Bíblia de Estudo NVI | Evangelho de Marcos

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INTRODUÇÃO

Marcos V. “Os evangelhos sinóticos”, na p. 1609.

Autor Embora não haja no livro nenhuma prova intrínseca inequívoca de autoria, a igreja primitiva foi unânime em testemunhar que esse evangelho fora escrito por João Marcos. A comprovação mais importante provém de Papias (c. 140 d.C.), que cita uma fonte ainda mais antiga, segundo a qual: 1) Marcos foi cooperador de confiança de Pedro, de quem recebeu as informações acerca de tudo que fora dito e realizado pelo Senhor; 2) essas informações não chegaram até Marcos num relato organizado e seqüencial da vida do Senhor, mas sob a forma da pregação de Pedro — pregação que visava a atender às necessidades das primeiras comunidades cristãs; 3) Marcos conservou esses dados com exatidão. A conclusão extraída dessa tradição é que o evangelho de Marcos consiste, em grande medida, na pregação de Pedro ordenada e modelada por João Marcos (v. nota em At 10.37). João Marcos no NT Concorda-se, de modo geral, que o mesmo Marcos associado a Pedro na tradição primitiva extrabíblica é também o João Marcos do NT. A primeira menção dele inclui também sua mãe, proprietária de uma casa em Jerusalém que servia de local de reuniões para os crentes (At 12.12). Quando Paulo e Barnabé saíram de Jerusalém rumo a Antioquia, depois de já terem visitado a cidade por ocasião da fome, Marcos os acompanhou (At 12.25). Em seguida, Marcos aparece como “auxiliar” de Paulo e Barnabé na sua primeira viagem missionária (At 13.5), mas os deixou em Perge, na Panfília, para voltar a Jerusalém (At 13.13). Paulo deve ter-se sentido profundamente decepcionado com as ações de Marcos nessa ocasião, porque, quando Barnabé quis levar Marcos na segunda viagem, Paulo opôs-se peremptoriamente, e essa recusa desfez o relacionamento ministerial entre eles (At 15.36-39). Barnabé tomou Marcos, seu primo, e partiu para Chipre. Nenhum dos dois volta a ser mencionado em Atos dos Apóstolos. Marcos reaparece na epístola de Paulo aos colossenses, escrita em Roma. Paulo envia saudação da parte de Marcos e acrescenta: “Vocês receberam instruções a respeito dele; se ele for visitá-los; recebam-no” (Cl 4.10; v. Fm 24, escrita aproximadamente na mesma ocasião). Nessa altura, parece que Marcos começava a reconquistar a confiança de Paulo (v. 2Tm 4.11). Data da composição Alguns, para quem Mateus e Lucas empregaram Marcos como principal fonte documentária, acreditam que Marcos pode ter sido escrito na década de 50 ou no começo da década de 60. Há quem entenda que o conteúdo do evangelho e as declarações feitas pelos pais da igreja primitiva acerca de Marcos mostram que o livro foi escrito pouco antes da destruição de Jerusalém, em 70 d.C. V. quadro “Datação dos evangelhos sinóticos”, na p. 1609.

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Lugar de origem Segundo a tradição da igreja primitiva, Marcos foi escrito “nas regiões da Itália” (Prólogo antimarcionita) ou, mais especificamente, em Roma (Ireneu e Clemente de Alexandria). Esses mesmos autores associam estreitamente ao apóstolo Pedro a composição do evangelho de Marcos. As provas acima condizem com 1) a probabilidade histórica de que Pedro estava em Roma nos últimos dias de sua vida e foi aí martirizado e com 2) a evidência bíblica de que Marcos também estava em Roma por volta da mesma data, estando estreitamente ligado a Pedro (v. 2Tm 4.11; 1Pe 5.13, em que a palavra “Babilônia” é provavelmente criptograma referente a Roma). Destinatários As evidências remetem para a igreja de Roma ou pelo menos para leitores gentios. Marcos explica os costumes judaicos (7.2-4; 15.42), traduz palavras aramaicas (3.17; 5.41; 7.11,34; 15.22) e parece interessar-se especialmente pela perseguição e pelo martírio (8.34-38; 13.9-13) — assuntos de preocupação especial para os crentes de Roma. Roma como destino explicaria a aceitação quase imediata desse evangelho e sua rápida disseminação. Ocasião e propósito Como o evangelho de Marcos está tradicionalmente associado a Roma, pode ter sido ocasionado pelas perseguições da igreja em Roma no período de c. 64-67 d.C. O bemconhecido incêndio de Roma em 64 — provavelmente deflagrado por ordem do próprio Nero, sendo a culpa lançada sobre os cristãos — resultou em perseguição generalizada. Até mesmo o martírio foi experimentado pelos crentes de Roma. É possível que Marcos tenha escrito para preparar seus leitores para esse sofrimento ao apresentar-lhes a vida de nosso Senhor. Há muitas referências, tanto explícitas quanto veladas, ao sofrimento e ao discipulado, em todas as partes do seu evangelho (v. 1.12,13; 3.22,30; 8.34-38; 10.30,33,34,45; 13.8,11-13). Destaques 1. A cruz. Marcos realça não só a causa humana (12.12; 14.1.2; 15.10) mas também a inevitabilidade divina (8.31; 9.31; 10.33) da cruz. 2. Discipulado. Deve-se prestar especial atenção aos trechos sobre discipulado baseados nas predições de Jesus acerca da sua paixão (8.34—9.1; 9.35—10.31; 10.4245). 3. Os ensinos de Jesus. Embora Marcos registre bem menos ensinos diretos de Jesus que os demais evangelistas, há um notável realce em Jesus como mestre. As palavras “mestre”, “ensinar” ou “doutrina”, e “Rabi” são aplicadas 39 vezes a Jesus em Marcos. 4. O segredo messiânico. Em várias ocasiões, Jesus advertiu discípulos, ou a pessoa a favor de quem operou um milagre, de guardarem silêncio a respeito da identidade dele ou daquilo que fizera (1.34,44; 3.12; 5.43; 7.36,37; 8.26,30; 9.9). 5. Filho de Deus. Embora Marcos sublinhe a humanidade de Jesus (v. 3.5; 6.6,31,34; 7.34; 8.12,33; 10.14; 11.12), não negligencia a sua divindade (1.1,11; 3.11; 5.7; 9.7; 12.111; 13.32; 15.39). Características especiais O evangelho de Marcos é um relato do ministério de Jesus singelo, sucinto, sem ornamentação, porém de grande vivacidade, ressaltando mais o que Jesus fez do que o que disse. Marcos passa rapidamente de um episódio da vida e do ministério de Jesus para outro, empregando muitas vezes o advérbio “imediatamente” (v. nota em 1.12). O livro

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como um todo é caracterizado como “Princípio do evangelho” (1.1). A vida, a morte e a ressurreição de Cristo formam o “princípio”, do qual a pregação apostólica de Atos é a continuação.

Esboço I. Início do ministério de Jesus (1.1-13) A. Seu precursor (1.1-8) B. Seu batismo (1.9-11) C. Sua tentação (1.12,13) II. Ministério de Jesus na Galiléia (1.14—6.29) A. Ministério inicial na Galiléia (1.14—3.12) 1. Chamado dos primeiros discípulos (1.14-20) 2. Milagres em Cafarnaum (1.21-34) 3. Um percurso na Galiléia (1.35-45) 4. Ministério em Cafarnaum (2.1-22) 5. Controvérsia sobre o sábado (2.23—3.12) B. Ministério posterior na Galiléia (3.13—6.29) 1. Escolha dos 12 apóstolos (3.13-19) 2. Ensinamentos em Cafarnaum (3.20-35) 3. Parábolas do reino (4.1-34) 4. Viagem pelo mar da Galiléia (4.35—5.20) 5. Mais milagres na Galiléia (5.21-43) 6. Incredulidade na cidade de Jesus (6.1-6) 7. Seis equipes apostólicas percorrem a Galiléia (6.7-13) 8. Reação de Herodes contra o ministério de Jesus (6.14-29) III. Ausências da Galiléia (6.30—9.32) A. Na costa leste do mar da Galiléia (6.30-52) B. Na costa oeste do mar da Galiléia (6.53—7.23) C. Na Fenícia (7.24-30) D. Na região de Decápolis (7.31—8.10) E. Nos arredores de Cesaréia de Filipe (8.11—9.32) IV. Fim do ministério na Galiléia (9.33-50) V. Ministério de Jesus na Judéia e na Peréia (cap. 10) A. Ensinos a respeito do divórcio (10.1-12) B. Ensinos a respeito das crianças (10.13-16) C. O jovem rico (10.17-31) D. Predição da morte de Jesus (10.32-34) E. Um pedido de dois irmãos (10.35-45) F. Restauração da vista de Bartimeu (10.46-52) VI. A paixão de Jesus (caps. 11—15) A. A entrada triunfal (11.1-11) B. Purificação do templo (11.12-19) C. Controvérsias finais com líderes judaicos (11.20—12.44) D. Discurso do monte das Oliveiras a respeito do fim dos tempos (cap. 13) E. Jesus é ungido (14.1-11) F. Prisão, julgamento e morte de Jesus (14.12—15.47) VII. Ressurreição de Jesus (cap. 16)

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João Batista Prepara o Caminho (Mt 3.1-12; Lc 3.1-18) Princípio do evangelho de Jesus Cristo, o Filho de Deusa.a

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2 Conforme está escrito no profeta Isaías:

Enviarei à tua frente o meu mensageiro; ele preparará o teu caminho bb 3 voz do que clama no deserto: Preparemc o caminho para o Senhor, façam veredas retas para ele d.c Assim surgiu João,d batizando no deserto e pregando um batismo de arrependimento e para o perdão dos pecados.f 5 A ele vinha toda a região da Judéia e todo o povo de Jerusalém. Confessando os seus pecados, eram batizados por ele no rio Jordão. 6 João vestia roupas feitas de pêlos de camelo,

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1.1 a V Mt 4.3 1.2 b Ml 3.1; Mt 11.10; Lc 7.27 1.3 c Is 40.3; Jo 1.23 1.4 d V Mt 3.1 e v. 8; Jo 1.26,33; At 1.5,22; 11.36; 13.24; 18.25; 19.3,4 f Lc 1.77

1.6 g 2Rs 1.8 h Lv 11.22 1.7 i At 13.25 1.8 j Is 44.3; Jl 2.28; Jo 1.33; At 1.5; 2.4; 11.16; 19.4 6 1.9 k V Mt 2.23 l V Mt 3.1 1.10 m Jo 1.32 1.11 n V Mt 3.17 o V Mt 3.17 1.13 p Êx 24.18; 1Rs 19.8 q V Mt 4.10; Hb 4.15

1.1 Princípio. V. “Introdução: Características especiais”; lembra o versículo inicial de Gn (v. Jo 1.1). evangelho. Decalque (v. Mt 4.24) da palavra grega que significa “boa história” ou “boas novas”. As boas novas são que Deus providenciou a salvação mediante a vida, morte e ressurreição de Jesus Cristo. Jesus. V. nota textual NVI em Mt 1.21. Cristo. V. nota textual NVI em Mt 1.17. 1.2,3 no profeta Isaías. A citação que se segue imediatamente (v. os dois primeiros versos do poema) provém de Ml 3.1, mas é seguida por outra, de Is 40.3 (v. nota em Mt 27.9). A compreensão do ministério de Jesus precisa começar pelo AT. O que Isaías diz a respeito de Deus aplica-se a Jesus, seu Filho (v. 1). Os textos citados falam do mensageiro, do deserto e do Senhor, assuntos ressaltados separadamente nos v. 4-8. 1.4 veio João. Marcos, assim como João, não registra a natividade, mas começa com o ministério de João Batista. João significa “O SENHOR é misericordioso”. batizando. O hábito de João batizar os que chegassem até ele arrependidos era tão próprio de seu ministério, que ficou conhecido como “Batista”, i.e., “Batizador”. no deserto. Região árida a oeste do mar Morto, entre cujos habitantes estavam os que escreveram e preservaram os rolos do mar Morto. arrependimento. Implica abandono refletido do pecado a favor da retidão, e o realce que João dispensa ao arrependimento faz lembrar a pregação dos profetas (e.g., Os 3.4,5). Deus sempre concede perdão quando há arrependimento. batismo. João pregava o batismo de arrependimento, i.e., que seguia o arrependimento ou era por ele acompanhado. O batismo não era novidade para os ouvintes de João. Conheciam o batismo exigido para os gentios que se convertessem, embora nunca tivessem ouvido dizer que os descendentes de Abraão (os judeus) precisassem arrepender-se e ser batizados. 1.5 toda [...] todo. Sem dúvida uma hipérbole, denotando o grande interesse despertado pela pregação de João.

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usava um cinto de couro g e comia gafanhotosh e mel silvestre. 7 E esta era a sua mensagem: Depois de mim vem alguém mais poderoso do que eu, tanto que não sou digno nem de curvarme e desamarrari as correias das suas sandálias. 8 Eu os batizo com e água, mas ele os batizará com o Espírito Santo .j O Batismo e a Tentação de Jesus (Mt 3.13 4.11; Lc 3.21,22; 4.1-13) 9 Naquela ocasião Jesus veio de Nazarék da Galiléia e foi batizado por Joãol no Jordão. 10 Assim que saiu da água, Jesus viu o céu se abrindo, e o Espírito descendo como pombam sobre ele. 11 Então veio dos céus uma voz: Tu és o meu Filhon amado; em ti me agrado .o 12 Logo após, o Espírito o impeliu para o deserto. 13 Ali esteve quarenta dias,p sendo tentado por Satanás. q Estava a1.1

Alguns manuscritos não trazem o Filho de Deus. b1.2 Ml 3.1 c1.3 Ou que clama: No deserto preparem d1.2,3 Is 40.3 e1.8 Ou em

Durante séculos, Israel não tivera profeta. rio Jordão. O rio principal na Palestina, que tem seu início nas neves do monte Hermom e que termina no mar Morto. Fica a 32 km de Jerusalém no seu ponto mais próximo. 1.6 pêlos de camelo [...] cinto de couro. Assim se vestiam Elias e os demais profetas (2Rs 1.8; cf. Zc 13.4). gafanhotos e mel silvestre. V. nota em Mt 3.4. 1.7 mensagem. É breve o relato que Marcos faz da mensagem de João (cf. Mt 3.7-12; Lc 3.7-17) e se concentra no Poderoso que está por vir. 1.8 os batizará com o Espírito Santo. V. nota em Mt 3.11. 1.9 Naquela ocasião. Jesus provavelmente começou seu ministério público c. 27 d.C., com aproximadamente 30 anos de idade (Lc 3.23). Pelo que sabemos, até então Jesus passara a maior parte da vida em Nazaré. Nazaré. V. nota em Mt 2.23. batizado por João. Quanto ao significado do batismo de Jesus, v. Mt 3.15 e nota. 1.10,11 Vemos aí as três pessoas da trindade: 1) o Pai fala, 2) o Filho é batizado e 3) o Espírito Santo desce sobre o Filho. 1.10 o Espírito descendo [...] sobre ele. A unção de Jesus para o ministério — unção que na sinagoga de Nazaré alegou ter (Lc 4.18). como pomba. Simbolizando a mansidão, a pureza e a impecabilidade do Espírito Santo (v. Mt 10.16). 1.11 Alusão a Sl 2.7 e a Is 42.1. uma voz. Deus às vezes falava diretamente do céu (v. 9.7; Jo 12,28,29). Tu és o meu Filho. No v. 1 Marcos proclama Jesus como Filho de Deus; aqui, Deus Pai pessoalmente proclama Jesus como seu Filho. 1.12 Imediatamente. Característica inconfundível do estilo de Marcos é o uso (umas 47 vezes) de uma palavra grega traduzida de várias maneiras: “Logo”, “Imediatamente”, “Justamente naquela hora”, “rapidamente”, “Em seguida”, “então” (v., e.g., v. 18,20,23,28,29,42,43). 1.13 quarenta. V. nota em Mt 4.2. tentado. V. notas em Mt

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1675 com os animais selvagens, e os anjos o serviam. Jesus Chama os Primeiros Discípulos (Mt 4.12-22; Lc 4.14,15; 5.1-11; Jo 1.35-42) 14 Depois que Joãor foi preso, Jesus foi para a Galiléia,s proclamando as boas novas de Deus.t 15 O tempo é chegado ,u dizia ele. O Reino de Deus está próximo. Arrependam-se e creiamv nas boas novas! w 16 Andando à beira do mar da Galiléia, Jesus viu Simão e seu irmão André lançando redes ao mar, pois eram pescadores. 17 E disse Jesus: Sigam-me, e eu os farei pescadores de homens . 18 No mesmo instante eles deixaram as suas redes e o seguiram.x 19 Indo um pouco mais adiante, viu num barco Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão, preparando as suas

1.14 r V Mt 3.1 s Mt 4.12 t Mt 4.23 1.15 u Rm 5.6; Gl 4.4; Ef 1.10 v V Jo 3.15 w At 20.21 1.18 x V Mt 4.19

1.21 y v. 39; V Mt 4.23; V Mc 10.1 1.22 z V Mt 7.28,29 1.24 a V Mt 8.29 b Mt 2.23; Lc 24.19; Jo 1.45,46; At 4.10; 24.5 c Sl 16.10; Is 41.14,16,20; Lc 1.35; Jo 6.69; At 3.14; 1Jo 2.20 1.25 d v. 34 1.26 e Mc 9.20

4.1-11. Satanás. V. notas em Gn 3.1; Zc 3.1; Ap 2.9,10; 12.9,10. animais selvagens. Nos dias de Jesus havia muito mais animais selvagens — até mesmo leões — na Palestina do que hoje. Somente Marcos relata a presença deles nessa ocasião; ressalta que Deus protegeu Jesus no deserto. anjos o serviam. Assim como tinham servido a Israel no deserto (v. Êx 23.20,23; 32.34). 1.14 Depois que João foi preso. V. Mt 4.12 e nota em Lc 3.20. as boas novas de Deus. Boas novas tanto da parte de Deus quanto a respeito dele. 1.15 O Reino de Deus. V. nota em Mt 3.2. está próximo. A vinda de Cristo (o Rei) traz o Reino para perto do povo. 1.16 mar da Galiléia. Belo lago, uns 210 m abaixo do nível do mar, tendo uns 22 km de extensão e uns 6 km de largura, alimentado pelas águas do alto Jordão. Era também chamado lago de Genesaré (Lc 5.1) e mar de Tiberíades (Jo 6.1; 21.1). Nos tempos do AT era conhecido como mar de Quinerete (e.g., Nm 34.11). Simão. Provavelmente forma contraída do nome Simeão, do AT. Jesus deu a Simão o nome de Pedro (3.16; Mt 16.18; Jo 1.42). redes. V. nota em Mt 4.18. 1.17 Sigam-me. O chamado ao discipulado é específico e exige resposta de dedicação total. Esse não foi o primeiro encontro que Jesus tivera com Simão e com André (v. Jo 1.35-42). pescadores de homens. Evangelistas (v. Lc 5.10). 1.21 Cafarnaum. V. nota em Mt 4.13. sinagoga. Instituição religiosa importantíssima entre os judeus daqueles dias. Teve origem durante o exílio e servia de local em que os judeus podiam estudar as Escrituras e adorar a Deus. A sinagoga podia ser estabelecida em qualquer cidade em que houvesse pelo menos dez homens judeus casados. começou a ensinar. Jesus, assim como Paulo (v. At 13.15; 14.1; 17.2; 18.4), aproveitou o costume de permitir que mestres visitantes participassem do culto de adoração ao ser convidados pelos líderes da sinagoga.

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MARCOS 1 redes. 20 Logo os chamou, e eles o seguiram, deixando seu pai, Zebedeu, com os empregados no barco. Jesus Expulsa um Espírito Imundo (Lc 4.31-37) 21 Eles foram para Cafarnaum e, logo que chegou o sábado, Jesus entrou na sinagoga e começou a ensinar. y 22 Todos ficavam maravilhados com o seu ensino, porque lhes ensinava como alguém que tem autoridade e não como os mestres da lei.z 23 Justo naquele momento, na sinagoga, um homem possesso de um espírito imundoa gritou: 24 O que queres conosco, a Jesus de Nazaré?b Vieste para nos destruir? Sei quem tu és: o Santo de Deus! c 25 Cale-se e saia dele! ,d repreendeuo Jesus. 26 O espírito imundo sacudiu o homem violentamente e saiu dele gritando.e a1.23

Ou maligno; também em todo o livro de Marcos.

1.22 maravilhados. Marcos relatava muitas vezes o espanto que os ensinos e as ações de Jesus geravam (v. 2.12; 5.20,42; 6.2,51; 7.37; 10.26; 11.18; v. tb. 15.5). Nesses casos, era a autoridade inerente de Jesus que deixava as pessoas maravilhadas. Ele não citava autoridades humanas, como os mestres da lei, porque a sua autoridade provinha diretamente da parte de Deus. mestres da lei. V. nota em Mt 2.4. 1.23 na sinagoga, um homem [...] gritou. Foi na verdade o demônio quem gritou. possesso por um espírito imundo. A possessão demoníaca tinha por objetivo de atormentar e destruir os criados à imagem de Deus, mas o demônio reconheceu que Jesus era um adversário poderoso com a capacidade de destruir as forças de Satanás. 1.24 o Santo de Deus. A não ser no texto correspondente de Lc 4.34, o título é usado somente em Jo 6.69 e sugere a origem divina de Cristo mais que seu messianato (v. Lc 1.35). O nome foi usado pelos demônios talvez de acordo com a crença do ocultismo de que o uso exato do nome de uma pessoa oferecia certo controle sobre ela. O homem estava possesso de mais de um demônio (v. 5.9), mas somente um deles falou. 1.25 Cale-se. Lit., “Seja amordaçado!”. O poder superior de Jesus silencia os gritos estridentes do endemoninhado.

MARCOS RESIDÊNCIA: Jerusalém OCUPAÇÃO: Discípulo de Cristo, escritor CONHECIDO POR: • escrever o relato mais conciso da vida de Jesus, baseado na pregação de Pedro • abandonar Paulo e Barnabé na sua primeira viagem missionária • reconquistar a confiança de Paulo (2Tm 4.11)

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27 Todos ficaram tão admiradosf que perguntavam uns aos outros: O que é isto? Um novo ensino e com autoridade! Até aos espíritos imundos ele dá ordens, e eles lhe obedecem! 28 As notícias a seu respeito se espalharam rapidamente por toda a regiãog da Galiléia.

1.27 f Mc 10.24,32 1.28 g V Mt 9.26 1.29 h v. 21,23 1.31 i V Lc 7.14 1.32 j V Mt 4.24 1.34 k V Mt 4.23 l Mc 3.12; At 16.17,18 1.35 m V Lc 3.21

38 Jesus respondeu: Vamos para outro lugar, para os povoados vizinhos, para que também lá eu pregue. Foi para isso que eu vim .n 39 Então ele percorreu toda a Galiléia, pregando nas sinagogaso e expulsando os demônios.p

1.38 n Is 61.1 1.39 o V Mt 4.23 p V Mt 4.24 1.40 q Mc 10.17 1.44 r V Mt 8.4 s Lv 13.49 t Lv 14.1 32 1.45 u Lc 5.15,16 v Mc 2.13; Lc 5.17; Jo 6.2

Jesus Cura um Paralítico (Mt 9.1-8; Lc 5.17-26) Poucos dias depois, tendo Jesus entrado novamente em Cafarnaum, o povo ouviu falar que ele estava em casa.

O Poder de Jesus sobre os Demônios e as Doenças (Mt 8.14-17; Lc 4.38-41) 29 Logo que saíram da sinagoga,h foram com Tiago e João à casa de Simão e André. 30 A sogra de Simão estava de cama, com febre, e falaram a respeito dela a Jesus. 31 Então ele se aproximou dela, tomou-a pela mão e ajudou-a a levantar-se.i A febre a deixou, e ela começou a servi-los. 32 Ao anoitecer, depois do pôr-do-sol, o povo levou a Jesus todos os doentes e os endemoninhados.j 33 Toda a cidade se reuniu à porta da casa, 34 e Jesus curou muitos que sofriam de várias doenças. k Também expulsou muitos demônios; não permitia, porém, que estes falassem, porque sabiam quem ele era.l Jesus Ora num Lugar Deserto (Lc 4.42-44) 35 De madrugada, quando ainda estava escuro, Jesus levantou-se, saiu de casa e foi para um lugar deserto, onde ficou orando.m 36 Simão e seus companheiros foram procurá-lo 37 e, ao encontrá-lo, disseram: Todos estão te procurando!

1.27 com autoridade. A autoridade de Jesus em seu modo de ensinar (v. 22) e em seu procedimento (aqui) impressionou o povo. 1.29 à casa de Simão e André. Jesus e os discípulos provavalmente foram almoçar, pois a refeição principal do sábado era servida imediatamente após o culto da sinagoga. 1.30 A sogra de Simão. 1Co 9.5 informa que Pedro era casado. 1.32 o povo levou. Esperaram até acabar o sábado (depois do pôr-do-sol) para carregar peso (v. Jr 17.21,22). 1.34 porque sabiam quem ele era. Lucas diz: “porque sabiam que ele era o Cristo” (Lc 4.41). É provável que Jesus desejasse primeiro demonstrar por palavras e ações o tipo de Messias que era (em contraposição às crenças populares) antes de se declarar publicamente; e não deixaria os demônios frustrar essa intenção. 1.36 companheiros. André, Tiago, João e talvez Filipe e Natanael (cf. 1.43-45). 1.39 toda a Galiléia. Primeiro dos aparentemente três percursos pela Galiléia (segundo percurso: Lc 8.1; terceiro percurso: Mc 6.6 e Mt 11.1).

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A Cura de um Leproso (Mt 8.1-4; Lc 5.12-16) 40 Um leprosoa aproximou-se dele e suplicou-lhe de joelhos:q Se quiseres, podes purificar-me! 41 Cheio de compaixão, Jesus estendeu a mão, tocou nele e disse: Quero. Seja purificado! 42 Imediatamente a lepra o deixou, e ele foi purificado. 43 Em seguida Jesus o despediu, com uma severa advertência: 44 Olhe, não conte isso a ninguém.r Mas vá mostrarse ao sacerdote s e ofereça pela sua purificaçãot os sacrifícios que Moisés ordenou, para que sirva de testemunho . 45 Ele, porém, saiu e começou a tornar público o fato, espalhando a notícia. Por isso Jesus não podia mais entrar publicamente em nenhuma cidade, mas ficava fora, em lugares solitários.u Todavia, assim mesmo vinha a ele gente de todas as partes.v

2 a1.40

O termo grego não se refere somente à lepra, mas também a diversas doenças da pele.

1.40 leproso. V. nota textual NVI e Lv 13, 14. 1.41 tocou nele. Ato que, segundo a lei mosaica, deixava impura a pessoa que assim fizesse (v. Lv 13, esp. v. 45,46; cf. Lv 5.2). A compaixão de Jesus pelo homem pesava mais na balança que as considerações cerimoniais. 1.44 não conte isto a ninguém. V. notas em Mt 8.4; 16.20. vá mostrar-se ao sacerdote. V. nota em Lc 5.14. para que sirva de testemunho. Os sacrifícios serviriam de comprovação aos sacerdotes e ao povo de que a cura era genuína e de que Jesus respeitava a lei. A cura também testemunhava o poder divino de Jesus, pois os judeus acreditavam que somente Deus podia curar a lepra (v. 2Rs 5.1-14). 1.45 não podia mais entrar publicamente em nenhuma cidade. A popularidade crescente de Jesus (v. 1.28; 3.7,8; Lc 7.17) e a oposição cada vez mais intensa dos líderes judaicos (v. 2.6,7,16,23,24; 3.2,6,22) finalmente levaram Jesus a se retirar da Galiléia para os territórios circunvizinhos. 2.1 em casa. Jesus, quando em Cafarnaum, provavelmente fazia da casa de Pedro a sua residência (v. 1.21,29).

