Traça Mag

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NOVEMBRO 2009 N.º 13 MENSAL €3,50 (CONT.)

FIM-DE-SEMANA COM 5MOG FOTO REPORTAGEM NICOLE EITNER ENTREVISTA JOÃO CÉSAR TEMUDO

NIRVANA 20 ANOS DE BLEACH

FOLK COM KUMPANIA ALGAZARRA DRUM’N’BASS ACIMA DE 160 BPM’S


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FICHA TÉCNICA Directores Ana Matias, Cláudia Viana, Elisabete Penedo, Maria Louro Editores Ana Matias, Cláudia Viana, Elisabete Penedo, Maria Louro Colaboradores Ana Matias, Cláudia Viana, Elisabete Penedo, Maria Louro, João Temudo, Luísa Barreto, Pedro Figueiredo, 5mog Marketing e Publicidade CALM press - Publicações e Marketing Lda. Redacção Cláudia Viana, Maria Louro Design Ana Matias, Cláudia Viana, Elisabete Penedo, Maria Louro Fotografia Ana Matias, Azura, Elisabete Penedo, Nita

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Registo no ICS Nº 2386503680 Periodicidade Mensal Próxima Edição Dezembro 2009 Tiragem 15.000 Exemplares Pré-Impressão Oficina Digital, ESAD.CR Impressão Obimpress Obigraf- Artes Gráficas Lda. Distribuição Deltapress Lda. – Sintra (circuito de bancas a nível nacional

Promo_CD Coordenador de Projecto Ana Matias

Preço € 3,50

Propriedade CALM, Edição de Publicações e Publicidade Lda.

Contactos geral@traça.com www.traça.com


BREVES

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Lou Rhodes

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DAVID FONSECA Between Waves

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CONCERTO Os Pontos Negros

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Fim de semana com 5MOG

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CRÓNICA

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Ana Salomé ESTILOS

CAPA Nirvana OPINIÃO Pedro Figueiredo

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Nicole Eitner

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Kumpania Algazara Farra Fanfarra

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DJ SET Composição Digital Afinal o que é um DJ?

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ENTREVISTA João César Temudo

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Frequências DRUM ‘N’ BASS Acima de 160 BPMs

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TRAÇATOON ALBUNS + LIVROS AGENDA

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breves Goldfrapp já marcaram Março 2010 para regresso aos álbuns

Pete Doherty cantou hino nazi na Alemanha

Os Goldfrapp já anunciaram

alemão que vigorou durante o período nazi. Os versos canta-

o regresso aos álbuns: Head

dos por Doherty, algo como “Alemanha, Alemanha acima de

First , quinto de originais,

tudo”), foram interpretados como uma provocação e o músico

sairá para as lojas a 22 de

acabou por ser obrigado a sair de palco, depois dos muitos

Março. O primeiro single,

apupos do público.O porta-voz do músico explicou num comu-

que a banda já anunciou ser perfeito para a pista de dança,

nicado oficial que Pete apenas “queria celebrar a sua presença

intitula-se “Rocket” e será colocado à venda no dia 8 do mesmo

em Munique e que “não estava a par da controvérsia” em torno

mês.Em comunicado oficial, a editora dos Goldfrapp descre-

daqueles versos em específico.

O britânico Pete Doherty já pediu desculpa aos fãs e a todos os alemães por ter cantado os primeiros versos do hino nacional

veu Head First da seguinte forma: “um frenesim de optimismo de sintetizadores,

Maria João Pires pode ganhar um Grammy

euforia, fantasia e romance,

A nossa portuguesa Maria João Pires está nomeada para um

com canções que são verda-

Grammy na categoria de melhor performance instrumen-

deiras afirmações de vida e

tal a solo de música clássica com o álbum Chopin. A lista de

produção estelar”

nomeações para os importantes prémios norte-americanos foi divulgada hoje e os vencedores serão conhecidos a 31 de

Ronnie Wood, dos Rolling Stones, detido por suspeita de agressão a namorada

Janeiro, numa cerimónia a realizar-se no Staples Center em Los

Ronnie Wood, guitarrista sexagenário dos Rolling Stones, foi

É Natal (quase, quase) e os Killers têm novo single

detido ontem à noite por suspeitas de violência doméstica

Banda norte-americana editou “Happy Birthday Guadalupe”

contra a namorada russa de apenas 21 anos, Ekaterina Ivanova.

digitalmente e fez saber que todas as receitas de vendas rever-

O músico terá sido depois solto, sob fiança e permanecerá livre

terão a favor do Fundo Global de luta contra a SIDA em África.

Angeles. Boa sorte Maria Joao.

até Janeiro,quando será novamente interrogado. Maio é o mês de... Arcade Fire

Mais uma banda na primeira parte dos Editors

Os Arcade Fire estão neste momento a gravar um novo álbum

A primeira parte do concerto dos Editors no Campo Pequeno,

de originais e pretendem editá-lo em Maio de 2010. Esta

em Lisboa, no dia 10 de Dezembro, vai contar não com uma,

confirmação coloca um ponto final na especulação sobre o que

mas com duas primeiras partes: aos Maccabees juntam-se

a banda canadiana estaria a fazer no momento. O terceiro re-

agora os canadianos Wintersleep, convidados especiais da ban-

gisto longa-duração está a ser gravado com Markus Dravs, que

da liderada por Tom Smith.

produziu o anterior Neon Bible e colaborou também

Surpresa! A nova banda de Liam Gallaher pode chamarse... Liam Gallagher

Blur: há documentário

Apesar de os Blur este ano terminou (não há nem mais concertos nem novo álbum), acabam devido a um documentário.

Já reuniu banda para gravar um novo álbum (que deverá chegar às lojas em 2010) e provavelmente vai continuar a usar o nome Oasis. Em declarações ao Evening Standard, o músico disse estar a trabalhar com Gem Archer e Andy Bell (seus colegas dos Oasis) no novo projecto discográfico. Sobre o nome que

BREVES

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A já longa relação de afecto entre os Lamb e o público português é retomada amanhã, no arranque do Festival Marés Vivas, em Gaia. O duo actua na mesma noite de outros dois projectos britânicos, Primal Scream e Kaiser Chiefs. No auge da popularidade, ocuparam o primeiro lugar da tabela nacional de vendas e acumularam actuações, incluindo no Pavilhão Atlântico. Quatro anos decorridos sobre uma separação cujos motivos - desenvolvimento de projectos pessoais - nunca convenceram os fãs, os Lamb voltaram ao activo. Sem material novo para mostrar, os autores de "Fear of fours" têm calcorreado a Europa, repetindo os êxitos que os notabilizaram há quase uma década. Da proximidade que mantiveram com o público português, Lou Rhodes desfaz-se em elogios à capacidade deste de "revelar emoções e deixar-se envolver pela música", em contraponto com "a distância" que diz encontrar na Inglaterra natal. "Talvez tenha que ver com a forte tradição musical portuguesa, sobretudo o fado", explica a cantora. A fama que o duo alcançou em Portugal atingiu proporções tais que Lou Rhodes e Andy Barlow chegaram a sentir-se "verdadeiras estrelas pop. Foi muito bizarro", confidencia. Já depois da dissolução do grupo, Lou Rhodes actuou em Portugal para apresentar os trabalhos a solo e a química manteve-se, pese embora as diferenças assinaláveis entre ambos os registos: "Os Lamb têm toneladas de tecnologia, enquanto a minha música é mais interior.

