REVISTA DO GRUPO FIAT DO BRASIL Número 122 - JUN/JUL 2013
Fiat 500
O ícone mundial agora é MultiAir flex CNH inaugura fábrica de máquinas agrícolas em Córdoba, Argentina • Novidades para o campo apresentadas na Superagro • Iveco inaugura fábrica de veículos de defesa • Jeep: batendo recordes e vencendo desafios • Festas italianas: a fé e a alegria nas ruas da Serra Gaúcha e Belo Horizonte • 100 Nonni: Bez Batti e o mundo recriado na pedra vulcânica • Fundação Torino movimenta a cidade
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A aceleração da competitividade industrial, o vigor do setor primário e a diversidade dos serviços fornecerão as bases para o crescimento que todos esperam
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cledorvino belini*
Consultando o futuro para entender o presente
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uando o presente parece incerto, o melhor a fazer é consultar o futuro. O presente é o soma de ações que realizamos no passado, enquanto o futuro será o resultado das correções que fizermos agora no rumo dos acontecimentos, aplicando o conhecimento acumulado. É importante ter esta distinção em mente ao analisarmos a conjuntura política e econômica atual. A percepção do presente está marcada pelo sentimento de que o país cresce aquém de suas potencialidades e que há um clima geral de insatisfação, expresso por manifestações populares que ganharam as ruas. Para interpretar o presente, avancemos para o futuro. O renomado think tank norte-americano Pew Research Center produz periodicamente pesquisas sobre como os cidadãos de 39 países avaliam a conjuntura e como projetam suas vidas nos próximos anos. Na avaliação recentemente divulgada pelo instituto, brasileiros e chineses estão à frente dos demais povos ao identificar como positivas as transformações em curso na economia e em suas vidas, pensam que a economia vai melhorar e que seus filhos terão um futuro melhor. Não se constata, neste estudo de alta credibilidade, o grau de insatisfação popular que o presente parece indicar. Destaca-se entre os entrevistados, porém, a sensação de que o sistema econômico brasileiro beneficia os mais ricos, produzindo desigualdade social. Acredito que estas constatações ajudem a compreender melhor o presente. A sociedade valoriza o binômio crescimento com redução das desigualdades sociais e as conquistas econômicas, como o tripé de metas de inflação, juros e câmbio flutuante que fundamentam a estabilidade de preços. Mas sinaliza que espera mais atenção qualificada à educação, saúde e mobilidade. O governo precisa ficar atento a estes recados, preservando as conquistas econômicas e buscando caminhos sustentáveis para ampliá-las, através da recuperação da competitividade da indústria nacional. A aceleração da competitividade industrial, o vigor do setor primário e a diversidade dos serviços fornecerão as bases para o crescimento que todos esperam. * Presidente do Grupo Fiat Chrysler para a América Latina MUNDOFIAT
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sumário
6 Nossa Senhora de Caravaggio
EXPEDIENTE
A tradição religiosa que une brasileiros e italianos
Mundo Fiat é uma publicação da Fiat do Brasil S/A, destinada aos stakeholders das empresas do grupo no Brasil.
Por Marco Antônio Lage*
É na Serra Gaúcha que milhares de romeiros se reúnem, em todo dia 26 de maio, por devoção a Virgem e para realizar a festa da Madonna di Caravaggio
www.eticagrupofiat.com.br FIAT DO BRASIL S/A Presidente: Cledorvino Belini
12 Um pouco da Itália em Belo Horizonte
34 Fiat 500 com motor
Sétima edição da Festa Tradicional Italiana reúne 60 mil pessoas em clima familiar de muita alegria
MultiAir Flex chega ao Brasil
A linha 2014 do Fiat 500, o Cinquecento, chega ao mercado nacional com o primeiro motor MultiAir flexfluel, desenvolvido pela equipe de Engenharia Powertrain da Fiat em Betim (MG), com tecnologia que alia o prazer de dirigir com melhor desempenho e economia de combustível
20 João Bez Batti, o mundo
recriado na pedra vulcânica Ele é um dos maiores artistas do Brasil contemporâneo, filho de um italiano, e aos 72 anos ainda tem talento de sobra para fazer esculturas em pedra
48 Iveco inaugura fábrica de veículos de defesa
Unidade instalada no Complexo Industrial da empresa, em Sete Lagoas (MG), é responsável pela fabricação do blindado Guarani, desenvolvido em parceria com o Exército Brasileiro
E mais
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40 Sorocaba da dupla Fernando & Sorocaba é só satisfação com a sua Ram 2500, picape escolhida pelo músico 44 Para comemorar seu melhor resultado global em vendas, em 2012, Jeep promove evento de pura beleza e aventura 58 CNH inaugura fábrica de equipamentos agrícolas em Córdoba, na Argentina 64 New Holland e Iveco apresentam novidades na Superagro 2013 66 Fiat Powertrain, unidade de Campo Largo (PR), conquista certificação bronze do WCM
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84 Corrida e Caminhada da Fundação Torino reúne atletas, famílias e amigos em busca de qualidade de vida 90 Casa Fiat de Cultura realiza, em parceria com a Embaixada do Brasil em Roma, uma exposição de Ernesto Neto, em Roma
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Com fé, arte e trabalho
MONTADORAS FIAT AUTOMÓVEIS Presidente: Cledorvino Belini CASE NEW HOLLAND Presidente: Valentino Rizzioli IVECO LATIN AMERICA Presidente: Marco Mazzu COMPONENTES FPT INDUSTRIAL Superintendente: (interino) MAGNETI MARELLI Presidente: Edison Lino Duarte TEKSID DO BRASIL CEO Nafta e Mercosul: Rogério Silva Jr. SISTEMAS DE PRODUÇÃO COMAU Superintendente: Gerardo Bovone SERVIÇOS FINANCEIROS BANCO FIDIS Superintendente: Gunnar Murillo BANCO CNH CAPITAL Superintendente: Brett Davis FIAT FINANÇAS Superintendente: Gilson de Oliveira Carvalho SERVIÇOS FIAT SERVICES Superintendente: (interino) FIAT REVI Superintendente: Marco Pierro FIDES CORRETAGENS DE SEGUROS Superintendente: Marcio Jannuzzi FAST BUYER Superintendente: Valmir Elias ISVOR Superintendente: Márcia Naves ASSISTÊNCIA SOCIAL FUNDAÇÃO FIAT Diretor-Presidente: Adauto Duarte CULTURA CASA FIAT DE CULTURA Presidente: José Eduardo de Lima Pereira EDUCAÇÃO FUNDAÇÃO TORINO Presidente: Raffaele Peano Comitê de comunicação Alexandre Campolina Santos (Fiat Services), Ana Vilela (Casa Fiat de Cultura), Pollyane Bastos (Teksid), Cristielle Pádua (Fundação Torino), Elena Moreira (Fundação Fiat), Eliana Giannoccaro (Magneti Marelli), Fernanda Palhares (Isvor), Jorge Görgen (CNH), Marco Antônio Lage (Fiat Automóveis), Claudio Rawicz (Iveco), Milton Rego (CNH), Othon Maia (Fiat Automóveis), Tarcísia Ramalho (Comau) e Roberto Baraldi (Fiat do Brasil). Jornalista Responsável: Marco Antônio Lage (Diretor de Comunicação da Fiat). MTb: 4.247/MG Gestão Editorial: Margem 3 Comunicação Estratégica. Editora-Executiva: Lilian Lobato. Colaboraram nesta edição: Angelina Fontes, Bernardino Furtado, Ellen Dias, Guilherme Arruda, Oliviero Pluviano, Ricardo Dilser, Roberto Baraldi, Rúbia Piancastelli, Sueli Osório. Projeto Gráfico e Diagramação: Sandra Fujii. Produção Gráfica: Ilma Costa. Impressão: EGL - Editores Gráficos Ltda. Tiragem: 19.500 exemplares. Redação: Rua Oriente, 445 – Serra – CEP 30220-270 – Belo Horizonte – MG – Tel.: (31) 3261-7517. Fale conosco: mundofiat@fiatbrasil.com.br Para anunciar: José Maria Neves (31) 3297-8194 – (31) 9993-0066 – mundofiat@uol.com.br
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e pudéssemos resumir em pouco atributos o que é a cultura italiana, uma boa definição seria o trinômio fé, arte e trabalho. Estes são, sem dúvida, os principais legados da imigração italiana à constituição da sociedade brasileira. Nesta edição de Mundo Fiat, percorremos este universo simbólico, a começar pela fé. Não existe um culto que congregue a religiosidade de brasileiros e de italianos como o culto a Nossa Senhora de Caravaggio, na Serra Gaúcha, que todo dia 26 de maio concentra milhares de romeiros provenientes de cada canto do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, ao mesmo tempo em que se realiza a festa da Madonna di Caravaggio, no santuário na Itália onde a sagrada tradição teve origem. Entre os fervorosos devotos, destaca-se Luiz Felipe Scolari, o técnico da seleção brasileira, que é bem capaz de levar todo o time à Serra Gaúcha antes da disputa da Copa do Mundo de 2014. Um misto de fé no trabalho e na arte é o que move o grande escultor João Bez Batti. Ele dorme no máximo três horas por noite, no afã de criar. Ele desenha suas peças no silêncio da escuridão e antes do sol nascer já está dando forma ao basalto, a pedra vulcânica de rio que usa para esculpir, que é mais dura que o metal. O Grupo Fiat Chrysler também está trabalhando acelerado. Foram duas inaugurações - da fábrica de veículos de defesa no Complexo Industrial da Iveco, em Sete Lagoas (MG), e da nova unidade de produção de tratores, colheitadeiras e motores diesel da Case New Holland (CNH), na Argentina. Realizamos o Jeep Challenge nos Estados Unidos e lançamos no Brasil o Fiat 500 com motor MultiAir flexfuel. Também apresentamos uma das mais importantes iniciativas de valorização do ser humano: o Programa Regresso , impulsionado pelo Instituto Minas Pela Paz (IMPP), organização fundada pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) e por grandes empresas. O foco do programa é diminuir a reincidência criminal de apenados através de sua reinserção no mercado de trabalho, por meio de capacitação profissional e emprego. Trata-se de uma grande demonstração de fé no potencial do ser humano e no valor do trabalho. E depois de tanto esforço, vem a festa, para celebrar o fruto de trabalho e o prazer de conviver. Assim foi a Festa Tradicional Italiana de Belo Horizonte, realizada na capital mineira, em junho, pela Associação de Cultura Ítalo-Brasileira do Estado de Minas Gerais (Acibra-MG), com patrocínio da Fiat Automóveis, Iveco Latin America, Fundação Torino, Magneti Marelli, New Holland Construction e Teksid. Boa leitura! *Diretor de Comunicação e Sustentabilidade da Fiat Chrysler
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Festas Italianas
Nossa Senhora de Caravaggio
A tradição religiosa que une brasileiros e italianos Na Serra Gaúcha, milhares de romeiros se reúnem, todo dia 26 de maio, por devoção à Virgem e para realizar a festa da Madonna di Caravaggio
Por Oliviero Pluviano
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Fotos Oliviero Pluviano
ão existe um culto que congregue a fé cristã dos brasileiros com a dos italianos como o culto a Nossa Senhora de Caravaggio, na Serra Gaúcha, que todo dia 26 de maio concentra milhares de romeiros provenientes de cada canto do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, ao mesmo tempo em que se realiza a festa da Madonna di Caravaggio, no santuário na Itália onde a sagrada tradição teve origem. A Virgem apareceu no longínquo 1432 a Giannetta De Vacchi (Joaneta), uma camponesa simples dos arredores de Bergamo, não longe de Milão, dando início assim a uma história incrível de milagres e de devoção, cada vez mais viva e celebrada por devotos em ambos os países. Entre os fervorosos, destaca-se Luiz Felipe Scolari, o técnico da seleção brasileira, que é bem capaz de trazer todo o time à Serra Gaúcha antes da disputa da Copa do Mundo de 2014. “A devoção por Nossa Senhora de Caravaggio é muito forte. Nos arre-
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Na Serra Gaúcha não há comunidade em que não se encontre uma capelinha dedicada à Nossa Senhora de Caravaggio
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Festas Italianas A romaria de fiéis se estende por todo o ano
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dores de Caxias, Bento Gonçalves e Garibaldi, não há uma comunidade em que não se encontre uma capelinha dedicada à Virgem que leva esse nome”, afirma Don Alessandro Ruffinoni, bispo da diocese de Caxias do Sul, ele também originário de um lugarejo da província de Bergamo. “O povo brasileiro, de qualquer origem, é um fervoroso seguidor da Madonna. No norte, em Belém do Pará, o Círio de Nazaré reúne dois milhões de pessoas agarradas àquela corda que atravessa toda a procissão. No sudeste tem a padroeira do Brasil, Nossa Senhora Aparecida. Mas no Sul o nosso santuário de Caravaggio tem uma caraterística muito especial: recebe uma romaria que se perpetua durante o ano todo. Sempre se encontra alguém que vem em peregrinação nessa colina às portas de Farroupilha, para cumprir uma promessa, para pedir uma graça, ou mais simplesmente para rezar”. O bispo Alessandro, nesse fim de maio, esteve também em Caravaggio, na Itália. “Em 2010, foi o quarto centenário da morte do maior pintor italiano dos anos 1600, Michelangelo
Merisi da Caravaggio. No ano passado, foram os 300 anos da coroação da Madonna. Neste ano, uma etapa do famoso Giro d’Italia de ciclismo saiu exatamente do santuário, depois da bênção aos ciclistas. Entretanto, nós aqui não deixamos por menos: festejamos os 50 anos da construção do novo santuário, os 134 anos da fundação da igreja mais antiga e da primeira peregrinação. Os dois santuários, brasileiro e italiano, estão sempre em evidência”, destaca. A Nossa Senhora de Caravaggio é dedicado um maravilhoso afresco que pode ser admirado na Igreja de San Pellegrino, em Caxias do Sul, entre as obras-primas do surpreendente pintor italiano Aldo Locatelli, nascido também em Bergamo, em 1915, e morto no Brasil em 1962. A história da imigração italiana no Brasil, iniciada em 1875, e aquela do santuário mariano, estão unidas. “Três famílias recém-chegadas da Itália decidiram imediatamente encontrar um padroeiro, porque eram muito religiosas e se sentiam abandonadas nessas colinas inóspitas e cobertas pela selva, sem ter nem mesmo um
padre com o qual contar”, ressalta o padre Alcindo Domingos Truvian, 75 anos, residente em Caravaggio. “As famílias se reuniram e pensaram na Madonna de Loreto, mas não havia uma imagem, nem uma figura, nem uma estampa, nada que mostrasse aquela Madonna. Propuseram Santo Antonio, mas seu nome já estava em uma capela em Bento Gonçalves e o padre não podia estar em dois lugares ao mesmo tempo no dia do santo, 13 de junho. Nesse momento, o patriarca da família Fávero (ou Faoro) lembrou que tinha em casa um quadrinho de Nossa Senhora de Caravaggio e disse que podia emprestá-lo. Derrubaram imediatamente uma araucária e dela tiraram muitas tábuas com as quais construíram uma capelinha, um capitel como se diz no dialeto vêneto, em frente ao cemitério aqui embaixo, medindo apenas três metros por quatro”, acrescenta o religioso. Essa minúscula igreja é o começo de tudo, porque os vizinhos ficaram sabendo e se reuniram às três famílias para construir uma igreja maior na qual cabiam cem pessoas. Era 1879, ano a partir do
qual são contadas as romarias que hoje somam o número de quase 300 mil peregrinos. Segundo padre Truvian, em 1885, Pietro Stangherlin, que era um artista italiano em Caxias, esculpiu a imagem de Nossa Senhora de Caravaggio e da pastorinha Joaneta em madeira de cedro, que era abundante nessa área, inspirando-se no quadro de 1724 representado na estampa. “Foi levada nos ombros de Caxias até aqui, 20 quilômetros ao longo da “Linha do Palmeiro” que vem direto da cidade e que hoje ainda é o percurso da romaria. Em 1889, construíram o bonito santuário que ainda se encontra ao lado da igreja grande. Improvisaram uma olaria com grandes formas de madeira para fazer os tijolos que eram prensados com os pés. Acrescentaram também muitas pedras, com as quais construíram a sacristia e o campanário que abriga um relógio fabricado por Augusto Rombaldi no ano 1900. É uma construção muito sólida e muito bonita, cuja reforma foi concluída no ano passado”. De acordo com os mais velhos moradores da região, os três
Sinais da fé: os peregrinos cumprem promessas ou pedem uma graça
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Festas Italianas Os trabalhos de construção do santuário duraram quase 20 anos
O santuário hoje: centro de uma demonstração crescente de fé
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sinos do campanário, importados da Itália, afastaram com seu som muito granizo e tempestades. Em 1942, Teodoro Portolan foi nomeado pároco de Caravaggio, em ato que será fundamental para a construção do novo grande santuário. Era um sacerdote de muita iniciativa e assim que chegou começou a motivar a comunidade a fazer uma igreja ainda maior. Porém, não tinha recursos financeiros, especialmente naquele tempo de guerra as coisas eram difíceis. No entanto, ele não esmorecia diante das dificuldades: conseguiu o projeto de um arquiteto de Guaporé, Tiziano Bettanin, e o apresentou ao Bispo Dom José Barea que respondeu textualmente: ‘Querido padre, você esta louco?’. A diocese não tinha dinheiro e já estava empenhada na construção do seminário Nossa Senhora Aparecida, em Caxias. Pegou o projeto, fez uma bola e o jogou desdenhosamente no chão. Padre Teodoro se abaixou para pegá-lo e disse que não tinha vindo pedir um financiamento. Jurou que faria o novo santuário nem que levasse 20 anos. Foi um presságio. De fato, os trabalhos começaram em 1945 e terminaram em 1963. Padre Teodoro conseguiu construir o santuário com o dinheiro arrecadado nas festas, nas peregrinações e nas campanhas para a nova igreja, ajudado pelos imigrantes italianos mais abonados. Muitas pessoas pobres ajudavam e trabalhavam de graça nos fins de semana, como em um mutirão. Por intercessão da Madonna de Caravaggio houve muitos milagres e os numerosíssimos ex-voto que agora estão em uma sala específica testemunham as graças recebidas. São milhares de fotos, cartas, quadrinhos, sapatos, cruzes e placas de carros, objetos estranhos e esquisitos que falam da fé dos oriundos italianos para a “Madona de Caravajo”, como é chamada em Talian, a língua dos imigrados, misto entre dialeto vêneto e lombardo.
A trilha de cascas de bergamota (mexericas) deixada pelos peregrinos nos dois dias da festa era tão grande que do espaço podia ser vista somente ela, além da Muralha da China. Mas, agora, grandes lixeiras ao longo do percurso tiraram aquele encanto. Os fiéis da terceira idade chegam ao santuário a bordo de centenas de ônibus, mas são milhares os jovens que percorrem a pé os 20 quilômetros de Caxias a Caravaggio, primeiro junto ao asfalto e depois em uma estrada de chão que serpenteia entre bosques de araucárias e antigas casas de colonos. Também há quem faça o percurso descalço para cumprir uma promessa. “Eu ia a Caravaggio com os tamancos embaixo do braço”, testemunha Antonio Giocondo Bonet, de 95 anos, que participou dos trabalhos do novo santuário como motorista de caminhão sobre um Ford 38 que era ligado com manivela. “Na frente da igreja tinha uma poça feita propositalmente, onde lavávamos os pés e os enxugávamos com um pano que trazíamos de casa. Depois calçávamos os tamancos antes de entrar no santuário. Quando saíamos os tirávamos de novo: um tamanco durava toda a vida”. Porém, aquela manivela de caminhão foi fatal para Teodoro Portolan. Na história de Caravaggio houve um famoso exorcismo praticado por padre Teodoro com uma camponesa daqui, Olga Mandelli, que era possuída pelo demônio. No final, o diabo disse ao padre que desta vez ele tinha ganhado, mas que lembraria sempre do maligno. Alguns dias depois, o padre quebrou o braço acionando a manivela do caminhão e a partir desse fato começou a definhar e morreu depois de pouco tempo, no hospital, por causa da maldição de Satanás. “Acredito que o maior milagre feito por nossa amada Senhora de Caravaggio, tenha sido trazer para cá, neste canto da esplêndida Serra Gaúcha, o inesquecível Don Teodoro”, conclui sorrindo Bonet.
A cidade deu nome ao gênio da pintura A cidade de Caravaggio, terra da aparição da Virgem, se encontra nos limites dos estados de Milão e Veneza e na divisa de três dioceses: Cremona, Milão e Bérgamo. O gênio da pintura Michelangelo Merisi da Caravaggio incorporou o nome da cidade ao próprio sobrenome e o propagou por todo o mundo. A Casa Fiat de Cultura mostrou aos brasileiros a força e luminosidade de sua arte na maior exposição do artista já realizada na América do Sul, entre maio e julho de 2012.