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1677 2 Então muita gentew

se reuniu ali, de forma que não havia lugar nem junto à porta; e ele lhes pregava a palavra. 3 Vieram alguns homens, trazendo-lhe um paralítico,x carregado por quatro deles. 4 Não podendo levá-lo até Jesus, por causa da multidão, removeram parte da cobertura do lugar onde Jesus estava e, pela abertura no teto, baixaram a maca em que estava deitado o paralítico. 5 Vendo a fé que eles tinham, Jesus disse ao paralítico: Filho, os seus pecados estão perdoados .y 6 Estavam sentados ali alguns mestres da lei, raciocinando em seu íntimo: 7 Por que esse homem fala assim? Está blasfemando! Quem pode perdoar pecados, a não ser somente Deus? z 8 Jesus percebeu logo em seu espírito que era isso que eles estavam pensando e lhes disse: Por que vocês estão remoendo essas coisas em seu coração? 9 Que é mais fácil dizer ao paralítico: Os seus pecados estão perdoados, ou: Levante-se, pegue a sua maca e ande? 10 Mas, para

2.2 w v. 13; Mc 1.45 2.3 x V Mt 4.24 2.5 y Lc 7.48 2.7 z Is 43.25

2.10 a V Mt 8.20 2.12 b V Mt 9.8 c Mt 9.33 2.13 d Mc 1.45; Lc 5.15; Jo 6.2 2.14 e V Mt 4.19 2.16 f At 23.9

2.2 muita gente se reuniu ali. O mesmo entusiasmo que acolhia Jesus anteriormente (1.32,33,37) se evidenciou em seu regresso. 2.3 um paralítico. Nada de específico se pode dizer sobre a enfermidade do homem, a não ser sua incapacidade de andar. A firme resolução dos quatro homens de chegar a Jesus leva a crer que seu estado era desesperador. 2.4 removeram parte da cobertura. A casa típica da Palestina tinha telhado plano, acessível por uma escadaria externa. Muitas vezes, o telhado era de uma camada grossa de barro (compactada com um rolo compressor de pedra), apoiada por esteiras feitas de ramos e sustentadas por vigas de madeira. 2.5 Vendo a fé que eles tinham. Jesus reconheceu que a ação ousada do paralítico e dos seus amigos servia de comprovação da fé que tinham. Filho, os seus pecados estão perdoados. Em primeiro lugar, Jesus atendeu à necessidade mais profunda do homem: o perdão. 2.7 Está blasfemando! Quem pode perdoar pecados, a não ser somente Deus? Na teologia judaica, nem sequer o Messias podia perdoar pecados, e o perdão dos pecados por Jesus oferecido era uma reivindicação da sua própria divindade — e eles a consideravam blasfêmia (v. nota em 14.64). 2.9 Que é mais fácil...? O que Jesus queria ressaltar era, decerto, que nem perdoar pecados, nem curar era mais fácil. As duas coisas são igualmente impossíveis aos homens e fáceis para Deus. 2.10 Mas, para que vocês saibam. Talvez palavra proferida aos mestres da lei. As palavras “— disse ao paralítico —” estão entre travessões para explicar uma mudança entre as pessoas às quais Jesus dirigia a palavra. Quanto a um exame do título “Filho do homem”, v. nota em 8.31. Fica claro que um dos propósitos dos mila-

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MARCOS 2 que vocês saibam que o Filho do homema tem na terra autoridade para perdoar pecados disse ao paralítico 11 eu lhe digo: Levante-se, pegue a sua maca e vá para casa . 12 Ele se levantou, pegou a maca e saiu à vista de todos, que, atônitos,b glorificaram a Deus, dizendo: Nunca vimos nada igual! c O Chamado de Levi (Mt 9.9-13; Lc 5.27-32) 13 Jesus saiu outra vez para beira-mar. Uma grande multidão aproximou-se,d e ele começou a ensiná-los. 14 Passando por ali, viu Levi, filho de Alfeu, sentado na coletoria, e disse-lhe: Siga-me .e Levi levantou-se e o seguiu. 15 Durante uma refeição na casa de Levi, muitos publicanosa e pecadores estavam comendo com Jesus e seus discípulos, pois havia muitos que o seguiam. 16 Quando os mestres da lei que eram fariseus f o viram comendo com a2.15 Os publicanos eram coletores de impostos, mal vistos pelo povo; também no versículo 16.

gres era apresentar provas da divindade de Jesus. V. uso de sinais milagrosos em Jo (2.11; 20.30,31). 2.12 atônitos. V. nota em 1.22. 2.14 Levi, filho de Alfeu. Mateus (v. Mt 9.9; 10.3). Seu nome de infância era provavelmente Levi, e seu nome apostólico, Mateus (“dádiva do SENHOR”). coletoria. Levi era cobrador de impostos (v. nota em Lc 3.12), sujeito a Herodes Antipas, tetrarca da Galiléia. A coletoria em que Jesus encontrou Levi era provavelmente um guichê de pedágios na estrada internacional mais importante que ia de Damasco por meio de Cafarnaum até o litoral do Mediterrâneo, de onde seguia para o Egito (v. o “caminho do mar”, Is 9.1). Levi levantou-se e o seguiu. V. nota em Lc 5.28. 2.15 “pecadores”. Pessoas de má fama, bem como as que se recusavam a seguir a lei mosaica conforme interpretada pelos mestres da lei. O termo era comumente aplicado a cobradores de impostos, adúlteros, assaltantes e outros. estavam comendo. Comer junto com alguém era sinal de amizade. 2.16 mestres da lei que eram fariseus. Nem todos os mestres da lei eram fariseus — sucessores dos hassidins, judeus piedosos que reuniram forças com os macabeus durante a luta pela liberdade da opressão síria (166-142 a.C.). Aparecem pela primeira vez com o nome de fariseus no reinado de João Hircano (135-105). Embora alguns sem dúvida fossem piedosos, a maioria dos que entravam em conflito com Jesus eram hipócritas, invejosos, rígidos e formalistas. Segundo o farisaísmo, a graça de Deus era oferecida somente aos que guardassem a lei. V. notas em Mt 3.7; Lc 5.17. publicanos. Os publicanos (ou cobradores de impostos) eram considerados proscritos. Não podiam servir de testemunhas ou juízes, sendo excluídos da sinagoga. Aos olhos da comunidade judaica, essa desonra estendia-se até suas famílias. V. nota em Mt 5.46.

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MARCOS 2, 3

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pecadores e publicanos, perguntaram aos discípulos de Jesus: Por que ele come com publicanos e pecadores ? g 17 Ouvindo isso, Jesus lhes disse: Não são os que têm saúde que precisam de médico, mas sim os doentes. Eu não vim para chamar justos, mas pecadores .h Jesus é Interrogado acerca do Jejum (Mt 9.14-17; Lc 5.33-39) 18 Os discípulos de João e os fariseus estavam jejuando.i Algumas pessoas vieram a Jesus e lhe perguntaram: Por que os discípulos de João e os dos fariseus jejuam, mas os teus não? 19 Jesus respondeu: Como podem os convidados do noivo jejuar enquanto este está com eles? Não podem, enquanto o têm consigo. 20 Mas virão dias quando o noivo lhes será tirado;j e nesse tempo jejuarão. 21 Ninguém põe remendo de pano novo em roupa velha, pois o remendo forçará a roupa, tornando pior o rasgo. 22 E ninguém põe vinho novo em vasilha de couro velha; se o fizer, o vinho rebentará a vasilha, e tanto o vinho quanto a vasilha se estragarão. Ao contrário, põe-se vinho novo em vasilha de couro nova .

2.16 g V Mt 9.11 2.17 h Lc 19.10; 1Tm 1.15 2.18 i V Mt 6.16 18; At 13.2 2.20 j Lc 17.22

2.23 k Dt 23.25 2.24 l V Mt 12.2 2.26 m 1Cr 24.6; 2Sm 8.17 n Lv 24.5 9 o 1Sm 21.1 6 2.27 p Êx 23.12; Dt 5.14 q Cl 2.16 2.28 r V Mt 8.20 3.1 s V Mt 4.23; Mc 1.21 3.2 t V Mt 12.10

2.17 Eu não vim para chamar justos, mas pecadores. O homem justo aos próprios olhos não reconhece sua necessidade da salvação, mas o pecador confesso, sim. 2.18 os discípulos de João. É possível que os discípulos de João tivessem jejuado porque ele estava preso (v. 1.14), ou talvez essa fosse uma prática entre eles em sinal de arrependimento, visando a apressar a vinda da redenção proclamada por João. os dos fariseus. Os fariseus não eram, por si só, mestres, mas alguns eram também “escribas” (mestres da lei), muitas vezes com discípulos. Ou talvez a referência tenha sido usada de modo não-técnico para aludir a pessoas influenciadas pelos fariseus. jejuam. Segundo a lei mosaica, somente o jejum do Dia da Expiação era obrigatório (Lv 16.29,31; 23.27-32; Nm 29.7). Depois do exílio na Babilônia, quatro outros jejuns anuais eram observados pelos judeus (Zc 7.5; 8.19). Nos tempos de Jesus, os fariseus jejuavam duas vezes por semana (v. Lc 18.12). 2.19 Como podem os convidados do noivo jejuar enquanto este está com eles? Jesus comparou seus discípulos aos convidados de um noivo. O casamento judaico era ocasião de especial regozijo, e a sua celebração durava uma semana em muitos casos. Era impensável jejuar durante essas festividades, porque o jejum estava relacionado à tristeza. 2.20 quando o noivo lhes será tirado. Jesus é o Noivo, que seria tirado do meio deles pela morte, e, a partir daí, o jejum seria cabível. 2.22 vasilha de couro nova. V. nota em Mt 9.17. 2.23 colher espigas. Nada havia de errado com o ato em si, permitido na estipulação de Dt 23.25.

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O Senhor do Sábado (Mt 12.1-14; Lc 6.1-11) 23 Certo sábado Jesus estava passando pelas lavouras de cereal. Enquanto caminhavam, seus discípulos começaram a colher espigas.k 24 Os fariseus lhe perguntaram: Olha, por que eles estão fazendo o que não é permitido no sábado? l 25 Ele respondeu: Vocês nunca leram o que fez Davi quando ele e seus companheiros estavam necessitados e com fome? 26 Nos dias do sumo sacerdote m Abiatar, Davi entrou na casa de Deus e comeu os pães da Presença, que apenas aos sacerdotes era permitido comer,n e os deu também aos seus companheiros . o 27 E então lhes disse: O sábado foi feito por causa do homem,p e não o homem por causa do sábado.q 28 Assim, pois, o Filho do homemr é Senhor até mesmo do sábado . Noutra ocasião ele entrou na sinagoga,s e estava ali um homem com uma das mãos atrofiada. 2 Alguns deles estavam procurando um motivo para acusar Jesus; por isso o observavam atentamente,t para ver se ele iria curá-lo

3

2.24 o que não é permitido no sábado. Segundo a tradição judaica (a Mishna), efetuar uma colheita (o que os discípulos de Jesus estavam rigorosamente fazendo) era proibido no sábado. V. Êx 34.21. 2.25 o que fez Davi. V. 1Sm 21.1-6. A relação entre o episódio do AT e a suposta violação do sábado pelos discípulos acha-se no fato de que, nas duas ocasiões, homens piedosos fizeram algo proibido. Como, no entanto, é sempre “permitido” praticar o bem e salvar vidas (até mesmo no sábado), tanto Davi quanto os discípulos estavam dentro do espírito da lei (v. Is 58.6,7; Lc 6.6-11; 13.1017; 14.1-6). 2.26 Nos dias do sumo sacerdote Abiatar. Em conformidade com 1Sm 21.1, Aimeleque, pai de Abiatar, era sumo sacerdote na ocasião (v. nota em 2Sm 8.17). pães da Presença. V. nota em Mt 12.4. 2.27 O sábado foi feito por causa do homem, e não o homem por causa do sábado. A tradição judaica tinha multiplicado de tal maneira as exigências e restrições para a guarda do sábado, que o fardo se tornara intolerável. Jesus deixava de lado essas tradições e realçava o propósito que Deus tinha no sábado — um dia planejado para o bem do homem (para a restauração espiritual, mental e física; v. Êx 20.8-11). 2.28 V. nota em Lc 6.5. 3.1-6 Demonstração de que Jesus é Senhor do sábado (v. 2.28). 3.2 Alguns deles. Os fariseus (v. 6; cf. Lc 6.7). para acusar Jesus. A presença de Jesus exigia decisão a respeito da sua pregação, dos seus atos e da sua pessoa. A hostilida-

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1679 no sábado.u 3 Jesus disse ao homem da mão atrofiada: Levante-se e venha para o meio . 4 Depois Jesus lhes perguntou: O que é permitido fazer no sábado: o bem ou o mal, salvar a vida ou matar? Mas eles permaneceram em silêncio. 5 Irado, olhou para os que estavam à sua volta e, profundamente entristecido por causa do coração endurecido deles, disse ao homem: Estenda a mão . Ele a estendeu, e ela foi restaurada. 6 Então os fariseus saíram e começaram a conspirar com os herodianos v contra Jesus, sobre como poderiam matá-lo.w Jesus é Procurado por uma Multidão 7 Jesus retirou-se com os seus discípulos para o mar, e uma grande multidão vinda da Galiléia o seguia.x 8 Quando ouviram a respeito de tudo o que ele estava fazendo, muitas pessoas procedentes da Judéia, de Jerusalém, da Iduméia, das regiões do outro lado do Jordão e dos arredores de Tiro e de Sidomy foram atrás dele. 9 Por causa da multidão, ele disse aos discípulos que lhe preparassem um pequeno barco, para evitar que o comprimissem. 10 Pois

3.2 u Lc 14.1 3.6 v Mt 22.16; Mc 12.13 w V Mt 12.14 3.7 x Mt 4.25 3.8 y V Mt 11.21

3.10 z V Mt 4.23 a V Mt 9.20 3.11 b V Mt 4.3; Mc 1.23,24 3.12 c V Mt 8.4; Mc 1.24,25,34; At 16.17,18 3.13 d Mt 5.1 3.14 e V Mc 6.30 3.15 f V Mt 10.1 3.16 g Jo 1.42

de, vista pela primeira vez em 2.6,7, continua a generalizar-se. V. nota no v. 6. para ver se ele iria curá-lo no sábado. Sinal de que os fariseus acreditavam no poder de Jesus para operar milagres. A dúvida não era se Jesus conseguiria, mas se desejaria curar. A tradição judaica preceituava que se podia prestar socorro aos enfermos no sábado somente quando havia ameaça contra a vida, que obviamente não era o caso. V. notas em 2.25; Lc 13.14. 3.4 o bem ou o mal, salvar a vida ou matar? Jesus pergunta: “O que é melhor, preservar a vida mediante a cura, ou destruir a vida mediante uma recusa de curar?”. A pergunta é irônica, já que, enquanto Jesus estava disposto a curar, os fariseus estavam tramando sua execução. Era evidente quem tinha a culpa de violar o sábado. permaneceram em silêncio. V. 12.34. 3.6 os fariseus [...] começaram a conspirar. A decisão de procurar a morte de Jesus não foi resultado desse episódio isolado, mas uma reação diante de uma série de episódios (v. 2.6,7,16,17,24). A conspiração dos fariseus e dos herodianos é vista de novo na terça-feira da Semana da Paixão (12.13). herodianos. Judeus influentes que promoviam a dinastia herodiana, o que significa que apoiavam Roma, de onde os Herodes extraíam a autoridade. Uniam-se aos fariseus na oposição a Jesus por temerem que tivesse influência política perturbadora sobre o povo. V. nota em Mt 22.15-17. 3.8 Aqui vemos comprovação impressionante da popularidade rapidamente crescente de Jesus entre o povo. Essa lista geográfica mostra que as multidões provinham não somente das áreas circunvizinhas a Cafarnaum, mas

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MARCOS 3 ele havia curado a muitos, z de modo que os que sofriam de doenças ficavam se empurrando para conseguir tocar nele. a 11 Sempre que os espíritos imundos o viam, prostravam-se diante dele e gritavam: Tu és o Filho de Deus .b 12 Mas ele lhes dava ordens severas para que não dissessem quem ele era.c A Escolha dos Doze Apóstolos (Lc 6.12-16) 13 Jesus subiu a um monte e chamou a si aqueles que ele quis, os quais vieram para junto dele.d 14 Escolheu doze, designando-os apóstolos a, e para que estivessem com ele, os enviasse a pregar 15 e tivessem autoridade para expulsar demônios.f 16 Estes são os doze que ele escolheu: Simão, a quem deu o nome de Pedro;g 17 Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão, aos quais deu o nome de Boanerges, que significa filhos do trovão ; 18 André; Filipe; Bartolomeu; Mateus; Tomé; Tiago, filho de Alfeu; Tadeu; Simão, o zelote; 19 e Judas Iscariotes, que o traiu. a3.14

Alguns manuscritos não trazem designando-os apóstolos.

também de distâncias consideráveis. As regiões mencionadas incluíam praticamente a totalidade de Israel e dos países adjacentes. Marcos trata da obra de Jesus em todas essas regiões, excetuando-se a Iduméia (v. 1.14, Galiléia; 5.1 e 10.1, região além do Jordão; 7.24,31, Tiro e Sidom; 10.1, Judéia; 11.11, Jerusalém). Iduméia. Forma grega do hebraico “Edom”, mas aqui se refere a uma área da Palestina ocidental ao sul da Judéia, e não ao território edomita anterior. (V. mapa na p. 1730.) 3.11 os espíritos imundos. V. nota em 1.23. Tu és o Filho de Deus. Os espíritos imundos reconheciam quem era Jesus, mas não tinham fé nele (v. nota em 1.24). 3.12 não dissessem quem ele era. Ainda não chegara a hora de revelar a identidade de Jesus (v. 1.34 e nota; v. tb. notas em Mt 8.4; 16.20), e os demônios certamente não eram o meio apropriado para essa revelação. 3.14 designando-os apóstolos. V. nota em 6.30. para que estivessem com ele. O treinamento dos Doze consistia não somente em instrução e prática nas várias formas do ministério, mas também em convívio contínuo com o próprio Jesus e comunhão íntima com ele. 3.16-19 V. notas em Lc 6.14-16. 3.17 filhos do trovão. Provavelmente referência à sua disposição (v. notas em 10.37; Lc 9.54,55). 3.18 Tadeu. Parece ser o mesmo “Judas, filho de Tiago” (v. Lc 6.16; At 1.13). o zelote. V. nota em Mt 10.4. 3.19 Iscariotes. Provavelmente significa “homem de Queriote”, da cidade de Queriote-Hezrom (Js 15.25), 20 km ao sul de Hebrom (Jr 48.24). Quanto à traição de Judas, v. 14.10,11,43-46.

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A Acusação contra Jesus (Mt 12.22-32; Lc 11.14-23) 20 Então Jesus entrou numa casa, e novamente reuniu-se ali uma multidão,h de modo que ele e os seus discípulos não conseguiam nem comer.i 21 Quando seus familiares ouviram falar disso, saíram para trazê-lo à força, pois diziam: Ele está fora de si .j 22 E os mestres da lei que haviam descido de Jerusalémk diziam: Ele está com Belzebu!l Pelo príncipe dos demônios é que ele expulsa demônios .m 23 Então Jesus os chamou e lhes falou por parábolas:n Como pode Satanáso expulsar Satanás? 24 Se um reino estiver dividido contra si mesmo, não poderá subsistir. 25 Se uma casa estiver dividida contra si mesma, também não poderá subsistir. 26 E se Satanás se opuser a si mesmo e estiver dividido, não poderá subsistir; chegou o seu fim. 27 De fato, ninguém pode entrar na casa do homem forte e levar dali os seus bens, sem que antes o amarre. Só então poderá roubar a casa dele.p 28 Eu lhes asseguro que todos os pecados e blasfêmias dos homens lhes serão perdoados, 29 mas quem blasfemar contra o Espírito Santo nunca terá perdão: é culpado de pecado eterno .q 30 Jesus falou isso porque eles estavam dizendo: Ele está com um espírito imundo . A Mãe e os Irmãos de Jesus (Mt 12.46-50; Lc 8.19-21) 31 Então chegaramr a mãe e os irmãos de Jesus. Ficando do lado de fora, man-

3.20 h v. 7 i Mc 6.31 3.21 j Jo 10.20; At 26.24 3.22 k Mt 15.1 l Mt 10.25; 11.18; 12.24; Jo 7.20; 8.48,52; 10.20 m Mt 9.34 3.23 n Mc 4.2 o V Mt 4.10 3.27 p Is 49.24,25 3.29 q Mt 12.31,32; Lc 12.10 3.31 r v. 21

daram alguém chamá-lo. 32 Havia muita gente assentada ao seu redor; e lhe disseram: Tua mãe e teus irmãos estão lá fora e te procuram . 33 Quem é minha mãe, e quem são meus irmãos? , perguntou ele. 34 Então olhou para os que estavam assentados ao seu redor e disse: Aqui estão minha mãe e meus irmãos! 35 Quem faz a vontade de Deus, este é meu irmão, minha irmã e minha mãe .

4.1 s Mc 2.13; 3.7 4.2 t v. 11; Mc 3.23 4.3 u v. 26 4.8 v Jo 15.5; Cl 1.6 4.9 w v. 23; V Mt 11.15

A Parábola do Semeador (Mt 13.1-23; Lc 8.1-15) Novamente Jesus começou a ensinar à beira-mar.s Reuniu-se ao seu redor uma multidão tão grande que ele teve que entrar num barco e assentar-se nele. O barco estava no mar, enquanto todo o povo ficava na beira da praia. 2 Ele lhes ensinava muitas coisas por parábolas,t dizendo em seu ensino: 3 Ouçam! O semeador saiu a semear.u 4 Enquanto lançava a semente, parte dela caiu à beira do caminho, e as aves vieram e a comeram. 5 Parte dela caiu em terreno pedregoso, onde não havia muita terra; e logo brotou, porque a terra não era profunda. 6 Mas quando saiu o sol, as plantas se queimaram e secaram, porque não tinham raiz. 7 Outra parte caiu entre espinhos, que cresceram e sufocaram as plantas, de forma que ela não deu fruto. 8 Outra ainda caiu em boa terra, germinou, cresceu e deu boa colheita, a trinta, sessenta e até cem por um .v 9 E acrescentou: Aquele que tem ouvidos para ouvir, ouça! w

4

3.20 numa casa. Provavelmente o lar de Pedro e de André (v. 1.29; 2.1). 3.21 seus familiares [...] saíram para trazê-lo à força. Por certo, tinham viajado de Nazaré a Cafarnaum, distantes uns 48 km (cf. v. 31). 3.22 Belzebu. V. nota em Mt 10.25. 3.23 parábolas. Nesse contexto, a palavra é usada no sentido geral de comparações (v. nota em 4.2). 3.27 entrar na casa do homem forte e levar dali os seus bens. Jesus estava fazendo exatamente isso ao libertar as pessoas do controle de Satanás. 3.28 Eu lhes asseguro. Afirmação enfática usada por Jesus para reforçar as suas asseverações (v. 8.12; 9.1,41; 10.15,29; 11.23; 12.43; 13.30; 14.9,18,25,30; em todos esses casos poderá haver variação na expressão empregada em português, mas sempre traduzem a mesma expressão do original). 3.29 quem blasfemar contra o Espírito Santo nunca terá perdão. Jesus identifica esse pecado no v. 30 (cf. v. 22) — os mestres da lei atribuíam ao poder de Satanás, e não ao Espírito Santo a cura feita por Jesus (v. nota em Mt 12.31).

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3.31 a mãe e os irmãos de Jesus. V. nota em Lc 8.19. 3.35 Quem faz a vontade de Deus. A filiação na família espiritual de Deus, evidenciada pela obediência a ele, é mais importante que a filiação em nossa família humana (v. nota em 10.30). 4.1 e assentar-se nele. Sentar-se era postura comum entre os mestres judeus (v. Mt 5.1; Lc 5.3; Jo 8.2). 4.2 parábolas. Em geral, histórias tiradas da vida diária, usadas para ilustrar verdades espirituais ou morais, às vezes na forma de símiles breves, comparações (v. nota em 3.23), analogias ou ditos proverbiais. Em geral continham uma única lição central, e não precisava haver significado em cada detalhe. V. notas em Mt 13.3; Lc 8.4. 4.3-8 Naqueles dias as sementes era lançadas com o auxílio da mão — e assim algumas sementes eram naturalmente espalhadas em terreno improdutivo (v. nota em Lc 8.5). 4.8 boa colheita [...] cem por um. Produtividade excepcionalmente incomum (v. Gn 26.12). A colheita era figura muito comum da consumação do reino de Deus (v. Jl 3.13; Ap 14.14-20).

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10 Quando

ele ficou sozinho, os Doze e os outros que estavam ao seu redor lhe fizeram perguntas acerca das parábolas. 11 Ele lhes disse: A vocês foi dado o mistério do Reino de Deus,x mas aos que estão foray tudo é dito por parábolas, 12 a fim de que, ainda que vejam, não percebam; ainda que ouçam, não entendam; de outro modo, poderiam converter-se e ser perdoados! a z 13 Então Jesus lhes perguntou: Vocês não entendem esta parábola? Como, então, compreenderão todas as outras? 14 O semeador semeia a palavra.a 15 Algumas pessoas são como a semente à beira do caminho, onde a palavra é semeada. Logo que a ouvem, Satanásb vem e retira a palavra nelas semeada. 16 Outras, como a semente lançada em terreno pedregoso, ouvem a palavra e logo a recebem com alegria. 17 Todavia, visto que não têm raiz em si mesmas, permanecem por pouco tempo. Quando surge alguma tribulação ou perseguição por causa da palavra, logo a abandonam. 18 Outras ainda, como a semente lançada entre espinhos, ouvem a palavra; 19 mas, quando chegam as preocupações desta vida, o engano das riquezas c e os anseios por outras coisas sufocam a palavra, tornando-a infrutífera. 20 Outras pessoas são como a semente lançada em boa terra: ouvem a palavra, aceitam-na e dão uma

4.11

x V Mt 3.2

y 1Co 5.12,13;

Cl 4.5; 1Ts 4.12; 1Tm 3.7 4.12 z Is 6.9,10; V Mt 13.13 15 4.14 a Mc 16.20; Lc 1.2; At 4.31; 8.4; 16.6; 17.11; Fp 1.14 4.15 b V Mt 4.10 4.19 c Mt 19.23; 1Tm 6.9,10,17; 1Jo 2.15 17

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A Candeia (Lc 8.16-18) 21 Ele lhes disse: Quem traz uma candeia para ser colocada debaixo de uma vasilha ou de uma cama? Acaso não a coloca num lugar apropriado? d 22 Porque não há nada oculto, senão para ser revelado, e nada escondido, senão para ser trazido à luz.e 23 Se alguém tem ouvidos para ouvir, ouça!f 24 Considerem atentamente o que vocês estão ouvindo , continuou ele. Com a medida com que medirem, vocês serão medidos; e ainda mais lhes acrescentarão.g 25 A quem tiver, mais lhe será dado; de quem não tiver, até o que tem lhe será tirado .h A Parábola da Semente prosseguiu dizendo: O Reino de Deus é semelhantei a um homem que lança a semente sobre a terra. 27 Noite e dia, estando ele dormindo ou acordado, a semente germina e cresce, embora ele não saiba como. 28 A terra por si própria produz o grão: primeiro o talo, depois a espiga e, então, o grão cheio na espiga. 29 Logo que o grão fica maduro, o homem lhe passa a foice, porque chegou a colheita .j 26 Ele

4.21 d V Mt 5.15 4.22 e Jr 16.17; Mt 10.26; Lc 8.17; 12.2 4.23 f v. 9; V Mt 11.15 4.24 g V Mt 7.2 4.25 h V Mt 25.29 4.26 i V Mt 13.24 4.29 j Ap 14.15 4.30 k V Mt 13.24

4.11 mistério do Reino de Deus. No NT “mistério” refere-se a algo revelado por Deus a seu povo. O mistério (aquilo antes desconhecido) é proclamado a todos, mas somente os que têm fé compreendem. Nesse contexto, o mistério parece ser que o Reino de Deus chegara perto na vinda de Jesus Cristo. 4.12 a fim de que. Jesus assemelha sua pregação em parábolas ao ministério de Isaías, o qual, embora tenha conquistado alguns discípulos (Is 8.16), também visava a desmascarar a resistência do coração endurecido de muitos, diante das advertências e dos apelos de Deus. 4.14 a palavra. A interpretação ressalta o modo pregado por Jesus de corresponder à palavra de Deus. A despeito de muitos obstáculos, a palavra de Deus cumprirá o seu propósito. 4.17 tribulação ou perseguição. V. 8.34-38; 10.30; 13.9-13. 4.19 engano das riquezas. A prosperidade tende a dar uma sensação falsa de auto-suficiência, de segurança e de bem-estar (10.17-25; v. Dt 8.17,18; 32.15; Ec 2.4-11; Tg 5.1-6).

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colheita de trinta, sessenta e até cem por um .

A Parábola do Grão de Mostarda (Mt 13.31-35; Lc 13.18-21) 30 Novamente ele disse: Com que compararemosk o Reino de Deus? Que a4.12

Is 6.9,10

4.21 Quem traz uma candeia...? Assim como a candeia serve para irradiar a luz, não para ser escondida, assim também Jesus, a luz do mundo (Jo 8.12), tem por objetivo ser revelado. candeia. V. nota em Mt 5.15. 4.25 A quem tiver, mais lhe será dado. Quanto mais nos apropriarmos da verdade agora, tanto mais receberemos no futuro; e, se não correspondermos à pouca verdade que soubermos agora, nem isso nos adiantará. 4.26-29 Somente Marcos registra essa parábola. Enquanto a parábola do semeador ressalta a importância do solo apropriado para o crescimento da semente e o sucesso da colheita, aqui se ressalta o poder misterioso da própria semente. A mensagem do evangelho tem em si mesma o seu poder. 4.29 lhe passa a foice, porque chegou a colheita. Possível alusão a Jl 3.13, em que a colheita é uma figura da consumação do reino de Deus. 4.30-34 A lição principal dessa parábola é que o reino de Deus parecia ter começo insignificante. Foi introduzido por Jesus, desprezado e rejeitado, e por 12 discípulos seus de pouca expressão. Mas virá o dia em

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1683 parábola usaremos para descrevê-lo? 31 É como um grão de mostarda, que é a menor semente que se planta na terra. 32 No entanto, uma vez plantado, cresce e se torna a maior de todas as hortaliças, com ramos tão grandes que as aves do céu podem abrigar-se à sua sombra . 33 Com muitas parábolas semelhantes Jesus lhes anunciava a palavra, tanto quanto podiam receber.l 34 Não lhes dizia nada sem usar alguma parábola.m Quando, porém, estava a sós com os seus discípulos, explicava-lhes tudo. Jesus Acalma a Tempestade (Mt 8.23-27; Lc 8.22-25) 35 Naquele dia, ao anoitecer, disse ele aos seus discípulos: Vamos para o outro lado . 36 Deixando a multidão, eles o levaram no barco,n assim como estava. Outros barcos também o acompanhavam. 37 Levantou-se um forte vendaval, e as ondas se lançavam sobre o barco, de forma que este foi se enchendo de água. 38 Jesus estava na popa, dormindo com a cabeça sobre um travesseiro. Os discípulos o acordaram e clamaram: Mestre, não te importas que morramos?

4.33 l Jo 16.12 4.34 m V Jo 16.25 4.36 n v. 1; Mc 3.9; 5.2,21; 6.32,45

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39 Ele se levantou, repreendeu o vento e disse ao mar: Aquiete-se! Acalme-se! O vento se aquietou, e fez-se completa bonança. 40 Então perguntou aos seus discípulos: Por que vocês estão com tanto medo? Ainda não têm fé? o 41 Eles estavam apavorados e perguntavam uns aos outros: Quem é este que até o vento e o mar lhe obedecem?

A Cura de um Endemoninhado (Mt 8.28-34; Lc 8.26-39) Eles atravessaram o mar e foram para a região dos gerasenosa. 2 Quando Jesus desembarcou, p um homem com um espírito imundoq veio dos sepulcros ao seu encontro. 3 Esse homem vivia nos sepulcros, e ninguém conseguia prendê-lo, nem mesmo com correntes; 4 pois muitas vezes lhe haviam sido acorrentados pés e mãos, mas ele arrebentara as correntes e quebrara os ferros de seus pés. Ninguém era suficientemente forte para dominá-lo. 5 Noite e dia ele andava gritando e cortando-se com pedras entre os sepulcros e nas colinas.

