Nunca mais | Capítulo 1

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Editora Vida

Rua Conde de Sarzedas, 246 – Liberdade CEP 01512­‑070 – São Paulo, SP Tel.: 0 xx 11 2618 7000 Fax: 0 xx 11 2618 7030 www.editoravida.com.br

©2014, Dr. Henry Cloud Originalmente publicado nos EUA com o título Never Go Back: 10 Things You’ll Never Do Again. Copyright da edição brasileira © 2016, Editora Vida. Edição publicada com permissão da Howard Books, uma divisão da Simon & Schuster, inc. (Nova York, Nova York, EUA).

Todos os direitos desta tradução em língua portuguesa reservados por Editora Vida. Proibida a reprodução por quaisquer meios, salvo em breves citações, com indicação da fonte.

Editor responsável: Marcelo Smargiasse Editor assistente: Gisele Romão da Cruz Santiago Tradução: Maria Emília de Oliveira Revisão de tradução: Andrea Filatro Revisão de provas: Josemar de Souza Pinto Projeto gráfico e diagramação: Claudia Fatel Lino Capa: Arte Peniel

Scripture quotations taken from Bíblia Sagrada, Nova Versão Internacional, NVI ®. Copyright © 1993, 2000, 2011 Biblica Inc. Used by permission. All rights reserved worldwide. Edição publicada por Editora Vida, salvo indicação em contrário. Todas as citações bíblicas e de terceiros foram adaptadas segundo o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, assinado em 1990, em vigor desde janeiro de 2009.

1. edição: jul. 2016

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Cloud, Henry Nunca mais... : 10 erros que você nunca mais vai cometer / Henry Cloud ; [tradução Maria Emilia de Oliveira]. -- São Paulo : Editora Vida, 2016. Título original: Never Go Back : 10 Things You’ll Never Do Again. ISBN 978-85-383-0340-4 1. Arrependimento 2. Autoajuda 3. Crescimento espiritual 4. Religião 5. Vida cristã I. Título. 16-04206

CDD-248.4 Índices para catálogo sistemático: 1. Crescimento espiritual : Vida cristã   248.4

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Este livro ĂŠ dedicado aos meus clientes, amigos e mentores que compartilharam sua vida e sua sabedoria comigo. Sem a ajuda de vocĂŞs, eu teria feito muito mais retornos na estrada da vida.

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Agradecimentos

Um livro é uma jornada, com muitas orientações e ajudas ao longo do caminho. Tenho sido guiado e ajudado por muitas pessoas nesse caminho, e entre elas cito algumas às quais gostaria de agradecer por este livro: • Aos meus clientes. Obrigado por compartilhar sua vida e trabalhar comigo. Sou imensamente grato a vocês. • Às minhas agentes, Jan Miller e Shannon Marven. Vocês tornaram a obra editorial um prazer e uma missão compartilhada. Sinto pena daqueles que tentam escrever livros sem a ajuda de vocês! Como deve ser difícil para eles! • À minha editora, Philis Boultinghouse. Trabalhar com você foi uma dádiva e um grande prazer. Gostaria que todos os editores fossem iguais a você! • À minha assistente, Lexi. Obrigado por ter coordenado todo o trabalho e por me ajudar a prosseguir, graças à sua atitude e ao seu espírito estimulantes. • À minha família. Obrigado pela diversão e alegria que me abastecem quando estou tentando escrever um livro! • Aos meus amigos. Obrigado pelo entusiasmo que vocês me transmitem. • A Deus. Obrigado por tua vida e tua sabedoria.

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Sumário

Prefácio: Um Jesus gigantesco girando acima de mim.........................11 Introdução: Nunca mais .....................................................................17

Primeira parte Sinais de despertamento de nunca mais... 1. 2. 3. 4. 5.

Nunca mais... Volte a fazer o que não deu certo............................29 Nunca mais... Faça algo que exija que você seja quem você não é.. 43 Nunca mais... Tente mudar outra pessoa.......................................59 Nunca mais... Acredite que você pode agradar a todo mundo......75 Nunca mais... Prefira o conforto de curto prazo ao benefício de longo prazo..............................................................95 6. Nunca mais... Confie em alguém ou em algo perfeito.................109 7. Nunca mais... Tire os olhos do quadro geral................................123 8. Nunca mais... Despreze a diligência devida.................................143 9. Nunca mais... Deixe de perguntar por que você está onde está.... 163 10. Nunca mais... Esqueça que a sua vida interior determina o seu sucesso exterior.....................................................183

Segunda parte E agora? 11. Tenha certeza de nunca retroceder.............................................205 12. Desperte!.....................................................................................209 13. A verdade sobre a autoajuda.......................................................221 14. Princípios poderosos para fazer a mudança acontecer................235

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Prefácio Um Jesus gigantesco girando acima de mim

Eu estava entusiasmado com a reunião que em breve teria com um executivo de televisão. Ele trabalhava com uma das principais redes de TV em um projeto e queria que eu o avaliasse, pois já conhecia alguns dos meus trabalhos e o meu nome lhe havia sido indicado por alguns colegas. Tivemos uma ótima conversa por telefone sobre como eu abordaria o tópico que ele queria examinar, e ele já havia concordado com aquilo que tínhamos discutido anteriormente. Até que... Entrei e fui conduzido pelo maître até a mesa do executivo. — Oi, sou Henry. Muito prazer em conhecê-lo pessoalmente — eu me apresentei. — Oi — ele disse, mas sem aquela atitude tão exuberante que havia demonstrado pelo telefone alguns dias antes. Depois que pedimos a refeição, ele não perdeu tempo e partiu imediatamente para me explicar seus motivos. — Bem... — ele começou a dizer. — Investiguei a seu respeito em um site de buscas. — Tudo bem, e o que encontrou? — eu quis saber. — Quando digitei o seu nome, foi como se houvesse um Jesus gigantesco girando acima da sua cabeça. — Hã... o quê? — perguntei. Eu nunca havia visto Jesus pairando acima de mim, portanto fiquei um pouco surpreso e confuso. 11