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Longe vão os tempos de Little David Boy, personagem introvertida que ajudou David Fonseca na transição da platinada era dos Silence 4 para a carreira a solo que agora chega ao quarto álbum. Tanto em disco como em palco, David Fonseca é, em 2009, um entertainer de corpo inteiro, um compositor sólido e um vocalista confiante - ainda que, a ouvidos menos aficionados, a tendência para uma cada vez mais esdrúxula pronúncia das (funcionais) letras em inglês possa funcionar como obstáculo ao puro desfrute de canções emocionais mas sorridentes, com o coração sempre ao alcance das cordas vocais. Between Waves , assim o diz o autor, é um disco de ressaca, seguindo-se à celebração do anterior Dreams In BETWEEN WAVES Colour. O ambiente continua, porém, a ser maioritariamente festivo: à semelhança do que começámos por ouvir no single “A Cry 4 Love”, os traços de melancolia e demais subtilezas ficam-se, em Between Waves , pelos violinos e acordeões (a remeter suavemente para os Arcade Fire). O território que David Fonseca domina com à-vontade é, hoje, a indie-pop radiofónica e orelhuda, com correspondência internacional na new-wave ultravitaminada de bandas como os Killers (é ouvir os sopros mariachi da contagiante “Walk Away When You’re Winning” ou o refrão arremessado com a pompa de um fogo de artifício de “There’s Nothing Wrong With Us”).

Num disco caloroso e optimista, o expressionismo vocal de David Fonseca serve especialmente bem as canções gingonas: “Owner of Her Heart”, de refrão soluçante, é a mais forte candidata a rodar na sua cabeça durante dias, mas “Stop 4 A Minute”, a lembrar os Kinks, também daria um belo single. Já as baladas “U Know Who I Am” e “It’s Just A Dream II” são o elo mais fraco, bem aquém do que David Fonseca já fez: em “Kiss Me, Oh Kiss Me” do disco anterior, por exemplo. A fechar Between Waves em alta, a nervosenta “Morning Tide”, a lembrar novamente os Arcade Fire, e a primaveril “This One’s So Different” confirmam David Fonseca como aplicado estudante do cancioneiro indie internacional, aqui reproduzido em moldes suficientemente personalizados e melodiosos. Bem bom. onge vão os tempos de Little David Boy, personagem introvertida que ajudou David Fonseca na transição da platinada era dos Silence 4 para a carreira a solo que agora chega ao quarto álbum. Tanto em disco como em palco, David Fonseca é, em 2009, um entertainer de corpo inteiro, um compositor sólido e um vocalista confiante - ainda que, a ouvidos menos aficionados, a tendência para uma cada vez mais esdrúxula pronúncia das (funcionais) letras em inglês possa funcionar como obstáculo ao puro desfrute de canções emocionais mas sorridentes, com o coração sempre ao alcance das cordas vocais. Between Waves , assim o diz o autor, é um disco de ressaca, seguindo-se à celebração do anterior Dreams In Colour . O ambiente continua, porém, a ser maioritariamente festivo: à semelhança do que começámos por ouvir no single “A Cry 4 Love”, os traços de melancolia e demais subtilezas ficam-se, em Between Waves , pelos violinos e acordeões (a remeter suavemente para os Arcade Fire). O território que David Fonseca domina com à-vontade é, hoje, a indie-pop radiofónica e orelhuda, com correspondência internacional na new-wave ultra-vitaminada de bandas como os Killers (é ouvir os sopros mariachi da contagiante “Walk Away When You’re Winning” ou o refrão arremessado com

DAVID FONSECA


a pompa de um fogo de artifício de “There’s Nothing Wrong With Us”). Num disco caloroso e optimista, o expressionismo vocal de David Fonseca serve especialmente bem as canções gingonas: “Owner of Her Heart”, de refrão soluçante, é a mais forte candidata a rodar na sua cabeça durante dias, mas “Stop 4 A Minute”, a lembrar os Kinks, também daria um belo single. Já as baladas “U Know Who I Am” e “It’s Just A Dream II” são o elo mais fraco, bem aquém do que David Fonseca já fez: em “Kiss Me, Oh Kiss Me” do disco anterior, por exemplo. A fechar Between Waves em alta, a nervosenta “Morning Tide”, a lembrar novamente os Arcade Fire, e a primaveril “This One’s So Different” confirmam David Fonseca como aplicado estudante do cancioneiro indie internacional, aqui reproduzido em moldes suficientemente personalizados e melodiosos. Bem bom.

TEXTO : ANA SALOMÉ FOTOS: ANA MATIAS

David Fonseca

David Fonseca nasceu na cidade de Leiria em 1973. Filho de mãe professora e pai bancário, viveu em Marrazes-Leiria até ir para Lisboa. Estudou cinema, vertente de Imagem, na Escola Superior de Teatro e Cinema de Lisboa, e foi aluno da Escola Superior de Belas Artes de Lisboa (1992/94). Foi fotógrafo de moda, colaborando com diversos catálogos de moda como, por exemplo, Tom Of Finland entre outros do género. Participou em exposições colectivas e individuais.


pub Carreira a solo Em 2003, David Fonseca lançou o seu primeiro álbum a solo, Sing Me Something New (disco de ouro). O primeiro single deste disco foi Someone That Cannot Love que foi tocado em simultâneo em 150 estações de rádio portuguesas, à meia-noite de 10 de Março desse mesmo ano. Dois anos após o primeiro álbum , em 2005, saiu o álbum Our Hearts Will Beat As One. Na primeira semana de vendas ganhou de imediato o estatuto de disco de ouro, e foi considerado melhor álbum Pop de 2005, em Portugal, mesmo antes do ano acabar. Em Outubro de 2007 com o álbum “Dreams In Colour” voltou a dar cartas na música nacional. Para além do single Superstars, inclui também uma versão de “Rocket man” de Elton John. Essa versão teve direito a um videoclipe gravado em take único e passado de trás para a frente. Foi editada uma edição especial e limitada, em digipack, com um “booklet” de 24 páginas com a reprodução de polaroids exclusivas da autoria de David Fonseca e um DVD extra David Fonseca Dreams In Loop Live, um registo ao

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concerto

OS PONTOS NEGROS Há muito que não se ansiava tanto por um álbum de rock em português. ‘Magnífico Material Inútil’ é O álbum de estreia dos Pontos Negros, pela Universal. A banda de Queluz já havia editado um EP e um Álbum com os quais ganharam alguma notoriedade na Imprensa. Os leitores da Blitz votaram neles Como um dos melhores lançamentos de 2007 e a blogoesfera está repleta de citações a seu favor. São Os Pontos Negros por oposição às linhas brancas dos White Stripes. Mas à sua sonoridade normalmente Os apelidam como os ‘Strokes Portugueses’. Fizeram parte da Flor Caveira, a editora independente Cujo cariz de rock cristão tem dado que falar. Ensaiam na cave da Igreja Baptista e têm nas suas Letras de um humor corrosivo o seu principal trunfo. Isto só podia ser deliciosamente adolescente. Os Pontos Negros aparecem com esta coisa bilingue: um roque enrole que, ora se canta em português, ora dá vontade