5

4.40 o Mt 14.31; Mc 16.14 5.2 p Mc 4.1 q Mc 1.23

que sua verdadeira grandeza e poder serão vistos pelo mundo inteiro. 4.31 V. notas em Mt 13.31,32. 4.34 Não lhes dizia nada sem usar alguma parábola. Jesus usava parábolas para ilustrar verdades, estimular pensamentos e despertar a percepção espiritual. O povo em geral não estava pronto para receber a plena verdade do evangelho. Quando Jesus estava a sós com os discípulos, ensinava de modo mais específico, mas mesmo assim eles em geral precisavam de maiores explicações. 4.35-41 Embora o homem de hoje ache difícil aceitar a realidade dos milagres, o NT deixa claro que Jesus é Senhor, não somente sobre a sua igreja, mas também sobre a totalidade da criação. 4.35 para o outro lado. Jesus partiu do território da Galiléia a fim de ir até a região dos gerasenos (5.1). 4.37 Levantou-se um forte vendaval. O mar da Galiléia, situado numa bacia cercada por montanhas, é notavelmente suscetível a tempestades repentinas e violentas. O ar mais frio do Mediterrâneo desce pelos desfiladeiros estreitos entre as montanhas e é lançado fortemente contra o ar quente e úmido existente por cima do lago. 4.38 com a cabeça sobre um travesseiro. O retrato de Jesus exausto e dormindo no travesseiro normalmente guardado embaixo do assento do timoneiro é típico do toque humano que Marcos oferece. 4.41 Quem é este...? Tendo em vista o que Jesus acabara de fazer, a única resposta a essa pergunta de retórica era: ele é o próprio Filho de Deus! Foi demonstrada a

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MARCOS 4, 5

a5.1

Alguns manuscritos trazem gadarenos; outros dizem gergesenos.

presença de Deus, e não somente o seu poder (v. Sl 65.7; 107.25-30; Pv 30.4). Marcos dá sua resposta a essa pergunta na primeira linha do seu evangelho (1.1). Por meio de semelhantes milagres, Jesus procurava firmar e aumentar a fé que os discípulos tinham na sua divindade. 5.1 atravessaram o mar. Lado leste do lago, território habitado na maioria por gentios, como revela a presença de uma manada de porcos — animais considerados “impuros” pelos judeus e, portanto, impróprios para alimentação humana. região dos gerasenos. Gerasa, situada a uns 56 km a sudeste do mar da Galiléia, pode ter possuído terras no litoral leste do mar e assim ter dado seu nome a uma pequena aldeia ali, que hoje é chamada Khersa. A uns 1 600 m ao sul há um despenhadeiro bastante íngreme dentro de 45 m da praia, e a uns 3 km de lá existem túmulos nas cavernas, que parecem ter sido usadas como habitações. 5.3 vivia nos sepulcros. Não era incomum o tipo de caverna que fornecia sepultamento aos mortos e abrigo aos viventes. Os indigentes muitas vezes moravam em cavernas assim. 5.4 muitas vezes lhe haviam sido acorrentados pés e mãos. Embora os aldeões o tivessem acorrentado parcialmente para se protegerem, esse tratamento severo aumentou-lhe a humilhação. 5.5 gritando e cortando-se com pedras. Cada palavra nessa história ressalta a condição patética do homem, bem como o propósito da possessão demoníaca — atormentar e destruir a semelhança divina conforme a qual o homem foi criado.

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MARCOS 5

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6 Quando ele viu Jesus de longe, correu 7e

e prostrou-se diante dele, gritou em alta voz: Que queres comigo,r Jesus, Filho do Deus Altíssimo?s Rogo-te por Deus que não me atormentes! 8 Pois Jesus lhe tinha dito: Saia deste homem, espírito imundo! 9 Então Jesus lhe perguntou: Qual é o seu nome? Meu nome é Legião ,t respondeu ele, porque somos muitos. 10 E implorava a Jesus, com insistência, que não os mandasse sair daquela região. 11 Uma grande manada de porcos estava pastando numa colina próxima. 12 Os demônios imploraram a Jesus: Manda-nos para os porcos, para que entremos neles . 13 Ele lhes deu permissão, e os espíritos imundos saíram e entraram nos porcos. A manada de cerca de dois mil porcos atirou-se precipício abaixo, em direção ao mar, e nele se afogou. 14 Os que cuidavam dos porcos fugiram e contaram esses fatos na cidade e nos campos, e o povo foi ver o que havia acontecido. 15 Quando se aproximaram de Jesus, viram ali o homem que fora possesso da legiãou de demônios,v assentado, vestido e em perfeito juízo; e ficaram com medo. 16 Os que estavam presentes contaram ao povo o que acontecera ao endemoninhado, e falaram

5.7 r V Mt 8.29 s V Mt 4.3; Lc 1.32; 6.35; At 16.17; Hb 7.1 5.9 t v. 15 5.15 u v. 9 v v. 16,18; V Mt 4.24

5.19 w V Mt 8.4 5.20 x Mt 4.25; Mc 7.31 5.21 y Mt 9.1 z Mc 4.1 5.22 a v. 35,36,38; Lc 13.14; At 13.15; 18.8,17 5.23 b Mt 19.13; Mc 6.5; 7.32; 8.23; 16.18; Lc 4.40; 13.13; V At 6.6 5.25 c Lv 15.25 30

5.7 Que queres comigo...? Modo de dizer “O que temos em comum?”. Expressões semelhantes acham-se no AT (e.g., 2Sm 16.10; 19.22), em que significam “Cuide dos seus assuntos!”. O demônio estava falando pela voz do endemoninhado. Filho do Deus Altíssimo. V. nota em 1.24. Rogo-te por Deus que não me atormentes! O demônio percebeu que seria castigado e usou a linguagem mais contundente que conhecia, embora seu apelo a Deus fosse estranhamente irônico. 5.9 Meu nome é Legião [...] porque somos muitos. A legião romana consistia em 6 mil homens. Aqui, o termo faz supor que o homem era possesso por inúmeros demônios e talvez também represente as muitas forças que se opõem a Jesus, que incorpora em si o poder de Deus. 5.10 não os mandasse sair daquela região. Os demônios tinham medo de ser enviados para o castigo eterno, i.e., “para o abismo” (Lc 8.31). 5.13 Ele lhes deu permissão. V. nota em Mt 8.32. 5.16 e falaram também sobre os porcos. Além da mudança notável no endemoninhado, o afogamento dos porcos parecia assunto de importância, decerto por ter sido tão impressionante e ter provocado perdas financeiras tão consideráveis para os donos. 5.17 suplicar a Jesus que saísse do território deles. Essa reação pode ter sido motivada pelo medo de haver mais perdas, mas também pelo fato de haver no meio deles uma

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também sobre os porcos. 17 Então o povo começou a suplicar a Jesus que saísse do território deles. 18 Quando Jesus estava entrando no barco, o homem que estivera endemoninhado suplicava-lhe que o deixasse ir com ele. 19 Jesus não o permitiu, mas disse: Vá para casa, para a sua família e anuncie-lhesw quanto o Senhor fez por você e como teve misericórdia de você . 20 Então, aquele homem se foi e começou a anunciar em Decápolisx o quanto Jesus tinha feito por ele. Todos ficavam admirados. O Poder de Jesus sobre a Doença e a Morte (Mt 9.18-26; Lc 8.40-56) 21 Tendo Jesus voltado de barco para a outra margem,y uma grande multidão se reuniu ao seu redor, enquanto ele estava à beira do mar.z 22 Então chegou ali um dos dirigentes da sinagoga,a chamado Jairo. Vendo Jesus, prostrou-se aos seus pés 23 e lhe implorou insistentemente: Minha filhinha está morrendo! Vem, por favor, e impõe as mãos sobreb ela, para que seja curada e que viva . 24 Jesus foi com ele. Uma grande multidão o seguia e o comprimia. 25 E estava ali certa mulher que havia doze anos vinha sofrendo de hemorragia.c 26 Ela padecera muito sob o cuidado de vários médicos e gastara

força poderosa que não conseguissem compreender. 5.19 anuncie-lhes quanto o Senhor fez por você. Isso em marcante contraste com a exortação de Jesus para que o leproso curado se mantivesse em silêncio (1.44; v. 1.34; 3.12; v. tb. nota em Mt 8.4), talvez porque a cura do endemoninhado foi feita em território gentio, onde havia pouco perigo de circularem idéias messiânicas a respeito de Jesus. 5.20 Decápolis. V. nota em Mt 4.25. 5.21 a outra margem. Jesus voltou à margem oeste do lago, talvez a Cafarnaum. 5.22 dirigentes da sinagoga. O dirigente da sinagoga era um leigo com responsabilidades administrativas, entre as quais zelar pelo patrimônio e supervisar o culto. Embora houvesse exceções (v. At 13.15), a maioria das sinagogas tinha um só dirigente. Às vezes, o título era de homenagem, sem que houvesse responsabilidades administrativas. 5.25 havia doze anos vinha sofrendo de uma hemorragia. A natureza exata do problema dessa mulher é desconhecida. Sua existência era deplorável porque as pessoas em geral a evitavam, visto que quem tivesse o mínimo contato com ela ficaria impuro (Lv 15.25-33). 5.26 Ela padecera muito sob o cuidado de vários médicos. O Talmude judaico conserva o registro dos remédios e tratamentos receitados para doenças desse tipo.

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1685 tudo o que tinha, mas, em vez de melhorar, piorava. 27 Quando ouviu falar de Jesus, chegou por trás dele, no meio da multidão, e tocou em seu manto, 28 porque pensava: Se eu tão-somente tocar em seu manto,d ficarei curada . 29 Imediatamente cessou sua hemorragia e ela sentiu em seu corpo que estava livre do seu sofrimento.e 30 No mesmo instante, Jesus percebeu que dele havia saído poder,f virou-se para a multidão e perguntou: Quem tocou em meu manto? 31 Responderam os seus discípulos: Vês a multidão aglomerada ao teu

5.28 5.29 5.30 6.19

d V Mt 9.20 e v. 34

f Lc 5.17;

5.34 g V Mt 9.22 h V At 15.33

5.28 Se eu tão-somente tocar em seu manto. A fé dessa mulher, embora precisasse do reforço do contato físico, foi recompensada (v. 34; cf. At 19.12). 5.30 dele havia saído poder. A mulher foi curada porque Deus por sua misericórdia resolveu curá-la mediante o poder atuante em Jesus. 5.32 continuou olhando ao seu redor para ver quem tinha

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1685 Preto

MARCOS 5 redor e ainda perguntas: Quem tocou em mim? 32 Mas Jesus continuou olhando ao seu redor para ver quem tinha feito aquilo. 33 Então a mulher, sabendo o que lhe tinha acontecido, aproximouse, prostrou-se aos seus pés e, tremendo de medo, contou-lhe toda a verdade. 34 Então ele lhe disse: Filha, a sua fé a curou!ag Vá em pazh e fique livre do seu sofrimento . 35 Enquanto Jesus ainda estava falando, chegaram algumas pessoas da casa a5.34

Ou a salvou!

feito aquilo. Jesus não queria deixar a mulher desaparecer no meio da multidão sem publicamente elogiar-lhe a fé e garantir-lhe que fora curada de modo permanente. 5.34 curou. O grego significa literalmente “salvou”. Aqui, estão em jogo a cura física (“fique livre do seu sofrimento”) e a salvação espiritual (“Vá em paz”). As duas são muitas vezes vistas juntas em Mc (v. 2.1-12; 3.1-6).

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de Jairo, o dirigente da sinagoga.i Sua filha morreu , disseram eles. Não precisa mais incomodar o mestre! 36 Não fazendo caso do que eles disseram, Jesus disse ao dirigente da sinagoga: Não tenha medo; tão-somente creia . 37 E não deixou ninguém segui-lo, senão Pedro, Tiago e João, irmão de Tiago.j 38 Quando chegaram à casa do dirigente da sinagoga,k Jesus viu um alvoroço, com gente chorando e se lamentando em alta voz. 39 Então entrou e lhes disse: Por que todo este alvoroço e lamento? A criança não está morta, mas dorme .l 40 Mas todos começaram a rir de Jesus. Ele, porém, ordenou que eles saíssem, tomou consigo o pai e a mãe da criança e os discípulos que estavam com ele, e entrou onde se encontrava a criança. 41 Tomou-a pela mãom e lhe disse: Talita cumi! , que significa menina, eu lhe ordeno, levantese! .n 42 Imediatamente a menina, que tinha doze anos de idade, levantou-se e começou a andar. Isso os deixou atônitos. 43 Ele deu ordens expressas para que não dissessem nada a ninguémo e mandou que dessem a ela alguma coisa para comer. Um Profeta sem Honra (Mt 13.53-58) Jesus saiu dali e foi para a sua cidade,p acompanhado dos seus discípulos. 2 Quando chegou o sábado,q come-

6

5.35 i V v. 22 5.37 j V Mt 4.21 5.38 k V v. 22 5.39 l V Mt 9.24 5.41 m Mc 1.31 n V Lc 7.14 5.43 o V Mt 8.4 6.1 p V Mt 2.23 6.2 q Mc 1.21

r V Mt 4.23

s V Mt 7.28

6.3

t V Mt 12.46

u Mt 11.6;

Jo 6.61 6.4 v Lc 4.24; Jo 4.44 6.5 w V Mc 5.23 6.6 x Mt 9.35; Mc 1.39; Lc 13.22 6.7 y Mc 3.13 z Dt 17.6; Lc 10.1 a V Mt 10.1

5.37 Pedro, Tiago e João. Esses três discípulos tinham um relacionamento especialmente íntimo com Jesus (v. nota em At 3.1). 5.38 gente chorando e se lamentando em alta voz. Nos sepultamentos, era tradicional contratar pranteadores profissionais. Nesse caso, no entanto, não se sabe com certeza se já passara tempo suficiente para chamá-los. 5.39 não está morta, mas dorme. V. nota em Lc 8.52. 5.41 “Talita cumi!”. Marcos é o único evangelho que nesse caso conserva o original aramaico — um dos idiomas da Palestina do séc. I d.C. e provavelmente o idioma que Jesus e seus discípulos falavam a princípio (podem também ter falado hebraico e grego). 5.43 não dissesem nada a ninguém. Na vizinhança da Galiléia, Jesus muitas vezes advertia as pessoas por ele curadas de não espalharem a história do milagre. Sua grande popularidade junto com a oposição crescente dos líderes religiosos poderia precipitar uma crise antes de se completar o ministério de Jesus (v. 1.44; 5.19; 7.36; 8.26). 6.1 sua cidade. Embora Marcos não mencione Nazaré, é sem dúvida o que tem em mente (v. nota em 1.9). 6.2 ensinar na sinagoga. V. nota em 1.21. ficavam admirados. V. nota em 1.22. 6.3 carpinteiro. Mateus relata que Jesus foi chamado “o filho do carpinteiro” (13.55); apenas em Marcos Jesus é

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çou a ensinar na sinagoga,r e muitos dos que o ouviam ficavam admirados.s De onde lhe vêm estas coisas? , perguntavam eles. Que sabedoria é esta que lhe foi dada? E estes milagres que ele faz? 3 Não é este o carpinteiro, filho de Maria e irmão de Tiago, José, Judas e Simão?t Não estão aqui conosco as suas irmãs? E ficavam escandalizados por causa dele.u 4 Jesus lhes disse: Só em sua própria terra, entre seus parentes e em sua própria casa, é que um profeta não tem honra .v 5 E não pôde fazer ali nenhum milagre, exceto impor as mãos sobrew alguns doentes e curá-los. 6 E ficou admirado com a incredulidade deles. Jesus Envia os Doze (Mt 10.1,5-14; Lc 9.1-6) Então Jesus passou a percorrer os povoados,x ensinando. 7 Chamando os Doze para junto de si,y enviou-os de dois em doisz e deu-lhes autoridade sobre os espíritos imundos.a 8 Estas foram as suas instruções: Não levem nada pelo caminho, a não ser um bordão. Não levem pão, nem saco de viagem, nem dinheiro em seus cintos; 9 calcem sandálias, mas não levem túnica extra; 10 sempre que entrarem numa casa, fiquem ali até partirem; 11 e, se algum povoado não os receber nem os ouvir, sacu-

diretamente apresentado como carpinteiro. A palavra grega pode também aplicar-se a um pedreiro ou um ferreiro, mas aqui parece ter o significado usual de “carpinteiro”. A pergunta é feita em tons de desprezo: “Ele não é um simples operário braçal como todos nós?”. irmão de Tiago, José, Judas e Simão? V. nota em Lc 8.19. ficavam escandalizados por causa dele. Não viam motivo para supor que fosse diferente deles, e muito menos que era especialmente ungido por Deus. 6.5 não pôde fazer ali nenhum milagre. Não que Jesus não conseguisse operar milagres em Nazaré, mas optou por omitir-se tendo em vista a atmosfera de incredulidade (v. 6). 6.6 ficou admirado. V. nota em Lc 7.9. 6.7 de dois em dois. O propósito de saírem assim talvez tenha sido reforçar a credibilidade mediante o testemunho de mais de uma pessoa (cf. Dt 17.6), além de fornecer apoio mútuo durante seu período de treinamento. 6.8 Não levem pão, nem saco de viagem, nem dinheiro em seus cintos. Deviam depender inteiramente da hospitalidade das pessoas às quais testificavam (cf. v. 10). 6.9 não levem túnica extra. Uma túnica a mais poderia servir de cobertor no ar frio da noite, e o que se dá a entender aqui é: os discípulos precisavam confiar que Deus forneceria alojamento todas as noites. 6.11 sacudam a poeira dos seus pés. V. nota em Mt 10.14.

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1687 dam a poeira dos seus pésb quando saírem de lá, como testemunho contra eles . 12 Eles saíram e pregaram ao povo que se arrependesse.c 13 Expulsavam muitos demônios e ungiam muitos doentes com óleo,d e os curavam. João Batista é Decapitado (Mt 14.1-12) 14 O rei Herodes ouviu falar dessas coisas, pois o nome de Jesus havia se tornado bem conhecido. Algumas pessoas estavam dizendoa: João Batistae ressuscitou dos mortos! Por isso estão operando nele poderes miraculosos . 15 Outros diziam: Ele é Elias .f E ainda outros afirmavam: Ele é um profeta, g como um dos antigos profetas .h 16 Mas quando Herodes ouviu essas coisas, disse: João, o homem a quem decapitei, ressuscitou dos mortos! 17 Pois o próprio Herodes tinha dado ordens para que prendessem João, o amarrassem e o colocassem na prisão,i por causa de Herodias, mulher de Filipe, seu irmão, com a qual se casara. 18 Porquanto João dizia a Herodes: Não te é permitido viver com a mulher do teu irmão . j 19 Assim, Herodias o odiava e queria matá-lo. Mas não podia fazê-lo, 20 porque Herodes temia João e o protegia, sabendo que ele era um homem justo e santo; k e quando o ouvia, ficava perplexo b . Mesmo assim gostava de ouvi-lo. 21 Finalmente Herodias teve uma ocasião oportuna. No seu aniversário, Hero-

6.11 b V Mt 10.14 6.12 c Lc 9.6 6.13 d V Tg 5.14 6.14 e V Mt 3.1 6.15 f Ml 4.5 g V Mt 21.11 h Mt 16.14; Mc 8.28 6.17 i Mt 4.12; 11.2; Lc 3.19,20 6.18 j Lv 18.16; 20.21 6.20 k V Mt 11.9

6.21 l Et 1.3; 2.18 m Lc 3.1 6.23 n Et 5.3,6; 7.2 6.30 o Mt 10.2; Lc 9.10; 17.5; 22.14; 24.10; At 1.2,26

6.12,13 pregaram [...]. Expulsavam muitos demônios. Essa missão marca o início do ministério dos próprios discípulos em nome de Jesus (v. 3.14,15), e a mensagem deles era exatamente a mesma dele (1.15). 6.12 se arrependesse. V. nota em 1.4. 6.13 ungiam muitos doentes com óleo. No mundo antigo, o azeite de oliva tinha amplo uso medicinal (v. Is 1.6; Lc 10.34; Tg 5.14). 6.14 O rei Herodes. V. nota em Mt 14.1. Marcos pode ter usado o título “rei” aqui de modo irônico (visto que Herodes na verdade era só tetrarca), ou talvez tenha simplesmente usado o título popular de Herodes. 6.15 Ele é Elias. V. Ml 4.5. 6.16 João [...] ressuscitou dos mortos! Herodes, perturbado por sua consciência intranqüila e sendo de disposição supersticiosa, temia que João tivesse voltado para assombrá-lo. 6.17 para que prendessem João [...] e o colocassem na prisão. V. 1.14; Lc 3.19,20. Josefo diz que João ficou encarcerado em Maquero, fortaleza da Peréia, no lado leste do mar Morto. Herodias. V. nota em Mt 14.3.

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MARCOS 6 des ofereceu um banquetel aos seus líderes mais importantes, aos comandantes militares e às principais personalidades da Galiléia.m 22 Quando a filha de Herodias entrou e dançou, agradou a Herodes e aos convidados. O rei disse à jovem: Peça-me qualquer coisa que você quiser, e eu lhe darei . 23 E prometeu-lhe sob juramento: Seja o que for que me pedir, eu lhe darei, até a metade do meu reino .n 24 Ela saiu e disse à sua mãe: Que pedirei? A cabeça de João Batista , respondeu ela. 25 Imediatamente a jovem apressouse em apresentar-se ao rei com o pedido: Desejo que me dês agora mesmo a cabeça de João Batista num prato . 26 O rei ficou aflito, mas, por causa do seu juramento e dos convidados, não quis negar o pedido à jovem. 27 Enviou, pois, imediatamente um carrasco com ordens para trazer a cabeça de João. O homem foi, decapitou João na prisão 28 e trouxe sua cabeça num prato. Ele a entregou à jovem, e esta a deu à sua mãe. 29 Tendo ouvido isso, os discípulos de João vieram, levaram o seu corpo e o colocaram num túmulo. A Primeira Multiplicação dos Pães (Mt 14.13-21; Lc 9.10-17; Jo 6.1-15) 30 Os apóstoloso reuniram-se a Jesus e lhe relataram tudo o que tinham feito a6.14

Muitos manuscritos dizem E ele dizia. b6.20 Alguns manuscritos antigos dizem fazia muitas coisas.

Filipe. V. nota em Mt 14.3. 6.22 a filha de Herodias. V. nota em Mt 14.6. 6.23 até a metade do meu reino. Referência proverbial à generosidade que não deve ser interpretada literalmente (v. Et 5.3,6). A generosidade era oportuna para a ocasião, e conquistaria a aprovação dos convidados. 6.30 apóstolos. Em Mc, essa palavra ocorre somente aqui e em 3.14 (em alguns manuscritos). Os apóstolos eram agentes ou representantes autorizados de Jesus (v. nota em Hb 3.1). No NT, essa palavra às vezes é usada de modo bastante genérico (v. Jo 13.16, em que a palavra grega apostolos é traduzida por “mensageiro”). Em sentido técnico é empregada em relação aos 1) Doze (3.14) — e nesse sentido também a Paulo (Rm 1.1) — e 2) a um grupo maior que abrange Barnabé (At 14.14), Tiago, irmão do Senhor (Gl 1.19), e possivelmente Andrônico e Júnias (Rm 16.7). e lhe relataram tudo o que tinham feito e ensinado. Porque os comissionara como representantes. Estavam voltando de uma terceira viagem de pregação na Galiléia (v. nota em 1.39).

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e ensinado.p 31 Havia muita gente indo e vindo, ao ponto de eles não terem tempo para comer.q Jesus lhes disse: Venham comigo para um lugar deserto e descansem um pouco . 32 Então eles se afastaram num barcor para um lugar deserto. 33 Mas muitos dos que os viram retirar-se, tendo-os reconhecido, correram a pé de todas as cidades e chegaram lá antes deles. 34 Quando Jesus saiu do barco e viu uma grande multidão, teve compaixão deles, porque eram como ovelhas sem pastor.s Então começou a ensinar-lhes muitas coisas. 35 Já era tarde e, por isso, os seus discípulos aproximaram-se dele e disseram: Este é um lugar deserto, e já é tarde. 36 Manda embora o povo para que possa ir aos campos e povoados vizinhos comprar algo para comer . 37 Ele, porém, respondeu: Dêem-lhes vocês algo para comer .t Eles lhe disseram: Isto exigiria duzentos denáriosa! Devemos gastar tanto dinheiro em pão e dar-lhes de comer? 38 Perguntou ele: Quantos pães vocês têm? Verifiquem . Quando ficaram sabendo, disseram: Cinco pães e dois peixes .u 39 Então Jesus ordenou que fizessem todo o povo assentar-se em grupos na

6.30 p Lc 9.10 6.31 q Mc 3.20 6.32 r v. 45; V Mc 4.36 6.34 s V Mt 9.36 6.37 t 2Rs 4.42 44 6.38 u Mt 15.34; Mc 8.5

Jesus Anda sobre as Águas (Mt 14.22-36; Jo 6.16-24) 45 Logo em seguida, Jesus insistiu com os discípulos para que entrassem no barcow e fossem adiante dele para Betsaida,x enquanto ele despedia a multidão. 46 Tendo-a despedido, subiu a um monte para orar.y 47 Ao anoitecer, o barco estava no meio do mar, e Jesus se achava sozinho em terra. 48 Ele viu os discípulos remando com dificuldade, porque o vento soprava contra eles. Alta madrugada b, Jesus dirigiu-se a eles, andando sobre o mar; e estava já a ponto de passar por eles. 6.41 v V Mt 14.19 6.45 w v. 32 x V Mt 11.21 6.46 y V Lc 3.21

6.32 eles se afastaram num barco. João relata que foram até o outro lado do mar da Galiléia (Jo 6.1). Lucas, de modo mais específico, diz que foram a Betsaida (Lc 9.10), o que situa a multiplicação dos pães para os 5 mil no litoral nordeste (v. nota em 7.24). 6.33 correram a pé [...] e chegaram lá antes deles. É possível que um forte vento contrário tenha atrasado o barco, permitindo assim que as pessoas contornassem o lago a pé em menos tempo. 6.37 duzentos denários. Um dia de trabalho valia em geral um denário (v. Mt 20.2), o que significa que ganhar 200 denários levaria uns oito meses. 6.39 grama verde. Ao redor do mar da Galiléia, a grama fica verde depois das chuvas do fim do inverno ou do começo do verão. 6.40 grupos de cem e de cinqüenta. Relembra a ordem do acampamento mosaico no deserto (e.g., Êx 18.21). A palavra traduzida por “grupos” significa “canteiros de jardim”, uma figura pitoresca (v. 39). 6.42 todos comeram e ficaram satisfeitos. As tentativas de diminuir com falsas explicações esse milagre (e.g., fazendo supor que Jesus e seus discípulos repartiram seu almoço e a multidão seguiu esse bom exemplo) não são satisfatórias. Se Jesus era o Deus encarnado — como declarava —, o milagre não apresenta nenhuma dificuldade. Deus prometera que, ao chegar o verdadeiro Pastor, o deserto se tornaria em pastagens verdes onde as ovelhas seriam acolhidas e alimentadas (Ez

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grama verde. 40 Assim, eles se assentaram em grupos de cem e de cinqüenta. 41 Tomando os cinco pães e os dois peixes e, olhando para o céu, deu graças e partiu os pães.v Em seguida, entregou-os aos seus discípulos para que os servissem ao povo. E também dividiu os dois peixes entre todos eles. 42 Todos comeram e ficaram satisfeitos, 43 e os discípulos recolheram doze cestos cheios de pedaços de pão e de peixe. 44 Os que comeram foram cinco mil homens.

a6.37

O denário era uma moeda de prata equivalente à diária de um trabalhador braçal. b6.48 Grego: Por volta da quarta vigília da noite (entre 3 e 6 horas da manhã).

34.23-31), e aqui o Messias celebra uma festa com seus seguidores no deserto (cf. Is 25.6-9). Jesus é o Pastor que provê todas as nossas necessidades de modo que nada nos falte (cf. Sl 23.1). 6.43 doze cestos cheios de pedaços de pão e de peixe. Os judeus consideravam o pão uma dádiva de Deus, e exigia-se que fossem recolhidos os pedacinhos que caíssem ao chão durante uma refeição. Os fragmentos eram guardados em pequenos cestos de vime, carregados diariamente como parte da indumentária. Cada um dos discípulos voltou com seu cesto cheio (v. 8.8; v. tb. nota em Mt 15.37). 6.44 homens. A palavra ressalta o conceito de “sexo masculino”, como em todos os quatro evangelhos. Mateus ressalta ainda mais esse aspecto ao acrescentar “sem contar mulheres e crianças” (Mt 14.21). cinco mil. O tamanho da multidão é notável, levando-se em conta que as cidades vizinhas, Cafarnaum e Betsaida, tinham uma população de provavelmente 2 a 3 mil cada. 6.45 fossem adiante dele. João mostra que o povo estava disposto a levar Jesus a força e coroá-lo rei (Jo 6.14,15); por isso, ele mandou os discípulos para o outro lado do lago enquanto subia despercebido o monte para orar. 6.48 Alta madrugada. 3 às 6 horas da manhã. V. 13.35; v. tb. nota em Mt 14.25. andando sobre o mar. Demonstração especial da presença e do poder majestosos do Senhor transcendente, que reina sobre o mar (v. Sl 89.9; Is 51.10,15; Jr 31.35).

