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Figura 13 – Fachada Principal da Casa d’ Itália

Figura 13: Fachada Principal da Casa d’ Itália Fonte: Do autor (2019)

Mancini (2010, p. 63-64) explica que entre as contribuições da culinária italiana à história da cidade referem-se a massa (com seus diversos cortes, molhos e recheios); as verduras e legumes em geral (incomum eram as famílias italianas que não possuíam uma horta em casa, com isso praticamente todos os ambulantes verdureiros também eram italianos); a polenta; as sobremesas e geleias em compotas; os pães e panetones caseiros; o vinho; a uva; o peixe; o risoto; o sorvete; os embutidos; e os queijos, principalmente o parmegiano.

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2.3. Etnia Sírio-libanesa

O início da imigração árabe em Juiz de Fora, se dá por volta de 1890, com a chegada de imigrantes sírios e libaneses cristãos em busca de melhores condições de vida no Brasil. A partir dessa data, e sobretudo na primeira década do século XX, houve um movimento de dispersão significativo, tanto de sírios quanto de libaneses. A escolha por esta cidade acontecia por sua proximidade com as metrópoles de São Paulo e Rio de Janeiro, as mais importantes no que diz respeito à atração de imigrantes, e que consequentemente estavam inchadas no ponto de vista populacional. Então devido seu posicionamento geográfico favorável, e com o desenvolvimento urbano e industrial em virtude da cidade ser um pólo comercial na

região, os sírios e libaneses estabeleceram-se no local, sem precisarem de enfrentar a concorrência de outros comerciantes, já que o principal objetivo destes era acumular economias através do comércio e em seguida retornar ao Oriente Médio (OLIVEIRA, 1994).

A partir da Primeira Guerra Mundial que transformou o Oriente Médio em um local de pouco interesse para os Sírios e Libaneses Cristãos, os planos de acumular capital e retornar para sua região de origem foram alterados. Em sua grande maioria optaram por ficar na América e ainda ajudaram famílias árabes que desejavam emigrar, contribuindo com abrigo, trabalho, e muitas vezes, dinheiro (CRUZ, 2016).

Nesse novo País eles encontram muitas dificuldades, principalmente no que tange a criação e veiculação de estereótipos pejorativos acerca desses imigrantes, sendo tachados de “turcos”. A comida árabe era um importante fator para a discriminação desse povo, sobretudo pelo estranhamento cultural que algumas de suas receitas causavam aos brasileiros. De acordo com John Karam, as elites brasileiras utilizavam os alimentos para marcar as diferenças pouco apetitosas dos médioorientais ao insistir na “estranheza” da culinária oriental (KARAM, 2009, p.204). Até consolidarem o espaço da etnicidade árabe em Juiz de Fora houve um processo de luta simbólica, no qual os imigrantes tentavam negociar sua inclusão na nação brasileira, reivindicando condições de igualdade em relação ao brasileiro, todavia, sem abandonar seus costumes e identidade (CRUZ, 2016).

No período em que se instalaram na cidade, atuaram inicialmente como vendedores ambulantes, atividade com que adquiriram maiores recursos para, depois, montarem seus armarinhos e lojas de tecidos, vendendo em atacado e varejo, além de indústrias voltadas para a fabricação de meias. Já em relação à culinária desses povos valoriza-se os grãos, frutas, legumes e vegetais, combinados com especiarias. O destaque dos produtos animais é atribuído a carne de carneiro, mas em terras brasileiras fora substituída pela carne bovina por ser mais abundante e acessível. Outro prato que é herança cultural desse povo é a coalhada, além das sobremesas que utilizam ingredientes como mel, sêmola, pistache, noz, amêndoa, tâmara, damasco e gergelim em suas composições (RAHME, 2010).

Segundo John Karam, através da expansão do consumo da comida e da dança árabe no cenário nacional, que ele chama de “mercantilização da cultura árabe”, a etnicidade árabe passa a ocupar uma posição de destaque na nação brasileira.

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