PIMPOLHO 50 ANOS
Uma história de sucesso desde os seus primeiros passos
Visão aérea de Vila Velha na década de 1960
Saudade imensa das suas duas famílias, Brito & Pimpolho
PIMPOLHO 50 ANOS, uma história de sucesso desde os seus pri meiros passos é uma justa homenagem ao empreendedor José Tavares de Brito que, ao lado da esposa Nilza, imprimiu a marca Pimpolho em nossos corações. Agradecemos pelo exemplo de vida que ele nos dei xou. Pedimos força para seguir os próximos cinquenta anos, apesar da saudade, do vazio e da dor que sentimos pela ausência.
Todo ser que passa, fica. Fica pela marca que imprime no Universo. Fernando Pessoa
Seu José e dona Nilza multiplicaram o DNA da família em milhões de pés, envolvendo-os com muito amor e carinho.
Bairro Glória, onde está situada a fábrica atualmente
Aos colaboradores, ex-colaboradores, diretores, representantes, clien tes e fornecedores que integram a grande família Pimpolho que, com seus depoimentos, trabalho, dedicação e participação incondicional, muito contribuíram para a realização desta obra.
Agradecimentos,
Confesso minha incapacidade de lembrar, por isso pedi ajuda para mi nha mãe Nair. Ela confirmou o que já suspeitava, usei Pimpolho antes mesmo de aprender a andar.
Andar e falar são tão marcantes em nossa história de vida que sua com binação nos insere no seio da família, que nos recebe de braços aber tos quando nascemos.
Celebro aqui minha capacidade de memória, e registro com orgulho de pai, o fato de minha filha Bianca ter calçado Pimpolho antes mes mo de aprender a falar.
Ronaldo Barbosa
Apresentação
Andei e falei pelo grupo Pimpolho, que me recebeu de braços aber tos. Ouvi histórias emocionantes e essa combinação de testemunhos possibilitou resgatar nesta singela obra a trajetória dos primeiros cin quenta anos de existência.
Quero convidar o amigo leitor a caminhar nestas páginas que, simbo licamente retratam o que é fazer parte da Família Pimpolho.
Vila Velha | ES | 2012
A vida é como andar de bicicleta. Para manter o equilíbrio, é preciso se manter em movimento.
Albert Einstein, em carta ao filho Eduard
Esta é uma estória que me foi contada ao poucos, em conversas tranquilas, bate-papos despretensiosos e confidências engraçadas. Ouvi os fatos das pró prias testemunhas, ou melhor, dos atores principais que mantêm viva a me mória de um homem que criou uma família para inventar sapatinhos.
A data comemora o resultado da união desse belo casal de empreendedores de sucesso. Seu José e Dona Nilza, juntos desenvolveram o DNA perfeito que avança no tempo, formando gerações que carregam na herança a essência do que é ser um verdadeiro Pimpolho: honesto, trabalhador e apaixonado – vir tudes que nos chegam por meio de pessoas, gestos, serviços e produtos, e o melhor de tudo, não vêm sozinhas, chegam aos pares.
Assim como a rua e a praça que eternizam seu nome, esta singela obra é uma justa homenagem ao pai da Família Pimpolho e grande incentivador dos pri meiros passos que embalaram uma legião de brasileirinhos ao longo de cin quenta anos de histórias e muito trabalho.
Boa leitura!
Homenagem
Sapatinhos comemorativos das cinco décadas da Pimpolho
A Terceira Geração Pimpolho 49
C AP í T ul O IV
Nossos Causos 67
C AP í T ul O II
C AP í T ul O III
Sumário
C AP í T ul O V Perfil 87
A Segunda Geração Pimpolho 39
C AP í T ul O I
A Primeira Geração Pimpolho 13
13 C AP ítu LO I
A Primeira Geração Pimpolho
Um dos momentos inesquecíveis da vida de qualquer criança é quando, pela primeira vez, ela junta uma letrinha, mais outra, e mais várias delas e começa a... ler! É uma conquis ta tão importante que será usufruída pelo resto de sua vida e abrirá, a cada dia, uma nova janela para o mundo. Maurício de Sousa
Em 25 de dezembro de 1924 nascia José Tavares de Brito, em Tá bua, município de Sinde, região de Coimbra – Portugal. Filho do Sr. Antonio Tavares Diniz, de Aldeia das Dez, e D. Albertina de Brito Pinto Diniz, de Sinde, Tábua. Teve dois irmãos: Antônio Manoel Ta vares de Brito (engenheiro, faleceu aos 36 anos em um desastre de avião) e Maria Helena Tavares de Brito Amaral (professora de por tuguês para estrangeiros). José Tavares de Brito foi criado em uma Quinta e cursou primário e secundário na escola pública de Sinde, depois foi para a cidade de Coimbra e entrou para a faculdade onde iniciou o curso de engenharia.
José era um jovem boêmio que gostava, nessa época, de frequen tar bares como do “Antonio ladrão”, cantando e olhando o rio Mon dego com os bons amigos. Por seu espírito aventureiro José resolveu deixar Portugal e pensou em ir para a África.
Origem e os primeiros passos
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Antônio Manoel Tavares de Brito, Maria Helena Tavares de Brito Amaral e José Tavares de Brito, em Coimbra, Portugal
Em 24 de maio de 1929 nascia Nilza Vieira de Azevedo em Rosá rio do Catete, Sergipe. Filha de José Paes de Azevedo Sá e Cecília Viei ra de Sá. Tinha 14 irmãos e era a caçula da família.
José e amigos, na época da faculdade
O espírito desbravador do verdadeiro português bate forte e aos 22 anos, decide ir para o Brasil rumo ao Rio de Janeiro. Sob o olhar do Cristo Redentor, a cidade maravilhosa recebeu José de braços abertos, em outubro de 1947. De início, ao lado do tio Alberto Moura Pinto, foi gerente de uma olaria em Jacarepaguá. Tempos depois veio a tra balhar no Banco Bordallo Brenha, na área de câmbio.
Sem saberem, o destino reservaria aos dois uma linda história de muito sucesso empresarial e, principalmente, familiar. O fruto dessa união perfeita completa meio século de existência.
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A essência de dona Nilza estava sendo la pidada pelos pais, em Sergipe. Para formar o caráter, ela se espelhou no pai, uma figura tra balhadora e séria, que, antes de assumir a fa zenda da família, trabalhou como telegrafis ta em São Paulo.
O pai da dona Nilza deixou o trabalho em São Paulo para se dedi car exclusivamente à fazenda da família, a pedido da mãe. Anos mais tarde, quis se casar e fez uma casinha para a mãe, assumindo de vez a casa grande, onde funcionava a sede da fazenda. Ficou na proprieda de por muitos anos, mantendo uma vida tranquila e sempre de bom humor, contando causos e anedotas na varanda.
A comunicação em todo o território na cional, nesse período, era bem precária e qua se sem nenhuma tecnologia. Diferentes foram as iniciativas para o aperfeiçoamento deste seg mento no país. Naquele tempo, Sergipe e São Paulo não se falavam, um estado não sabia o que acontecia no outro. Só para se ter uma ideia, a televisão nem existia ainda e as pessoas sabiam as novidades somente pelo rádio. Antes de viajar e assumir o novo emprego, o pai de dona Nilza encomendou um terno, comprou um chapéu novo e seguiu para São Paulo. De sembarcou na metrópole paulista sem perceber que estava vestido to talmente fora da moda. um belo dia, um alemão, que o chateava mui to no trabalho, ironizou o chapéu. Sem pensar, o pai de dona Nilza ar rancou o chapéu deste alemão com a bengala e o pisoteou. A ação foi tão rápida que evitou qualquer reação do alemão. “Daí em diante foi respeito puro”, comenta dona Nilza.
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O primeiro encontro entre dona Nilza e seu José foi em uma fes tinha no mesmo bairro. Moravam bem perto um do outro, na Tijuca. José chegou à festa com outro amigo, um português. “Conversamos um pouco e me senti atraída por ele, talvez por ser português e pelo modo dele falar comigo, me tratar”, recorda dona Nilza.
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Dona Nilza no seu primeiro emprego, na Secretaria do Clube Militar
Ela pensava em ir com José para Aracaju. “Achei que pudesse ir com José”, revela SomenteNilza.quando dona Nilza leu a resposta da carta é que percebeu a resistência na apresentação do futuro marido. A missiva continha a
Depois que iniciaram o namoro, o irmão mais velho de Nilza, que morava em Campo Grande-MT, lhe enviou um bilhetinho: “Por que um português e não um brasileirinho?”
O namoro engatou e seu José com dona Nilza levavam a sério a relação. Somente quando a mãe de dona Nilza esteve no Rio de Janei ro para fazer uma cirurgia, seu José foi apresentado oficialmente. “Ele conheceu mamãe e um ano depois quis levá-lo a Aracaju, mas meu pai era um homem com hábitos antigos e, apesar de ser muito inteligente, mantinha restrições quanto a conhecer o namorado da caçula”, comen ta dona Nilza.
Em 1947, dona Nilza segue com o irmão médico Walter Vieira de Azevedo para o Rio de Janeiro e presta vestibular. Inicia o curso de odontologia em 1948, na universidade Federal do Rio de Janeiro. Dona Nilza vivia com a irmã, Oswaldina Vieira de Azevedo, que era enfer meira. Sempre à frente de seu tempo, a universitária Nilza sentiu a ne cessidade de trabalhar, mesmo que fosse fora da sua área.
O irmão mais velho, Péricles Vieira de Azevedo, que era militar, lhe conseguiu um emprego onde pudesse conciliar os estudos, na se cretaria do Clube Militar. Nessa época, era incomum uma mulher con seguir trabalhar e estudar em uma universidade. Trabalhava à noite fa zendo as atas das reuniões do clube e estudava de dia.
José escreveu uma carta ao sogro pedindo Nilza em noivado.
Dona Nilza chegou em Sergipe e foi direto para Rosário do Cate te, onde seu pai vivia. Muito contente, deu mil beijos no pai e sentou em seu colo, com os braços enlaçando o pescoço, como fazia quan do criança. O pai, com a saúde debilitada, perguntava o que os ir mãos achavam de José. Nilza, claro, defendia o amado com um bri lho especial nos olhos. Só poderia falar bem do noivo que a esperava no Rio de Janeiro. No dia seguinte, em 25 de dezembro, no café da manhã, quando o tio Heitor chegou, o pai iniciou um discurso todo feliz pelo fato da filha ter se formado em odontologia. Em seu de poimento inflamado dizia que a filha havia ficado noiva. Neste mo mento, teve um engasgo, tomou um copo de leite e tornou a engas gar. Sem se recuperar, faleceu ali mesmo. Seu José nunca chegou a conhecer o sogro. A mãe de dona Nilza ainda viveria por mais qua tro anos após o falecimento do marido.
seguinte pergunta: “Mas, vocês virão no mesmo avião?”. “Oras”, pensava Nilza, “como se no avião fossemos fazer alguma coisa estranha” (risos).