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1689 49 Quando

o viram andando sobre o mar, pensaram que fosse um fantasma.z Então gritaram, 50 pois todos o tinham visto e ficaram aterrorizados. Mas Jesus imediatamente lhes disse: Coragem! Sou eu! Não tenham medo! a 51 Então subiu no barcob para junto deles, e o vento se acalmou;c e eles ficaram atônitos, 52 pois não tinham entendido o milagre dos pães. O coração deles estava endurecido.d 53 Depois de atravessarem o mar, chegaram a Genesaré e ali amarraram o barco.e 54 Logo que desembarcaram, o povo reconheceu Jesus. 55 Eles percorriam toda aquela região e levavam os doentes em macas, para onde ouviam que ele estava. 56 E aonde quer que ele fosse, povoados, cidades ou campos, levavam os doentes para as praças. Suplicavam-lhe que pudessem pelo menos tocar na borda do seu manto;f e todos os que nele tocavam eram curados. Jesus e a Tradição Judaica (Mt 15.1-20) Os fariseus e alguns dos mestres da lei, vindos de Jerusalém, reuniram-se a Jesus e 2 viram alguns dos seus discípulos comerem com as mãos impuras ,g isto é, por lavar. 3 (Os fariseus e todos os judeus não comem sem lavar as mãos cerimonialmente, apegando-se, assim, à tradição dos líderes religiosos.h 4 Quando chegam da rua, não comem sem antes se

7

6.49 z Lc 24.37 6.50 a V Mt 14.27 6.51 b v. 32 c Mc 4.39 6.52 d Mc 8.17 21 6.53 e Jo 6.24,25 6.56 f V Mt 9.20 7.2 g At 10.14,28; 11.8; Rm 14.14 7.3 h v. 5,8,9,13; Lc 11.38

7.4 i Mt 23.25; Lc 11.39 7.5 j V v. 3; Gl 1.14; Cl 2.8 7.7 k Is 29.13 7.8 l V v. 3 7.9 m V v. 3 7.10 n Êx 20.12; Dt 5.16 o Êx 21.17; Lv 20.9 7.11 p Mt 23.16,18

6.49 um fantasma. A superstição popular judaica sustentava que o aparecimento de espíritos durante a noite provocava desgraças. O terror dos discípulos foi provocado por algo que talvez tenham imaginado ser um espírito das águas. 6.52 não tinham entendido o milagre dos pães. Se tivessem entendido o milagre da multiplicação dos 5 mil, não teriam ficado atônitos ao verem Jesus andando sobre a água e acalmando as ondas. Seus corações estavam endurecidos. Demonstravam ser semelhantes aos oponentes de Jesus, que também exibiam dureza de coração (3.5). V. 8.17-21; v. tb. nota em Êx 4.21. 6.53 Genesaré. V. nota em Mt 14.34. 6.56 pelo menos tocar na borda do seu manto. V. nota em 5.28. 7.1 Os fariseus [...] vindos de Jerusalém. Mais uma delegação de líderes religiosos de Jerusalém (v. 3.22), pesquisadores enviados para investigar as atividades de Jesus na Galiléia. V. notas em 2.16; Mt 2.4. 7.3 lavar as mãos cerimonialmente. V. nota em Jo 2.6. à tradição dos líderes religiosos. Considerada obrigatória (cf. v. 5 e nota em Mt 15.2). 7.4 rua. Onde os judeus entravam em contato com gentios ou com judeus que não observavam a lei cerimonial, tornando-se assim impuros.

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MARCOS 6, 7 lavarem. E observam muitas outras tradições, tais como o lavar de copos, jarros e vasilhas de metala.)i 5 Então os fariseus e os mestres da lei perguntaram a Jesus: Por que os seus discípulos não vivem de acordo com a tradição dos líderes religiosos,j em vez de comerem o alimento com as mãos impuras ? 6 Ele respondeu: Bem profetizou Isaías acerca de vocês, hipócritas; como está escrito: Este povo me honra com os lábios, mas o seu coração está longe de mim. 7 Em vão me adoram; seus ensinamentos não passam de regras ensinadas por homens b.k 8 Vocês negligenciam os mandamentos de Deus e se apegam às tradições dos homens .l 9 E disse-lhes: Vocês estão sempre encontrando uma boa maneira de pôr de lado os mandamentos de Deus, a fim de obedeceremc às suas tradições!m 10 Pois Moisés disse: Honra teu pai e tua mãe dn e Quem amaldiçoar seu pai ou sua mãe terá que ser executado e.o 11 Mas vocês afirmamp que se alguém disser a seu pai ou a sua mãe: Qualquer ajuda que vocês a7.4

Alguns manuscritos antigos dizem vasos, vasilhas de metal e almofadas da sala de jantar (onde se reclinavam para comer). b7.6,7 Is 29.13 c7.9 Alguns manuscritos trazem estabelecerem. d7.10 Êx 20.12; Dt 5.16 e7.10 Êx 21.17; Lv 20.9

7.6 Bem profetizou Isaías. Isaías denunciou severamente os líderes religiosos de sua época (Is 29.13), e Jesus usa uma citação desse profeta para descrever a tradição dos anciãos como “regras ensinadas por homens” (v. 7). 7.8 mandamentos de Deus [...] tradições dos homens. Jesus faz um contraste nítido entre eles. Os mandamentos de Deus acham-se nas Escrituras e são obrigatórios, ao passo que as tradições dos anciãos (v. 3) não são bíblicas e, portanto, não são autorizadas nem obrigatórias. 7.10 O quinto mandamento é citado nas suas formas positiva e negativa. 7.11 Corbã. Transliteração de uma palavra hebraica que significa “oferta”. Mediante o emprego dessa palavra num voto religioso, um filho judeu irresponsável podia formalmente dedicar a Deus (i.e., ao templo) seus ganhos materiais que de outra forma teriam contribuído para o sustento dos pais. Esse dinheiro, no entanto, não necessariamente tinha de ser aplicado para fins religiosos. A fórmula do Corbã era simplesmente um meio de contornar a clara responsabilidade dos filhos para com os pais, preceituada na lei. Os mestres da lei sustentavam que o juramento do Corbã era irrevogável, mesmo quando fosse feito de modo precipitado. Essa prática era uma das muitas tradições que obede-

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poderiam receber de mim é Corbã , isto é, uma oferta dedicada a Deus, 12 vocês o desobrigam de qualquer dever para com seu pai ou sua mãe. 13 Assim vocês anulam a palavra de Deus,q por meio da tradiçãor que vocês mesmos transmitiram. E fazem muitas coisas como essa . 14 Jesus chamou novamente a multidão para junto de si e disse: Ouçam-me todos e entendam isto: 15 Não há nada fora do homem que, nele entrando, possa torná-lo impuro . Ao contrário, o que sai do homem é que o torna impuro . 16 Se alguém tem ouvidos para ouvir, ouça!a 17 Depois de deixar a multidão e entrar em casa, os discípulos lhe pedirams explicação da parábola. 18 Será que vocês também não conseguem entender? , perguntou-lhes Jesus. Não percebem que nada que entre no homem pode torná-lo impuro ? 19 Porque não entra em seu coração, mas em seu estômago, sendo depois eliminado. Ao dizer isso, Jesus declarou puros t todos os alimentos.u 20 E continuou: O que sai do homem é que o torna impuro . 21 Pois do interior do coração dos homens vêm os maus pensamentos, as imoralidades sexuais, os roubos, os homicídios, os adultérios, 22 as cobiças,v as maldades, o engano, a devassidão, a inveja, a calúnia, a arrogância e a insensatez. 23 Todos esses males vêm de dentro e tornam o homem impuro .

7.13 q V Hb 4.12 r V v. 3 7.17 s Mc 9.28 7.19 t V At 10.15 u Rm 14.1 12; Cl 2.16; 1Tm 4.3 5 7.22 v Mt 20.15

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A Cura de um Surdo e Gago seguir Jesus saiu dos arredores de Tiroy e atravessou Sidom, até o mar da 31 A

7.24

w V Mt 11.21

7.25 x V Mt 4.24 7.31 y v. 24; V Mt 11.21

ciam à letra da lei, enquanto desrespeitavam o seu espírito (isto é, uma oferta dedicada a Deus). Ao explicar a palavra hebraica, Marcos revela estar-se dirigindo a leitores gentios, provavelmente romanos em primeiro lugar. 7.13 Assim vocês anulam a palavra de Deus, por meio da tradição. Os mestres da lei recorriam a Nm 30.1,2 em apoio ao voto do Corbã, mas Jesus rejeita categoricamente a prática de usar um só ensino bíblico isolado para anular outro. A interpretação de Nm 30.1,2 proposta pelos escribas satisfazia a letra do texto bíblico, sem levar em conta o significado global da lei. Deus nunca quis que a obediência a certo mandamento anulasse outro. 7.16 Embora esse versículo esteja presente na maioria dos manuscritos gregos, não ocorre nos mais antigos. Parece ser um acréscimo de copista com base em 4.9 ou 4.23. 7.19 Ao dizer isso, Jesus declarou “puros” todos os alimentos. Marcos acrescenta esse comentário parentético para ajudar seus leitores a perceber qual era para eles a relevância desse pronunciamento de Jesus (v. At 10.9-16). 7.20 ‘impuro’. Jesus substituiu o modo judaico normal de entender a impureza com a verdade de que ela provém de um coração impuro, não da violação de regras externas. A comunhão com Deus não se interrompe por mãos ou alimentos não-purificados, mas pelo pecado (cf. v. 21-23). 7.24 Tiro. Cidade gentílica localizada na Fenícia (atual Líbano), que fazia fronteira com a Galiléia a noroeste. Uma

Uma Mulher Siro-fenícia Demonstra Fé (Mt 15.21-28) 24 Jesus saiu daquele lugar e foi para os arredores de Tirow e de Sidomb. Entrou numa casa e não queria que ninguém o soubesse; contudo, não conseguiu manter em segredo a sua presença. 25 De fato, logo que ouviu falar dele, certa mulher, cuja filha estava com um espírito imundo,x veio e lançou-se aos seus pés. 26 A mulher era grega, sirofenícia de origem, e rogava a Jesus que expulsasse de sua filha o demônio. 27 Ele lhe disse: Deixe que primeiro os filhos comam até se fartar; pois não é correto tirar o pão dos filhos e lançálo aos cachorrinhos . 28 Ela respondeu: Sim, Senhor, mas até os cachorrinhos, debaixo da mesa, comem das migalhas das crianças . 29 Então ele lhe disse: Por causa desta resposta, você pode ir; o demônio já saiu da sua filha . 30 Ela foi para casa e encontrou sua filha deitada na cama, e o demônio já a deixara.

a7.16

Alguns manuscritos não trazem o versículo 16. b7.24 Vários manuscritos não trazem e de Sidom.

viagem de uns 48 km de Cafarnaum teria levado Jesus até os arredores de Tiro. não queria que ninguém o soubesse. Desde a ocasião em que Jesus alimentara os 5 mil (6.30-44), ele e os discípulos passaram a percorrer mais as regiões adjacentes à Galiléia. Seu propósito era evitar a oposição na Galiléia e conseguir uma oportunidade de ensinar seus discípulos em particular (9.30,31). As regiões às quais se retirou foram: 1) o litoral nordeste do mar da Galiléia (6.30-53), 2) a Fenícia (7.24-30), 3) Decápolis (7.31—8.10) e 4) Cesaréia de Filipe (8.27—9.32). 7.26 grega. Aqui, provavelmente equivalesse a “gentia”. siro-fenícia. Naqueles dias, a Fenícia pertencia administrativamente à Síria. Marcos possivelmente usou a expressão para diferenciar a mulher dos líbio-fenícios do norte da África. 7.27 o pão dos filhos e lançá-lo aos cachorrinhos. V. nota em Mt 15.26. 7.28 Sim, Senhor. A única ocasião nesse evangelho em que Jesus é chamado “Senhor”. 7.31 saiu dos arredores de Tiro e atravessou Sidom, até o mar da Galiléia. Segundo parece, Jesus foi para o norte, de Tiro até Sidom (cerca de 40 km) e depois para o sudeste, atravessando o território de Herodes Filipe até o lado leste do mar da Galiléia. O itinerário formava um circuito, possivelmente para evitar a entrada na Galiléia, onde governava Herodes Antipas (v. 6.17-29) e onde muitas pes-

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1691 Galiléiaz e a região de Decápolis.a 32 Ali algumas pessoas lhe trouxeram um homem que era surdo e mal podia falar,b suplicando que lhe impusesse as mãos.c 33 Depois de levá-lo à parte, longe da multidão, Jesus colocou os dedos nos ouvidos dele. Em seguida, cuspiud e tocou na língua do homem. 34 Então voltou os olhos para o céue e, com um profundo suspiro,f disse-lhe: Efatá! , que significa abra-se! 35 Com isso, os ouvidos do homem se abriram, sua língua ficou livre e ele começou a falar corretamente.g 36 Jesus ordenou-lhes que não o contassem a ninguém.h Contudo, quanto mais ele os proibia, mais eles falavam. 37 O povo ficava simplesmente maravilhado e dizia: Ele faz tudo muito bem. Faz até o surdo ouvir e o mudo falar . A Segunda Multiplicação dos Pães (Mt 15.29-39) Naqueles dias, outra vez reuniu-se uma grande multidão. Visto que não tinham nada para comer, Jesus chamou os seus discípulos e disse-lhes: 2 Tenho compaixão desta multidão;i já faz três dias que eles estão comigo e nada têm para comer. 3 Se eu os mandar para casa com fome, vão desfalecer no caminho, porque alguns deles vieram de longe . 4 Os seus discípulos responderam: Onde, neste lugar deserto, poderia alguém conseguir pão suficiente para alimentá-los?

7.31 z V Mt 4.18 a Mt 4.25; Mc 5.20 7.32 b Mt 9.32; Lc 11.14 c V Mc 5.23 7.33 d Mc 8.23 7.34 e Mc 6.41; Jo 11.41 f Mc 8.12 7.35 g Is 35.5,6 7.36 h V Mt 8.4 8.2 i V Mt 9.36

8.7 j Mt 14.19 8.8 k v. 20 8.11 l V Mt 12.38 8.12 m Mc 7.34

soas queriam tomar Jesus à força para torná-lo rei (Jo 6.14,15). Herodes tinha insinuado intenções hostis para com Jesus (6.14-16). Decápolis. V. notas no v. 24; Mt 4.25. 7.34 Efatá! Palavra aramaica que Marcos traduz para seus leitores gentios. 7.35 os ouvidos do homem se abriram [...] começou a falar corretamente. Jesus estava fazendo o que Deus prometera fazer quando viesse redimir o seu povo (v. Is 35.5,6). 7.36 não o contassem a ninguém. V. 1.44; v. tb. notas em 5.19,43; Mt 8.4; 16.20. 8.1-10 Embora haja semelhanças notáveis entre esse relato e o de 6.34-44, são dois episódios distintos, como mostra o próprio Jesus ao se referir a duas ocasiões de multiplicação de pães (cf. v. 18-20). Os diferentes pormenores em cada caso são tão inequívocos quanto as semelhanças. 8.1 outra vez reuniu-se uma grande multidão. Como o episódio ocorreu na região de Decápolis (v. 7.31), a multidão provavelmente se compunha de judeus e gentios. 8.2 Tenho compaixão desta multidão. Assim como Jesus tivera compaixão porque o povo era como ovelhas sem pastor (6.34), assim tem compaixão agora porque tinham passado tanto tempo sem se alimentar. 8.4 Onde [...] poderia alguém conseguir pão suficiente para alimentá-los? A pergunta dos discípulos reflete sua

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5 Quantos pães vocês têm? , perguntou Jesus. Sete , responderam eles. 6 Ele ordenou à multidão que se assentasse no chão. Depois de tomar os sete pães e dar graças, partiu-os e os entregou aos seus discípulos, para que os servissem à multidão; e eles o fizeram. 7 Tinham também alguns peixes pequenos; ele deu graças igualmente por eles e disse aos discípulos que os distribuíssem.j 8 O povo comeu até se fartar. E ajuntaram sete cestos cheios de pedaços que sobraram.k 9 Cerca de quatro mil homens estavam presentes. E, tendo-os despedido, 10 entrou no barco com seus discípulos e foi para a região de Dalmanuta.

Os Fariseus Pedem um Sinal (Mt 16.1-4) 11 Os fariseus vieram e começaram a interrogar Jesus. Para pô-lo à prova, pediram-lhe um sinal do céu.l 12 Ele suspirou profundamentem e disse: Por que esta geração pede um sinal miraculoso? Eu lhes afirmo que nenhum sinal lhe será dado . 13 Então se afastou deles, voltou para o barco e foi para o outro lado.

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O Fermento dos Fariseus e de Herodes (Mt 16.5-12) 14 Os discípulos haviam se esquecido de levar pão, a não ser um pão que tinham consigo no barco. 15 Advertiu-os Jesus: Estejam atentos e tenham cuida-

impotência e reconhece que somente Jesus poderia alimentar a multidão. Não se haviam esquecido de que Jesus alimentara 5 mil homens (6.34-44) e provavelmente estavam apenas devolvendo a ele a tarefa de procurar pão. De outro modo, a pergunta deles talvez revelasse sua obtusidade espiritual — eram aprendizes lerdos. 8.8 sete cestos cheios. V. nota em Mt 15.37. 8.9 quatro mil homens. V. nota em 6.44. 8.10 Dalmanuta. Ao sul da Planície de Genesaré foi achada uma caverna com o nome “Talmanuta”, talvez o local em que Jesus desembarcou. Mateus disse que Jesus foi para a região de Magadã (Mt 15.39, v. nota). Dalmanuta e Magadã (ou Magdala), localizadas no litoral oeste do mar da Galiléia, podem ser nomes do mesmo lugar ou de dois lugares diferentes, mas próximos entre si. 8.11 fariseus. V. nota em 2.16. sinal do céu. Os fariseus queriam provas mais convincentes da autoridade divina de Jesus — não aceitando como suficientes os seus milagres —, mas ele se recusou a lhes oferecer sinal, uma vez que o pedido brotava da incredulidade. 8.13 o outro lado. O litoral leste do mar da Galiléia. 8.15 com o fermento dos fariseus e com o fermento de Herodes. Aqui, como também de modo geral no NT (Mt 16.6,11; Lc 12.1; 1Co 5.6-8; Gl 5.9; embora Mt 13.33 pa-

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MARCOS 8

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do com o fermenton dos fariseuso e com o fermento de Herodes .p 16 E eles discutiam entre si, dizendo: É porque não temos pão . 17 Percebendo a discussão, Jesus lhes perguntou: Por que vocês estão discutindo sobre não terem pão? Ainda não compreendem nem percebem? O coração de vocês está endurecido?q 18 Vocês têm olhos, mas não vêem? Têm ouvidos, mas não ouvem? Não se lembram? 19 Quando eu parti os cinco pães para os cinco mil, quantos cestos cheios de pedaços vocês recolheram? Doze ,r responderam eles. 20 E quando eu parti os sete pães para os quatro mil, quantos cestos cheios de pedaços vocês recolheram? Sete ,s responderam eles. 21 Ele lhes disse: Vocês ainda não entendem? t

8.15

n 1Co 5.6 8

o Lc 12.1

p V Mt 14.1;

Mc 12.13 8.17 q Is 6.9,10; Mc 6.52 8.19 r Mt 14.20; Mc 6.41 44; Lc 9.17; Jo 6.13 8.20 s v. 6 9; Mt 15.37 8.21 t Mc 6.52

8.22 u V Mt 11.21 v Mc 10.46; Jo 9.1 8.23 w Mc 7.33 x V Mc 5.23

reça exceção — v. nota), o fermento é símbolo de mal ou de corrupção. A metáfora inclui a idéia de uma quantidade minúscula de fermento capaz de fermentar uma grande quantidade de massa de pão. Nesse contexto, referese à disposição maligna tanto dos fariseus quanto de Herodes Antipas (v. Lc 23.8), que conclamaram Jesus para produzir um sinal, i.e., uma comprovação da sua autoridade divina (v. nota no v. 11). 8.18-20 Esses versículos dão a entender duas narrativas de multiplicação de pães (v. nota nos v. 1-10). 8.22 Betsaida. V. nota em Mt 11.21.

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A Cura de um Cego em Betsaida foram para Betsaida,u e algumas pessoas trouxeram um cegov a Jesus, suplicando-lhe que tocasse nele. 23 Ele tomou o cego pela mão e o levou para fora do povoado. Depois de cuspirw nos olhos do homem e impor-lhe as mãos,x Jesus perguntou: Você está vendo alguma coisa? 24 Ele levantou os olhos e disse: Vejo pessoas; elas parecem árvores andando . 25 Mais uma vez, Jesus colocou as mãos sobre os olhos do homem. Então seus olhos foram abertos, e sua vista lhe foi restaurada, e ele via tudo claramente. 26 Jesus mandou-o para casa, dizendo: Não entre no povoadoa! 22 Eles

a8.26

Vários manuscritos acrescentam nem conte nada a ninguém no povoado.

8.24 árvores andando. Sem dúvida, o homem se batera em árvores quando cego, mas agora via, de modo imperfeito, algo como troncos de árvores em movimento. 8.25 Mais uma vez, Jesus colocou as mãos sobre os olhos do homem. Essa é a única ocasião no ministério de cura de Jesus em que ele impõe as mãos pela segunda vez. ele via tudo claramente. Devolver a vista aos cegos era outro sinal de que Jesus estava fazendo o que Deus prometera realizar quando viesse trazer a salvação (Is 35.5). 8.26 Não entre no povoado. Para não divulgar o que Jesus fizera por ele, precipitando assim uma crise antes de

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1693 A Confissão de Pedro (Mt 16.13-20; Lc 9.18-21) 27 Jesus e os seus discípulos dirigiramse para os povoados nas proximidades de Cesaréia de Filipe. No caminho, ele lhes perguntou: Quem o povo diz que eu sou? 28 Eles responderam: Alguns dizem que és João Batista;y outros, Elias;z e, ainda outros, um dos profetas . 29 E vocês? , perguntou ele. Quem vocês dizem que eu sou? Pedro respondeu: Tu és o Cristoa .a 30 Jesus os advertiu que não falassem a ninguém a seu respeito.b Jesus Prediz sua Morte e Ressurreição (Mt 16.21-28; Lc 9.22-27) 31 Então ele começou a ensinar-lhes que era necessário que o Filho do homemc sofresse muitas coisasd e fosse rejeitado pelos líderes religiosos, pelos chefes dos sacerdotes e pelos mestres da lei,e fosse mortof e três dias depoisg ressuscitasse.h 32 Ele falou claramentei a

8.28 y V Mt 3.1 z Ml 4.5 8.29 a Jo 6.69; 11.27 8.30 b V Mt 8.4; 16.20; 17.9; Mc 9.9; Lc 9.21 8.31 c V Mt 8.20 d V Mt 16.21 e Mt 27.1,2 f At 2.23; 3.13 g V Mt 16.21 h V Mt 16.21 8.32 i Jo 18.20

8.33 j V Mt 4.10 8.34 k Mt 10.38; Lc 14.27 8.35 l V Jo 12.25 8.38 m V Mt 8.20 n Mt 10.33; Lc 12.9 o V 1Ts 2.19

Jesus ter completado o seu ministério. V. 1.44; v. tb. notas em 5.19,43; Mt 8.4; 16.20. 8.27 Cesaréia de Filipe. V. notas em 7.24; Mt 16.13. 8.29 Cristo. V. nota textual NVI. Como as idéias populares dos judeus com respeito ao termo “Cristo” eram em grande medida políticas e nacionalistas, Jesus raras vezes o empregou. Das sete ocorrências em Mc, somente três aparecem nas declarações de Jesus (9.41; 12.35; 13.21), e em nenhuma dessas ele usa o título em referência a si mesmo (com exceção, talvez, de 9.41). Marcos identifica Jesus com o Cristo em 1.1. 8.30 não falassem a ninguém a seu respeito. V. 1.44; v. tb. notas em 5.19,43; Mt 8.4; 16.20. 8.31—10.52 Nova seção inicia-se em 8.31 e concentrase nas três predições acerca da morte de Jesus (8.31; 9.31; 10.33,34). Mostra uma mudança de localidades: da Galiléia — em que se efetuou a maior parte do ministério público relatado por Marcos — para Jerusalém, com os últimos dias da vida de Jesus na terra. Nessa seção, Jesus define o verdadeiro significado de “Cristo” conforme o título é aplicado a ele. 8.31 Filho do homem. Título que Jesus empregava mais comumente a si mesmo — 81 vezes nos evangelhos — e nunca usado por mais ninguém. Em Dn 7.13,14, o filho de um homem é retratado como personagem celestial a quem, nos tempos do fim, Deus confiou autoridade, glória e poder soberano. O fato de Jesus empregar “Filho do homem” como título messiânico se evidencia no uso que faz do termo (v. 31), reforçado pelo emprego que Pedro faz do termo “Cristo” (v. 29). V. nota em Dn 7.13. era necessário que [...] sofresse. Como predito no texto do Servo Sofredor, Is 52.13—53.12 (v. Mc 9.9,12,31; 10.33,34; 14.21,41). líderes religiosos. Membros leigos do Sinédrio, supremo tribunal dos judeus. chefes dos sacerdotes. V. nota em Mt 2.4. Entre eles estavam o

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MARCOS 8 esse respeito. Então Pedro, chamando-o à parte, começou a repreendê-lo. 33 Jesus, porém, voltou-se, olhou para os seus discípulos e repreendeu Pedro, dizendo: Para trás de mim, Satanás!j Você não pensa nas coisas de Deus, mas nas dos homens . 34 Então ele chamou a multidão e os discípulos e disse: Se alguém quiser acompanhar-me, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me.k 35 Pois quem quiser salvar a sua vidab, a perderá; mas quem perder a sua vida por minha causa e pelo evangelho, a salvará.l 36 Pois, que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma? 37 Ou, o que o homem poderia dar em troca de sua alma? 38 Se alguém se envergonhar de mim e das minhas palavras nesta geração adúltera e pecadora, o Filho do homemm se envergonhará delen quando viero na glória de seu Pai com os santos anjos . a8.29

Ou Messias. Tanto Cristo (grego) como Messias (hebraico) significam Ungido; também em todo o livro de Marcos. b8.35 Ou alma

sumo sacerdote em exercício — Caifás —, o sumo sacerdote anterior — Anás — e as respectivas famílias. mestres da lei. V. nota em Mt 2.4. O Sinédrio era constituído por representantes dos três grupos aqui mencionados. 8.32 Pedro [...] começou a repreendê-lo. O sofrimento e a rejeição não tinham lugar no conceito que Pedro nutria acerca do Messias, e ele repreendeu Jesus por ensinar coisas que lhe pareciam inconcebíveis e terrivelmente erradas. 8.33 Satanás. Ao tentar dissuadir Jesus da intenção de ir à cruz, Pedro incorreu na mesma tentação que Satanás aplicara no início do ministério de Jesus (v. Mt 4.8-10), de modo que Jesus o repreendeu severamente. 8.34 negue-se a si mesmo. Impedir que o eu seja o centro da sua vida e dos seus atos. tome a sua cruz. Trata-se do quadro de um homem, já condenado, obrigado a carregar a trave da sua cruz ao lugar da execução (v. Jo 19.17). Tomar a cruz é a disposição de sofrer e morrer por amor ao Senhor. e siga-me. Dando a entender que a sua própria morte seria mediante a crucificação. 8.35 salvar a sua vida. Pode-se salvar a vida física negando-se a Jesus, mas com isso se perderá a vida eterna. Do modo contrário, o discipulado pode resultar na perda da vida física, mas a perda será insignificante se comparada ao dom da vida eterna. 8.36 o mundo inteiro. Todas as coisas que talvez pudessem ser realizadas ou adquiridas nesta vida. alma. I.e., a vida eterna (tb. no v. 37). 8.38 se envergonhar de mim e das minhas palavras. Cf. Rm 1.16. Quem se interessa por ajustar-se à sua “geração adúltera e pecadora” e por agradar a ela, mais do que por seguir a Cristo e agradar a ele, não terá parte no Reino de Deus. Filho do homem. V. nota em 8.31. quando vier na glória de seu Pai. V. 2Ts 1.6-10. A situação em que Jesus foi rejeitado, humilhado e morto será revertida quando retornar em glória como Juiz de todos.

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MARCOS 9

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E lhes disse: Garanto-lhes que alguns dos que aqui estão de modo nenhum experimentarão a morte, antes de verem o Reino de Deus vindop com poder .q A Transfiguração (Mt 17.1-13; Lc 9.28-36) 2 Seis dias depois, Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e Joãor e os levou a um alto monte, onde ficaram a sós. Ali ele foi transfigurado diante deles. 3 Suas roupas se tornaram brancas,s de um branco resplandecente, como nenhum lavandeiro no mundo seria capaz de branqueálas. 4 E apareceram diante deles Elias e Moisés, os quais conversavam com Jesus. 5 Então Pedro disse a Jesus: Mestrea,t é bom estarmos aqui. Façamos três tendas: uma para ti, uma para Moisés e uma para Elias . 6 Ele não sabia o que dizer, pois estavam apavorados. 7 A seguir apareceu uma nuvem e os envolveu, e dela saiu uma voz, que disse:u Este é o meu Filho amado. Ouçam-no! v 8 Repentinamente, quando olharam ao redor, não viram mais ninguém, a não ser Jesus. 9 Enquanto desciam do monte, Jesus lhes ordenou que não contassem a ninguémw o que tinham visto, até que o Fi-

9.1 p Mc 13.30; Lc 22.18 q Mt 24.30; 25.31 9.2 r V Mt 4.21 9.3 s V Mt 28.3 9.5 t V Mt 23.7 9.7 u Êx 24.16 v V Mt 3.17 9.9 w V Mc 8.30

x V Mt 8.20

9.12 y V Mt 8.20 z V Mt 16.21 a Lc 23.11 9.13 b V Mt 11.14

9.1 Garanto-lhes. V. nota em 3.28. de modo nenhum experimentarão a morte, antes de verem o Reino de Deus vindo com poder. V. nota em Mt 16.28. Reino de Deus. V. nota em Mt 3.2. 9.2 seis dias depois. V. nota em Mt 17.1. Pedro, Tiago e João. V. nota em 5.37. um alto monte. V. nota em Lc 9.28. transfigurado. V. nota em Mt 17.2. 9.4 Elias e Moisés. V. notas em Mt 17.3; Lc 9.30. 9.5 Mestre. Traduz a palavra hebraica Rabbi. três tendas. Pedro talvez tenha desejado levantar novas tendas de encontro, nas quais Deus pudesse comunicar-se de novo com seu povo (v. Êx 29.42). Ou talvez tenha pensado nas cabanas usadas na Festa das Cabanas (Lv 23.42). Seja como for, parecia muito desejoso de ver naquele instante o cumprimento da glória prometida, antes dos sofrimentos que Jesus declarara necessários. 9.7 uma nuvem [...] dela saiu uma voz. A nuvem é muitas vezes símbolo de que Deus está presente para proteger e orientar (e.g., Êx 16.10; 19.9; 24.15-18; 33.9,10). Ouçam a ele! O significado integral implica também obediência. Quando se trata de Deus, a única maneira correta de ouvir é obedecendo (v. Tg 1.22-25). 9.9 que não contassem a ninguém. Depois da ressurreição de Jesus, os discípulos deviam contar a todos o que haviam experimentado, porque a obra consumada de Jesus já teria demonstrado ser ele plena e verdadeiramente o Messias. Filho do homem. V. nota em 8.31. 9.10 o que significaria “ressuscitar dos mortos”. Como judeus, conheciam bem a doutrina da ressurreição; o que

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lho do homemx tivesse ressuscitado dos mortos. 10 Eles guardaram o assunto apenas entre si, discutindo o que significaria ressuscitar dos mortos . 11 E lhe perguntaram: Por que os mestres da lei dizem que é necessário que Elias venha primeiro? 12 Jesus respondeu: De fato, Elias vem primeiro e restaura todas as coisas. Então, por que está escrito que é necessário que o Filho do homemy sofra muitoz e seja rejeitadoa com desprezo? 13 Mas eu lhes digo: Elias já veio,b e fizeram com ele tudo o que quiseram, como está escrito a seu respeito . A Cura de um Menino Endemoninhado (Mt 17.14-23; Lc 9.37-45) 14 Quando chegaram onde estavam os outros discípulos, viram uma grande multidão ao redor deles e os mestres da lei discutindo com eles. 15 Logo que todo o povo viu Jesus, ficou muito surpreso e correu para saudá-lo. 16 Perguntou Jesus: O que vocês estão discutindo? 17 Um homem, no meio da multidão, respondeu: Mestre, eu te trouxe o meu filho, que está com um espírito que o a9.5

Grego: Rabi; também em 10.51; 11.21 e 14.45.

os deixava perplexos era a ressurreição do Filho do homem, porque a teologia deles não comportava um Messias que sofresse e morresse. 9.11 é necessário que Elias venha primeiro. V. nota em Mt 17.10. 9.12 De fato, Elias vem primeiro e restaura todas as coisas. Referência à vinda de Elias ou de alguém semelhante a ele para preparar a vinda do Messias (v. nota em Mt 17.10). Filho do homem. V. nota em 8.31. sofra muito e seja rejeitado. Assim como “Elias” (João Batista; v. nota no v. 13) fora rejeitado (v. nota em Mt 17.12). 9.13 Elias já veio. Referência a João Batista (v. Mt 17.13). fizeram. Herodes e Herodias (v. 6.17-29). João Batista, assim como Elias, tinha em oposição a ele um rei fraco com uma rainha ímpia. como está escrito a seu respeito. O que as Escrituras dizem a respeito de Elias no seu relacionamento com Acabe e Jezabel (1Rs 19.1-10). Não há predição de sofrimentos associados ao ministério de Elias nos tempos do fim. Mesmo assim, o que aconteceu a Elias debaixo das ameaças de Jezabel prenunciou o que se daria com João Batista. A ordem dos acontecimentos apresentada nos v. 11-13 é a seguinte: 1) Elias ministrava nos dias da perversa Jezabel; 2) Elias era uma prefiguração de João Batista, que também, por sua vez, sofreu nas mãos de Herodias; 3) o Filho do homem sofreu e foi rejeitado pouco tempo depois de João Batista ter sido decapitado. 9.14 os outros discípulos. Os nove, além de Pedro, Tiago e João (cf. v. 2).

