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Figura 08 – Antigo Mercado Municipal de Juiz de Fora - MG

Já o mercado no período medieval acontecia em uma espécie de praça, nas margens de uma via de circulação importante, ou em encontro de vias e do lado externo das muralhas, frequentemente em local periférico em relação a áreas habitadas. Em contraponto, no século XVI ocorre uma mudança na configuração desses mercados, os espaços da praça barroca (a cultura da praça inclui o mercado) são muito mais complexos do que da medieval. A maior extensão das cidades barrocas permite a especialização e vários serviços são oferecidos para as classes privilegiadas, resultando em uma infraestrutura demandada pela nova sociedade, que se voltam para o interior de suas residências, e as praças perdem a função de acumular pessoas. (MUMFORD, 1965; VARGAS, 2001)

Vargas (2001), afirma que os mercados e posteriormente as feiras possuíam um papel muito importante, não somente na atividade econômica, mas principalmente na vida

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social, agindo como locais de distração e divertimento. Dentro do contexto de mercado como espaço público, cobertos, semicobertos ou abertos, destaca-se espaços significativos, que mudam de nome no decorrer do tempo, mas continuam sendo símbolos representantes da vida social. Entre eles podem-se destacar: o bazar, a ágora, o fórum, as praças, as feiras, dentre outros. A partir do final do século XVIII vão surgir outros espaços com características semipúblicas, como as galerias, os grands magasins e lojas de departamento com suas respectivas repercussões, o super e hipermercados, os centros de compras planejados e os shopping centers.

As técnicas de venda vão mudar, a localização e os formatos desses locais de troca também, mas a base de todos eles serão aquele módulo mínimo, individual conhecido como loja que é a evolução das pequenas tendas, barracas ou bancas que adquirem a condição de ser permanente, mas que ainda hoje coexistem. VARGAS, 2001, p. 97, v. 3

O Brasil Colônia, da sua gênese até meados do século XVIII, teve sua atividade comercial sustentada pelos engenhos de açúcar, armazéns, portos, e através dos mascates que levaram mercadorias às regiões mais centrais da antiga colônia. Posteriormente, esses vendedores ambulantes começaram a se estabelecer nos centros urbanizados, transformando o comércio espontâneo de alimentos em um primeiro esboço do que seria o mercado (ARAÚJO, 2017).

Com o advento da industrialização e o fenômeno da globalização, aconteceram diversas transformações do espaço comercial, e do ato de compras. O espaço comercial se torna cada vez mais privatizado e o comportamento de compras mais estimulado pelo impulso. Isso resulta num esquecimento e afastamento da população diante do espaço do mercado e das áreas centrais das cidades. Essas mudanças interferem não somente na relação de comércio de suprimentos essenciais, mas também a relação do indivíduo com a cidade e sua identidade (VARGAS, 2001).

Direcionando esse contexto de atividades comerciais para o viés da produção e do consumo de produtos alimentares ou refeições, atualmente, tem-se combinado estrategicamente a gastronomia e a arquitetura para rejuvenescer e requalificar o contexto socioeconômico de determinada região. As novas formas de consumir introduziram uma inversão de valores, o comércio deixou de acontecer como encontro e passou a ocorrer como finalidade exclusiva da aquisição de produtos. Diante disso, surgem novos formatos de mercados pelo mundo, que contribuem para a construção de espaços públicos que requalificam e revitalizam o “urbanismo comercial” (BARBOSA, 2016). O novo formato comercial destes edifícios mostra a capacidade de adaptação ao novo e a necessidade de sobrevivência gerada pelos formatos de mercados poucos integradores.

Em Barcelona na Espanha, no ano de 1986, aprovou-se um plano que incorporava o resgate dos mercados como ferramenta de abastecimento e como equipamento urbano. Além do plano, foi fundado em 1990, o Instituto Municipal de Mercados de Barcelona (IMMB), com o objetivo de restaurar e trazer uma nova imagem aos mercados tradicionais. Um dos exemplos de mercado tradicional é o Mercat de Santa Caterina (figura 09), que funciona como um importante equipamento dinamizador do contexto urbano da cidade atualmente (RODRIGUES; CAMPOS, 2017).

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