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CONCERTOS OS PONTOS NEGROS


de assobiar. Naturalidade da melodia, simples alegria de se fazer música: isto só podia ser deliciosamente adolescente. Não se sabe ao certo o que contem a água canalizada da linha Sintra, que mutações terríveis são essas nos jovenzinhos expostos ao Locus Horrendus suburbano. Mas em 2005 a “cena de Queluz” pariu o seu derradeiro colosso. Os irmãos Pires, Jónatas e David, bateria e guitarra - deram o primeiro coice. Juntou-se outra guitarra chamada Lipe (ex Comboio Fantasma, Lacraus, Velhas Glórias, Ninivitas,). Mais tarde, um orgão a fazer as vezes do baixo, foi o Silas (Ninivitas) no topo do bolo. A novidade ponto-negrina tornou-se mel para o melómano Tiago Guillul (que esteve e está em demasiadas bandas para fazer caber neste parêntesis), bem como para toda a restante família Florcaveira - editora que orgulhosamente acolheu os primeiros registos destes caucasianos Pontos Negros. Num relatório oficial ainda por publicar, consta que há qualquer coisa tragicamente errada em quem não gosta dos Pontos Negros.

TEXTO : ANA SALOMÉ FOTOS: ANA MATIAS

As críticas positivas, consideramos que são sempre algo exageradas e encaixamos com um sorriso agradecido.

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FIM DE SEMANA COM...5MOG No fim-de-semana passado fomos até à cave da A.D.A.C. que serve de abrigo para os ensaios dos 5mog,uma banda de Pombal que nasceu em 2005. Situada curiosamente debaixo de um palco, a sala de ensaios, repleta de arquivos, móveis e até algumas garrafas acumuladas. É o refúgio de uma banda, que na mistura de gostos musicais que variam do punk hardcore ao metal, cria melodias que em momentos melodramáticos, explodem, libertando sentimentos de revolta e às vezes até “pura loucura”. As músicas podem ser consideradas de intervenção social assim como pessoal, o próprio nome da banda deriva de uma noção de consciência universal, nascida na sala dos ensaios para ser transmitida e parti-

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FIM DE SEMANA COM 5MOG

TEXTO : CLÁUDIA VIANA FOTOS: LISA PENEDO

lhada com o público em perfeita comunhão. O 1º EP, caracterizado por ambiências psicadélicas que misturam riffs de guitarra com baixos hipnóticos e batidas tribais deu origem a um som que os elementos da banda descrevem como um “rock/metal progressivo com umas gotas de ácido”. Nos ensaios assistimos à preparação para dois concertos completamente distintos que mais tarde pudemos assistir: um mais íntimo e calmo no Café Concerto do Cineteatro de Pombal, e outro em Leiria, muito mais vivo e explosivo, com toda a liberdade que um concerto ao ar livre traz. Espera-se agora o 1º CD da banda, a ser gravado e lançado já no próximo ano.


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CRONICA

Há poucas coisas tão boas na vida como ouvir música, como ter umas moedas para pôr a jukebox a tocar no café preferido da cidade, andar pelas ruas com o walkman no volume máximo, desligar as luzes do quarto e pôr o Pink Moon a girar, deitada sobre a cama e morrer para o mundo, abrir as janelas do amolgado Y10 e vibrar os cabelos ao vento do Down Colorful Hill gravado numa cassete usadíssima, ver o asfalto a desenrolar-se diante dos olhos, brilhantes como a escuridão convulsiva da fita magnética ao encontro das ondas que derrubam os desafectos «Hoje toca a Rust e o meu pulso redobra-se de azul na tatuagem de quem adormece ao sol no paredão, ir a um circular do meu tempo de vida todo desfeito» concerto de Spiritualized debaixo de uma chuva incompreensivelmente iluminada e ir para a casa dos amigos comer chocolate e afogar o deslumbramento na madrugada de umas cervejas pretas, preparar uma mixed tape e ficar até altas horas nas torres dos arquivos dos sons mortos que, de repente, me fazem sentir a pessoa mais rica do mundo ao desencantar Casse Pipe que me manda ir dormir apenas com um dedo de voz francesa, girando o carrossel de sonhos antiquíssimos, descascados do seu ouro de árvore com incomensuráveis crianças de asas delicadas nos ramos, como ir ao Insólito embrulhada na echarpe castanha e porem a tocar A Rua do Gin, a mesma echarpe que um italiano em Santiago de Compostela seguiu até a um bar de catacumbas onde uns indies às risquinhas jogavam bilhar e apagavam as beatas TEXTO : ANA SALOMÉ com os seus todas as estrelas enquanto faziam competições mais importantes como FOTO: ANA MATIAS datas de álbuns ou biografias de músicos, como trocar cds com o meu amor impossível por correio atrasado e a culpa não ser do carteiro, coitado, como ligar o rádio mais pirata das águas nacionais e deixar cair uma lágrima à marinheiro emocionado com um pôr-do-sol violentamente violeta, como os auscultadores de algodão partilhados com o rapaz altíssimo em Sintra e o palácio erguer-se nota a nota no esplendor da nossa mente de boca fechada para um quinquagésimo beijo, como dedilhar uma escala quebrada no Roland e incomodar os vizinhos de baixo que preferem fado gingão, como ouvir a nossa história escrita com um punhado de nuvens que encimam as muitas cabeças estalando de canções diferentes, como chegar, às estantes de poesia e tirar a Jukebox do Manuel de Freitas e pedir, sabendo tal como ele, «Nada deveria ser tão triste, até porque nada deveria ser. Mas não me roubem, por favor, esta canção». Hoje toca a Rust e o meu pulso redobra-se de azul na tatuagem circular do meu tempo de vida desfeito.

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CRÍTICA


Grunge (às vezes chamado de Seattle Sound) é um estilo musical independente que se tornou bem-sucedido comercialmente no início da década de 90. O grunge é uma ramificação do hardcore, heavy metal e rock alternativo do final dos anos 80 e inicio da década de 90. Bandas das cidades do noroeste dos Estados Unidos, como Seattle, Olympia, e Portland, foram responsáveis pela “criação” do grunge e tornaram-no popular para a maior parte da audiência. Este género de música é muito asso-

COMO NASCEU O GRUNGE ciado à Geração X, devido ao facto da sua popularização ter ocorrido a seguir ao surgimento desta geração, a qual consiste nas pessoas nascidas nas décadas de 60 e 70. Apesar de não ser um estilo musical bruto, é normal como característica padrão do grunge uma voz bastante rouca e arrastado, combinada com distorções de guitarra extremamente sujas, composições que costumam ter uma alternância entre momentos arrastados e rápidos, fazendo a música secar abruptamente, para voltar com força total em seguida. Ao mesmo tempo, porém, também ficou conhecido por ser um género bastante amigável com músicas acústicas. Os temas das bandas nomeadas grunge geralmente estão repletos de letras cheias de angústia e sarcasmo, entrando em temas como a alienação social, apatia, confinamento e desejo pela liberdade. Assim como acontece com alguns fãs do indie rock e seguidores do movimento punk, muitos músicos grunges mostram um desencantamento geral com o estado da sociedade, assim como um desconforto ao serem prejudicados socialmente. Ironia, sarcasmo, autohumor, crítica social, revolta, desespero, sentimento de inferioridade e referências ao uso de drogas são temas frequentemente abordados nas músicas. TEXTO : ODÍLIA MARIA FOTO: LISA PENEDO

ESTILOS GRUNGE

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CAPA NIRVANA

KURT COBAIN: COME AS YOU ARE Em 1989 uma banda de Aberdeen, Seattle, gravava com apenas 600 dólares o álbum de estreia: “Bleach”. 20 anos depois esse disco é reeditado. E sai em DVD o registo de um concerto, “Live at Reading”, quando o mundo eram os Nirvana.

