Mulher sem nome | Capítulo 1

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Mulher sem nome dilemas e alternativas da esposa de pastor


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Nancy Gonçalves Dusilek

Mulher sem nome dilemas e alternativas da esposa de pastor

2. edição revista e ampliada

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©1995, 2009, de Nancy Gonçalves Dusilek

Editora Vida Rua Isidro Tinoco, 70 Tatuapé cep 03316-010 São Paulo, sp Tel.: 0 xx 11 2618 7000 Fax: 0 xx 11 2618 7030 www.editoravida.com.br

Editor responsável: Sônia Freire Lula Almeida Editor-assistente: Gisele Romão da Cruz Santiago Edição: Nilda Nunes Revisão de provas: Noemí Lucília Soares Ferreira Diagramação: Set-up Time Capa: Arte Peniel

Todos os direitos desta tradução em língua portuguesa reservados por Editora Vida. Proibida a reprodução por quaisquer meios, salvo em breves citações, com indicação da fonte.

Scripture quotations taken from Bíblia Sagrada, Nova Versão Internacional, NVI ® Copyright © 1993, 2000 by International Bible Society ®. Used by permission IBS-STL U.S. All rights reserved worldwide. Edição publicada por Editora Vida, salvo indicação em contrário. Todas as citações bíblicas e de terceiros foram adaptadas segundo o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, assinado em 1990, em vigor desde janeiro de 2009.

2. ed. rev. e ampl.:  jan. 2009 1ª reimp.:  maio 2011 2ª reimp.:  out. 2011

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (cip) (Câmara Brasileira do Livro, sp, Brasil) Dusilek, Nancy Gonçalves Mulher sem nome: dilemas e alternativas da esposa de pastor / Nancy Gonçalves Dusilek. 2. ed. rev. e ampl. — São Paulo: Editora Vida, 2009. isbn 978-85-383-0090-8

1. Esposas de pastores I. Título.

08-10670

cdd-253.22

Índices para catálogo sistemático:

1. Esposas de pastores : Cristianismo  253.22 2. Pastores : Esposas : Cristianismo 253.22


Agradecimentos Agradeço a Deus a manifestação constante de sua graça em minha vida, o privilégio de ter sido esposa de pastor e muito mais o de ser mãe de pastor. A todas as esposas de pastores, quer jovens quer não, as que conheço, as que não conheço e as que jamais terei o privilégio de conhecer. Nancy Dusilek


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Sumário Prefácio

1. E agora? 2. Ser ou estar esposa de pastor 3. Eu sou gente também 4. A “pastora” 5. “Ovelhas sem pastor...” 6. As cobranças sobre a mulher sem nome 7. O relacionamento conjugal da mulher sem nome 8. Os filhos da mulher sem nome — I 9. Os filhos da mulher sem nome — II 10. O marido da mulher sem nome 11. As finanças na família da mulher sem nome 12. A casa da mulher sem nome 13. Igreja — chegando e saindo 14. Mulher sem nome e sem igreja 15. O crescimento pessoal da mulher sem nome 16. Mulher com nome Conclusão

9 15 19 23 27 32 39 45 55 63 71 80 89 97 105 113 119 124


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Prefácio

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epois de quase quinze anos de colocar no papel o que tinha no coração sobre a esposa de pastor (a primeira edição foi escrita em 1994 e publicada em 1995), sou desafiada a rever o texto e acrescentar algumas outras coisas que aconteceram desde então. Olhando para trás, é difícil acreditar que ainda estou viva e alegre servindo a meu Senhor. As experiências vividas nesse período — algumas alegres, outras muito duras — contribuíram para o meu crescimento pessoal. Dou graças ao Senhor porque, em momento nenhum, ele me desamparou. Pelo contrário, nunca o vi mais próximo. Pessoas escrevem sobre os mais variados assuntos, de receitas para doces a grandes obras literárias e tratados científicos. Até onde sei, porém, são raros os livros escritos sobre a esposa de pastor. Peço licença para usar, em todo o livro, o termo “pastor” por ser o mais comum em nosso contexto evangélico. No entanto, esse termo, em todos os casos, significa também presbítero, bispo, reverendo, obreiro etc.