Acima, Dona Nilza em frente à pensão Rio de Janeiro onde morou no início do casamento e, ao lado, Dona Nilza e Sr. José
Péricles Vieira de Azevedo, irmão de dona Nilza, morava no bairro do Flamengo, no Rio de Janeiro. Sempre que podia, Nilza dava um jeito de escapar para dar um pulo na casa do irmão. Aproveitava e ia à praia.
Seu José e dona Nilza se casaram e foram morar em uma pen são na Avenida Oswaldo Cruz, em Botafogo. “No início era bem di fícil. Era uma vida simples. Nós morávamos numa pensão portugue sa com um quarto e banheiro. Ficávamos lá, sozinhos. Não tínhamos dinheiro para montar um apartamento, eu ainda trabalhava no Clu be Militar e José viajava muito como representante de vendas dos te cidos da Matarazzo”.
Seu José se mostrou mais cauteloso e desistiu de viajar para Araca ju a fim de conhecer, finalmente, o pai da noiva e dizia: “Sabe de uma coisa Nilza? Não vou. Não quero constranger seu pai. Ele não quer que eu vá e é claro que não vou em um avião e você em outro”.
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Dona Nilza e Sr. José tiveram quatro filhos: Antônio, Cecília, Nel son e José Antônio,(Juca).oprimeiro filho, passou muito mal e teve que fazer uma cirurgia delicada. Sem dinheiro para custear a recuperação do filho, o casal decide vender todas as máquinas da fábrica para operar An tônio, no Rio de Janeiro.
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Entre os produtos oferecidos, o que mais se destacava era um sapa tinho para bebês, feitos em espuma nas cores branca, rosa e azul. Ape sar de ser bonitinho, este sapatinho apresentava um pequeno defeito, ficava todo manchado de amarelo com o tempo. Seu José então foi até a fábrica, que estava instalada no bairro de Pinheiros, em São Paulo. Chegando lá, conheceu o dono e apresentou algumas sugestões para melhorar o produto e aumentar as vendas. Percebendo a enorme vi são comercial de seu José, o dono da fábrica mais que depressa ofere ceu sociedade. Convidou-o para que assumisse o departamento comer cial e que entrasse como sócio na fabricação dos sapatos infantis. Dona Nilza nunca se sentiu à vontade em participar de sociedades. Aprovei tando a motivação do marido, Nilza sugeriu ao marido uma ideia mais empreendedora do que encarar uma sociedade e disse: “Não José, acho melhor nós pensarmos em montar alguma coisa só nossa. Sem sócios”.
Mas, o coração de dona Nilza sabia que se José decidisse ir para a fábrica em São Paulo ela apoiaria e o acompanharia, onde fosse. “Pen samos em tudo e em como seria montar o negócio. A primeira fábrica
Seu José viajava muito e dona Nilza queria o marido perto. A ideia de montar um comércio surgiu para que seu José ficasse mais tempo com a esposa. O casal montou um pequeno atacado na garagem da casa. Excelente tino comercial e extremo senso de oportunidade, seu José dei xou de representar a Matarazzo no estado do Espírito Santo para abrir um atacado, cuja razão era N.A Brito. Dentre os produtos, vendiam shorts, soutiens, meias, sapatinhos de nylon e as cuecas masculinas.
que montamos não foi de sapato infantil. Era produção de cueca mas culina para adultos”, lembra dona Nilza.
Neste período, Cecília e Nelson – José não era nascido – moraram por dois anos com as tias em Sergipe. Após esse período, quando Nilza voltou ao Espírito Santo, disse assim ao marido: “A fábrica de cuecas não deu sorte, vamos montar outra fábrica, só que de outra coisa. Vamos fazer de sapatos”
Dona Nilza e familiares na fazenda em Sergipe
Exímio comerciante, o sangue português que lhe corria nas veias o fez assumir uma representação comercial na Têxtil Amazonas, uma das empresas das Indústrias Reunidas Fábricas Matarazzo (IRFM) –naqueles tempos, formavam o maior complexo industrial da América latina – tendo como fundador o imigrante italiano Francesco Mata razzo. Seu José exibia em sua mala de caixeiro-viajante uma gama de tecidos muito bons e finos.
Assim se iniciou a fábrica de sapatinhos infantis. “Foi uma luta mui to grande, pois de sapatos, nem ele nem eu, entendíamos como se fabri cava. Ele comerciante e eu filha de fazendeiro formada em odontologia”.
Sr. José e DonaNilza passeando na praia com os filhos
Dona Nilza lia muitos livros infantis para os filhos dormirem. um deles era a fábula dos três porquinhos. “Na edição que eu tinha em casa, os três porquinhos eram chamados de pimpolhos também, como se eles fossem crianças. Quando montamos a fábrica lembrei-me do nome Pimpolho. Depois fui ver no dicionário; porque tudo meu tem que procurar muito a fundo e saber, para ter certeza; e pimpo lho era galho de videira e criança pequena. Foi assim que eu quis co locar Pimpolho, que é o nome até hoje. Mas antes, tivemos que com prar a marca, porque já era registrada. Depois tentamos acrescentar uma nova marca, com o nome de ‘Fedelho’ mas, ninguém gostava só eu. Desistimos” , revela Nilza.
As irmãs de dona Nilza entraram inicialmente como sócias para montar a fábrica, em Vila Velha-ES. Esta parte na sociedade foi com prada posteriormente por seu José e dona Nilza. No início, a fabricação acontecia nos fundos de uma casa alugada na Rua Dr. Freitas lima nº 44, no centro de Vila Velha. “Em 5 de fevereiro de 1962, ainda me lem bro bem, começamos a fazer os primeiros sapatinhos, inicialmente uns cinco por dia, depois aumentamos. Em seguida, resolvemos fazer de cou ro. Começamos com uma funcionária e um cortador, depois, aos poucos, chegamos a cinco funcionários”, revela Nilza.
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Sr. José com os filhos e o amigo Valter Escuza
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Para resolver a situação, Nilza se empregou em uma fábrica de calça dos infantis em Madureira, Rio de Janeiro, para aprender a técnica do aca bamento daquele modelo específico. “Fui pra essa fábrica e me empreguei por duas horas, o que foi bastante suficiente. Já sabia fazer tudo, só não sa bia fazer a armação que não ficava boa. Vi como era bem simples e apren di a fazer. Bastava finalizar o ponto com um alicate de ponta”, revela Nilza.
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Na época existia um concorrente na fabricação de calçados in fantis. No início, Nilza tentava até copiar os sapatinhos dos con correntes, que usava como referência e, às vezes, colocava uns de talhes a mais para diferenciar. “Era uma cópia com um toque deli cado na criação, depois fomos criando por conta própria e aumen tando aos poucos a produção”.
O casal em frente à primeira fábrica onde tudo começou
Sem um domínio completo da confecção dos sapatinhos, a produ ção emperrou ao tentar dar um acabamento especial em um determi nado modelo. O sapatinho levava uma prega e deveria estar pinçado para realçar o acabamento. Esses sapatos nunca ficavam bons e dona Nilza jogava toda uma produção fora. “Queimávamos tudo e depois en terrávamos, não era bem aquilo que José queria vender”, lembra Nilza.
Evolução da marca Pimpolho
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Quando a garagem ficou pequena, todo o quintal da casa foi ocu pado. Os filhos maiores – Antônio, Cecília e Nelson - iam para a es cola normalmente, enquanto José, mais conhecido como Juca, estava sendo criado no berço, dentro da fábrica. “Ele ficava ali enquanto tra balhávamos. Eu gostava de fazer roupas para vestir as crianças, até co meçava a fazer, mas José dizia para deixar a costura de lado e comprar tudo pronto na loja. Queria dedicação total à fábrica”.
Este foi o primeiro passo da Pimpolho. Daí por diante, a pequena fá brica, instalada na garagem, começou a fazer sapatinhos com muita luta e sem dinheiro. “Naquele tempo, era mais difícil fazer as coisas e meu ma rido não gostava de tomar dinheiro emprestado. Ocorre que, no princípio, teve que pedir ajuda a particulares, que emprestavam a juros. Juros altos, mas fomos lutando juntos e quando dois acreditam o sucesso acontece”.
Um dos primeiros sapatinhos confeccionados e uma das primeiras embalagens da Pimpolho
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Dona Nilza e Sr. José com seus netos
Era fácil vender os sapatinhos Pimpolho, pois tinham boa aceita ção no mercado devido à apresentação e excelente acabamento. As re ferências dos calçadinhos, além dos números, recebiam nomes de pas sarinhos como Sabiá, Rolinha, Andorinha, Juriti, Cotovia e Pintassilgo. A ideia dos nomes agradava bem os clientes, o que facilitava fechar o pedido. Dentro da fábrica, Dona Nilza à frente da linha de produção, fiscalizava pessoalmente a fabricação manual destes sapatinhos, sem pre com muito capricho e carinho.
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E assim os dois, José e Nilza, lutaram ombro a ombro, por um só ideal, a Pimpolho – formada por pessoas e sapatinhos encantados. “Mi nha irmã dizia que a Pimpolho era mais importante do que os filhos (ri sos). Ah! Mas, também não é assim, é que por algumas vezes deixávamos um pouco os filhos fora da fábrica, mandávamos eles para o cinema. Só assim conseguíamos ficar trabalhando com mais afinco, isso muitas ve zes acontecia, quando precisávamos trabalhar mesmo aos domingos”.
Guerreira e determinada, dona Nilza começou a se dedicar muito mais à fábrica Pimpolho do que qualquer outra atividade na vida. Mes mo com muita luta e trabalho, os sábados, domingos e feriados passa ram a fazer parte da semana de trabalho. Aos poucos, seu José e dona Nilza foram construindo a Pimpolho. “Não foi algo que tenha surgido de repente. Nada surge assim de imediato, ou cai do céu na nossa mão. Teve uma época que a família toda queria que José arrumasse um negó cio, mas não é assim que se arranja, de estalo. Todo negócio dá trabalho e exige muita dedicação, além de luta diária”, ressalta Nilza.
Inicialmente os funcionários eram inexperientes e sem noção exata de onde poderiam chegar, não havia consultoria profissional, nem uma seção que cuidasse exclusivamente do desenvolvimento da criação. “Hoje existem profissionais dedicados em criar, no meu tem po não havia. Era tudo na raça e na coragem, com simplicidade e sem experiência, mas mesmo assim fomos lutando, lutando e crescendo. Aprendendo a cada dia”.