Por falar em Kurt... Mais exactamente, Kurtz, o coronel renegado, interpretado por Marlon Brando no épico de Coppola “Apocalypse Now”. O filme centra-se na missão liderada pelo capitão do exército americano Benjamin Willard (Martin Sheen), cujo objectivo é eliminar o enigmático Kurtz, que lidera, no interior da selva vietnamita, qual rei divino, uma milícia de dissidentes e nativos. Porque é que o exército americano quer eliminar um dos seus? Porque Kurtz deixou de obedecer à linha de comando. Não porque tenha desistido da guerra ou deixado de acreditar nesses ideais. Pelo contrário: crê totalmente, mas por excesso. Sofre de sobre-identificação com a instituição militar. Foi ultrapassado pelos acontecimentos. Até à loucura. Transformou-se no desregramento a abater. Um incómodo. Ele percebe-o. No final é Willard a matar Kurtz ou é Kurtz a preparar o terreno para que Willard o abata? A imolação de Kurtz, sequência que encerra o filme, é a tentativa de lidar com a desordem cosmológica. Um exaltado

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CAPA NIRVANA

fotojornalista - Dennis Hopper - que Willard encontra na selva faz de arauto. É ele que nos diz sobre Kurtz: “The man is clear in his mind, but his soul is mad.” Não poderíamos dizer o mesmo de Kurt Cobain? O filme da sua vida foi outro, mas foi também o mesmo. Interpretou os princípios da contracultura, acreditou neles, excessivamente. Sofria de sobre-identificação com a ética punk-rock. Foi ultrapassado pelos factos. Via-se como criador alternativo mas os seus discos vendiam milhões. Em parte, por ele, música antes encarada como difícil foi cunhada e vendida às massas como “grunge”. A popularidade embaraçava-o. Queria fama, mas não estava preparado. Quem tinha 20 anos olhava-o como

A história deles e a nossa nunca foi a mesma.


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If you die you’re completely happy and your soul somewhere lives on. I’m not afraid of dying. Total peace after death, becoming someone else is the best hope I’ve got.

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guia. Mas ele não queria ser guia. Sentia que estava tão perdido como os que queriam ser guiados. Nunca conciliou os seus princípios com o sucesso. O suicídio resolveu o impasse, antes que o rasto de integridade desaparecesse por inteiro. 20 anos depois, na altura em que se assinala a edição do primeiro álbum dos Nirvana, “Bleach”, o mistério sobre Kurt e a sua banda mantémse. Ficarão para sempre com o nome gravado na História do rock dos anos 90 - mesmo se parecem ter constituído uma anomalia. Aquela voz, de onde vinha? Nesse período, do ponto de vista criativo, as linguagens da música de dança é que faziam a revolução. Mas para a indústria elas não representavam nada. No mercado mais rentável do mundo, o americano, o rock dominou sempre. Os concertos eram lucrativos e o culto da personalidade suplantava o anonimato das electrónicas. Quem tinha vivido os anos 60, 70 e 80 dizia que já não havia mais nada para inventar. Dos Velvet Underground aos Stooges, tudo parecia ter sido feito. Mas o rock, velha carcaça, recusava-se a morrer.

I was looking for something a lot heavier, yet melodic at the same time. Something different from heavy metal, a different attitude. I’d rather be hated for who I am, than loved for who I Kurt Cobain nasceu em 1967. Lia fanzines rock. Escutava Vaselines, Daniel Johnston, Raincoats, TV Personalities, Black Flag. Rock independente, cultivado em caves escuras. Regia-se pela ética punk-rock. Pertencia a uma elite: aqueles que se zangavam a sério contra os valores burgueses. Era contra o capitalismo, a favor do “façavocê-mesmo”. Contra o espectáculo, pela anarquia. Pelo regresso da sinceridade, mesmo sabendo que a história do rock está repleta de traições. O rock, para Kurt, eram canções cruas, o visual de todos os dias, lutar contra o estabelecido, convencer seguidores a recusar o sexismo, a homofobia, o novo-riquismo. As canções, virulentas, punham a nu a vaidade e a opulência da América, do Ocidente, do princípio dos anos 90. Tornavam visível a esclerose, a gordura. O capitalismo, dizia Kurt, era “a gula.” Anotava as suas reflexões num diário. Cresceu na década de 90, a primeira, depois da

CAPA NIRVANA

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década de 40, que viu duas gerações distintas - pais e filhos - a gostarem da mesma música. O rock, os Beatles, os Stones, com os quais os pais também haviam crescido. Mas Kurt tinha raiva da geração dos pais. A cólera tinha que explodir. Em 1987, os Nirvana. E ele, esperançado, anotava: “Vamos lançar o álbum às nossas custas. Achámos uma fábrica que prensará 1000 discos por 1600 dólares, o que faz com que tenhamos que vender apenas 250 discos para recuperar o nosso investimento.” Acabaria por ser a independente Sub Pop a editar o primeiro álbum, “Bleach”, registado em apenas seis dias.

Kurt tinha 22 anos. Não se saiu mal. 80 mil exemplares. Mais de 1,7 milhões de cópias vendidas até hoje. O maior sucesso de sempre da Sub Pop. Os Nirvana tornam-se líderes dessa coisa chamada grunge. Em Seattle outras formações praticavam música semelhante (Melvins, Soundgarden, Pearl Jam, Screaming Trees, Alice In Chains), mistura de Neil Young punk e Black Sabbath pop, desordem, melodias perdidas por entre guitarras cerradas e, no caso dos Nirvana, aquela voz, passando da dor à raiva, do apaziguamento ao caos. De onde vinha? Entre as influências citava “os divórcios, as drogas, os efeitos sónicos.”

