte. www.ligaportugal.pt


Foto: FPF

tricolores sobem à Liga Portugal SABSEG O Estrela da Amadora, SAD terminou no primeiro lugar da Fase de Acesso à Liga Portugal SABSEG - Zona Sul, depois de vencer no terreno da UD Leiria, por 0-2. Desta forma, a equipa da Amadora garantiu a presença na próxima edição da Liga Portugal SABSEG. Rui Santos, o líder dos estrelistas, faz um balanço mais do que positivo: “Conseguimos vários objetivos esta época. O clube tinha acabado de renascer, começámos praticamente do zero, e tivemos que montar uma equipa em cima do campeonato. Conseguimos com o trabalho de equipa técnica, www.ligaportugal.pt

administração e scouting montar uma equipa de gente jovem, mas com muita ambição e com vontade de singrar na carreira. Conseguimos, numa primeira fase, sermos campeões de uma série fortíssima, logo com o Sporting B à cabeça. Depois desta segunda fase, com várias equipas históricas do Futebol português, conseguimos superar-nos ao ser os campeões desta segunda fase da Zona Sul e consequentemente regressar à Segunda Liga, que era um objetivo muito claro do clube”. O treinador do Estrela da Amadora, SAD, lamentou não ter podido contar com os adeptos em

Leiria, mas realça que a receção eufórica na chegada à Amadora é a prova de que “o Estrela está de volta”. “Esperámos muito tempo e temos muita pena porque ainda no domingo quando chegámos, uma das coisas que me deu grande prazer foi ver não só as pessoas que estavam na rua, mas também toda a gente que estava nas janelas, com camisolas e cachecóis do Estrela”. “Penso que renasceu aqui um sentimento. Esta subida pode ser um catalisador e um revitalizar deste Estrela, pelo que tenho a convicção de que na próxima época vamos ter as bancadas cheias de gente a apoiar”.

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Estrela da Amadora, SAD carimbou passaporte após vitória em Leiria

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No terceiro mês do ano, Haris Seferovic foi o grande protagonista com um “bis”. O avançado suíço do SL Benfica juntou o prémio de Melhor Jogador do Mês da Liga NOS ao de Melhor Avançado. Por sua vez, o técnico dos encarnados, Jorge Jesus, conquistou o Prémio Vítor Oliveira - Treinador do Mês da Liga NOS, enquanto a dupla vizelense, Samu e Álvaro Pacheco, arrecadou, respetivamente, os prémios Jogador do Mês Liga Portugal SABSEG e Prémio Vítor Oliveira – Treinador do Mês da Liga Portugal SABSEG. Nota ainda para Helton Leite (SL Benfica), Coates (Sporting CP), Sérgio Oliveira (FC Porto), Beto (Portimonense) e Joca (Leixões SC), os restantes jogadores premiados neste período.

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Sebastián Coates foi a grande figura do mês de abril. O central uruguaio do Sporting CP aliou o prémio de Melhor Jogador do Mês da Liga NOS ao de Melhor Defesa da competição. Este foi, de resto, um mês onde o Sporting CP dominou a nível de prémios. Rúben Amorim recebeu o Prémio Vítor Oliveira – Treinador do Mês da Liga NOS, enquanto João Palhinha e Adán arrecadaram, respetivamente, as distinções Melhor Médio do Mês e Melhor Guarda-redes do Mês. Ainda no que concerne à Liga NOS, Mário Gonzalez conquistou o prémio de Avançado do Mês, com o tento de André Almeida a ser o mais votado pelos adeptos para vencer o prémio Golo do Mês da prova. Já na Liga Portugal SABSEG, os vencedores foram Cassiano – Melhor Jogador do Mês -, André Claro – Golo do Mês -, enquanto Armando Evangelista foi eleito o Treinador do Mês da Liga Portugal SABSEG.

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Miúdos… mas pouco A qualidade não tem idade. Esta é uma frase que assenta na perfeição a esta edição da Liga NOS,

que viu estrear quatro jogadores com idade inferior a 18 anos. Dário Essugo, médio do Sporting CP, foi o

Dário Essugo fez história e tornou-se no futebolista mais novo de sempre a jogar na Liga NOS. O camisola 84 dos leões entrou, curiosamente, ao minuto 84 numa partida que opôs o Sporting CP ao Vitória SC. O jovem da formação leonina rendeu o experiente João Mário, numa noite que certamente jamais esquecerá. Nascido a 14 de março de 2005, a estreia do jovem natural de Lisboa na equipa principal dos leões, aconteceu com apenas 16 anos e seis dias. Algo que faz deste médio defensivo o jogador mais novo de sempre a jogar na mais alta roda do Futebol português. Essugo está já há sete temporadas no Sporting CP. Nos últimos dois anos competiu nos escalões de iniciados e de juvenis, tendo, por isso, saltado diretamente dos juvenis para os seniores. Um percurso pouco comum e que deixa antever um futuro muito risonho!

protagonista máximo ao estrear-se com apenas 16 anos e 06 dias, na receção dos leões ao Vitória SC, tornando-se no jogador mais jovem de sempre a alinhar no escalão maior do Futebol Profissional. Rodrigo Gomes (SC Braga), Tiago Morais (Boavista FC) e João Neto (FC Famalicão), foram os restantes “teenagers” da prova. Eis o perfil de cada um jovens talentos!

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A edição 2020-21 da Liga NOS voltou a deixar bem vincada a qualidade de velhos conhecidos do nosso campeonato, revelando ainda novos talentos em ascensão. Nesta rubrica, a Liga-te dá-lhe a conhecer os quatro jogadores mais jovens que alinharam nesta temporada, com a curiosidade de Dário Essugo, do Sporting CP, se ter tornado no jogador mais jovem de sempre a participar nesta prova!