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Festas Italianas
Um pouco da Itália em Belo Horizonte Sétima edição da Festa Tradicional Italiana reúne 60 mil pessoas em clima familiar de muita alegria
Por Lilian Lobato
Fotos Ignácio Costa
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mbiente familiar, boa comida e muita diversão. Assim foi a sétima edição da Festa Tradicional Italiana de Belo Horizonte, realizada em 2 de junho pela Associação de Cultura Ítalo-Brasileira do Estado de Minas Gerais (Acibra-MG), com patrocínio da Fiat Automóveis, Iveco Latin America, Fundação Torino, Magneti Marelli, New Holland Construction e Teksid. Mais uma vez, o evento foi realizado na região da Savassi – na Avenida Getúlio Vargas, entre as Ruas Tomé de Souza e Professor Moraes – e reuniu cerca de 60 mil pessoas, que aproveitaram o momento de integração entre a cultura mineira e italiana. Este ano, o evento homenageou os 200 anos do compositor italiano Giuseppe Verdi. Segundo Raffaele Peano, presidente da Fundação Torino, o reconhecimento é justo e importante já que o artista foi um distinto músico e fez uma grande contribuição na história da união da Itália. Ele, ainda, ressalta que “nesta edição, além dos elementos típicos da cultura italiana, trouxemos duas novidades: a exposição de carros antigos e modernos, e o Espaço Fundação Torino. “A festa foi um grande evento para as famílias, que se reuniram para aproveitar um dia típico italiano”, afirma. O governador Antonio Augusto Anastasia, que participa do evento desde a primeira edição, também exaltou Verdi. “É fundamental lembrar o compositor e todo o seu trabalho. Só temos motivos para comemorar a sétima edição da Festa Italiana. O evento, que acontece em Belo Horizonte, é o maior da Itália
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Festas Italianas Governador Antonio Anastasia com Raffaele Peano, presidente da Acibra-MG e da Fundação Torino
Rodrigo de Castro, o filho Guilherme e a esposa Patrícia Lopes da Rocha
no Brasil. Por isso, essa comemoração é tão querida. Nós mineiros queremos falar a Itália”. A Festa Italiana é anual e reúne arte, música, teatro, dança e gastronomia em um só lugar. O evento é considerado, hoje, a maior festividade do gênero no mundo fora da Itália, por ocasião das comemorações do Dia da República Italiana. A festa é realizada sempre na rua, seguindo as tradições italianas. O acesso ao evento
foi gratuito, mediante a doação de um quilo de alimento não perecível ou um pacote de fralda descartável, destinados a instituições sociais carentes do estado. Este ano, foram 65 barracas de 35 estabelecimentos tradicionais italianos (restaurantes, sorveterias, cervejarias e docerias) da cidade. Ragú de carne de carneiro, pizza, focaccia, presunto de Parma, polenta, cannelloni, cappelleti, lasanha, fettucine, ravioli, gnocchi, pasta, torta, sorvetes e doces variados, chope, cerveja e vinho foram alguns dos produtos servidos. No palco, atrações variadas com música italiana para todas as idades, danças folclóricas e espetáculos infantis. Ao longo da avenida também foram montadas barracas das associações culturais, ONG´s e entidades italianas legalmente registradas em Minas Gerais, onde os visitantes tiveram acesso a publicações, vídeos e informativos diversos. O público infantil também teve espaço exclusivo no evento. A Fundação Torino ofereceu Oficina Educa-
tiva, com Recicláveis, espetáculo de marionetes do “CatinNardi”, além do tradicional espaço da Transitolândia. Para completar, ainda fez uma parceria com a Escola de Circo e ofereceu a oportunidade de a criançada aprender novas atividades. Conforme Jailton Persan, diretor da Escola de Circo, as crianças ficaram animadas com a possibilidade de conhecer os equipamentos e brincar com segurança, já que havia monitores em cada um dos brinquedos. Segundo ele, a escola já participou em edições anteriores com algumas intervenções artísticas, mas a parceria com a Fundação Torino proporcionou novas ações. Laura Domingues e Martinho Franco, pais de Anna Pippucci, da segunda série da Fundação Torino, já participaram do evento várias vezes, mas ficaram mais satisfeitos na edição 2013. “O espaço infantil foi ampliado e muito bem preparado pela escola. As crianças ficaram longe da multidão e puderam se divertir em segurança”, ressalta a mãe da menina. Ela explica que o espaço infantil precisa ser bem-elaborado para que pais e filhos possam curtir o evento com tranquilidade. “As crianças se cansam rápido e o espaço separado contribui para que elas queiram ficar mais no evento. Já estávamos indo embora quando a Anna encontrou o local. Ela adorou as atividades”. Daniela Ladeira, mãe de Laura Araújo, de 4 anos, também se divertiu com a menina nas atividades da Escola de Circo. “Já participamos da festa anteriormente e é sempre muito organizada. Além de oferecerem boa comida, temos um ambiente familiar. O espaço infantil também é ótimo e faz toda a diferença para as crianças”, afirma.
Laura Domingues e Martinho Franco com a filha Anna
Daniela Ladeira e a filha Laura nas atividades do circo
Carolina e Rafael fizeram questão de tirar fotos em frente ao Iveco Stralis
Diversão entre amigos e familiares Oportunidade de encontrar amigos e se divertir com os filhos. A Festa
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Festas Italianas Durante a Festa Italiana, os participantes puderam ver a exposição de carros antigos da Fiat
Italiana possibilitou que as pessoas aproveitassem o momento com segurança. Raquel Pinheiro Tavares levou os filhos Carolina e Rafael para o evento e as crianças eram só alegria. “É a primeira vez que venho à festa e gostei muito da estrutura. Pratos deliciosos, boa organização, ambiente familiar e a possibilidade de reunir a família. Foi ótimo” destaca. Já Alionis Freitas e Márcia Moraes levaram as filhas Catarina e Carolina ao evento. Foi a primeira vez que participaram da festa e, segundo eles, está aprovada. “Foi uma oportunidade de fazermos coisas diferentes com as crianças, além de provar pratos deliciosos”. Patrícia Lopes da Rocha é do Rio de Janeiro e esteve em Belo Horizonte a passeio com o marido Rodrigo de Castro e o filho Guilherme, de 2 anos. “É a primeira vez que participamos da festa. A minha sogra veio, anteriormente, e gostou muito. Adoramos
o evento, muito bonito, organizado e boa comida. O ambiente familiar também contribui para o sucesso”, avalia. Marcelo Fabrino Negrão Azevedo levou o filho Pedro, de um ano e três meses, à festa. Segundo ele, que já participou de outras edições quando o evento acontecia na Rua Pernambuco, a festa continua muito bem-organizada. Ele ressalta o ambiente familiar e a possibilidade de andar com o filho, em segurança. Já Flávia Matos reuniu um grupo de amigos na Festa Italiana. “Venho sempre e adoro o evento. Esse ano, tudo está tão bom quanto nas últimas edições. É uma excelente oportunidade de reunir os amigos e se divertir”. Sétima edição estava ainda melhor As empresas do Grupo Fiat estiveram em peso na Festa Italiana. A Fiat Automóveis fez uma exposição de carros antigos, assim como exibiu o Free-
mont. Já a Iveco marcou presença com os veículos das linhas Daily e Stralis, os mais modernos nos segmentos de leves e extra-pesados. Por fim, a New Holland Construction, que participou do evento pela primeira vez, apresentou um dos seus mais recentes lançamentos, o manipulador telescópico LM1445 Turbo. A empresa, ainda, promoveu sua grife com vários itens personalizados como canetas, mochilas, jaquetas, calças, camisas, botas, chaveiros e bonés. Dentre os estabelecimentos participantes, é possível ressaltar a presença do Fratelli D’Italia, localizado no bairro Santa Efigênia. Conforme o proprietário Teodoro Peluso Filho, participante pelo sexto ano seguido, o evento é fantástico e vale a pena participar. “É muito importante para a marca estar em um evento tão tradicional em Belo Horizonte. É a oportunidade que tenho para que as pessoas possam conhecer o restaurante. Certamente, elas degustam um prato aqui e, depois, visitam a casa para experimentar outras massas”, avalia o empresário. Inaugurada em dezembro de 2012, o restaurante Go Pasta, localizado na região da Savassi, aproveitou a festa para apresentar sua massa e sabor ao público presente. Luciane Garcia Castro, sócia do estabelecimento juntamente como Max Miller Ladeira, ressalta que o evento foi muito organizado e contou com um ambiente familiar. “A nossa massa é feita na hora e os pratos são de excelente qualidade. A ideia é continuar participando da festa”, afirma. Já para Lorena Cozac, proprietária da Confeitaria Mole Antonelliana, localizada no Centro da capital mineira, a Festa Italiana já é tradicional em Belo Horizonte e é um momento de reunir comidas típicas da cultura italiana. O estabelecimento já participa do evento desde a segunda edição.
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Na primeira foto, Teodoro Peluso Filho, proprietário do Fratelli D’Italia. Acima, Luciane Garcia e Max Miller Ladeira, proprietários do Go Pasta
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Projeto 100 Nonni
João Bez Batti,
o mundo recriado na
pedra vulcânica Ele é um dos maiores artistas do Brasil contemporâneo, filho de um italiano, e aos 72 anos ainda tem talento de sobra para fazer esculturas em pedra
Por Oliviero Pluviano
“O Fotos Oliviero Pluviano
dia de trabalho de um escultor é curto demais. De sol a sol é muito pouco. Trabalho de domingo a domingo e de noite durmo no máximo três horas, porque quando vem a escuridão, eu desenho. O basalto, a pedra vulcânica de rio que uso para
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esculpir, é mais duro que o metal. A escultura é muito lenta e a mão não acompanha a mente que voa”. Essa é a visão simples e desesperada de João Bez Batti, um dos maiores artistas do Brasil contemporâneo, filho de um italiano que chegou a Santa Catarina e se estabeleceu no Rio Grande
do Sul no começo de 1900 vindo de Igne, um distrito de Longarone, no Vêneto, uma vila de montanha que foi destruída em 1963 pelo terrível desastre do dique do Vajont. O pai se chamava Giovanni. Chegou da Itália a Urussanga em Santa Catarina com três irmãos e três irmãs: ele tinha 14 anos. Os Bez Batti colonizaram toda a região. O sobrenome de todos em Igne era Bez. Os registros de nascimento, então, para distingui-los, acrescentava uma palavra ligada ao trabalho que a pessoa fazia. Quem dizia que fazia fontes obtinha o sobrenome Bez Fontana. Já quem cortava pedras era chamado Bez Batti, de “bater” a rocha. Muitos sobrenomes italianos são assim: Raimundo Faoro, por exemplo, deriva de “fazer o ouro”. O avô dele Luigi e a avó, Domenica Mazzucco, se estabeleceram para sempre em Urussanga, mas o pai dele, irrequieto, por toda sua existência viajou a serviço de um grande político do Rio Grande do Sul, Ildo Meneghetti, que foi também prefeito de Porto Alegre e governador. “Nunca conheci meus avós e meus tios, porque meu pai não parava: trabalhava com uma máquina que abria estradas. Naquela época, o Brasil inteiro precisava muito disso”, lembra. Giovanni casou com uma oriunda, meio alemã e meio do Luxemburgo, e teve seis filhos. O pai falava italiano e a mãe alemão, era uma grande confusão. Resultado: os filhos não aprenderam língua alguma, a não ser o português. João Bez Batti nasceu em Venâncio Aires, no Rio Grande do Sul, em 11 de novembro de 1940, e explica que a sua grande paixão pela pedra começou quando era pouco mais que um bebê. “Quando eu tinha quatro anos, meu pai mudou-se de Venâncio Aires para o interior de General Câmara. A casa ficava a 30 metros do rio Taquari, um dos rios principais da região. Não havia um lugar tão pobre
culturalmente em todo o Brasil. Meu pai foi se meter no fim do mundo. Não havia igreja, não havia salão de festa, não havia lojas, não havia nada. A minha salvação foi uma imensa praia sobre o rio, de seixos rolados de basalto, lapidados pela água. Eu escapava de minha mãe e recolhia pedras que escondia no meio do mato. Ninguém sabia que eu estava juntando aquele pequeno tesouro, mas eu sabia que estava fazendo algo de diferente.” O pai tinha como “agregados” uma família de negros que trabalhavam nas terras dele. Aos domingos, os jovens faziam pequenos trabalhos de artesanato manual: criavam miniaturas de ferramentas agrícolas, do arado à enxada, da carroça à foice. “Aquelas coisas me deixavam louco e fascinado – lembra o escultor. Meu pai trouxe para mim seis livros de um sebo de Porto Alegre. Livros de história, todos ilustrados com desenho a bico de pena. Um encanto. Ainda não tinha cinco anos, mas de minha memória nunca se apagará que um dia minha mãe desenhou, para mim, um pato. Era perseguido por aquele desenho. Foi uma semente que ela lançou em mim”. O pai o alfabetizou em casa. Aos seis anos, já sabia ler e fazer as contas. Frequentando a escola descobriu que o filho de um vizinho desenhava os navios a vapor que passavam pelo rio Taquari, no qual a navegação era intensa naquela época. “Era uma coisa maravilhosa. Eu pagava aquele menino para que me desenhasse um barco que eu via passar, para depois copiá-lo. Eu o desenhava às margens do caderno escolar. Minha infância
Bez Batti esculpe na pedra vulcânica formas delicadas que recriam o mundo e o ser humano
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Projeto 100 Nonni Bez Batti acorda muito cedo para enfrentar o rigor do trabalho
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foi muito dura, porém vivia no meio de uma natureza muito rica. Passava o dia capinando e usando a enxada: meu pai era muito severo. Um inferno. Mas fui salvo pelas pedras do rio, pelo desenho de minha mãe, pelos artesãos negros e por aquele menino que desenhava barcos a vapor. Fui contaminado, fertilizado pelos seixos de basalto”. Com 12 anos, foi colocado em um navio a vapor com destino a Porto Alegre. Era uma sofisticada embarcação inglesa que tinha cassino e restaurante. “Pela primeira vez me puseram sapatos nos pés. Embarquei às seis da tarde e às três da manhã tinha um
primo de minha mãe me esperando no cais da grande cidade. Estava dormindo e quando me acordaram pensei que estava ainda sonhando. Nunca tinha visto a luz elétrica. Depois tomamos o bonde e até hoje me lembro do seu barulho. Não acreditava nos meus olhos. Tornei-me interno do colégio Dom Bosco: fui o maior caipira que já chegou a Porto Alegre. Hoje, se fala muito de bullying, mas eu então sofri uma feroz discriminação, indefeso naquele colégio no qual fiquei quatro anos. Quando cheguei, como primeira coisa, os outros meninos me convidaram para jogar bola. Eu sabia jogar? Respondi que sim, porque
quando matavam o porco eu brincava de chutar a bexiga dele. Mas nem sabia que existia o goleiro, imaginem as regras do futebol. A primeira bola que veio em minha direção, eu a agarrei com as mãos. Foi um vexame. Mas de onde você vem? Respondi que vinha da roça e todos riam. Todos os meninos problemáticos ficavam naquele colégio. Eu ficava lá o ano inteiro e somente no Natal voltava para casa”. Um sacerdote salesiano, Padre Geraldo, dava aulas de desenho nas quintas-feiras. No entanto, era para os alunos maiores. Bez Batti ia espiar todas as semanas. “A arte hoje acabou porque ninguém mais desenha. O de-
senho é um amansa burro. O que me cansa não é bater na pedra, mas pensar durante a noite para encontrar no desenho uma nova escultura. Trabalhei mais tarde como operário em diversos lugares, mas um dia vi a placa do Instituto Técnico de Desenho com a frase: Quem escreve, desenha. Parecia feito para mim e me inscrevi. Copiávamos, entretanto, das revistas enquanto o desenho deve ser feito a partir do vivo, com a resolução de luz e sombra. Um dia, finalmente, me levaram até Vasco Prado, que era um dos maiores escultores do Rio Grande do Sul. Quando entrei lá, vi um mundo diferente. Desenhei com ele durante oito
Maria, a companheira de sempre
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Projeto 100 Nonni A obra de Bez Batti é admirada particularmente em São Paulo
anos. Tudo o que eu havia aprendido antes era inútil: com Vasco estudei modelo vivo e natureza morta”. Bez Batti percebeu que como carteiro podia trabalhar até apenas duas horas por dia. Conseguiu entrar nos correios por concurso e ficou durante 14 anos. “Eu era o ‘limpa-fio’, que subia nos postes depois de um temporal para recolocar no lugar os fios do telégrafo. Aprendi também o alfabeto Morse e lia nas intermitências da lâmpada os telegramas que chegavam a Porto Alegre. Depois, fui encarregado da triagem à noite: eu tinha o dia todo livre. Mas com Vasco aprendi que a escultura é uma profissão na qual não é possível ter nada em paralelo. Fiz minha primeira exposição na casa dele e me dei imediatamente conta que a escultura podia me dar o que viver. Pedi imediatamente demissão dos correios”, lembra.
Ele casou em 1967 com uma descendente de alemães, Maria Schirley, com a qual se instalou na zona de Bento Gonçalves e onde hoje vive em uma bonita casa de madeira, na floresta, sobre uma estrada de terra batida ao lado de uma artéria famosa em toda a Serra Gaúcha, com um nome que parece ligado ao destino dele: Caminhos de Pedra. Eles têm dois filhos: Diego e Melissa. “Sou muito grato à minha esposa, porque eu só faço arte, eu bebo, como, durmo, vivo de arte. Ela faz todo o resto do trabalho de rua, vai ao banco, ao supermercado, mantém contato com os clientes. É um milagre morar onde eu moro agora, no mato, na colônia. Não dependo mais de galerias: 90% de minhas obras vão para São Paulo que eu visitei pela primeira vez em 1980. Vivo aqui há cinco anos. Minha mudança é muito cara, porque levo comi-
Projeto 100 Nonni O Projeto 100 Nonni é uma iniciativa apoiada pela Fiat, cujo objetivo é localizar e entrevistar, onde quer que se encontrem, alguns dos últimos avôs e avós da imigração italiana, para registrar suas histórias de vida, que compõem o imenso painel da integração entre Itália e Brasil.
go todas as minhas pedras: dúzias de caminhões de rochas. Porém, esta é a última mudança de minha vida: pelos próximos 100 anos estou suficientemente abastecido de pedras”. Naquela casa branca, agora, Bez Batti está vivendo uma segunda juventude. “Estou muito bem. Sou um guri de 72 anos. Minha vida está ligada ao rio Taquari e ao rio das Antas: uma vez por semana vou pescar e vou à procura de seixos para esculpir. Aquelas pedras me orientam, falam comigo, e mesmo quando estou esgotado, volto curado. Penso que cada artista tem um ponto de partida: para mim são os seixos. Meu filho Diego é genial por seu talento: eu não tenho nem 10% de sua vocação. Aos 33 anos, é um dos melhores desenhistas que existem no Brasil. Faz tatuagens com um japonês na rua Augusta em São Paulo. Um pouco eu entendo. Esperei 12 anos para cal-
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çar o primeiro par de sapatos, 50 anos para começar a ganhar alguma coisa com o meu trabalho. Agora os jovens, neste mundo acelerado, não querem justamente esperar mais. O mundo que comanda agora é o das cifras e do dinheiro, o que é uma pena. De todas as decadências que o mundo viveu nos séculos, a de hoje é a pior”. Bez Batti me mostra um rosto obtido a partir do basalto negro. “Era a pedra dos faraós egípcios: a pedra trilíngue de Rosetta, aquela de Napoleão, foi escrita em basalto negro vulcânico. É incrível como tenham conseguido riscar tão elegantemente uma rocha tão dura. Mas isto não é nada em comparação com as esculturas e as fantasias que se encontram na natureza. Não há dúvidas: o italiano Victor Brecheret foi o melhor escultor do Brasil, mas é a água a melhor escultora do mundo”.