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1695 impede de falar. 18 Onde quer que o apanhe, joga-o no chão. Ele espuma pela boca, range os dentes e fica rígido. Pedi aos teus discípulos que expulsassem o espírito, mas eles não conseguiram . 19 Respondeu Jesus: Ó geração incrédula, até quando estarei com vocês? Até quando terei que suportá-los? Tragamme o menino . 20 Então, eles o trouxeram. Quando o espírito viu Jesus, imediatamente causou uma convulsão no menino. Este caiu no chão e começou a rolar, espumando pela boca.c 21 Jesus perguntou ao pai do menino: Há quanto tempo ele está assim? Desde a infância , respondeu ele. 22 Muitas vezes esse espírito o tem lançado no fogo e na água para matá-lo. Mas, se podes fazer alguma coisa, tem compaixão de nós e ajuda-nos. 23 Se podes? , disse Jesus. Tudo é possível àquele que crê. d 24 Imediatamente o pai do menino exclamou: Creio, ajuda-me a vencer a minha incredulidade! 25 Quando Jesus viu que uma multidão estava se ajuntando,e repreendeu o espírito imundo, dizendo: Espírito mudo e surdo, eu ordeno que o deixe e nunca mais entre nele . 26 O espírito gritou, agitou-o violentamente e saiu. O menino ficou como morto, ao ponto de muitos dizerem: Ele morreu . 27 Mas Jesus tomou-o pela mão e o levantou, e ele ficou em pé. 28 Depois de Jesus ter entrado em casa, seus discípulos lhe perguntaram em

9.20 c Mc 1.26 9.23 d V Mt 21.21; Mc 11.23; Jo 11.40 9.25 e v. 15

9.28 f Mc 7.17 9.31 g V Mt 8.20 h v. 12; At 2.23; 3.13 i V Mt 16.21 j V Mt 16.21 9.32 k Lc 2.50; 9.45; 18.34; Jo 12.16 9.33 l V Mt 4.13 m Mc 1.29 9.34 n Lc 22.24 9.35 o Mt 18.4; Mc 10.43; Lc 22.26 9.36 p Mc 10.16 9.37 q V Mt 10.40

9.18 A possessão demoníaca era a causa do mau estado do menino (cf. v. 20,25,26). 9.22 para matá-lo. V. notas em 5.5,13. 9.23 Se podes? [...] Tudo é possível àquele que crê. A questão não era se Jesus tinha poder para curar o menino, mas se o pai tinha fé para crer na cura. Quem crê com sinceridade não imporá limites ao que Deus pode fazer. 9.24 Creio, ajuda-me a vencer a minha incredulidade! Como a fé nunca é perfeita, crença e descrença muitas vezes se misturam. 9.25 Quando Jesus viu que uma multidão estava se ajuntando, repreendeu o espírito imundo. Dentro do possível, Jesus queria evitar mais publicidade. 9.29 Essa espécie. Dá a entender que há diferentes tipos de demônios. só sai pela oração. Segundo parece, os discípulos estavam confiados no poder a eles concedido, ou haviam chegado a crer que era algo inerente a eles. A falta de oração mostrava haverem-se esquecido de que seu poder sobre os espíritos demoníacos provinha de Jesus (v. 3.15; 6.7,13).

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MARCOS 9 particular:f Por que não conseguimos expulsá-lo? 29 Ele respondeu: Essa espécie só sai pela oração e pelo jejuma . 30 Eles saíram daquele lugar e atravessaram a Galiléia. Jesus não queria que ninguém soubesse onde eles estavam, 31 porque estava ensinando os seus discípulos. E lhes dizia: O Filho do homemg está para ser entregue nas mãos dos homens. Eles o matarão,h e três dias depoisi ele ressuscitará .j 32 Mas eles não entendiam o que ele queria dizerk e tinham receio de perguntar-lhe. Quem é o Maior? (Mt 18.1-5; Lc 9.46-48) 33 E chegaram a Cafarnaum.l Quando ele estava em casa,m perguntou-lhes: O que vocês estavam discutindo no caminho? 34 Mas eles guardaram silêncio, porque no caminho haviam discutido sobre quem era o maior.n 35 Assentando-se, Jesus chamou os Doze e disse: Se alguém quiser ser o primeiro, será o último, e servo de todos .o 36 E, tomando uma criança, colocou-a no meio deles. Pegando-a nos braços,p disse-lhes: 37 Quem recebe uma destas crianças em meu nome, está me recebendo; e quem me recebe, não está apenas me recebendo, mas também àquele que me enviou .q Quem Não é contra Nós é por Nós (Lc 9.49,50) 38 Mestre , disse João, vimos um homem expulsando demônios em teu a9.29

Alguns manuscritos não trazem e pelo jejum.

9.30 atravessaram a Galiléia. Já se completara o ministério público de Jesus na Galiléia e nas regiões ao redor (v. nota em 7.24), e agora ele estava a caminho de Jerusalém para sofrer e morrer (v. 10.32-34). Jesus, conforme já vinha fazendo por vários meses, continuava a concentrar nos Doze o seu ministério de ensino (v. 31). 9.31 Filho do homem. V. nota em 8.31. 9.32 não entendiam. Cf. v. 10; 8.32,33. 9.33 Cafarnaum. V. notas em 1.21; Mt 4.13. em casa. Provavelmente a de Pedro e André (v. 1.29). 9.34 guardaram silêncio. Sem dúvida por vergonha. quem era o maior. Dúvidas acerca de categoria e de posição social são normais e tinham especial lugar na vida dos grupos judaicos daqueles dias, embora não tivessem espaço no sistema de valores de Jesus (cf. v. 35; 10.42-45). 9.35 Assentando-se. V. nota em 4.1. 9.38 não era um dos nossos. Parece que o homem tinha fé em Cristo sem, porém, fazer parte do grupo exclusivo dos Doze. Mesmo assim, agia em nome de Jesus e conseguira fazer o que os discípulos, pelo menos numa ocasião, não haviam conseguido (cf. v. 14-18,28).

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MARCOS 9, 10

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nome e procuramos impedi-lo, porque ele não era um dos nossos. r 39 Não o impeçam , disse Jesus. Ninguém que faça um milagre em meu nome, pode falar mal de mim logo em seguida, 40 pois quem não é contra nós está a nosso favor.s 41 Eu lhes digo a verdade: Quem lhes der um copo de água em meu nome, por vocês pertencerem a Cristo, de modo nenhum perderá a sua recompensa.t A Indução ao Pecado (Mt 18.6-9) 42 Se alguém fizer tropeçaru um destes pequeninos que crêem em mim, seria melhor que fosse lançado no mar com uma grande pedra amarrada no pescoço.v 43 Se a sua mão o fizer tropeçar,w corte-a. É melhor entrar na vida mutilado do que, tendo as duas mãos, ir para o inferno,x onde o fogo nunca se apaga,y 44 onde o seu verme não morre, e o fogo não se apaga.a 45 E se o seu pé o fizer tropeçar,z corte-o. É melhor entrar na vida aleijado do que, tendo os dois pés, ser lançado no inferno,a 46 onde o seu verme não morre, e o fogo não se apaga.b 47 E se o seu olho o

9.38 r Nm 11.27 29 9.40 s Mt 12.30; Lc 11.23 9.41 t V Mt 10.42 9.42 u V Mt 5.29 v Mt 18.6; Lc 17.2 9.43 w V Mt 5.29 x Mt 5.30; 18.8 y V Mt 25.41 9.45 z V Mt 5.29 a Mt 18.8

9.47 b V Mt 5.29 c Mt 5.29; 18.9 9.48 d Is 66.24; V Mt 25.41 9.49 e Lv 2.13 9.50 f Mt 5.13; Lc 14.34,35 g Cl 4.6 h Rm 12.18; 2Co 13.11; 1Ts 5.13 10.1 i Mc 1.5; Jo 10.40; 11.7 j V Mt 4.23; Mc 2.13; 4.2; 6.6,34 10.2 k Mc 2.16

9.39 Não o impeçam. O discipulado no conceito de Jesus era muito mais abrangente que o conceito estreito sustentado pelos Doze. 9.41 Eu lhes digo a verdade. V. nota em 3.28. lhes der um copo de água. Deus leva em conta até mesmo pequenos atos de bondade feitos a favor dos crentes por serem crentes. a sua recompensa. Que inclui a aprovação de Deus. 9.42 um destes pequeninos que crêem em mim. Talvez as crianças mencionadas nos v. 36,37, ou o homem mencionado no v. 38. A intenção de Jesus fica clara: levar a pecar até mesmo aqueles que talvez consideremos os menores entre os crentes contará com grave castigo. uma grande pedra. Aqui, placa pesada de pedra girada por jumentos para moer grãos de cereais. 9.43 corte-a. A hipérbole, figura de linguagem que exagera para dar uma lição, é empregada aqui para ressaltar a necessidade de ação drástica. Muitas vezes, o pecado só pode ser vencido por meio da “cirurgia espiritual” radical. vida. A vida eterna na presença de Deus. inferno. V. nota em Mt 5.22. 9.44,46 Os v. 44 e 46 não se acham em alguns manuscritos antigos importantes do NT. Os v. 44,46 são idênticos ao v. 48. 9.47 Reino de Deus. V. nota em Mt 3.2. 9.48 Is 66.24 trata do castigo por causa da rebelião contra Deus. Por ser a última palavra da mensagem de Isaías, o texto tornou-se bem conhecido como figura da destruição eterna. verme não morre. Sempre havia vermes no depósito de lixo (v. nota em Mt 5.22). 9.49 Essa declaração talvez signifique que todos os que entrarem no inferno sofrerão o seu fogo, ou (mesmo com

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fizer tropeçar,b arranque-o. É melhor entrar no Reino de Deus com um só olho do que, tendo os dois olhos, ser lançado no inferno,c 48 onde o seu verme não morre, e o fogo não se apaga c.d 49 Cada

um será salgadoe com fogo. sal é bom, mas se deixar de ser salgado, como restaurar o seu sabor?f Tenham sal em vocês mesmosg e vivam em paz uns com os outros. h 50 O

A Questão do Divórcio (Mt 19.1-12) Então Jesus saiu dali e foi para a região da Judéia e para o outro lado do Jordão.i Novamente uma multidão veio a ele e, segundo o seu costume, ele a ensinava.j 2 Alguns fariseus k aproximaram-se dele para pô-lo à prova, perguntando: É permitido ao homem divorciar-se de sua mulher? 3 O que Moisés lhes ordenou? , perguntou ele.

10

a9.44 b9.46 c9.48

Os manuscritos mais antigos não trazem o versículo 44. Os manuscritos mais antigos não trazem o versículo 46. Is 66.24

uma ligação bastante frouxa com a declaração anterior) talvez signifique que todo cristão que viver neste mundo pode saber que passará pelo fogo do sofrimento e da purificação. 9.50 O sal é bom. A marca inconfundível do discipulado, tipificada pelo sal, é a lealdade a Jesus e ao evangelho (v. 8.35,38; v. tb. a nota em Mt 5.13). vivam em paz uns com os outros. A contenda é resolvida e a paz restaurada quando reconhecemos uns nos outros uma dedicação que todos temos a Jesus e ao evangelho. 10.1 região da Judéia. O equivalente grego e romano da Judá do AT, essencialmente a parte sul da Palestina (que agora exclui a Iduméia), a qual tinha antes sido o Reino do Sul. Quanto ao ministério de Jesus na Judéia, v. nota em Lc 9.51. Jordão. V. nota em 1.5. A viagem de Jesus levou-o de Cafarnaum ao sul, atravessando as montanhas da Samaria até a Judéia, e depois a leste, pelo Jordão, para dentro da Peréia, já em território de Herodes Antipas (v. nota em Mt 14.1). Quanto ao ministério de Jesus na Peréia, v. nota em Lc 13.22. 10.2 fariseus. V. nota em 2.16. aproximaram-se dele para pô-lo à prova. A pergunta dos fariseus era hostil. João Batista denunciara Herodes Antipas e Herodias pelo divórcio ilícito (v. 6.17,18) e, por ter feito essa repreensão, foi lançado no cárcere e depois decapitado. Jesus, agora, estava dentro da jurisdição de Herodes, e os fariseus talvez tenham esperado que a resposta de Jesus levasse o tetrarca a prendê-lo, assim como prendera João Batista. É permitido [...] divorciar-se de sua mulher? Os judeus daqueles dias em geral concordavam em que o divórcio era lícito; a única questão em debate era quais justificativas eram apropriadas (v. nota em Mt 19.3).

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1697 4 Eles

disseram: Moisés permitiu que o homem lhe desse uma certidão de divórcio e a mandasse embora a.l 5 Respondeu Jesus: Moisés escreveu essa lei por causa da dureza de coraçãom de vocês. 6 Mas no princípio da criação Deus os fez homem e mulher b.n 7 Por esta razão, o homem deixará pai e mãe e se unirá à sua mulherc, 8 e os dois se tornarão uma só carne .do Assim, eles já não são dois, mas sim uma só carne. 9 Portanto, o que Deus uniu, ninguém o separe . 10 Quando estava em casa novamente, os discípulos interrogaram Jesus sobre o mesmo assunto. 11 Ele respondeu: Todo aquele que se divorciar de sua mulher e se casar com outra mulher, estará cometendo adultério contra ela.p 12 E se ela se divorciar de seu marido e se casar com outro homem, estará cometendo adultério .q Jesus e as Crianças (Mt 19.13-15; Lc 18.15-17) 13 Alguns traziam crianças a Jesus para que ele tocasse nelas, mas os dis-

10.4 l Dt 24.1 4; Mt 5.31 10.5 m Sl 95.8; Hb 3.15 10.6 n Gn 1.27; 5.2 10.8 o Gn 2.24; 1Co 6.16 10.11 p V Lc 16.18 10.12 q Rm 7.3; 1Co 7.10,11

10.14 r V Mt 25.34 10.15 s Mt 18.3 10.16 t Mc 9.36 10.17 u Mc 1.40 v Lc 10.25; V At 20.32

10.5 por causa da dureza de coração de vocês. O divórcio era uma exceção de ajuste à fraqueza humana, sendo usado para impor ordem numa sociedade que desrespeitara a vontade de Deus, sem ser, porém, o padrão tencionado por Deus desde o início, como mostram com clareza os v. 6-9. O propósito de Dt 24.1 não era tornar o divórcio aceitável, mas reduzir suas conseqüências cruéis. 10.6 no princípio da criação. Jesus volta ao momento anterior ao pecado humano para demonstrar a intenção primeira de Deus. Deus instituiu o casamento como grande bênção unificante, a agregar num só, na criação, homem e mulher. 10.8 já não são dois, mas sim uma só carne. A dedução feita por Jesus afirma o ideal da permanência do casamento. 10.9 Porquanto, o que Deus uniu. Jesus fundamenta a santidade do casamento na autoridade do próprio Deus, e a proibição que faz do divórcio é uma salvaguarda contra o egoísmo humano, que sempre ameaça destruir o casamento. 10.11 Todo aquele que se divorciar de sua mulher. Na prática judaica, o divórcio era levado a efeito pelo próprio marido, não por autoridade jurídica ou por tribunal. estará cometendo adultério contra ela. A simples declaração de divórcio por parte do marido não o isenta da lei divina que rege o casamento e das obrigações morais dela decorrentes — não vigorava nos tribunais rabínicos o caráter duradouro do vínculo conjugal. Contudo, v. nota em Mt 19.3, em que se menciona uma exceção. 1Co 7.15 talvez contenha outra exceção (v. notas em 1Co 7.12,15). 10.12 estará cometendo adultério. No contexto histórico e geográfico, os pronunciamentos de Jesus confirmam a denúncia corajosa feita por João Batista e igualmente

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MARCOS 10 cípulos os repreendiam. 14 Quando Jesus viu isso, ficou indignado e lhes disse: Deixem vir a mim as crianças, não as impeçam; pois o Reino de Deus pertence aos que são semelhantes a elas.r 15 Digo-lhes a verdade: Quem não receber o Reino de Deus como uma criança, nunca entrará nele .s 16 Em seguida, tomou as crianças nos braços,t impôs-lhes as mãos e as abençoou. O Jovem Rico (Mt 19.16-30; Lc 18.18-30) 17 Quando Jesus ia saindo, um homem correu em sua direção e se pôs de joelhosu diante dele e lhe perguntou: Bom mestre, que farei para herdar a vida eterna? v 18 Respondeu-lhe Jesus: Por que você me chama bom? Ninguém é bom, a não ser um, que é Deus. 19 Você conhece os mandamentos: Não matarás, não adulterarás, não furtarás, não darás falso a10.4

Dt 24.1-3 b10.6 Gn 1.27 c10.7 Alguns manuscritos antigos não trazem e se unirá à sua mulher. d10.8 Gn 2.24

condenam Herodes Antipas e Herodias. 10.14 o Reino de Deus. V. nota em Mt 3.2. pertence aos que são semelhantes a elas. O reino de Deus pertence aos que, do mesmo modo que as crianças, estão dispostas a receber o Reino como dádiva de Deus (v. nota no v. 15). 10.15 Digo-lhes a verdade. V. nota em 3.28. como uma criança. O que se compara aqui são a abertura e a receptividade comuns às crianças. O Reino de Deus pode ser recebido somente como dádiva; não pode ser obtido mediante o esforço humano. Só podem ingressar os que se reconhecem desamparados, sem justas reivindicações nem méritos. 10.16 e as abençoou. Jesus demonstrou de modo visual que as bênçãos do Reino são dadas gratuitamente. 10.17 um homem. Marcos não identifica o homem, mas Lucas (18.18) refere-se a ele como “homem importante” — além de rico, provavelmente no sentido de ser membro de um concílio ou tribunal oficial — e Mateus (19.20) diz que era “jovem”. que farei...? O rico pensava da perspectiva de acumular atos de justiça para merecer a vida eterna, mas Jesus ensinava que era uma dádiva que deve ser recebida (cf. v. 15). vida eterna. V. nota em Mt 19.16. 10.18 Por que você me chama bom? Jesus não estava negando ser bom, mas forçando o homem a reconhecer que sua única esperança achava-se na total dependência de Deus, uma vez que somente este pode dar a vida eterna. É também possível que estivesse incentivando o jovem a refletir na plena identidade e natureza daquele com quem falava. 10.19 não enganarás. A proibição de fraude talvez correspondesse ao décimo mandamento (contra a cobiça). Nesse caso, Jesus menciona aqui os seis mandamentos que proíbem ações e atitudes erradas contra o próximo (v. Êx 20.12-16; Dt 5.16-21).

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testemunho, não enganarás ninguém, honra teu pai e tua mãe a .w 20 E ele declarou: Mestre, a tudo isso tenho obedecido desde a minha adolescência . 21 Jesus olhou para ele e o amou. Faltalhe uma coisa , disse ele. Vá, venda tudo o que você possui e dê o dinheiro aos pobres,x e você terá um tesouro no céu.y Depois, venha e siga-me. z 22 Diante disso ele ficou abatido e afastou-se triste, porque tinha muitas riquezas. 23 Jesus olhou ao redor e disse aos seus discípulos: Como é difícil aos ricosa entrar no Reino de Deus! 24 Os discípulos ficaram admirados com essas palavras. Mas Jesus repetiu: Filhos, como é difícilb entrar no Reino de Deus! b 25 É mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que um rico entrar no Reino de Deus .c 26 Os discípulos ficaram perplexos, e perguntavam uns aos outros: Neste caso, quem pode ser salvo? 27 Jesus olhou para eles e respondeu: Para o homem é impossível, mas para

10.19 w Êx 20.12 16; Dt 5.16 20 10.21 x V At 2.45 y Mt 6.20; Lc 12.33 z V Mt 4.19 10.23 a Sl 52.7; 62.10; Mc 4.19; 1Tm 6.9,10,17 10.24 b Mt 7.13,14; Jo 3.5 10.25 c Lc 12.16 20; 16.19 31

10.27 d V Mt 19.26 10.28 e V Mt 4.19 10.30 f Mt 6.33 g V Mt 12.32 h V Mt 25.46 10.31 i V Mt 19.30 10.32 j Mc 3.16 19

10.20 a tudo isso tenho obedecido. O homem falou com sinceridade, porque, para ele, guardar a lei era questão de conformidade exterior. Ao que tudo indica, deixara totalmente de levar em conta que a lei também exigia a obediência interior, a qual ninguém poderá satisfazer por completo. Paulo fala de ter tido atitude semelhante antes da sua conversão (Fp 3.6). desde a minha adolescência. Provável referência à idade de 13 anos, quando o menino judeu assumia responsabilidade por obedecer aos mandamentos. 10.21 Jesus [...] o amou. Jesus reconheceu a sinceridade do homem. A resposta que lhe deu não tinha a intenção de envergonhá-lo, desmascarando sua incapacidade de entender a profundidade espiritual dos mandamentos, mas era uma expressão de verdadeiro amor. Falta-lhe uma coisa [...] Vá, venda tudo. O problema principal do jovem eram suas riquezas (cf. v. 22), e por isso Jesus lhe recomendou desfazer-se delas. Não há indícios de que a ordem de Jesus dirigida a ele valesse para todos os cristãos. Aplica-se somente aos que têm o mesmo problema espiritual. tesouro no céu. O dom da vida eterna, ou a salvação. Esse tesouro não é adquirido pela abnegação ou pela distribuição de nossos bens materiais, mas é recebido quando seguimos a Jesus. Ao doar as suas riquezas, o jovem teria eliminado o obstáculo que o impedia de confiar em Jesus. 10.22 afastou-se triste, porque tinha muitas riquezas. A decisão de afastar-se refletia amor maior às posses que à vida eterna (cf. 4.19). 10.25 fundo de uma agulha. O camelo era o maior animal que se achava na Palestina. O contraste vívido entre o maior animal e a menor abertura representa o

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Deus não; todas as coisas são possíveis para Deus .d 28 Então Pedro começou a dizer-lhe: Nós deixamos tudo para seguir-te .e 29 Respondeu Jesus: Digo-lhes a verdade: Ninguém que tenha deixado casa, irmãos, irmãs, mãe, pai, filhos, ou campos, por causa de mim e do evangelho, 30 deixará de receber cem vezes mais,f já no tempo presente, casas, irmãos, irmãs, mães, filhos e campos, e com eles perseguição; e, na era futura,g a vida eterna.h 31 Contudo, muitos primeiros serão últimos, e os últimos serão primeiros .i Jesus Prediz Novamente sua Morte e Ressurreição (Mt 20.17-19; Lc 18.31-34) 32 Eles estavam subindo para Jerusalém, e Jesus ia à frente. Os discípulos estavam admirados, enquanto os que o seguiam estavam com medo. Novamente ele chamou à parte os Dozej e lhes disse o que haveria de lhe acontea10.19

Êx 20.12-16; Dt 5.16-20 b10.24 Outros manuscritos dizem é difícil para aqueles que confiam nas riquezas.

impossível, humanamente falando. 10.27 Para o homem é impossível, mas para Deus não. A salvação é totalmente obra de Deus. Inútil será toda tentativa de entrar no reino mediante realizações ou mérito. Ninguém poderá ser salvo a não ser mediante a graça de Deus. 10.29 Digo-lhes a verdade. V. nota em 3.28. evangelho. V. nota em 1.1. 10.30 no tempo presente [...] na era futura. As duas expressões abrangem a totalidade do tempo, desde a queda do homem até o estado eterno. O tempo presente é perverso (Gl 1.4), mas a era vindoura de retidão começará com a segunda vinda de Cristo e continuará para sempre. cem vezes mais [...] e com eles perseguição. A vida de discipulado é uma combinação de promessas e perseguição, bênçãos e sofrimentos. Deus nada tira do cristão sem restituir em múltiplas vezes, em forma nova e gloriosa. Paradoxalmente, a comunhão com outros crentes é mais aperfeiçoada no meio das perseguições. vida eterna. Além dos conflitos da história, há o triunfo assegurado aos que pertencem a Deus. 10.31 primeiros serão últimos. Advertência contra o orgulho por atos de abnegação, como o manifestado por Pedro (v. 28). 10.32 subindo para Jerusalém. Essa última viagem a Jerusalém começou numa cidade chamada Efraim (cf. Jo 11.54) e levou Jesus à Galiléia (Lc 17.11), mais ao sul, em Jericó, passando pela Peréia (Lc 18.35), depois a Betânia (Lc 19.29) e finalmente a Jerusalém (Lc 19.41). os que o seguiam. Provavelmente peregrinos a caminho da Páscoa em Jerusalém. os Doze. V. 3.16-19 e notas em Lc 6.14-16.

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1699 cer: 33 Estamos subindo para Jerusalémk e o Filho do homeml será entregue aos chefes dos sacerdotes e aos mestres da lei.m Eles o condenarão à morte e o entregarão aos gentiosa, 34 que zombarão dele, cuspirão nele, o açoitarãon e o matarão.o Três dias depoisp ele ressuscitará .q O Pedido de Tiago e João (Mt 20.20-28) 35 Nisso Tiago e João, filhos de Zebedeu, aproximaram-se dele e disseram: Mestre, queremos que nos faças o que vamos te pedir . 36 O que vocês querem que eu lhes faça? , perguntou ele. 37 Eles responderam: Permite que, na tua glória, nos assentemos um à tua direita e o outro à tua esquerda .r 38 Disse-lhes Jesus: Vocês não sabem o que estão pedindo. s Podem vocês beber o cálicet que eu estou bebendo ou ser batizados com o batismo com que estou sendo batizado? u 39 Podemos , responderam eles. Jesus lhes disse: Vocês beberão o cálice que estou bebendo e serão batizados com o batismo com que estou sendo batizado;v 40 mas o assentar-se

10.33 k V Lc 9.51 l V Mt 8.20 m Mt 27.1,2 10.34 n V Mt 16.21 o At 2.23; 3.13 p V Mt 16.21 q V Mt 16.21 10.37 r Mt 19.28 10.38 s Jó 38.2 t V Mt 20.22 u Lc 12.50 10.39 v At 12.2; Ap 1.9

10.43 w V Mc 9.35 10.45 x V Mt 20.28 y V Mt 20.28

10.33,34 gentios, que [...] o matarão. Em Mc, a palavra “crucificar” não ocorre em nenhuma das predições da Paixão, mas a declaração de que Jesus seria entregue aos gentios para ser morto por eles apresenta como inferência a crucificação, visto ser esse o meio usual de os romanos executarem não-romanos. 10.33 Filho do homem [...] chefes dos sacerdotes [...] mestres da lei. V. notas em 8.31; Mt 2.4. 10.35-45 Corresponde a 9.33-37. Ambos os trechos tratam da verdadeira grandeza e são registrados depois de uma predição acerca do sofrimento e da morte de Jesus. Ambos demonstram, também, o grande discernimento espiritual dos discípulos. 10.35,36 queremos [...] querem. O desejo de Tiago e de João de ter posição e poder só seria atendido caso se submetessem de bom grado à condição de servos (v. quiser [...] quiser nos v. 43,44). 10.35 Tiago e João, filhos de Zebedeu. V. 1.19; 3.17. 10.37 que [...] nos assentemos um à tua direita e o outro à tua esquerda. Posições de prestígio e de poder. 10.38 beber o cálice que estou bebendo. Expressão judaica que significava compartilhar do destino de alguém. No AT o cálice de vinho era uma metáfora comum da ira de Deus contra o pecado e contra a rebelião do homem (Sl 75.8; Is 51.17-23; Jr 25.15-28; 49.12; 51.7). Assim, o cálice que Jesus tinha de beber diz respeito ao castigo divino dos pecados que ele mesmo suportou no lugar da humanidade pecaminosa (v. 10.45; 14.36). ser batizado com o batismo com que estou sendo batizado. A figura de linguagem do batismo corresponde à do cálice, referindo-se ao sofrimen-

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MARCOS 10 à minha direita ou à minha esquerda não cabe a mim conceder. Esses lugares pertencem àqueles para quem foram preparados . 41 Quando os outros dez ouviram essas coisas, ficaram indignados com Tiago e João. 42 Jesus os chamou e disse: Vocês sabem que aqueles que são considerados governantes das nações as dominam, e as pessoas importantes exercem poder sobre elas. 43 Não será assim entre vocês. Ao contrário, quem quiser tornar-se importante entre vocês deverá ser servo;w 44 e quem quiser ser o primeiro deverá ser escravo de todos. 45 Pois nem mesmo o Filho do homem veio para ser servido, mas para servirx e dar a sua vida em resgate por muitos .y O Cego Bartimeu Recupera a Visão (Mt 20.29-34; Lc 18.35-43) 46 Então chegaram a Jericó. Quando Jesus e seus discípulos, juntamente com uma grande multidão, estavam saindo da cidade, o filho de Timeu, Bartimeu, que era cego, estava sentado à beira do caminho pedindo esmolas. a10.33

Isto é, os que não são judeus.

to e à morte como se fossem um batismo (v. Lc 12.50; cf. Rm 6.3,4 quanto à figura). 10.40 não cabe a mim conceder. Jesus não usurparia a autoridade do Pai. 10.41 os outros dez. Dos doze discípulos. indignados. Possivelmente porque desejavam para si as posições de prestígio e de poder. 10.43 Não será assim entre vocês. Jesus derruba a estrutura de valores do mundo. A vida de discipulado deve-se caracterizar pelo serviço humilde e amoroso. 10.45 Versículo-chave de Mc. Jesus veio para este mundo como servo — na verdade, o único Servo — que sofreria e morreria por nossa redenção, como Isaías predisse com clareza (Is 52.13—53.12). Filho do homem. V. nota em 8.31. resgate. Significa “o preço pago pela soltura (da escravidão)”. por. I.e., “em lugar de”, aludindo à morte vicária de Cristo. V. nota em Mt 20.28. muitos. Em contraposição à única vida dada em nosso resgate. 10.46 Jericó. Cidade muito antiga localizada uns 8 km a oeste do Jordão e uns 24 km a nordeste de Jerusalém. Nos tempos de Jesus, a Jericó do AT estava quase inteiramente abandonada, mas uma cidade nova, ao sul da antiga, fora edificada por Herodes, o Grande. estavam saindo da cidade. Lucas diz: “Ao aproximar-se Jesus de Jericó” (Lc 18.35). É possível que estivesse referindose à nova Jericó, ao passo que Mateus (20.29) e Marcos se referiam à antiga. cego [...] pedindo esmolas. A presença de um mendigo cego do lado de fora dos portões da cidade, numa estrada trilhada por peregrinos a caminho de Jerusalém, era cena comum naqueles dias.