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Rodrigo gomes

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Aos 17 anos, dois meses e 26 dias, Rodrigo Gomes fez a sua estreia ao serviço da equipa principal do SC Braga, numa vitória contundente, em Tondela, por 0-4, em jogo a contar para a terceira jornada da Liga NOS. Curiosamente, pouco tempo depois, um jogo relativo à Taça de Portugal – que opôs o Olímpico do Montijo ao SC Braga – proporcionou a estreia a titular do jovem vilaverdense. O avançado móvel colocou o seu nome na história do clube minhoto ao tornar-se no mais jovem jogador de sempre a alinhar num 11 inicial do SC Braga. O camisola 57 alinhou durante 69 minutos, sendo posteriormente substituído por Iuri Medeiros. Importa ainda realçar que, na época passada, aquele que é descrito por muitos como o próximo grande talento da academia bracarense alinhava ao serviço da equipa de juvenis do emblema minhoto. www.ligaportugal.pt


tiago morais

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Com 17 anos, três meses e 25 dias, Tiago Morais escreveu o seu nome no topo da lista de jogadores mais jovens a jogar pelo Boavista FC na Liga NOS, batendo, por dois meses, o recorde de João Vieira Pinto. Tudo isto numa partida que opôs os axadrezados ao SC Braga. Ironia do destino, o craque João Vieira Pinto também se estreou num jogo frente aos bracarenses, em 1989, entrando para o lugar de Isaías. Por sua vez, Tiago Morais foi aposta de Jesualdo Ferreira à passagem do minuto 79. O técnico português retirou o francês Hamache e resolveu lançar o menino que cumpriu, seguramente, um grande sonho. O jovem avançado fez, desta forma, a sua estreia como profissional no Estádio do Bessa Séc. XXI. Já depois de ter passado pelos escalões de formação de SL Benfica e Padroense, o jovem natural de Espinho parece ter encontrado no Bessa o palco para o seu lançamento e afirmação.

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João Neto

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João Neto é o jogador mais novo de sempre a atuar pelo FC Famalicão na Liga NOS. Com 17 anos, seis meses e 14 dias, o médio-ofensivo brasileiro foi lançado por João Pedro Sousa na nona jornada da competição. Num empate a duas bolas frente ao Sporting CP, João Neto entrou para o lugar de Rúben Lameiras, aos 59 minutos de jogo, fazendo, desta forma, história no clube famalicense. Uma das grandes premissas do FC Famalicão tem sido a aposta recorrente em jovens jogadores. Porém, nunca nenhum treinador tinha ido tão longe como João Pedro Sousa ao apostar em Neto. Com o seu percurso de formação iniciado no Brasil, ao serviço do Corinthians, o médio centro chegou a Portugal para alinhar nos escalões mais jovens do SC Braga. Na temporada passada chegou a Famalicão, onde esta época somou sete encontros ao serviço da equipa principal.

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A Liga Portugal Bwin será uma realidade a partir de julho deste ano, altura em que muda a denominação da principal competição do Futebol português, após sete anos com o naming da NOS. A um ano do final do contrato com a Liga Portugal a operadora anunciou a intenção de não renovação, mas, já na altura, os responsáveis pelo organismo que gere o Futebol Profissional procuravam hipóteses como alternativa para naming sponsor. O lote de possibilidades foi ficando reduzido, até que em abril deste ano, o Presidente da Liga Portugal, Pedro Proença, e o Managing Directtor Entain (ENT.L) e responsável da Bwin, Marcus Silva formalizaram o acordo válido até 2026.

até 2026 Escalão maior do Futebol Profissional conta com novo naming sponsor num acordo que é válido já a partir da próxima época Esta ligação, que se traduz num “momento histórico” no entender do Presidente da Liga Portugal, fará com que a competição seja cada vez mais emotiva e competitiva, o que possibilitará a afirmação da Liga Portugal Bwin em mercados internacionais, um dos grandes objetivos. Na hora de anunciar a mudança, Pedro Proença não

se esqueceu da NOS, que teve o maior contrato de naming sponsor do Futebol Profissional em Portugal e que “muito valor acrescentou à imagem da principal competição”. No dia da assinatura do acordo com a Bwin, Pedro Proença relembrou que “esta foi uma estratégia que começou a ser delineada em 2015, quando muito poucos acreditariam que se poderia chegar a um patrocínio desta dimensão”. “É um acordo de parceria de valores históricos e que reflete o trabalho de planeamento, de aposta numa gestão mais empresarial e na construção e valorização de uma nova marca que possa tornar-se uma referência nacional e internacional”, destacou, falando ainda num dia que marca www.ligaportugal.pt


“o reconhecimento de todo esse investimento que a Liga, em conjunto com os clubes, tem feito no seu posicionamento e que agora produz resultados”. “Quando, há um ano, apresentámos um estudo realizado pela consultora Nielsen sobre o valor potencial da nossa Liga, sabíamos qual o caminho que estamos a trilhar e a estratégia para o alcançar. A Bwin é uma marca de referência e com credibilidade internacional, que pertence ao grupo Entain (ENT.L), um grupo cotado em bolsa no mercado de Londres, e que será também um parceiro privilegiado na nossa estratégia de internacionalização, um vetor estratégico absolutamente fundamental para a Liga e para os nossos clubes. Tenho a certeza de que esta relação agora iniciada irá transportar a futura Liga Portugal Bwin para um patamar nunca antes alcançado”, salientou. Entretanto, Marcus Silva, Managing Director Entain (ENT.L), destacou que a Liga Portugal “é uma entidade que tem muita credibilidade no país, e muito conhecida”: “Este acordo tem uma importância máxima para a empresa que está a entrar no mercado português com o pé direito. A Bwin quer fazer parte desta parceria porque, através dela, vamos alcançar uma visibilidade de mercado muito grande. Vamos mandar uma mensagem positiva para o mercado português, de que chegámos para ficar, e que defendemos princípios dentro da indústria como o jogo honesto, responsável, e com o máximo de atenção pelo cliente”. A finalizar, Marcus Silva desejou que “a Liga ajude a colocar a marca Bwin em âmbito global”. “Como falei antes, é uma entidade extremamente credível, reconhecida mundialmente pela competição, clubes e jogadores. Então esperamos que, com essa parceria, consigamos planear juntos o desenvolvimento da marca”, acrescentou.

Antes da assinatura do contrato de naming sponsor da principal competição, Pedro Proença foi anfitrião de Marcus Silva, a quem fez questão de mostrar as instalações da nova sede da Liga Portugal. O Presidente do organismo que tutela o futebol profissional português apresentou também a maquete da nova sede e explicou os contornos da obra, que, como se sabe, terá uma forte vertente tecnológica e também uma área dedicada à formação. Após a formalização do contrato, o Presidente da Liga Portugal e a sua Direção Executiva convidaram os representantes da Bwin para um almoço, que decorreu num restaurante com vista para o Porto. www.ligaportugal.pt

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Marcus Silva conheceu sede da Liga Portugal

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“A minha expectativa é cumprir o sonho de ir aos Jogos Olímpicos”

antónio costa, Árbitro Olímpico e Diretor de Marketing

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e Comunicação do Estoril Praia