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Projeto 100 Nonni
Cleodes Maria Piazza,
a orgulhosa descente do primeiro imigrante Pesquisadora brasileira de renome, ela tem muita história para contar sobre seus familiares e também sobre a cultura do vinho no Sul do Brasil Por OLiviero Pluviano
Fotos Oliviero Pluviano
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leodes Maria Piazza, a maior pesquisadora do Brasil sobre a imigração italiana no Rio Grande do Sul, ama dizer que é fruto de um autêntico resumo étnico da colonização. Ela nasceu em Nova Milano, que é a fronteira cultural da Serra Gaúcha, no dia 4 de dezembro de 1939, e seus quatro avós vieram diretamente da Itália, cada um deles de uma das principais regiões dos imigrantes: Vêneto, Trentino, Lombardia e Emilia. O bisavô Tommaso Radaelli, em realce com a bisavó na gigantografia na casa de Cleodes em Nova Milano, foi o primeiro imigrante que chegou nessas colinas no longínquo 1875. Cleodes recorda que, quando o governo do Império brasileiro abriu a possibilidade de oferecer terras aos colonos estrangeiros, a província de São Pedro de Rio Grande do Sul se habilitou a receber imigrantes, ofeMUNDOFIAT
recendo áreas, até hoje denominadas de colônias, que vão de 25 a 50 hectares. “É uma área muito grande para um camponês de qualquer origem, não só italiana. Porém, era puro mato. Os alemães chegaram antes e estavam instalados nos contrafortes da serra desde 1821. Para os italianos só sobraram os morros”, relata a pesquisadora. Em maio de 1875 chegou à região o primeiro contingente de imigrantes italianos do norte da Itália: não havia um grupo homogêneo, pois eram lombardos, vênetos, trentinos e um grupo pequeno de emilianos. Eles desembarcaram em Porto Alegre e seguiram por rio até o Porto dos Guimarães, hoje São Sebastiao do Caí. “Até hoje eu não descobri porque três famílias de Olmate, perto de Milão, se antecipam por uma espécie de inquietação ou por liderança. Elas são conduzidas por um índio aculturado, que os abriga na sua choupana no alto da serra. Os chefes de família desse trio chamavam-se Stefano Crippa, Luigi Spreafico e Tommaso Radaelli. Eu sou bisneta de Tommaso Radaelli. Esse pequeno lugar recebeu o primeiro barracão feito por imigrantes. E por
um ano ele foi sede da colônia. Pode-se dizer que Nova Milano é o berço da comunidade italiana no Rio Grande do Sul”, acrescenta. Ainda hoje Nova Milano permanece como um museu a céu aberto da imigração italiana. Esculpidos em bronze, estão imortalizados os três passaportes do Reino da Itália que pertenceram às famílias Crippa, Spreafico e Radaelli. Na frente da igreja tem uma verdadeira gôndola de Veneza, doada pela administração da cidade italiana e exibida em uma vitrine. “O início foi muito duro. Minha nonna morreu biruta, porque não aguentava o ronco dos bugios que se debruçavam sobre a choupana antes de construir a primeira casa de araucária. É uma cultura que tem como eixo principal o fazer benfeito. Foi a disciplina da igreja e do trabalho que moldou o perfil dessa região”, ressalta. Com os imigrantes veio a cultura dos vinhos. “Eles traziam as suas videiras da Itália. No entanto, eles chegaram aqui em maio que é o início do inverno, ao contrário do hemisfério norte. Com isso, essas mudas morreram aos primeiros frios e Tommaso
Museu a céu aberto em Nova Milano: a gôndola veio de Veneza
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Projeto 100 Nonni A colônia, lote básico entregue ao imigrante, ainda viabiliza a agricultura de subsistência
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Radaelli desceu até o vale. Lá conheceu a uva Lambrusco, chamada Isabel, que era muito generosa. Foi um americano que a levou para Pelotas e para a zona charqueadora. Os alemães adotaram a Isabel quando chegaram em 1821, mas como uva para consumo como fruta. São os italianos que investiram esperança, energia, trabalho nessa videira para fazer vinho. Essa uva perfuma muito na época da colheita. Ela está na nossa memória como o fruto que permitiu a realização do sonho dos imigrantes”, diz com emoção Cleodes. O protagonista do romance O Quatrilho, de Jose’ Clemente Pozenato, que relata a saga dos pioneiros na serra, resume a aspiração daquela comunidade ao contar que seu sonho é estar sentado embaixo de uma árvore, com um pedaço de pão branco na mão direita e um copo de vinho na mão esquerda, sentado na terra que é sua. Este sonho se realizou, pois a serra se tornaria décadas depois o principal centro produtor de vinhos do Brasil e um parque industrial rico e diversificado. Com o passar do tempo, a produção de vinho dos imigrantes se apri-
morou, com a chegada de agrônomos, enólogos, mudas importadas e uma excelente parceria com os irmãos maristas franceses da colônia de Dona Izabel, hoje Garibaldi. Eles cultivavam diferentes espécies de uvas viníferas, entre as quais o Merlot. Funda-se uma estação experimental em Caxias do Sul, como o objetivo de difundir o cultivo de outros varietais, como Cabernet Sauvignon, Malvasia, Bonarda, Barbera. A diversificação da produção é exibida com orgulho em um pequeno barracão de madeira, em que são apresentadas com destaque as uvas viníferas com o respectivo vinho. Esta é a origem da Festa da Uva. “Era o ano de 1931. Imprimem um folheto e contatam os colonos para vir num dia de março à exposição. Eles fazem um grande discurso, ensinando que bom vinho se faz com boa uva e que era preciso que os colonos mudassem o cultivo. Foi um sucesso e no ano seguinte nascia a Festa da Uva com o formato que temos hoje. O pórtico de acesso era inspirado no Arco do Triunfo de Paris. Os imigrantes fizeram uma enorme exposição de uva e exibiram tudo o que a colônia produzia
desde o inicio da imigração e todos os equipamentos de produção do vinho, novidade que muito colonos não conheciam. E fazem também o grande curso alegórico”, destaca Cleodes. A Festa da Uva é uma das mais sólidas tradições do sul do Brasil. “Mostra quem somos e o que fazemos. E até hoje simbolizamos por meio dessa colheita símbolo, que é a colheita da uva, as colheitas que vamos fazer ao longo da vida. É na Festa da que o caxiense proclama a sua identidade. A nossa é uma terra de acolhimento: venha para ser um de nós e trabalhe como nós”, explica. Durante a Segunda Guerra Mundial as comunidades italiana e alemã sofreram muito. “O projeto nacionalista de Getúlio Vargas proibia que se falasse outra língua que não fosse o português. A nossa colônia viveu isolada por muito tempo, e foi injustiçada pelo governo federal. Tínhamos um gaúcho como presidente, mas não adiantou. Um grande muro de silêncio se formou nessa região. E por 11 anos não se fez festa: não havia porque celebrar. Fomos tidos como inimigos
da pátria. Era proibido falar italiano. Penso em quantos falavam talian, essa koiné resultado da predominância de dialetos do tipo vêneto, com falas inteiras de lombardo. Muitos camponeses voltavam humilhados de fazer compras com os cestos vazios porque muitos tinham medo que, se falassem talian, seriam presos”, relata a pesquisador. No ano 1950 houve uma festa de reparação a este confisco da memória. E não por acaso trazia o presidente da República, Eurico Gaspar Dutra, como um sinal de redenção ao povo da região. “Metade dos caxienses não sabem porque nós cumprimos o ritual de convidar para toda Festa da Uva, a cada dois anos, o presidente da república que sempre vem. É uma tradição estabelecida em 1950, que celebra a integração de culturas. Meu pai, como a maioria dos oriundos italianos e dos imigrantes, tinha um orgulho enorme de ser brasileiro. Dizia que tem que amar esta terra que deu chance para os meus avós de ter um pedaço de terra, de ter sua casa, seu trabalho: falava que esta é uma terra abençoada”, conclui.
Os passaportes dos três pioneiros estão perpetuados em bronze
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história
Da televisão para
a vida real
Carlos Miranda, o eterno Inspetor Carlos, do seriado Vigilante Rodoviário, conta como foi fazer o papel na primeira série de TV nacional e porque decidiu entrar para a Polícia Rodoviária de São Paulo
Por Sueli Osório
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ano era 1962. No dia 3 de janeiro, foi ao ar pela primeira vez, pela TV Tupi, canal 4, após o telejornal Repórter Esso, o primeiro seriado da televisão brasileira, o Vigilante Rodoviário.
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No total, foram 38 episódios, nos quais o Inspetor Carlos, interpretado por Carlos Miranda, e seu cão Lobo lutavam contra o crime, a bordo de uma motocicleta Harley-Davidson 1952 ou de um Simca
Chambord 1959, na altura do km 38 da Rodovia Anhanguera, onde a maior parte dos episódios foi filmada devido ao clima ensolarado durante boa parte do ano, fator fundamental para as filmagens externas. O seriado foi um grande sucesso de público. E não foi por acaso. Segundo o ator Carlos Miranda, o Inspetor Carlos, protagonista da série, em entrevista à Mundo Fiat, naquela época só eram exibidas na TV brasileira duas séries: As Aventuras de Rin-Tin-Tin (estrelada por um cão pastor alemão), e Lanceiros de Bengala, série de aventura feita para a TV norte-americana (em 1956), que começou a passar aqui no final dos anos 50, mas que durou apenas um ano. A ideia do seriado nacional foi do diretor Ary Fernandes, que queria criar um herói brasileiro, um patrulheiro, mas que não atuasse sozinho. Para acompanhá-lo em suas aventures, ele pensou em um cachorro, que seria seu companheiro, um cachorro que andaria na moto, algo inédito até então. “Na época, não tínhamos um herói, uma referência. Pensamos inicialmente no Exército, ou Aeronáutica, mas há mais de 50 anos seria difícil. Naqueles tempos não podíamos nem sair com a bandeira nacional nas ruas”, conta Carlos Miranda. O governador Adhemar de Barros tinha criado a Polícia Rodoviária do Estado de São Paulo em 1948 para dar emprego aos pracinhas que haviam lutado na Segunda Guerra Mundial, e o cineasta se inspirou nesses profissionais para dar vida ao seu protagonista. Inicialmente, Miranda atuaria na produção do seriado. “Ary e Palácios (referindo-se a Alfredo Palácios, produtor do seriado) tinham começado os testes com atores iniciantes. Foram 130 candidatos”, relembra Miranda. Mas o diretor Ary Fernandes não ficou satisfeito com nenhum deles. Foi então que algumas pessoas da produção, e também a mulher de Fernandes,
Ignez, sugeriram que Miranda, chamado carinhosamente de Carlinhos, fizesse o teste. Miranda lembra-se muito bem desse dia. “Eu calço 43 e meu número de blusão é 52, mas me deram botas nº 41 e um blusão 50 pra fazer o teste. Eu estava todo encolhido”, conta dando risada. Além disso, Miranda não pilotava motos, outra dificuldade que teve de enfrentar para o teste e também para
o papel. “Os atores brasileiros, naquela época, faziam qualquer coisa. A gente tinha de se esforçar.” Ao ver Miranda vestido de policial rodoviário, Fernandes teve a certeza de que já tinha encontrado o protagonista do seriado. O seriado era filmado em película de cinema de 35 mm. Miranda conta que cada episódio demorava 12 dias para ser feito. “A gente filmava, dublava, levava para o laboratório. A máquina que copiava transformava de 35 mm para 16 mm para poder ser exibido na TV.” Apenas o primeiro episódio, O Diamante Grão Mongol, sobre ladrões internacionais que entraram no País pelo porto de Santos, foi filmado na
Atualmente, o Carlos Miranda participa de encontros de carros antigos realizados em todo o País
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história
pondeu que isso ele nunca havia feito, mas, segundo Miranda, Fernandes o conduziu até a moto e ele subiu sem que precisassem mandar. Miranda também contou que, em uma ocasião, o cachorro salvou uma criança de ser atropelada na estrada ao correr atrás de uma bola. “Ele pegou a menina pela saia e a trouxe para o carro”, relembra emocionado. “Era um cão muito especial.”
Inicialmente, Carlos Miranda participaria da produção do seriado; depois de muitos testes feitos com outros atores, o diretor Ary Fernandes decidiu chamar Miranda, que se encaixou perfeitamente no papel
Rodovia Anchieta, em São Bernardo, no ABC paulista. A neblina prejudicava as filmagens no local. Quando o seriado começou a ser exibido na TV Tupi, em 1962, o sucesso foi uma surpresa. “Cada episódio do Vigilante Rodoviário era cerca de dez vezes mais caro que o de As Aventuras de Rin-Tin-Tin”, explica Miranda. Os Estados Unidos tinham muitas emissoras de TV e os seriados norte-americanos eram exibidos em muitos países, o que tornava seu custo bem mais barato. O único patrocinador do seriado brasileiro era a Nestlé. “A verba de produção era ínfima. Durante as fil-
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magens, o pai do Ary fazia comida pra gente. Comíamos muito arroz com linguiça”, relembra.
Campeã de audiência Segundo Miranda, eles trabalharam três anos para rodar os 38 episódios. “Eu ganhava dois salários mínimos e tinha dois filhos para criar”, conta. Mas tudo valeu muito a pena. Como recorda Miranda, na segunda semana de exibição, a série já foi campeã de audiência. “Nós lançamos atores como Ary Toledo, Ary Fontoura, Stênio Garcia, Milton Gonçalves e Rosamaria Murtinho, que trabalhavam com um cachê simbólico.” A audiência do programa era de 67%. “Na época, como só 30% das casas tinham televisão, isso significava quase 90% dos lares. Tenho muito orgulho disso. Para levar o seriado a mais pessoas, o produtor e o diretor resolveram transformar cada quatro episódios em um filme longa-metragem e lançar no cinema, pois em quase todas as cidades do País havia um cinema”, argumenta Miranda.
Lobo Uma das histórias mais marcantes de Miranda foi a escolha do cachorro Lobo. O seu dono era policial e o cão já havia feito propagandas de uma marca de móveis de aço. Ele morava em Suzano e seu nome era King. “Achamos que o nome não tinha nada a ver com para o cão de um seriado brasileiro. Então o batizamos de Lobo.” Ary Fernandes perguntou ao seu dono se ele andava na moto. Ele res-
Da ficção para a realidade O inspetor Carlos ficou tão conhecido que o ator Carlos Miranda foi convidado a entrar na Polícia Rodoviária de São Paulo em 1965, onde ingressou após prestar concurso e cursar a Academia Militar. “Eu aprendi muito com a série, todo mundo tinha como princípio fazer o melhor. Gostei muito de tudo aquilo que vivi e resolvi entrar para a Polícia Rodoviária.” Lá, Miranda ajudou a criar o setor de Relações Públicas, montou um cinema, um la-
boratório fotográfico e um programa de TV. “Quando cheguei à Polícia era conhecidíssimo. Fiz comerciais para a TV sobre o trabalho corporação.” Em 1990, Miranda foi para a reserva como tenente-coronel e, em 1992, foi citado no Livro dos Recordes (Guinness Book) como sendo o único ator a se tornar, na realidade, o personagem que havia interpretado na ficção. Ele registrou suas memórias e também a história do seriado em um livro, intitulado Inspetor Carlos, o Eterno Vigilante. Hoje, aos 79 anos, o Inspetor Carlos mora em Águas da Prata, no in-
terior de São Paulo, e participa com frequência de encontros de carros antigos por todo o País, levando um Simca Chambord 1959 igual ao que usava no seriado e que foi restaurado por ele. Nesses eventos, ele resgata a memória da TV e do cinema brasileiros. Ele também faz palestras em universidades, escolas, empresas e comemorações cívicas sobre o trabalho que a Polícia Militar do Estado de São Paulo desenvolve em prol da população.
Até hoje Miranda se lembra com muito carinho do cachorro Lobo, que era seu companheiro no seriado Vigilante Rodoviário
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Fiat 500 com motor MultiAir flex
chega ao Brasil
Produzido no México e lançado no Brasil em 2011, o Cinquecento, atende o consumidor com a mais alta tecnologia presente em um biocombustível
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Fotos divulgação
ícone mundial da Fiat ganhou traços tipicamente brasileiros: a linha 2014 do Fiat 500, o Cinquecento, chega ao mercado nacional com o primeiro motor MultiAir flexfuel. Esse propulsor reconhecido e premiado mundialmente ganha, agora, a tecnologia multicombustíveis para, além de satisfazer o desejo do consumidor, também confirmar a preocupação da marca com o meio ambiente. O Novo Fiat 500, produzido no México e lançado no Brasil em 2011, é sucesso de mercado e de público. Desde setembro de 2011, quando foram iniciadas as vendas no mercado brasileiro, até maio de 2013, já foram comercializadas aproximadamente de 24 mil unidades. Em pesquisa realizada com seus primeiros compradores, o resultado confirma o quanto ele é amado pelos proprietários. Entre os atributos de maior satisfação, o modelo tirou nota máxima em tamanho, facilidade de estacionar e manobrar, estilo e design, tanto externo como interno. O alto índice de satisfação dos consumidores decorre também da tecnologia presente no modelo, que pri-
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vilegia o conforto e a segurança, por meio de itens como ESS (sinalização de frenagem de emergência), freios com sistema ABS e EBD, ASR (controle de tração), ESP (controle de estabilidade), Hill Holder, Isofix e até sete air bags. O novo motor MultiAir flex O grande destaque da nova gama 2014 do Fiat 500 é o novo motor MultiAir 1.4 16V flex, que equipa as versões Sport Air e Cabrio Air do modelo. Esse novo motor foi desenvolvido e calibrado pela equipe de Engenharia Powertrain da Fiat em Betim (MG). O propulsor opera com gasolina e/ou etanol ou a mistura de ambos os combustíveis em qualquer proporção. A nova tecnologia alia o prazer de dirigir com o incremento de desempenho e economia de combustível da tecnologia MultiAir, à flexibilidade de um motor bicombustível. O grande desafio para o desenvolvimento do motor flexfuel foi o aumento da taxa de compressão e a nova abordagem em relação à admissão do ar, controlada eletronicamente por meio das válvulas de admissão, uma tecnologia diferenciada do MultiAir.
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Fiat registra pelo sexto ano consecutivo o menor nível de emissões de CO2 Pelo sexto ano consecutivo, a Fiat se confirma como a fabricante que registrou o menor nível de emissões de CO2 na Europa entre as marcas de automóveis mais vendidas, com um valor médio de 119,8 g/km. O resultado foi certificado e divulgado pela empresa JATO Dynamics, referência em consultoria e pesquisa no setor automotivo. A Fiat se empenha constantemente em busca da mobilidade sustentável: em 2012, a marca reduziu 13% de suas próprias emissões médias, passando de 137,3 para 119,8 g/km de CO2. Esse valor vai além do limite estabelecido pela União Europeia para 2015, de 130 g/km.
O novo motor MultiAir 1.4 16V flex alia o prazer de dirigir com o incremento de desempenho e economia de combustível
Esse novo propulsor é resultado de quase 15 mil horas de desenvolvimento, envolvendo mais de 10 mil horas de testes de confiabilidade em dinamômetro, e cerca de 1 milhão de quilômetros rodados em provas de durabilidade, confiabilidade e aplicação. O projeto utilizou mais de 30 motores-protótipos para testes em dinamômetros no Centro de Engenha-
ria da Fiat, em Betim (MG). Técnicas computacionais de softwares de calibração e, principalmente de análise de combustão (a característica de queima do etanol é diferente da combustão da gasolina) permitiram uma perfeita calibração de injetores e curva de ignição, para qualquer relação de combustível entre E-20 (gasolina brasileira) até E-100 (etanol puro).
A nova gama 2014 do Fiat 500 Na linha 2014, o novo Fiat 500 está disponível em cinco versões: Cult, Cult Dualogic, Sport Air, Sport Air Automático e Cabrio Air Automático. São duas motorizações: 1.4 EVO Flex e MultiAir 1.4 16V Flex. E estão disponíveis três tipos de câmbio: mecânico com 5 marchas, Dualogic 5 marchas e Automático sequencial com 6 marchas.
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Com a taxa de compressão mais alta, foram necessárias mudanças em alguns componentes. O novo MultiAir 1.4 16V Flex possui modernos pistões de baixo atrito e, para suportar o uso de etanol, ele traz ainda novas bronzinas e junta do cabeçote, coletor de aspiração com quinto bico injetor para partidas a frio mais eficientes, novas velas e injetores. Com as alterações para se tornar flex, o Fiat 500 SportAir chega aos 105 cv de potência e torque máximo de 13,6kgfm com gasolina e 107 cv com torque de 13,8kgfm quando alimentado com 100% de etanol. Esse novo motor Flex do Fiat 500 pode receber câmbio manual de 5 marchas ou automático sequencial de 6 marchas, que oferece o máximo de conforto e prazer ao dirigir com menos consumo de combustível. Outras inovações são a direção elétrica Dual Drive, que substitui a tradicional direção hidráulica, tornando a condução mais leve e facilitando as manobras, e o sistema Hill Holder, dispositivo que mantém a pressão no circuito de freio por alguns segundos após o motorista liberar o pedal de freio com o carro parado em uma via inclinada. Assim, o
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MultiAir reduz emissões e melhora rendimento A tecnologia MultiAir chegou ao mercado brasileiro com o Fiat 500, a partir de 2011. O MultiAir é um sistema eletro-hidráulico de acionamento das válvulas, que permite um controle dinâmico e direto do ar admitido pelo motor, controlando também indiretamente a combustão, cilindro a cilindro e ciclo a ciclo. Tudo gerenciado eletronicamente. Graças ao controle da quantidade de ar admitida nos cilindros, o MultiAir oferece como principais benefícios a redução de emissões e de consumo de combustível, aumento de potência máxima e torque, além de melhor resposta dinâmica e prazer em dirigir. Na maioria do motores, a massa de ar admitida nos cilindros é controlada principalmente pela abertura da válvula tipo borboleta do acelerador e também pela abertura total e constante das válvulas de admissão. No MultiAir, a admissão do ar é muito mais precisa, controlada eletronicamente por meio das válvulas de admissão. Desde seu lançamento na Europa, a tecnologia MultiAir vem sendo contemplada internacionalmente com diversos prêmios.
veículo não desce enquanto o motorista controla a embreagem corretamente, garantindo uma arrancada suave e segura. O modelo também conta com o sistema ESP (Eletronic Stability Program ou controle de estabilidade), que analisa parâmetros como giro do volante, posição do pedal do acelerador e velocidade e calcula a trajetória desejada e a compara com a trajetória real do veículo. Se houver diferença, o sistema controla a frenagem em cada roda e o torque do motor a fim de estabilizar o carro. A segurança também foi reforçada com a disponibilidade de até sete airbags, sendo dois na frente, dois windows bags, dois side bags e um knee bag, que evita lesões aos joelhos do motorista em caso de impacto.
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Do jeito que os sertanejos gostam Ao volante, lembrando a canção de um colega, o cantor Sorocaba descreve o que está achando de seu novo brinquedo, a Ram 2500
Por Angelina Fontes
Fotos Eduardo Viana
Sorocaba ao volante, Luiz Tambor e o cantor Fernando
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música não é dele e o nome do veículo até mudou – a linha de utilitários Ram virou uma marca própria, separada da Dodge. Mas o refrão ‘vem ni mim Dodge Ram’, ento-
ado pelo cantor Israel Novaes e pela legião de fãs da música sertaneja, se tornou realidade para Sorocaba, da dupla Fernando & Sorocaba. É que o cantor, agora, tem uma nova máquina em sua
garagem, a qual foi emprestada pelo Chrysler Group do Brasil. Trata-se da Ram 2500 Laramie, picape escolhida pelo músico após realizar uma busca por diversos modelos. A divertida saga foi registrada em uma microssérie na internet e, em abril deste ano, teve um final feliz, quando o cantor retirou o carro da concessionária Autostar, no Brooklin, em São Paulo. O músico, que junto com Fernando comemora o sucesso do novo CD da dupla, ‘Homens e Anjos’, o qual traz 15 faixas, entre elas ‘Veneno’, ‘Livre’ e ‘As mina pira’, diz que a mistura da potência com a sofisticação do veículo chamou bastante atenção. “A picape é ótima, tem tamanho de sobra para carregar tudo que eu preciso e a cabine é para seis pessoas. Também tem um excelente motor a diesel, com muita potência, sem deixar o conforto de lado. Posso carregar o que quiser no carro, sem a preocupação de não saber se vai caber ou se vai comprometer a segurança ou a estabilidade”, diz. Sorocaba ressalta que usa a picape para qualquer tipo de ocasião, como ir ao escritório ou a um compromisso social. “Gosto muito de pegar estrada. Se o show é perto, faço questão de ir com a Ram. A performance é muito boa na estrada ou na cidade”. Paixão antiga Fã da marca, ele lembra que já teve duas picapes Ram de gerações anteriores. Sendo assim, a escolha pelo carro foi bem mais simples do que imaginava. “Conhecendo a picape nova, gostei e decidi que precisaria de uma o mais rápido possível. Afinal, não existe no Brasil outra picape como a Ram 2500. Para mim, ela é superior em tudo. Não só no tamanho, mas, também, em força, capacidade e equipamentos, por exemplo”. Em comparação com as versões antigas, Sorocaba afirma que o acabamento interno melhorou bastante, assim como o espaço na cabine e os recursos de entretenimento.