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Nunca mais

— Muito do que você escreve e fala é religioso demais. Quando conversamos, você parecia bastante normal, por isso fiquei tão chocado. Você tem um título de doutor, certo? Mas em um dos trechos lidos eu não soube definir se você é um psicólogo ou um pregador. Você estava falando sobre Deus e Jesus e sobre um amontoado de coisas religiosas. E então? O que você tem a me dizer? A risada foi tão forte que até espirrei o café que estava tomando. — Agora entendi... — foi a minha resposta. — O “Jesus girando” e “Você parecia normal” me fizeram rir, mas isso com certeza pode ser verdadeiro em alguma medida. — Como assim? — É exatamente como você disse — prossegui. — A minha vida profissional é muito séria para mim e tem base científica. Passei muito tempo mergulhado na pesquisa de assuntos clínicos, relacionais e de desempenho; então, sim, tenho um “título de doutor”, conforme você disse. E a maior parte do meu trabalho é feita em locais muito comuns e seculares, como esta rede, a CNN ou a Fox, ou em eventos de empresas ou de liderança nos quais o assunto não tem nada que ver com fé ou espiritualidade. O que eu digo se encaixa nisso porque, quando estamos falando sobre o que causa depressão, sobre relacionamentos rompidos ou sobre comportamentos destrutivos de um CEO, eu trabalho com base em princípios verdadeiros ou de ciência baseada em pesquisa. Foi por isso que você concordou com o que conversamos pelo telefone. Apenas uma conversa assunto “normal” de psicólogo, como você bem disse. E prossegui: — Ao mesmo tempo, apesar de não ser particularmente “religioso”, repetindo as suas palavras, eu sou uma pessoa de fé. Passei a acreditar que toda ciência e pesquisa comprovam o que a tradição da minha fé ensina. Portanto, às vezes 12

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Prefácio

tenho a oportunidade de falar, escrever e trabalhar em contextos nos quais também menciono a fé. Foi por isso que não me surpreendi por você ter encontrado algumas informações desse tipo sobre mim. Não se assuste — completei, divertindo-me um pouco com tudo aquilo. — Bom, você disse que a sua expressão de fé às vezes causa problemas. Quais seriam? — ele perguntou. — A expressão do seu rosto quando entrei! — respondi. — Já vi essa expressão antes. — Que expressão? — Você resumiu tudo quando disse: “Pensei que você fosse normal e agora descobri que é um daqueles sujeitos religiosos”. As pessoas me associam àqueles tipos esquisitos que elas conhecem em grupos religiosos, porque também escrevo sobre fé e sobre como a fé afeta a nossa vida. Tenho de convencer os outros de que a fé verdadeira não é nem um pouco esquisita. Por isso, às vezes preciso superar outro obstáculo: a culpa por ter o meu nome associado aos malucos. Acontece que eu vejo e sinto uma grande compatibilidade entre a sabedoria espiritual e o conhecimento científico e, para mim, eles validam um ao outro repetidas vezes. Não vejo nenhum conflito. — Certo, faz sentido... eu acho — ele disse. — Você não pareceu maluco quando conversamos, mas pensei nessa possibilidade. E ela me assustou. — Sou um pouco maluco na minha maneira de ser, conforme dizem a minha família e os meus amigos, mas nada que requeira internação. Apenas disfunção corriqueira. Ele riu, demonstrando descontração, e a partir daí começamos a falar do projeto a ser realizado. E então, o que aquele encontro tem que ver com este livro? Muita coisa. 13

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Nunca mais

Aquele executivo da televisão teve medo de que eu poderia ser “religioso” demais para ele. E, com base na minha experiência, há muitas pessoas com o mesmo medo a respeito de assuntos da fé. Qualquer coisa que pareça muito espiritual deixa as pessoas desconfiadas, e elas se afastam imediatamente. Não quero que o mesmo aconteça com este livro, portanto gostaria de começar explicando rapidamente o meu ponto de partida. A base deste livro está apoiada em dois princípios: 1) As pessoas bem-sucedidas têm certas percepções, ou sinais de despertamento, que mudam o rumo da vida delas para sempre de forma positiva. Essas percepções são essenciais para o sucesso na vida e têm respaldo científico e espiritual. Você verá que existem correlações óbvias entre a ciência, a pesquisa e os ensinamentos espirituais das Escrituras. 2) A constatação da legitimidade desses princípios é apenas o primeiro passo; o segundo passo é produzir uma mudança verdadeira na sua vida. Portanto, apresentarei alguns conceitos fundamentais a respeito de mudança de vida, para que ela se torne uma realidade para você. Veja como essa mudança se apresenta para mim: Creio que Deus é a fonte de toda a sabedoria, como o Criador da vida e do Universo. Ele sabe como a vida funciona e nos mostrou os segredos desta vida por meio dos profetas judeus e de Jesus. A Bíblia revela prolificamente os segredos da vida expressos no nome da série da qual este livro faz parte, The Secret Things of God [As coisas secretas de Deus]. Nessa série, menciono minhas duas predileções: a ciência da vida e a vida de fé, bem como a relação entre as duas. Em certo sentido, neste livro eu me apresento “por inteiro” — como psicólogo e pessoa de fé. Portanto, tenho três pedidos a fazer, caríssimo leitor. Primeiro, quero que você analise os princípios deste livro e aproveite os benefícios que a pesquisa e a experiência dizem 14