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Futebol e Atletismo. Uma mistura que pode parecer improvável mas que faz parte do dia a dia de António Costa. O Diretor de Marketing e Comunicação do Estoril Praia é, também, juiz árbitro internacional de Atletismo e foi praticante da modalidade durante vários anos. Com o regresso da formação canarinha ao escalão maior do Futebol Profissional, adivinha-se, por isso, um verão bem atarefado para António Costa que, além disso, irá ver-se a braços com outro enorme desafio. A presença nesta edição dos Jogos Olímpicos, que irão decorrer a partir de 23 de julho, no Japão www.ligaportugal.pt


Como se deu a passagem para árbitro? Começou muito cedo. Eu vivia em Portalegre e estava no Atletismo de Portalegre onde o meu treinador, João Carlos Correia, era também árbitro de Atletismo. Ele sempre me motivou a tirar o curso, para conhecer melhor as regras, e aquilo para mim começou a ser muito intuitivo pelo que, assim, fui progredindo na carreira. Ele já era juiz árbitro e foi-me sempre motivando para ir fazendo os cursos do nível seguinte, sendo que acabei mesmo por chegar em primeiro lugar a juiz árbitro a nível nacional, que é o escalão mais elevado que há em Portugal. Esta paixão pela arbitragem devo-a muito ao João Carlos porque ele foi sempre muito motivador e orientador nessa área. E a carreira internacional, como se desenrolou? Consegui uma boa classificação no curso de juiz árbitro e, passado algum tempo, fui convidado pelo professor Fernando Mota para trabalhar na Federação Portuguesa de Atletismo, em Lisboa. Aí, tive a possibilidade de privar com os melhores árbitros portugueses, como o Jorge Salcedo, o José Paulo Moreira e o Samuel Lopes. Eles foram muito importantes para o que acabou por ser a minha carreira internacional. No atletismo há mais de 250 regras e cada uma delas com vários pontos e com várias alíneas, porque há várias disciplinas dentro do Atletismo. Conhecê-las todas não é fácil. Temos exames de quatro em quatro anos e há dois níveis de juiz internacional: o da Associação Europeia e o da World www.ligaportugal.pt

Athletics. Em 2005, houve uma seleção em Portugal para escolher quem ia ao curso da European Athletics e eu fui dos selecionados. Tive também uma boa classificação nesse curso e, a partir daí, comecei a minha carreira internacional. Mais tarde, em 2009, a Associação Europeia fez uma seleção para ver que árbitros iam à seleção para a World Athletics, na Federação internacional. Também fiquei nos melhores e fui selecionado para esse curso. Passei e, desde aí, de quatro em quatro anos temos que fazer um exame em que respondemos a casos técnicos, em inglês, para ver quem é que se mantém, pois as regras também vão mudando. Os melhores ficam no painel, sendo que há uma cota de três juízes árbitros por país e, por isso, não pode haver mais de três no painel de árbitros internacionais. Durante todo esse processo do Atletismo, como é que surgiu também a escolha pela parte do Marketing e da Comunicação? Eu sou licenciado em Matemática e a área do Marketing e da Comunicação teve que ver com o desporto. Na Federação Portuguesa de Atletismo, assumi o cargo de Secretário-geral adjunto e, nessa altura, a Federação tinha a Comunicação em outsourcing. Em 2008, lançou-me o desafio de desenvolver um departamento de Marketing e Comunicação e começou aí tudo. Fui fazendo cursos e fui aprendendo, naquele que foi um processo muito interessante e gratificante. Em julho de 2019 aceitei o desafio profissional em que estou agora, no Mágico Estoril Praia. Consegue gerir bem esses dois mundos? Dá para conciliar bem porque acabo por não atuar em Portugal. Dessa maneira, seleciono sempre as provas no estrangeiro que decorrem

quando o campeonato está parado. Não vou ter essa oportunidade agora, naturalmente. O campeonato vai arrancar na próxima prova internacional que eu vou ter, por isso vou ter de guardar uns dias de férias para essa altura. O próximo desafio que se avizinha são os Jogos Olímpicos… Vai ser a minha estreia em Jogos Olímpicos e vai ser, também, a minha última competição como juiz árbitro de Atletismo. Ao longo da minha carreira como árbitro, sempre disse que, quando fosse aos Jogos Olímpicos, terminava a carreira. Já fiz todas as competições internacionais como Campeonatos do Mundo, Campeonatos da Europa, Ar livre e Pista coberta, pelo que apenas me falta a parte dos Jogos Olímpicos. Em Tóquio, vou ser árbitro de algumas disciplinas: o triplo salto, o lançamento do disco e o lançamento do peso. A meio dos Jogos vou viajar para Sapporo porque as provas de estrada não serão em Tóquio, mas sim em Sapporo, onde serei árbitro da maratona. Usando aqui o slogan do Estoril Praia, quando se sagrou campeão da Liga Portugal SABSEG, vai ser “ouro sobre azul”. A minha despedida da arbitragem vai ser com a prova mítica dos Jogos Olímpicos. Quais são as suas expectativas para a estreia nos Jogos Olímpicos? Não tenho grandes expectativas em termos de ambiente, pois os Jogos não vão ter público. O campeonato em que encontrei melhor ambiente, um ambiente fantástico, foi nos Mundiais de Londres, em 2017. O público britânico proporciona muito isso, proporciona espetáculo. Em Tóquio, infelizmente não vamos ter público. Vamos estar dentro de uma bolha, hotel-estádio-estádio-hotel e, portanto, a minha expectativa é cumprir o sonho de ir aos Jogos Olímpicos.

“Já fiz todas as competições internacionais como Campeonatos do Mundo, Campeonatos da Europa, Ar livre e Pista coberta, pelo que apenas me falta a parte dos Jogos Olímpicos”

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Como surgiu o Atletismo na vida do António? O atletismo apareceu por acaso. Estava a passar um fim-de-semana na terra dos meus avós e o clube da terra, o Monforte, no Alentejo, ia participar numa estafeta e faltava um elemento. Eu estava ali por perto - algumas das pessoas que faziam atletismo eram meus amigos de infância - e perguntaram-me: “Não queres ir tu?”. E acabei mesmo por ir. Correu bem e, a partir daí, liguei-me ao atletismo e fui praticante durante cerca de dez anos.

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A cumprir a 14.ª época consecutiva na Liga Portugal SABSEG, Luís Pedro fez história. O defesa central, do Varzim SC, tornou-se no jogador com mais jogos disputados nesta prova, depois de superar a anterior marca máxima de 358 jogos, do histórico Ricardo Pessoa. Em entrevista à Liga-te, o jogador natural de Freamunde recorda a sua estreia no Futebol Profissional, com apenas 18 anos. Seguiu-se um longo e sólido percurso, com muitas histórias pelo meio, onde curiosamente se destaca… um penálti defendido!