A prioridade dos pais da Família Pimpolho sempre foi dar respon sabilidade aos filhos, com ênfase na educação. A segunda geração esta va sendo lapidada e, por isso, tinha que estudar e fazer cursos.
A casa era composta de apenas dois quartos, cozinha, sala e banhei ro. Nesta fase, a família Brito era formada pelo seu José, dona Nilza e os filhos Antônio, Cecília e Nelson, ou seja, um casal e três filhos para uma casa pequena de apenas dois quartos. lembrando que ali funcio nava uma fábrica de sapatos infantis com pelos menos cinco funcio nários. “Fomos crescendo e comprando mais mercadorias e a matéria -prima, sem um depósito definido, era estocada embaixo das nossas ca mas”, relembram Antônio e Cecília.
A Pimpolho nasceu no fundo do quintal, na garagem de uma casa pequena. uma das primeiras ampliações desta fase da empresa foi cres cer horizontalmente no próprio quintal. Seu José mandou levantar um barracão na área livre do terreno. Em pouco tempo o espaço ficou peque no e a Pimpolho teve que dobrar o tamanho da garagem. Na sequência, mais dois barracões de madeira surgiram para desafogar a produção, que crescia consideravelmente. A casa, a garagem e o quintal estavam aper tados. um feliz sinal de que os negócios caminhavam a passos largos.
Dona Nilza, sempre persistente e com extrema habilidade manu al, assumiu a produção manufatureira desde o início. Chegava a ficar quase que integralmente dentro da empresa, chefiando a produção e conduzindo a criação. Seu José completava o ciclo do produto no mer cado consumidor com seu tino comercial, aliando sua excelente visão de negócio às vendas. um homem que adorava fazer novos contatos, de estar na rua e conhecer o mundo. A Pimpolho é o retrato do casa mento pessoal com o profissional que deu certo. Tão certo que com pleta seus primeiros cinquenta anos.
Seu José atuava de forma brilhante no comercial, disso ninguém ti nha dúvidas. Porém, sem nenhuma formação na área industrial. uma passagem na história da Pimpolho marca bem essa gana em querer
Teriam que estar aptos a assumir o negócio da família Brito quan do chegasse a hora. Eles, os filhos, sempre estiveram dentro da fábrica em tarefas individuais de forma colaborativa, por exemplo, abrir e fe char os portões da empresa como parte do ‘ritual de transição’ – ou de passagem, mesmo que de forma inconsciente. Dentro da família Bri to, os filhos mais velhos assumiam tarefas maiores, enquanto os mais novos ajudavam sem muita responsabilidade. Todos, sem exceção, aju davam em todos os níveis. Para dona Nilza, tudo foi muito importan te para formar a base da família. “A fábrica também começou dentro de casa, na família e, só assim, pôde crescer e prosperar”.
Fora dela, com a experiência de caixeiro-viajante, seu José encon trou certa facilidade para introduzir os sapatinhos Pimpolho nos es tabelecimentos comerciais dos seus antigos clientes, que se tornariam verdadeiros amigos aos longos dos anos. A união estável do casal foi que tornou possível o sucesso da Pimpolho, que deixava de ser apenas mais uma fábrica de sapatos infantis para se tornar uma eterna família.
Com o decorrer dos anos e o crescente aumento nas vendas foi pre ciso terceirizar o serviço com diversas costureiras para produzir os sa patinhos. Seu José levava as peças já cortadas até as costureiras, que fa ziam a montagem. Em alguns dias os sapatinhos ficavam prontos para a entrega em algum ponto do Brasil. Sim! A marca Pimpolho já circu lava em algumas capitais do país. logo em seguida, houve necessida de de introduzir referências numéricas, pois o mostruário havia cres cido e tinha maior variedade de modelos. Os números dos sapatinhos iam do zero ao três. Atualmente a marcação se inicia no número um.
O casal investia tudo o que ganhava na Pimpolho. “Não tínhamos
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aprender e fazer tudo certo, mas em alguns momentos de forma exa gerada – dada a falta de experiência industrial. Assim foi quando teve que fazer a instalação do balacim, a primeira máquina a entrar na fá brica. “Era tudo mais difícil. Na época ele fez uma base absurda para esta máquina, um exagero”, recorda Antônio, o filho mais velho.
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nada, nem telefone, nem televisão, que quando entrou em casa, Antônio já era mocinho”, comenta dona Nilza.
Cecília, a segunda filha do casal, contava com 12 anos de idade quando pôde assistir aos jogos da Copa do Mundo na TV. “Podíamos assistir ao jogo na casa da esquina, uma casa que existe até os dias de hoje”, recorda com carinho uma infância sem muitas regalias e emen da um comentário emocionado, com a voz embargada, “meu pai, mes mo como grande comerciante, não pensou somente no aspecto comer cial do negócio, priorizou o senso comunitário e social, preocupando-se com a urbanização do local. Ele construiu o prédio da sede da Pimpo lho na lateral do terreno. E a casa, que seria a residência, voltada para a rua. Se formos pensar em termos de valorização imobiliária, o pré dio teria que ficar de frente para a rua, onde se instalaria o ponto co mercial, como uma loja, por exemplo. Meu pai tinha um nível muito interessante de instrução e sabedoria. Na verdade, ele não queria dei xar a rua feia, para ele ali não seria um lugar de indústria. É um local
que deveria ser somente para moradia. Havia nele uma grande preo cupação em montar um galpão maravilhoso, mas que perdeu toda a sua valorização ao ir para os fundos da casa. Este é um olhar de futu ro que sempre me acompanhou pela vida. Alguns até poderiam acre ditar que ele teria dado uma enorme gafe. Ah! Mas não foi gafe, quan do fez, o fez consciente do futuro. Um futuro que sabia como construir.”
Com o sucesso das vendas, a Pimpolho adquiriu um terreno, onde foi construída a nova sede
Quando dona Nilza voltou de Sergipe, após um período de 40 dias, encontrou uma bela e grande geladeira na cozinha.
A geladeira só fez parte dos planos da família Brito quando dona Nilza fez um comentário em tom de pedido um pouco antes da viagem para dar à luz a sua filha Cecília e ficar mais próxima da família, em Ser gipe. “José precisamos de uma geladeira para guardar as mamadeiras das crianças. Temos que conservar tudo porque está ficando muito ruim. Ain da mais agora que são mais duas crianças,” e recomendou ao marido, “não precisa comprar uma geladeira grande, pode ser da pequena mesmo”.
Com o sucesso das vendas e a necessidade de expandir a empre sa, a Pimpolho adquiriu um terreno, onde foi construída a nova sede e a residência da família. “A gente saía de uma casa alugada, onde mo rávamos, para uma casa com um prédio para a fábrica. Naquela época jamais imaginávamos que sete anos depois a Pimpolho estaria instala da em uma sede própria”, explica Antônio.
O futuro chegou mais cedo do que o previsto por seu José e após dois anos o espaço já não era suficiente. A Pimpolho adquiriu uma casa ao lado para poder fazer mais uma ampliação na fábrica. Com mais
Juca, o caçula, ia ao Banco do Brasil todos os dias uteis, logo após o almoço, para efetuar os pagamentos mais simples. Às vezes corria descalço até a agência ou de chinelinho de dedo. Ainda hoje algum funcionário aposentado do banco o reconhece nas ruas de Vila Velha e diz: “Olha lá o rapazinho que ia descalço no banco...”
O futuro chegou mais cedo do que o previsto por seu José e após dois anos o espaço já não era suficiente
Os filhos desempenhavam tarefas simples, como armar caixas para colocar o produto final. Para eles, era uma brincadeira divertida. Até os
um imóvel, funcionando ao lado da sede, a Pimpolho ainda deixava de atender suas necessidades e por conta disso praticamente 100% da costura – onde mais se emprega – estava terceirizada. Em suas casas, as costureiras e suas famílias faziam toda a parte de costura, e uma das funções estratégicas que os filhos deveriam assumir era justamente le var os calçados nas casas mais distantes. As mais próximas da Pimpo lho as próprias costureiras davam conta de buscar.
amiguinhos da rua e da escola participavam. Entre 12 e 14 anos de idade, Cecília e Nelson ajudavam a separar o dinheiro de pagamento dos funcio nários. “Era um papel de seda dobrado e fechado com grampeador. A gente desde criança participou muito da empresa. Muito mesmo”, destaca Cecília.
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Bairro Glória, na década de 1960, onde seria instalada a sede da Pimpolho (destaque)
Sede construída na década de 1970
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Cecília trabalhava na área administrativa financeira da Pimpolho. “Na minha época não havia essas subdivisões de hoje, nossa realidade era bem menor. Eu dizia que trabalhava no escritório da fábrica. A re lação se dava de uma maneira mais informal e às vezes alguns assuntos eram discutidos nos corredores, momentos em que aproveitávamos para trocar ideias”, diz Cecília.
No passado, a máquina de fotocópia ainda era raridade e o uso do mimeógrafo uma atividade comum. Aos finais de semana Juca se diver tia, com álcool e estêncil, rodando todas as tabelas de preços dos calça dos. uma prática usual para montar as pastinhas dos vendedores. Juca saía todo pintado de azul da tinta do mimeógrafo, de dentro da fábrica.
Para os filhos, a relação profissional com o pai era a de simplesmen te acatar as ordens do dono da empresa. “Nada mais fazíamos além de cumprir suas determinações. Tínhamos que cumprir as ordens e apren der. Meu pai era o tipo de pessoa que batia o martelo, dava a palavra fi nal e determinava”, relembra Cecília.
Cecília trabalha profissionalmente na Pimpolho desde os 18 anos de idade, embora sua relação na infância fosse outra completamente diferente, ou seja, só ia lá para brincar. A fábrica de calçados infantis praticamente brotou dentro da garagem da sua casa e aos sete anos de vida a primeira palavra que aprendeu no jargão mercadológico foi ‘pedido’. Tanto que achou graça ao ouvi-la novamente nas aulas do curso de Economia, já na faculdade. “Esta era uma palavra que meu pai fazia questão de dizer todo santo dia, bem na hora do almoço. Empresa sem pedido não é empresa. Empresa sem vendas não existe”. Passados mais alguns anos, os negócios foram andando bem. Em meados de 1978 a Pimpolho se transferiu para o local atual, à rua Valdino Vieira, 153, no bairro na Glória, em Vila Velha-ES. Ini cialmente, foi feito só um galpão e em pouquíssimo tempo houve uma segunda ampliação, seguida de mais uma terceira, até chegar mos ao tamanho atual.