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Prefácio

ser verdadeiros. Use-os e veja o que vai acontecer. Espero que sejam úteis na sua vida, nos seus relacionamentos e nos seus negócios. Segundo, se você não concorda em analisar este livro sob a perspectiva da fé, por favor, não permita que a linguagem espiritual e as citações bíblicas o desanimem. Não desista e continue a leitura para beneficiar-se da ciência e das experiências de pessoas bem-sucedidas. Faça isso mesmo que à primeira vista você imagine ver um Jesus girando acima da minha cabeça. Terceiro, se você já teve experiências negativas com pessoas do mundo da fé ou com linguagem espiritual, não me julgue antecipadamente e dê uma nova oportunidade a você mesmo. Leve a sério os versículos da Bíblia e os assuntos espirituais que escrevi; por favor, não os veja através da lente dos malucos que você conhece ou vê na televisão. Acredite em mim, eu concordo com você e tenho a mesma reação negativa a essa gente. Aprendi, porém, a não permitir que as maluquices prejudiquem a minha fé e gostaria que você acompanhasse o meu raciocínio neste livro para vê-lo de outra maneira. A fé e a espiritualidade podem ser muito diferentes daquilo que foi dito a você de formas lamentavelmente distorcidas. Portanto, se concordar, leia com atenção os princípios espirituais que escrevi. Tente ver a grande, a imensa sabedoria que, segundo creio, mostra que Alguém a criou verdadeiramente e deseja que o conheçamos e aprendamos sobre como a vida funciona muito mais do que conseguiríamos fazer sozinhos. Não há nada enigmático a respeito de Deus e da fé. O meu relacionamento com o Deus vivo e verdadeiro e a constatação de que seus caminhos são verdadeiros salvaram a minha vida quando eu estava sofrendo realmente. E, desde então, ele tem 15

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me sustentado. Fez-me amadurecer e conduziu-me a uma vida que eu nunca imaginei que poderia ter. Oro para que este livro, além de transmitir alguns excelentes princípios de vida, faça você ver Deus de uma nova maneira e agradeço a oportunidade de compartilhar estas coisas com você.

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Introdução Nunca mais

Lembro-me daquele momento como se fosse ontem. Eu estava sentado na varanda da minha casa depois de descobrir um problema muito sério com uma das minhas empresas. Havia contratado um funcionário para dirigi-la e, durante quase um ano, ele me entregou relatórios consistentes e positivos. Eu não tinha motivos para pensar que houvesse algo errado... até aquela manhã. Ele entrou no meu escritório e disse que precisávamos injetar uma soma muito grande de dinheiro para cumprir com os próximos compromissos. Fiquei chocado. Diante de tudo o que ele sempre me dizia, eu esperava ter um lucro enorme no curto prazo, não a necessidade de injetar dinheiro — e com certeza não a quantia que ele estava pedindo. O que havia acontecido? Preparei-me para o pior e descobri a verdade no fim da tarde. É desnecessário dizer que grande parte da história que ele me contara não era verdadeira. Não estávamos ganhando nada; ao contrário, estávamos envolvidos em uma grande encrenca e perdendo muito dinheiro. E pior, a maior parte do negócio que, segundo ele, ia de vento em popa e continuaria firme nos próximos doze meses não era real. Os relatórios que eu havia recebido referiam-se mais ao que ele planejara do que à situação real. Conclusão: a empresa estava no vermelho e havia pouca previsão de receita para o ano seguinte. Fiquei arrasado. 17

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Nunca mais

Naquela noite, saí para sentar-me na varanda, pensar e conversar com Deus. Foi então que aconteceu. O telefone tocou e, quando atendi, o meu coração se encolheu. Era um dos meus mentores empresariais, um homem que me ajudara imensamente desde que iniciei o primeiro negócio e que me dedicara muito tempo e energia durante vários anos. Seu sucesso era grande em numerosas indústrias. Parecia que tudo o que ele fazia dava certo, e ele era a última pessoa com quem eu queria conversar naquele momento de fracasso. Como contar a ele que fui um grande idiota para permitir que aquele desastre acontecesse? Com certeza, ele me dispensaria como seu aprendiz. Eu não queria conversar com ele. Somente a lealdade e a gratidão me impediram de dizer: “Sinto muito, não há ninguém aqui com este nome” e desligar. — O que está acontecendo? — ele perguntou, apenas tentando descobrir. — Bem... muitas coisas. E não são boas — respondi. — O quê? Como assim? — Estou em uma situação terrível... — comecei a explicar. — Estou encrencado, muito encrencado. — Contei a história a ele e descrevi a situação em que me encontrava por ter contratado a pessoa errada e não ter prestado atenção no que estava acontecendo com a minha empresa. Senti-me tolo demais, ingênuo demais... um verdadeiro idiota. Foi horrível ouvir o meu próprio relato. Quando terminei a história, houve um silêncio completo do outro lado da linha. Provavelmente durou alguns segundos, mas pareceu uma eternidade. Eu não pensava em mais nada, a não ser que ele me “fritaria” por ter sido tão idiota. Então, ele disse: — Bom... todos nós já passamos por essa experiência. O quê? Um pouco atordoado, pensei ter entendido mal. “Nós?” Aquilo soou como se ele tivesse feito a mesma coisa, o 18

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Introdução

que jamais seria possível. Tudo o que ele fazia dava certo. O que ele queria dizer? — Passamos por essa experiência? — perguntei. — Cometemos o mesmo erro — ele disse. — Contratamos a pessoa errada ou fizemos um negócio com o sócio errado; deveríamos ter sido mais atentos e pagamos caro por isso. — Você fez a mesma coisa? — Era difícil acreditar no que eu acabara de ouvir. — Com certeza — ele respondeu. — Qualquer um que tenha construído ou feito alguma coisa importante cometeu o mesmo erro. E todos nós tivemos de aprender com isso. No entanto, o que ele disse a seguir foi mais chocante ainda: — Mas o lado bom da história é que, quando você aprende a lição, nunca retrocede. Nunca mais comete o mesmo erro. A expressão nunca mais... chamou a minha atenção, porque eu sabia que não queria repetir o que havia feito. Eu não queria confiar algo importante — como a minha empresa — a alguém que fosse indigno da minha confiança. O meu amigo fez-me ponderar sobre o assunto. A expressão “nunca mais...” repercutia na minha mente. E passou a ser o tema deste livro: Nunca mais... 10 erros que você nunca mais vai cometer. “Nunca mais...” Nunca repita o que não deu certo. O que essa frase significa? Passei a entender que sua essência é esta: Há determinados sinais de despertamento — na vida e nos negócios — que, tão logo as pessoas percebem, nunca mais voltam ao antigo modo de agir. E, quando isso acontece, elas nunca mais são as mesmas. Em resumo, elas entendem os sinais de despertamento. 19