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Especificações Técnicas Motor Motor: Cummins® Turbo Diesel - 6,7L 24V Cilindros: 6 em linha Cilindrada (cm3): 6.690 Potência máxima (cv/rpm): 310 / 3.000 Torque (Nm/rpm): 830 / 1.500 Câmbio: Automático de 6 velocidades Rodas (Pneus): Alumínio de 17” (LT 265/70 R17) Capacidade (kg) Capacidade de carga útil: 1.061 Capacidade máxima de reboque: 5.760 Dimensões (mm) Comprimento / Largura / Altura: 5.783 / 2.029 / 1.994
“A picape tem tela LCD e HD interno, que já abasteci com músicas de várias duplas, inclusive, a nossa nova música de trabalho, ‘O que ‘cê’ vai fazer’”, destaca. Quanto à microssérie, o cantor diz que a fez para que os fãs pudessem acompanhar a escolha. “Eles gostam de saber o que acontece fora do palco. Com isso, pensei em fazer uma ação diferente. Tentamos criar uma série divertida, em cinco episódios, para que pudéssemos mostrar a trajetória da procura por um carro, fazendo com que as pessoas ficassem curiosas sobre qual seria o modelo”, explica. Os efeitos disso tudo já estão sendo percebidos pela Chrysler. De acordo com o diretor comercial da marca no Brasil, Luiz Tambor, houve um aumento considerável na procura
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salta que emprestou a Ram para Fernando e que ele ficou impressionado com o carro. Não é à toa que escolheu outro veículo da Chrysler para ser seu, o Dodge Durango, um utilitário esportivo full size de de sete lugares. “Também fizemos uma história para o carro do Fernando, que pode ser acessada em nosso canal no YouTube”, diz Sorocaba. Agora que a dupla está devidamente motorizada, já podem se dedicar por completo ao próximo projeto: a gravação do novo DVD, que será realizada nos dias 7 e 8 de agosto, em São Paulo. “Será uma mistura de ilusionismo, interatividade e tecnologia, que proporciona sensações únicas a quem assiste”, adianta Sorocaba.
Pedro Bicudo
negócios A performance do motor é um dos diferenciais da Ram, segundo Sorocaba
pela Ram 2500, até mesmo, na visita dos internautas ao portal da empresa. “Fernando e Sorocaba têm muitos seguidores nas mídias sociais, que acabam nos fazendo também uma visita virtual. Além do mais, tanto a dupla quanto a marca estão em um momento de enorme sucesso. Eles têm sido um fenômeno na nova música sertaneja e a Ram teve em 2012 o melhor ano de vendas em sua história no Brasil”, comemora. Além dos cantores, a marca tem como embaixadores outras personalidades ligadas ao meio rural, como os locutores de rodeio Rafael Vilella e Almir Cambra, que reforçam a potência do automóvel. Como toda dupla gosta de ouvir a opinião do parceiro, Sorocaba res-
Forte como um touro A nova Ram 2500 teve todo o visual refeito e está mais ‘musculosa’ para aguentar qualquer tranco. Com motor Cummins turbodiesel de 6 cilindros em linha com 310 cv e 84,6 mkgf, vai poder rebocar mais de 5.500 kg, quando equipada com o kit de engate e reboque da Mopar, específico para esse tipo de carga. Além de toda a potência, a picape traz uma série de equipamentos refinados como ar-condicionado automático de dois quadrantes, bancos revestidos de couro e sistema de áudio MyGIG com tela sensível ao toque de 6,5”. A cabine – para seis pessoas – ficou bem mais espaçosa, especialmente no banco traseiro. No quesito segurança, mais de 20 itens estão à disposição dos passageiros. O conjunto de air bags, por exemplo, é formado por seis bolsas, abrangendo oito pontos de proteção. Há, ainda, controle eletrônico de estabilidade (ESC), freios ABS nas quatro rodas com distribuição da força de frenagem e o exclusivo sistema de freio-motor integrado “Diesel-exhaust-brake”. Essa função reduz as perdas na eficiência do freio, aumentando a confiança e a segurança durante o transporte de cargas pesadas em declives acentuados. De acordo com o gerente comercial da Chrysler Group, Luiz Tambor, a Ram 2500 é a única picape na categoria fullsize no Brasil e isso já a diferencia das demais. “Ela tem uma aura de autenticidade. O carro tem como público principal aquele voltado para o agribusiness. É a favorita dos cowboys e demais pessoas ligadas ao mundo dos rodeios. Para se ter uma ideia, realizamos uma pesquisa que demonstra que o sonho de consumo desse público é ter um touro campeão”, explica. Fabricada nos Estados Unidos e no México, somente em 2012 foram vendidas 1.700 unidades da Ram no Brasil e o ritmo de crescimento da marca está a toque de motor potente. “No ano passado, a Chrysler aumentou a linha no Brasil, passando a contar com cinco produtos. De 2011 até agora, passamos de 25 pontos de venda para 42 e a expectativa é que, ao final de 2013, alcancemos 50”, adianta Tambor. Ele explica que as lojas seguem o padrão do projeto Millenium, criado pela fábrica para firmar a nova identidade visual da marca, que conta com características arquitetônicas inspiradas no belo Chrysler Building, em New York.
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Aventura
Batendo recordes e vencendo desafios
Jeep comemora melhor resultado global em vendas, obtido em 2012, com viagem que reuniu luxo, beleza e aventura a bordo de um 4x4
Por Angelina Fontes
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fim de celebrar o melhor resultado global em vendas, obtido em 2012. A aventura foi realizada entre os dias 15 e 17 de maio, na cidade de Moab, em Utah, Estados Unidos, um dos lugares mais emblemáticos para fazer travessias a bordo de um 4x4. O jipe escolhido foi o Wrangler, que traz em seu DNA toda a carga
13 se encontram na América Latina. A região ultrapassassou as vendas em 18% em relação ao ano anterior. Para o gerente de Marketing e Comunicação da Chrysler na América Latina, Mario Arturo, tal crescimento foi resultado do esforço, compromisso e entusiasmo das equipes que atuam no mercado latino-americano. Ele destaca que entre os modelos mais procurados na região estão o Jeep Compass, o Grand Cherokee e o Wrangler. “Esta foi a primeira versão do Jeep Challenge, um sucesso absoluto. O evento foi criado como um programa de incentivo de vendas para os mercados latino-americanos, com o intuito de motivá-los a alcançarem suas metas de vendas. A região foi a campeã, contribuindo para que a marca Jeep batesse seus recordes mundiais”, afirma. Os países ganhadores do Jeep Challenge foram Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador,
Evento aconteceu na cidade de Moab, em Utah, Estados Unidos
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cenário: uma pequena cidade, com cerca de 5.000 habitantes. O meio de transporte: um jipe 4x4. O motivo: uma comemoração com espírito aventureiro. Esses foram os ingredientes básicos do Jeep Challenge, uma viagem que 25 distribuidores da marca Jeep na América Latina fizeram, a
histórica da marca, pioneira na fabricação desse estilo de veículo. Como reconhecimento pelas boas vendas, altos executivos da marca Jeep na América Latina foram convidados para a viagem, tendo como anfitriões o presidente da Chrysler no Brasil, Sérgio Ferreira, e o diretor de Exportação da Fiat/Chrysler na América Latina, Eduardo Mayoral. “O Jeep é um ícone automotivo global e, contando com uma excelente equipe de marketing e vendas, chegamos a um sucesso histórico na América Latina. Esperamos seguir com o bom trabalho em todos os países e continuar com os excelentes resultados em 2013”, ressalta Mayoral. No ano passado, a marca Jeep alcançou um recorde global de vendas de 701.624 unidades. Esses números produziram resultados extraordinários, uma vez que 20 países ao redor do mundo registraram seu melhor ano de vendas e, desses,
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Aventura A região escolhida para o evento é conhecida pelas várias opções de prática de esportes ao ar livre
O Jeep é um ícone automotivo global
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El Salvador, Honduras, Ilhas Virgens, Paraguai, Porto Rico, República Dominicana e Uruguai. Outros países que contribuíram para os resultados e marcaram presença no evento foram Barbados, Brasil, Perú e Venezuela. Liberdade e aventura se misturam ao espírito latino O local para a realização do Jeep Challenge não poderia ser mais perfei-
to. O epicentro das viagens de aventura pela região dos cânions é Moab, no estado norte americano de Utah. Localizada a 380 quilômetros da capital Salt Lake City, Moab é uma pequena cidade, encrustada em um estreito vale verde, cortado pelo rio Colorado. É próxima ao Parque Nacional Arches e ao Parque Nacional Canyolands. Conhecida pelas várias opções de prática de esportes ao ar livre, conta com intermináveis quilômetros de arenito colorido, chamados de ‘slickrock’ – do inglês pedra lisa – formações rochosas avermelhadas, esculpidas pelo tempo, e diversas trilhas off-road, o que ajudou a fazer de Moab um dos destinos mais famosos do país para entusiastas de veículos 4x4 ou ‘jeepers’, como são conhecidos por lá. Mario Arturo ressalta que a viagem foi planejada para ser uma experiência única para os participantes. “Ficamos hospedados em um luxuoso hotel chamado Sorrel River Ranch, cercado por essas incríveis rochas vermelhas e pelo rio Colorado. Um cenário muito bonito”, lembra. O Jeep Challenge começou com a cerimônia de premiação e um jantar de boas-vindas para os participantes. No dia seguinte, foi a hora de começar a caravana. “Para a trilha, contratamos uma empresa expert em rotas 4x4, a qual sempre utilizamos em eventos off-road da Chrysler Corporation. Eles
planejaram toda a nossa rota. No total, estávamos em 15 Jeeps Wranglers, sendo duas pessoas por veículo, cada um deles decorado com a bandeira do país de origem dos participantes”, explica Arturo. Eles pegaram a estrada, passando por Moab, e deram início à trilha com os jipes coloridos por uma região chamada Hell Revenge. Hora de trocar o modo de manejo dos Wranglers, reduzindo a pressão dos quatro pneus, alterando a tração de 4x2 para 4x4 e colocando na transmissão neutra. Assim, eles estavam prontos para conquistar as partes mais altas do trajeto. Diversão e nervos acionados. “Pelo nome da trilha, já podíamos imaginar o tipo de estrada que estava por vir. É uma enorme pedra, muito longa e elevada, um pouco assustadora no começo. Mas continuamos subindo, escalando as inclinadas rochas com os jipes, e os Wranglers superando todos os desafios. Dirigimos por esse tipo de percurso, com diferentes obstáculos por quatro horas, incluindo alguns momentos para descansarmos um pouco e admirarmos a vista maravilhosa. Isso sem contar com os vários momentos de diversão vivenciados, enquanto víamos a caravana adentrando nas rochas, escalando, passando por difíceis áreas, nas quais os Wranglers provaram a capacidade legendária de seus 4x4”, detalha.
Na sequência, eles foram para a última parte da trilha, seguindo em direção contrária às montanhas, rumo a um lugar chamado Castle Valley, onde pararam para almoçar e admirar a bela vista do vale e das montanhas encobertas por neve. “Mais uma vista de tirar o fôlego. O vale é circundado por formações rochosas vermelhas e, no meio, está localizado o rancho onde estávamos hospedados. De lá, voltamos para o hotel para um jantar de encerramento e, no dia seguinte, partimos de volta para nossos países. Foi uma experiência incrível e maravilhosa”, finaliza. Uma comemoração mais do que justa: ver o Jeep Wrangler, representante dos veículos 4x4, em seu habitat natural.
O Jeep Challenge foi uma viagem que reuniu 25 distribuidores da marca Jeep na América Latina
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Iveco inaugura fábrica de veículos de defesa Unidade instalada no Complexo Industrial da empresa, em Sete Lagoas, é responsável pela fabricação do blindado Guarani, desenvolvido em parceria com o Exército Brasileiro
Fotos Ignácio Costa
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A produção do Guarani demanda 2.500 horas de trabalho, uma média de três meses
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ma empresa capaz de entregar soluções de ponta em veículos especiais. Assim é a Iveco Latin American. Nesse cenário e com a experiência obtida, em sete décadas, na fabricação de veículos de defesa na Itália, a empresa inaugurou sua fábrica de blindados, instalada em seu Complexo Industrial, em Sete Lagoas (MG), em 13 de junho, e já tem muito trabalho pela frente. O primeiro contrato, fechado em 2008, é para produção do Guarani, em substituição ao Urutu, em parceria com o Exército Brasileiro. Diante das boas expectativas, a planta já nasce com potencial de expansão.
A unidade industrial de última geração, primeira do gênero instalada fora do continente europeu, demandou investimentos da ordem de R$ 55 milhões, mas a soma até o momento, incluindo os gastos no desenvolvimento das primeiras unidades, já supera R$ 100 milhões. Caso a demanda tenha alta, segundo o presidente mundial da Iveco Veículos de Defesa, Roberto Cibraro, a fábrica poderá receber recursos para ser ampliada. “Desde o começo do projeto, pensamos em uma planta adaptável à produção e uma expansão pode ocorrer futuramente”, destaca.
A fábrica está localizada em uma área de 30 mil metros quadrados – 18 mil de área construída. Operando em capacidade máxima, é capaz de produzir mais de 100 veículos blindados por ano, podendo chegar a 200, conforme a demanda. Além disso, gera cerca de 1.400 postos de trabalho indiretos e 350 diretos. “A inauguração da fábrica de veículos de defesa mostra a nossa confiança em Minas Gerais e no Brasil. A tecnologia apresentada por essa unidade é uma prova concreta de proteção ao país. Ainda mostra que temos um forte e consolidado know-how em todas as áreas de transporte. Estamos certos de que essa diversidade da linha Iveco faz toda a diferença no mercado”, ressalta Marco Mazzu, presidente da Fiat Industrial Latin American. Ele ainda destaca que, nos últimos sete anos, a Iveco investiu consideravelmente na sua expansão. A empresa destinou recursos na criação da uni-
dade produtiva de veículos pesados, bem como na inauguração do único Centro de Desenvolvimento de Produto da marca fora da Europa. Por fim, a Iveco renovou toda a sua linha de veículos comerciais, lançando a família Ecoline, com caminhões mais eficientes, econômicos e com baixos custos operacionais.
Na primeira foto, Marco Mazzu discursa em solenidade de inauguração da fábrica. Já acima, imagem interna do Guarani
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Marco Mazzu, presidente da Fiat Industrial Latin American
O blindado Guarani após o acabamento final
No caso dos veículos de defesa, inicialmente, a ideia é que a produção atenda o Exército Brasileiro. A exportação, entretanto, já faz parte dos planos da empresa. O diretor da divisão de veículos especiais da Fiat Industrial, Paolo del Noce, revela que países como Argentina, Chile, Colômbia e Angola se mostraram interessadas no Guarani. As negociações, no entanto, só terão início após a adoção do veículo pelo Exército, o que deverá ocorrer no terceiro trimestre deste ano. Tecnologia a serviço da defesa Com índice de nacionalização de 60%, incluindo trem de força e chassi, o veículo tem peso bruto total de 18 toneladas, tração 6x6 e é impulsionado pelo motor diesel Cursor 9, da FPT Industrial, com 383 cv de potência
O processo produtivo do Guarani A Iveco pensou em cada detalhe do processo de fabricação do Guarani, que é extremamente minucioso e une tecnologia a acompanhamentos artesanais de montagem, o que inclui técnicas específicas com a transformação do aço balístico – hoje exportado da Alemanha. Esse material tem forte resistência, o que resulta em segurança e proteção aos ocupantes. Ainda tem alta capacidade de deformação, o que torna o processo de soldagem desafiador e exige treinamento dos profissionais na fabricação. Essa capacitação da equipe de funcionários envolvida diretamente no processo foi uma das prioridades da empresa. Durante seis meses, os soldadores receberam preparação completa na unidade de veículos de defesa de Vittorio Veneto, no norte da Itália. Para completar, a Iveco garantiu condições ideais de trabalho na fábrica brasileira. A unidade industrial conta com paredes acústicas, o que evita a propagação de ruídos, e também com elevadores para suspender o blindado para a realização de trabalhos em posições ergonômicas em partes inferiores do veículo. A Mundo Fiat teve acesso à produção do Guarani, que requer 2.500 horas de trabalho, uma média de três meses, em média, para finalizar todo o processo de fabricação, montagem e acabamento. Veja abaixo como é o processo. 1) Funilaria Uma das partes mais importantes do processo de produção do Guarani é a funilaria, dividida em duas fases. Na primeira, 16 boxes soldam as chapas de aço balístico para formação de subgrupos. Na sequência, esses subgrupos são unidos para formação da carcaça do veículo (scafo). Essa parte do processo de fabricação demanda 1480 horas. 2) Liner Feita a carcaça, ela recebe aplicação de liner, material específico capaz de absorver impactos externos e evitar que fragmentos de projéteis perfurem a parte interna dos veículos. O processo requer 60 horas de trabalho. 3) Pintura A pintura é realizada em cabines/forno onde acontece a aplicação manual da tinta de fundo e esmalte, seguido de secagem em forno a uma temperatura de 80º C. Demanda 100 horas de atuação. 4) Montagem Após a pintura, é chegada a hora de a carcaça seguir para a linha de montagem, onde recebe chassi, suspensão, componentes interno/externo e motor, que possui 383 cv e transmissão automática. Essa parte do processo produtivo requer 390 horas de trabalho. 5) Teste Devidamente montado, o veículo é submetido a inúmeros testes de qualidade, estáticos (interno) e dinâmicos (pista) na parte externa da fábrica, que avaliam os sistemas elétricos, hidráulicos, eletrônicos, assim como funcionamento de freios e hélices. São feitas ainda provas de rodagem em circuitos específicos, que incluem subida de rampa a 60%, percurso inclinado em 30%, superação de obstáculos com 50 centímetros de altura e travessia de trecho aquático. Os testes são realizados em 190 horas. 6) Acabamento final Depois dos testes, o Guarani volta à fábrica e é submetido à lavagem. Após limpo, recebe equipamentos como bancos e cintos de segurança, além da aplicação manual da camuflagem com uma nova secagem em forno de 80º C. O trabalho totaliza 110 horas.
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New Holland também atende o Exército Brasileiro
Paolo del Noce, diretor da divisão de veículos especiais da Fiat Industrial
máxima. O Guarani conta, ainda, com transmissão automática e capacidade anfíbia. As dimensões básicas do blindado são 6,91 metros de comprimento, 2,7 metros de largura e 2,34 metros de altura, o que o permite ser transportado pela aeronave KC-390, da Embraer. O veículo é dotado de tecnologia de ponta, incluindo itens como sistema automático de detecção e extinção de incêndio com oito extintores,
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Há 25 anos, os equipamentos da New Holland contribuem para o trabalho do Exército Brasileiro. Estima-se, que de todas as suas máquinas em operação, mais de um quarto sejam da marca. Durante a inauguração da fábrica de veículos de defesa da Iveco, a New Holland Construction mostrou um dos equipamentos que atende o Exército, a carregadeira W130. A New Holland Agriculture também atende a tropa brasileira. Em junho deste ano, foi iniciada a entrega de 30 tratores TM 7010 de 141 cv. Os tratores serão utilizados para transporte e construção de estradas. Para a entrega, foi realizada uma pintura camuflada personalizada nos equipamentos. Dentro de 12 meses, as máquinas estarão trabalhando em diversos estados, como Pará, Amazonas, Rondônia, Acre, Rio Grande do Norte, Bahia e Piauí.
Carregadeira W130, da New Holland Construction
capacidade de operação noturna de série, posicionamento global por satélite (GPS), ar-condicionado e elevadas proteção balísticae antiminas, além de contar com excelente ergonomia. No Brasil, o contrato com o Exército é para a produção de 86 unidades para experimentação doutrinária do Guarani, que tem o objetivo de substituir a frota atual de blindados de transporte de tropas do Exército, basicamente formada por modelos tipo EE-11 Urutu. Os primeiros veículos foram produzidos e entregues ainda no final de 2012. O novo veículo também será a plataforma-base de uma família de blindados médios de rodas que poderá ter até mais dez versões diferentes, incluindo veículos de reconhecimento, socorro, posto de comando, comunicações, oficina e ambulância. O surgimento dos veículos de defesa A história da Iveco com os veículos de defesa teve início há mais de 75 anos. Foi em 1937, na cidade de Bolzano, na Itália, que começou a operar a divisão de veículos especiais da Lan-
cia – empresa que, em 1975, se uniria a outras quatro corporações europeias para dar nascimento à Iveco. O nome veículos de defesa foi adotado em virtude da principal característica dos produtos desenvolvidos por essa divisão: funcionar como uma verdadeira cápsula de defesa e proteção, com mecanismos capazes de garantir a integridade física e segurança dos ocupantes. A gama de veículos está basicamente dividida em três linhas: blindados, caminhões e veículos multifuncionais. Muitos são derivações da frota já existente da Iveco, como o Daily e Trakker, contando com inovações e modificações – a exemplo de cabines blindadas – que os tornam aptos a cumprir o papel a que se destinam. Com os multifuncionais, o destaque fica para o LMV, um versátil jipe aprovado por diversos países para uso em campanhas e missões de paz. O veículo já teve mais de 4.000 unidades comercializadas na Europa, em contratos com Itália, Reino Unido, Bélgica, Áustria, Espanha, Noruega, Rússia, República Tcheca, Eslovênia e Croácia.