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Entre 1987 e 1988, foi criado em São Paulo o Clube da Moda Infan til e Bebê. Nesse período, luiz Braga mantinha um relacionamento bem estreito com todas as empresas participantes deste grupo. “Falei com o seu José e com o Antônio. Vamos entrar no clube da moda? Eles me olha ram e disseram: Sim! E assim, a Pimpolho passou a fazer parte desse sele
Seu José, que era o grande chefe da Família Pimpolho, refletiu um pou co e adotou a seguinte postura: “Vou suspender as vendas imediatamente”.
Luizinho, filho de Luiz Braga, um dos primeiros representantes que ajudaram no crescimento da Pimpolho, com clientes de São Paulo
“É preciso ter muita coragem para tomar uma atitude dessas, prin cipalmente diante de um mercado extremamente competitivo como este. O plano era tomar a decisão de não vender mais até estar com a mer cadoria no estoque e só entregar no dia que entrasse o pedido. Assim, quando houvesse a entrega, nada se perdia à inflação. Ficamos dois me ses assim, abril e maio de 1990, sem vender nada. Exatamente no perí odo em que explodiu a inflação do governo Collor”, lembra luiz Braga, diretor da Setting, representante comercial da Pimpolho desde 1985.
Por incrível que possa parecer, em abril de 1990, a inflação brasilei ra alcançava níveis astronômicos. A Pimpolho chegava a emitir cerca de quatro tabelas de preços por mês para simplesmente acompanhar o ín dice da inflação. Em alguns meses, era necessário rodar até mais de uma tabela na semana. Quando a equipe de vendas chegava para tomar o pe dido, o cliente fazia compras enormes e a Pimpolho acabava sem con dições de poder entregar no preço combinado. A produção da fábrica demorava a entregar e com uma inflação enorme, a Pimpolho acabava entregando ‘de graça’, ou seja, um valor abaixo da inflação do período.
Sobre a decisão de seu José, luiz Braga conta que a aceitava sem res trições porque depositava plena confiança no grande pai da Pimpolho. “Mas, na verdade, continuamos trabalhando nas vendas, tirando os pedidos, sem preço e informando que somente na entrega o valor seria anunciado.”
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Com as vendas liberadas, era aquele ‘mundo’ de pedidos, isso re presentava a defesa da marca Pimpolho no mercado calçadista nacio nal. “Foi uma decisão de sobrevivência”, reflete luiz Braga.
Esta empresa produziria calçados infantis para concorrer com os produtos da Pimpolho. “Montamos uma equipe de vendas separada, vi sitávamos os clientes com as duas marcas, em frentes distintas. A ideia de seu José era concorrer conosco mesmo. Se o lojista fosse comprar de outro fornecedor, que fosse da gente,” destaca luiz Braga.
A Fácil Caminhar era uma empresa bem enxuta, tanto no corte dos
A Pimpolho abriu uma loja para venda no atacado em um dos es paços do Mart Center. “Muitos atacadistas começaram a reclamar com a empresa e seu José mandou encerrar essas atividades”, explica luiz Braga.
Das sobras de materiais da produção, Sr. José teve a ideia de criar a Fácil Caminhar, que aproveitava esses materiais para fazer calçados com preço menor
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to clube e da primeira Fenit. A Pimpolho foi o maior sucesso dentro des ta feira, o estande ficava lotado por centenas de pessoas todos os dias. O burburinho começou a abrir os olhos de muita gente e o seu José enxergou isso como algo que pudesse despertar a concorrência para este mercado. Ele queria dominar o mercado sem alarde, em silêncio. O sucesso continuou até os dias de hoje, com um crescimento bárbaro. Tanto que de zero a três anos de idade a Pimpolho é líder absoluta no mercado de calçados infantis.
Propaganda da Pimpolho da década de 1970
Assim, seu José criou a Fácil Caminhar, que funcionou por um bom tempo. De cara, a nova empresa, mais ou menos, reciclava tudo o que sobrava na Pimpolho. A produção era apresentada aos clientes com um preço menor. A base da Fácil Caminhar seguia os mesmos moldes da Pimpolho, com costureiras na rua, produzindo em suas próprias casas, fora da empresa. Os sapatinhos eram diferentes, cortava-se os moldes dos sapatos e a costura feita à mão.
Em 1990, seu José, acompanhado pelos filhos, que sempre apoia ram as iniciativas do pai, montou a Fácil Caminhar. Seu José chegou para Juca e falou assim: “Vou montar uma empresa, separada da Pim polho, com outro nome para que você possa começar do zero, fazendo de tudo um pouco, desde o início da operação. Vai acompanhar todas as fa ses do processo. Serve pra te treinar também e, assim, não tem como che gar aqui no futuro e mergulhar em um departamento. A nova empresa será menor e terá que fazer de tudo, sua abrangência será maior”.
No governo Collor, as exigências do mercado interno foram outras, obrigando as indústrias a se adaptarem. “Até então, as exigências em termos do produto eram bem menores em relação aos dias de hoje”, revela Juca.
Em 1993, a Pimpolho começou a fazer importação de produtos in
Entrega do certificado da Federação das Indústrias do Estado do Espírito Santo Luiz Braga, representante da Pimpolho, em homenagem feita para ele na convenção de 2012 da Pimpolho
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fomos para o médico. Chegando lá, sentamos na sala de espera e o mé dico ainda estava atendendo outro paciente. José, ansioso, pegou o enve lope, abriu, leu e falou: Tá tudo acabado. Isso foi muito triste, sei que eu até hoje me emociono ao lembrar”, recorda luiz Braga.
Houve um período nebuloso para a Pimpolho, exatamente quando seu José ficou doente. um fato muito triste em 1992: seu José foi diag nosticado com câncer. A notícia caiu como uma bomba na Pimpolho. O grande amigo íntimo, luiz Braga, diretor da Setting – representan te comercial da Pimpolho – acompanhou os resultados dos exames de seu José. “Ele estava comigo em meu carro. Paramos no laboratório para pegar o resultado. Entreguei o envelope nas mãos de dona Nilza e
sapatinhos, como nas embalagens. Só não absorvia o processo de cos tura, que era feita toda à mão e fora da fábrica com costureiras autô nomas. “Chegamos a ter umas 70 ou 80 costureiras que trabalhavam em casa. Essa foi uma etapa do processo, depois evoluímos, passamos a cos turar internamente”, explica Juca.
José passaria os próximos três anos em tratamento, sofrendo e entris tecido com o que estava acontecendo, mas ele, mesmo adoentado, ainda continuava comandando. “Esse momento foi o mais difícil pra mim, sabia que tinha que enfrentar e continuar. Ele estava sofrendo muito. Quando ve mos um dos nossos sofrendo esperamos que descanse em paz. O câncer es tava no duodeno e é um dos piores para se tratar. O meu José fez tudo para buscar a cura, ele era um homem que queria viver. Fiz de tudo e sempre ao seu lado, até o fim. Fomos aos Estados Unidos tentar encontrar a cura, mas o câncer dele era muito difícil, não deu para recuperar e no fim estava so frendo muito, com problemas na garganta”, diz dona Nilza.
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Quando o câncer se agravou, seu José foi internado em São Pau lo. “De imediato não foi internado na UTI, mas sim no semi-intensivo. Lá, podíamos ficar com ele. O sofrimento continuava e os rins estavam parando. Na hora em que faleceu estava sozinha. Antônio e Nelson esta vam em São Paulo participando de uma feira de calçados.”
fantis e calçados. A operação internacional chegou a ser interrompida por conta da crise cambial, que se tornaria impraticável com a alta va lorização do dólar. Naquela época, o mundo ainda engatinhava com a Internet e os contatos aconteciam por meio de fax. “Antônio e Juca fo ram para a China porque ouviram falar que lá representava a manufa tura do mundo, importaram um contêiner de boné e mais um produto qualquer e acabaram vendendo tudo no Brasil. Mas, seria muito injusto apenas descrever assim, desta forma tão simplista, quando na verdade Antônio e Juca foram os verdadeiros desbravadores nesta viagem, onde muitas coisas interessantes aconteceram, como desembarcar em aeropor tos e andar por cidades onde tudo era escrito em chinês e quase ninguém falava inglês. Imagine-se chegar ao restaurante sem conseguir decifrar o mais simples dos cardápios,” revela Fernando de Brito Monteiro, fi lho de Cecília, atual diretor Financeiro e Administrativo da Pimpolho.
José faleceu em cinco de junho de 1995.
Sr. José faleceu em cinco de junho de 1995, vítima de câncer
Para Nilza, José se tornou eterno e sua energia ainda permanece pairando pela Pimpolho. “Até hoje falo com ele como se ainda estives se vivo. Impossível vê-lo morto, conversamos e conto coisas... parece um santo, mas não é. Mas, não consigo me dominar”, revela Nilza.
Segunda Geração Pimpolhos
39 C AP ítu LO II
As oportunidades para procurar forças mais profundas em nós mesmos vêm quando a vida parece mais desafiadora.
Joseph Campbell
Assumindo o espírito desafiador
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No tempo em que esteve atuando na Pimpolho, Renato destaca a atuação de Antônio em momentos importantes da empresa. “Antônio sempre se mostrou como sendo uma pessoa sensata, positiva e altamen te gabaritada para dirigir a empresa ao lado dos irmãos. Quando estive sob sua gestão, era muito valorizado o colaborador que apresentasse no vas ideias com argumentação embasada em números concretos. Ele pri meiro ouve e pondera. Em seguida questiona e discute os prós e contras. No final, quando tudo estivesse bem fundamentado, ele apoiava ao má ximo e delegava, depois cobrava os resultados”.
Após o falecimento de seu José, dona Nilza desacelerou no coman do da Pimpolho e iniciou uma gestão mais periférica. Nesse período, a Fácil Caminhar se fundiu à Pimpolho. Embora apresentasse um custo mais baixo, a segunda geração da Pimpolho – formada por Antônio, Cecília, Nelson e Juca – não achava interessante praticar preços infe riores. Juca se integrou à Pimpolho, assumindo a área de produção da fábrica de Renatosapatinhos.Silvestri,Diretor da MRM Comércio e Representações, é representante comercial da Pimpolho há mais de 10 anos. Antes de as sumir a representação comercial no estado do Rio Grande do Sul, Re nato trabalhou como gerente comercial da fábrica Pimpolho entre os anos de 1997 e 2001.