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Nunca mais

Esse fato aconteceu há muitos anos. Dali em diante, comecei a demonstrar muito interesse por dois aspectos do meu trabalho como psicólogo clínico e coach de líderes. Primeiro, quais são os principais sinais de despertamento que as pessoas bem-sucedidas notam e que mudam para sempre seu modo de agir, levando-as a ter êxito nos negócios, nos relacionamentos e na vida? A identificação desses sinais pode mudar a vida das pessoas de modo muito significativo. E segundo: assim que entendemos intelectualmente o que jamais devemos voltar a fazer, como ocorre essa mudança? Uma coisa é “entender”; outra bem diferente é pôr esse entendimento em prática. Infelizmente, nós, humanos, costumamos repetir os mesmos erros muitas e muitas vezes. Como paramos de errar? Neste livro, analisaremos essas duas perguntas: 1. Quais são alguns dos principais sinais de despertamento que as pessoas bem-sucedidas experimentam? 2. Como pôr em prática aquilo que entendemos intelectualmente? De acordo com a minha experiência, o segredo está nas respostas a essas duas perguntas. Ao trabalhar com pessoas que alcançaram muito sucesso na vida pessoal e profissional, descobri que as respostas a essas perguntas são essenciais para completar o quadro. Algumas pessoas aprenderam sobre como pôr a mudança em prática, mas não conseguem ver os paradigmas da vida que as empurram para trás e as impedem de produzir frutos. Neste livro, identificaremos claramente os hábitos e comportamentos destrutivos que você nunca mais voltará a ter. Outras pessoas entendem o que precisam fazer para notar os sinais de despertamento, mas não sabem como transformar esse 20

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Introdução

entendimento em novos paradigmas de vida. Neste livro, darei a você as coordenadas.

Uma palavra “antiga, indesejada, religiosa e negativa” que mudará sua vida Quando tive a ideia de escrever este livro, pensei em dar a ele o título de Eu me arrependo! O meu desejo era reviver essa antiga palavra religiosa que não é nem um pouco bem aceita. Mas continuei a receber reações negativas à ideia. Ouvi literalmente palavras e frases como... — Grosseiro! — Muito negativo. — Dá a ideia de um pregador irado, de cabelos brancos, gritando para mim. Eu nunca leria tal livro. — Horrível. Negativo demais. Eu jamais compraria. Então eu explicava o tema central do livro... — É muito legal. Trata de determinadas percepções que as pessoas bem-sucedidas têm na vida e, assim que as “entendem”, nunca mais voltam a agir do modo antigo. Elas passam por uma transformação que produz uma mudança permanente nas principais áreas da vida, como felicidade, relacionamentos e negócios. Gosto de pensar nessa mudança como uma espécie de “puberdade mental”. Gosto de pensar nessa Na puberdade física, o nosso corpo mudança como uma muda e atravessamos situações que espécie de “puberdade nunca voltarão. Há uma mudança mental”. permanente no corpo e na mente. O jovem púbere muda literalmente. — O mesmo se aplica ao nosso crescimento psicológico, pessoal e empresarial. Quando atravessamos determinadas situações de entendimento, nunca voltamos ao modo antigo de ver as coisas — eu dizia. — As pessoas felizes, bem-sucedidas e que têm 21

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Nunca mais

bons relacionamentos experimentaram alguns sinais comuns de despertamento. Assim que os entenderam, nunca mais voltaram aos antigos hábitos. — Há muitos outros assuntos mais interessantes que arrependimento — diziam-me. — Aí, então, eu leria seu livro! É por isso que você está lendo o livro Nunca mais..., que surgiu na minha mente como Eu me arrependo. Mas eu gostaria, sim, de fazer mais uma tentativa com você para dar uma conotação positiva a uma antiga palavra negativa. “Arrependimento” é uma palavra muito amiga sua, e a pesquisa relativa ao cérebro comprova o que estou dizendo. Você encontrará outras informações sobre a pesquisa mais adiante neste livro.

Arrependimento verdadeiro — Nunca mais cometa este erro — significa entender a realidade A reação que recebi a respeito de um pregador irado, de cabelos brancos e gritando para nós ilustra muito bem o problema. As pessoas pensam que “arrependimento” tem que ver com um pai ou mãe, um pregador, uma freira ou um professor repreendendo-as e dizendo: “Nunca mais faça isto!”. Trata-se de uma palavra religiosa com imensa bagagem cultural. Dá a ideia de um pai, mãe ou figura de autoridade dizendo que você deve parar de fazer o que está fazendo, mas você sente que tem de fazer. Esse é o problema. O motivo é o seguinte: sempre que ouvimos a mensagem que diz que não devemos fazer algo de novo, essa ordem mostra que estamos fora de contato com as realidades da vida. Imagine um pai dizendo a uma criança de 2 ou 3 anos que se “arrependa” de ter corrido para atravessar uma rua movimentada. A criança olha para o pai como se a mensagem ou o mensageiro fosse o problema, põe no rosto um ar de determinação e diz: “Espere só para ver”. Perigo à vista. 22