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CAPA NIRVANA

O desgosto formava o gosto Ao vivo os Nirvana ganhavam reputação de grupo incontrolável. Em 1991, o rock precisava de sangue novo. Em quem apostar? Havia os Pixies, mas Frank Black era anafado. Não parecia Jesus como Kurt. Dir-se-ia mais um simpático caixa de supermercado do que outra coisa. E os Sonic Youth? Muito artísticos, muito nova-iorquinos, veteranos. Restavam os Nirvana. Restava injectar visibilidade e dólares no grunge de Seattle. E o negócio abateuse sobre a cidade. Visualmente era Kurt quem sobressaía. Loiro, ar torturado, desleixado como um roqueiro que se preze. E os Nirvana assinaram por uma multinacional. Foram convidados a descer até Los Angeles para gravar o segundo álbum. Prudente, a Geffen prensou apenas 50 mil exemplares de “Nevermind”. Foram vendidos mais de 10 milhões. Para quem tinha vivido a década de 80 foi a surpresa. O álbum transformava a impotência em energia, a inércia em dinamismo, mas ninguém acreditava que aquele som - descendente dos Husker Du, Dinosaur Jr ou Sonic Youth - teria hipóteses de seduzir. Seduziu. Em parte, por um single, “Smells like teen spirit”. Em 1991 ser jovem era aquela canção, aquela deflagração, rejeição de qualquer coisa sem nome.


O desgosto formava o gosto. Tornava-se êxito disforme, aberração dos tops habituados a acolher de braços abertos Vanilla Ice. As palavras eram confusas, mas tornavase num hino de revolução adolescente, impulsionada por um vídeo sugerido por “Over The Edge”, filme de Jonathan Kaplan, com Matt Dillon. Mas de que espírito jovem falava Kurt nessa canção? Do punk-rock que queria acabar com a gula e o cinismo dos mais velhos? Ou do espírito dos adolescentes da América, dessa geração que obedeceu a Bush pai, adoptou valores reaccionários, correu aos cinemas para ver “Forrest Gump” ou às lojas de discos para comprar Bryan Adams? Kurt horroriza-se com a debilidade dos seus pares. Com o estado do mundo. E com as suas próprias desventuras: porque é que se droga, arma zaragata, destrói hotéis como se fosse uma trivial celebridade rock? Porque é que se casa com uma estrela, Courtney Love, tão frágil como ele? Porque é que os dois adquirem uma casa como todos os casais conformistas que critica?

I was looking for something a lot heavier, yet melodic at the same time. Something different from heavy metal, a different attitude. I’d rather be hated for who I am, than loved for who I am not. Porque é que ele, no auge da glória, não pode, não consegue, mudar o estado das coisas? Sim, tornara-se numa personalidade. A revista “Rolling Stone”, outrora alternativa, agora símbolo do entretenimento, quer que ele pose para a capa. Ele não devia, escreve. A ética punk não lho permite. A ele, das “fanzines”. Mas é estrela, a “Stone” é importante, tem que fazê-lo. Para não passar por marioneta tem uma ideia: posa para a capa, mas de t-shirt, com a inscrição “corporate magazines still suck”, forma de insultar a “Rolling Stone”. É isso que pensa, mas a vida é mais complexa. Ao aceitar essas condições a “Rolling Stone” dá provas de largueza de espírito. É admirada por isso. Kurt sofre. Pensava que se podia infiltrar no sistema para o fazer explodir, mas transforma-se no alibi do sistema, que o exibe: olhem para os Nirvana, indomáveis, rock com alarido, comprem os discos e estarão a comprar também uma atitude rebelde.

ENTREVISTA JOAO CESAR TEMUDO

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Kurt e Eddie Apesar de ser o número 1 mundial continuava um pequeno punk. No festival de Reading apresenta-se de bata e cadeira de rodas. Nos prémios MTV os Nirvana tocam uma canção chamada “Rape me”. Kurt ainda acreditava. Mas intensificava-se a sensação que já não passava de um Dom Quixote a esbracejar no vazio. Tenta curas de desintoxicação, com e sem Love. A 2 de Maio de 1993, uma “overdose” de heroína em Seattle. Prepara-se o sucessor de “Nevermind”. Os Nirvana querem lançar um disco assumidamente difícil. Cobain deseja que tenha o título de “I hate myself and i want to die”. Mas os imperativos do negócio falam mais alto. Chamar-se-á “In Utero” e trepará pelos tops. A 4 de Março de 1994, em digressão, mais uma “overdose”, em Roma. Um mês depois, a 5 de Abril, suicídio. Ao lado do corpo: “É melhor apagar de uma vez que desaparecer aos poucos.” Tinha 27 anos. Infiltrou-se no sistema.

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Os Nirvana impuseram às massas a cólera face à gula. Para muitos, Kurt perdeu. Puxou de uma arma, mas apontou-a a si próprio. Para outros, não; foi grande. Esses normalmente tendem a compará-lo a Eddie Vedder, dos Pearl Jam, outro grupo seminal de Seattle, ainda activo. Faz sentido. Enquanto Kurt sempre teve dificuldade em lidar com grandes audiências, e em palco quase não dizia nada, Eddie comporta-se como o irmão mais velho, aquele que se oferece para ser guia. A voz de Kurt é coisa em bruto, expondo uma raiva incoerente, assente em letras pouco claras. Eddie conta histórias. As canções dos Nirvana são mais desafiantes, mas não oferecem calor. Quando muito são catárticas. Eddie parece tentar chegar ao outro. Kurt quer que o deixem em paz. Aquilo que faz do primeiro um herói do rock - no sentido mais conservador do termo - é que é


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alguém que nunca desiste de lutar. “In Utero”, o último grito dos Nirvana, é o oposto. É desistir, é o isolamento, o casulo onde Kurt se resguarda das contradições de ser um rebelde milionário. Talvez Eddie seja um ser humano melhor. Mas segundo o mito romântico do criador, talvez Kurt seja melhor artista. Como o Kurtz de Brando: era lúcido. De uma lucidez disforme, incapaz de percepcionar a totalidade à sua volta. Ninguém se surpreendeu quando se suicidou. Mas mesmo assim a sua morte continua a inspirar as mais bizarras e diversas teorias conspirativas. Quem matou Kurt Cobain? A resposta é óbvia. Kurt Cobain matou Kurt Cobain. Mas também foi vítima: vítima do mito de que para se ser autêntico, verdadeiro e comprometido, não se pode ser popular.

TEXTO : CARINA SILVA ILUSTRAÇÕES: ANA MATIAS

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opiniao PEDRO FIGUEIREDO

Pedro Figueiredo Jornalista da agência Lusa e da revista DIF

Sai por estes dias para as lojas o DVD “Live at Reading”, dos Nirvana, que captura a banda de Kurt Cobain em verdadeiro pico de forma, um ano depois da saída de “Nevermind”, vinte meses antes do desaparecimento do ícone do grunge. Curiosamente, os Nirvana nunca foram uma banda de festival, foram até raras as vezes que tocaram em eventos do género – qual é então, hoje em dia, o papel de um Festival de Verão? Ainda é possível ir a um festival de Verão pela música? Pensemos. Diz-se que vivemos numa época de crise na indústria musical. Todavia, os cartazes dos Festivais de Verão do presente ano parecem desmentir uma ideia de teor, à partida, irreversível. Há música para todos os gostos: regressos de grandes nomes, estreias da melhor juventude melómana, segundos e terceiros tomos de projectos em crescendo. Só não vai quem não pode – e não quer. Hoje em dia vendem-se cada vez menos discos. Disto queixam-se editoras e lojas, essencialmente.