“Muito feliz e orgulhoso por esta marca” www.ligaportugal.pt

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Luís Pedro, Jogador do Varzim SC

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Começando pela pergunta inevitável: que significado tem para o Luís Pedro ter alcançado o estatuto de jogador com mais jogos na Liga Portugal SABSEG, depois de ter superado a marca do histórico Ricardo Pessoa, no CD C. Piedade – Varzim SC? Muito feliz e orgulhoso por esta marca. Nunca pensei vir a registá-la, mas o que é certo é que ainda tenciono fazer mais alguns jogos e, dessa maneira, aumentar ainda mais o registo de jogos. Aproveito, também, para mandar um abraço ao Ricardo Pessoa, com quem partilhei balneário. Um grande ser humano que deixava sempre tudo em campo! Ainda se recorda da estreia na competição? Sim, perfeitamente. Foi num Freamunde – Aves, em 2007-08, em que perdemos 2-4. Que memórias guarda desse jogo e quais as sensações de estrear-se a nível profissional? Ainda era júnior e fiquei muito feliz por estrear-me a nível profissional tão novo, com apenas 18 anos. Joguei cerca de 20 minutos e as pernas tremiam um bocado (risos). Parece que foi ontem, mas a verdade é que já lá vai muito tempo.

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Curiosamente, nessa época, apenas participou neste jogo, tendo na época seguinte começado a sua afirmação no SC Freamunde - com apenas 19 anos - onde participou em

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29 jogos. Qual foi a chave para a sua afirmação, numa idade tão jovem? A chave foi muito trabalho, humildade, e ter a sorte de o míster Jorge Regadas apostar em mim numa idade tão jovem. Depois penso que tive muita competência para fazer tantos jogos numa divisão que sempre foi bastante competitiva e forte. Nessa mesma época, o Luís Pedro logrou estrear-se a marcar e, curiosamente, contra a equipa contra a qual se estreou a nível profissional… o CD Aves? Guarda alguma memória deste golo e, se sim, como foi? Lembro-me bem, sim. Foi na sequência de um livre lateral. A bola veio para o segundo poste e acabei por conseguir cabecear bem para dentro da baliza. Foi um momento marcante, e também muito importante para a equipa, até porque ganhámos esse jogo por 1-0. E a paixão pelo Futebol como surgiu, bem como a entrada nos escalões de formação do SC Freamunde? A minha paixão sempre foi a bola, desde que me recordo. Aos sete anos o meu pai levou-me a treinar aos escolinhas do Freamunde e acabou por ser amor à primeira vista. Desde então seguiu-se todo um longo e trabalhoso percurso que me trouxe hoje até aqui. Sempre idealizou jogar como defesa central? Como percebeu a “vocação” para esta posição? Curiosamente sempre fui médio. No entanto, no último ano de juniores joguei alguns jogos a central. O mister dos seniores via sempre os nossos

“Ainda era júnior e fiquei muito feliz por estrear-me a nível profissional tão novo, com apenas 18 anos. Joguei cerca de 20 minutos e as pernas tremiam um bocado” www.ligaportugal.pt


A carreira do Luís Pedro está muito ligada ao SC Freamunde – clube da sua cidade natal-, onde disputou a maior parte dos jogos neste escalão, sendo que as épocas em que representou outros emblemas coincidem com os períodos em que o Freamunde está fora das competições profissionais. Poderia ter tido uma carreira inteiramente dedicada ao Freamunde, noutras circunstâncias? Sou nascido e criado em Freamunde e tenho uma grande ligação ao clube e à cidade. Certamente, se o clube estivesse ainda nas competições profissionais haveria uma forte possibilidade de ainda jogar lá, mas o que é certo é que neste momento estou muito bem num grande clube que é o Varzim SC. Nestas duas últimas épocas, o Luís Pedro tem estado ao serviço do Varzim SC, onde mais uma vez se afirmou como www.ligaportugal.pt

indiscutível e igualou o registo mais concretizador da carreira numa época (3 golos). O que o levou a aceitar este desafio e qual o balanço? Na altura saí de Penafiel e tinha vários convites em carteira. O Varzim SC fez muita força para eu vir e, sinceramente, acho que foi a melhor opção que tomei na carreira. Posso dizer que jogo num grande em Portugal. No ano passado fizemos uma época fantástica, com a chegada aos quartos de final da Taça de Portugal e ficámos apenas a

“O Varzim SC fez muita força para eu vir e, sinceramente, acho que foi a melhor opção que tomei na carreira”

alguns pontos da subida de divisão. Este ano foi mais difícil, mas conseguimos alcançar o objetivo da época que passava pela manutenção nesta divisão. O Luís Pedro está há 14 épocas consecutivas na Liga Portugal SABSEG, naquele que é um dos maiores registos de longevidade da competição, revelando-se preponderante em todas as equipas por onde passou. Que época foi mais marcante para si e porquê? Diria a minha primeira época em que joguei como titular no SC Freamunde. Foi uma temporada em que ficámos em quinto lugar no campeonato e onde fui internacional pelos sub-21 de Portugal. Em suma, foi uma época de afirmação, sempre a jogar, e a um nível muito bom, com apenas 19 anos! E se tivéssemos de escolher um golo, lance, ou mesmo um corte…. Algum momento em particular que mereça destaque? Sem dúvida quando defendi um penálti aos 90 minutos, em Oliveira de Azeméis, em 2014-15. Foi um

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jogos e gostou de mim naquela posição. Disse-me mesmo que seria nessa posição o meu futuro e pelos vistos estava certo!

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Resposta rápida Se não fosse jogador de futebol, o que gostaria de ser? Bom, teria de ter outras funções, mas ligado ao Futebol (risos) Filme/série favorito? Prison Break Prato favorito? Cabrito assado Futebolista mais talentoso com quem jogou? O jogador mais talentoso com que joguei foi o Valdinho, na formação do SC Freamunde. Música preferida? Coldplay – Viva la Vida

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momento dramático em que estávamos a ganhar 1-2 e o nosso guarda-redes, o Marco Rocha, foi expulso mesmo em cima do fim do jogo. Esse lance acabou por dar em penálti e, visto que já não tínhamos mais substituições disponíveis, acabei por ser eu a assumir a responsabilidade de tentar defender o penálti. Acabei por conseguir (risos) e a verdade é que ganhámos esse jogo e conquistamos três pontos muito difíceis e importantes.

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E no que respeita a colegas de equipa. Quais os que mais o marcaram e porquê? Todos me marcaram muito neste meu percurso, e a verdade é que aprendi imenso com todos eles. Mas, a apontar um jogador, seria o Bock. Além de um excelente jogador, e goleador, ajudou-me imenso quando eu ainda era muito novo e principalmente quando subi aos seniores. Já no que toca a treinadores, alguma referência neste seu trajeto?