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Introdução

Assim é a natureza da palavra “arrependimento”. Arrependimento é o equivalente adulto de parar na beira da calçada e verificar se há algum carro vindo na nossa direção antes de atravessar a rua — principalmente se o adulto sentiu a realidade de ter sido atropelado por um carro por não ter olhado para os lados. É a constatação de que ele não quer fazer aquilo de novo. Não vai ser nada bom. Foi horrível naquela vez e será horrível de novo. E a constatação daquela realidade e o comprometimento com ela são mais fortes que a necessidade, o desejo ou o impulso de repetir o erro; mudamos nossa conduta para sempre. Não somos mais alguém que corre para atravessar a rua ou contrata a pessoa errada, porque agora aprendemos a lição — perdendo muito dinheiro, tempo e energia ao longo do processo. Arrependemo-nos ou literalmente “mudamos o modo de pensar e abandonamos” aquela maneira de viver. É esse o verdadeiro significado de arrependimento. Em outras palavras, significa crescimento. Ou maturidade. Ou, melhor ainda, sabedoria. Eu adoraria me ver e ver as pessoas que amo e com quem trabalho entendendo isso e começando a dizer: “Eu me arrependo! Nunca mais vou cometer este erro!”, com muita sinceridade. Essa atitude indicaria que entendemos a palavra como a força positiva que ela verdadeiramente é: um dom de Deus. Contudo, como somos humanos, não vou tentar impingir a palavra “arrependimento” a você. Se preferir, substitua-a por outra. O que vou tentar fazer é ajudar você a ver o poder de “entender”, que significa realmente, realmente, realmente mudar de ideia a respeito de algumas realidades essenciais que o impedem de receber o que você deseja da vida — tanto em termos pessoais como profissionais — e afastar-se desses empecilhos. Concordo com a palavra que você escolher. Penso que “arrependimento” é legal, porém “nunca mais...” também serve. 23

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Nunca mais

Na primeira parte deste livro, analisaremos as dez principais constatações sobre comportamentos e pensamentos recorrentes que nos empurram para trás e nos impedem de alcançar os nossos objetivos. Quando você “entender” de fato os princípios na primeira parte do livro e depois puser em prática a ajuda que encontrará na segunda parte, nunca mais vai querer voltar aos hábitos antigos — você será diferente pelo resto da vida. Nunca mais irá... 1. Voltar ao que não deu certo 2. Fazer algo que exija que você seja quem você não é 3. Tentar mudar outra pessoa 4. Acreditar que pode agradar a todo mundo 5. Preferir o conforto de curto prazo ao benefício de longo prazo 6. Confiar em alguém ou em algo perfeito 7. Tirar os olhos do quadro geral 8. Desprezar a diligência devida 9. Deixar de perguntar por que você está onde está 10. Esquecer que a sua vida interior determina o seu sucesso exterior As pessoas bem-sucedidas vivem de acordo com essas constatações. E todas as pessoas bem-sucedidas chegaram onde estão da mesma maneira. Em todas as áreas da vida, as pessoas bem-sucedidas mudam e alcançam o sucesso por meio de um caminho previsível que a experiência e a pesquisa comprovam e que a Bíblia descreve e ordena. Elas entendem as verdadeiras consequências de agir de modo improdutivo; e entendem isso de tal forma que são transformadas e nunca mais voltam a agir como antes. As principais constatações para o sucesso em todas as áreas da 24

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Introdução

vida e o caminho para colocá-las em prática são as lições que você aprenderá neste livro. Portanto, se a palavra “arrependimento” causa arrepios, vamos abandonar o que não deu certo e “nunca mais” repetir o erro. Vamos embarcar nessa viagem.

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Primeira parte Sinais de despertamento de nunca mais...

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PRINCÍPIO Nunca volte a fazer o que não deu certo.

Foi bom para mim ter sido castigado, para que aprendesse os teus decretos. Salmos 119.71

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Nunca mais... Volte a fazer o que não deu certo

Eu estava na praia no Havaí com a minha filha Lucy que, na época tinha 9 anos, no último dia das nossas férias. Ela percorreu o olhar pela praia e notou que a nossa amiga, que viajava conosco, estava chorando. — O que houve com a Laura? — Lucy perguntou. — Ela teve uma briga feia com o namorado — respondi. — O QUÊ? — Lucy exclamou. — Ela voltou com o Jason? — Voltou. — NÃO! Por que ela fez isso, papai? Lembra-se do último dia de férias no ano passado? Ela também estava chorando quando desligou o telefone depois de falar com ele... Aconteceu a mesma coisa outra vez. Exatamente a mesma coisa. Por que ela fez isso? — É melhor você perguntar a ela. — Vou perguntar — a minha filha disse, em tom solene. — Ela não pode voltar com ele. Vai ser a mesma coisa no ano que vem. Eu preciso falar com ela sobre isso. Não pude acreditar no que ouvi. Fiquei maravilhado com a sabedoria de uma criança tão perspicaz a respeito do que estava acontecendo. No entanto, a nossa amiga adulta não conseguia enxergar a verdade tão clara que se lhe apresentava. Lá estava ela, um ano depois, na mesma situação, derramando as mesmas lágrimas, sem 29

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Nunca mais...

se dar conta de que o próximo ano lhe prometia mais sofrimento... caso ela não enxergasse a realidade fundamental: Se você der um passo para trás, estará andando para trás. Fazia mais ou menos quatro anos que Laura namorava Jason. Sua maior reclamação era que ele não lhe dava o devido valor como alguém que deveria ocupar o primeiro lugar na sua vida. Jason era um bom rapaz, porém se mostrava autocentrado demais para levar um relacionamento adiante. Era comum que fizesse Laura sentir-se menosprezada e insignificante. Ela havia rompido o namoro várias vezes; depois, sentia saudades, fazia as pazes com ele, e nada mudava. Ela rompia de novo o namoro e, depois de alguns meses, corria de volta para ele. Esquecia o sofrimento, começava a apreciar todas as qualidades dele e decidia tentar mais uma vez. Ambos conversavam e chegavam à conclusão de que havia sido tolice romper um namoro que possuía tantos pontos positivos, que eles se amavam muito e que deveriam permanecer juntos. “Eu errei ao terminar o namoro. Sinto falta de você e quero voltar.” Era esse o sentimento que ambos nutriam. E então tudo se repetia. O que há de errado nesse relacionamento? Tudo. Mas, por favor, entenda: Eu não estou dizendo que as pessoas não devem se dar uma segunda, uma terceira ou uma quarta chance. A história da redenção é a mais esplêndida que já existiu. É natural, e às vezes vale a pena, tentar de novo. Quando a situação vai mal, principalmente nos relacionamentos, queremos encontrar um caminho para que tudo dê certo e o amor seja restaurado. Quando os negócios vão mal, queremos ser capazes de corrigir o rumo e fazê-los funcionar. Quando um sonho ou uma carreira não dá 30