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MARCOS 10, 11

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47 Quando ouviu que era Jesus de Nazaré,z começou a gritar: Jesus, Filho de Davi,a tem misericórdia de mim! 48 Muitos o repreendiam para que ficasse quieto, mas ele gritava ainda mais: Filho de Davi, tem misericórdia de mim! 49 Jesus parou e disse: Chamem-no . E chamaram o cego: Ânimo! Levantese! Ele o está chamando . 50 Lançando sua capa para o lado, de um salto pôsse em pé e dirigiu-se a Jesus. 51 O que você quer que eu lhe faça? , perguntou-lhe Jesus. O cego respondeu: Mestre,b eu quero ver! 52 Vá , disse Jesus, a sua fé o curou .c Imediatamente ele recuperou a visão e seguiud Jesus pelo caminho. A Entrada Triunfal (Mt 21.1-11; Lc 19.28-40; Jo 12.12-19) Quando se aproximaram de Jerusalém e chegaram a Betfagé e Betânia,e perto do monte das Oliveiras,f Jesus enviou dois de seus discípulos, 2 dizendo-lhes: Vão ao povoado que está adiante de vocês; logo que entrarem, encontrarão um jumentinho amarrado, no qual ninguém jamais montou.g Desamarrem-no e tragam-no aqui. 3 Se alguém lhes perguntar: Por que vocês estão fazendo isso? , digam-lhe: O Senhor precisa dele e logo o devolverá .

10.47 z V Mc 1.24 a V Mt 9.27 10.51 b V Mt 23.7 10.52 c V Mt 9.22 d V Mt 4.19 11.1 e V Mt 21.17 f V Mt 21.1 11.2 g Nm 19.2; Dt 21.3; 1Sm 6.7

11 Jesus entrou em Jerusalém e dirigiuse ao templo. Observou tudo à sua volta e, como já era tarde, foi para Betânia com os Doze.k

11

11.4 11.9

h Mc 14.16

i Sl 118.25,26;

Mt 23.39 11.10 j Lc 2.14 11.11 k Mt 21.12,17

10.47 Nazaré. V. nota em Mt 2.23. Filho de Davi. Título messiânico (v. Is 11.1-3; Jr 23.5,6; Ez 34.23,24 e notas em Mt 1.1; 9.27). Esse é o único texto de Mc em que o título é dirigido a Jesus como forma de tratamento. 10.51 Mestre. No original, Rabbi. 11.1-11 Aqui se inicia nova seção de Mc. Jesus chega a Jerusalém, e o restante do seu ministério se processa dentro dos limites da Cidade Sagrada. A entrada triunfal, que abre a Semana da Paixão, é um ato messiânico deliberado, e o segredo para entendê-la acha-se em Zc 9.9 (cit. em Mt 21.5; Jo 12.15). Jesus apresenta-se intencionalmente como Messias, sabendo que isso obrigaria os líderes judaicos a agir contra ele. 11.1 Betfagé. V. nota em Mt 21.1. Betânia. V. nota em Mt 21.17. monte das Oliveiras. Situado bem a leste de Jerusalém, sua altura máxima é de cerca de 823 metros, uns 61 metros mais alto que o monte Sião. De seu cume, temse uma vista magnífica da cidade, sobretudo do templo. 11.2 povoado que está diante de vocês. Provavelmente Betfagé. jumentinho. A palavra grega pode significar o filhote de qualquer animal, mas aqui significa jumentinho (v. Mt 21.2; Jo 12.15). no qual ninguém jamais montou. Os animais que não tinham sido usados eram considerados especialmente adequados para fins religiosos (v. Nm 19.2; Dt 21.3; 1Sm 6.7).

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4 Eles foram e encontraram um jumentinho na rua, amarrado a um portão.h Enquanto o desamarravam, 5 alguns dos que ali estavam lhes perguntaram: O que vocês estão fazendo, desamarrando esse jumentinho? 6 Os discípulos responderam como Jesus lhes tinha dito, e eles os deixaram ir. 7 Trouxeram o jumentinho a Jesus, puseram sobre ele os seus mantos; e Jesus montou. 8 Muitos estenderam seus mantos pelo caminho, outros espalharam ramos que haviam cortado nos campos. 9 Os que iam adiante dele e os que o seguiam gritavam: Hosana! a Bendito é o que vem em nome do Senhor! bi 10 Bendito é o Reino vindouro de nosso pai Davi! Hosana nas alturas! j

Jesus Purifica o Templo (Mt 21.12-17; Lc 19.45-48) 12 No dia seguinte, quando estavam saindo de Betânia, Jesus teve fome. 13 Vendo à distância uma figueira com folhas, foi ver se encontraria nela algum fruto. Aproximando-se dela, nada encontrou, a a11.9

Expressão hebraica que significa Salve! , e que se tornou uma exclamação de louvor; também no versículo 10. b11.9 Sl 118.25,26

11.3 Se alguém lhes perguntar. O recado a respeito do jumentinho não é dirigido especificamente ao dono, mas a qualquer pessoa que questionasse a ação dos discípulos. Senhor. V. nota em Lc 19.31. 11.8 ramos. A palavra significa “folhas” ou “galhos com folhas”, disponíveis em campos próximos. Somente João menciona ramos de palmeiras (Jo 12.13), decerto provenientes de Jericó, uma vez que não eram encontrados em Jerusalém. 11.9 Hosana! V. nota em Sl 118.25. Bendito é o que vem. Citação de Sl 118.26, um dos salmos de hallel (“Louvor”) cantados na Páscoa, e especialmente adequados para a ocasião. 11.10 o Reino vindouro de nosso pai Davi. O Reino messiânico prometido ao filho de Davi (2Sm 7.11-14). 11.11 templo. V. nota em Mt 4.5. foi para Betânia. Segundo parece, Jesus passou todas as noites da Semana da Paixão, mesmo a quinta-feira, na casa dos amigos Maria, Marta e Lázaro (v. 11.19; 14.13; Mt 21.17; Jo 12.1-3). os Doze. V. 3.16-19 e notas em Lc 6.14-16. 11.12 No dia seguinte. Na segunda-feira da Semana da Paixão. Betânia. V. nota em Mt 21.17. 11.13 não era tempo de figos. As figueiras da região de Jerusalém normalmente começam a brotar folhas em março ou abril, mas não produzem figos até terem

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1701 não ser folhas, porque não era tempo de figos.l 14 Então lhe disse: Ninguém mais coma de seu fruto . E os seus discípulos ouviram-no dizer isso. 15 Chegando a Jerusalém, Jesus entrou no templo e ali começou a expulsar os que estavam comprando e vendendo. Derrubou as mesas dos cambistas e as cadeiras dos que vendiam pombas 16 e não permitia que ninguém carregasse mercadorias pelo templo. 17 E os ensinava, dizendo: Não está escrito:

11.13 l Lc 13.6 9 11.17 m Is 56.7 n Jr 7.11 11.18 o Mt 21.46; Mc 12.12; Lc 20.19 p V Mt 7.28 11.19 q Lc 21.37

A minha casa será chamada casa de oração para todos os povos a?m Mas vocês fizeram dela um covil de ladrões b .n 18 Os chefes dos sacerdotes e os mestres da lei ouviram essas palavras e começaram a procurar uma forma de matá-lo, pois o temiam,o visto que toda a multidão estava maravilhada com o seu ensino.p 19 Ao cair da tarde, elesc saíram da cidade.q

11.21 r V Mt 23.7 11.23 s V Mt 21.21 11.24 t V Mt 7.7 11.25 u V Mt 6.14

a folhagem plena, em junho. Essa figueira era uma exceção, por já estar cheia de folhas na época da Páscoa. 11.14 Ninguém mais coma de seu fruto. Talvez o episódio fosse uma parábola de juízo, com a figueira representando Israel (v. Os 9.10; Na 3.12). A árvore cheia de folhas devia normalmente ter frutos, mas essa foi amaldiçoada por não ter nenhum. O fato de a narrativa da purificação do templo (v. 15-19) estar inserida no meio do relato da figueira (v. 12-14 e v. 20-25) talvez ressalte o tema de juízo (v. nota no v. 21). A única aplicação que o próprio Jesus faz, no entanto, é como ilustração da oração da fé (v. 21-25). 11.15-19 Todos os três escritores sinóticos mencionam uma purificação do templo no fim do ministério de Jesus. Somente João a situa no início. V. notas em Mt 21.12-17; Jo 2.14-17. 11.15 templo. Trata-se do átrio dos gentios, a única parte do templo em que os gentios podiam adorar a Deus e reunir-se para a oração (cf. v. 17). comprando e vendendo. Os peregrinos que vinham à Festa da Páscoa precisavam de animais que satisfizessem as exigências rituais para o sacrifício, e os vendedores montavam seus abrigos de animais e suas mesas de dinheiro no átrio dos gentios. as mesas dos cambistas. Os peregrinos precisavam trocar seu dinheiro pela moeda local, a única válida para o imposto anual do templo. Além disso, a Mishna (v. nota em Mt 15.2) preceituava moedas de Tiro para algumas ofertas. dos que vendiam pombas. As pombas eram preceituadas para a purificação das mulheres (Lv 12.6; Lc 2.22-24) e de quem tivesse determinadas doenças de pele (Lv 14.22), além de ser usada com outros fins (Lv 15.14,29). Havia, também, as ofertas usuais para os pobres (Lv 5.7).

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MARCOS 11 A Figueira Seca (Mt 21.18-22) 20 De manhã, ao passarem, viram a figueira seca desde as raízes. 21 Pedro, lembrando-se, disse a Jesus: Mestre!r Vê! A figueira que amaldiçoaste secou! 22 Respondeu Jesus: Tenham féd em Deus. 23 Eu lhes asseguro que se alguém disser a este monte: Levante-se e atire-se no mar , e não duvidar em seu coração, mas crer que acontecerá o que diz, assim lhe será feito. s 24 Portanto, eu lhes digo: Tudo o que vocês pedirem em oração, creiam que já o receberam, t e assim lhes sucederá. 25 E quando estiverem orando, se tiverem alguma coisa contra alguém, perdoemno, para que também o Pai celestial lhes perdoe os seus pecados.u 26 Mas se vocês não perdoarem, também o seu Pai que está nos céus não perdoará os seus pecadose . a11.17

Is 56.7 b11.17 Jr 7.11 c11.19 Vários manuscritos dizem ele saiu. d11.22 Vários manuscritos dizem Se vocês tiverem fé. e11.26 Muitos manuscritos antigos não trazem o versículo 26.

11.16 carregasse mercadorias pelo templo. Pormenor que somente Marcos registra. Ao que tudo indica, a área do templo estava sendo usada como atalho entre a cidade e o monte das Oliveiras. V. nota no v. 27. 11.17 casa de oração para todos os povos. Is 56.7 assegurou aos não-judeus consagrados que teriam permissão para adorar a Deus no templo. Ao deixarem que o átrio dos gentios se tornasse mercado barulhento e malcheiroso, os líderes religiosos judeus prejudicavam o dispositivo da lei de Deus. covil de ladrões. Não somente por tirarem proveito financeiro do povo, mas também por destituírem o templo da sua santidade. 11.18 Os chefes dos sacerdotes e os mestres da lei. V. nota em Mt 2.4. começaram a procurar uma forma de matá-lo. V. nota em 3.6. Consideravam Jesus ameaça perigosa contra todo o estilo de vida deles. 11.19 saíram da cidade. Para ir a Betânia (v. nota no v. 11). 11.20 De manhã. A manhã da terça-feira da Paixão. seca desde as raízes. Esse pormenor mostra que a destruição fora total (v. Jó 18.16) e que ninguém no futuro comeria fruto da árvore. Servia de advertência vívida do juízo que lhes sobreviria em 70 d.C. (v. 13.2 e nota em Mt 24.2). 11.21. Mestre! Ou Rabbi, em hebraico. A figueira que amaldiçoaste. V. nota no v. 14. secou. Talvez alusão profética ao triste fim das autoridades judaicas, já agora prestes a rejeitar o seu Messias. 11.23 Eu lhes asseguro. V. nota em 3.28. a este monte [...] no mar. O monte das Oliveiras, de onde se pode divisar o mar Morto. 11.26 Esse versículo não se acha nos mais antigos e melhores manuscritos do NT (v. nota textual NVI) e provavelmente foi acrescentado tendo em vista Mt 6.15.

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MARCOS 11, 12

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A Autoridade de Jesus é Questionada (Mt 21.23-27; Lc 20.1-8) 27 Chegaram novamente a Jerusalém e, quando Jesus estava passando pelo templo, aproximaram-se dele os chefes dos sacerdotes, os mestres da lei e os líderes religiosos e lhe perguntaram: 28 Com que autoridade estás fazendo estas coisas? Quem te deu autoridade para fazê-las? 29 Respondeu Jesus: Eu lhes farei uma pergunta. Respondam-me, e eu lhes direi com que autoridade estou fazendo estas coisas. 30 O batismo de João era do céu ou dos homens? Digam-me! 31 Eles discutiam entre si, dizendo: Se dissermos: Dos céus, ele perguntará: Então por que vocês não creram nele? 32 Mas se dissermos: Dos homens... Eles temiam o povo, pois todos realmente consideravam João um profeta.v 33 Eles responderam a Jesus: Não sabemos . Disse então Jesus: Tampouco lhes direi com que autoridade estou fazendo estas coisas . A Parábola dos Lavradores (Mt 21.33-46; Lc 20.9-19) Então Jesus começou a lhes falar por parábolas: Certo homem plantou uma vinha,w colocou uma cerca ao redor dela, cavou um tanque para prensar as uvas e construiu uma torre. Depois arrendou a vinha a alguns lavradores e foi fazer uma viagem. 2 Na época da colheita, enviou um servo aos lavradores, para receber deles parte do fruto

12

11.32 v V Mt 11.9 12.1 w Is 5.1 7

12.6 x Hb 1.1 3 12.10 y V At 4.11 12.11 z Sl 118.22,23 12.12 a V Mc 11.18 b Mt 22.22 12.13 c Mt 22.16; Mc 3.6 d V Mt 12.10

11.27 pelo templo. Ou pelo recinto do templo, que inclui vários átrios, dentre os quais o das mulheres, o dos homens (israelitas) e o dos gentios (cf. v. 16). os chefes dos sacerdotes, os mestres da lei e os líderes religiosos. V. nota em 8.31. 11.28 autoridade. O Sinédrio estava perguntando por que Jesus realizava um ato aparentemente oficial sem deter cargo oficial (v. nota em Lc 20.2). 11.30 do céu ou dos homens? “Céu” era termo judaico referente a Deus, muitas vezes usado em substituição do nome divino, evitando um possível mau uso desse nome (v. Êx 20.7). A pergunta de Jesus dava a entender que sua autoridade, assim como a do batismo de João, provinha de Deus. 12.1-12 A maioria das parábolas de Jesus ensina uma única lição principal. Essa é um pouco complexa, e os pormenores encaixam-se à situação social da Galiléia judaica do séc. I. Fazendas grandes, com proprietários que moravam longe, eram confiadas às mãos de agricultores locais que cultivavam a terra como caseiros. A parábola desmascarava o atentado planejado con-

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da vinha. 3 Mas eles o agarraram, o espancaram e o mandaram embora de mãos vazias. 4 Então enviou-lhes outro servo; e lhe bateram na cabeça e o humilharam. 5 E enviou ainda outro, o qual mataram. Enviou muitos outros; em alguns bateram, a outros mataram. 6 Faltava-lhe ainda um para enviar: seu filho amado. Por fim o enviou, x dizendo: A meu filho respeitarão . 7 Mas os lavradores disseram uns aos outros: Este é o herdeiro. Venham, vamos matá-lo, e a herança será nossa . 8 Assim eles o agarraram, o mataram e o lançaram para fora da vinha. 9 O que fará então o dono da vinha? Virá e matará aqueles lavradores e dará a vinha a outros. 10 Vocês nunca leram esta passagem das Escrituras? A pedra que os construtores rejeitaram tornou-se a pedra angular;y 11 isso vem do Senhor, e é algo maravilhoso para nós a .z 12 Então começaram a procurar um meio de prendê-lo, pois perceberam que era contra eles que ele havia contado aquela parábola. Mas tinham medo da multidão;a por isso o deixaram e foram embora.b O Pagamento de Imposto a César (Mt 22.15-22; Lc 20.20-26) 13 Mais tarde enviaram a Jesus alguns dos fariseus e herodianosc para o apanharemd em alguma coisa que ele disa12.10,11

Sl 118.22,23

tra a vida de Jesus, pondo a descoberto o castigo divino contra os culpados. V. notas em Mt 21.35-37,41. 12.1 parábolas. V. nota em 4.2. Certo homem plantou uma vinha. Reflexo da linguagem de Is 5.1,2, em que a vinha claramente simboliza Israel. uma torre. V. nota em Mt 21.33. 12.7 a herança será nossa. A lei judaica estipulava que uma propriedade não reclamada por seu herdeiro seria declarada “sem dono”, e qualquer um poderia declararse dono dela. Os lavradores tomaram por certo que o filho tivesse vindo na condição de herdeiro — para reivindicar sua propriedade — e, uma vez morto, poderiam ser os novos donos das terras. 12.9 outros. V. nota em Mt 21.41. 12.10 pedra angular. V. nota em Sl 118.22. 12.12 contra eles. Os representantes do Sinédrio, mencionados em 11.27. 12.13-17 Esse episódio ocorreu provavelmente na terçafeira da Paixão, num dos átrios do templo (v. quadro “A Semana da Paixão”, na p. 1708). 12.13 fariseus. V. nota em 2.16. herodianos. V. nota em 3.6. O plano para destruir Jesus, arquitetado pouco de-

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1703 sesse. 14 Estes se aproximaram dele e disseram: Mestre, sabemos que és íntegro e que não te deixas influenciar por ninguém, porque não te prendes à aparência dos homens, mas ensinas o caminho de Deus conforme a verdade. É certo pagar imposto a César ou não? 15 Devemos pagar ou não? Mas Jesus, percebendo a hipocrisia deles, perguntou: Por que vocês estão me pondo à prova? Tragam-me um denárioa para que eu o veja . 16 Eles lhe trouxeram a moeda, e ele lhes perguntou: De quem é esta imagem e esta inscrição? De César , responderam eles. 17 Então Jesus lhes disse: Dêem b a César o que é de César e a Deus o que é de Deus .e E ficaram admirados com ele. A Realidade da Ressurreição (Mt 22.23-33; Lc 20.27-40) 18 Depois os saduceus,f que dizem que não há ressurreição,g aproximaram-se dele com a seguinte questão: 19 Mestre, Moisés nos deixou escrito que, se um homem morrer e deixar mulher sem filhos, seu irmão deverá casar-se com a viúva e ter filhos para seu irmão.h 20 Havia sete irmãos. O primeiro casou-se e morreu sem deixar filhos. 21 O segundo casou-se com a viúva, mas também morreu sem deixar filhos. O mesmo aconteceu com o terceiro. 22 Nenhum dos sete deixou filhos. Finalmente, morreu também a mulher. 23 Na ressurreição,c de quem ela será esposa, visto que os sete foram casados com ela?

12.17 e Rm 13.7 12.18 f V At 4.1 g At 23.8; 1Co 15.12 12.19 h Dt 25.5

12.24 i 2Tm 3.15 17 12.25 j 1Co 15.42,49,52 12.26 k Êx 3.6 12.28 l Lc 10.25 28; 20.39 12.30 m Dt 6.4,5 12.31 n Lv 19.18; V Mt 5.43 12.32 o Dt 4.35,39; Is 45.6,14; 46.9

pois do começo do seu ministério na Galiléia, estava agora amadurecido e ganhava ímpeto em Jerusalém. 12.14 pagar imposto a César. Exigia-se que os judeus da Judéia pagassem tributo em dinheiro ao imperador. O imposto era extremamente impopular, e alguns judeus recusavam-se terminantemente a pagá-lo, acreditando que o pagamento significava admitir o direito de Roma governar. V. nota em Mt 22.15-17. 12.15 denário. V. notas em 6.37; Mt 22.19. 12.17 Dêem a Cédar o que é de César. V. nota em Mt 22.21. Existem obrigações para com o estado que não entram em choque com nossas obrigações para com Deus (v. Rm 13.1-7; 1Tm 2.1-6; Tt 3.1,2; 1Pe 2.13-17). 12.18 saduceus. Partido judaico que representava as classes ricas e sofisticadas. Estabelecidos principalmente em Jerusalém, fizeram do templo e de sua administração seu interesse primordial. Embora pequenos em número, no tempo de Jesus exerceram poderosa influência política e religiosa. V. notas em Mt 3.7; Lc 20.27; At 4.1. dizem que não há ressurreição. Negavam a ressurreição, aceitavam somente a autoridade dos cinco livros de Moisés e rejeitavam categoricamente a tradição oral (v. nota em

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MARCOS 12 24 Jesus respondeu: Vocês estão enganados!, pois não conhecem as Escriturasi nem o poder de Deus! 25 Quando os mortos ressuscitam, não se casam nem são dados em casamento, mas são como os anjos nos céus.j 26 Quanto à ressurreição dos mortos, vocês não leram no livro de Moisés, no relato da sarça, como Deus lhe disse: Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó d?k 27 Ele não é Deus de mortos, mas de vivos. Vocês estão muito enganados!

O Maior Mandamento (Mt 22.34-40) 28 Um dos mestres da leil aproximouse e os ouviu discutindo. Notando que Jesus lhes dera uma boa resposta, perguntou-lhe: De todos os mandamentos, qual é o mais importante? 29 Respondeu Jesus: O mais importante é este: Ouve, ó Israel, o Senhor, o nosso Deus, o Senhor é o único Senhor. 30 Ame o Senhor, o seu Deus, de todo o seu coração, de toda a sua alma, de todo o seu entendimento e de todas as suas forças e.m 31 O segundo é este: Ame o seu próximo como a si mesmo f.n Não existe mandamento maior do que estes . 32 Muito bem, mestre , disse o homem. Estás certo ao dizeres que Deus é único e que não existe outro além dele.o 33 Amá-lo de todo o coração, de todo o entendimento e de todas as forças, e amar a12.15 O denário era uma moeda de prata equivalente à diária de um trabalhador braçal. b12.17 Ou Devolvam c12.23 Alguns manuscritos acrescentam quando ressuscitarem. d12.26 Êx 3.6 e12.30 Dt 6.4,5 f12.31 Lv 19.18

Mt 15.2). Tais crenças colocavam-nos em conflito com os fariseus e a piedade comum judaica. 12.19 V. nota em Mt 22.24. 12.26 livro de Moisés. O Pentateuco, os cinco primeiros livros do AT. no relato da sarça. Modo comum de referir-se a Êx 3.1-6 (v. Rm 11.2, em que “Elias” refere-se a 1Rs 19.1-10). 12.28 qual é o mais importante? Os rabinos judeus contavam 613 estatutos na lei, e procuravam diferenciar entre mandamentos “pesados” (ou “mais importantes”) e “leves” (ou “menos importantes”). 12.29 A primeira citação veio a ser chamada shema‘, em razão da primeira palavra hebraica de Dt 6.4, que significa “ouve”. O shema‘ veio a ser a confissão de fé judaica, recitada por judeus consagrados todas as manhãs e tardes. Até o dia de hoje, inicia todos os cultos da sinagoga. 12.31 Jesus acrescentou ao shema‘ o mandamento de Lv 19.18, para demonstrar que o amor ao próximo é o fruto natural e lógico do amor a Deus. próximo. V. Lc 10.25-37. 12.33 todos os sacrifícios e ofertas. Sem dúvida, a comparação foi inspirada pelo fato de o debate ter-se dado no átrio do templo (v. 11.27).

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ao próximo como a si mesmo é mais importante do que todos os sacrifícios e ofertas .p 34 Vendo que ele tinha respondido sabiamente, Jesus lhe disse: Você não está longe do Reino de Deus .q Daí por diante ninguém mais ousava lhe fazer perguntas.r O Cristo é Senhor de Davi (Mt 22.41-46; Lc 20.41-44) 35 Ensinando no templo,s Jesus perguntou: Como os mestres da lei dizem que o Cristo é filho de Davi?t 36 O próprio Davi, falando pelo Espírito Santo,u disse:

12.33 p 1Sm 15.22; Os 6.6; Mq 6.6 8; Hb 10.8 12.34 q V Mt 3.2 r Mt 22.46; Lc 20.40 12.35 s V Mt 26.55 t V Mt 9.27 12.36 u 2Sm 23.2 v Sl 110.1; V Mt 22.44 12.37 w Jo 12.9 12.39 x Lc 11.43

O Senhor disse ao meu Senhor: Senta-te à minha direita até que eu ponha os teus inimigos debaixo de teus pés a.v O próprio Davi o chama Senhor . Como pode, então, ser ele seu filho? E a grande multidãow o ouvia com prazer. 38 Ao ensinar, Jesus dizia: Cuidado com os mestres da lei. Eles fazem questão de andar com roupas especiais, de receber saudações nas praças 39 e de ocupar os lugares mais importantes nas sinagogas e os lugares de honra nos banquetes.x 40 Eles devoram as casas das viúvas, e, para disfarçar, fazem longas orações. Esses receberão condenação mais severa!