Um pouco à semelhança da resposta anterior, posso dizer que aprendi sempre coisas novas com todos os treinadores que tive ao longo da minha carreira. Mas claro que o Jorge Regadas foi aquele que apostou em mim e se assim não fosse nunca teria aqui chegado. Algum ídolo de infância que tenha ajudado a despertar esta paixão pelo Futebol? Sim, o Ronaldo “Fenómeno”, sem dúvida. Ao longo destes vários anos na Liga Portugal SABSEG, teve a oportunidade de enfrentar consagrados goleadores desta prova e outras jovens promessas. Qual o avançado mais difícil que enfrentou ao longo destes anos e porquê? Defrontei grandes jogadores. Alguns deles já consagrados e outros que viriam a começar carreiras fantásticas. Se tivesse de apontar alguns nomes diria o André Silva, o Rui Fonte, o Bernardo Silva e o João Félix. Tinham muita

qualidade mesmo e, com espaço, era golo garantido (risos). Apesar do elevado número de jogos nesta prova, o Luís Pedro apenas ainda tem 31 anos. Quais os seus planos para o futuro? Passam por continuar a fazer história neste escalão ou gostava de seguir para uma nova experiência na carreira? O futuro a Deus pertence e não gosto muito de fazer previsões. Uma coisa é certa: neste momento estou no Varzim SC de corpo e alma, com a certeza de que irei trabalhar sempre como até aqui e ser mais um a ajudar a equipa. Sinto que tenho condições para “andar aqui” mais alguns anos, até porque nunca tive lesões e trato-me muito bem fora do Futebol. Como tal, penso que ainda vão ouvir falar de mim mais alguns anos (risos). Em continuidade à questão anterior, tem algum objetivo que gostasse de ainda concretizar na carreira? Sim. Gostava de concretizar o desejo de jogar na Primeira Liga! www.ligaportugal.pt


ELiga Portugal Uber Eats

Deu tricampeonato! Na maior edição de sempre da eLiga Portugal Uber Eats, a taça repetiu o trajeto dos últimos anos e rumou até Braga

(Tri)unfo Gverreiro Foi numa final frente ao eFCPorto SoccerSoul, de BAlmeida e Rafa Monteiro, que os minhotos conseguiram o terceiro título em igual número de competições. JPeres, BernasFigue e JVaz (que repetiu a conquista de 2020) arrecadaram, assim, a maior fatia do prize pool histórico de 50 mil euros, além da entrada no Playoff da etapa europeia do FIFA GLOBAL SERIES.

Abril foi o mês das decisões Para os amantes do Futebol Virtual, abril foi um mês verdadeiramente inesquecível, com três títulos atribuídos em três semanas. A primeira vitória sorriu ao Portimonense, que terminou a Temporada de Primavera na primeira posição com um triunfo frente ao eFCPorto SoccerSoul. Os algarvios carimbaram, por isso, a presença na Grande Final – onde já estava o CD Nacional Apogee –, acompanhados pelos dragões e pelo SC Braga. Os algarvios, contudo, não foram capazes de repetir o triunfo frente aos azuis e brancos na primeira meia-final do evento decisivo, saindo derrotados por 4-3. Também o vencedor da Temporada de Inverno, CD Nacional Apogge, ficou fora do jogo que consagrou o Campeão Nacional, perdendo na semifinal frente ao SC Braga, por 3-1.

A Supertaça eLiga Portugal Uber Eats foi o derradeiro troféu da época, tendo colocado frente a frente o Campeão Nacional, o vencedor da Taça eLiga Portugal Allianz e os dois finalistas. O jogo decisivo foi, uma vez mais, disputado por Gverreiros – que superaram o Portimonense na semifinal – e dragões, que, por sua vez, levaram a melhor sobre o CD Nacional Apogee. Contudo, desta feita, foram os azuis e brancos a levar a melhor, por um agregado de 5-4. À quarta final disputada, os portistas conquistaram, assim, o primeiro título da época. www.ligaportugal.pt

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Dragões arrecadaram último título da época

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Talento a rever

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Foi uma corrida intensa. 34 jornadas, 306 jogos, 739 golos e… um novo campeão. Eis os condimentos de mais uma edição da Liga NOS, retratada pela lente dos fotógrafos da Liga Portugal

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Os melhores momentos de uma longa caminhada

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Fiel à sua imagem, a edição 2020-21 da Liga Portugal SABSEG trouxe momentos de muita emoção, competitividade e pura inspiração. A temporada que consagrou o Estoril Praia como novo campeão viu ainda um total de 306 jogos e 741 golos. Eis alguns dos melhores momentos!

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Apresentação da mascote

Viena Azuis e brancos conquistaram o Prémio Comunicação e Marketing do mês de março

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A apresentação da nova mascote feminina do FC Porto, Viena, foi distinguida, no mês de março, pelo júri do “Prémio Comunicação e Marketing”, que resulta de uma parceria entre

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vale distinção ao FC Porto

a Liga Portugal e a Marketeer. “Viena” foi apresentada no Dia Internacional da Mulher e utiliza o número 87 nas costas, em alusão ao primeiro título europeu ganho pelo FC Porto. A mascote feminina junta-se a Draco e é descrita como uma mulher moderna, independente e ativista, muito focada em causas sociais, sendo ela também uma defensora da inclusão da mulher na prática desportiva. No vídeo de apresentação, a nova mascote feminina dos azuis e brancos surge animada no Estádio do Dragão e no museu do clube, onde admira particularmente a Taça dos Campeões Europeus conquistada na cidade que lhe empresta o nome.

