Aluimentos

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ALUIMENTOS


Título: aluimentos © Bénédicte Houart e Edições Cotovia, Lda., Lisboa, 2009 Concepção gráfica de João Botelho ISBN: 978-972-795-284-7


Bénédicte Houart

aluimentos

Cotovia



Índice

pág. sopra o vento acaso a alma tenha artérias para poético prefiro putas falou-me com duas pedras na mão pus-me a escrever um poema que cada qual sabe como meninas mais frescas que alface o corpo descosido mijando o mundo afirmam que fui fiel homens despalpebrados por vezes finjo que sou eu liga-me à sua maneira, diz do marido felizes aqueles que a palavra carreira provoca-me contracções intestinais gosto de ler poesia entre as nuvens elas fazem renda até ao fim do mundo há quem chore por tudo e por nada venha cá! ó boa ó amor ó querida olhos ao léu jaz viva e adormece então sonhei com o sangue faz-se tarde eu cá consigo perder-me as pedras derretem crianças aprendendo a morrer coitado do poeta empoleirada na varanda 7

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com os direitos de autor o meu cão parece um coelho a puta foi ao cinema gosto daquela mesa um poema é deixa-me dizer-te que estás enganado pois, florbela na primavera a pedicure disse-me que quando quero morrer calo-me dona henriqueta repetia memória de elefante maria prata que ria sophia de ti quantas mãos o que eu sei hoje já não onde mais gosto de escrever é o meu carteiro, adoro-o ela abriu a boca nicky de poucas palavras todas as mulheres são é das árvores, dizem de búzio na boca valha-nos deus ou mulheres de ataque a infelicidade bate à porta as palavras são ossos duros de roer o que mais gosto de fazer perdemos por pouco na hospedaria ideal o meu lema de vida a monogamia é uma monotonia e elas desapareciam, mas corpo carpindo suas dores que haveria eu de fazer à medida que as mãos um poema não se 8

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aluimentos

abril 2008-janeiro 2009



às minhas crianças



sopra o vento treme a tĂ­lia alma minha tambĂŠm partindo

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acaso a alma tenha artĂŠrias correm-me no corpo palavras, nela toadas

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para poético prefiro putas esquinando as ruas alvoroçando as noites abanando o rabo na praça da república constipando-se ensopando lenços guardando intactos sonhos bem precisos não de regeneração, mas sim de exultação

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falou-me com duas pedras na mão eu atirei-lhas de volta por pouco não lhe rachei a cabeça parti o vidro duma montra ficou parecida com uma teia de aranha chovesse, então, era uma maravilha veio um polícia e levou-me bem lhe expliquei a situação visivelmente não compreendeu que uma metáfora por vezes tem consequências pouco legais multou-me e aconselhou-me a não reincidir coisa que fiz logo de seguida

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pus-me a escrever um poema que fosse tal e qual uma pedra e acertasse sempre no que eu bem quisesse se parti alguma coisa, pois não faço ideia o que garanto é que não fui multada até recebi direitos de autor ainda que injustamente a pedra era obviamente um plágio quanto ao poema, quem sabe

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cada qual sabe como o coração é frágil tal cristal, mas se quebrado da vida ainda emite vibrações

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