2. edição
Tradução João Batista
Editora Vida Rua Isidro Tinoco, 70 Tatuapé cep 03316-010 São Paulo, sp Tel.: 0 xx 11 2618 7000 Fax: 0 xx 11 2618 7030 www.editoravida.com.br
©1985 por Floyd McClung Jr. Título original The Father Heart of God, edição publicada por InterVarsity Press Harvest House Publishers (Eugene, Oregon 97402, EUA)
Todos os direitos em língua portuguesa reservados por Editora Vida. Proibida a reprodução por quaisquer meios, salvo em breves citações, com indicação da fonte. Scripture quotations taken from Bíblia Sagrada, Nova Versão Internacional, NVI ®. Copyright © 1993, 2000 by International Bible Society ®. Used by permission IBS-STL U.S. All rights reserved worldwide. Edição publicada por Editora Vida, salvo indicação em contrário.
Editor responsável: Sônia Freire Lula Almeida Editor-assistente: Gisele Romão da Cruz Santiago Revisão: Jair Rechia, Patrícia Murari e Gisele Santiago Diagramação: Karine dos Santos Barbosa Capa: Arte Peniel
Todas as citações bíblicas e de terceiros foram adaptadas segundo o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, assinado em 1990, em vigor desde janeiro de 2009.
1. edição: 1999 2. edição: out. 2011 1a reimpr.: nov. 2012
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (cip) (Câmara Brasileira do Livro, sp, Brasil) McClung, Floyd O imensurável amor de Deus / Floyd McClung, Jr.; tradução João Batista. — 2. ed. — São Paulo: Editora Vida, 2007.
Título original: The father heart of God. isbn 978-85-383-0008-3
1. Consolação 2. Deus — Amor 3. Deus — Paternidade I. Título.
11-11348
cdd-231.6
Índice para catálogo sistemático: 1. Amor de Deus : Teologia dogmática cristã 231.6 1. Deus : Amor : Teologia dogmática cristã 231.6
Para meu Pai, que me amou e viveu, antes de mim, o Deus que hoje eu conheรงo.
Sumário Agradecimentos 8 Uma nova perspectiva do caráter de Deus 10 1. O coração sofredor do homem 2. Um Pai perfeito 3. Quando o coração está ferido 4. Cura proveniente de um Pai amoroso 5. A essência do desapontamento 6. O coração partido de Deus 7. O Pai que espera 8. Pais no Senhor
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Apêndice: Como escolher um bom conselheiro 122 Guia de estudo 124
Agradecimentos Sou bastante grato pela ajuda e pelo aconselhamento de muitos amigos que me possibilitaram escrever este livro. Sinto-me agradecido especialmente pelo amor e estímulo de minha esposa, Sally, e de meus filhos Misha e Matthew, que foram pacientes comigo enquanto gastava tantas horas trabalhando no escritório. Sou grato a minha secretária Lura Garrido pela datilografia e redatilografia do manuscrito. Meus agradecimentos especiais também a Linda Patton e a Terry Tootle, que ajudaram Lura na datilografia, e a Tom Hallas, Roger Forster e Alv Magnus, pelas sugestões que nos apresentaram; bem como a Sharon Mutchler, que aprimorou o guia de estudo. Agradeço a Christine Alexander e a Ed Sherman a ajuda nas pesquisas. Sou grato ao dr. H. Wayne Light, que não somente é um psicólogo de excepcional competência, mas também meu primo e amigo, pelas sugestões e ajuda no esboço das diretrizes do Apêndice. Vários amigos me animaram ao longo do caminho quando eu chegava a duvidar do valor do livro ou de minha capacidade para concluí-lo. Sou especialmente grato a Henk Rothuizen, Jon Petersen, Arne Wilkening, Wilbert van Laake, John Goodfellow, Lynn Green, ao dr. Phil Blakeley e a John Kennedy, 8
pelo precioso estímulo e aconselhamento no momento oportuno. Também agradeço cordialmente o apoio que recebi de Richard Herkes e o do pessoal da Kingsway, que refletiram a atitude própria do Reino de Deus em todos os nossos relacionamentos. Meus agradecimentos também vão para Mike Saia e John Dawson e aos Last Days Ministries (Ministérios dos Últimos Dias), pela permissão concedida para usar alguns trechos do folheto O imensurável amor de Deus. Acima de tudo sou grato ao Senhor, pois tudo o que é bom vem dele!