Carcaça do Guarani na linha de montagem
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Muito trabalho nos bastidores Para oferecer caminhões de alto desempenho e que atendam às normas ambientais, a Iveco conta com uma grande equipe e parceiros competentes
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o ver um novo caminhão Iveco rodando nas estradas, ninguém imagina o trabalho desempenhado para que o veículo supere as expectativas do seu dono.
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Para oferecer uma frota moderna e preparada, que atenda as normas ambientais, bem como cumprir as exigências da fase P7 do Programa de Controle de Poluição do Ar por Veícu-
los Automotores (Proncove), é preciso um longo planejamento. Desde os detalhes do design até o desempenho do motor, tudo é milimetricamente calculado pelas equipes da Iveco Latin America e empresas parceiras – como a FPT Industrial e a ZF do Brasil – nos bastidores. Os veículos comerciais da Iveco, segundo Marcello Motta, diretor de Produtos Caminhão e Ônibus da empresa, podem ser considerados um dos mais resistentes do mundo, pois circulam diariamente em regiões diversas do planeta – das temperaturas abaixo de zero da Europa e Rússia, às temperaturas elevadas e péssimas condições de pavimentação da América Latina, Oriente Médio e África. “Especificamente para o mercado brasileiro, devido às condições de operação nas principais aplicações locais, o nível de esforço sobre um determinado componente do chassi ou suspensão pode chegar até 20 vezes mais do que o verificado em produtos europeus”, afirma. Cada projeto da empresa tem uma duração específica, relativa aos novos componentes a serem desenvolvidos, o que pode demandar de seis meses a 36 meses dependendo da complexidade. “O Stralis Ecoline, por exemplo, até ser lançado no mercado latino-americano, consumiu cerca de dois anos de desenvolvimento, um milhão de horas/homem de trabalho, algumas dezenas de protótipos de testes e cerca de cinco milhões de quilômetros acumulados”. A Iveco ainda investe em novas tecnologias para que, além de conforto, o proprietário do veículo tenha baixo custo operacional. De acordo com Motta, o caminhão é uma ferramenta de trabalho que precisa gerar uma despesa acessível, excelente desempenho e elevada confiabilidade/ disponibilidade. Para que esses pilares do produto sejam superados, a cada lançamento de um novo mode-
lo, os investimentos em novas tecnologias são fundamentais. Ele, ainda, ressalta que uma soma expressiva de recursos é investida, anualmente, no desenvolvimento de motores menos poluentes, mais eficientes - que consumam menos combustível por quilômetro rodado – e que tenham um intervalo de manutenção programada estendido. Geração Ecoline, um passo importante Ao renovar completamente toda a linha da marca, a Iveco criou a Família Ecoline. Desde o início, a gama de veículos foi planejada para ser mais um grande salto da empresa e dos seus produtos. “Introduzimos novos modelos e excedemos a questão de atendimento às novas emissões de poluentes. Definimos que precisávamos ir além, e buscamos desenvolver produtos que fossem uma das melhores opções para o operador”, ressalta Marcello Motta. Durante o processo de produção dos veículos, a Iveco tem alguns desafios, como sempre obter um produto econômico e potente, que não fuja das restrições legais. Tudo isso, a empresa alcançou nos caminhões da Geração Ecoline. As motorizações obedecem as normas de emissão do Proconve 7 e os caminhões ficaram mais potentes em relação às gerações anteriores. “O Stralis, por exemplo, agora, oferece um leque de potência de 330 cv a 480 cv. Com a chegada, em breve, do novo Stralis Hi-Way, teremos uma das versões mais potentes do segmento, com 560 cv de potência e 2.500 Nm de torque”, revela. No caso do Stralis, a partir do trabalho desenvolvido pela engenharia da Iveco, foram criados novos sistemas de engate de marchas (H sobreposto e sistemas a cabo), assim como nova cabine, interiores mais modernos e confortáveis, com menos ruído e um novo padrão de tecidos.
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Negócios A primeira foto é do motor FPT Cursor 13. Em seguida, o câmbio automatizado AS-Tronic, da ZF
Novidades também foram encontradas nos painéis de instrumentos, suspensões (incluindo versões pneumáticas), medidas de entre-eixos e opcionais (como o Frota Fácil, moderno e inovador Sistema de Gestão e Rastreamento de Frota com plataforma aberta). O projeto do Stralis, segundo ele, foi orientado para o segmento dos cavalos mecânicos extrapesados, em que potência e torque devem sempre estar disponíveis nas horas certas, com muita economia e capaz de atender os grandes transportadores na gama mais alta do mercado e também facilitar a entrada dos pequenos frotistas e autônomos. otência e tecnologia P nos motores FPT Uma nova linha de veículos merece um motor ainda melhor. A FPT
Industrial, além de atender as exigências da legislação ambiental Proncove P-7, entregou à linha Ecoline um motor mais potente e econômico. Para alcançar o objetivo, segundo Helton Lage, diretor de Engenharia de Produtos da empresa, foi preciso focar na otimização de combustão do motor e no sistema de pós-tratamento, buscando o máximo em desempenho e redução do consumo de combustível aliado às novas exigências de emissões de poluentes. A FPT utilizou a tecnologia SCR, para as linhas Cursor, e NEF e a tecnologia de EGR na linha F1, o que atendeu a todos os veículos pesados, médios e leves da Iveco. Vale ressaltar, ainda, que os motores foram adaptados às condições de uso no Brasil e na América Latina. No caso do novo Stralis, foram criados novos motores de 9 e 13 litros com cinco versões (330, 360, 400, 440 e 480 cv), que colocaram o veículo em todos os segmentos pesados e extrapesados. “Foram precisas milhares de horas e quilômetros de rodagem de veículos e motores para de garantir os objetivos finais do desenvolvimento e excelência do produto ao cliente final”, afirma Lage. Ele destaca que, para garantir a excelência em motores, a FPT investe, constantemente, em pesquisa no campo de novas tecnologias e componentes, como também adequações de produtos às realidades e diversidades dos mercados locais. Em ambos os casos, o trabalho é realizado em conjunto com fornecedores e com constante feedback dos clientes por meio da rede assistencial. Eficiência garantida com as transmissões ZF Os engenheiros da Iveco trabalharam em conjunto com os profissionais da fornecedora ZF do Brasil para desenvolver o câmbio automatizado AS-Tronic, produto que já se
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consolidou com uma opção buscada por grandes frotistas. “A parceira entre as duas empresas começou ainda em 2008. Depois de estudar os diferentes cenários e analisar os desafios, iniciamos o ano de 2010 com o desenvolvimento e adaptação do projeto europeu da transmissão para o primeiro Stralis com motor, ainda, Euro 3, de 460 cv de potência, lançado em abril de 2011 e que resultou no fornecimento de 2.500 unidades da caixa de câmbio”, lembra Thomas Schmidt, diretor da Unidade de Negócios de Transmissões para Caminhão da empresa. Atualmente, a transmissão automatizada ZF AS-Tronic equipa as versões do pesado Stralis com motores de potências entre 360 e 480 cavalos, além do veículo off-road Trakker, em suas versões com motores de 440 e 480 cv. Como resultado do trabalho
conjunto entre ZF e Iveco, o caminhão recebeu uma nova arquitetura eletrônica, os freios ABS foram introduzidos como itens de série e foi adotada a transmissão de 16 velocidades, diferentemente do que é empregado na Europa (transmissão de 12 velocidades). O Grupo ZF, na América do Sul, tem laços estreitos com o Grupo Fiat, há muitos anos. A Unidade de Negócios de Transmissões para Caminhão da ZF do Brasil é parceira da Iveco desde antes mesmo da instalação da fábrica em Sete Lagoas, com fornecimento de transmissões para os caminhões pesados produzidos pela Iveco em Córdoba (Argentina). Assim como a ZF, a Iveco conta com o trabalho da FPT para que os próximos lançamentos da marca continuem sendo exemplo de desempenho e alta tecnologia.
A engenharia da Iveco planejou cada detalhe do Stralis, que faz parte da família Ecoline
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CNH inaugura
fábrica na Argentina Empresa investiu mais de US$ 130 milhões para construir as suas novas instalações destinadas à fabricação de máquinas agrícolas
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A unidade industrial recéminaugurada já é considerada a mais moderna do mundo
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Case New Holland inaugurou no final de maio sua nova unidade de produção de tratores, colheitadeiras e motores diesel, com tecnologia de ponta para suprir o mercado argentino e exportar para outros países da América Latina. A planta foi construída no complexo industrial, na localidade de Ferreyra, Córdoba – a 900 quilômetros de Buenos Aires. A solenidade de inauguração contou com a presença da presidente da Argentina, Cristina Fernandez de Kirchner, e do presidente da Fiat Industrial, Sergio Marchionne. Empresas do Grupo Fiat já estão instaladas na Argentina desde 1954, com grande aceitação no mercado. Além disso, a produção agrícola no país, que atualmente é de cerca de 100 milhões de toneladas por ano, pode ser elevada exponencialmente. Daí a escolha de Córdoba para receber investimentos da ordem de US$130 milhões, aportados desde
2011, quando a construção da planta teve início. A unidade industrial recém-inaugurada já é considerada a mais moderna do mundo. Vale ressaltar que não foi realizada uma reforma ou ampliação da planta da CNH, mas iniciado um processo de desenvolvimento e construção de uma nova planta que reunisse o que há de melhor em tecnologias mais eficientes. “A construção dessa fábrica é o sinal mais evidente da nossa confiança no papel relevante que consideramos que esse país ocupa como produtor agrícola em escala mundial”, declarou Sergio Marchionne. Ele ainda ressaltou: “Nos comprometemos a construir esse complexo industrial há apenas dois anos e hoje já podemos ver a produção de equipamentos de alta tecnologia, que dão respaldo a produção agrícola argentina e constituem uma base de exportação para outros mercados internacionais”.
O complexo, com 210.000 metros quadrados de área total, apresenta recursos avançados de produção, tais como sistemas de pintura baseados em nanotecnologia e robôs automatizados para soldagem. O projeto arquitetônico da instalação seguiu princípios de construção ambiental, com a finalidade de reduzir o consumo de energia e proteger o meio ambiente. A planta foi projetada para se expandir, caso o mercado assim demande. Atualmente, a capacidade instalada é de até 2.000 colheitadeiras, 4.000 tratores e 50.000 motores por ano, o que acontecerá de forma gradativa. Para 2013, está prevista produção de cerca de 1.000 tratores e mais de 250 colheitadeiras. A ideia é fabricar equipamentos de classe mundial, como os quatro modelos de colheitadeiras a rotor de 380-480 hp, vários modelos de tratores que apresentam de 190 hp à 250 hp, tratores especiais de 65 hp à 85 hp, e motores de 55 hp à 530 hp caracterizados por sua alta tecnologia, baixo consumo de energia e impacto ambiental reduzido. Apesar de grande parte da produção desses equipamentos serem direcionados ao mercado argentino, há uma margem significativa de unidades que será exportada. Pela proximidade, a comercialização poderá acontecer com os países latino-americanos, o que inclui o Brasil. Outro detalhe importante está no layout da fábrica e da organização da rotina de trabalho, desenvolvidos considerando conceitos ergonômicos ideais para os operadores, assim como a saúde e segurança de todos os trabalhadores. A nova fábrica vai gerar até 600 empregos diretos e 1.500 indiretos, além dos 800 postos de trabalho já existentes nas redes de concessionárias da Case IH e New Holland na Argentina. “Os agricultores latino-americanos são alguns dos clientes mais exigen-
tes e criteriosos quanto a equipamentos agrícolas, principalmente pelo fato de empenharem-se para competir em produtividade e rendimento no mercado global. As máquinas e a tecnologia empregadas em nossas novas instalações argentinas são um reconhecimento dessas realidades”, afirmou Richard Tobin, Diretor-Chefe de Operações da Fiat Industrial mundial.
Atualmente, a capacidade instalada da planta é de até 2.000 colheitadeiras, 4.000 tratores e 50.000 motores por ano
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Case IH
revoluciona mercado Empresa inova ao lançar a A8800 Multi Row, colhedora de cana de açúcar de espaçamento variável, que possui exclusivo sistema de divisores de linha
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O equipamento foi premiado com o Troféu Ouro do Prêmio Gerdau Melhores da Terra
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liar tecnologia aos canaviais pode contribuir para melhores safras, com maior produtividade e menor custo operacional. De olho nas necessidades do setor sucroenergético, a Case IH inovou mais uma vez e revolucionou o mercado de cana de açúcar ao lançar a colhedora A8800 Multi Row. Versátil, o equipamento possui um exclusivo e patenteado sistema de divisores de linha, que tem como característica a flexibilidade de atender a colheita em diferentes espaçamentos e pode ser ajustado de acordo as necessidades do produtor.
Uma das inovações da Multi Row é o revolucionário sistema de ajuste de cortes independentes, regulando as alturas de corte de forma conjugada para seguir as irregularidades do microrrelevo, minimizando as perdas. A colhedora recebeu, na parte frontal da máquina, dois discos de corte, um em cada divisor de linha, o que evita o tombamento da cana antes do corte além dos danos às soqueiras, garantindo a longevidade dos canaviais, baixas taxas de impureza mineral e perdas reduzidas.
Esse sistema pode ser configurado para trabalhar em canaviais de espaçamentos reduzidos, combinados ou para colher linhas adjacentes de 1,5 metro, totalizando 3 metros de largura de corte mecanizado. “Com isso, a colhedora atende mais de 90% dos espaçamentos que temos no Brasil. Ao colher com espaçamentos diferenciados e em duas linhas, já obtivemos a economia de até 40% no consumo de combustível (litros/tonelada colhida), com relação a A8000 single row, além da redução na compactação do solo”, ressalta Fábio Balaban, especialista de marketing para colhedoras de cana da Case IH para América Latina. A colhedora é 100% produzida na fábrica da Case IH, em Piracicaba (SP). Para este ano, foi prevista a comercialização limitada de 50 unidades e todas já foram vendidas. Em janeiro de 2014, novos negócios poderão ser feitos e os demais produtores serão atendidos. “Esse equipamento tem grande credibilidade no mercado e a demanda foi significativa”, avalia Balaban. otores Case IH FPT (Fiat M Powertrain Tecnologies) As colhedoras de cana da série A8800 Multi Row utilizam motor Tier III, com potência nominal /máxima de 358 cv. Os componentes do motor sofreram adição de elementos químicos, gerando maior resistência e durabilidade, garantindo mais robustez e vida útil do mesmo. Todas as colhedoras vêm de fábrica com o Smart Cruise, um software especialmente desenvolvido pela Case IH, que melhora o consumo de combustível das colhedoras, em situações em que a demanda de carga é menor. O software tem o objetivo de ajustar automaticamente a rotação de trabalho da colhedora, com base na carga que está sendo exigida pela operação, possibilitando a redução no consumo. O sistema também controla o consumo, em situações de ociosidade
da máquina, como o especialista de produto esclarece: “Caso a colhedora fique parada por mais de 15 segundos, em rotação de trabalho, o Smart Cruise reduz de forma automática a rotação do motor, contribuindo para a economia de combustível”, afirma Fábio Balaban.
Fábio Balaban, especialista de marketing para colhedoras de cana da Case IH para América Latina
roféu Ouro no Prêmio T Gerdau Melhores da Terra A colhedora A8800 Multi Row foi apresentada ao mercado durante a Agrishow 2013, em Ribeirão Preto (SP). Na feira, o equipamento foi premiado com o Troféu Ouro do Prêmio Gerdau Melhores da Terra, na categoria Novidades. A premiação, tradicional no ramo de máquinas e implementos agrícolas, é a maior da América do Sul e aponta os destaques entre os mais modernos e eficientes do setor. Para Fábio Balaban, ganhar o prêmio nessa categoria mostra que a empresa está no caminho certo e tem um produto coerente às necessidades do mercado. Já segundo o diretor de marketing da Case IH, Rafael Miotto, o prêmio simboliza um primeiro reconhecimento de uma tecnologia que promete revolucionar o setor sucroenergético. Ele ressalta a importância do prêmio para a Case IH: “vencer o prêmio Gerdau Melhores da Terra só vem reforçar que estamos no caminho certo, gerando soluções eficientes e inovadoras no setor de mecanização agrícola”, finaliza.
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Agronegócio
New Holland e Iveco
na Superagro 2013
Empresas da Fiat Industrial apresentaram as novidades em equipamentos de construção, máquinas agrícolas e caminhões, na nona edição consecutiva da feira em Belo Horizonte
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Fotos divulgação
New Holland Construction e Iveco estiveram juntas em um único estande
s lançamentos da New Holland e Iveco, marcas da Fiat Industrial, foram apresentados na Superagro Minas 2013, realizada entre os dias 29 de maio a 9 de junho, em Belo Horizonte. As empresas estiveram juntas mais uma vez, ocupando as áreas do Expominas e também do Pavilhão da Gameleira. As marcas apresentaram as novidades em equipamentos de construção, máquinas agrícolas e caminhões. A feira, que está em sua nona edição consecutiva, foi um momento de ter acesso às novidades do campo e do agronegócio.
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A New Holland Construction mostrou ao público a minicarregadeira L225, a escavadeira E175C e retroescavadeira B95B. Essa última, por exemplo, pode abrir valas e realizar obras no campo. Já as minicarregadeiras são capazes de executar, literalmente, dezenas de atividades em uma propriedade agrícola, de movimentação de silos e fenos à limpeza de currais. Os produtores, ainda, tiveram acesso às máquinas da New Holland Agriculture. Dentre elas, o Rustler, veículo utilitário da marca que se destaca pela sua estrutura de proteção de rolagem e suspensão. O equipamento possui motor de três cilindros para a versão diesel (potência de 20cv), dois cilindros para a versão gasolina (potência 23cv) e baixo consumo de combustível. A transmissão CVT (Variação Continua de Velocidade, sem marchas) garante o conforto total na operação e também tem uma vedação especial, associados aos pneus lameiros, para resistir tanto na água quanto na lama. Durante a Superagro também foi apresentada a linha de tratores TL com um upgrade: novo design e, futuramente, novos itens de série. A linha TL é reconhecida por ser a melhor linha de tratores da marca. Foi criada para atender os grandes produtores de grãos e a pecuária, mas também é usada na citricultura e na agricultura familiar. Os tratores possuem baixo consumo de combustível, facilidade de manutenção, tecnologia acessível, rendimento operacional e sistema
hidráulico de grande capacidade. Dentro da linha de produtos que a New Holland traz em seu portfólio, o trator modelo 7630, que compõe a Série 30, une o que existe em produtividade, versatilidade e baixo custo operacional em qualquer tipo de terreno. O motor da máquina possui tanque de combustível de 170 litros, quatro cilindros e maior reserva de torque e torque máximo. Além disso, o 7630 de 106 cv tem eixos que facilitam nos trabalhos mais pesados, como eixo dianteiro Classe II Heavy Duty e bloqueio e desbloqueio do eixo traseiro. A transmissão Dual Power da Série 30 proporciona melhor desempenho e mais produtividade. Com transmissão mecânica para pegar pesado no campo, a New Holland conta também com a linha de tratores TM nas versões Exitus e Plataformado. Com um sistema hidráulico dotado de bomba de alta vazão e embreagem hidráulica, o modelo TM7010 com 141cv é adequado para operações precisas e respostas rápidas.
Um dos equipamentos apresentados pela New Holland foi a escavadeira E175C
Iveco mostra suas novas gerações do Tector e Daily As novidades da Iveco Latin American também foram apresentadas durante a Superagro 2013. O Tector, nova geração de semipesados da marca, mostrou seu amplo conceito de versatilidade. Com 41 configurações possíveis, há um Iveco Tector para cada tipo de aplicação nesse que é o maior segmento do mercado brasileiro de caminhões (35% dos veículos vendidos no país). Uma das novidades da Iveco foi a divisão da linha em duas versões de acabamento: o Tector e o Tector Attack, sendo essa última uma opção para clientes que priorizam o menor preço de aquisição. Ambos os modelos chegam com dois anos de garantia, sendo um ano total e mais um ano para o powertrain. Ao lado do Tector, a Iveco apresentou, ainda, a nova gama Daily, a bem-sucedida linha de caminhões leves de 3,5 a 7 toneladas. No Brasil, foram 60 mil unidades comercializadas até hoje e 70 mil na América Latina. O Iveco Daily traz novo interior (painel, bancos e revestimentos) que o torna o mais confortável e elegante veículo de seu segmento. Os motores Iveco FPT F1C Dual Stage, com moderna tecnologia EGR (que dispensa o uso do agente Arla 32), vão de 147 (versão 35S14) a 170 cv (demais versões) e são os mais potentes do segmento, uma tradição Daily. A transmissão é agora de 6 marchas, com alavanca de mudanças no painel. Com o novo conjunto motor-transmissão, a nova geração Iveco Daily é até 9% mais econômica que a geração anterior, que já era referência nesse quesito.