Certamente posso levantar algumas razões na tentativa de explicar a escassez de livros sobre essas ilustres desconhecidas: quase ninguém se acha em condições de escrever sobre o tema, e muito menos eu. Além disso, geralmente receamos expor abertamente assuntos relacionados a nós e à nossa família; isso nos assusta. Por último, nos perguntamos: será que há interesse por parte das pessoas em ler sobre o tema “esposa de pastor”? E descobrimos que existem muitas. Das três justificativas apresentadas, devo confessar que estou incluída na primeira. Ainda não me havia decidido a escrever sobre este tema, por ter consciência de não ser a pessoa mais indicada para fazê-lo. Além do mais, sei que há mulheres com valiosas experiências nesta caminhada que poderiam muito nos ajudar, caso colocassem no papel suas preciosas experiências. No entanto, como ainda não decidiram fazer isso, e por saber da necessidade urgente de livros sobre o assunto, atrevi-me a escrever este. E, agora, revisá-lo. Quanto ao receio de expor tanto a nós como à nossa família, reconheço ser alto o preço que se paga quando escrevemos o que está em nosso coração e mente. No entanto, se não nos dispusermos a correr o risco, será impossível ajudar aquelas que estão dando os primeiros passos nessa caminhada. Ao compartilhar experiências, damos um pouco da nossa chama a quem nos ouve ou lê. Tentei compartilhar várias faces de nossa vivência. Contudo, reconheço que excluí algumas. Ou por não ser um assunto concluído, ou por falta de coragem mesmo. Se há ou não pessoas interessadas neste tema, posso responder usando um fato que observo há anos. Tenho participado de alguns encontros de esposas de pastores e notado que as mais 10


jovens ou as recém-chegadas à posição sentem certa dificuldade em escolher a melhor maneira de agir nas mais variadas situações. Portanto, creio que os temas aqui tratados interessarão a essas mulheres. Desde já quero deixar claro que não estou propondo um modelo ideal de esposa de pastor. Quem sou eu? Aliás, isso não existe. Cada pessoa é individual, sem clones. Quero apenas conversar com você, companheira de ministério, sobre alguns aspectos dessa função: nossos privilégios, responsabilidades, família, as cobranças que nos fazem e outros assuntos. O título Mulher sem nome: dilemas e alternativas da esposa de pastor foi escolhido propositadamente. Uma das práticas mais difundidas no meio evangélico é apresentar o pastor “fulano de tal e sua esposa”. Até quando o casal é vocacionado para missões e há as famosas despedidas, fala-se sempre em “nosso querido pastor... e sua esposa”. Isso, sem falar nos filhos também. A esposa de pastor parece realmente alguém a quem esqueceram de dar um nome quando ela nasceu nessa nova família — a família pastoral. Raramente pronunciam o seu nome. Mesmo quando ela vai falar ou cantar, alguns irmãos, em sua simplicidade ou inocência, apresentam a oradora ou solista, dizendo de quem ela é esposa, falando sobre seus estudos, o que vai falar ou cantar, mas não dizem o seu nome. É uma mulher sem identidade própria que vive à sombra do marido. O meu objetivo não é levantar nenhuma bandeira em favor dessas mulheres anônimas, e sim conversar com todas na “nossa língua”, sobre nossos ideais, frustrações, esperanças, alegrias, tristezas e as cobranças que nos vêm de todos os lados. Há muitas áreas da minha vida em que ainda preciso crescer bastante, o que 11


