responsabilidade social
Pequenas atitudes, grandes mudanças Com o projeto Econscienza, alunos da Fundação Torino multiplicam o aprendizado em casa e na comunidade. A disseminação de práticas sustentáveis tornou-se o “dever de casa” dessa juventude, que tem o desafio de entregar um mundo melhor para as futuras gerações.
por LILIAN LOBATO
Fotos Ignácio Costa
Coleta seletiva é o primeiro passo para a reflexão do consumo consciente
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apel, lata de alumínio, pilha e óleo de cozinha. Depois de utilizados, todos esses materiais têm destino certo nas mãos dos alunos da Escola Internacional Fundação Torino, em Nova Lima, na região metropolitana de Belo
Horizonte. Há dois anos, como resultado do projeto Econscienza, a reciclagem passou a fazer parte da vida dos estudantes do ensino médio. São pequenas atitudes que trazem grandes mudanças na caminhada rumo à sustentabilidade – conceito que extrapolou os muros da escola e já alcançou os familiares. Na casa da estudante do 2º ano do Istituto Tecnico Commerciale – ITC (Instituto Técnico Comercial), Larissa Santiago, a coleta seletiva transformou-se em um hábito que exige atenção e empenho. Junto com a mãe, ela faz questão de organizar os materiais recicláveis antes de depositá-los nos coletores da escola. “É fundamental que essa conscientização também esteja presente dentro de casa. Hoje, já sabemos, por exemplo, que não se pode amassar o papel antes de encaminhá-lo para a reciclagem”, explica Larissa. “Os problemas ambientais são de responsabilidade de toda a sociedade, que ainda ignora as consequências de se jogar lixo no chão ou não colaborar com a reciclagem”, completa. O Econscienza, que começou dentro da sala de aula, hoje colhe bons frutos. Coordenado pelos professores de Ciências Biológicas, o projeto de educação ambiental vem impulsionando a mudança de comportamento dos alunos, funcionários e familiares para o consumo consciente. “Desenvolvemos uma série de iniciativas, como palestras e distribuição de sacolas no Mercado Central de Belo Hori-
zonte”, conta Umberto Casarotti, diretor didático, que destaca a importância da continuidade das ações: “A escola deve atuar como um centro irradiador de boas práticas ambientais, consolidando atitudes sustentáveis”. Ainda de acordo com o diretor, o projeto – que começou com a coleta de papel e latas de alumínio – avançou e as dificuldades da destinação adequada de pilhas, baterias e óleo de cozinha já foram superadas. “Muitas mães chegam à escola orgulhosas por deixarem de lançar o óleo na pia da cozinha. O efeito multiplicador contribui para o meio ambiente”, afirma. Para o estudante do 2º ano do ITC, Juan Dutra, o Econscienza tem um desafio maior: contribuir para a formação de cidadãos sustentáveis. Para ele, a conscientização tem início na infância e, o momento atual, é de aprimorar o conhecimento e contribuir para que os recursos naturais sejam preservados. Em casa, Juan acompanha de perto a coleta seletiva, supervisionando os pais e a irmã na tarefa da separar os resíduos recicláveis. Outro ensinamento já colocado em prática é a redução do desperdício. “Se vivermos de forma sustentável, equilibrando os fatores econômicos, sociais e ambientais, conseguiremos tornar o mundo melhor para as próximas gerações”, afirma. De acordo com o presidente da Fundação Torino, Raffaele Peano, mais do que uma campanha em prol da sustentabilidade, o Econscienza é voltado para estimular a reflexão dos nossos atos e seus impactos no meio ambiente. “Pequenas atitudes fazem a diferença. Quando uso o mesmo copo descartável durante todo o dia, estou reduzindo a geração de resíduos. Devemos guiar nossas ações para o uso racional dos recursos naturais”, conclui. A Fundação Torino colabora, ainda, com projeto para uso e reaproveitamento do “lixo digital”, desenvolvido em várias escolas e comunidades de Belo Horizonte. Sob a orientação do Centro de Estudos em Robótica, os alunos da escola apre-
sentaram na Feira da Cultura o resultado de um trabalho sobre reaproveitamento de materiais utilizando impressoras danificadas, antigos monitores e computadores sem uso. Todo o “lixo digital” da Fundação Torino é doado para esse projeto (www.liber.com.br).
Juan Dutra ensinou toda a família a separar os recicláveis
Engenho D’Água Após muita pesquisa e planejamento, em março de 2011, os alunos dos institutos técnicos Comercial (ITC) e de Turismo (ITT) colocarão em prática o projeto Engenho D’Água. Dentre as ações previstas, destaca-se a visita a uma unidade de conservação ambiental, em Ouro Preto (MG), que possui um viveiro de mudas de espécies nativas da região. A educação ambiental será vivenciada de perto e os estudantes terão a oportunidade de conhecer o dia a dia dos gestores ambientais. “É importante tirar o aluno da sala de aula e mostrar como é a natureza sem a influência direta do homem”, ressalta o diretor didático, Umberto Casarotti.
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