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Volte a fazer o que não deu certo

certo, queremos mudar de direção e vencer. Todas as histórias de sucesso incluem fracassos, erros e obstáculos a serem superados. Redenção e restauração são coisas positivas que fazem parte do desejo verdadeiro de Deus para todos nós. Há, porém, uma verdade incontestável quando se trata de redenção versus voltar atrás. Para haver redenção, é necessário que algo diferente aconteça. A segunda chance não é uma repetição da primeira. É um movimento para a frente rumo a algo novo. Precisa haver algo novo e diferente que nos mova para a frente, não para trás. Se tudo permanecer igual, repetiremos o que já foi feito, e não haverá nenhum motivo para acreditar que o resultado será diferente. Laura não planejava voltar com Jason porque ela ou ele se tornaram A segunda chance não pessoas diferentes ou porque eles é uma repetição da amadureceram de alguma forma. Ela primeira. queria voltar com Jason porque esperava que o relacionamento entre ambos fosse diferente. Esperar que uma mudança ocorra em nós ou em outra pessoa, ou que uma situação seja diferente, não faz parte da vida real. É preciso haver um motivo real para acreditar e tentar de novo. Será que Jason despertou para a realidade em vez de “desculpar-se” e querer Laura de volta? Ele se tratou com um terapeuta? Contatou alguém experiente para ensiná-lo a levar um relacionamento adiante? Os dois buscaram juntos um conselheiro para descobrir o motivo do fracasso no namoro e entender o que precisavam fazer para o relacionamento dar certo? Jason seguiu algum desses passos até o fim? Abandonou sua tendência psicológica de fumar maconha, que ele chamava de “recreativa”, mas que sempre interferia no relacionamento do casal? Não. 31

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Portanto, quando Laura reatou o namoro imaginando que dessa vez seria diferente, não havia nenhum motivo para esperança. Conforme mencionei no meu livro Necessary Endings,1 esperança sem motivos realistas para acreditar não é esperança, de jeito nenhum. É somente um “desejo”. Deus nos concede um caminho sólido para saber a diferença entre esperança e desejo. Chama-se “fruto”. Quando a árvore é saudável, vemos os brotos e os frutos que provam que ela tem vida. Quando uma pessoa ou situação muda de verdade e torna-se digna do nosso investimento, temos motivos tangíveis para acreditar. Um dos meus exemplos favoritos dessa verdade na Bíblia encontra-se em Mateus. João Batista é o mensageiro que Esperança sem motivos prepara tudo para a chegada de Jesus. realistas para acreditar Ele está no rio batizando as pessoas que, não é esperança, arrependidas, buscam perdão. De repende jeito nenhum. É te, ele nota a presença de um grupo de somente um “desejo”. religiosos hipócritas muito conhecidos. João os chama de “raça de víboras” e os confronta: “Raça de víboras! Quem deu a vocês a ideia de fugir da ira que se aproxima? Deem fruto que mostre o arrependimento!” (Mateus 3.7,8).

Em outras palavras: Não basta lamentar. É necessário mudar. A Bíblia A Mensagem apresenta o versículo acima desta maneira: “Raça de serpentes! O que vocês pretendem, rastejando até o rio? Acham que um pouco de água nessa pele de cobra vai fazer alguma diferença? É a vida de vocês que precisa mudar, não a pele!”. 1

Coloque um ponto final. São Paulo: Lua de Papel, 2012. 32

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Nas duas versões, a ideia é a mesma: Alguma coisa precisa ser diferente. É necessário haver fruto, resultados ou uma mudança verdadeira na vida ou na situação que deem motivo para acreditar que algo será diferente dessa vez. Este, portanto, é o conceito principal. Se você “der um passo para trás”, certifique-se de que está andando para a frente. Assim, você não andará para trás apenas para repetir o passado. Você andará, sim, para a frente porque algo tangível mudou. Não basta alguém (nós inclusive) “lamentar”; ter perdido as partes boas do que já foi não é motivo suficiente para retornar; voltar para amenizar a dor — temporariamente, saiba disso — não é suficiente. A vida foi feita para seguir adiante, não para retroceder. Preste atenção: se você “voltar”, não estará voltando àquilo que era antes. Nos negócios, vemos isso constantemente quando há um rompimento com o patrão, com a empresa, com o funcionário, com a estratégia, com a sociedade ou até com a indústria. A pessoa segue em frente por uns tempos, mas volta e faz tudo de novo. Contrata novamente o funcionário ou volta a trabalhar com o mesmo chefe ou empresa que deixou para trás por um bom motivo ou para refazer algo. Ela pensa que dessa vez vai ser diferente. No entanto, volta ao ponto de partida para começar tudo de novo. Lembre-se: Há um motivo para não ter dado certo. Se você vai voltar à situação anterior, tenha muita, muita certeza de que o motivo não existe mais. É necessário mais que um pedido de desculpa ou um compromisso para que “dessa vez” funcione. Você precisa ver uma mudança real, autêntica. As pessoas mudam, e as pessoas aprendem. As situações mudam; a dinâmica que existia antes e não deu certo pode ser diferente agora. As pessoas 33

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adquirem habilidades, aprendem coisas novas, desenvolvem novas capacidades etc. A vida é assim, e esperamos que a nossa siga na direção de melhorar, não de piorar. Tenha certeza de que esse é o caso antes de “voltar”.

Eu, você ou a situação Se você está pensando em voltar a fazer algo que não deu certo ou que foi um bom motivo para você ter deixado para trás, analise as três categorias de possível mudança a seguir, fazendo a si mesmo algumas perguntas: 1. Eu mudei de alguma forma para que agora isto dê certo? 2. A outra pessoa (ou as outras pessoas) mudou(aram) para que agora isto dê certo? 3. A situação mudou radicalmente de alguma forma para que agora isto dê certo?