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OPINIÃO

Contudo, olhando para o mercado luso, o nicho da indústria dedicado aos concertos cresce a olhos vistos. Em todos os sentidos – há mais oferta, maior dinamismo, maior procura. Mais movimentação de capital, envolvendo não só organização e bandas mas respectivos apoios, staff ou publicidade inerente, por exemplo. Só este ano, condensemos a matéria dada: há regressos de grandes nomes por demais conhecidos do público luso (Dave Matthews Band, Metallica, Nine Inch Nails); projectos de mediatismo global atingido em tempos recentes em estreia (Ebony Bones, The Pains Of Being Pure At Heart, The Ting Tings, The Killers), segundos ou terceiros tomos que poderão consagrar definitivamente uma série de bandas (The National, Patrick Wolf). Produção lusa aliando nomes por demais conhecidos (inevitáveis Buraka Som Sistema e Da Weasel) a projectos actualmente em destaque (Os Pontos Negros) ou em expansão discográfica e, por arrasto, de palco (Legendary Tiger Man). Conclusão? Em termos de música propriamente dita há matéria para todos. Já em termos económicos, a escolha acaba por se revelar mais complicada. Com a maior oferta surge, no entanto – em inevitável complemento – a fundamental escolha de gestão de recursos financeiros. Na verdade, as despesas gastas na ida a um qualquer Festival de Verão são bem maiores do que o simples pagamento de entrada no recinto; há que contar com factores com os “comes e bebes” para largas horas de concertos, bem como, especialmente


para o público de fora da cidade em questão, despesas inerentes à deslocação e acomodação, quando caso disso. Numa indústria musical tão pequena como a portuguesa – onde cada vez mais facilmente se entra na tabela de discos mais vendidos da semana – é de salutar a crescente relevância dos festivais de Verão no panorama musical português. Com efeito, muito boa parte da juventude melómana portuguesa planeia parte das suas férias de Verão já em função de determinado festival, situação inimaginável há não muito tempo atrás. Neste campo em concreto, o Sudoeste merece relevo – mais, parecendo

concertos, a mentalidade portuguesa acomoda-se. Exige mais. Personalização, eventos exclusivos, acessibilidades ajustadas, o concerto certo no lugar certo, à hora certa, sem as companhias erradas. Quantos de nós prefeririam ver uns The Killers num Coliseu ao invés do Palco do Super Bock Super Rock? Não seria mais interessante ver um espectáculo em nome próprio dos Faith no More, onde o tempo não fosse limitação para um regresso largamente desejado? E o fenómeno The Pains Of Being Pure At

os cartazes cada vez menos apelativos de ano para ano, a verdade é que a afluência de público não sofreu particulares quebras por causa disso. Bem pelo contrário. Porquê? “É o Sudoeste”. Chega e sobra. 2009 revelou-se um ano de oferta musical absolutamente notável em matéria de concertos. Há mercado para suportar este boom? Provavelmente sim, mesmo que alguns eventos acabem por sofrer – directa ou indirectamente – algumas consequências. Indissociável de tamanha avalanche de

Heart, a tocar às 20 horas da noite durante meia hora, faz sentido? Oferta há, está visto, em boas quantidades. Talvez até em demasia. Gerir recursos económicos para tudo é que se revela, no final de contas (porque é de contas que falamos), o desafio maior. Afugentar uma mentalidade algo tacanha e demasiadamente exigente é, em segundo plano, desafio que urge combater. Sejam quais for as escolhas dos leitores, o conselho é global: bons concertos

O BOOM DOS FESTIVAIS! Mãe, quero um Festival só para mim!

OPINIÃO

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FREQUÊNCIAS


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As crianças crescem, mandam-nas para a escola aprender. Dois e dois, quatro. Mar mais alto, maré-cheia. Aprendem as letras, os números e a geografia. Em Portugal, português. Na Argentina, o tango. No ventre, a dança. Em África, o batuque. Tudo bem, os meninos são pequeninos e é bom para todos que aprendam. Tudo simples: cada país tem um símbolo, uma temperatura, um ritmo único e a forma instintiva de os manifestar. É bom que os pequenos o saibam, mas não é justo que depois surjam projectos como os Kumpania Algazarra e lhes confundam os mapas de cima a baixo. Ó mãe, Sintra fica na Europa de Leste ou no Norte de África?, e o EP a rodar. É a liberdade universal, é para «fazer uma festa e dançar». Mas nem só deste malabarismo geográfico vive o som pedagógico desta banda

(sim, portuguesa). Perante a quase total ausência da exploração exaustiva de conceitos nas escolas, a Kumpania dedica-se à clarificação inteira de um significado muito particular (procurar no dicionário): o de festa. Grupo ideal para sacudir o trânsito com um engarrafamento total de alegria e irreverência. Doses sem medida prévia

KUMPANIA ALGAZARRA

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FOLK KUMPANIA ALGAZARRA

de um vírus altamente contagiante – a gripe da festa – andam à solta pela estrada. Também actuam debaixo de tectos, por isso, para os que não querem nunca perder deliciosos momentos de tédio, o melhor é que nem saiam de casa. O lado carnal da zona musical híbrida residente em Portugal está a fortalecer-se e é importante


que alguém explique isto aos pequenos e maiores. wQue os Kumpania são, muito provavelmente, uma tempestade imparável, à prova de silêncio e de bala, e o mais aconselhável talvez seja mesmo nem resistir. Levantar os braços e cantar. Ó Cidade e Bailinho da caravana são duas pequenas obras-primas sem que ninguém dê por isso. Porque estão disfarçados com óculos escuros

A orquestra da loucura, é portuguesa e já foi ao estrangeiro e tiques de circo. «Onde estás tu que nem sequer páras para pensar?/ Tens que acordar e levantar-te para ver/ A simplicidade da semente a crescer/ E vai!, não esperes por ninguém/ E vai!, dançar pelo mundo fora/ E vai!, espalhar tua energia». Amanhece pureza a cada linha

lírica, amanhece para a mudança – é o manifesto de coragem contra o acinzentamento vicioso dos homens. «Tens de acreditar, muitos te dirão/ deixares-te levar é outra questão/ Pensar por si só é uma virtude/ Liberdade é uma atitude». Aulas de escola primária à parte, os Algazarra misturam com uma simplicidade admirável ritmos do mundo, salpicando «sem barreiras na maneira de pensar» as mais recatadas influências numa tela de pura-regional-portuguesa música (ou será o contrário?). A missão do colectivo de Sintra é eficaz: fazer sorrir e fazer dançar – abrir no silêncio o buraco multicolor da liberdade. A orquestra da loucura, que tem oito elementos mas às vezes é maior, saiu à rua para a purificar. No formato EP aqui apresentado, em 25 minutos de música absolutamente alucinantes, divididos em quatro fatias de viagens sonoras. TEXTO : OCATARINA SANTOS E RUI DIAS FOTOS: LISA PENEDO

FOLK KUMPANIA ALGAZARRA

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FREQUÊNCIAS


Sopros, percussão e um mestre-de-cerimónias numa loucura sem Fronteiras! Música, humor e circo numa mistura explosiva para momentos cheios de ritmo e diversão. A Farra Fanfarra é um colectivo sempre em crescimento ao qual pertencem já cerca de 50 músicos e animadores, de mais de 10 nacionalidades diferentes, empenhados em espalhar a euforia da música acústica em todos os contextos e inimagináveis situações. A formação da banda varia entre: bombos, caixas, timbales, pratos, rolos de papel higiénico, tubas, trombones, vidros, tochas, saxofones altos, tenores, baritonos, sopranos, capacetes, trompetes, clarinetes, megafones e escovas de dentes Desde os tempos da idade da pedra que a Farra Fanfarra abana o globo terrestre até as fronteiras se transformarem numa confusão de ritmos e cores enebriantes.