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Certificação
Fiat Powertrain
conquista certificação Após três anos de muito trabalho, fábrica de motores de Campo Largo (PR) alcança pontuação necessária e é certificada na categoria bronze do WCM
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Unidade industrial da Fiat Powertrain, em Campo Largo
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ara aplicar as mais modernas técnicas e métodos de manufatura de classe mundial, com o objetivo de alcançar altos índices de qualidade e produtividade, a Fiat Powertrain, unidade Campo Largo (PR), adota o modelo de gestão World Class Manufacturing (WCM). Para que haja sustentabilidade em todos os processos, a empresa conta com o envolvimento dos empregados e tem conseguido resultados favoráveis: a planta acaba de conquistar a certificação na categoria bronze do WCM e já se planeja para buscar a prata. “Começamos o processo para obter a certificação bronze, em 2010. Na primeira auditoria, ficamos com 44 pontos. Em 2012, chegamos a 49 pontos, após trabalho forte, com cria-
ção de projetos para elevar a produtividade, reduzir as perdas e aumentar a qualidade dos produtos. Já na auditoria deste ano, realizada de 4 a 6 de junho, após três anos de muito empenho, alcançamos os 51 pontos, patamar necessário para obtenção do bronze”, explica Joni Fischer, responsável pelo WCM na planta de Campo Largo. Segundo ele, ao longo desse tempo, muitos projetos foram criados, sempre com foco nos pontos críticos. “Trabalhamos muito o Workplace Organization (WO), que é a organização do posto de trabalho, juntamente com a Logística, o que contribuiu para elevar a produtividade da fábrica”, afirma. Para ele, um dos pontos de destaque nessa vitória foi a participação dos empregados, fator que garantiu o ótimo resultado do pilar de Desenvolvimento de Pessoas. O WCM reúne dez pilares técnicos: Segurança, Desdobramento de Custos, Melhoria Focada, Atividades Autônomas, Manutenção Profissional, Controle da Qualidade, Logística e Atendimento ao Cliente, Gestão Preventiva de Equipamentos, Desenvolvimento de Pessoas e Meio Ambiente. Para conquistar o bronze, a planta focou em todos os pilares. O primeiro foi a Segurança. Conforme Fischer, a empresa está há mais de 700 dias sem acidentes com afastamento. “Isso se deve a melhorias na fábri-
ca, uso constante de Equipamentos de Proteção Individual (EPI) e mais consciência das pessoas, o que reduziu os riscos”. No ano passado, a empresa também registrou ganhos na produtividade, sobretudo das linhas de usinagem. Os pilares do WCM, como Manutenção Autônoma, Manutenção Profissional e Melhoria Focada, contribuíram com importantes projetos para o resultado. Segundo ele, houve redução das quebras de máquinas, o que acontecia com alta frequência e diminuía a produtividade. A conquista da certificação bronze, para Fischer, mostra que a planta tem um bom nível de conhecimento da metodologia e está pronta para expandir as melhorias para toda a fábrica. “O processo foi árduo, porque tivemos que mostrar melhoria concreta dos resultados, por meio do uso da metodologia adequada. Com o envolvimento e a participação que nossa equipe tem demonstrado, tenho certeza de que continuaremos melhorando nossos processos de maneira sustentável. Agora, é continuar trabalhando para chegar aos 60 pontos, patamar suficiente para alcançar a certificação prata. A ideia é que isso aconteça no final de 2014”, estima.
Metodologia eficiente Para adotar o modelo de gestão WCM, a Fiat Powertrain precisou seguir uma série de diretrizes que envolvem normas de padronização de produtos, de relação com fornecedores, de disposição de materiais na fábrica e métodos científicos para executar melhorias. De acordo com o plant manager, Edson Strapasson, a metodologia é aplicada tanto em projetos pequenos quanto em projetos de grande porte, e exigem não somente o conhecimento, como também uma mudança de cultura das pessoas. “Os empregados passaram a identificar as perdas e ter mais consciência do que pode ser feito para obtermos resultados positivos. Para que a certificação bronze se sustente, é preciso contar com envolvimento das pessoas. A certificação é um marco na história da planta e a continuidade das atividades determina o rumo a ser seguido em busca de processos cada vez melhores, que nos conduzirão à certificação prata”. Para ele, a conquista reflete positivamente no mercado e na credibilidade da empresa. “A nossa meta é melhorar continuamente a competitividade e a qualidade dos nossos produtos, a fim de obtermos o reconhecimento do mercado, como vem acontecendo por diversos anos sucessivos”.
Após tanto envolvimento, colaboradores da empresa comemoram vitória
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Agora, a empresa do Grupo Fiat passa a oferecer um novo produto ao mercado voltado para a segurança no trabalho
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evar soluções inteligentes e inovadoras aos clientes. Esse é um dos objetivos da Comau, que fechou, recentemente, uma parceria com a Pilz – especialista mundial em automação segura e avaliação de riscos em máquinas e equipamentos. Essa parceria visa à prestação de consultoria e de serviços que atendam as determinações da NR12 – Norma Regulamentadora do Ministério do Trabalho e Emprego que trata da Segurança no Trabalho em Máquinas e Equipamentos . De acordo com o Superintendente da Comau para América Latina, Gerardo Bovone, nos últimos três anos, o mercado se atentou para a necessidade de cumprir as leis em vigor, sobretudo as determinações da NR12. “Resolvemos seguir essa tendência, unindo a nossa expertise em manutenção industrial, gestão de ativos e automação com a experiência da Pilz no segmento de segurança de máquinas para desenvolver soluções que podem ser flexibilizadas e adquiridas de acordo com o perfil do cliente”, ressalta. O trabalho pode ser desenvolvido em cinco etapas, segundo explica o gerente de Engenharia do Produto da Comau, Marcelo Leite. A primeira fase é a Avaliação de Risco, que tem como característica o controle de máquinas em conformidade com as normas de
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segurança vigentes. Nessa etapa também são realizadas avaliações minuciosas sobre os perigos existentes quanto ao uso dos equipamentos. A segunda fase é o Conceituação de Segurança, que é a elaboração de soluções técnicas detalhadas, que garantem a segurança de equipamentos e de instalações por meio das mais eficazes medidas mecânicas, eletrotécnicas e organizacionais. Já a terceira é chamada de Design de Segurança, e é nesta etapa que ocorre a elaboração do projeto. Seu desenvolvimento leva em consideração o diagnóstico realizado nas fases anteriores. Na quarta fase, também conhecida por Integração de Sistema, acontece a implantação do projeto. A última etapa do trabalho é a Validação, momento de suma importância em que, após a finalização de todos os processos, existe a certificação da máquina. Isso é feito por profissionais legalmente habilitados pelo Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea), que irão formalizar a validação dos serviços de adequação à NR12. Esse documento é a Anotação de Responsabilidade Técnica (ART). De acordo com Fabiana Siqueira, Responsável de Segurança do Trabalho da Comau, acidentes de trabalho no Brasil geram gastos de R$ 14 bilhões por ano para o governo e em-
de e a responsabilidade nos serviços oferecidos. “Esses são os nossos diferenciais”, afirma. Ao oferecer essas soluções ao mercado, a Comau também eleva a sua competitividade. “Empresas que não percebem a mudança de cenário e não estão, constantemente, em busca de inovações estão fadadas ao fracasso. A Comau criou o setor de Engenharia de Produto para perceber o mercado e desenvolver soluções que se transformem em referências”, conclui. Os serviços prestados para a modernização das máquinas podem ser financiados por meio do Programa BNDES Finame de Modernização de Máquinas e Equipamentos Instalados no País (BNDES Finame-Moderniza BK).
Gerardo Bovone, Superintendente da Comau para América Latina
Divulgação
Negócios
Comau fecha parceria com a Pilz
presas. “Identificando os perigos das máquinas e equipamentos, do ponto de vista de interação homem x máquina, e oferecendo equipamentos adequados aos empregados, estaremos trabalhando na causa raiz, para manter a segurança e saúde dos colaboradores, diminuindo assim o número de acidentes”, destaca. Para Bovone, são várias as vantagens desse novo produto: o cliente encontra tudo o que precisa em uma só parceria; a metodologia e a emissão de documentações que são acreditados conforme padrões internacionais; prestação de assessoria em auditorias para fiscalizações do Ministério do Trabalho; emissões de laudos com referências técnicas da norma, além da agilidade, qualida-
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Responsabilidade Social
Minas pela paz portas abertas para o recomeço Programa Regresso, uma das linhas mais importantes de atuação do Instituto Minas Pela Paz (IMPP), transforma em realidade o desejo dos egressos do sistema prisional de retornar ao mercado de trabalho Por Bernardino Furtado
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Ferreira, de 45 anos. Trata-se do tempo de trabalho em um dos canteiros de obras da MASB, construtora e incorporadora imobiliária, sediada em Minas Gerais. Para Rogério, o emprego tem
linhas de atuação do instituto. O foco é diminuir a reincidência criminal. O Brasil ostenta uma triste estatística nessa área. Mais de 80% dos condenados voltam a delinquir depois de cumprir a pena. Uma tragédia, pois aproximadamente 25 mil pessoas deixam os cárceres anualmente. É ponto pacífico que uma das principais causas desse descalabro é a falta de oportunidades de reinserção do sentenciado no mercado de trabalho. O motivo mais comum para essa porta fechada é o receio no meio empresarial de o condenado levar para o ambiente de produção a índole que o levou a cometer crimes no passado. O trabalho do IMPP é justamente sensibilizar e preparar as empresas para uma mudança de postura e, ao mesmo tempo, desenvolver instrumentos para qualificar melhor o acolhimento de condenados.
Fotos Ignácio Costa
m ano, seis meses e um dia!” A resposta precisa e temperada de orgulho veio rápida. Como se diz, estava na ponta da língua do pedreiro Rogério
um valor especial. Ele cumpre pena de reclusão desde 2005 e, atualmente, está no regime semiaberto, com autorização especial da Justiça para trabalhar fora do presídio. A labuta rende um salário de mercado e redução da pena. A grosso modo, o benefício, legalmente denominado remissão, é de um dia a menos de pena para cada três trabalhados. Mas o principal ganho está no futuro. Enquanto emassa paredes com capricho e afinco, Rogério constrói uma ponte sólida para a reintegração plena à sociedade. A MASB é sócia do Instituto Minas Pela Paz (IMPP), uma organização fundada pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) e por grandes indústrias com atuação no estado. O Programa Regresso, que conecta condenados ao setor de Recursos Humanos (RH) das empresas é uma das mais importantes
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Responsabilidade Social Na Apac-Itaúna, os recuperandos também cuidam da horta
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O pedreiro Rogério tem justificado o acerto da iniciativa. De segunda a sábado, pela manhã, deixa a cela no Centro de Reintegração Social (CRS), como são chamados os presídios administrados pelas Associações de Assistência e Proteção aos Condenados (Apacs), em Nova Lima. Ao fim da jornada de 8 horas diárias, toma um banho no canteiro de obras e retorna para o presídio. Vai e volta sozinho, em ônibus comum. Em janeiro, ganhou uma promoção da empresa por mérito. No entanto, o caminho para ganhar confiança teve seus percalços. “No começo, o contato com as pessoas no ônibus cheio e o movimento nas ruas me assustaram. Ao chegar ao local de trabalho, tive muito medo de ser discriminado. Alguns ajudantes selecionados para atuar comigo, depois me disseram que, no início, tiveram muito medo de mim”, lembra. Com pena a cumprir no presídio até janeiro de 2015, que espera encurtar para outubro de 2014, graças ao trabalho, Rogério se considera cada vez mais preparado para uma nova vida em sociedade. “No trabalho, me sinto um cidadão, sou valorizado, estou em paz e respiro o ar da liberdade”, diz.
e olho em um D futuro melhor No Programa Regresso, o IMPP atua em parceria com a Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) do governo de Minas, com o Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais (TJMG) e com a Fraternidade Brasileira de Assistência aos Condenados (Fbac), que congrega as Apacs. O programa acumula 632 contratações desde 2009, sendo 115 nos primeiros dois anos, 190, em 2011 e 327, em 2012. A MASB fez a primeira admissão em 2007, antes mesmo, portanto, da criação do Regresso, e intensificou a iniciativa com o suporte do IMPP. Atualmente, 72 trabalhadores provenientes do sistema prisional trabalham nas obras da empresa. “Com o bom resultado das primeiras contratações, a construtora decidiu ampliar o número de vagas. Mas para isso, percebeu que tinha de preparar os líderes nas obras para receber esse público. Havia muita resistência e preconceito”, ressalta Milécia Santos de Oliveira, analista de RH. Ela destaca que, em termos de produtividade e qualidade, eles não perdem em nada para os contratados sem histórico de cumprimento de pena. Além disso, se
Antônio Cerri, gerente de Logística da Magneti Marelli de Itaúna
mostram extremamente gratos e estimulados pela oportunidade. Um bom exemplo disso é Luciano José da Cunha Borges, o primeiro contratado da MASB, egresso de uma penitenciária estadual. Ele começou como servente, qualificou-se como eletricista, permaneceu quatro anos na empresa, recebeu promoções e, recentemente, saiu para montar seu próprio negócio. Será fornecedor da empresa. Para estimular a contratação de egressos do sistema prisional, o governo do estado, acolhendo uma proposta do IMPP, aprovou na Assembleia Legislativa a Lei número 18.401, de 2009, que estabeleceu uma subvenção com recursos orçamentários da Seds paga às empresas. Graças às modificações, introduzidas pela Lei número 20.624, de janeiro de 2013, a subvenção passou a dois salários mínimos mensais por contratado (egresso ou em cumprimento de prisão domiciliar) nos primeiros 24 meses de trabalho. As empresas devem se cadastrar no IMPP, que faz a análise documental e encaminha a lista de vagas disponíveis para a Seds. Já os candidatos são indicados para entrevista pelo Programa de Inclusão Social do Egresso do Sistema Prisional (PrEsp) da Seds.
Vinculado à Coordenadoria Especial de Prevenção à Criminalidade (Cpec), o PrEsp é um suporte valioso para as empresas que querem contratar egressos dos presídios. Mediante inscrição voluntária, o ex-presidiário recebe assistência psicológica, social e jurídica durante o primeiro ano de livramento. Quando empregam essas pessoas, as empresas credenciadas no Programa Regresso contam com o acompanhamento, pelo PrEsp, da conduta e do desempenho do egresso no trabalho. Com uma equipe de 120 profissionais nas áreas de Direito, Pedagogia, Psicologia, Serviço Social e Sociologia, o PrEsp está presente em 11 municípios e brevemente chegará a mais dois, Araguari e Vespasiano. No ano passado, encaminhou 623 egressos para entrevistas de emprego, dos quais 175 foram contratados (o número não inclui os encaminhados pelas Apacs). Foi um avanço considerável em relação a 2010, quando foram feitos 223 encaminhamentos, com 76 empregados, e a 2011, quando 78 ex-presidiários conseguiram vaga de um total de 350 candidatos. A contribuição das empresas filiadas ao IMPP para a recuperação, pelo trabalho, de condenados a pe-
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Responsabilidade Social
Sai a escola do crime, entra a escola para a vida
Alguns itens produzidos pelos recuperandos
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Desde 2009, 2.279 internos das Apacs de Minas, do Complexo Penitenciário Feminino Estevão Pinto e do Centro de Referência à Gestante Privada passaram por cursos de escolarização e de qualificação profissional. Esse é o principal resultado do projeto Recuperando, criado pelo Instituto Minas Pela Paz (IMPP) em parceria com o Senai e o TJMG. O objetivo é fortalecer as bases do Programa Regresso, diante do baixo nível de instrução da população carcerária. Os últimos dados disponíveis, compilados em 2009 pelo Departamento Penitenciário Nacional do Ministério da Justiça, mostraram que mais de 60% dos presos no Bra-
sil não tinham o ensino fundamental completo. Do total da população das penitenciárias, quase 20% eram analfabetos ou tinham apenas uma alfabetização primária. Nessa conta negativa entraram Rogério Ferreira, da construtora Masb, e Márcio Quirino dos Santos, da Magneti Marelli. Ambos passaram pelas carteiras do Ensino de Jovens e Adultos (EJA) e, hoje, têm diploma do ensino médio e de cursos profissionalizantes. Como também Jonas Souza Moreira, de 28 anos, técnico de manutenção elétrica da Mina Central da Usiminas no município de Itatiaiuçu, atualmen-
te cumprindo pena em regime de liberdade condicional. Ele lembra que agarrou como uma tábua de salvação o curso profissionalizante oferecido pelo IMPP. “Pregaram um aviso na parede da Apac-Itaúna, quando eu cumpria o regime semiaberto. Era uma parceria do instituto com a Usiminas. Tinha que fazer uma prova de seleção. Passei, me dediquei muito durante os quatro meses do curso e fui um dos cinco melhores da turma”, ressalta. Para ele, o Projeto Recuperando funcionou como um trampolim para o Programa Regresso. Concluído o curso do Senai, Jonas não teve que esperar mais do que um mês para ser admitido como auxiliar de eletricista da Usiminas. A oportunidade funcionou como uma alavanca na vida particular e profissional de Jonas. Casou-se, ainda cumprindo o regime aberto, conseguiu uma bolsa para fazer um curso técnico de nível médio, fez vários cursos de qualificação na Usiminas e foi promovido. “Quando cheguei à empresa, meu capacete era amarelo. Olhava os trabalhadores mais qualificados e pensava: quero usar aquele capacete branco. E consegui!”, afirma. Longe de se acomodar, agora, ele tenta obter uma bolsa para estudar inglês. Casos como o de Jonas mostram que a escolarização e a qualificação profissional vieram preencher uma lacuna no processo de recuperação de sentenciados, diz o diretor executivo da Fbac, Valdeci Antonio Ferreira. Fundador da Apac de Itaúna, em 1997, ele ressalta que os elementos do método Apac contribuem para a reintegração dos condenados à sociedade, mas essa jornada não se completa sem oportunidade de trabalho digno.
nas de prisão, também pode se dar dentro dos presídios. Essa modalidade funciona como uma preparação para o condenado no futuro estar apto a conquistar uma vaga no mercado convencional de trabalho. É o que faz a Magneti Marelli, fabricante de componentes automotivos do Grupo Fiat, que é sócio fundador do IMPP. A unidade de Itaúna da empresa treinou internos da Apac local e instalou no presídio uma célula de produção. Cerca de 15 sentenciados dos regimes semiaberto e fechado fazem corte e desbaste de peças plásticas que saem defeituosas da linha de produção. Graças à tradição de disciplina e recuperação da Apac, a iniciativa pôde cometer a ousadia de admitir presos do regime fechado trabalhando com estiletes de aço. Os condenados ganham uma remuneração proporcional ao número de peças retrabalhadas e têm direito a remissão de pena. “O dinheiro é bom, dá para a gente comprar um sanduíche, um suco na cantina. Assim a família tem menos gastos comigo. Mas o mais importante é que é uma terapia, tira a ansiedade, além de a gente se sentir útil, ocupado”, diz Márcio Quirino dos Santos, de 57 anos, do regime semiaberto, que começou a trabalhar no projeto da Magneti Marelli há quase dois anos, quando ainda cumpria a pena em regime fechado. O gerente de Logística da Magneti Marelli de Itaúna, Antônio Cerri, diz que a maior dificuldade na implantação da célula de produção foi preparar pessoas de uma instituição de caráter social para procedimentos empresariais. “Tiveram que aprender a emitir nota fiscal, seguir um fluxo de recebimento, acondicionamento e expedição, mas agora atendem satisfatoriamente a empresa. Praticamente transferimos todo o retrabalho de peças, que era feito na fábrica, para a Apac”, ressalta.
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Responsabilidade Social
Talento empresarial pela paz
Trabalho não falta na célula de produção da Magneti Marelli da Apac-Itaúna
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O Instituto Minas Pela Paz (IMPP) foi constituído em fevereiro de 2007, na forma de uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip), tendo como sócios-fundadores o Sistema Fiemg e as empresas Fiat do Brasil, Algar, AngloGold Ashanti, Arcelor Mittal Brasil, Cenibra, Companhia de Fiação e Tecidos Cedro Cachoeira, Cenibra, Gerdau Açominas, Samarco Mineração, Usiminas e V&M do Brasil. É presidido por Cledorvino Belini, presidente da Fiat Chrysler para a América Latina, e tem como diretor-coordenador Marco Antônio Lage, diretor de Comunicação e Sustentabilidade da Fiat Chrysler. Ambos atuam como voluntários. Atualmente, o IMPP conta também com 26 sócios contribuintes e cinco sócios parceiros. A fundação do instituto foi, na verdade, a institucionalização de um esforço, iniciado em 2005, no âmbito do Conselho Estratégico da Fiemg, para pesquisar, debater e buscar soluções para melhorar o combate e a prevenção da criminali-
dade em Minas Gerais. “É uma contribuição da iniciativa privada para a construção de uma sociedade mais justa e pacífica”, afirma Lage. Como parceiro do estado, o IMPP se vale da capacidade típica do setor privado de estabelecer e cumprir metas, de planejar e executar com agilidade programas e ações. Gestor do instituto, Maurílio Pedrosa, cita o serviço Disque Denúncia Unificado (DDU 181), criado em 2007. A iniciativa praticamente coincidiu no tempo e no conteúdo com a criação do IMPP. O lançamento do DDU 181 foi também uma demonstração da capacidade do IMPP de mobilizar parceiros no setor privado. A campanha de divulgação, com inserções na TV, no rádio e na mídia impressa foi em boa parte bancada por doações. O espaço na mídia, por exemplo, foi franqueado por várias empresas de comunicação. Essa experiência se repetiu na campanha de conscientização sobre os danos causados pelo consumo de crack, denominada “O crack destrói”.
Linha aberta contra o crime O serviço Disque Denúncia Unificado (DDU 181) de Minas Gerais fechou 2012, o quinto ano completo de funcionamento, com 17.734 prisões geradas por informações anônimas da população. Trata-se de um crescimento impressionante em relação a 2008, quando as denúncias levaram a 2.868 prisões de criminosos ou de menores infratores. O ano passado também marcou um recorde de denúncias em um único mês. Em outubro, foram 8,6 mil. Segundo o superintendente de Integração Operacional do Sistema de Defesa Social da Seds-MG, Aaron Duarte Dalla, os resultados do serviço mostram a eficácia do modelo adotado e a confiança da população. Segundo Dalla, uma das principais razões para a popularidade do 181 está na gestão do atendimento feita pelo Instituto Minas Pela Paz (IMPP), por meio de treinamento e motivação dos atendentes e da criação e desenvolvimento de um protocolo, que reúne uma série de perguntas em forma de passo a passo. O primeiro ponto é garantir o sigilo do denunciante. Também responsável pela manutenção e desenvolvimento do software que alimenta as equipes de análise conjuntas das Polícias Civil e Militar e do Corpo de Bombeiros, o IMPP trabalhou na criação de um banco de dados, chamado de armazém de informações. Com isso, a partir do cruzamento de conteúdos de denúncias do 181, é possível criar relatórios de inteligência para a atividade preventiva e repressora do Sistema de Defesa Social do Estado.