13

37

12.41 y 2Rs 12.9; Jo 8.20 12.44 z 2Co 8.12 13.2 a Lc 19.44 13.3 b V Mt 21.1 c V Mt 4.21

12.34 Reino de Deus. V. nota em Mt 3.2. 12.35 no templo. V. nota em 11.27. Cristo. V. nota textual NVI em Mt 1.17. filho de Davi. V. nota em 10.47. A maioria do povo sabia que o Messias viria da família de Davi. 12.36 O Senhor disse ao meu Senhor. Deus disse ao Senhor de Davi, i.e., o superior de Davi — em última análise, o Messias (v. nota em Sl 110.1). O propósito da citação era demonstrar que o Messias era mais que descendente de Davi — era Senhor de Davi. 12.38 roupas especiais. Os mestres da lei usavam túnicas compridas de linho branco que tinham franjas e quase chegavam ao chão. 12.39 lugares mais importantes nas sinagogas. Referência aos assentos defronte à “arca” que continha os rolos sagrados. Os que se assentavam ali podiam ser vistos na sinagoga por todos os adoradores. 12.40 devoram as casas das viúvas. Como os mestres da lei não recebiam salário regular, dependiam da generosidade de patrocinadores para seu sustento. Semelhante sistema era passível de abusos, e as viúvas eram especialmente vulneráveis à exploração. 12.41 caixas de ofertas. Localizadas no átrio das mulheres. Tanto homens quanto mulheres tinham permissão de entrar nesse átrio, mas as mulheres não podiam

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A Oferta da Viúva (Lc 21.1-4) 41 Jesus sentou-se em frente do lugar onde eram colocadas as contribuições,y e observava a multidão colocando o dinheiro nas caixas de ofertas. Muitos ricos lançavam ali grandes quantias. 42 Então, uma viúva pobre chegou-se e colocou duas pequeninas moedas de cobre, de muito pouco valorb. 43 Chamando a si os seus discípulos, Jesus declarou: Afirmo-lhes que esta viú-va pobre colocou na caixa de ofertas mais do que todos os outros. 44 Todos deram do que lhes sobrava; mas ela, da sua pobreza, deu tudo o que possuía para viver .z O Sinal do Fim dos Tempos (Mt 24.1-35; Lc 21.5-37) Quando ele estava saindo do templo, um de seus discípulos lhe disse: Olha, Mestre! Que pedras enormes! Que construções magníficas! 2 Você está vendo todas estas grandes construções? , perguntou Jesus. Aqui não ficará pedra sobre pedra; serão todas derrubadas. a 3 Tendo Jesus se assentado no monte das Oliveiras,b de frente para o templo, Pedro, Tiago, Joãoc e André lhe perguntaram em particular: 4 Dize-nos, quando acontecerão essas coisas? E qual será o sinal de que tudo isso está prestes a cumprir-se? a12.36

Sl 110.1 b12.42 Grego: 2 leptos, que valiam 1 quadrante.

ultrapassá-lo para adentrar o recinto do templo. Nele se achavam 13 receptáculos em forma de trombeta para as contribuições trazidas pelos adoradores. 12.42 duas pequeninas moedas de cobre. As moedas menores então circulantes na Palestina. Embora a oferta fosse pequena, a viúva deu “tudo o que possuía” (v. 44; v. nota em 2Co 8.12). 12.43 Afirmo-lhes. V. nota em 3.28. 13.1-37 O Sermão do Monte, como em geral é chamado esse capítulo de Marcos, pode ser dividido em cinco seções: 1) profecia de Jesus sobre a destruição do templo e as perguntas dos discípulos (v. 1-4), 2) advertências contra enganadores e falsos sinais do fim (v. 5-23), 3) vinda do Filho do homem (v. 24-27), 4) lição da figueira (v. 2831) e 5) exortação à vigilância (v. 32-37). 13.1 pedras enormes. Segundo Josefo (Antigüidades, 15.11.3), eram brancas, e algumas delas tinham 11,5 metros de comprimento, 3,7 de altura e 5,5 de largura. 13.2 V. nota em Mt 24.2. 13.3 monte das Oliveiras. V. nota em 11.l. Pedro, Tiago, João e André. V. 1.16-20. 13.4 Para os discípulos, a destruição do templo seria um dos acontecimentos que introduziriam os tempos do fim (v. Mt 24.3). o sinal. A maneira de os discípulos saberem

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1705 5 Jesus

lhes disse: Cuidado, que ninguém os engane.d 6 Muitos virão em meu nome, dizendo: Sou eu! e enganarão a muitos. 7 Quando ouvirem falar de guerras e rumores de guerras, não tenham medo. É necessário que tais coisas aconteçam, mas ainda não é o fim. 8 Nação se levantará contra nação, e reino contra reino. Haverá terremotos em vários lugares e também fomes. Essas coisas são o início das dores. 9 Fiquem atentos, pois vocês serão entregues aos tribunais e serão açoita-dose nas sinagogas. Por minha causa vocês serão levados à presença de governadores e reis, como testemunho a eles. 10 E é necessário que antes o evangelho seja pregado a todas as nações. 11 Sempre que forem presos e levados a julgamento, não fiquem preocupados com o que vão dizer. Digam tão-somente o que lhes for dado naquela hora, pois não serão vocês que estarão falando, mas o Espírito Santo.f 12 O irmão trairá seu próprio irmão, entregando-o à morte, e o mesmo fará o pai a seu filho. Filhos se rebelarão contra seus pais e os matarão.g 13 Todos odiarão vocês por minha causa;h mas aquele que perseverar até o fim será salvo.i 14 Quando vocês virem o sacrilégio terrível aj no lugar onde não deve estar quem lê, entenda então, os que estiverem na Judéia fujam para os montes. 15 Quem estiver no telhado de sua casa não desça nem entre em casa para tirar

13.5 d v. 22; Jr 29.8; Ef 5.6; 2Ts 2.3,10 12; 1Tm 4.1; 2Tm 3.13; 1Jo 4.6 13.9 e V Mt 10.17 13.11 f Mt 10.19,20; Lc 12.11,12 13.12 g Mq 7.6; Mt 10.21; Lc 12.51 53 13.13 h V Jo 15.21 i V Mt 10.22 13.14 j Dn 9.27; 11.31; 12.11

13.17 k Lc 23.29 13.19 l Mc 10.6 m Dn 9.26; 12.1; Jl 2.2 13.21 n Lc 17.23; 21.8 13.22 o V Mt 7.15 p V Jo 4.48; 2Ts 2.9,10 13.23 q 2Pe 3.17 13.25 r Is 13.10; 34.4; V Mt 24.29 13.26 s V Ap 1.7 13.27 t Zc 2.6

que a destruição do templo estava para acontecer e o fim dos tempos se aproximava. 13.5 Cuidado. Palavras como “cuidado”, “Fiquem atentos” (v. 9, 23, 33) e “Vigiem!” (v. 33,35,37) deixam claro que um dos propósitos principais do Sermão do Monte era alertar os discípulos quanto ao perigo dos defraudadores. 13.6 Sou eu! I.e., o Messias. 13.7 o fim. Não a destruição de Jerusalém, mas o fim dos tempos (v. Mt 24.3). 13.8 dores. V. nota em Mt 24.8. 13.9 tribunais. Tribunais religiosos dirigidos pelos anciãos das sinagogas. açoitados. A infração dos regulamentos judaicos era sujeita ao castigo com açoites, sendo a pena máxima 39 açoites (v. 2Co 11.23,24). 13.10 antes. Antes do fim dos tempos (v. Mt 24.14). 13.13 perseverar até o fim. Tal perseverança é indício seguro da salvação (cf. Hb 3.14; 6.11,12; 10.36). 13.14 o sacrilégio terrível. V. notas em Dn 9.25-27; Mt 24.15. no lugar onde não deve estar. V. 2Ts 2.4. os que estiverem na Judéia fujam para os montes. V. nota em Mt 24.16. 13.15 telhado de sua casa. V. notas em 2.4; Lc 17.31. 13.16 manto. V. nota em Mt 5.40. 13.17 para as grávidas e para as que estiverem ama-

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MARCOS 13 dela coisa alguma. 16 Quem estiver no campo não volte para pegar seu manto. 17 Como serão terríveis aqueles dias para as grávidas e para as que estiverem amamentando!k 18 Orem para que essas coisas não aconteçam no inverno. 19 Porque aqueles serão dias de tribulação como nunca houve desde que Deus criou o mundol até agora, nem jamais haverá.m 20 Se o Senhor não tivesse abreviado tais dias, ninguém sobreviveriab. Mas, por causa dos eleitos por ele escolhidos, ele os abreviou. 21 Se, então, alguém lhes disser: Vejam, aqui está o Cristo! ou: Vejam, ali está ele! , não acreditem.n 22 Pois aparecerão falsos cristos e falsos profetaso que realizarão sinais e maravilhasp para, se possível, enganar os eleitos. 23 Por isso, fiquem atentos:q avisei-os de tudo antecipadamente. 24 Mas naqueles dias, após aquela tribulação, o sol escurecerá e a lua não dará a sua luz; 25 as estrelas cairão do céu e os poderes celestes serão abalados c.r 26 Então se verá o Filho do homem vindo nas nuvenss com grande poder e glória. 27 E ele enviará os seus anjos e reunirá os seus eleitos dos quatro ventos, dos confins da terra até os confins do céu.t a13.14 Dn 9.27; 11.31; 12.11 b13.20 Ou seria salvo c13.24,25 Is 13.10; 34.4

mentando. E qualquer outra pessoa forçada a fugir sob circunstâncias especialmente difíceis. 13.18 no inverno. A estação em que as densas chuvas deixavam os riachos transbordantes e impossíveis de ser atravessados, de modo que muitos seriam impedidos de alcançar um lugar de refúgio. 13.19 dias de tribulação como nunca houve. V. nota em Mt 24.21. 13.20 eleitos. O povo de Deus. 13.21 Cristo. V. nota textual NVI em Mt 1.17. 13.24 naqueles dias. Expressão comum do AT com relação aos tempos do fim (v. Jr 3.16,18; 31.29; 33.15,16; Jl 3.1; Zc 8.23). tribulação. Cf v. 19 e nota em Mt 24.21. 13.25 Os v. 24,25 não necessariamente se referem a um colapso total do universo. Era uma forma de expressão usada comumente com respeito ao terrível juízo divino contra um mundo caído (v. Is 13.10; 24.2123; 34.4; Ez 32.7,8; Jl 2.10,31; 3.15; Am 8.9). 13.26 Filho do homem. V. nota em 8.31. vindo nas nuvens com grande poder e glória. Referência à segunda vinda de Cristo (v. 8.38; 2Ts 1.6-10; Ap 19.11-16). 13.27 anjos. V. nota em Gn 16.7; cf. Ap 14.14-16. reunirá os seus eleitos. O AT refere-se a Deus reunindo seu povo

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28 Aprendam a lição da figueira: Quan-

do seus ramos se renovam e suas folhas começam a brotar, vocês sabem que o verão está próximo. 29 Assim também, quando virem estas coisas acontecendo, saibam que ele está próximo, às portas. 30 Eu lhes asseguro que não passará esta geraçãou até que todas estas coisas aconteçam. v 31 Os céus e a terra passarão, mas as minhas palavras jamais passarão.w O Dia e a Hora São Desconhecidos (Mt 24.36-51) 32 Quanto ao dia e à hora ninguém sabe, nem os anjos no céu, nem o Filho, senão somente o Pai.x 33 Fiquem atentos! Vigiem!ay Vocês não sabem quando virá esse tempo. 34 É como um homem que sai de viagem. Ele deixa sua casa, encarrega de tarefas cada um dos seus servosz e ordena ao porteiro que vigie. 35 Portanto, vigiem, porque vocês não sabem quando o dono da casa voltará: se à tarde, à meianoite, ao cantar do galo ou ao amanhecer. 36 Se ele vier de repente, que não os encontre dormindo! 37 O que lhes digo, digo a todos: Vigiem! a

13.30 u Lc 17.25 v Mc 9.1 13.31 w V Mt 5.18 13.32 x At 1.7; 1Ts 5.1,2 13.33 y 1Ts 5.6 13.34 z Mt 25.14 13.37 a Lc 12.35 40

14.1

b V Jo 11.55

c V Mt 12.14

14.3 d V Mt 21.17 e Lc 7.37 39

disperso (Dt 30.3,4; Is 43.6; Jr 32.37; Ez 34.13; 36.24). 13.28 figueira. V. nota em 11.13. 13.29 estas coisas. Os sinais alistados nos v. 5-23 antecedem a destruição de Jerusalém e/ou o fim dos tempos. ele. Provavelmente referência à segunda vinda de Cristo (v. Lc 21.31). 13.30 Eu lhes asseguro. V. nota em 3.28. geração. Se o termo for entendido como a duração normal de uma vida, pode referir-se à geração em que Jesus vivia enquanto estava na terra, ou à geração existente quando começarem esses sinais (v. nota em Lc 21.32). 13.32 dia. No sentido do AT, refere-se ao dia do aparecimento do Senhor (Am 8.3,9,13; 9.11; Mq 4.6; 5.10; 7.11), referindo-se à vinda do Filho do homem (v. 26). ninguém sabe. Um mapa do futuro seria um empecilho, e não uma ajuda para a fé. Certos sinais foram dados, mas não com o propósito de fazer predições detalhadas e seqüenciais. anjos. V. nota em Gn 16.7. nem o Filho. Enquanto estava na terra, até mesmo Jesus vivia por fé, e a obediência era a marca registrada do seu ministério. 13.35 à tarde, à meia-noite, ao cantar do galo ou ao amanhecer. As quatro vigílias da noite usadas pelos romanos (v. nota em Mt 14.25). 14.1 Páscoa. Festa judaica que comemora a ocasião da passagem do anjo do Senhor por cima das casas dos hebreus, não matando os seus primogênitos, como acontecera nos lares egípcios (v. Êx 12.13,23,27). Os cordeiros ou cabritos usados na festa eram sacrificados no dia 14 de nisã (março—abril), e a refeição era comida no fim da mesma tarde, entre o pôr-do-sol e a meia-noite. Como o dia judaico começava ao pôr-do-sol, a Festa da Páscoa era celebrada no dia 15 de nisã. Festa dos Pães sem

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Jesus é Ungido em Betânia (Mt 26.6-13; Jo 12.1-8) Faltavam apenas dois dias para a Páscoab e para a festa dos pães sem fermento. Os chefes dos sacerdotes e os mestres da lei estavam procurando um meio de flagrar Jesus em algum errob e matá-lo.c 2 Mas diziam: Não durante a festa, para que não haja tumulto entre o povo . 3 Estando Jesus em Betânia,d reclinado à mesa na casa de um homem conhecido como Simão, o leproso, aproximou-se dele certa mulher com um frasco de alabastro contendo um perfume muito caro, feito de nardo puro. Ela quebrou o frasco e derramou o perfume sobre a cabeça de Jesus.e 4 Alguns dos presentes começaram a dizer uns aos outros, indignados: Por que este desperdício de perfume? 5 Ele poderia ser vendido por trezentos denáriosc, e o dinheiro ser dado aos pobres . E a repreendiam severamente.

14

a13.33

Alguns manuscritos acrescentam e orem! b14.1 Ou prender Jesus por meio de engano c14.5 O denário era uma moeda de prata equivalente à diária de um trabalhador braçal.

Fermento. Essa festa ocorria após a Páscoa e durava sete dias (v. Êx 12.15-20; 23.15; 34.18; Dt 16.1-8). mestres da lei. V. nota em Mt 2.4. 14.2 não durante a festa. Durante a Páscoa e a Festa dos Pães sem Fermento, que durava uma semana, a população de Jerusalém aumentava de cerca de 50 mil para várias centenas de milhares. Teria sido por demais arriscado prender Jesus na presença de uma multidão tão grande e tão facilmente agitada. 14.3-9 No evangelho de João, o episódio ocorreu antes de começar a Semana da Paixão (v. Jo 12.1). É possível que Mateus e Marcos, ao situá-lo aqui, quisessem contrapor o ódio por parte dos líderes religiosos e a traição praticada por Judas Iscariotes ao amor e à devoção da mulher que ungiu Jesus. 14.3 Betânia. V. nota em Mt 21.17. reclinado à mesa. A postura usual para comer uma refeição em banquete. Simão, o leproso. V. nota em Mt 26.6. certa mulher. Jo informa-nos (12.3) que se tratava de Maria, irmã de Marta e de Lázaro. frasco de alabastro. Frasco lacrado com gargalo longo, o qual era partido na hora de usar o conteúdo e continha ungüento suficiente para uma só aplicação. nardo. Perfume feito de um óleo aromático extraído da raiz de uma planta cultivada principalmente na Índia. derramou o perfume sobre a cabeça. Ungir era hábito corriqueiro nas festas (v. Sl 23.5; Lc 7.46). A ação da mulher expressou sua profunda devoção para com Jesus. 14.4 Alguns dos presentes. Mateus (26.8) identifica-os como os discípulos, ao passo que João (12.4,5) destaca entre eles Judas Iscariotes. 14.5 dado aos pobres. O costume judaico era presentear os pobres na véspera da Páscoa (v. Jo 13.29).

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1707 6 Deixem-na

em paz , disse Jesus. Por que a estão perturbando? Ela praticou uma boa ação para comigo. 7 Pois os pobres vocês sempre terão com vocês, e poderão ajudá-los sempre que o desejarem.f Mas a mim vocês nem sempre terão. 8 Ela fez o que pôde. Derramou o perfume em meu corpo antecipadamente, preparando-o para o sepultamento.g 9 Eu lhes asseguro que onde quer que o evangelho for anunciado, em todo o mundo,h também o que ela fez será contado em sua memória. 10 Então Judas Iscariotes, um dos Doze,i dirigiu-se aos chefes dos sacerdotes a fim de lhes entregar Jesus.j 11 A proposta muito os alegrou, e lhe prometeram dinheiro. Assim, ele procurava uma oportunidade para entregá-lo. A Ceia do Senhor (Mt 26.17-30; Lc 22.7-23; Jo 13.18-30) 12 No primeiro dia da festa dos pães sem fermento, quando se costumava sacrificar o cordeiro pascal,k os discípulos de Jesus lhe perguntaram: Aonde queres que vamos e te preparemos a refeição da Páscoa?

14.7 f Dt 15.11 14.8 g Jo 19.40 14.9 h V Mt 24.14; Mc 16.15 14.10 i Mc 3.16 19 j V Mt 10.4 14.12 k Êx 12.1 11; Dt 16.1 4; 1Co 5.7

14.15 l At 1.13 14.20 m Jo 13.18 27 14.21 n V Mt 8.20 14.22 o V Mt 14.19

14.7 os pobres vocês sempre terão com vocês. Essas palavras não expressavam falta de solicitude pelos pobres, pois as necessidades desses Jesus sempre as levava no coração (v. Mt 6.2-4; Lc 4.18; 6.20; 14.13,21; 18.22; Jo 13.29). 14.8 preparando-o para o sepultamento. Era costume judaico normal ungir um corpo com óleos aromáticos em preparação para o sepultamento (v. 16.1). Jesus parece prever que sofrerá a morte de um criminoso, porque somente nessa circunstância não havia unção do corpo. 14.9 Eu lhes asseguro. V. nota em 3.28. evangelho. V. nota em 1.1. 14.10 Judas Iscariotes. V. nota em 3.19. chefes dos sacerdotes. V. nota em 8.31. Tratou-se de uma oportunidade inesperada que aproveitaram, embora sua intenção não tivesse sido prender Jesus durante a festa (cf. v. 2). 14.11 dinheiro. Trinta moedas de prata (Mt 26.15). 14.12 No primeiro dia da Festa dos Pães sem Fermento. Em geral, essa expressão significaria o dia 15 de nisã, um dia após a Páscoa (v. nota no v. 1). No entanto, a explicação “quando se costumava sacrificar o cordeiro pascal” torna claro que há referência ao dia 14 de nisã, porque os cordeiros da Páscoa eram sacrificados nesse dia (Êx 12.6). A totalidade da celebração era às vezes referida como a festa dos pães sem fermento, e há outras evidências de o dia 14 de nisã ter sido mencionado em linguagem genérica, como “o primeiro dia dos pães sem fermento”. 14.13 dois dos seus discípulos. Pedro e João (Lc 22.8). um homem carregando um pote de água. Podia ser facilmente identificado, porque em geral somente as mulhe-

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MARCOS 14 13 Então ele enviou dois de seus discípulos, dizendo-lhes: Entrem na cidade, e um homem carregando um pote de água virá ao encontro de vocês. Sigamno 14 e digam ao dono da casa em que ele entrar: O Mestre pergunta: Onde é o meu salão de hóspedes, no qual poderei comer a Páscoa com meus discípulos? 15 Ele lhes mostrará uma ampla sala no andar superior,l mobiliada e pronta. Façam ali os preparativos para nós . 16 Os discípulos se retiraram, entraram na cidade e encontraram tudo como Jesus lhes tinha dito. E prepararam a Páscoa. 17 Ao anoitecer, Jesus chegou com os Doze. 18 Quando estavam comendo, reclinados à mesa, Jesus disse: Digo-lhes que certamente um de vocês me trairá, alguém que está comendo comigo . 19 Eles ficaram tristes e, um por um, lhe disseram: Com certeza não sou eu! 20 Afirmou Jesus: É um dos Doze, alguém que come comigo do mesmo prato. m 21 O Filho do homem n vai, como está escrito a seu respeito. Mas ai daquele que trai o Filho do homem! Melhor lhe seria não haver nascido . 22 Enquanto comiam, Jesus tomou o pão, deu graças, partiu-o,o e o deu aos

res carregavam potes de água. 14.14 Onde é o meu salão de hóspedes...? Era costume que quem tivesse um salão disponível em Jerusalém o cedesse, mediante solicitação, a qualquer peregrino que desejasse celebrar a Páscoa. Parece que Jesus tinha combinado previamente com o dono da casa. 14.15 Façam ali os preparativos. Isso incluiria os alimentos para a refeição: pães sem fermento, vinho, ervas amargas, molho e o cordeiro. 14.17 Ao anoitecer. O início da quinta-feira da Semana da Paixão. 14.18 comendo, reclinados à mesa. A princípio, a refeição da Páscoa era feita de pé (Êx 12.11), mas nos tempos de Jesus o costume era comê-lo em posição reclinada. Digo-lhes que certamente. V. nota em 3.28. 14.20 come comigo do mesmo prato. V. nota em Mt 26.23. 14.21 Filho do homem. V. nota em 8.31. como está escrito a seu respeito. Jesus, por certo, tinha em mente a passagem do “servo sofredor” em Is 53. 14.22 O NT oferece quatro relatos da ceia do Senhor (Mt 26.26-28, Mc 14.22-24, Lc 22.19,20 e 1Co 11.23-25). O relato de Mateus é muito semelhante ao de Marcos, e há semelhanças entre os de Lucas e de Paulo. Todos os relatos incluem Jesus tomando o pão; as ações de graças ou bênção; o partir do pão; a declaração “isto é o meu corpo”; Jesus tomando o cálice, com a explicação do relacionamento entre o sangue e a aliança. Somente Paulo e Lucas registram a ordem de Jesus de continuar celebrando a ceia. isto é o meu corpo. O pão representava o seu corpo, dado a favor deles (v. Lc 22.19; 1Co 11.24).

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discípulos, dizendo: Tomem; isto é o meu corpo . 23 Em seguida tomou o cálice, deu graças, ofereceu-o aos discípulos, e todos beberam.p 24 E lhes disse: Isto é o meu sangue da aliançaa,q que é derramado em favor de muitos. 25 Eu lhes afirmo que não beberei outra vez do fruto da videira, até aquele dia em que beberei o vinho novo no Reino de Deus .r 26 Depois de terem cantado um hino, saíram para o monte das Oliveiras.s

14.23 p 1Co 10.16 14.24 q V Mt 26.28 14.25 r V Mt 3.2 14.26 s V Mt 21.1 14.27 t Zc 13.7 14.28 u Mc 16.7 14.30 v v. 66 72; Lc 22.34; Jo 13.38 14.31 w Lc 22.33; Jo 13.37

orar . 33 Levou consigo Pedro, Tiago e João,x e começou a ficar aflito e angustiado. 34 E lhes disse: A minha alma está profundamente triste, numa tristeza mortal.y Fiquem aqui e vigiem . 35 Indo um pouco mais adiante, prostrou-se e orava para que, se possível, fosse afastada dele aquela hora.z 36 E dizia: Abad, Pai,a tudo te é possível. Afas-ta de mim este cálice;b contudo, não seja o que eu quero, mas sim o que tu queres .c 37 Então, voltou aos seus discípulos e os encontrou dormindo. Simão , disse ele a Pedro, você está dormindo? Não pôde vigiar nem por uma hora? 38 Vigiem e orem para que não caiam em tentação.d O espírito está pronto, mas a carne é fraca. e 39 Mais uma vez ele se afastou e orou, repetindo as mesmas palavras. 40 Quando voltou, de novo os encontrou dormindo, porque seus olhos estavam pesados. Eles não sabiam o que lhe dizer. 41 Voltando pela terceira vez, ele lhes disse: Vocês ainda dormem e descansam? Basta! Chegou a hora!f Eis que o Filho do homem está sendo entregue nas mãos dos pecadores. 42 Levantemse e vamos! Aí vem aquele que me trai!

14.33 x V Mt 4.21 14.34 y Jo 12.27 14.35 z v. 41; V Mt 26.18 14.36 a Rm 8.15; Gl 4.6 b V Mt 20.22 c V Mt 26.39 14.38 d Mt 6.13 e Rm 7.22,23 14.41 f v. 35; V Mt 26.18 14.43 g V Mt 10.4

Jesus é Preso (Mt 26.47-56; Lc 22.47-53; Jo 18.1-11) 43 Enquanto ele ainda falava, apareceu Judas,g um dos Doze. Com ele estava uma multidão armada de espadas e varas,

Jesus Prediz que Pedro o Negará (Mt 26.31-35; Lc 22.31-34; Jo 13.36-38) 27 Disse-lhes Jesus: Vocês todos me abandonarão. Pois está escrito: Ferirei o pastor, e as ovelhas serão dispersas b.t 28 Mas,

depois de ressuscitar, irei adiante de vocês para a Galiléia .u 29 Pedro declarou: Ainda que todos te abandonem, eu não te abandonarei! 30 Respondeu Jesus: Asseguro-lhe que ainda hoje, esta noite, antes que duas vezesc cante o galo, três vezes você me negará .v 31 Mas Pedro insistia ainda mais: Mesmo que seja preciso que eu morra contigo,w nunca te negarei . E todos os outros disseram o mesmo. Jesus no Getsêmani (Mt 26.36-46; Lc 22.39-46) 32 Então foram para um lugar chamado Getsêmani, e Jesus disse aos seus discípulos: Sentem-se aqui enquanto vou

14.23 deu graças. A palavra “eucaristia” deriva do termo grego usado aqui. 14.24 meu sangue da aliança. O cálice representa o sangue de Jesus, que, por sua vez, representa sua vida derramada (i.e., sua morte). As promessas de Deus a seu povo na nova aliança só podem ser válidas mediante a morte expiatória de Cristo (v. Jr 31.31-34; Hb 8.8-12; v. tb. notas em Lc 22.20; Êx 24.6,8). em favor de muitos. V. nota em Rm 5.15. 14.25 Eu lhes afirmo. V. nota em 3.28. Reino de Deus. V. nota em Mt 3.2. 14.26 um hino. V. nota em Mt 26.30. monte das Oliveiras. V. nota em 11.1. 14.30 Asseguro-lhe. V. nota em 3.28. duas vezes cante. V. nota textual NVI aqui e no v. 72. 14.32 Getsêmani. Jardim ou pomar na encosta inferior do monte das Oliveiras, um dos locais prediletos de Jesus (v. Lc 22.39; Jo 18.2). O nome é hebraico e significa “prensa de azeite”, lugar para espremer o azeite de oliva. 14.33 Pedro, Tiago e João. V. nota em 5.37.

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a14.24

Alguns manuscritos trazem da nova aliança. b14.27 Zc 13.7 c14.30 Alguns manuscritos não trazem duas vezes. d14.36 Termo aramaico para Pai.

14.36 Aba, Pai. Expressão de um relacionamento especialmente íntimo com Deus (v. tb. nota textual NVI). este cálice. O cálice da morte e da ira de Deus que Jesus aceitou da mão do Pai em cumprimento da sua missão. O que deixou Jesus horrorizado não era a morte em si, mas o modo da sua morte, como aquele que levava sobre si o pecado da humanidade. V. nota em 10.38. 14.37 Simão. V. nota em 1.16. Talvez Simão tenha sido destacado por causa da sua ousada asseveração de que não negaria Jesus (cf. v. 29-31). 14.38 caiam em tentação. Ser atacado pela tentação. Aqui, a tentação era de serem desleais diante das circunstâncias ameaçadoras que enfrentavam. O espírito está pronto. Quando aquela parte do homem, que é espírito, está sob o controle de Deus, luta contra a fraqueza humana. A expressão é tirada de Sl 51.12. 14.41 Filho do homem. V. nota em 8.31. 14.43 Judas. V. nota em 3.19. uma multidão armada de espadas e varas. Policiais auxiliares ou serventes do tribunal, destinados à tarefa de manter a ordem pública fora

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1711 enviada pelos chefes dos sacerdotes, mestres da lei e líderes religiosos. 44 O traidor havia combinado um sinal com eles: Aquele a quem eu saudar com um beijo, é ele: prendam-no e levem-no em segurança . 45 Dirigindo-se imediatamente a Jesus, Judas disse: Mestre! ,h e o beijou. 46 Os homens agarraram Jesus e o prenderam. 47 Então, um dos que estavam por perto puxou a espada e feriu o servo do sumo sacerdote, decepandolhe a orelha. 48 Disse Jesus: Estou eu chefiando alguma rebelião, para que vocês venham me prender com espadas e varas? 49 Todos os dias eu estive com vocês, ensinando no templo,i e vocês não me prenderam. Mas as Escrituras precisam ser cumpridas .j 50 Então todos o abandonaram e fugiram.k 51 Um jovem, vestindo apenas um lençol de linho, estava seguindo Jesus. Quando tentaram prendê-lo, 52 ele fugiu nu, deixando o lençol para trás. Jesus diante do Sinédrio Jesus ao sumo sacerdote; e então se reuniram todos os chefes dos sacerdotes, os líderes religiosos e os 53 Levaram

14.45 h V Mt 23.7 14.49 i V Mt 26.55 j Is 53.7 12; V Mt 1.22 14.50 k v. 27

14.54 l V Mt 26.3 m Jo 18.18 14.55 n V Mt 5.22 14.58 o V Jo 2.19 14.61 p Is 53.7; Mt 27.12,14; Mc 15.5; Lc 23.9; Jo 19.9 q Mt 16.16; Jo 4.25,26

do recinto do templo. João (18.3) mostra que pelo menos alguns soldados da corte romana estavam no grupo enviado para prender Jesus, junto com os guardas do templo. Os que levavam varas provavelmente eram reforços de último hora. chefes dos sacerdotes, mestres da lei e líderes religiosos. V. notas em 8.31; Mt 2.4. A ordem da prisão de Jesus tinha sido dada pelo Sinédrio. 14.45 Mestre. Em hebraico, Rabbi. e o beijou. Sinal de respeito com que os discípulos em geral saudavam seu mestre. V. nota em Lc 22.47. 14.47 um dos que estavam por perto. João nos informa que era Pedro, e que o servo que ele feriu chamava-se Malco (Jo 18.10). 14.49 templo. V. nota em 11.27. as Escrituras precisam ser cumpridas. Talvez uma referência a Is 53, ou mais especificamente a Zc 13.7, citado por Jesus no v. 27 e cumprido (pelo menos parcialmente) nessa ocasião. 14.50 o abandonaram. Em cumprimento dos v. 27-31. 14.51 Um jovem. Não identificado. O seu anonimato, porém, talvez leve a crer que se tratasse de João Marcos, escritor desse evangelho. um lençol de linho. Em geral, a roupa exterior era de lã. A peça de linho fino deixada na mão do guarda indica que o jovem pertencia a uma família abastada. 14.52 fugiu nu. A ausência de roupa de baixo faz supor que tenha-se vestido às pressas para seguir Jesus. 14.53—15.15 O julgamento de Jesus foi levado a efeito em duas etapas: um julgamento judaico e um romano, sendo que cada um desses tinha três etapas. No caso do judaico, foram: 1) audiência preliminar diante de Anás, o ex-sumo sacerdote (relatada somente em Jo 18.12-14,1923), 2) julgamento diante de Caifás, o sumo sacerdote em