“Guardo com muito carinho os anos em que passei no departamen to comercial da Pimpolho, atuando ao lado do Antônio e do Nelson. Nes
te período, confesso que aprendi muito na área de produção de calçados infantis. Depois que acertei trabalhar na Pimpolho, me mudei com a fa mília toda para o Espírito Santo e minha vida profissional deu um sal to de qualidade, tanto que hoje coloco toda essa experiência adquirida em prática, quando voltei ao Sul do país para representar a Pimpolho.”
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Dona Nilza com os filhos Juca, Nelson, Antônio e Cecília, no seu aniversário de 80 anos
Com quase 30 anos atuando como representante comercial da Pim polho no Rio de Janeiro, José Meloni, sócio diretor da Meloni Repre sentações, confirma o depoimento de Renato Silvestri. “O destaque da segunda geração da Pimpolho é justamente ter conseguido acompanhar o avanço tecnológico sem perder a vocação de empresa familiar. Antô
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Renato recorda que após a Pimpolho participar da Couromoda de 1998 (a maior feira de calçados, artigos esportivos e artefatos de couro da América latina), a diretoria concluiu que o produto deveria mudar e a empresa também. “Naquele ano, iniciava-se a crise interna brasilei ra, acarretando no desaquecimento da economia. A Couromoda sempre foi o termômetro do mercado, pois reunia varejistas, importadores e pro fissionais da indústria de calçados. Lembro-me que, após a feira, Antô nio reuniu a equipe para dizer: ‘vamos redirecionar a empresa’. Assim, a diretoria da empresa, formada por Antônio, Cecília e Juca, implantou uma série de medidas, culminando em ações positivas, como a política de qualidade, só para citar um exemplo. Dado este empenho dos direto res da Pimpolho, com força de vontade e garra, foram dados os primei ros passos rumo à transformação da fábrica nos moldes em que se en contra hoje. Uma empresa mais moderna e competitiva”.
Antônio com a mãe DonaNilza, na festa de homenagem aos 50 anos da Pimpolho
A Pimpolho sempre esteve presente nas principais feiras do País
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Feira Fit, Francal e Couromoda. As principais feiras de calçados e infanto juvenil
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a IFLS na Colômbia
Feiras GDSinternacionais.naAlemanha e
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Em 2009, acontece a cisão na Pimpolho e o setor de importação passa a contar com uma empresa especialmente criada para atender suas demandas. Esta nova empresa se instala em Cariacica-ES.
Nessa época Antônio e Cecília começam a passar para seus filhos, Ri cardo e Fernando, respectivamente, o comando da empresa. Nada que se compare a um movimento de ‘saída’ desta diretoria, mas sim uma reno vação na energia da empresa. Seria como uma injeção de ânimo para se aumentar o pique. “A imagem que a família Brito sempre passou por meio do meu avô José e da avó Nilza, na primeira geração, e a sequência da se gunda geração com Antônio, Cecília, Nelson e Juca, é uma imagem de mui ta credibilidade. Cabe a nós, da terceira geração, dar continuidade ao tra balho construído, administrando com simplicidade”, enfatiza Fernando.
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Cecília trabalhou no departamento de criação por cinco anos. “Me realizei quando entrei para a área de criação e produção. Estive no en cantamento da criança, percebendo um mundo novo, totalmente lúdico. Quando cheguei lá era outro horizonte, um panorama bem operacional”.
“Permaneci na área industrial até junho de 2010, quando comple tamos a cisão das duas empresas”, comenta Juca.
nio, Cecília e Juca conseguiram acompanhar a evolução tecnológica na mesma velocidade e com qualidade. Naquela época ninguém podia pa rar, pois corria o risco de ficar para trás e ser consumido pela concorrên cia. Esse momento aconteceu e foi crucial que esta geração, de fato, te nha conseguido isso, sem perder a noção de empresa familiar, sem parar no tempo. Ao contrário, alçou voos maiores, sem tirar os pés dos chão”.
A Pimpolho voltou a fazer importações em meados de 2002 e 2003, quando se desenvolveu bastante nessa área internacional de produtos infantis.
A conquista vem aos poucos e só acontece porque a integração entre diretoria e os funcionários mais antigos está em harmonia. “Os colaboradores com muito tempo de casa acabam por manter uma rela ção peculiar, particular, de família mesmo. Esse pessoal tem uma parti cipação mais íntima do nosso núcleo familiar. Funcionários que pode
Para Antônio, a Pimpolho passa por um processo de transição, onde a diretoria está passando o bastão. “Nós somos quatro diretores. Hoje, o filho da Cecília, Fernando, já trabalha conosco diretamente há pelo menos sete anos, tem também meu fi lho Ricardo, que está aqui há uns qua tro anos”, explica Antônio e comple menta, “há dois anos achamos por bem acelerar um pouco mais essa transição. Até marcamos uma data e hoje estamos praticamente fora da empresa. Mesmo assim, ainda venho aqui umas duas vezes por semana, só para olhar. Para dar um apoio”.
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mos chamar de fiéis e dedicados. Realmente vestem a camisa da Pimpo lho e da família Brito. São pessoas com cerca de 20 a 25 anos de traba lhos prestados que mantêm um carinho todo especial com a família Bri to, e não só com a família Pimpolho”, acredita Fernando.
Só para ilustrar o envolvimento dos funcionários, Fernando busca na memória fatos que comprovam esse laço fraternal. “Tinha um mo torista aqui na fábrica, que quando eu era moleque me ensinou a diri gir com 14 anos, pegava escondido o carro de mamãe e me levava até a praça para me ensinar a dirigir. Um envolvimento íntimo da minha his tória de vida que dividi com um funcionário da empresa”.
Atualmente, a Pimpolho caminha para algo com maior estrutura, que é justamente o processo de transição. A ação integrada deve for mar um conselho executivo da Pimpolho. “Acho que é este o caminho, temos que fazer isso quando a empresa está bem. Às vezes sofremos um pouco para se adaptar ao processo como um todo, mas a cada dia que passamos, enxergo como uma decisão positiva. Percebo que esta posi ção é uma atitude acertada. Não podemos reclamar da nova geração, os negócios estão indo muito bem e tenho certeza de que o rumo toma do não vai mudar, estamos no caminho certo e andamos a passos lar gos”, enfatiza Antônio.
A terceira geração da família assume a empresa. Antônio, com o filho Ricardo e Cecília, com o seu filho Fernando
49 C AP ítu LO III
Terceira Geração Pimpolhos
Depois dessa fase inicial de criança que Ricardo e Fernando con viveram na fábrica com os funcionários, das brincadeiras na esteira e de um avô que era muito acolhedor, os dois iniciaram uma prepara ção bem longe deste ambiente. “A gente manteve por oito ou dez anos um afastamento quase que total da Pimpolho, fui fazer Engenharia da Computação fora, no Rio, enquanto Ricardo, Engenharia Civil, em Vi tória. Minha irmã foi morar também no Rio. Tivemos um afastamen to quase que total das relações da fábrica. Voltei depois que me formei,
Não é o mais forte que sobrevive, nem o mais inteligente, mas o que melhor se adapta às mudanças.
Ricardo assumiu também o departamento de criação há pouco tempo, precisamente quando Cecília se afastou por motivos de saú de. Ricardo já circulava na fábrica bem antes de aprender a andar. “Eu e meu irmão, pequenos, vínhamos pra cá para brincar. Os avós nos co locavam nas esteiras, dentro de caixas de plástico, que existem até hoje.
Novos rumos, grandes desafios
Entrávamos nessas caixas e descíamos pela esteira. Era o máximo, acha va aquilo o maior barato”, revela Ricardo.
A terceira geração da Pimpolho é formada até o momento por Fernando de Brito Monteiro (diretor financeiro e administrativo) e seu primo Ricardo Silva Tavares de Brito (diretor comercial, marke ting e Fernandoexportação).conta que a primeira vez que entrou na Pimpolho era muito pequeno. Sua lembrança mais antiga é a esteira, diferen te dos dias atuais, formada por trilhos. “Me lembro de ficar circu lando em cima da esteira, na verdade eu era muito pequeno. Tinha uma lojinha ali nos fundos do galpão, que a gente ficava todas as ma nhãs zanzando por lá, e por alguma razão, tenho uma imagem, não sei se foi um sonho, mas ao mesmo tempo muito clara, a de um ter reno baldio onde hoje é o estacionamento da Pimpolho e nele havia um bode amarrado”
O crescimento de Fernando e de Ricardo e o desenvolvimento da Pimpolho se fundem e formam a memória viva de uma empre sa que completa meio século de vida. Assim como os pais, Ricardo também viu isso tudo acontecer. “Se bem que a gente viu, mas não viu ao mesmo tempo...”, lembra (risos) e explica, “A gente (os netos) teve que fazer cursos, estudar e ralar fora de Vitória. Explorar cidades como São Paulo, Rio de Janeiro, entre outras capitais, inclusive no âm bito internacional”.
Charles Darwin
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Adinésio Dalprane, Lucemar Sepulcro e Janine recebendo homenagem por mais de 25 anos de Empresa
Imaculada Moraes, recebendo homenagem pelos anos dedicados a Pimpolho
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trabalhava na Xerox em Vitória. Aqui na Pimpolho estava começando aquela história de importações. Iam abrir um setor internacional na Pim polho, o tio Juca me convidou e as coisas aconteceram...”, diz Fernando.
O depoimento de Fernando está ligado ao período entre 2004/05, época em que iniciou na Pimpolho.
“Mesmo depois deste afastamento de sete a dez anos posso dizer, com certeza, que tenho um carinho muito grande com a Pimpolho, em especial com o nome, porque é algo que fomos criados com isso na men te. Crescemos ouvindo estas histórias incríveis que o avô, a mãe e os tios contavam”, relembra Fernando.
Joselia Martins do Patrocinio, recebendo homenagem
Aquele que se envolve profissionalmente com a Pimpolho aca
O envolvimento de Fernando e Ricardo com a Pimpolho se reve la nas intensas horas trabalhadas, no aspecto físico e intelectual. “Tra balho quase 18 horas por dia, chego em casa e só falo de Pimpolho, nos finais de semana Pimpolho ... na rua, ou em almoço de família, é Pim polho, por mais que os assuntos versem sobre futebol, política, acabamos sempre falando do sapato e voltando o assunto à Pimpolho”, comenta Fernando e acrescenta, “adoro estar aqui, é um prazer, nada por obriga ção. Nutro um carinho enorme pela empresa em si e pelos funcionários que fazem dela o que realmente é. Tem muita gente aqui com 30 anos de casa, ou até mais, com 35 anos... acabamos por manter uma estreita relação de respeito e amizade.”