creio não me impede de dividir com você o pouco que consegui reunir de informações e experiências ao longo da caminhada. Sei, de antemão, que você pode não concordar com muitas das ideias apresentadas nesta obra, e isso é bom, pois as pessoas são diferentes e cada uma vê o mundo com óculos próprios. Entretanto, se a leitura deste livro levá-la a assumir o compromisso de melhor servir a Deus e a caminhar nesta vida com alegria e consciência de seu privilégio e responsabilidade como esposa de pastor, dou-me por satisfeita. Pois a finalidade primordial de Mulher sem nome é levar mulheres que ocupam a função de esposa de pastor a glorificar a Deus em sua vida. Reconheço que é impossível abordar todos os aspectos dessa função de uma só vez e por uma mesma pessoa. As óticas são pessoais e diferentes umas das outras. Nesta obra, abordamos a nova situação vivida pela mulher que assume a função de esposa de pastor e caminha em busca da própria identidade. Estudamos o termo “pastora”, usado-o nas mais variadas formas. Tratamos das cobranças externas e internas que nos fazem. Abordamos a família, o relacionamento conjugal e os filhos da mulher sem nome, além de dedicar um capítulo ao marido-pastor. Não esquecemos das finanças, da casa, da igreja e das mulheres que ficam viúvas ou sozinhas. Os dilemas, as dúvidas e os problemas da esposa de pastor são muitos, não negamos. No entanto, em compensação, as alternativas de crescimento pessoal, de conhecimento do próximo, de comunhão com Deus para honrar o nome dele nessa posição são muito maiores. Depende da sua maneira de ver as coisas. Finalmente, devo mencionar que, após trinta e oito anos vivendo como esposa de pastor, agora faço parte de outro grupo: o das viúvas. Passei a ser a ex-esposa de pastor ou a viúva 12


do pastor Darci Dusilek, fato que, confesso, me deixa triste e desconfortável. No entanto, seguimos em frente a serviço do reino. Aproveito esta nova edição para compartilhar algumas outras experiências pessoais que você acompanhará durante a leitura ou releitura deste livro. Ninguém está isento às ciladas do inimigo. Muito menos a família do pastor. A experiência que vivi em 1997-1998 me fez crescer como mulher e serva de Deus. Uma das boas coisas que me aconteceram nesta caminhada de “mulher sem nome” foi tornar-me mãe de pastor. E mais ainda, pois minha nora, Liliana, é filha e neta de pastor. Sinto-me privilegiada duplamente: esposa e mãe. Louvado seja Deus. Nancy Dusilek

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1 E agora?

É

interessante notar a preocupação de algumas irmãs com os seminaristas que fazem estágio ou ministério de fim de semana em nossas igrejas. Algumas se preocupam de fato, pois pensam no próprio filho longe de casa, e, assim como desejam que alguém cuide bondosamente desse filho, elas se dispõem também a zelar por esse seminarista que está distante de casa. Outras, na verdade, estão “de olho” é no possível futuro genro. Às vezes, as filhas fazem parte dessa cumplicidade, e também usam suas armas femininas para conquistar o jovem. Quando tudo dá certo, com final feliz, de repente a jovem acorda do sonho e se pergunta: E agora? Eu queria mesmo me casar com um pastor? Ou será que eu simplesmente me deixei vencer pelo fascínio do rapaz elegante que fala com eloquência, tem uma linda voz, é líder, e entrei na disputa acirrada entre as moças da igreja só para ver no que daria? Há ocasiões em que a moça conhece o rapaz no próprio seminário. No início são apenas colegas, mas, pela distância da família, por carências afetivas e solidão, começam um namoro


que termina em casamento, apesar de nenhum dos dois estar convicto do que realmente espera dessa vida em comum. O rapaz se dedica ao ministério, e essa jovem mulher, de repente, passa a se interrogar: e agora? Era isso mesmo que eu queria? Outras vezes, os jovens já namoravam antes de o rapaz ir para o seminário. Enquanto ele se preparava para o ministério, a moça o esperava. Eles se casaram, e, pouco tempo depois, perceberam que não tinham nada em comum quanto ao compromisso com Deus, à visão de ministério e à perspectiva de vida. O casamento aconteceu por causa do compromisso que haviam assumido anteriormente, e o receio de “o que os outros vão dizer?” forçou-os a entrar numa vida em comum que não foi sonhada pela moça. Então, ela se pergunta: e agora? Nos grupos não-tradicionais, a ascensão ao pastorado pode ocorrer quando os líderes percebem o potencial e as condições de um membro da igreja para o ministério. A esposa não esperava por isso. E agora, como reagirá? O esposo será pastor, presbítero, bispo, obreiro, e ambos, com sua família, vão envolver-se nessa nova situação e receber as influências e cobranças naturais ao cargo. E agora? O que fazer? Há ainda aqueles que sentem o chamado para o ministério, e pensam em ir para um seminário depois que a família já está constituída. Alguns maridos são sábios e aguardam Deus falar à esposa também. O que tenho visto, porém, em muitos casos, é o marido “sentir” a chamada e “comunicar” à esposa, sem levar em consideração o que ela pensa sobre o assunto. O fato é que Deus não divide a família, pois ele a criou para permanecer unida. Ele seria incoerente se fizesse isso. O que pode acontecer, a meu ver, são duas situações: ou a esposa não quer aceitar o desafio de Deus, e diante disto o marido deve orar, 16