FARRA FANFARRA

TEXTO : ANA SALOMÉ FOTO: ANA MATIAS

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DJ SET que executam seu trabalho ao vivo em clubes, casas, discotecas e eventos. A mixagem em computador é feita de forma caseira, e não há o julgamento do público ao trabalho sendo feito ao vivo. O que o público irá ouvir é uma mixagem feita em estúdio e já gravada. Caso uma canção seja alterada e mixada com a anterior, mas o resultado não seja o esperado pelo editor (timbres, batidas ou compassos dessincronizados, por exemplo), a ação Já no fim do século XX, com a popularização do formato MPEG-1 layer 3 (popularmente conhecido como MP3) para canções digitais, de programas de compartilhamento de arquivos como o Napster e o surgimento de programas de edição musical, surgiu uma nova casta de editores musicais auto-denominados DJs. Apesar de estes possuírem, até certo talento para música, pois precisam alterar uma faixa para mixar na anterior, tem seu trabalho extremamente facilitado portanto, não são bem vistos por profissionais

A COMPOSIÇÃO DIGITAL

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de mixagem pode ser desfeita e refeita quantas vezes forem necessárias. Assim, o resultado final é uma mixagem tão perfeita quanto artificial. Porém, grandes DJs também fazem uso destes programas para criação de sequências de múltiplas canções denominadas megamixes, de participações de curta duração em programas de rádio e até mesmo de novas versões dessas canções, que


DJ SET

AFINAL O QUE É UM DJ? A ETIMOLOGIA DO TERMO TEXTO : MARIA LOURO FOTO: LISA PENEDO

Um disc jockey (DJ ou dee jay) é um artista profissional que seleciona e roda as mais diferentes composições, previamente gravadas para um determinado público alvo, trabalhando seu conteúdo e diversificando seu trabalho em radiodifusão em frequência modulada (FM), pistas de dança de bailes, clubes, boates e danceterias.O termo disc jockey foi primeiramente (e ainda é) utilizado para descrever a figura do locutor de rádio que introduzir

duziam e tocavam discos de gramofone, posteriormente, o long play, mais tarde compact disc laser (CD) e atualmente, empregam o uso do mp3. O nome foi logo encurtado para DJ. Hoje, diante dos numerosos fatores envolvidos, incluindo a composição escolhida, o tipo de público alvo, a lista de canções, o meio e o desenvolvimento da manipulação do som, há diferentes tipos de DJs, sendo que nem todos usam na verdade discos, alguns podem tocar com CDs, outros com laptop (emulando com softwares), entre outros meios. Há também aqueles que mixam sons e vídeos (VJs), mesclando seu conteúdo ao trabalho desenvolvido no momento da apresentação musical. Há, no entanto, denominações para classificar o termo DJ.

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entrevista JOÃO CÉSAR TEMUDO

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A traça entrevistou João César Temudo, o conhecido jovem produtor de música electrónica nacional TRAÇA: Como começou o seu interesse pela música? JOÃO: Começou aos oito anos, quando ouvia as bandas Pop da altura (risos). T: E quando é que entrou no mundo da música? J: Aos quinze/dezasseis anos, quando comecei a tocar guitarra. Passados alguns meses comecei a dedicar-me mais e a tocar com mais intensidade. Aos dezassete anos tive o meu primeiro “projecto” a sério – os “Imkino”. T: E qual foi o seu percurso a partir daí? J: No meu primeiro ano de faculdade (na Escola Superior de Artes e Design das Caldas da Rainha), o projecto “Imkino” terminou, tendo decidido começar a produzir música electrónica. T: Em que medida a faculdade o influenciou na produção de música electrónica? J: A ida para ESAD foi crucial para o meu desenvolvimento. Foi a partir daí que tive contacto com inúmeras influências e algumas pessoas que produziam música.

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ENTREVISTA JOAO CESAR TEMUDO

Algumas disciplinas foram também importantes, sobretudo a nível de mistura. Anteriormente também a Escola de Jazz de Torres Vedras, foi fundamental no meu crescimento como músico, e foi aí que adquiri conhecimentos indispensáveis de teoria musical. T: Porquê a música electrónica? J: Decidi dedicar-me sobretudo à música electrónica pois sinto que consigo expressar-me cada vez melhor com os diversos instrumentos que este estilo oferece. Há uma liberdade na escolha tímbrica que me satisfaz enquanto mente criadora. Produzir este tipo de música fez com que esteja dependente de mim mesmo, o que é um incentivo, e um desafio todos os dias. T: A música electrónica tem um público-alvo reduzido em relação a outros estilos musicais, isso não o assusta? J: Essa realidade existe sobretudo no panorama português, onde a grande maior parte da música electrónica é constituída por House comercial, Kizomba, etc. Porém, há um público (ainda que não tão numeroso) que conhece vários artistas e estilos que é bastante exigente. Assim às vezes sinto-me um pouco assustado por não conseguir que a minha música chegue às pessoas como


eu desejaria, mas sinto que tenho um longo caminho a percorrer, e acredito que um dia consiga viver apenas da música que produzo. T: Actualmente além de produzir música electrónica, o que faz? J: Sou professor de música numa escola primária, e fundei na Escola de Jazz de Torres Vedras o curso de Produção de Música Electrónica. Dou também aulas de guitarra e bateria. T: Em que consiste o seu projecto “Médio – Owl”? J: Este projecto tem um carácter académico. Consiste assim numa compilação de músicas de vários estilos em formato de álbum, que foi o meu projecto final da licenciatura em Som e Imagem. No futuro os lançamentos que pretendo efectuar, abordarão estilos musicais mais específicos, sendo menos multifacetados que este álbum. T: Na música electrónica, quais os estilos favoritos? J: Dentro da música electrónica existem artistas que produzem mais que um estilo e são grandes influências. Existem também diversas faixas de vários estilos que

têm, na minha opinião muito valor. Porém, os estilos predilectos recaem no Drum and Bass e Electro. Estes estilos têm grande potencial sonoro, mas ao mesmo tempo diiceis de manobrar. T: Quais as suas influências musicais? J: Pink Floyd, Alice In Chains, Tool, The Prodigy, Chemical Brothers, Noisia, Aphex Twin, Justice, Boards of Canada, Amon Tobin, entre outros. T: O que pretende num futuro próximo? J: Evoluir, produzir muito, tocar ao vivo e editar temas. Com a música aprendi que o talento vale 3%, e o trabalho 97%. Visitem-me em www.myspace.com/medio, e www.myspace.com/temudo. T: Que mensagem queres deixar aqules que estão a começar como produtores na area electronica? J: Quando acharem que nada vos soa bem e tenham uma certa vontade de fazer um delete nos vossos esboços, não o façam!!... acreditem ou não mas mais tarde vão servir como fonte de isnpiração, surgem sempre ideias quando menos se espera, e experimentem fazer coisas arrojadas. Um bem Haja para todos. (Sorrisos)

ENTREVISTA JOAO CESAR TEMUDO

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Quando acharem que nada vos soa bem e tenham uma certa vontade de fazer um delete nos vossos esboços, não o façam!!

têm, na minha opinião muito valor. Porém, os estilos predilectos recaem no Drum and Bass e Electro. Estes estilos têm grande potencial sonoro, mas ao mesmo tempo diiceis de manobrar.

têm, na minha opinião muito valor. Porém, os estilos predilectos recaem no Drum and Bass e Electro. Estes estilos têm grande potencial sonoro, mas ao mesmo tempo diiceis de manobrar.