Historicamente, o primeiro contato de Ricardo antes de voltar à Pimpolho se deu quando uma funcionária do departamento de expor
ba por desenvolver um carinho todo especial ao longo do tem po. A Pimpolho representa todo um ideal de vida, ou seja, uma ra zão de ser, de existir e perdurar de uma família cuja essência é pri mar pela qualidade. Ao ouvir os depoimentos dos integrantes da terceira geração da Pimpolho, é fácil perceber que se referem à fábrica como um membro da fa mília. “É como se fosse um irmão pra mim ou ente querido, como a figura do pai ou da mãe, porque é assim... toda a nossa família é as sim! Nós permeamos a Pimpolho. Tenho 31 anos e desde que nasci é as sim até hoje, ainda mais agora que estou aqui dentro cem por cento; mi nha vida é 80% Pimpolho e 20% é particular”, (risos) revela Fernando.
Produtos em fase de finalização
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Ricardo manteve vivo na memória a sua primeira passagem pela fábrica, até porque ficou por muito tempo sem voltar, depois da infân cia. “Só voltei quando vim trabalhar aqui. Só para se ter uma ideia, fazia mais de dez anos que não pisava por aqui. Não sabia nem o que a Pim polho vendia, tinha conhecimento que era calçado, obviamente, só que desconhecia os detalhes como, por exemplo, a numeração. Nem imagina va que as meias faziam parte do portfólio ou qual a faixa etária de atu ação. Tinha certeza de que era produção de calçado infantil”.
Tecnicamente falando, quando Ricardo chegou à Pimpolho seu início se deu praticamente do zero. “Mesmo assim, a adaptação não foi difícil, desde que cheguei, principalmente os funcionários mais antigos, me receberam muito bem”.
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Informativos internos e o certificado da ISO 9001:2000
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Ricardo fazia um curso na Alemanha quando recebeu uma liga ção do pai, Antônio: “Filho, temos uma funcionária que vai participar da GDS, ela precisa contratar alguém aí na Alemanha para ajudar na feira. Por que você não se encontra com ela para ajudar? Será bem na época em que estará voltando ao Brasil. Fica por aí mais três dias, par ticipa da feira e volta com ela”.
tação estava em Düsseldorf, na Alemanha, para representar a fábrica em uma feira de calçados e acessórios, a GDS International Event for Shoes & Accessories. Evento de primeira classe no calendário inter nacional da indústria de calçados. A GDS acontece duas vezes no ano e serve como ponto de encontro dos profissionais do setor, apresen tando novidades e tendências da próxima temporada da moda jovem e até das exclusivas coleções de vanguarda.
A mecânica se iniciou em meados de 2005. “Temos que cair em
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Em 2004, o movimento com as importações voltou. Inicialmente, os produtos trazidos de fora variavam entre brinquedos e meias, além dos calçados. Nesse momento, a marca Pimpolho passou a ser identi ficada como produto infantil, ampliando a visão inicial de atuação ex clusiva em calçados infantis.
Em 2009, a diretoria da Pimpolho tomou uma decisão muito cla ra, em termos estratégicos e de futuro. “Me lembro como se fosse hoje, estávamos aqui na mesa, a diretoria com uma consultoria externa, e na mesa de reunião discutia-se uma questão muito importante para o fu turo da empresa. Deveríamos crescer verticalmente, quer dizer, produ zir calçados com numeração do 1 ao 27, podendo chegar até o 36, ou a Pimpolho cresceria de maneira horizontal, ou seja, somente ir até os três anos de idade e não passar disso”, destaca Fernando e complementa, “a marca é infantil, mas vamos crescer horizontalmente, abrir uma cadeia de produtos como meias, brinquedos, bonés... tudo que é de zero a três”.
Montou-se então uma cartilha básica sobre a fábrica para Ricardo. Funcionava como material de apoio para que Ricardo pudesse saber exa tamente o que a Pimpolho vendia. “O material trazia todas as numerações, o tipo de embalagem, o pedido mínimo para exportação, o tipo de trans porte, etc. Um verdadeiro passo a passo da empresa e, principalmente, de como se deve tratar um cliente em uma feira internacional”, explica Ricardo.
Ricardo ficou surpreso com o tamanho da variedade de produtos da Pimpolho. Segundo ele, a cartilha é usada até hoje e inclusive serviu como base para a implantação dos processos de exportação no ISO 9001.
A Pimpolho é uma marca reconhecida como calçado infantil por seus consumidores. Para Fernando, a meta da empresa é redimensio nar um pouco a marca. “Vamos deixar um pouquinho esse lado de que Pimpolho é sinônimo de calçados para crianças. Seremos lembrados por ser uma marca de produtos infantis de zero a três anos. Isso é o que pre cisamos buscar nos próximos 50 anos”.
Funcionárias processo solas
dos sapatos 56
de colagem das
no
Confecção das solas dos sapatos
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Interior da fábrica, local de produção dos sapatos
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Evolução dos mascotes já utilizados na empresa
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A empresa mãe é a Brito & Cia. uma fábrica de calçados infan tis. Em 2009, foi realizada uma cisão na empresa. “Começamos testan do produtos infantis entre 2004 e 2005, quando não havia uma estrutu ra de pesquisa e desenvolvimento de produtos. De 2009 em diante, 100% das operações realizadas, foram pesquisadas, estudadas e desenvolvidas pela equipe da Pimpolho”, explica Fernando.
A indústria tem um ritmo mais lento em relação ao segmento lo gístico, que deve ser dinâmico. “A fábrica tem máquina, tem desenvol vimento de tecnologia e processos, opera com muitas pessoas para po der fazer um par de sapatos. Além disso, temos que fazer piloto antes de colocar em escala na produção, pesquisar matéria prima, criar forma, ajustar matriz, entre outras coisas. A indústria é um negócio mais mo roso, veja só, temos quatro coleções ao ano, só de sapato”.
A partir da cisão, aceleramos o processo de atuação no mercado de 0 a 3 anos. “É uma empresa de zero a três anos, certo?! Então fizemos a cisão. Dividimos a empresa em duas. A Brito & Cia Ltda, que é a fá brica atual, e a Pimpolho, distribuidora de produtos infantis, comanda da por Juca, no município de Cariacica-ES.”
Tudo que é indústria e manufatura pertence à Brito & Cia. ltda, uma empresa fundada em 1962, que deu origem à Pimpolho Produtos Infantis Ltda, uma distribuidora com foco em negócios mais rápidos. “Não é sim plesmente compra e venda. Existe todo um planejamento por trás. Pesquisa, desenvolvimento, controle de produção, entre outras operações. Obviamen te, tudo funciona em sintonia com a marca Pimpolho”, destaca Fernando.
Ltda, distribuidora do segmento de meias, acessórios e brinquedos
cima de um mix legal. Temos uma tarefa que parece simples, mas não é. Teremos que oferecer produtos que estejam em sintonia com a marca. Hoje, o maior patrimônio da Pimpolho é justamente a marca que aju damos a criar”, acredita Fernando.
Atualmente, o grupo econômico Pimpolho é subdividido em qua tro empresas. Brito & Cia. ltda.; Pimpolho Produtos Infantis ltda.; F.l. Etiquetas ltda e Ocean Comércio Importação e Exportação ltda.
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Pimpolho Produtos Infantis
Meias, acessórios e brinquedos
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tidos. Como o próprio Fernando diz, são os erros que formarão a ex periência de cada um. Os tios falam assim para Fernando e Ricardo: “Já erramos muito. Então, não errem o que já erramos. Errem com ou tras coisas. Quando estiverem em dúvida, dá uma ligada. Porque aí vou falar, já fiz isso e deu errado. Vai pelo lado contrário que por esse que brei a cara, ou então, direi, já fiz isso e deu certo. Vai por esse caminho”
A satisfação do dever cumprido e o orgulho pela trajetória de vida fazem dona Nilza expressar com emoção o que é a Pimpolho. “Ela é meu coração que pulsa no peito e bate mais forte quando um sapatinho cria vida nos pés da uma criança. Estou muito contente que a nossa firma tenha che gado a isto tudo” e complementa, “para José, a Pimpolho era tudo. Ele lutava pela Pimpolho, sua segunda família. Seu DNA ainda permanece entre nós”.
Dona Nilza, ao centro, com os filhos e netos que assumiram o comando da empresa
Atualmente, o Grupo passa por um processo de sucessão familiar. “Estamos da segunda para a terceira geração. Os filhos de seu José e de dona Nilza passam o bastão com muita paciência. Mesmo assim, eles es tão sempre por aqui, de segunda a sexta, e ainda deixam o celular ligado 24 horas por dia,” comenta Fernando, e Ricardo complementa brincan do, “temos aqui o disque tios, para tirar qualquer dúvida nossa”. (risos)
Há algumas diferenças básicas entre as duas gerações, principal mente na experiência que só o tempo pode formar e nos erros come
A Ocean Comércio Importação e Exportação Ltda é a empresa de comércio exterior do grupo Pimpolho.
Neste sentido, o desafio maior do Grupo Pimpolho é migrar de uma fábrica de calçados infantis para uma empresa de produtos in fantis, que são focos completamente diferentes.
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A FL Etiqueta Ltda. é uma empresa de serigrafia, frequência e eti quetas. Instalada em Cobilândia, bairro do município de Vila Velha.
O Grupo Econômico Pimpolho é uma organização que gera cerca de 700 empregos diretos, já os indiretos passam de mil pessoas. O Gru po imprime uma história de sucesso que completa 50 anos em 2012.
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Dona Nilza com os netos
Nossos sapatinhos ao longo desses 50 anos 64
Anúncios Pimpolho
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67 C AP ítu LO IV
Nossos Causos
Ao longo da história muitos colaboradores, funcionários, ex-funcionários e representantes comerciais têm lugar de destaque no sucesso da família Pimpolho. Citar todos nesta obra é tarefa árdua e para não deixar de homenagear, seguem abaixo alguns depoimentos de figuras ilustres que, com absoluta certeza, representam simbolicamente nossos amigos.
A história é deles.
A Pimpolho só foi um sonho possível quando pessoas de bem se juntaram por uma realidade concreta. Elas são a razão de ser desta obra. A marca Pimpolho faz parte da empresa, que se funde à família Brito. A história aqui revelada em depoimentos tenta explicar o que é a maravilhosa família Pimpolho – formada por seres humanos incrí veis, ou seja, a essência deste livro.
ToninhoFrancisco 68
Nadelice
Meloni
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Nelson, Andréia Vitório, Ana Rosa, Rosinéia, Luiz Cláudio, Rosângela Márcio Henrique, Andréa, Cláudia Thomaz e Renato Silvestre
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Alisson, Fábio, Luizinho e Luiz Braga, representantes Pimpolho
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Dona Nilza, Paulo Roberto e Cecília
Marcos Azevedo, Maurício Azevedo, Sr. Mario Azevedo, José Ramos da Silva e Matheus Azevedo, neto do Sr. Mário
Juca em apresentação para os representantes
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Esta história mostra a grande visão comercial de seu José que en caminhou um determinado produto para o perfil correto de cliente.