Eu mudei? Às vezes foi você quem desistiu e mudou. Tenho visto esse fato com frequência em negócios familiares, nos quais o filho adulto abandona a empresa da família por causa de algum conflito com o pai ou com a mãe que a dirige, ou para “abrir o próprio negócio”, ou ainda porque ele simplesmente não amadureceu. Quando as coisas não dão certo, o filho simplesmente vai embora. O tempo passa, o filho trabalha em outros lugares, enfrenta fracassos e sucessos, ou vê a “necessidade de viver por conta própria”, fora de seu ambiente. Ele amadureceu, não se sente como uma criança sob o controle do pai ou da mãe ou coisa parecida. Retorna ao negócio da família, sente-se bem-sucedido, satisfeito e feliz. Mas é importante notar que o filho mudou realmente e amadureceu. 34

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Se você é um filho adulto, examine com sinceridade os motivos para voltar. Você cresceu e amadureceu e agora se sente preparado para adaptar-se ao negócio da sua família ou para voltar para a sua cidade? Ou você está voltando simplesmente porque fracassou e precisa ser resgatado? São perguntas difíceis que precisam ser respondidas. Às vezes voltar é uma boa decisão quando as expectativas mudaram ou amadureceram, e você desistiu do desejo de fazer algo diferente. Vejo essa tendência em casamentos que foram refeitos e reconciliados. No entanto, para que o relacionamento dê certo, é necessário que haja uma mudança nas expectativas daquele que desistiu e está voltando. Se foi você quem desistiu e agora quer voltar, olhe para si mesmo e verifique se você mudou realmente ou se simplesmente está voltando porque se sente sozinho ou triste. Para corrigir aquilo que não deu certo antes, é necessário haver algo diferente em você. Da mesma forma, se foi você quem permaneceu, faça esta pergunta a si mesmo antes de aceitar a pessoa que o abandonou: “O que está diferente em mim ou nela?”. Se você teve problemas com algum vício ou com egoísmo ou por ter sido explosivo, controlador ou perfeccionista, é preciso mudar de modo significativo para ser diferente. Se você viu algum sinal de despertamento importante, se foi verdadeiramente restaurado, se esfriou a cabeça ou amadureceu na questão do relacionamento, há uma indicação clara de que você mudou. Então, quando você voltar para seu cônjuge ou para outra pessoa importante na sua vida, andará para a frente, não para trás. O relacionamento agora tem uma chance de dar certo porque você se tornou uma pessoa diferente. O segredo é este: se você vai voltar ao que deixou para trás — um emprego, uma pessoa, um relacionamento, uma cidade 35

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ou seja o que for —, faça estas perguntas: “Mudei de verdade e tenho certeza de que quero voltar?”; “Sou capaz de ter êxito nesta nova empreitada, não apenas porque desejo que dê certo, mas porque mudei e posso tornar diferente esse relacionamento ou situação?”; “Estou dando um passo para a frente ou um passo para trás?”; “A minha mudança se provou verdadeira, de modo tangível?”; “Onde está o ‘fruto’ na minha vida?”.

A outra pessoa mudou? Neste segundo caso, a pergunta a ser feita é: “A outra pessoa (ou as outras pessoas) mudou(aram) de alguma forma para que o relacionamento dê certo?”. Se abandonamos alguém porque o comportamento ou o caráter dessa pessoa era inaceitável — não por causa das nossas expectativas ou reações —, será que agora ela está diferente? E de que maneira tangível aquele fruto está sendo posto em prática? Por exemplo, se você abandonou alguém por causa de um vício, não volte só porque ele pediu desculpa e disse que não vai fazer “aquilo” de novo. Só volte quando a desculpa mostrar fruto, como ingressar em um programa de reabilitação e demonstrar sobriedade. Se o problema foi um problema de caráter, houve uma mudança espiritual e um amadurecimento pessoal demonstrando resulPerdoe completamente tados confiáveis? as pessoas pelos erros O fato de uma pessoa pedir desculpa do passado; mas, não significa que ela mudou. Pode signipara confiar nelas no ficar que ela quer mudar, mas você prefuturo, você precisa ver cisa ver o fruto tangível para ter certeza mudanças tangíveis. de que a mudança foi verdadeira. Perdoe completamente as pessoas pelos erros do passado; mas, para confiar nelas no futuro, você precisa ver mudanças tangíveis. 36

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A situação mudou? No terceiro caso, é necessário haver uma mudança verdadeira na situação para que ela dê certo. A empresa tem novo dono, o mercado mudou, a liderança não é mais a mesma, ou há pessoas diferentes envolvidas na situação. Procure uma evidência tangível de mudança para melhor, de modo que você dê um passo para a frente, não para trás. No momento, estou pensando em abrir um negócio com um ex-colega de trabalho que no passado não se saiu muito bem em determinada situação. Ele tinha pontos muitos fortes em algumas áreas e pontos visivelmente fracos em outras. Pensando bem, seus pontos fracos prejudicaram a empresa e sofri consequências por seus erros. Em razão disso, ele não cumpriu tudo o que me prometeu. E, então, o que faço agora? Por que estou pensando em fazer uma sociedade com ele? Boa pergunta! Ainda não sei qual é a resposta. Mas vou explicar meu raciocínio a você, aplicando os princípios sobre os quais estamos falando. Se esse meu amigo estivesse abrindo outra empresa e levantando fundos para organizá-la e quisesse que eu investisse dinheiro no negócio, eu não concordaria. De jeito nenhum. Ele não é um CEO, e eu não investiria em algo que ele estivesse supervisionando nem dependeria de seus resultados. Já vi esse filme; não quero assistir de novo. Gosto muito do cara, mas não vou depender de seu desempenho na administração de uma empresa. No entanto, na situação atual, ele não está dirigindo nenhuma empresa. Está realizando um trabalho que o vi executar muito bem no passado. Ele tem bom caráter e ótima motivação, e tenho provas de que sabe fazer aquilo de que necessito nessa situação, que agora é diferente. Não vamos “voltar” ao passado. Por isso estou pensando melhor no assunto. 37

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Eu preciso mesmo é comparar a verdadeira produtividade dele nessa área com os outros candidatos que tenho em vista. Fatos contra fatos. Só que, quando contei a um amigo que estava pensando em fazer negócio com aquele cara, esse meu amigo olhou para mim e disse: “Você está maluco? Não se lembra da confusão que ele fez?”. Excelente aviso. Agora preciso apenas decidir se essa situação é tão diferente a ponto de valer a pena utilizar seus ótimos pontos fortes ou se eu quero enganar a mim mesmo e voltar ao que “nunca mais” deveria fazer. Se houver uma continuação deste livro, contarei a você o que aconteceu! Mas, por ora, estou me perguntando: “Esta situação é diferente o bastante para gerar um provável sucesso?”.