pedindo ao Espírito Santo que quebrante o coração da esposa, pois o casal só será completo e feliz se estiver dentro da vontade de Deus; ou o marido desconsidera a opinião da esposa, e parte para o desafio ministerial, sem dar muita importância ao fato de ela o apoiar ou não. Um vocacionado que não considera a opinião da esposa já começa mal, pois demonstra desvalorizar outro ser humano. E, na liderança cristã, amar o próximo é também considerá-lo em suas posições. Infelizmente, esses casos são mais comuns do que imaginamos. Muitos desses irmãos se esquecem que poderiam continuar sendo excelentes líderes-leigos em sua igreja sem, necessariamente, serem pastores. O fato é que, no fundo, alguns querem mesmo é o status de pastor, para terem maior reconhecimento, ou outros motivos que alimentam sua busca do ministério pastoral. Alguns até se consideram muito santos, muito espirituais e acham que por isso têm de ser pastor. A santidade de vida não precisa de títulos para se escorar. É para todos indiscriminadamente. Em todos esses casos, o marido pode provocar amargura no coração da esposa e divisão na família. Seus motivos egocêntricos estão muitas vezes escondidos por trás de um discurso muito comum em nosso meio — a mulher deve ser submissa ao marido. E, caso ela se recuse a acompanhá-lo nesse projeto de vida, ou mesmo questioná-lo, o marido alega que ela está desobedecendo às ordens de Deus, o que, sem dúvida, é uma interpretação errada do texto bíblico. Entendo que, quando Deus vocaciona alguém para o ministério, ele ajusta a esse chamado todas as demais pessoas ligadas a quem ele está chamando, sem violentá-las, para que o cumprimento do chamado seja completo, produza alegria e traga realização pessoal a cada componente da família. 17


Há também as mulheres que estão casadas há muito tempo, com a vida estabilizada e estruturada, mas, a certa altura, o marido é convocado para o ministério, e elas aceitam a situação de maneira tranquila e ficam satisfeitas. Elas, porém, têm dúvidas quanto ao que devem fazer para que sua companhia ao lado do marido seja uma bênção sem que, para isso, sejam anuladas. Daí, um dos objetivos deste livro — ajudar mulheres que iniciam a caminhada de esposa de pastor. E agora? Agora é a hora de pararmos para analisar as razões que nos levaram à condição de esposa de pastor. Pode ter sido o desejo consciente de servir a Deus, ou a aceitação da vontade divina, ou nosso compromisso com os valores do Reino. Se foi uma ou mais dessas razões, então vamos em frente, esforçandonos para melhorar cada dia nosso desempenho, sabendo que estamos servindo ao Senhor por meio da parceria ministerial. No entanto, se algumas de nós se tornaram esposa de pastor por outras razões, acredito que Deus está sempre disponível e com atitude de amor para ouvir nossas frustrações e pedidos de socorro. Se você, querida leitora, tornou-se esposa de pastor por outras razões e está enfrentando os problemas oriundos dessa função, mas continua desejando ardentemente fazer a vontade de Deus, lembre-se de que, se lhe pedirmos humildemente que mova as águas de maneira poderosa em nossa vida e renove o nosso coração, ele completará a obra — às vezes em nós; outras, em nosso marido, e, na maioria das vezes, em ambos. Disto não tenho a menor dúvida. “Afinal de contas — você pode se perguntar —, eu sou ou estou esposa de pastor?”

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