Porta aberta para a chegada do regime semiaberto
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Por Angelina Fontes O Gruppo Dirigenti Fiat (GDF) apoia e passa a atuar em conjunto com as APACs (Associação de Proteção e Assistência aos Condenados) para a recuperação e reintegração social dos condenados a penas privativas de liberdade. Convênio entre o GDF, Instituto Minas pela Paz (IMPP), Fraternidade Brasileira de Assistência aos Condenados (FBAC) e Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais (TJMG) foi assinado em 18 de junho diante de 300 dirigentes do Grupo Fiat, reunidos em Belo Horizonte para o seminário Somando Ideias. O convênio mobilizará diretamente o Grupo de Voluntariado do GDF, coordenado por Massimo Cavallo, Diretor de Recursos Humanos da Comau Latam, que explica: “O intuito é identificar projetos sociais e incentivar o envolvimento dos integrantes em causas coletivas. Visamos disseminar o conhecimento adquirido no mundo do trabalho, ajudando no desenvolvimento de pessoas e organizações, e na construção de bases sólidas de desenvolvimento da sociedade”. Massimo Cavallo ressalta que a ideia, ainda, é “contribuir para a recuperação e reintegração social dos condenados a penas privativas de liberdade”. Ele acrescenta que a escolha das Apacs se deu com o objetivo de reduzir a criminalidade e recuperar os detentos. “Nas Apacs, 75% dos recuperandos são analfabetos ou semi-analfabetos. A grande maioria não tem profissão, nunca trabalhou ou nunca teve carteira de trabalho. Além disso, a reincidência no sistema prisional comum é de 80%, enquanto que nas Apacs é entre 10 e 15%. Por isso, decidimos investir nas associações,
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para contribuir, ainda mais, com a redução desse índice”, explica. Para o funcionamento do grupo de voluntariado do GDF, os participantes realizam reuniões periódicas para definirem as ações a serem elaboradas. Até o momento, além dos encontros, foram feitas visitas às Apacs de Santa Luzia e Pouso Alegre, em Minas, um workshop sobre o funcionamento da FBAC e a elaboração do plano de ação. Acontece também um trabalho direcionado para o aprofundamento do plano de ação, definindo como será sua consolidação. O destaque da atuação, segundo Massimo Cavallo, é o auxílio na gestão estratégica das Apacs. Além disso, a ideia é realizar doações e seminários, para difundir a cultura das Apacs em todo o país. Para isso, vão frequentar reuniões do conselho da FBAC. “O interessante é que todos os voluntários são gestores bem-preparados e estão bastante dispostos e motivados a participar do grupo e atuar na sociedade, o que trará resultados gratificantes”, destaca. Os interessados em participar do Grupo de Voluntariado podem obter informações por meio do e-mail secretaria.gdf@ fiatbrasil.com.br.
Gruppo Dirigenti Fiat (GDF) Criado na Itália, em 1974, o Gruppo Dirigenti Fiat (GDF) é uma associação sem fins lucrativos que chegou ao Brasil em 2001, reunindo dirigentes e ex-dirigentes do Grupo Fiat dispostos a valorizar as competências e a cultura do Grupo, consolidar o sentimento de pertencimento ao Grupo, estimular responsabilidades e iniciativas junto à sociedade e reforçar as experiências da cultura internacional da corporação. Tem como presidente Giacomo Regaldo, ex-presidente e CEO da Teksid América Latina. Hoje, conta com aproximadamente 200 associados.
Premiação
Cada vez mais sustentável Fiat Automóveis é uma das vencedoras da sétima edição do Prêmio Mineiro de Gestão Ambiental (PMGA), promovido pela UBQ)
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Fiat Automóveis foi uma das empresas vencedoras do 7º Prêmio Mineiro de Gestão Ambiental (PMGA), promovido pela União Brasileira para a Qualidade (UBQ) em parceria com o Governo de Minas Gerais. O prêmio foi entregue pelo idealizador do PMGA, Ronaldo Simão, pelo secretário de Meio Ambiente de Minas Gerais, Adriano Magalhães e pelo secretário-executivo do Ministério do Meio Ambiente, Francisco Gaetani, ao diretor de Comunicação e Sustentabilidade da Fiat Chrysler, Marco Antônio Lage. É a quarta vez que a empresa é finalista do prêmio, que reconhece as melhores práticas e gestão ambiental. “Essa conquista é fruto de contínuos programas voltados, sobretudo, para o investimento nas pessoas e na gestão ambiental, que são os pilares fundamentais da sustentabilidade”, afirma Marco Lage. Primeira fábrica de automóveis do País a conquistar a ISO 14001, a Fiat Automóveis completou, em 2013, quinze anos de certificação com números que sinalizam a consolidação da política de gestão ambiental voltada para a prevenção dos impactos e uso racionais dos recursos naturais. Desde 1994, a planta de Betim (MG) registra queda contínua dos indicadores de geração de resíduos, consumo de água e de energia. No período, para cada veículo produzido, o consumo de energia elétrica caiu 57%. Já o consumo de água teve queda de 70%. A redução da geração de resíduos foi de 48%.
Para Marco Lage, o PMGA é o reconhecimento de que a empresa está no caminho certo. “A premiação é um presente, já que a Fiat está próxima de completar 37 anos de operação no Brasil, com uma trajetória vencedora e líder de mercado há mais de 12 anos. A empresa sabe que o seu futuro depende desse modelo de gestão e é por isso que esse prêmio simboliza o futuro dos negócios”, ressalta. rêmio Mineiro de P Gestão Ambiental A solenidade de entrega do PMGA foi realizada em 11 de junho e reuniu cerca de 500 pessoas no Auditório Juscelino Kubitschek, na Cidade Administrativa. O prêmio é uma homenagem às organizações reconhecidas no Ciclo de Avaliação de 2012 por terem se destacado por suas ações e empenho na busca, de forma sistêmica, da excelência em gestão ambiental e sustentabilidade. Além da Fiat, também foram vencedores a AngloGold Ashanti – Córrego do Sítio de Mineração e a Cenibra – Celulose Nipo Brasileira.
Idealizador do PMGA, Ronaldo Simão, secretário de Meio Ambiente de MG, Adriano Magalhães; diretor da Fiat Chrysler Marco Antônio Lage e o secretárioexecutivo do Ministério do Meio Ambiente, Francisco Gaetani Divulgação Fiat
Responsabilidade Social
GDF assina convênio para incentivar projetos sociais
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Design
Criando a moda,
desenvolvendo carros
Paulo Nakamura, chefe de Design da Fiat, com as blogueiras Aline Cavalcanti, Constanza e Ana Clara
Roteiro Fiat de Design e Moda é oportunidade de conhecer a produção dos veículos e o trabalho realizado pela Cooperárvore
Por Ellen Dias
N Fotos Studio Cerri
as etapas de criação de um automóvel, os múltiplos elementos da arquitetura, artes plásticas, tecnologia, decoração e moda se misturam como fontes de inspiração para a criatividade e a inovação. “O esmalte, por exemplo, é um dos produ-
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tos que analisamos para a tendência de cores”, revela Isabella Vianna, Chief Designer Color and Trim do Design Center Latam da Fiat Automóveis. Até vitrines de lojas são pesquisadas. Indo além das engrenagens da engenharia, o processo de desenvolvimento de um
Plataforma Fiat Fashion Innovation Attitude
carro, desde os primeiros rabiscos no papel até as ruas, pode revelar a forte ligação entre a indústria automotiva e o mundo da moda – relação que jovens blogueiras estão conhecendo de perto. O convite para a visita foi inusitado. “Foi uma grande surpresa receber o telefonema da Fiat me chamando para conhecer a fábrica”, ressalta Ana Clara Campelo, de Rio Branco, no Acre. A viagem foi longa e a curiosidade, inquietante: o que uma blogueira de moda vai fazer em uma montadora? As respostas vieram os poucos, durante o Roteiro Fiat de Design e Moda, criado em 2013 e que inclui um percurso na planta de Betim (MG) e na sede da Cooperárvore, cooperativa formada por moradores do bairro Jardim Teresópolis, também na cidade. Ana Clara é estudante de Arquitetura e criou o blog “zebratrash.com” em 2008. “A moda me impressiona, porque é a maior propagadora de estilos e tendências do mundo moderno”, explica a jovem, que fez parte da segunda turma de blogueiras convidadas a participar do Roteiro Fiat de Design e Moda, em junho. De salto alto e colete preto, Ana Clara nunca tinha pisado em uma fábrica de automóveis e ficou impressionada com os bastidores da criação de um carro. “Conhecer um pouco esse processo criativo foi o ponto mais incrível para mim”, disse a blogueira
após a visita ao Design Center Latam. Na fábrica, o Design Center é o local do design. É a única área de concepção de design da Fiat fora da Europa. Possui uma equipe de mais de 30 designers e modeladores dedicados à criação de linhas, superfícies externas e de interiores para os automóveis. Foi no Design Center que as blogueiras perceberam que o trabalho que desenvolvem tem tudo a ver com o automóvel, em uma relação que envolve elegância, estética, tendências, estilo de vida e modernidade. Constanza Fernandez é chilena, mas mora no Brasil desde a infância. Para sua surpresa, identificou a imagem de uma vitrine de uma loja de Nova York, fotografada por ela e postada em seu blog “futilish.com”, dentre as imagens apresentadas pela equipe do Design Center para pesquisa de tendências durante a criação do projeto de acabamento do Bravo Extreme Concept. “Fiquei super-honrada ao descobrir que meu blog teve algum tipo de participação na construção desse automóvel”, destaca a blogueira. Coincidências à parte, Constanza comemora os mais de 80 mil pageviews por dia, incluindo a equipe de designers da Fiat entre os acessos. Paulo Nakamura, chefe de Design da Fiat, é um dos anfitriões da visita. Logo no início da conversa, ele enfati-
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Design
Trabalho da Cooperárvore une design e reciclagem
Blogueiras visitam a Cooperárvore, em junho, e conhecem o processo de criação dos diversos produtos
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A criatividade para inventar novas formas vai além da atuação dos designers e estilistas. Moradores do Jardim Teresópolis, bairro localizado em frente à fábrica em Betim, também fazem parte do universo da moda, mas com um diferencial. As mãos acostumadas às tarefas de casa, como lavar e passar, também são capazes de unir o design à reciclagem para a geração de trabalho e renda. Materiais como apara de cintos de segurança e tecido automotivo, doados pela Fiat e seus parceiros, são reutilizados pela Cooperárvore e transformam-se em sacolas, bolsas, mochilas, chaveiros, nécessaires, almofadas, jogos infantis, dentre outros produtos. A cooperativa integra ações desenvolvidas pelo programa social Árvore da Vida, criado pela Fiat Automóveis em parceria com as instituições Fundação AVSI e CDM, e já lançou sete coleções. A mais recente foi batizada de “Minas e seus Tesouros” e reúne peças inspiradas na história e tradições dos mineiros. “É inacreditável que dos cintos de segurança é possível fazer uma bolsa tão elegante”, confessa a mineira Deborah Zandonna, que participou da primeira turma do Roteiro Fiat de Design e Moda em abril, juntamente com outras três blogueiras de moda. “Foi uma experiência deliciosa e enriquecedora!!” resumiu a jornalista Cris Carneiro em seu blog, após postar várias fotos dos principais momentos do percurso, incluindo o emocionante coral dos adolescentes do programa Árvore da Vida: “Fiquei super emocionada ao ver os meninos que participam do programa cantarem Com Te Partirò, de Andrea Bocelli. Foi realmente lindo”, escreveu. Para Rogério Faria Tavares, supervisor de Relações Públicas da Fiat e idealizador do Roteiro, o projeto é uma oportunidade privilegiada de conhecer e conviver com um público estratégico para a empresa, e que desfruta, cada vez mais, de poder e influência social: “As blogueiras de moda têm milhares de seguidores na internet e nas redes sociais. Convidá-las para visitar a nossa casa e mostrar para elas como o nosso produto é concebido é dialogar com uma multidão de jovens pelo Brasil afora”, conclui.
za como a relação “moda e carro” pode trazer um toque especial: a brasilidade. “Queremos transmitir para os nossos produtos a mistura da cultura brasileira, refletindo a diversidade do país, de Norte a Sul. O Novo Uno, por exemplo, foi totalmente desenvolvido por brasileiros após ouvir o que o consumidor deseja”, ressalta. E os exemplos não param: a criação do acabamento da série especial Novo Uno College, com inspiração no mundo colegial e retrô, envolveu pesquisas de elementos em mochilas e tênis. No lançamento do Novo Uno, as cores externas foram um dos temas que mais chamaram a atenção. O nome de cada cor foi inspirado em ambientes lúdicos e divertidos. Para a versão Sporting, o nome da cor laranja não podia ser melhor: é Laranja Nemo, inspirado no peixe-palhaço do desenho animado “Procurando Nemo”. “As transformações nas formas são influenciadas pelas transformações sociais. Temos que estar, a todo instante, observando as tendências, atitudes, valores e estilos para incorporação desses elementos nos nossos produtos”, afirma Nakamura.
Atentos às diversas combinações em diferentes ambientes, a Fiat deu, em 2006, o passo definitivo para a entrada no universo da moda. “Para ampliar a interação com o consumidor final em momentos do cotidiano, nas mais diferentes possibilidades, a empresa criou a plataforma Fiat Fashion Innovation Attitude, traduzindo para a moda a essência da inovação e da tecnologia que estão no DNA da Fiat”, explica Karin Betz, analista de Marketing. A visita à loja Fiat Fashion, localizada dentro da fábrica, faz parte do percurso do Roteiro Fiat de Design e Moda. A plataforma reúne mais de 200 opções de produtos, entre roupas e acessórios, inspirados no lifestyle ou nos próprios carros da Fiat. Na vitrine, as peças que mais chamaram a atenção das blogueiras fazem parte da coleção “Fiat 500 by Carpe Diem”, que tem como referência o clássico Fiat 500. A linha conta com mais de 40 opções de gifts e acessórios, como rádio retrô, moleskines e álbum de fotos. “A moda é capaz de gerar novas experiências e transmitir valores da marca”, explica Karin Betz.
Blogueiras (da direita para a esquerda) que participaram da primeira turma, em abril: Cris Carneiro, Luisa Accorsi, Juliana Noronha e Deborah Zandonna
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Educação
Prática de esportes é o melhor caminho Corrida e Caminhada da Fundação Torino chega à sétima edição reunindo amigos e familiares em prol da saúde e qualidade de vida
Por Lilian Lobato
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Fotos Ignácio Costa
ara conquistar uma vitória é preciso empenho, dedicação e trabalho duro. Com a atividade física não é diferente. Treinos frequentes e uma boa alimentação fazem toda a diferença nos resultados. Não é preciso se atleta para superar desafios. O melhor é estar entre familiares e amigos e praticar esportes por prazer e saúde. Foi o que aconteceu na sétima edição da Corrida e Caminhada Fundação Torino que, em 2013, teve o tema “Cada Passo uma Conquista”. Já
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tradicional no calendário esportivo de Belo Horizonte, o evento está cada vez maior e melhor e, neste ano, reuniu cerca de 5.000 pessoas. “Mais que um evento esportivo, a Corrida e Caminha da Fundação Torino é um momento de estar em família e com os amigos. As crianças querem participar e acabam incentivando os pais e, com isso, outras pessoas vão conhecendo e participando. A cultura do esporte avança consideravelmente na capital mineira
Participantes se preparam para a largada das corridas de 5 km e 10 km
e essa é uma tendência que deve se ampliar”, ressalta o presidente da escola internacional, Raffaele Peano. Em 2013, foram 830 crianças participando da corridinha, 1800 inscritos na corrida e 600 na caminhada. O restante das pessoas estava acompanhando seus filhos e parentes. Mais uma vez, o percurso da corrida e caminhada ocorreu no bairro Belvedere, sendo a largada e chegada na Praça Dr. Íris Valadares. O trajeto é conhecido pelos aclives e declives que desafiam o atleta. Os percursos foram de 5 e 10 quilômetros para corrida, 4 quilômetros para a caminhada e de até 200 metros para a corrida infantil. A sétima edição da Corrida e Caminhada Fundação Torino foi realizada em parceria com a By Japão e Universidade Ativa, e contou com o patrocínio da Lei de Incentivo à Cultura, Fiat, Santander, Aethra e Seris, Almaviva, Teksid, Magnetti Mareli e Denso. omento de reunir M familiares e amigos Pela primeira vez, Paula Vilela participou da Corrida e Caminhada da Fundação Torino. Acompanhada dos filhos Leonardo, de 9 anos, e Henrique, de 6 anos, ela ressaltou a importância de praticar atividade física. “Estou correndo desde o início deste ano e incentivo sempre os meninos a fazerem algum esporte. Leonardo joga futebol. Já Henrique joga tênis, faz natação e também futebol”, afirma. Para ela, é fundamental praticar esportes. Segundo Paula Vilela, o exercício físico contribui para a saúde, melhora a qualidade do sono e também o desempenho profissional. Henrique Brettas Della-Savia também levou a família, pela primeira vez, para participar do evento. Há sete meses, ele corre com frequência, mas, na Corrida e Caminhada da Fundação Torino, decidiu caminhar com a esposa Carla Della-Savia, o filho Felipe, e a
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Educação
Educação
Preparados para o futuro Fundação Torino avalia os alunos do último ano do ensino médio, por meio de amplo teste, com a presença de professores italianos que se surpreendem com os resultados brilhantes
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Na primeira foto, grupo de amigos de Silvia Araújo que sempre correm juntos. Acima, Henrique Brettas Della-Savia, a esposa Carla e a amiga Sandra, juntamente com Sofia e Felipe
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amiga Sandra Pantarotto, que estava acompanhada da filha Sofia. “Pratico atividade física por uma questão de saúde, bem-estar e qualidade de vida. Estava sedentário, ganhando peso e decidi que era preciso mudar de hábitos. Corro, hoje, três vezes por semana e vi mudanças em todos os sentidos da minha vida, pelo esporte”, ressalta.
No caso da família de Girlandia Goepfert, exercícios físicos se tornaram uma realidade. Seu marido, Jim Goepfert, já pratica a corrida há 10 anos. Já seu filho John, joga futebol e basebol. Inspirada neles, ela começou a caminhar e está satisfeita com o resultado. “Moramos em Belo Horizonte há dois anos e, pela primeira vez, participamos do evento. É uma oportunidade de fazer algo pela nossa qualidade de vida, bem como reunir a família”. Silvia Araújo também foi à corrida com familiares e amigos. No entanto, eles formam um grupo e participam dos eventos sempre juntos. “Faço parte da turma há três meses, mas o grupo já existe há quatro anos. É uma forma de um incentivar o outro a melhorar. Participamos de quase todos os eventos esportivos e gostamos muito da corrida da Fundação Torino”, destaca. Ainda de acordo com ela, a corrida é uma forma de ela ter saúde e qualidade de vida, assim como é um momento de estar entre amigos e familiares, o que torna o percurso muito mais agradável.
ara avaliar os alunos e verificar o conhecimento adquirido ao longo do ano letivo são aplicados os famosos testes. Apesar de comuns, essas provas continuam sendo temidas pelos estudantes. Para se sair bem, não vale deixar os estudos para última hora e é preciso conter o nervosismo. Na Fundação Torino, 36 alunos do último ano do ensino médio, lá, chamada de Scuola Superiore, passaram por um amplo exame – foram três avaliações escritas e uma oral – de 18 de junho a 2 julho, com professores italianos vindos de diversos lugares do mundo. O resultado superou as expectativas e, agora, esses alunos já estão prontos para prestar vestibular. É o que explica o presidente da Comissão de Exames, Giuseppe Fierro. Segundo ele, os estudantes estavam muito bem preparados e apresentaram bons resultados ao final dos quatro exames. “Era perceptível o envolvimento e cuidado com os testes. Eles são muito fluentes em italiano e inglês, e fizeram ótimas provas. Já podem fazer o vestibular e, futuramente, seguir para o mercado de trabalho”, ressalta. As provas foram elaboradas de acordo com os cursos: Liceu Científico, Técnico Comercial e Técnico Turístico. Entre as três provas escritas, as duas primeiras são desenvolvidas pelo Ministério Italiano e só podem ter início com a autorização do órgão. Já a terceira é elaborada pelos professores da Fundação Torino. De acordo com Fierro, o primeiro teste é em italiano. “É uma prova longa, com tempo máximo de seis horas para finalizá-la. São apresentados alguns temas e o aluno precisa fazer uma redação sobre o assunto”, explica. Já o segundo teste é específico para cada um dos três cursos – Liceu Científico, Técnico Comercial e Técnico Turístico.
A terceira prova está entre as mais temidas pelos estudantes. Esse exame avalia o aluno em quatro disciplinas – com três questões para cada uma delas. “É uma prova aberta em que o estudante precisa preencher todas as linhas que são oferecidas por cada questão, com conteúdo válido”, afirma. Cada uma das avaliações escritas vale 15 pontos e o mínimo exigido para aprovação são dez pontos em cada uma delas. No caso do teste oral – aplicado em pouco mais de uma hora – são 30 pontos. Ao todo, o presidente e oito professores estrangeiros – que atuam na África, Espanha, Itália, Argentina e Costa Rica – formam a comissão que avalia os alunos. Eles também estão presentes na mesa de avaliação durante a prova oral. Para fechar os 100 pontos do ano letivo ainda é importante que o aluno tenha conseguido acumular créditos, que podem chegar a 25 pontos. “Nos últimos três anos do ensino médio, os alunos podem somar créditos a partir do desempenho nas disciplinas. Se o aluno se esforçou, estudou e tem um bom currículo acadêmico, consegue receber a bonificação”, explica Fierro.