Amanhã, não ontem Quando você pensar em voltar, raciocine da seguinte maneira: o próximo ano será o próximo ano, não o ano que passou. Amanhã é amanhã, não ontem. Deus criou a vida para que ela siga para frente. À medida que o tempo passa, nós crescemos, nos desenvolvemos e passamos a ter uma vida nova, mais completa e mais madura. A não ser que... permaneçamos no lugar. E não existe melhor maneira de permanecer no lugar que repetir o que já foi. A última coisa que você vai querer é reviver todo o seu passado. O amanhã deve ser um novo dia e melhor — sempre! Em geral, a pessoa só chega a essa conclusão depois de cometer o mesmo erro duas vezes ou mais. Ela voltou para a mesma pessoa ou para a mesma situação que deixou para trás, pensando e esperando que “desta vez” seria diferente. Contudo, percebeu que a antiga situação simplesmente se repetiu. A certa altura da jornada, descobre: “Já estive aqui e fui embora. Por que voltei? Como foi que vim parar aqui de novo?”. 38

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Essa constatação, se for levada a sério, pode tornar-se um excelente mestre. É o despertador tocando para dizer: “Você já sabia como seria. Mesmo assim, voltou. Deveria ter sido mais sábio e não achar que desta vez seria diferente”. Esse entendimento torna-se um prognóstico quando a pessoa começa a pensar em repetir a ação. Sua memória lhe diz: “Lembra-se de quando você esteve aqui antes? Onde você foi parar? No mesmo lugar que já abandonou por um bom motivo. Não há necessidade de repetir”. E, quando isso passa a ser um despertamento verdadeiro, aquela lembrança não se resume a uma situação específica. Torna-se uma lembrança que pode ser aplicada a todas as situações: Se você foi embora por um motivo, fez isso porque existia um motivo. E, se esse motivo não desapareceu, você voltará ao mesmo lugar. Não ande para trás. Esse novo entendimento transforma-se em uma estrutura dentro do nosso cérebro que acende uma luz vermelha e diz: “Isto não vai terminar bem”. Siga em busca do amanhã, não do ontem, a não ser que, é claro, o ontem tenha sido maravilhoso e você queira realmente repetir a experiência. Não há absolutamente nada de errado nisso — se é que foi mesmo maravilhoso —, mas essa não é uma razão para voltarmos a pessoas ou situações que não foram tão maravilhosas assim.

Memória seletiva Em geral, quando queremos de volta algo que havíamos decidido racionalmente que não queríamos, o “algo” que queremos não é o “algo” que deixamos para trás. É uma versão idealizada da coisa ou da pessoa que queremos — não a realidade. Quando a minha amiga disse que queria voltar com o namorado, ela mencionou que sentia falta da ligação que havia entre ambos, do senso de humor, da inteligência e da criatividade dele, 39

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e das horas divertidas que os dois passaram juntos. Era isso o que ela queria de volta. Então, eu disse algo mais ou menos assim: — Não conheço a pessoa da qual você está falando. — Como assim? — ela estranhou. — Tudo o que falei se refere ao Jason. — Eu sei, mas, quando você o descreve, descreve-o como se essas características fossem o quadro inteiro de quem ele é e de como era o seu relacionamento com ele. Na verdade, a pessoa da qual você sente falta não é a pessoa que ele era. Você está com saudade das partes dele que não existem sem as outras partes. Se você sente falta dele, pergunte a si mesma se sente falta da ligação entre vocês, do senso de humor, da inteligência, da criatividade e das horas divertidas e do egocentrismo que a abandonava durante dias a fio, da falta de compreensão, das acusações de você ser muito carente porque queria estar com ele, das acusações de ser controladora e sufocante porque não queria que ele saísse a maioria das noites com os amigos e a deixasse sozinha, e também de toda a raiva. Se você realmente perguntar a si mesma se sente saudade dele, pergunte sobre como ele é na verdade, não sobre uma versão fantasiosa dele que não existe. Quando fiz Laura se lembrar de todas essas coisas, ela voltou a raciocinar com clareza e recordou-se da decepção que sentiu a respeito de quem ele realmente era. Ela sentiu uma dor saudável pela perda de um relacionamento doentio em vez de querer uma versão idealizada do Jason que a levara a pegar o telefone e repetir a experiência — ou acreditar quando ele ligou, tentando convencê-la a voltar. Se você está planejando voltar e nada mudou, saiba que está voltando para aquilo que era e que ainda é, não para aquilo que você gostaria que fosse. Se a situação mudou de verdade, ótimo. Mas, se não mudou, não a torne diferente na sua cabeça. 40

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A grande lição Se uma criança de 9 anos é capaz de dizer que você não deve voltar atrás, a decisão não é uma coisa tão complicada assim. É uma questão de estar em contato com a realidade, olhando-a diretamente no rosto. Você sabe o que aconteceu; portanto, se não quer repetir o que deixou para trás, tenha certeza de que está voltando para algo diferente... em você, na outra pessoa (ou nas outras pessoas) ou na situação. Caso contrário, você fará a mesma coisa esperando resultados diferentes. E esse é um padrão recorrente do qual você deseja muito se arrepender. Não devemos nunca voltar para a mesma coisa esperando resultados diferentes.

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