No relvado do Estádio do Dragão, a distinção foi entregue pelo Diretor Executivo da Liga Portugal, Tiago Madureira, ao Diretor de Marketing do FC Porto, Tiago Gouveia. “Quando somos reconhecidos pela Liga Portugal e pela Marketeer com ações que são importantes, e que são exemplo para a sociedade e adeptos, obviamente que ficamos felizes”, referiu o Diretor de Marketing do FC Porto. Já Tiago Madureira sublinhou que Portugal “tem, hoje, estruturas que são exemplos mundiais de competência e de excelência em áreas como o Marketing”, considerando esta ação “totalmente inovadora, com um alcance imediato muito grande, e que contou com um mix de intervenção que vai desde o posicionamento de marca à comunicação com novos territórios”. www.ligaportugal.pt


Prémio Comunicação e Marketing

de abril distingue inédito concerto ao intervalo

O “Prémio Comunicação e Marketing”, referente ao mês de abril, foi atribuído ao FC P. Ferreira no âmbito do concerto “Artista de Bancada”. Numa iniciativa que contou com a colaboração da Fundação do Futebol – Liga Portugal, os pacenses levaram a cabo uma campanha de Responsabilidade Social destinada a distribuir mais de 50 vouchers para compras no Pingo Doce aos profissionais da cultura, fortemente impactados pela crise gerada pela COVID-19. O evento decorreu no intervalo do jogo entre castores e SL Benfica – referente à 26.ª jornada da Liga NOS -, e contou com atuação www.ligaportugal.pt

do artista português David Bruno. Este concerto contou com transmissão em direto na página de Facebook do emblema pacense. O principal intuito desta iniciativa passou por ajudar os profissionais da cultura. Como tal, a cada 150 partilhas deste direto, o conjunto da Capital do Móvel ofereceu um voucher de compras a um profissional da cultura, devidamente identificado pela União Audiovisual. Os espetadores tiveram também a oportunidade de fazer donativos que foram convertidos em mais vouchers destinados, uma vez mais, a ajudar os profissionais deste setor.

Com esta campanha, o FC P. Ferreira voltou a reforçar a sua atuação ao nível da Responsabilidade Social. “Apesar de também o futebol atravessar dias complicados em virtude da ausência de espectadores nos estádios, não podemos esquecer aqueles que, devido à ausência de espetáculos ao vivo nas mais variadas disciplinas da cultura, viram os seus rendimentos parcial ou totalmente suspensos. Assim, o nosso clube tenta mitigar um pouco o sofrimento de várias famílias, contando também com o apoio de todos”, destacou o emblema pacense através do seu site oficial.

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Iniciativa do FC P. Ferreira destina-se a apoiar os profissionais de cultura impactados pela pandemia

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Joga pelas Crianças a favor da UNICEF Um grande jogo, duas incríveis e peculiares equipas, uma enorme causa. Estes são os condimentos do evento “Joga pelas Crianças”, que se realizará no próximo dia 18 de julho, pelas 15H30, no Estádio do Restelo, em Lisboa, cujos ingressos estarão à venda em forma de bilhetes virtuais. O evento reveste-se de forte cariz social, uma vez que as receitas reverterão para a UNICEF. Uma organização mandatada pelas Nações Unidas que, recorde-se, luta e defende os direitos das crianças, especialmente as mais desfavorecidas. Entre as figuras públicas que compõem a equipa UNICEF, destaque para alguns nomes como Virgul, Pedro Fernandes ou Francis Obikwelu, que irão entrar em campo para fazer frente à equipa de Embaixadores da Liga Portugal e Fundação do Futebol. Assim, medirão forças com nomes bem conhecidos dos maiores relvados nacionais: casos de Nuno Gomes, Ricardo Pereira, Ricardo Rocha ou Jorge Andrade. Esta emocionante partida será transmitida em direto na Sport TV, sem que faltem os divertidos momentos pré-jogo, transmitidos via Streaming, bem como exclusivos de balneários, flash, conferências e demais ativações da ímpar competição. www.ligaportugal.pt

Este jogo apresenta ainda outro forte atrativo: David Carreira é o Embaixador do “Joga pelas Crianças” e proporcionará um momento de espetáculo, com um concerto ao intervalo. Juntam-se ainda outros aliciantes a esta festa, como é o caso do torneio virtual eSports by Liga Portugal, que irá

contar igualmente com figuras bem conhecidas do grande público. A primeira edição do Joga pelas Crianças está lançada, apresentando-se já como um grande marco entre os maiores acontecimentos de Responsabilidade Social deste verão!

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Embaixadores da Liga Portugal e diversas figuras públicas irão encontrar-se numa partida de forte cariz social, que irá contar ainda com um concerto de David Carreira ao intervalo

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Futebol unido por Jaime e Leonor

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Jaime e Leonor. Os dois irmãos de Gaia já fazem parte da família do Futebol Profissional. Ambos possuem uma patologia rara - neuroblastomas agressivos -, e depositam esperança num tratamento desenvolvido em Filadélfia, nos Estados Unidos, para vencerem os tumores que os privam de uma infância normal. Leonor, de cinco anos, já foi sujeita a várias intervenções cirúrgicas, mas não deixa de ser um poço de forças inclusivamente para a sua mãe Carla, a quem muitas vezes assegura que “tudo vai correr bem”. Já Jaime, atualmente com nove anos, sabe que está doente mas não tem noção da gravidade da situação. Quer brincar na rua, jogar à bola, e vibrar com Futebol. A COVID-19 tem servido de desculpa para todas as cautelas e recolhimento, mas é cada vez mais difícil, conta a mãe, dizer não aos ímpetos da meninice. “Adora Futebol. Assim que recebe as camisolas, chuteiras e outros objetos para leilão começa logo a gritar – é para mim, é para mim!”

Jaime e Leonor são dois irmãos que viram a vida “pregar-lhes uma rasteira”. Portadores de uma patologia rara – neuroblastomas agressivos -, têm contado com uma forte ajuda por parte de todo o Futebol Profissional na busca pelo dispendioso tratamento, apenas disponível nos Estados Unidos da América A mãe dos dois irmãos fala ainda de uma “angústia diária em não saber o que lhes reserva o amanhã”. Garante não desistir e acalenta o objetivo de viajar para os Estados Unidos à procura do tão desejado tratamento (manipulação celular). Mas este é um objetivo dispendioso. Estadia, consulta, exames e medicação: tudo isto representa uma fatura a rondar o milhão de euros… e apenas para começar. E aqui entra o Futebol. O drama da família foi ficando conhecido através de uma página de Facebook – Juntos pelo Leonor e Jaime -, e também através de um apelo da Espinho Solidário. A corrente de ajuda foi, assim, solidificando-se.

A esmagadora maioria das Sociedades Desportivas doou camisolas, bolas e chuteiras para leilão, de forma a rechear o mealheiro dos irmãos. A esta corrente, juntaram-se ainda alguns nomes fortes que deram um grande impulso à angariação de verbas para os irmãos. Cristiano Ronaldo, Abel Ferreira, Iker Casillas, Bruno Fernandes, Bernardo Silva, João Félix e Rúben Neves são alguns dos destaques, entre muitos outros nomes, que deram o seu contributo.

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Uma segunda oportunidade com o carimbo do Futebol

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Costa Carvalho, o dirigente que mudou a vida do homem que faz tudo pelo seu GD Chaves. Hoje, o “Zé da Academia” é quem trata da manutenção do Municipal Eng.º Manuel Branco Teixeira. Limpa, ajuda na rouparia, e faz tudo o que é preciso para que nada falte à equipa, staff e demais estrutura. E podemos dizer que gratidão é a palavra que melhor define José Oliveira, que garante jamais esquecer a grandeza deste gesto.