T: Quais as suas influências musicais? J: Pink Floyd, Alice In Chains, Tool, The Prodigy, Chemical Brothers, Noisia, Aphex Twin, Justice, Boards of Canada, Amon Tobin, entre outros.

T: Quais as suas influências musicais? J: Pink Floyd, Alice In Chains, Tool, The Prodigy, Chemical Brothers, Noisia, Aphex Twin, Justice, Boards of Canada, Amon Tobin, entre outros.

T: O que pretende num futuro próximo? J: Evoluir, produzir muito, tocar ao vivo e editar temas. Com a música aprendi que o talento vale 3%, e o trabalho 97%. Visitem-me em www.myspace.com/medio, e www.myspace.com/temudo.

TEXTO : ANA MATIAS FOTOS: ANA MATIAS ILUSTRAÇÕES: ANA MATIAS

ENTREVISTA JOAO CESAR TEMUDO

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frequencias

Drum and bass (também abreviado como D&B, ou d’n’b) é um estilo de música eletrónica que teve origem a partir do jungle. Surgiu nos anos 90 na Inglaterra e é caracterizado por batidas rápidas, próximas a 170 BPM. A etimologia do termo “Drum and Bass”, ou ainda drum n’bass, vem do inglês, sendo a tradução “Bateria e Baixo”.

TEXTO : CLÁUDIA VIANA FOTOS: LISA PENEDO ILUSTRAÇÕES: ANA MATIAS

DRUMNBASS ACIMA DE 160 BPMS É a característica marcante das produções de drum and bass, em que os principais elementos são batidas, de bateria acústica em algumas delas, e som forte e grave do baixo, em basslines contagiantes. Quando há em um álbum de reggae uma faixa instrumental, ou seja, apenas instrumentos e sem o vocal do artista, dá-se o nome a ela de Dub, e o Dub influencia até hoje vários produtores de Drum and Bass (Visionary, por exemplo). O drum and bass vem se destacar na cultura mundial no começo dos anos 90, porém, nos guetos londrinos, algo conhecido como hardcore breakbeat já era conhecido. O hardcore breakbeat é uma evolução do hip-hop com batidas quebradas, e o termo hardcore vem de rápido, acelerado, que nos dá a entender que o ritmo se destaca por batidas quebradas rápidas. Após passar por várias influências, como a música jamaicana (consequência da aglomeração de imigrantes jamaicanos nesses guetos), ragga e dub, o hardcore breakbeat tomou um novo rumo, chamado Jungle. O Jungle, sonoramente falando, trata-se dessas batidas do hardcore breakbeat, com fusões do ragga, dub, funk, e sons presentes na música jamaicana. A hipótese mais conhecida pelo aparecimento do nome jungle é a de que tal nome se refere justamente do gueto, ou seja, da selva que era o gueto, ou dando a entender que o jungle era música do gueto. Dando um certo ar precon-

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FREQUÊNCIAS DRUM’N BASS

ceituoso esse termo logo começou a causar problemas, as hipóteses para que o nome tenha virado drum and bass seriam de que, por o termo ser preconceituoso, as pessoas estavam querendo dar um ar étnico correto ao ritmo, mudando-o para drum and bass. Já outra hipótese seria a de que, com as festas de jungle, o uso de crack e drogas estava aumentando, e com a violência que o próprio consumo estava causando, o termo jungle teria ficado “sujo”, logo, os promoters dessas festas receberam a idéia de mudar o nome para algo que seria lógico ao ouvir a música, e logo assim, teria surgido o termo drum and bass. Entretanto, o drum and bass se trata mesmo de uma evolução cultural e sonora do jungle, sendo a “nata” do jungle, ou seja, um som mais bem feito, de boa qualidade, misturando funk, hip-hop, house music, acid jazz, rock e até ritmos latinos na sua composição. Quando falamos de cultura “drumbazista”, estamos nos referindo a uma cultura bastante ligada à cultura urbana, ou seja, a uma nova cultura, uma cultura jovem, diferente. O drum and bass se destaca de outras vertentes da música eletrônica por ter batidas rápidas, acima de 160 BPM, pela variedade de ritmos que se podem fundir com ele, exemplo disto são várias produções de DJs nacionais com cantores e artistas de bossa nova, e também, sua possibilidade de representar vários contextos culturais, como o hip-hop, o ragga e a cultura urbana em si.


O drum and bass está “escondido” na nossa cultura, se prestarmos atenção, iremos vê-lo como fundo de comerciais, documentários ou programas de TV,

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Data: 01-12-2009

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AGENDA

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TRACATOON TEXTO : CLÁUDIA VIANA ILUSTRAÇÕES: MARIA LOURO

Os Nirvana foram uma das bandas mais importantes dos anos 90, deixando seu nome marcado para sempre na história da música. A banda surgiu no fim de 1987 com a união dos amigos Kurt Donald Cobain, Krist Novoselic e Aaron Burckhard, mais tarde substituído por Dave Grohl. O mês de Novembro imortaliza o mito Nirvana com a reedição Deluxe de “Bleach” que comemora 20 anos desde o seu lançamento. Em conjunto será também lançado o DVD “Live At Reading”, um dos mais míticos concertos da banda. “Bleach” foi o portador de certas canções que vieram a tornar-se clássicos como “About a Girl”, “Negative Creep” e a regravação de “Love Buzz”, o 1º single da banda teve grande sucesso nas vendas, pois os Nirvana contavam já com um público fiel proveniente dos seus concertos em Olympia e Seatle, mesmo antes de se tornarem famosos. Foi esse sucesso que convenceu a Sub Pop a acolher os Nirvana debaixo da sua asa. “Bleach” foi o álbum de estreia da banda, que em 1989 com um orçamento de $ 600 gravou em poucos dias aquele que seria o 1º de 4 discos. Era o embrião de uma banda que alcançaria a fama mundial nos anos seguintes, fama essa que viria também a ser a razão do seu fim. Este mês a Traça presta tributo aos Nirvana e aos 20 anos de “Bleach”

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TRAÇATOON NIRVANA


Próxima edição Entrevista com Jónsi, o vocalista da banda Islandesa Sigur Rós, que trouxe a Portugal o som etéro do Post-Rock Experimental.

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O SOM ETERNO DA ISLÂNDIA

MUSE JÁ SÃO DA CASA CONFIRMADA PRESENÇA NO ROCK IN RIO 2010

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FREQUÊNCIAS


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