Alunos da Fundação Torino recebem o boletim com a aprovação
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Saúde Ignácio Costa
Sérgio Cassio (da esquerda para a direita), Jeferson Carlos, Fernanda Cristine e Hervécio Martins, participantes do programa
Teksid estimula
vida ativa Empresa desenvolve programa inovador com o objetivo de reduzir o sedentarismo e melhorar a qualidade de vida dos empregados
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falta de exercícios físicos regulares na rotina das pessoas, também conhecida por sedentarismo, já é o quarto principal fator de risco de morte em todo o mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Para mudar essa realidade e incentivar os funcionários a melhorarem sua qualidade de vida, a Teksid criou um programa inovador: o Vida Ativa. A ideia é combater o sedentarismo e mostrar que é possível ter saúde e prazer com a prática esportiva. O sedentarismo, segundo Sarina Occhipinti Magalhães, médica e responsável pelo serviço de saúde da Teksid, é uma das principais causas de surgimento de doenças crônicas e distúrbios do sono, ansiedade e depressão. Por isso, o seu combate é uma das diretrizes de promoção à saúde do Grupo FIAT no mundo,
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que foram repassadas no Brasil por meio do Simone Cencetti (Environment, Health and Safety Manager FIAT SpA), em um workshop realizado em junho de 2012 . O desenvolvimento do Vida Ativa vai ao encontro dessas diretrizes. A partir do programa, o funcionário ganha em expectativa de vida e também em prevenção de doenças físicas e mentais. Já a empresa passa a ter empregados com mais energia e motivação para o trabalho. Sarina Occhipinti ressalta que o programa conta com ações globalizadas e focalizadas. “As globalizadas atendem a todos os empregados da fábrica e também seus familiares, e incluem convênio com academias, palestras e atividades em grupo. Já as focalizadas, são voltadas para um público que se inscreve e é selecionado a partir de questionários,
que envolvem motivação e presença de outras comorbidades. Esse grupo conta com equipe multidisciplinar (médico, educador físico, fisioterapeuta e nutricionista) que faz a avaliação e acompanha o empregado, individualmente, durante onze meses”, explica. As atividades do programa são contínuas. Porém, as ações focalizadas tem início em abril de cada ano e duram 11 meses. Ao todo, mais de 100 pessoas participam do Vida Ativa regularmente. “Muitos empregados já demonstraram maior disposição para o trabalho, perda de peso significativa, melhor qualidade do sono, bem como diminuição dos índices glicêmicos. Já estamos com um trabalho pioneiro de avaliação de produtividade dessas pessoas por meio de um questionário de presenteísmo. Esses resultados poderão ser medidos no final do programa no início de 2014”, destaca Sarina Magalhães. Bons resultados Animação e envolvimento não faltam aos participantes do Vida Ativa, que escolheram a corrida e caminhada como atividade física. Hervécio Martins de Paula, bombeiro civil da Teksid, tem 44 anos e não fazia atividade física antes do programa. Após o início da prática esportiva, já perdeu quatro quilos e se sente muito melhor. “Decidi me inscrever, porque estava acima do peso, com problemas de saúde e pressão alta. Comecei caminhando, mas já estou correndo”, ressalta. Ele destaca que, por meio do programa, fez avaliação física, recebeu orientações sobre a atividade, assim como tem acompanhamento médico e nutricional. “Já respiro melhor, durmo melhor, estou mais disposto e ganhei muito em qualidade de vida. Mudei também a minha alimentação, o que ajuda na corrida”. Já Fernanda Cristine de Souza Fernandes, analista de laboratório da Teksid, se inscreveu no programa pela preocupação com o sedentarismo. Segundo ela, a prática de esportes não fazia parte da sua rotina, o que era preocupante. “Era pre-
ciso mudar para ter uma saúde melhor. Por meio do Vida Ativa, o exercício seria feito em grupo, o que me motivou ainda mais”, afirma. Hoje, por meio da corrida, já percebe mudanças significativas de melhora no condicionamento e também na disposição para o trabalho. Satisfeitos com os resultados obtidos pela corrida, ambos resolveram participar da Corrida e Caminhada da Fundação Torino, realizada em 16 de junho, no bairro Belvedere, em Belo Horizonte. Unidos ao grupo do Vida Ativa, eles fizeram o percurso de 5 quilômetros e a perspectiva é continuar participando de competições futuras. Questionário de presenteísmo Para medir os ganhos com o programa Vida Ativa e saber se houve redução do presenteísmo – perda de produtividade que ocorre quando os empregados vão para o trabalho portando algum tipo de enfermidade – na Teksid, está em andamento uma avaliação dos empregados participantes, por meio do questionário de presenteísmo. A ideia é medir a percepção do trabalhador de superar sua capacidade de distração e seus problemas físicos e psicológicos para lidar com estresse no trabalho, completar tarefas, atingir metas e manter o foco. Além disso, analisa a gestão do tempo e a demanda de produção. Segundo Sarina Occhipinti, quando uma pessoa vai trabalhar com alguma enfermidade, tal como depressão, ansiedade, diabetes não controlada ou hipertensão, não apresenta o mesmo rendimento do que uma pessoa saudável. A partir do questionário de presenteísmo, validado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), é possível medir essa redução da produtividade e como o funcionário percebeu que os seus problemas de saúde afetaram a sua produtividade no trabalho e em suas atividades pessoais. Com isso, a empresa tem subsídios para investir na melhoria da qualidade de vida dessas pessoas.
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Cultura
Entre o céu e a terra,
o barroco e o contemporâneo Casa Fiat de Cultura realiza, em parceria com a Embaixada do Brasil em Roma, uma exposição artística inédita: a instalação do artista carioca Ernesto Neto, em Roma, que proporciona uma interação única com um dos maiores afrescos italianos, assinado pelo pintor Pietro da Cortona Por Rúbia Piancastelli
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Fotos divulgação
visitante que entra na galeria Cortona, situada dentro do Palácio Pamphilj, sede da Embaixada do Brasil em Roma, olha para cima e se depara com uma abóbada
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Os carrinhos foram utilizados para criar a conjunção física entre corpo e arte MUNDOFIAT
repleta de pinturas sobre a história de Enéas, mítico fundador da cidade. A arte é do italiano Pietro da Cortona (1596-1669), que a realizou entre 1651 e 1654 no ambiente barroco pro-
jetado pelo arquiteto Francesco Borromini (1599-1667). Ao ter contato com a grandiosidade da pintura pela primeira vez, o artista brasileiro Ernesto Neto não teve dúvidas em aceitar o convite da Embaixada brasileira para realizar ali, no segundo maior afresco de Roma, uma instalação especial. Ernesto, nascido em 1964 no Rio de Janeiro, criou um objeto especial para transpor a inércia da escultura e explorar a mobilidade do visitante – um carrinho – objeto responsável por criar a conjunção física necessária entre o corpo e a arte. “A ideia de fazer os carrinhos para que as pessoas deitassem e pudessem interagir com a obra do Cortona veio de um sonho que tive: a minha cama era um barco, a morada da fantasia. Eu sempre tive boas ideias deitado em minha cama, e desta vez acordei com o projeto na cabeça”, lembra. A curadora Emanuela Nobile Mino explica um pouco mais sobre a exposição-intervenção, cujo nome é Olhando o céu: “É um convite a desviar a habitual trajetória horizontal da visão e a levantar o olhar verticalmente para se abrir e captar a sinergia que a obra cria com o ambiente em seu redor, sublimando, assim, o virtuosismo da perspectiva da pintura do século XVII, um entre os melhores exemplos da arte de época barroca”. Deitado em um dos 11 carrinhos, verdadeiras esculturas orgânicas móveis projetadas por Ernesto a partir de madeira natural e tecido, o visitante tem a possibilidade de se deslocar livremente no espaço da galeria. O artista disponibilizou ainda binóculos, para oferecer ao espectador uma possibilidade de visão aproximada e particular dos detalhes da pintura e seus jogos ilusionísticos. “É a situação mais confortável possível para se relacionar com a pintura e carrega algo de lúdico”, enfatiza Ernesto.
arte que promove A intercâmbios A exposição faz parte do Festival de Cultura Brasileira na Itália, realizado desde 2011 pela Casa Fiat de Cultura, a Embaixada do Brasil em Roma e o Ministério da Cultura com o patrocínio da Fiat Automóveis, CNH e Iveco. O objetivo é levar o melhor da arte brasileira à capital italiana, promovendo o intercâmbio cultural entre os dois países.
O artista convidado reforça essa importância com sua visão sobre a necessidade dos investimentos na cultura brasileira, que é especialmente forte e fragmentada. “A cultura é mutante, é para ser dialogada, especial-
O artista carioca Ernesto Neto
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Premiação
Cultura
Formando cidadãos Alunos da Fundação Torino desenvolvem projeto e escola é premiada em solenidade realizada durante Encontro Nacional do Terceiro Setor
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A exposição “Olhando o céu” é um convite para levantar o olhar verticalmente
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mente a nossa que já nasceu de uma mistura. A arte é um objeto de troca espiritual”, ressalta. Outra troca importante trata-se das possibilidades de diálogo entre a instalação contemporânea e a arte barroca. “Na abertura da exposição havia um entusiasmo grande. Depois de viajar um pouco mais pela Itália, ver vários afrescos em igrejas e mesmo na casa das pessoas, entendi que os italianos nascem olhando para o teto, é algo que faz parte da vida e do sonho deles”, diz Ernesto. O patrocínio da Fiat, que permitiu trazer questões sensíveis e culturais para um espaço de atividades prioritariamente diplomáticas, foi mais um investimento inovador, na visão da gestora da Casa Fiat de Cultura, Ana Vilela. “Possibilitar o acesso do público a um ambiente restrito às relações governamentais e promover novas experiências estéticas, históricas e conceituais são marcas deste Festival, que tem instigado os visitantes a desenvolver diferentes percepções sobre o Brasil. A obra do Ernesto estimula os sentidos na interação com a arte,
com o tempo e o espaço, e isto é muito inovador e criativo. Nosso intuito é sempre abrir o leque para a diversidade das nossas expressões culturais e, por isso, estamos incentivando este intercâmbio”, afirma. F estival de Cultura e Arte Brasileira Na sede da Embaixada do Brasil em Roma são realizadas apresentações em três eixos culturais: música, artes plásticas e artes cênicas. Em 2011 e 2012 se apresentaram Nelson Freire, Grupo Uakti, Irmãos Campana, Nicolas Krassik, Grupo Galpão, Toquinho, Yamandu Costa, o artista plástico Vik Muniz, o violoncelista Antonio Meneses e a pianista Maria João, o pianista Eduardo Monteiro, o cravista Bruno Procópio, o barítono Paulo Szot e a exposição sobre o arquiteto Paulo Mendes da Rocha. Em 2013, o Festival abriu a programação com Concerto da organista e musicista Elisa Freixo e apresenta exposições de Ernesto Neto e do fotógrafo Massimo Listri, a ser realizada no segundo semestre.
projeto Generocídio – Mapeando e denunciando a violência contra a mulher em Belo Horizonte, na categoria Iniciativa Cidadã. O presidente da Fundação Torino, Rafaelle Peano, representou a escola e recebeu o prêmio. A solenidade foi realizada no Teatro Ney Soares, durante o 9º Encontro Nacional do Terceiro Setor. “O prêmio é o reconhecimento ao trabalho dos 50 alunos e professores, que se esforçaram e empenharam para criar o projeto. Eles fizeram uma intensa pesquisa, mapearam as regiões para entender o que acontece na sociedade”, ressalta. O projeto, que denuncia a violência contra a mulher na Região Metropolitana de Belo Horizonte, foi idealizado pelo professor Marcus Vinícius Leite e executado pela turma do II Liceu Scientifico da escola (1º ano do ensino médio). Segundo Peano, anualmente, no início do ano letivo da Fundação Torino, os alunos se reúnem para criar um projeto nesses moldes. Em 2013, se inscreveram para o prêmio e saíram vitoriosos. “Projetos de cunho social contribuem para aumentar a visão crítica dos estudantes. É importante que
Daniele Gomes
ducar, desenvolver, praticar o exercício da cidadania, respeitar e aceitar as diferenças, assim como valorizar as pessoas, faz parte da missão da Fundação Torino. Dia após dia, a escola internacional segue em busca de formar cidadãos para o mundo e tem sido reconhecida. Em junho, a instituição de ensino recebeu o “Prêmio Cidadãos do Mundo”, pelo
eles vejam o que acontece ao redor e o que pode ser feito para solucionar os problemas”, afirma. O prêmio é uma iniciativa do jornal Hoje em Dia, que busca dar apoio e incentivo aos melhores projetos em prol do desenvolvimento sustentável. A ideia da premiação é valorizar, referenciar, premiar programas e projetos de cidadãos e organizações, viabilizados pela parceria entre governos, empresas e sociedade civil. Foram premiados projetos inscritos nas categorias 1 – Responsabilidade Social Empresarial (Empresas, Programas e Projetos), 2 – Organizações do Terceiro Setor (ONGs, Fundações e Associações) e 3 – Iniciativa Cidadã (Individual).
Rafaelle Peano, presidente da Fundação Torino, recebeu o prêmio
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notas
Case IH anuncia novo diretor de Marketing A Case IH anunciou no mês de junho uma mudança em um dos setores estratégicos da marca. Rafael Miotto é, a partir de agora, o novo diretor de Marketing para a América Latina. Engenheiro mecânico e de armamento formado pelo Instituto Militar de Engenharia (IME) e com MBA em Desenvolvimento de Negócios pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), iniciou a carreira como engenheiro de armamento no Exército Brasileiro e posteriormente residiu na Turquia, onde atuou como engenheiro de produto em uma multinacional do setor de sistemas elétricos. Sempre no segmento de máquinas agrícolas, atuou nas áreas de Suporte ao Produto, Serviços e Vendas, e traz na bagagem a efetiva realização de atividades comerciais e de pós-vendas em todos os países da América Latina. Em sua última atividade, foi responsável pela área de Serviços da Case IH para a América Latina, setor em que alcançou grandes conquistas, entre elas a implantação do sistema de atendimento Max Case IH, considerado modelo pelo setor. Mirco Romagnoli, vice-presidente da Case IH para a América Latina, informou que a mudança na estrutura de Marketing fortalece ainda mais as aspirações da marca. “Rafael Miotto é um profissional muito competente e com grande experiência no setor agrícola. Nos últimos anos, a Case IH foi a marca que mais cresceu no mercado e, com o Miotto no comando das estratégias, nossa projeção de participação de mercado crescerá ainda mais”.
Iveco entrega novo ônibus do Corinthians O novo visual do “Mosqueteiro”, ônibus Iveco que será responsável pelo transporte do time principal do Corinthians, já foi definido. A Iveco encerrou, em 15 de junho, mais uma campanha digital que moveu uma verdadeira multidão de fiéis: por meio de seu Facebook (www.facebook.com/IvecoBr), mais de 47 milhões de pessoas foram atingidas pela ação que convocou a torcida corintiana a escolher a nova aparência. A opção mais votada entre os dias 1º e 15 de junho foi a de número 01, que teve 53% dos votos, contra os 47% da alternativa número 02. Agora, o novo ônibus do Timão será adesivado para ser entregue ao clube na primeira quinzena de julho. Internautas do Brasil e de 19 países de quatro continentes (Américas do Sul e do Norte, Europa, África e Ásia) participaram da votação.
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SOMANDO IDEIAS O Gruppo Dirigenti Fiat (GDF-Brasil) promoveu, em junho, a primeira edição da nova temporada do seminário Somando Ideias, que reúne dirigentes das várias empresas do grupo para debater temas relevantes e estratégicos sobre economia e negócios. O seminário é realizado periodicamente há cerca de oito anos e agora se torna uma atribuição do GDF, entidade que reúne associados de todas as empresas do grupo e, assim, pode dar ao evento um caráter abrangente e transversal, conforme explica o presidente da entidade, Giacomo Regaldo. O seminário Somando Ideias reuniu cerca de 300 executivos do grupo, que assistiram às apresentações de Marco Antônio Lage, diretor de Comunicação e Sustentabilidade da Fiat Chrysler, e de Marco Mazzu, presidente da Fiat Industrial Latin America e também presidente da Iveco Latin America. Eles detalharam a estrutura, funcionamento e perspectivas das duas holdings que formam o grupo, a Fiat SpA e a Fiat Industrial. A seguir, Gilson Carvalho, diretor superintendente da Fiat Finanças, e Maurício Kedhi Molan, economista-chefe do Banco Santander, analisaram a conjuntura econômica. O seminário foi marcado também por assinatura de protocolo entre o GDF e o Instituto Minas Pela Paz (IMPP), para um programa de voluntariado que beneficiará a Fraternidade Brasileira de Assistência aos Condenados (FBAC).
New Holland fecha parceria com Gusttavo Lima
Empresa Amiga da Criança
A New Holland Agriculture fechou, recentemente, uma parceria com o cantor Gusttavo Lima. O artista é um dos principais cantores e compositores da música sertaneja universitária do Brasil. Em 2011 e 2012, foi a terceira pessoa mais acessada do Google Brasil. Com a parceria, a marca terá seis inserções em mídias sociais do cantor: nas páginas do Facebook, Instagram e Twitter do artista. Além disso, os dois ônibus e uma carreta do cantor, que levam a equipe e toda aparelhagem de som para os shows, receberão logos da New Holland nas laterais e na traseira dos veículos, durante o período de seis meses.
A Teksid recebeu, no final de abril, o título de empresa Amiga da Criança, em Betim, devido às suas ações voltadas para a criança e o adolescente. A nomeação foi concedida pela Associação de Promoção Social e Serviços Especiais de Minas Gerais (Apssemg), em parceria com o Instituto Neuza Dutra e o Movimento Estudantil do Brasil (MEB). Foram consideradas as ações do Projeto Creches e o Filhote do Salão do Encontro. O diretor de Recursos Humanos da Teksid, Massimo Boerio, também foi homenageado, recebendo o título de “Cidadão Amigo da Criança”.
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raio-X DO GRUPO FIAT NO BRASIL
fiat spa MONTADORAS
componentes
serviços
Fiat Revi www.fiat.com.br Fiat Automóveis www.magnetimarelli.com Magneti Marelli
Raio-X do Grupo Fiat no Brasil
Fiat Services
sistemas de produção Fides Corretagens de Seguros
www.teksid.com.br Teksid do Brasil www.isvor.com.br Isvor Instituto para o Desenvolvimento Organizacional
www.comau.com.br Comau do Brasil
serviços financeiros
Fiat Finanças
Banco Fidis
fiat industrial Empresa: Fiat do Brasil S.A. A Fiat do Brasil S.A., constituída em 1947, é a empresa mais antiga do Grupo Fiat no Brasil. É a representante, no país, da holding Fiat SpA e presta serviços em suas diversas áreas de atuação à Fiat Industrial SpA. A Fiat do Brasil S.A. tem a função de representação institucional perante as autoridades governamentais, comunicação corporativa, auditoria interna, treinamento, contabilidade, normatização e gestão das áreas fiscal e tributária, metodologia, folha de pagamento e outras atividades de suporte às operações do Grupo, prestando serviços a 19 empresas, divisões, associações e fundações.
MONTADORAS
componentes
serviços financeiros
www.fptpowertrain.com FPT – Powertrain Technologies (Mercosul)
Banco CNH Capital
www.cnh.com Case New Holland (CNH)
www.iveco.com.br Iveco Latin America
cultura
educação
assistência social
www.casafiatdecultura.com.br Casa Fiat de Cultura
www.fundacaotorino.com.br Fundação Torino
www.fundacaofiat.com.br Fundação Fiat
Localização: tem plantas industriais nos estados de Minas Gerais, Paraná e São Paulo. Presidente: Cledorvino Belini
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memória
Presente em todo o BRASIL.
ANTES DE CONSTRUIR UMA GRANDE OBRA, É PRECISO CONSTRUIR GRANDES PARCERIAS. NEW HOLLAND. A GRANDE PARCEIRA DE QUEM CONSTRÓI O BRASIL.
Uno Mille, sucesso
de mercado desde 1990 Veículo conquistou adeptos ao ser o primeiro da era moderna a ser equipado com motor 1.0, oferecer ótimo consumo de gasolina e bom desempenho
Por Ricardo Dilser
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tualmente, o tema eficiência energética está em evidência. Mas, se olharmos para trás, a Fiat já caminhava a passos largos nessa direção, em uma época em que grandes e beberrões veículos ainda eram produzidos no Brasil. Em 1990, chegava ao mercado o Uno Mille, primeiro carro da era “moderna”, equipado com motor 1.0. Com impacto menor de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), essa nova modalidade de veículos foi inaugurada pela Fiat ao desenvolver, testar, validar e produzir em tempo recorde o propulsor de 999 centímetros cúbicos. Daí o nome “Mille”, alusão à cilindra-
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da de 1 litro ou mil centímetros cúbicos. Com pouco menos de 50 cv de potência, mas dotado de uma carroceria leve, o Uno Mille oferecia ótimo consumo de gasolina e bom desempenho. Foi um sucesso imediato de vendas e a concorrência respondeu somente 18 meses depois, pois teria que adaptar seus motores grandes para 1.0 litro. O segmento do carro popular foi o mais importante para a indústria automobilística brasileira nas últimas décadas e a reposta imediata da Fiat em relação ao desejo do consumidor foi decisiva para a consolidação da marca que, há 11 anos, é líder em vendas.
Quando o Brasil abriu o caminho para o desenvolvimento, a New Holland estava lá, ajudando a construir o futuro deste país. São mais de 60 anos de inovação tecnológica e uma rede de concessionários em todo o Brasil. Tradição e pioneirismo. É com esses ingredientes que a New Holland continua fazendo história. Porque o DNA da New Holland é construir o futuro sempre.
NEW HOLLAND. Construindo novos tempos.
www.newholland.com.br