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MARCOS 14 mestres da lei. 54 Pedro o seguiu de longe até o pátio do sumo sacerdote.l Sentando-se ali com os guardas, esquentava-se junto ao fogo.m 55 Os chefes dos sacerdotes e todo o Sinédrioan estavam procurando depoimentos contra Jesus, para que pudessem condená-lo à morte, mas não encontravam nenhum. 56 Muitos testemunharam falsamente contra ele, mas as declarações deles não eram coerentes. 57 Então se levantaram alguns e declararam falsamente contra ele: 58 Nós o ouvimos dizer: Destruirei este templo feito por mãos humanas e em três dias construirei outro,o não feito por mãos de homens . 59 Mas, nem mesmo assim, o depoimento deles era coerente. 60 Depois o sumo sacerdote levantouse diante deles e perguntou a Jesus: Você não vai responder à acusação que estes lhe fazem? 61 Mas Jesus permaneceu em silêncio e nada respondeu.p Outra vez o sumo sacerdote lhe perguntou: Você é o Cristo, o Filho do Deus Bendito? q a14.55

Conselho dos principais líderes do povo judeu.

exercício, e do Sinédrio (14.53-65) e 3) ação final do concílio, que terminou sua sessão noturna (15.1). As três etapas do julgamento romano foram: 1) julgamento diante de Pilatos (15.2-5), 2) julgamento diante de Herodes Antipas (somente em Lc 23.6-12) e 3) continuação e conclusão do julgamento diante de Pilatos (15.6-15). Como Marcos não oferece nenhum relato de Jesus diante de Herodes Antipas, o julgamento diante de Pilatos forma uma narrativa contínua e ininterrupta nesse evangelho (15.2-15). 14.53 sumo sacerdote. Caifás, genro de Anás, o sumo sacerdote anterior. todos os chefes dos sacerdotes, os líderes religiosos e os mestres da lei. A totalidade do Sinédrio. 14.54 pátio do sumo sacerdote. Possivelmente, o Sinédrio se reuniu na casa de Caifás por motivos de sigilo. 14.55 Sinédrio. O tribunal supremo dos judeus. Nos dias do NT, era composto de três tipos de membros: chefes dos sacerdotes, líderes religiosos e mestres da lei. Ao todo se compunha de 71 membros, incluindo-se o sumo sacerdote, que era presidente da sessão. Sob a jurisdição romana, muita autoridade era atribuída ao Sinédrio, mas este não podia decretar a pena de morte (v. Jo 18.31 e nota em Mt 27.2). 14.56 Muitos testemunharam falsamente contra ele. No processo jurídico judaico, as testemunhas atuavam como promotores públicos. não eram coerentes. De acordo com Dt 19.15, uma pessoa não podia ser condenada a não ser que houvesse duas ou mais testemunhas, tendo-se por certa a concordância entre esses testemunhos. 14.58 Não há nos evangelhos nenhuma declaração de Jesus exatamente nesses termos. É provável alusão ao que está relatado em Jo 2.19. 14.61 Cristo, o Filho do Deus Bendito. “Bendito” era uma maneira de referir-se a Deus sem pronunciar o seu nome

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MARCOS 14, 15

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62 Sou ,

disse Jesus. E vereis o Filho do homem assentado à direita do Poderoso vindo com as nuvens do céu. r 63 O sumo sacerdote, rasgando as próprias vestes,s perguntou: Por que precisamos de mais testemunhas? 64 Vocês ouviram a blasfêmia. Que acham? Todos o julgaram digno de morte.t 65 Então alguns começaram a cuspir nele; vendaram-lhe os olhos e, dandolhe murros, diziam: Profetize! E os guardas o levaram, dando-lhe tapas.u Pedro Nega Jesus (Mt 26.69-75; Lc 22.54-62; Jo 18.15-18,25-27) 66 Estando Pedro embaixo, no pátio,v uma das criadas do sumo sacerdote passou por ali. 67 Vendo Pedro a aquecer-se,w olhou bem para ele e disse: Você também estava com Jesus, o Nazareno .x 68 Contudo ele o negou, dizendo: Não o conheço, nem sei do que você está falando .y E saiu para o alpendrea. 69 Quando a criada o viu lá, disse novamente aos que estavam por perto: Esse aí é um deles . 70 De novo ele negou.z Pouco tempo depois, os que estavam sentados ali perto disseram a Pedro:

14.62 r V Ap 1.7 14.63 s Lv 10.6; 21.10; Nm 14.6; At 14.14 14.64 t Lv 24.16 14.65 u V Mt 16.21 14.66 v v. 54 14.67 w v. 54 x V Mc 1.24 14.68 y v. 30,72 14.70 z v. 30,68,72

1712 Preto

Jesus diante de Pilatos De manhã bem cedo, os chefes dos sacerdotes com os líderes religiosos, os mestres da leid e todo o Sinédrio de chegaram a uma decisão. Amarrando Jesus, levaram-no e o entregaram a Pilatos.f 2 Você é o rei dos judeus? ,g perguntou Pilatos. Tu o dizes e, respondeu Jesus. 3 Os chefes dos sacerdotes o acusavam de muitas coisas. 4 Então Pilatos lhe perguntou novamente: Você não vai responder? Veja de quantas coisas o estão acusando .

15

a At 2.7

14.71 b v. 30,72 14.72 c v. 30,68 15.1 d Mt 27.1; Lc 22.66 e V Mt 5.22 f V Mt 27.2 15.2 g v. 9,12,18,26; V Mt 2.2

(v. nota em 11.30). O título era, portanto, equivalente a “Filho de Deus”, embora nesse contexto pareça não se referir à divindade, mas ao messianato real, uma vez que na crença judaica popular o Messias seria homem, não Deus. 14.62 Filho do homem. V. nota em 8.31. Essa declaração sobre o Filho do homem reúne Dn 7.13 e Sl 110.1. 14.63 rasgando as próprias vestes. Sinal de grande mágoa ou choque (v. Gn 37.29; 2Rs 18.37; 19.1). No caso do sumo sacerdote, foi um tipo de ato judicial demonstrando que considerava blasfema a resposta de Jesus (v. nota em Mt 26.65). 14.64 blasfêmia. O pecado da blasfêmia incluía, não somente a difamação do nome de Deus (v. Lv 24.1016), mas também qualquer afronta à sua majestade ou autoridade (v. Mc 2.7; 3.28,29; Jo 5.18; 10.33). Por isso, Caifás considerava blasfema a declaração de Jesus de ser o Messias e, ainda mais, de possuir majestade e autoridade pertencentes somente a Deus; portanto, para ele, Jesus estava sujeito à penalidade da lei de Moisés: a morte por apedrejamento (Lv 24.16). 14.65 começaram a cuspir nele [...] dando-lhe murros. Gestos convencionais de rejeição e de condenação (Nm 12.14; Dt 25.9; Jó 30.10; Is 50.6). vendaram-lhe os olhos. Um antiga interpretação de Is 11.2-4 sustentava que o Messias podia julgar pelo olfato, sem a ajuda da vista. Profetize! Diga quem foi que bateu em você! 14.66 em baixo. Enquanto Jesus estava recebendo pancadas num aposento superior da casa de Caifás, Pedro estava em baixo, no pátio. uma das criadas. Moça encarregada da porta (Jo 18.16).

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Certamente você é um deles. Você é galileu! a 71 Ele começou a se amaldiçoar e a jurar: Não conheço o homem de quem vocês estão falando! b 72 E logo o galo cantou pela segunda vezb. Então Pedro se lembrou da palavra que Jesus lhe tinha dito: Antes que duas vezes c cante o galo, você me negará três vezes . c E se pôs a chorar.

a14.68

Muitos manuscritos acrescentam e o galo cantou. Alguns manuscritos não trazem pela segunda vez. c14.72 Alguns manuscritos não trazem duas vezes. d15.1 Conselho dos principais líderes do povo judeu; também no versículo 43. e15.2 Ou Sim, é como dizes b14.72

14.67 Nazareno. V. nota em Mt 2.23. 14.68 Não o conheço, nem sei do que você está falando. Forma comum no direito judaico de apresentar uma negação formal e jurídica. 14.70 galileu. Os galileus eram facilmente identificáveis pelo dialeto. O modo de Pedro falar revelava ser galileu, e sua presença no átrio entre os cidadãos de Judá fazia supor que era seguidor de Jesus. 15.1 De manhã bem cedo. O dia útil de um oficial romano começava ao raiar do dia. manhã. A sexta-feira da Semana da Paixão. Sinédrio. V. nota em 14.55. chegaram a uma decisão. Aparentemente para acusar Jesus de traição — e não de blasfêmia — diante da autoridade civil (v. Lc 23.1-14 e nota em Lc 23.2). Pilatos. O governador romano da Judéia de 26 a 36 d.C. Sua residência oficial ficava em Cesaréia, no litoral do Mediterrâneo. (Em 1961, arqueólogos trabalhando em Cesaréia escavaram uma pedra dos tempos de Pilatos, em que se achava a inscrição de seu nome.) Quando visitava Jerusalém, hospedava-se no palácio magnífico edificado por Herodes, o Grande, localizado a oeste e um pouco ao sul da área do templo. Marcos emprega a palavra “Pretório” no v. 16 em referência a esse palácio, e foi ali que se realizou o julgamento romano de Jesus. 15.2 perguntou Pilatos. Num tribunal romano, o julgamento era da responsabilidade exclusiva do magistrado imperial. 15.3 muitas coisas. V. nota em Lc 23.2. Acusações múltiplas eram comuns nos processos criminais. 15.4 Você não vai responder? Se Jesus não oferecesse nenhuma defesa, Pilatos teria de pronunciar sentença contra ele, de acordo com a lei romana.

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1713 5 Mas Jesus não respondeu nada,h e Pilatos ficou impressionado. 6 Por ocasião da festa, era costume soltar um prisioneiro que o povo pedisse. 7 Um homem chamado Barrabás estava na prisão com os rebeldes que haviam cometido assassinato durante uma rebelião. 8 A multidão chegou e pediu a Pilatos que lhe fizesse o que costumava fazer. 9 Vocês querem que eu lhes solte o rei dos judeus? ,i perguntou Pilatos, 10 sabendo que fora por inveja que os chefes dos sacerdotes lhe haviam entregado Jesus. 11 Mas os chefes dos sacerdotes incitaram a multidão a pedir que Pilatos, ao contrário, soltasse Barrabás. j 12 Então, que farei com aquele a quem vocês chamam rei dos judeus? , perguntou-lhes Pilatos. 13 Crucifica-o! , gritaram eles. 14 Por quê? Que crime ele cometeu? , perguntou Pilatos. Mas eles gritavam ainda mais: Crucifica-o! 15 Desejando agradar a multidão, Pilatos soltou-lhes Barrabás, mandou açoitark Jesus e o entregou para ser crucificado.

15.5 h V Mc 14.61 15.9 i V v. 2 15.11 j At 3.14 15.15 k Is 53.6

15.16 l Jo 18.28,33; 19.9 15.18 m V v. 2 15.20 n Hb 13.12 15.21 o V Mt 27.32 p Rm 16.13 q Mt 27.32; Lc 23.26 15.23 r v. 36; Sl 69.21; Pv 31.6

15.6 costume. V. nota em Jo 18.39. 15.7 Barrabás. Provavelmente, membro dos zelotes, grupo judaico revolucionário. durante uma rebelião. Nenhuma informação há em nenhuma outra fonte a respeito dessa insurreição, embora Marcos fale dela como se fosse bem conhecida. Sob o governo dos prefeitos romanos, eram comuns essas revoltas (v. Lc 13.1). 15.13 Crucifica-o. V. nota no v. 24. 15.15 açoitar. Os romanos empregavam um açoite feito de várias tiras de couro, com pedaços de chumbo e de osso encaixados perto das pontas. Os judeus limitavam o número de chicotadas a 40 (na prática, a 39 para evitar uma possível contagem errada), mas nenhuma limitação assim era reconhecida pelos romanos, e em muitos casos as vítimas desses espancamentos romanos não sobreviviam. 15.16 Pretório. A palavra se usava a princípio em referência a uma tenda de general ou a um quartel-general num acampamento militar (v. nota no v. 1). toda a tropa. Os soldados aquartelados no Pretório eram recrutados de entre os habitantes não-judeus da Palestina e encaminhados ao governador militar. 15.17 manto de púrpura. Provavelmente velha capa militar, cuja cor era sinal de realeza (v. Mt 27.28). coroa de espinhos. Feita de uma planta espinhosa (a palavra grega significa simplesmente “abrolhos”), da qual há muitas na Palestina. Tanto o manto quanto a coroa faziam parte da indumentária real de zombaria colocada em Jesus. 15.18 Salve, rei dos judeus! Saudação zombeteira que correspondia a “Salve, César!”. 15.19 cuspiam nele. Provável paródia do beijo de homena-

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1713 Preto

MARCOS 15 Os Soldados Zombam de Jesus (Mt 27.27-31) 16 Os soldados levaram Jesus para dentro do palácio,l isto é, ao Pretórioa, e reuniram toda a tropa. 17 Vestiramno com um manto de púrpura, depois fizeram uma coroa de espinhos e a colocaram nele. 18 E começaram a saudálo: Salve, rei dos judeus! m 19 Batiamlhe na cabeça com uma vara e cuspiam nele. Ajoelhavam-se e lhe prestavam adoração. 20 Depois de terem zombado dele, tiraram-lhe o manto de púrpura e vestiram-lhe suas próprias roupas. Então o levaram para fora,n a fim de crucificá-lo. A Crucificação (Mt 27.32-44; Lc 23.26-43; Jo 19.16-27) 21 Certo homem de Cirene,o chamado Simão, pai de Alexandre e de Rufo,p passava por ali, chegando do campo. Eles o forçaram a carregar a cruz.q 22 Levaram Jesus ao lugar chamado Gólgota, que quer dizer lugar da Caveira. 23 Então lhe deram vinho misturado com mirra,r mas ele não o bebeu. 24 E o crucificaram. Dividindo as roupas dele, a15.16

Residência oficial do governador romano.

gem, comum no Oriente Próximo em presença da realeza. 15.21 Cirene. Cidade importante da Líbia, na África do Norte, com uma grande população judaica. Simão. Provavelmente judeu que estava em Jerusalém para celebrar a Páscoa (cf. “judeus de Cirene” em At 6.9). Alexandre e Rufo. Mencionados somente em Mc, mas de tal maneira, que se subentende serem conhecidos dos destinatários desse evangelho. Rufo pode ser o mesmo referido em Rm 16.13. carregar a cruz. Os homens condenados à morte eram em geral forçados a carregar uma viga da cruz, que muitas vezes pesava entre 15 e 20 quilos, até o lugar da crucificação. Jesus começou carregando a sua (v. Jo 19.17), mas tinha sido tão enfraquecido pelos açoites, que Simão foi recrutado à força. 15.22 Lugar da Caveira. Talvez fosse uma pequena colina (embora os evangelhos não mencionem nenhuma colina) que parecia uma caveira, ou pode ainda ter recebido esse nome por causa das muitas execuções ali realizadas. 15.23 vinho misturado com mirra. O Talmude dá evidência de que o incenso era misturado com vinho para diminuir a dor (v. Pv 31.6). A mirra é uma especiaria extraída de plantas nativas dos desertos da Arábia e de partes da África (v. nota em Gn 37.25). 15.24 crucificaram. Meio romano de execução, segundo o qual a vítima era pregada em uma cruz. Pregos pesados de ferro batido eram afixados na madeira depois de atravessarem os ossos dos pulsos e dos calcanhares. Se a vida da vítima continuava ainda por muito tempo, a morte era apressada quebrando-lhe as pernas (v. Jo 19.33). Os arqueólogos descobriram os ossos de um homem cru-

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MARCOS 15

1714

tiraram sortess para saber com o que cada um iria ficar. 25 Eram nove horas da manhãa quando o crucificaram. 26 E assim estava escrito na acusação contra ele: O REI DOS JUDEUS.t 27 Com ele crucificaram dois ladrões, um à sua direita e outro à sua esquerda, 28 e cumpriu-se a Escritura que diz: Ele foi contado entre os transgressores b. 29 Os que passavam lançavam-lhe insultos, balançando a cabeçau e dizendo: Ora, você que destrói o templo e o reedifica em três dias,v 30 desça da cruz e salve-se a si mesmo! 31 Da mesma forma, os chefes dos sacerdotes e os mestres da lei zombavam delew entre si, dizendo: Salvou os outros, mas não é capaz de salvar a si mesmo! 32 O Cristo,x o Rei de Israely... Desça da cruz, para que o vejamos e creiamos! Os que foram crucificados com ele também o insultavam. A Morte de Jesus (Mt 27.45-56; Lc 23.44-49; Jo 19.28-30) 33 E houve trevas sobre toda a terra, do meio-dia às três horas da tardec.z

15.24 s Sl 22.18 15.26 t V v. 2 15.29 u Sl 22.7; 109.25 v V Jo 2.19 15.31 w Sl 22.7 15.32 x V Mc 14.61 y V v. 2 15.33 z Am 8.9

15.34 a Sl 22.1 15.36 b v. 23; Sl 69.21 15.37 c Jo 19.30 15.38 d Hb 10.19,20 15.39 e v. 45 f Mc 1.1,11; 9.7; V Mt 4.3 15.40 g Sl 38.11 h Mc 16.1; Lc 24.10; Jo 19.25

cificado, perto de Jerusalém, datando entre 7 e 66 d.C., o que lançou luz sobre a posição da vítima ao ser pregada na cruz. Somente os escravos, os criminosos mais vis e os não-romanos eram executados dessa maneira. Autores do séc. I mencionam com vividez a agonia e a vergonha de ser crucificado. Dividindo as roupas dele. Era direito garantido ao grupo da execução tomar posse dos bens da vítima. As roupas de Jesus consistiam provavelmente em uma túnica interior e outra exterior, um cinto, sandálias e talvez algo para cobrir a cabeça. 15.25 Eram nove horas da manhã. V. nota textual NVI. V. tb. notas em Lc 23.44; Jo 19.14. 15.26 acusação contra ele. Segundo o costume, escrevia-se a acusação numa tábua de madeira adiante da vítima, que andava até o local da execução, sendo depois afixada à cruz acima da sua cabeça. O REI DOS JUDEUS. A linguagem da acusação tem ligeiras diferenças nos evangelhos, mas todos concordam em que Jesus foi crucificado por declarar ser rei dos judeus. 15.27 dois ladrões. Segundo a lei romana, o latrocínio não era delito capital. O termo empregado por Marcos deve significar homens culpados de insurreição, crucificados por alta traição. 15.28 Os manuscritos gregos mais antigos e fidedignos não trazem esse versículo. Foi provavelmente acrescentado com base em Lc 22.37 (citando Is 53.12). Marcos não inclui muitas citações do AT. 15.29 V. nota em 14.58. 15.32 Cristo. V. nota textual NVI em Mt 1.17. Os que foram crucificados com ele. Um dos criminosos arrependeu-se posteriormente e pediu para ser incluído no reino de Jesus (Lc 23.39-43).

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1714 Preto

34 Por volta das três horas da tarde, Jesus

bradou em alta voz: Eloí, Eloí, lamá sabactâni? ,a que significa Meu Deus! Meu Deus! Por que me abandonaste? d 35 Quando alguns dos que estavam presentes ouviram isso, disseram: Ouçam! Ele está chamando Elias . 36 Um deles correu, embebeu uma esponja em vinagre,b colocou-a na ponta de uma vara e deu-a a Jesus para beber. E disse: Deixem-no. Vejamos se Elias vem tirá-lo daí . 37 Mas Jesus, com um alto brado, expirou.c 38 E o véu do santuário rasgou-se em duas partes, de alto a baixo.d 39 Quando o centuriãoe que estava em frente de Jesus ouviu o seu brado ee viu como ele morreu, disse: Realmente este homem era o Filho de Deus! f 40 Algumas mulheres estavam observando de longe.g Entre elas estavam Maria Madalena, Saloméh e Maria, mãe de Tiago, o mais jovem, e de José. 41 Na Galiléia elas tinham seguido e servido a15.25

Grego: Era a hora terceira. b15.28 Is 53.12 c15.33 Grego: da hora sexta até a hora nona. d15.34 Sl 22.1 e15.39 Alguns manuscritos não trazem ouviu o seu brado e.

15.33 do meio-dia às três horas da tarde. V. nota textual NVI. 15.34 As palavras foram proferidas em aramaico (mas com algumas características hebraicas), um dos idiomas comumente falados nos dias de Jesus. Revelam quão profundamente Jesus se sentia abandonado por Deus ao carregar sobre si os pecados da espécie humana (v., porém, intr. ao Sl 22 e nota no Sl 22.1). 15.35 Elias. Os circunstantes, erroneamente, entenderam as primeiras palavras da exclamação de Jesus (“Eloí, Eloí”) como se fosse uma invocação a Elias. A crença comum era que Elias viria em tempos de necessidade crítica para proteger os inocentes e ajudar os justos (v. 36). 15.36 vinagre. Vinho azedo bebido por trabalhadores braçais e soldados. 15.37 com um alto brado. A força do brado mostra que Jesus não morreu da mesma maneira que os crucificados em geral, que normalmente sofriam longos períodos de absoluta agonia e exaustão, seguidas de inconsciência antes de morrerem. 15.38 véu do santuário. A cortina que separava o Lugar Santo do Lugar Santíssimo (Êx 26.31-33). Rasgar essa cortina significava que Cristo entrara no próprio céu a nosso favor, a fim de que também entrássemos na presença de Deus (Hb 9.8-10,12; 10.19,20). 15.39 centurião. Comandante de 100 soldados do exército romano. viu como ele morreu. V. nota no v. 37. o Filho de Deus. V. notas em Mt 27.54; Lc 23.47. 15.40 Maria Madalena. Em 16.9 e em Lc 8.2 somos informados de que Jesus expulsara dela sete demônios. Maria, mãe de Tiago, o mais jovem, e de José. Cf. v. 47; 16.1. Salomé. Provavelmente esposa de Zebedeu e mãe de Tiago e de João (v. Mt 27.56).

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1715 a Jesus. Muitas outras mulheres que tinham subido com ele para Jerusalém também estavam ali.i O Sepultamento de Jesus (Mt 27.57-61; Lc 23.50-56; Jo 19.38-42) 42 Era o Dia da Preparação, isto é, a véspera do sábado, j 43 José de Arimatéia, membro de destaque do Sinédrio,k que também esperava o Reino de Deus,l dirigiu-se corajosamente a Pilatos e pediu o corpo de Jesus. 44 Pilatos ficou surpreso ao ouvir que ele já tinha morrido. Chamando o centurião, perguntou-lhe se Jesus já tinha morrido. 45 Sendo informado pelo centurião,m entregou o corpo a José. 46 Então José comprou um lençol de linho, baixou o corpo da cruz, envolveu-o no lençol e o colocou num sepulcro cavado na rocha. Depois, fez rolar uma pedra sobre a entrada do sepulcro.n 47 Maria Madalena e Maria, mãe de José,o viram onde ele fora colocado. A Ressurreição (Mt 28.1-10; Lc 24.1-12; Jo 20.1-9) Quando terminou o sábado, Maria Madalena, Salomé e Maria, mãe de Tiago, compraram especiariasp aromáticas para ungir o corpo de Jesus.

16

15.41 i Mt 27.55,56; Lc 8.2,3 15.42 j Mt 27.62; Jo 19.31 15.43 k V Mt 5.22 l V Mt 3.2; Lc 2.25,38 15.45 m v. 39 15.46 n Mc 16.3 15.47 o v. 40 16.1 p Lc 23.56; Jo 19.39,40

16.3 q Mc 15.46 16.5 r V Jo 20.12 16.6 s V Mc 1.24 16.7 t Jo 21.1 23 u Mc 14.28 16.9 v Mc 15.47; Jo 20.11 18

15.42 Dia da Preparação. Sexta-Feira. Como já entardecia, havia urgência em tirar o corpo de Jesus do madeiro antes do pôr-do-sol, momento em que se iniciava o sábado. 15.43 Arimatéia. V. nota em Mt 27.57. Sinédrio. V. nota em 14.55. Reino de Deus. V. nota em Mt 3.2. Pilatos. V. nota no v. 1. pediu o corpo de Jesus. V. nota em Lc 23.52. 15.44 surpreso. Os homens crucificados demoravam, em muitos casos, dois ou três dias para morrer; a morte rápida de Jesus foi, portanto, extraordinária. 15.45 entregou o corpo a José. A liberação do corpo de um condenado por alta traição era altamente incomum, sobretudo nesse caso, em que Jesus não se tratava de parente imediato. 15.46 sepulcro cavado na rocha. Mateus conta que o túmulo pertencia a José e era novo, i.e., não havia sido usado antes (Mt 27.60). O túmulo estava num jardim bem próximo do local da crucificação (v. Jo 19.41). Há evidências arqueológicas de que o lugar tradicional do sepultamento de Jesus (a Igreja do Santo Sepulcro, em Jerusalém) era um cemitério no séc. I d.C. pedra. Pedra em forma de disco que era girada num sulco inclinado. 16.1 terminou o sábado. Por volta de 18 horas, no entardecer. Nenhuma compra era possível no sábado. Maria Madalena, Salomé e Maria, mãe de Tiago. V. nota em 15.40. especiarias. Os judeus não praticavam o embalsamamento. Essas especiarias foram trazidas como ato de devoção e amor. para ungir o corpo de Jesus. As mu-

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1715 Preto

MARCOS 15, 16 2 No

primeiro dia da semana, bem cedo, ao nascer do sol, elas se dirigiram ao sepulcro, 3 perguntando umas às outras: Quem removerá para nós a pedra da entrada do sepulcro? q 4 Mas, quando foram verificar, viram que a pedra, que era muito grande, havia sido removida. 5 Entrando no sepulcro, viram um jovem vestido de roupas brancasr assentado à direita, e ficaram amedrontadas. 6 Não tenham medo , disse ele. Vocês estão procurando Jesus, o Nazareno,s que foi crucificado. Ele ressuscitou! Não está aqui. Vejam o lugar onde o haviam posto. 7 Vão e digam aos discípulos dele e a Pedro: Ele está indo adiante de vocês para a Galiléia. Lá vocês o verão,t como ele lhes disse. u 8 Tremendo e assustadas, as mulheres saíram e fugiram do sepulcro. E não disseram nada a ninguém, porque estavam amedrontadas. 9 aQuando Jesus ressuscitou, na madrugada do primeiro dia da semana, apareceu primeiramente a Maria Madalena,v de quem havia expulsado sete demônios. a16.9 Alguns manuscritos antigos não trazem os versículos 920; outros manuscritos do evangelho de Marcos, apresentam finais diferentes.

lheres não tinham nenhuma expectativa da ressurreição de Jesus. 16.3 Quem removerá [...] a pedra...? Colocar a grande pedra no lugar era tarefa relativamente fácil, mas, depois de encaixada no sulco cortado na rocha maciça, defronte da entrada, era de dificílimo deslocamento. 16.5 Entrando no sepulcro. Dentro da entrada grande, na frente do túmulo havia, uma antecâmara, e no fundo desta havia uma abertura retangular baixa que levava à câmara da sepultura. jovem vestido de roupas brancas. Identificado por Mateus (28.2) como um anjo. V. nota em Lc 24.4. 16.6 crucificado. V. nota em 15.24. Ele ressuscitou! O auge de Marcos é a ressurreição, sem a qual a morte de Jesus seria indiscutivelmente trágica, por mais nobre que fosse. Na ressurreição, no entanto, Jesus é declarado Filho de Deus com poder (Rm 1.4). 16.7 e a Pedro. Jesus demonstrou especial preocupação por Pedro, tendo em vista a jactância confiante deste, seguida por atos que negavam a Jesus (14.29-31,66-72). como ele lhes disse. V. 14.28. 16.9-20 Existe grande dúvida quanto a esses versículos pertencerem a Marcos. Estão ausentes em alguns manuscritos antigos importantes e demonstram certas peculiaridades de vocabulário, estilo e conteúdo teológicos diferentes do restante de Marcos. É provável que seu evangelho tenha terminado em 16.8, ou que seu desfecho original se tenha perdido. 16.9 Maria Madalena. V. nota em 15.40.

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MARCOS 16

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10 Ela foi e contou aos que com ele tinham

estado; eles estavam lamentando e chorando. 11 Quando ouviram que Jesus estava vivo e fora visto por ela, não creram.w 12 Depois Jesus apareceu noutra forma a dois deles, estando eles a caminho do campo.x 13 Eles voltaram e relataram isso aos outros; mas também nestes eles não creram. 14 Mais tarde Jesus apareceu aos Onze enquanto eles comiam; censurou-lhes a incredulidade e a dureza de coração, porque não acreditaram nos que o tinham visto depois de ressurreto.y 15 E disse-lhes: Vão pelo mundo todo e preguem o evangelho a todas as pessoas.z 16 Quem crer e for batizado será salvo, mas quem não crer será con-

16.11 w v. 13,14; Lc 24.11 16.12 x Lc 24.13 32 16.14 y Lc 24.36 43 16.15 z Mt 28.18 20; Lc 24.47,48; At 1.8 16.16

a Jo 3.16,18,36;

At 16.31 16.17 b V Jo 4.48

c Mc 9.38;

Lc 10.17; At 5.16; 8.7; 16.18; 19.13 16 d At 2.4; 10.46; 19.6; 1Co 12.10,28,30; 13.1; 14.2 39 16.18 e Lc 10.19; At 28.3 5 f V At 6.6 16.19 g Lc 24.50,51;

16.12,13 Relato abreviado dos dois homens a caminho de Emaús (v. Lc 24.13-35). 16.14 os Onze. Judas Iscariotes tinha-se suicidado (v. Mt 27.5). 16.16 batizado. V. notas em 1.4; Rm 6.3,4.

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denado. a 17 Estes sinais b acompanharão os que crerem: em meu nome expulsarão demônios; c falarão novas línguas; d 18 pegarão em serpentes; e e, se beberem algum veneno mortal, não lhes fará mal nenhum; imporão as mãos sobref os doentes, e estes ficarão curados . 19 Depois de lhes ter falado, o Senhor Jesus foi elevado aos céusg e assentouse à direita de Deus.h 20 Então, os discípulos saíram e pregaram por toda parte; e o Senhor cooperava com eles, confirmando-lhes a palavra com os sinaisi que a acompanhavam. Jo 6.62; At 1.9 11; 1Tm 3.16 h Sl 110.1; Mt 26.64; At 2.33; 5.31; Rm 8.34; Cl 3.1; Hb 1.3; 12.2 16.20 i V Jo 4.48

16.18 se beberem algum veneno mortal. Não aparece no NT nenhum caso de alguém beber veneno mortal sem sofrer danos. 16.19 à direita de Deus. Posição de autoridade quase igual ao do próprio Deus Pai (v. 14.62; Sl 110.1).

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