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Uma nova perspectiva do caráter de Deus Enquanto eu e meus dois filhos, Misha e Matthew, estudávamos o quadro, sentimos grande tristeza. Tratava-se de uma grande tela, pintada com traços rápidos, infantis. A figura alta, como que feita de paus e com cabeça quadrada, representada em cores escuras, transmitia uma sensação de frieza e severidade. O nariz em forma de bico e os longos braços salientes quase nos davam a impressão de um monstro. O quadro era intitulado Homem, mas, de acordo com um dos guias do Museu Stedelijk de Amsterdã, o título original da obra de Karel Appel era Meu Pai. Levamos um longo tempo discutindo a pintura. Que tipo de relacionamento teve Karel Appel com o pai? Mais importante ainda: de que modo esse relacionamento influenciou a imagem que ele tinha de Deus? Imaginávamos se esse artista acreditava em Deus, e nesse caso, se ele o via como Pai amoroso. Escrevi este livro porque a maioria das pessoas não conhece a Deus como Pai amoroso, não o vê como alguém a quem amar e em quem confiar, alguém digno da lealdade e do compromisso absolutos. Quer a pessoa seja cristã, quer não, em uma ou outra época, todo mundo pensa seriamente na questão sobre quem é Deus e como ele é. 10
Muitos anseiam conhecer a Deus pessoalmente, porém imaginam-no como um ser distante, impessoal, que não pode ser conhecido. Outros almejam um relacionamento com Deus, mas se apegam ao conceito errado de que ele está sentado no céu, usando um terno preto e alisando sua longa barba branca, enquanto olha para baixo procurando julgar alguém que se atreva a sorrir aos domingos. O propósito deste livro é apresentar uma maneira nova de ver a Deus, capaz de nos ajudar a solucionar certas áreas de nossa vida que estejam, talvez, impedindo o relacionamento com ele como nosso Pai. Analisaremos como as mágoas passadas podem obscurecer nosso conceito a respeito de Deus e como nossos pais terrenos podem ter influenciado, de forma inconsciente, nossa perspectiva do Pai celeste. Todo mundo pensa seriamente sobre quem é Deus e como ele é. Também consideraremos como devemos reagir diante de Deus, se realmente ele é um Pai amoroso. Uma coisa é conversar a respeito de Deus — quem e como ele é. Outra muito diferente é conversar a respeito da responsabilidade para com ele, se ele é amoroso e justo. Creio que Deus nos criou para sermos parecidos com ele, em escala menor, é claro! Ele nos criou para amar uns aos outros, cuidar da sua criação de forma responsável e estar seguros e confiantes em quem somos. Todavia, o egoísmo e as mágoas emocionais nos prendem, impedindo-nos de ser as pessoas que o Pai pretendia que fôssemos. 11
O fato de Deus ter cuidado de nós, oferecendo libertação do egoísmo e cura para nossos males, motivou a mim e minha família a ir morar na zona de prostituição de Amsterdã e, bem ali, compartilhar o amor de Deus. Também foi por essa razão que residimos durante três anos no Afeganistão. Foi lá que conhecemos Steve, cuja história singular ele mesmo conta...