“Só tenho a agradecer a este fantástico senhor que me trouxe para aqui. Tirou-me da rua. As pessoas aqui são todas maravilhosas e todos gostam muito de mim,”, garante, feliz, recordando a importância do clube e do Futebol, que o ampararam no período mais difícil da sua vida, quando ficou sem apoio familiar e sem sustento, assegurando ainda que tenciona dedicar o resto da sua vida ao GD Chaves: “Só saio daqui quando morrer!”

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Ao aproximarmo-nos do interior do Municipal Eng.º Manuel Branco Teixeira, o assobio de José Oliveira dá-nos as boas-vindas à mítica casa do GD Chaves. Cabelo branco - delator dos seus 64 anos-, sorriso cativante, e uma história de sofrimento. José Oliveira só sabe agradecer a todos os que o acolheram no clube, que acabou por se tornar na sua nova família. Isto porque, há quatro anos, “Zé da Academia” – alcunha que deriva do facto de viver nas instalações do clube – viu-se confrontado com uma situação de pobreza extrema, onde viveu num telheiro sem condições. “Passei fome e frio, num barracão sem portas, sem janelas… sem nada”, assume José Oliveira, acrescentando que teve de pedir para comer, nessa altura. O ponto de mudança surgiu quando, certo dia, pediu ajuda a Francisco da Costa Carvalho, Presidente honorário do GD Chaves, que lhe deu na altura dinheiro para comer. Condoído com a situação de José, figura carismática da cidade de Chaves, acabou por confirmar junto de vizinhos que a situação era muito delicada e, como tal, não pensou duas vezes antes de levar José para o clube. “Só me cabe ajudar quem precisa”, salientou Francisco da

José Oliveira, conhecido carinhosamente em Chaves por “Zé da Academia”, encontrou no GD Chaves um novo propósito para a vida. O clube transmontano ajudou-o a sair das ruas ao dar-lhe trabalho, casa e um rumo!

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CD Feirense disse Não à Violência Doméstica! Prémio de Responsabilidade Social de março, da Fundação do Futebol – Liga Portugal, entregue ao emblema de Santa Maria da Feira

os mais jovens”. Já Luís Estrela, Coordenador da Fundação do Futebol, realça que” os tempos de confinamento, incerteza e angústia

aumentaram os comportamentos violentos e intolerantes, logo é fundamental denunciar e manter vivo o alerta para este flagelo social”.

O CD Feirense conquistou o Prémio de Responsabilidade Social, referente ao mês de março. A iniciativa premiada promove o apelo à denuncia de situações de violência doméstica, através de um vídeo onde participaram jogadores e elementos da estrutura. Para Ricardo Vasconcelos, Diretor de Comunicação da CD Feirense SAD, “o Futebol deve ser voz ativa, sensibilizando as pessoas para grandes causas e educando

Fundação Benfica muda vidas e recebe distinção de abril Já em abril, a distinção da Fundação do Futebol foi entregue à Fundação Benfica, distinguindo o projeto “Para ti se não faltares”. Carlos Móia, Presidente Executivo da Fundação Benfica, enaltece um “projeto de edução e de valores para combater a abstenção escolar”, destacando que o grande foco passa por “perceber o que os jovens sentem ou querem falar”. Um sucesso também reconhecido pela Diretora Executiva Coordenadora da Liga Portugal, Sónia Carneiro: “Merece, www.ligaportugal.pt

obviamente, o prémio da Fundação do Futebol e de todos aqueles que gostam de Futebol e que percebem este fenómeno como um veículo de Responsabilidade Social”. Já Janice Silva, jogadora de futsal

da equipa principal do SL Benfica, integrou este projeto há 12 anos e salienta a importância que este teve na sua vida. “Hoje sou a pessoa que sou graças a este projeto. Um obrigado nunca será suficiente!”

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Projeto “Para ti se não faltares” visa o combate ao insucesso e abandono escolar

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Futebol é cabeça e coração… com ou sem audição

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Pedro Costa é o primeiro árbitro surdo e faz-se ouvir para mostrar competências iguais aos demais. Sonha apitar no “seu” Municipal de Leiria, um jogo solidário que sensibilize para a inclusão dos surdos em todas as áreas do Futebol

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Pedro Costa, de 43 anos, tem estado em destaque desde que a APAF divulgou um vídeo a apresentá-lo como o primeiro árbitro surdo em Portugal. Uma condição que o acompanha desde nascença e onde a trepidação do Futebol, que vive de forma intensa e sensorial, é a música da sua vida. “Apercebo-me do ambiente e da envolvência do jogo, claro. Sinto como se fossem pequenos tremores de terra”, compara, dizendo-se feliz na sua casa, no “seu” Municipal de Leiria, onde sonha um dia apitar um grande jogo. Ambição que, no entanto, lhe é ceifada por não ter qualquer percentagem de audição. Porém, defende, Futebol é cabeça, é coração e não depende de

audição. “Importa ser conhecedor das regras do jogo e respeitar o Futebol, até porque este tem uma linguagem própria e não precisa de palavras faladas”, enfatiza. Também Embaixador de Leiria e da comunidade surda, Pedro Costa orgulha-se das oportunidades que a sua terra dá a pessoas da sua condição. “Sou leiriense e este é o ar que respiro. Sinto-me muito bem aqui, muito próximo do estádio e do castelo. Sou árbitro de Futebol de praia, Futsal e Futebol. Fui jogador e também fui treinador, mas estávamos no século XX e não havia árbitros surdos. E esse foi um desafio, relacionado com os direitos humanos, com o qual me deparei, até porque as pessoas

podem ficar surdas ao longo da vida e, como tal, somos todos iguais. Estamos dentro de um campo e o facto de conseguirmos ouvir, ou não, não pode ser a condição para determinar a nossa qualidade. O que mais importa são as regras do jogo e o respeito que o jogo pede”, vinca Pedro Costa, reforçando que a comunicação vai muito além da componente verbal. “No que toca à interação com os assistentes, sempre usei comunicação escrita e mímica. O mais importante dentro de campo é o contacto visual. Lógico que antes, como fazem todas as equipas, preparamo-nos e combinamos códigos. Acertam-se comunicações, o normal da preparação entre árbitros quando formam equipa pela www.ligaportugal.pt