Para aguçar a curiosidade das compradoras, seu José não pensou duas vezes. Exibiu-lhes a novidade importada e o resultado foi a ven da, ali mesmo, de uma partida de 20 mil pares. O sapatinho teve boa aceitação nas lojas da Mesbla e as compradoras repetiram a compra por mais três vezes, esgotando o estoque.
Uma jogadagrandecomercial
Juca importou um contêiner com 60 mil pares de sapatinhos, um modelo único que apenas variava nas cores. O volume era muito gran de. Nessa época, seu José estava doente, se recuperando em casa. Ele era bem participativo, ficava sempre ligado ao movimento dos negó cios da Pimpolho. Seu José, mesmo convalescendo, mantinha firme sua vocação comercial. Ele enxergava oportunidades onde ninguém jamais imaginaria. Tanto que os filhos ficaram surpresos quando ele disse: “Traz aqui esses sapatinhos que eu vou vender tudinho.”
Ele havia pedido às compradoras da Mesbla que lhe fizessem uma visita. E comentou: “depois que a gente fica velho ninguém dá mais va lor pra gente. Todo mundo esquece. Olhem só minhas amigas, meus fi lhos importaram um produto que é o perfil da Mesbla... nem sei se eles (os filhos) mostraram pra vocês, mas eu briguei com eles... vou mostrar.”
Quando jovem, Cláudia Maria Thomás gostava muito de praia. Hoje, nem tanto, por conta de evitar manchinhas na pele. Desempre gada, já estava cansada de procurar emprego. Rodou por mais de um mês pra baixo e para cima, sem sucesso. Daí ela pensou: “Olha, quer sa ber de uma coisa? Amanhã de manhã vou à praia”. Dito e feito, Claudia foi à praia com a cunhada. Passou a manhã inteira tostando-se ao sol. “A mania era chegar bem cedo e voltar ao meio dia para casa”, revela. Em casa, tratou logo de tomar um banho, estava toda queimada. “Coloquei um vestidinho amarelinho pra chamar bem a atenção e segui para a Pimpolho procurar emprego. Cheguei lá bem tranquila, à tarde”.
Cláudia Thomás
Naquela época, quem fazia as entrevistas era a Cecília. Quando ela viu Cláudia a olhou de cima em baixo, mediu da cabeça aos pés, e fa lou: “É você que veio para a entrevista?”
Cláudia emenda: “Tenho certeza absoluta!”
A partir do dia seguinte Cláudia estaria todos os dias às sete horas da manhã na Pimpolho. um compromisso assumido que perdura 25 anos.
Cláudia Thomás recebendo homenagemdeCecília
Cecília fez mais algumas poucas perguntas e pensou: “essa aí não quer trabalhar”, e disse: “Então tá, amanhã você vem”.
Claudia responde: “Sim!”
E Cecília: “Mas, você tem certeza de que quer realmente trabalhar?”
Cláudia perguntou: “a partir de qual horário?” E Cecília: “Às sete horas!”
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A irmã de Janine Auxiliadora Barbosa pediu emprego para seu José. Cecília a entrevistou, mas desanimou quando soube da idade da moça e disse assim: “não vai dar certo, ela é muito novinha”.
Janine
Este ano, Janine completa 26 anos de Pimpolho.
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A Janine entrou uma semana antes da Cláudia Tomás. Já na primei ra semana, andava distraída com o movimento intenso da fábrica e ficou por um longo período olhando pela janela, como se estivesse hipnotiza da. Até aquele momento, ninguém havia explicado o que ela deveria fazer. Absorta com a produção dos sapatinhos ficava perambulando de lá pra cá diante da janela. Seu José estava em um daqueles dias, com a ‘pá virada’. Ele chegou e deu uma bronca: “O que você faz aí andando pra lá e pra cá?”.
Janine homenagemrecebendodeJuca
“Quando entrei, iria fazer 17 anos de idade. No início, fazia servi ços de banco. No ano seguinte, seu José pagou para eu tirar a carteira de motorista e comprou um fusca velho e verde. Passei a fazer o serviço de carro, por cinco anos. Nesse período, vi de tudo e nunca bati o carro... na verdade bateram em mim...” (risos)
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Penha
Maria da Penha Doano (de óculos e blusa preta) trabalhou por 21 anos na Pimpolho. Hoje está aposentada. Ela nos conta que trabalhava há seis anos em um banco quando (em 1979) ficou sabendo que a Pimpolho es tava precisando de alguém para trabalhar no departamento de pessoal. “Mesmo sem experiência fiz a entrevista com o seu José. Falei que precisava ficar uns dias no banco antes de assumir a nova função na fábrica. Eu vim e aprendi o serviço. Estudava legislação e datilografava as folhas de paga mento. Quando entrei, a fábrica mantinha cerca de 90 funcionários efetivos, trabalhando dentro da Pimpolho. Vi com meus próprios olhos o crescimen to desta fábrica. Era maravilhoso trabalhar com seu José, uma pessoa muito compreensiva. Só para se ter uma ideia, um dia, no final de expediente, após o sinal da fábrica, todos os funcionários do escritório foram embora e fica ram seu José e eu. Nisso, entrou um funcionário da produção para pedir que não descontasse o vale daquela semana porque estava um pouco apertado. Eu falei que tudo bem. Quando eu estava saindo pela porta, seu José parou e disse assim: Penha, desconta o vale da forma que eles (funcionários) pedi rem, porque é muito triste chegar no final de semana e não ter um dinheiro para o franguinho do domingo. Aquilo me marcou pra sempre. Ele era uma pessoa muito humana, uma pessoa espetacular. Uma pessoa inesquecível”.
Penha ao lado de colegas de profissão
Zilma
Zilma ao lado de cecília em evento na fábrica
Zilma aprendia rápido e o conhecimento adquirido era dissemi nado entre seus colegas. Alguns até a chamavam de professora, uma forma carinhosa dos colegas mais próximos. “Aprendi muito aqui dentro com a dona Nilza, que mostrava como se apanhava um sapa tinho. Com os dois dedos, um em cada sapatinho. Ela mostrava e fa lava: ‘a gente pega o calçado assim, como se você já estivesse pegando o pé da criança’. O sapato na Pimpolho é assim, recebe o mesmo cari nho, desde o nascimento”.
O depoimento emocionado de Zilma Checon Mota, que trabalhou por 25 anos na fábrica (entrou em 1977) revela exatamente o que é fa zer parte da família Pimpolho. “Minha filha tinha três meses de vida, quando cheguei aqui para trabalhar na fábrica. Estava necessitando mui to de um emprego. Na época, a gente fazia entrevista, mas não era como hoje. Fiquei sabendo que a Pimpolho estava precisando de gente pra tra balhar. Eu tinha umas vizinhas que faziam os sapatinhos, ele era todo feito em casa, passavam cola e batiam com um martelinho... lembro-me do Arlindo que levava esses calçadinhos nas casas. Nessa época, uma co lega falou assim comigo: ‘a Pimpolho está precisando de gente para cos turar’. Eu fui e nesse dia tinha muita gente na porta e no meio de tantas pessoas, quem me escolheu foi a própria dona Nilza, que me olhou e per guntou: ‘minha filha você sabe costurar?’ respondi sem muita convicção: “sei...”, Nilza pediu: ‘então, amanhã às sete horas venha aqui que vou te colocar para trabalhar’. E assim entrei na Pimpolho. Tinha uma máqui na em um dos cantos da fábrica que ninguém gostava. Para costurar nela, levava-se a peça pra frente e, na hora de cortar a linha, dava-se um passo pra trás, no calcanhar. A linha cortava lá embaixo. A tesourinha traba lhava dentro da carretilha e por isso ninguém gostava daquela máquina. Não se davam bem com ela e me colocaram para trabalhar naquela má quina já no primeiro dia. Na verdade, eu não sabia costurar, mas mes mo assim, sentei na máquina e comecei a produzir. No final do dia, seu José desceu as escadas, chegou perto de mim e indagou: ‘e aí minha filha, conseguiu fazer alguma coisa?’ Respondi com alegria: ‘sim! Consegui, fiz trinta pares’, seu José se espantou: ‘nossa, mas fez isso tudo? Ninguém fica nesta máquina, como conseguiu produzir trinta pares de sapatos?’. Lem bro que era um sapatinho branco, de menino. Passei o primeiro dia e fui ficando e ficando... (risos). Ninguém tirava a máquina de mim, me dei
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bem com ela. Mesmo quando foram entrando outras máquinas, não a ti ravam de mim. Eu produzia muito, com excelente qualidade”.
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encarregada. Aqui na Pimpolho todos que querem evoluir têm uma chance, basta querer.
Alsenir revela que fica extremamente orgulhosa quando vê um Pimpolho em uma vitrine na loja ou nos pés de uma criança. “Aqui lo é mais que apenas fruto do meu trabalho. Na verdade é um pedaci nho de mim, feito com minhas próprias mãos. Por isso fico admirando as vitrines e algumas lojas de departamento quando vou ao shopping. Uma paixão incondicional, que me tira o fôlego e nos enche de paixão”.
Alsenir
Atuando como supervisora na qualidade, Alsenir Astores está na empresa há 26 anos. “Aos 18 anos estive aqui para pedir empre go, vim com uma amiga. Eu consegui, ela não. Antigamente, a gente já trazia a carteira de trabalho, daí Antônio olhava e dizia: ‘amanhã você pode começar’. Iniciei cortando linha e, após três meses, fui para o setor de treinamento da costura. Depois de passar no treinamen to, ingressei nas esteiras. Passei 15 anos costurando calçados. Sempre produzi bem, com qualidade. Até me darem uma chance e me tornei
Alsenir ao lado dos Diretores
Cláudia Rizzo
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Cláudia Rizzo em Festa dos 50 anos ao lado de Cecília
Ao longo de 24 anos, Cláudia Rizzo trabalhou com inúmeras pes soas em diversos departamentos dentro da Pimpolho, em treinamen to, recrutamento e seleção no RH ou na área de qualidade com certifi cação ISO 9000, entre outras funções. Atualmente, atua na Brito Hol ding, dando suporte na adaptação dos funcionários que vêm de fora do estado, como por exemplo, na locação de imóveis. Com tantos anos de casa, Cláudia destaca algumas características da fábrica, quando iniciou: “claro que com o passar dos anos, o perfil dos funcionários vem mudando muito, acompanhando a evolução da direção. Na minha época, o estilo de gerenciamento era outro. Seu José e dona Nilza atuavam diretamente na administração da empresa. Não havia intermediários, tudo era trata do somente com eles. Todo mundo na empresa seguia as mesmas normas do setor da produção da fábrica, era muito concentrado e cada um devia manter atenção na própria função, este era o perfil da empresa inteira”.