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1 O coração sofredor do homem Ele dizia chamar-se Steve, mas eu tinha a impressão de que esse não era seu nome verdadeiro. Usava jeans desbotado e gasto, não porque o havia comprado assim em alguma loja europeia somente para seguir a última moda, mas por causa do constante desgaste na chamada trilha hippie. Com um amigo, ele viajara por terra de Amsterdã até Cabul, capital do Afeganistão, no “Ônibus Mágico”, uma linha rodoviária barata, mas às vezes perigosa. Ambos haviam chegado recentemente à cidade quando os conhecemos. Minha esposa e eu, juntamente com alguns corajosos amigos, morávamos em Cabul e dirigíamos uma clínica que atendia gratuitamente os desistentes da sociedade ocidental que ora vagueavam pelo centro da Ásia em busca de aventuras e drogas, fugindo do modo de vida que passaram a detestar. Muitos haviam sido empurrados para a margem da sociedade pela rejeição e por um profundo sentimento de alienação. Nada em seu ambiente lhes provia um senso de identificação ou participação. Steve não era exceção. Nas semanas seguintes, ele nos visitava ocasionalmente na clínica. Um dia, perguntou-me se eu queria 13
ouvir algo sobre o dia mais feliz da vida dele. Era a primeira vez que Steve espontaneamente se oferecia para falar de si mesmo, de modo que eu estava ansioso por ouvir. — Vou contar-lhe sobre o dia mais feliz de minha vida — disse-me ele, com um estranho sorriso. Dor reprimida e hostilidade entraram em erupção, numa torrente de rancor. — Foi o dia em que fiz 11 anos. Nesse mesmo dia, meus pais morreram num acidente de carro! A voz dele fervia de amargura. — Eles me diziam todos os dias da minha vida que me odiavam, que não me queriam. Meu pai não me suportava, e minha mãe me lembrava constantemente que eu tinha sido um acidente. Eles não me queriam, e estou contente por estarem mortos! Continuei me esforçando, nas semanas seguintes, para ajudar Steve, mas o perdi de vista logo depois. A dor e o ódio, entretanto, permanecem gravados vividamente em minha memória. O que Sally e eu descobrimos no Afeganistão no início da década de 1970 não foram apenas alguns pobres cidadãos ocidentais magoados que fugiam dos problemas, mas também toda uma subcultura de sofredores. Nos últimos dez anos, investimos nossa vida em ajudar pessoas emocionalmente feridas e descobrimos que nenhum nível da sociedade permanece imune à dor dos relacionamentos partidos. Certo jovem de classe social elevada, que veio até nós pedindo aconselhamento, descreveu como o pai o obrigou a olhar enquanto batia em sua mãe e depois a apunhalava. Uma moça narrou as humilhações que 14
sofreu nas mãos do pai, dos irmãos e do avô, que a violentaram. Outro jovem confidenciou o fato de que seus pais o entregaram aos avós simplesmente porque não o desejavam. Por sua vez, os avós o colocaram num orfanato quando ele tinha 5 anos. Ali o diretor o espancava todos os domingos se ele se recusasse a ir à igreja. Anos mais tarde, o jovem entregou a vida a Cristo por meio de nosso trabalho no Afeganistão. Em seguida, voltou para casa a fim de expressar seu amor e perdão aos pais com um presente. Quando a mãe o viu, gritou enraivecida e não permitiu que ele entrasse. Outro jovem, um simpático marido, chorou ao confessar não se lembrar de jamais ter ouvido as palavras: “Eu te amo” da parte do pai, um advogado. Nosso mundo está infestado por uma epidemia de dor. Com o número de divórcios aumentando e o abuso contra as crianças “berrando” nas manchetes de jornais, não é de surpreender que, para muitos, o conceito de um Deus Pai provoca reações de ira, ressentimento e rejeição. Por não conhecerem um pai humano bondoso e atencioso, mostram uma visão distorcida do amor do Pai celeste. Em muitos casos, esses indivíduos sofredores escolheram tão somente negar ou desprezar a existência de Deus. Nenhum nível da sociedade permanece imune à dor dos relacionamentos partidos. John Smith, amigo meu de Melbourne, Austrália, fala sobre um adolescente endurecido, indiferente e criado na rua. Esse jovem deu uma única oportunidade ao meu amigo de apresentar-lhe Deus. 15
— Está bem, camarada, como é Deus? — indagou ele. Recém-formado em teologia, John não hesitou: — Ele é como um pai. Os olhos do jovem fuzilaram de ódio. — Se ele se parece com meu velho, fique com ele para você! Mais tarde, John soube por meio de um assistente social que o pai do garoto havia violentado a própria filha várias vezes e batia na esposa com frequência.