“Quando há uma pancada, um grito, sinto-os como se fossem pequenos tremores de terra” A curiosidade adensa-se em torno de algo que até pode parecer complicado mas que, para Pedro Costa, não tem ciência ou drama. Afinal, como se sente um surdo em campo quando, para mais, tem a função de gerir o desafio? “Sou surdo profundo mas consigo perceber o ambiente pelos movimentos dos jogadores, que denunciam se estão, ou não, a ser mal-educados. Há situações muito visuais e sinto a vibração. Por exemplo, quando há uma pancada, um grito, sinto-os como se fossem pequenos tremores de terra… consigo aperceber-me. E entendo quando me dirigem palavras feias ou insultos. Enquanto surdo, é lógico que a visão é primordial. Enquanto árbitro, mesmo de costas, consigo perceber de onde vem a confusão ou problema”, garante, desvalorizando ainda os insultos gratuitos. “No Futebol, os nomes que me chamam nem se relacionam com o facto de ser surdo. Mas estou habituado porque desde cedo lido com a discriminação e com os comentários: o surdo não presta, o surdo é totó… isso já faz parte

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da minha vida. Agora, em campo, o árbitro recebe sempre insultos, seja surdo ou ouvinte. O normal, é desvalorizar”, ri-se Pedro, avançado que os melhores elogios lhe chegam em formato de nomeação para jogos importantes. “Significa que a minha avaliação é boa e que o Pedro Costa tem capacidades como qualquer outro colega”. No entanto existem situações com as quais lida com menor compreensão, como o facto de não poder apitar nos nacionais. “O meu audiograma atesta surdez profunda, o que me impede de ir mais longe. Era muito importante que a FPF respondesse. Se sou ótimo árbitro nos restantes requisitos, porque é tão vital ouvir para se arbitrar nos nacionais? E depois ainda existem associações que não aceitam juízes surdos. Cada uma tem as suas diretrizes e regulamentos diferentes. Era vital que percebessem que os surdos são uma mais-valia, tal como os demais. Se estamos aptos em termos físicos e teóricos, porque não merecemos a oportunidade? A AF Leiria disse-me que tinha condições para progredir na carreira, naquele que foi um sonho que me foi negado pela FPF, por não ter percentagem de audição”, critica, reforçando que a comunidade surda tem sido descurada por comentadores e programas de análise no pós fim-de-semana desportivo.

Cartão branco ainda por mostrar Pedro Costa tem, assim, várias admoestações a atribuir no panorama do Futebol, sendo que, curiosamente, ainda aguarda pelo momento certo para atribuir o cartão branco, que premeia o fair-play. “O cartão branco está no bolso há anos e gostava muito de o utilizar. No entanto, estou à espera do momento certo. No que toca ao cartão vermelho. A nível internacional mostro-o à comunidade surda, que devia ser sem sombra de dúvidas mais reivindicativa nos campeonatos. Já o cartão amarelo seria para delegados e treinadores, até porque muitas vezes são eles que fazem com que os jogadores se comportem mal dentro de campo”, argumenta quem enveredou pela arbitragem para poder continuar a abrir horizontes e personificar alertas. Certo é que, depois de desbravar caminho, ainda existem sonhos por concretizar. “Adorava apitar, aqui, no municipal de Leiria, um jogo solidário, com pessoas de renome, e personalidades que promovessem o empowerment de pessoas surdas. Há tantos jogadores a apoiarem causas e instituições! Porque não um jogo solidário, com todos em pé de igualdade a celebrar futebol, num evento mediático para propagar a mensagem?”, sugere, emprestando a sua comunicação corporal e língua gestual para defender o lema que gostaria de ver aplicado ao Futebol. “Dentro de campo o mais importante é o corpo, o ambiente, os movimentos, o controlo, a bola. Vamos dar uma oportunidade à arbitragem e ao público – isso sim é o jogo!”

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primeira vez. Mas confesso que, no início, foi confuso. Porém, passados dois ou três jogos, os problemas dissiparam-se”.

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O sonho de Afonso Os olhinhos brilhavam-lhe, sem saberem o que fitar. A alegria saltava-lhe do peito. A ele e ao pai que, ora com ele ao colo, ora com ele e às cavalitas, se emocionava com a felicidade do filho. Mas as surpresas não se ficaram por aqui. Sem que Afonso o esperasse, Pizzi chegou para o surpreender. Simpático, a tratá-lo pelo nome, como se de amigos de longa data se tratassem, fez questão de dizer-lhe: “O Benfica está a torcer por ti, tal como tu torces por nós!” E a verdade é que Pizzi brincou com Afonso, proporcionou-lhe um dia diferente, oferecendo-lhe ainda uma camisola autografada por si bem como uma bola e um equipamento completo da Fundação do Futebol. Não foram precisas palavras para perceber a alegria de Afonso, menino que, infelizmente como

tantos outros, se vê privado de uma infância longe de hospitais. Certo é que não foram as dificuldades na fala ou a permanente necessidade de oxigénio a separá-lo do convívio com Pizzi, e do realizar do seu genuíno desejo que também passava por conhecer o estádio. O tal que apenas imaginava quando contornava de carro. Além disto tudo, Afonso teve direito ainda a uma visita guiada. Teve a oportunidade de sentar-se na sala de imprensa, no lugar de treinador, de conhecer o balneário da equipa, tornando-se assim num dos homens da Luz. Como, efetivamente, é. Esteve com Vitória, a águia mascote, sentiu do relvado a imponência do recinto, levando para casa palavras de apoio, novos amigos, e a imensurável força de Pizzi.

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Um dia diferente e memorável. Tudo para alegrar o pequeno Afonso, adepto benfiquista que padece de uma doença crónica. Nesse sentido, a Fundação do Futebol e a Make a Wish Portugal, cientes do enorme desejo de Afonso em conhecer o Estádio da Luz e em vivenciar o universo do SL Benfica, entraram em campo para proporcionar uma enorme e merecida alegria ao pequeno/grande adepto de 12 anos que, a residir no Algarve, sempre aproveitou os dias em que se desloca até Lisboa – tendo em vista a realização tratamentos – para contemplar o Estádio do Sport Lisboa e Benfica. Tudo combinado para o surpreender e, na companhia dos pais e irmã, Afonso foi mesmo direto ao “coração” das águias. Mais concretamente, ao Benfica Campus, no Seixal.

A Fundação do Futebol – Liga Portugal, em parceria com a Make a Wish Portugal, realizou o desejo de um pequeno/grande adepto e fã incondicional de Pizzi, que teve a oportunidade de conhecer e divertir-se com o seu ídolo

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FITNESS PARA TODOS

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34 CLUBES EM PORTUGAL solinca.pt

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