Imaculada Moraes Vandeburi trabalha há 25 anos na empresa, no setor de acabamento e arremate do Pimpolhinho. “Fiz um curso de cor te e costura no Senai. Na verdade nem viria pra cá se não fosse pela in sistência da minha irmã que mostrou o jornal com o anúncio de empre go. Cheguei aqui e tinha uma fila enorme no portão da fábrica que che gava até o posto de gasolina. Naquela época, não tinha entrevista, a en carregada escolhia as pessoas do lado de fora. Só que nesse dia foi a pró pria dona Nilza que iria escolher. Pensei, meu Deus. Nunca vou conse guir trabalhar aqui. Levei meu diploma e a encarregada disse: ‘essa aqui fez curso de costura’. Dona Nilza me mandou entrar. Fui trabalhar na máquina reta, mas a encarregada acabou me transferindo para o aca bamento. Desde quando entrei sempre tive muito apoio da encarrega da e de dona Nilza. Isso sempre me motivou. Mesmo quando engravi dei recebi apoio, tirei licença maternidade e quando voltei minha von tade era trabalhar mais e mais... quando penso em Pimpolho sinto que é uma parte da minha vida, que é tudo de bom. Eu amo a Pimpolho.”
Imaculada recebendo homenagem de Fernando
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Imaculada
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Rosangela recebendo homenagem de Dona Nilza
Rosangela Nascimento dos Santos está há 31 anos na Pimpolho. Atualmente trabalha no setor administrativo. “Iniciei na Pimpolho em 1981, nessa época o serviço era mais manual e os pedidos chagavam via fax. Alguns chegavam pelos correios. A máquina de escrever era comum no escritório. Seu José trabalhava conosco. Ele era uma pessoa boa, de dicada e enérgica no trabalho. Um homem sério e fiel aos seus ideais. Ele, ao lado da esposa, construiu toda uma fábrica. Fez a base para for mar o que ela é hoje. Seu José ligava pessoalmente para os representantes para acompanhar as vendas. Uma cobrança constante para poder pro duzir mais e mais. Ele era um português determinado, sempre queren do o crescimento da empresa. A produção tinha que estar a todo vapor”.
Rosangela
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Surgiu no mercado um sapato de bebê que vinha com o cano da meia costurada nele. “O punho da meia era costurado na boca do sapa tinho, algo muito interessante que mostrei ao seu José e para dona Nil za”, conta luiz Braga.
Seu José olhou pra cima, como se estivesse fazendo contas de ca beça e disparou: “Ah! Faça aí um milhão de rodelinhas”.
Seu José pediu ao amigo luiz Braga que encontrasse uma fábrica de meias que pudesse produzir o cano das meias. “Na verdade, seu José queria somente a parte de cima, que era chamada de rodelinha. Acon tece que um conhecido meu tinha uma fábrica de meias”, lembra luiz.
Detalhe: a ideia foi um sucesso mesmo, tanto que não sobrou uma peça deste lote de um milhão de punhos, todas foram vendidas.
“Um milhão?”, repetiu o dono da fábrica, quase caindo da cadei ra (risos). Depois disso, seu José comentou comigo, dentro do carro, quando estávamos voltando: “Rapaz, pensei que comprando muito ele iria gostar, estava pensando em encomendar umas vinte mil peças, mas depois refiz as contas e percebi que o sucesso seria inevitável”.
O dono da fábrica de meias disse para seu José: “Bom seu José, em consideração ao nosso amigo em comum, vou fazer alguns punhos de meias para o senhor. Agora me diga quantos punhos vai querer?”
Quero só o cano da meia
“Telefonei para esse meu amigo e marquei então de dar uma passa dinha por lá com seu José. O camarada não tinha ideia do que teria que fazer e demonstrava um completo desinteresse nas rodelinhas. Vai ver ele pensou que seu José quisesse uns dois ou três mil punhos de meias. E esse volume insignificante era algo que não interessava”.
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Alsenir Astoures Coelho e Adriana Regia Pianca
Cecília, Cláudia Rizzo e Sueli
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Roni Schneider
Geraldo Magela Maganha
Marcio Henrique de Oliveira Semedo
Rozinete da Silva Padovani e Jucéia Ruela
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Rodrigo Mendonça Gomes
Rosangela Nascimento Santos, junto com sua filha, Dona Nilza e Zilma
Wanderley Henrique Dattmann
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principal de tudo nesta vida que Deus nos deixou passar com ele.
É inegável que seu José, como empresário, era muito trabalhador. Enérgico, fazia sua vontade prevalecer. um ser extremamente comer cial. Muito bom de conversa e de papo. Ajudava todo mundo, se al guém precisasse emprestava dinheiro ou abria a casa.
É tão fácil traçar um perfil de um homem bom. Claro que era um pouco nervoso. Ah! Isso ele era, mas para dona Nilza ele era maravilhoso. Eles se entendiam muito bem. O que na verdade foi o
Dom José e sua Nilza
Sim! Houve alguma rusga, uma pequena briga, mas todo mundo as tem. E quando há amor de verdade fica fácil de resolver os proble mas. Neste ponto, convenhamos, dona Nilza conjugava o verbo ceder com tamanha precisão que ensinou – por meio de exemplos - que a vida não é só querer, querer e querer...
Seu José era um pouco temperamental, por exemplo, se chegasse à Pimpolho de mau humor, abrisse a janela, olhasse para o setor da pro dução e pegasse algum funcionário conversando em serviço, pronto! Ele o chamava em voz alta.
Dotado de grandes ideias e pensamentos arrojados, aliava uma gran de visão de negócio e com a perspectiva de futuro, esse era seu José –um homem que nunca fez diferença entre homens e mulheres quan do o assunto era trabalho. um homem que sempre ensinou os filhos a amar a empresa. A figura de seu José é uma força que não pode evitar
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Isso acontecia quando as vendas caíam. Nesses raros períodos, o primeiro que vacilasse na frente dele era quem ‘pagaria o pato’. Na mes ma medida e em forma contrária, a ordem inversa também valia, em se tratando do humor de seu José. Normalmente chegava à Pimpolho de bom humor, era extremamente simpático e gentil. E se fosse uma sexta-feira com sol a pino, seu José não pensava duas vezes. Reunia seu pessoal e dizia com sua alegria contagiante: “gente, vamos fechar a fá brica e seguir pra praia, vamos tomar cerveja”. lógico que estamos falando de uma Pimpolho cuja realidade era outra, são 25 anos no tempo. Nesse período, a fábrica se mantinha com um grupo de pessoas muito menor, em relação aos dias atuais. Ago ra a gestão de pessoas se mostra bem diferente. Pode parecer incrível, mas em algumas ocasiões seu José abria uma cerveja dentro da fábri ca e bebia com o pessoal do escritório. Tratava-se de uma relação pro fissional muito mais próxima da familiar.
Dona Nilza é a alma gêmea de seu José. Sempre foi firme nos mo mentos difíceis, sem perder a peculiar ternura. Extremamente dedi cada, escolhia pessoalmente os tecidos direto do fornecedor. Sempre lutou muito, fosse ao lado do marido ou ombro a ombro com os filhos e netos. Talvez por isso, tenha se consagrado como a grande guerrei ra do grupo Pimpolho – inventando moda, criando produtos, fazen do eSimplesacontecendo.enxergar porque a Pimpolho deu tão certo. Dona Nilza e seu José criaram uma família em berço esplêndido – coberto de boas práticas e bons exemplos. Basta olhar hoje para seus filhos e netos –entes queridos embalados por carinho, amor e atenção. Ela cede para a família hoje da mesma forma e jeitinho que cedia ontem para seu José. longe de ser comparada à Amélia da música, Nilza era dona das palavras que se comunicava com aquele coração maravilhoso. um co ração muito generoso com a vida que tanto lhe deu frutos.
Seu José chegou ao Espírito Santo com o intuito de passar apenas seis meses e fez de tudo para ir embora. Seu sonho era morar em Friburgo (Região Serrana do Rio). um ideal que bus cou por muito tempo e que abandonou para dar vazão a algo mais for te que ele, a família Pimpolho.
Dona Nilza em sua festa de Aniversário
Parabéns!
Ele era uma pessoa maravilhosa, de grande coração. Que exibia um belo sorriso no rosto como cartão de visitas. Seu sorriso chega va antes dele. uma imagem que deixa saudades a todos os amigos que teve ao longo da vida. Não é à toa que existe uma praça em Vitória que leva o seu nome. Fica bem em frente ao restaurante lareira Portugue sa. Aliás, a avenida defronte à fabrica também lhe presta uma justa e eterna homenagem. Seu José gostava bem de um belo arroz com pol vo, de frequentar as pizzarias do Bixiga (bairro da Bela Vista, em São Paulo) e de dar ‘um tempo’ às ideias em seu apartamento flat na Ala meda Franca, na região dos Jardins (em São Paulo). Era comum pe gar estrada com dona Nilza e visitar algumas cidades do Circuito das Águas, no interior de São Paulo. Esses momentos de puro prazer se in tercalavam com a presença marcante em feiras e congressos pelo Brasil
a reverência. Ele tinha uma visão de mercado incrível, bastava pegar um par de sapatos em seu enorme mos truário e vaticinava: “esse será nosso campeão”, e de fato aqueles sapatinhos acabavam sendo.
Seu José e dona Nilza transmitiram aos filhos um legado de ho nestidade e de empreendedorismo que tentamos, em poucas palavras, descrever para comemorar.
Sr. José de Tavares Brito
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Variadas caixinhas de sapatos nesses 50 anos
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Bolo comemorativo anos de
Dona Nilza em comemoração pelos 50 anos da Pimpolho
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Alsenir Astores, Antônio Tavares de Brito, Cecília Azevedo de Brito Monteiro, Cláudia Maria Tomas, Cláudia Rizzo, Fernando de Brito Monteiro, Imaculada Moraes Vandeburi, Janini Auxiliadora Barbosa, José Meloni, José Tavares Azevedo de Brito ‘Juca’, Maria Penha, Sr. Mário Azevedo, Nilza, Renato Silvestre, Ricardo Silva Tavares de Brito, Rodrigo Mendonça Gomes, Rosangela Nascimento Santos e Zilma.
Pimpolho Produtos Infantis
Brito e Cia
Pimpolho 50 anos, uma história de sucesso desde os seus primeiros passos
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