Feridas emocionais Uma experiência negativa na infância não é o único fator que nos frustra a compreensão de Deus como Pai. Muitos experimentam um bloqueio emocional ou mental quando tentam chamar Deus de “Pai”, pois não o conhecem pessoalmente. Há diferença entre saber a respeito de Deus e conhecê-lo pessoalmente. Lemos em João 1.12: “Contudo, aos que o receberam, aos que creram em seu nome, deu-lhes o direito de se tornarem filhos de Deus”. Para que nos tornemos filhos de Deus, devemos crer que Jesus Cristo é o Filho de Deus, que morreu e ressurgiu para que nossos pecados pudessem ser perdoados. Precisamos, em seguida, pedir-lhe que nos perdoe e se torne o Senhor de nossa vida. Então, como filhos, dedicar a vida ao aprendizado, à obediência a Palavra de Deus e à adoração a ele somente. Outras pessoas têm dificuldade de relacionar-se com Deus como Pai porque durante a vida toda foram ensinadas a respeitá-lo. Para elas, isso significa chamá-lo de Senhor. Usar um termo informal como “Pai”, 16
parece-lhes falta de reverência. Entretanto, a Bíblia nos ensina a chamar a Deus de “Pai” quando oramos (Mateus 6.9) e nos diz que ele deseja ter um relacionamento íntimo e pessoal conosco, seus filhos. Algumas de nossas dificuldades mais comuns para compreender o imensurável amor de Deus são as feridas emocionais. Muitas vezes, essas feridas produzem cicatrizes que nos fazem hesitar em confiar inteiramente nele como Pai. A Bíblia oferece muitos exemplos de ferimento emocional e refere-se a isso como “espírito oprimido, ferido ou abatido”. Diz o livro de Provérbios: “A alegria do coração transparece no rosto, mas o coração angustiado oprime o espírito” (15.13) e “O espírito do homem o sustenta na doença, mas o espírito deprimido, quem o levantará?” (18.14). A história de Mical, filha de Saul, demonstra claramente a dor de um espírito ferido ou abatido. Mical foi educada num ambiente carregado de desavença e conflito. Seu pai, homem impaciente e inseguro, com frequência explodia em acessos de ira. Não há dúvida de que ela fora profundamente influenciada pela ira paterna. Saul tinha ciúme do futuro rei Davi e isso o levou a planejar uma armadilha para matá-lo. Como isca, Saul lhe ofereceu uma de suas filhas como prêmio, caso ele matasse 100 filisteus, inimigos de Israel. “Certamente”, pensou Saul, “Davi será morto pelos filisteus e ficarei livre dele para sempre!” Para grande desgosto de Saul, Davi foi bem-sucedido. Na verdade, matou 200 filisteus! Saul concedeu a mão da filha Mical como prêmio, mas Davi logo fugiu de outro dos ataques de raiva de Saul, deixando-a 17
para trás. Anos depois, ele retornou e encontrou Mical casada com outro homem. Contra a vontade dela e do novo marido, Davi exigiu sua volta. Por fim, ela foi arrancada dos braços de seu choroso marido e devolvida à força a Davi (2Samuel 3.13-16). Pelo visto, os homens da vida de Mical a moveram entre si como se ela fosse uma peça num tabuleiro de xadrez. Em razão de sua criação, é compreensível que tenha reagido a Davi com tanta amargura. O ressentimento dela explodiu no auge de uma festa de celebração de vitória: Aconteceu que, entrando a arca do Senhor na Cidade de Davi, Mical, filha de Saul, observava de uma janela. E, ao ver o rei Davi dançando e celebrando perante o Senhor, ela o desprezou em seu coração. Voltando Davi para casa para abençoar sua família, Mical, filha de Saul, saiu ao seu encontro e lhe disse: “Como o rei de Israel se destacou hoje, tirando o manto na frente das escravas de seus servos, como um homem vulgar!” E até o dia de sua morte, Mical, filha de Saul, jamais teve filhos (2Samuel 6.16,20,23). A reação de Mical resultava de uma ferida emocional que se transformara em ódio. O remédio que poderia trazer-lhe a cura era o perdão, mas ela preferiu não o conceder. A esterilidade espiritual e física a atormentou pelo resto da vida. Semelhantes a Mical, nos dias de hoje, há muitas jovens e mulheres que sofrem de diferentes graus de dor, mas não precisam acabar como a filha de Saul. Por causa do seu coração paterno, Deus anseia por renovar-nos e restaurar-nos mediante o poder curador do seu amor. 18
O coração de Deus Trata-se da parte mais interna ou essencial da pessoa: seu coração. O coração paterno de Deus descreve o elemento fundamental que caracteriza o que ele é. Jesus descreve Deus nas Escrituras como Pai misericordioso, perdoador, bondoso e amoroso. Jesus demonstrou mediante sua vida a própria natureza do Pai celeste. — Como é Deus, papai? Lembro-me de certa noite, muitos anos atrás, em que lutei para encontrar uma resposta para a pergunta de Misha, minha filha, então com 5 anos. Enquanto considerava cuidadosamente a questão, percebi que, em sua simplicidade, Misha fizera uma pergunta cuja resposta muitas pessoas gostariam de obter. Talvez os adultos a formulem de maneira diferente, mas a pergunta básica permanece a mesma: “Se há um Deus, como ele é?”. A Bíblia diz que Deus não é um ser finito como nós, todavia deu-se a conhecer a nós de maneira tão clara, tão compreensível, que podemos saber como ele é. “Ninguém jamais viu a Deus, mas o Deus Unigênito, que está junto do Pai, o tornou conhecido” (João 1.18; grifo do autor). Eu disse à minha filha como é Deus. Disse-lhe que ele se parece com Jesus. De fato, certa vez Jesus disse: “Quem me vê, vê o Pai” (João 14.9). Jesus é Deus em forma humana. Na Bíblia encontramos muitos exemplos de como Jesus revelou o Pai para nós. Um desses exemplos refere-se à passagem em que algumas mães desejavam que Jesus abençoasse os filhos, mas os discípulos acharam que ele estava ocupado demais, era importante de19
mais para ser perturbado. Jesus, porém, repreendeu os discípulos e lhes disse que trouxessem a ele as crianças. Ele tomou os pequeninos nos braços e conversou com eles. Jesus arranjou tempo para as crianças, teve tempo para ouvir as histórias e brincadeiras delas. Nem se importou de sujar-se quando as crianças, de nariz escorrendo e tudo mais, sentaram no seu colo. Quando vemos que Jesus teve tempo para as criancinhas, aprendemos que Deus tem tempo para as pessoas. Ele se importa até com as pequenas coisas da vida. É paciente. Deus Pai se parece com seu Filho. Eu disse à minha filha que Deus se parece com Jesus. Certa tarde, Jesus parou para falar com uma mulher samaritana, perto de um poço. Naquela época, o povo judeu odiava e desprezava os samaritanos. As mulheres eram consideradas pessoas de segunda categoria e incapazes de compreender verdades espirituais. Jesus elevou essa mulher a uma posição de igualdade e valor pelo simples fato de ter rompido um costume social e falado com ela publicamente. Ao fazê-lo, revelou algo mais de como é Deus. Ao discutir as necessidades espirituais diretamente com a própria mulher, Jesus comprovou seu interesse pessoal por ela e ainda demonstrou que Deus Pai se importa com os homens e com as mulheres de forma igual. Essa mulher não apenas era samaritana, mas também imoral. Jesus sabia disso, mas não se sentiu constrangido, tampouco envergonhado, em ser visto 20
com ela. Na verdade, ele queria conversar com a mulher. Por isso, ele viajou através de Samaria: arranjar tempo para demonstrar amor verdadeiro a essa mulher, conhecida por seus casos amorosos. Jesus viu além da dureza exterior, das anedotas imorais, do sarcasmo a respeito da religião. Viu o coração dela. Viu que ela ansiava por algo que lhe preenchesse o vazio interior. Sentiu a necessidade dela de ser amada, de ser protegida, de ser alguém especial. Por sua vez, a mulher recebeu o amor de Cristo porque ele a ajudou a “ver” a Deus como nunca vira antes. Jesus veio por isto: para revelar-nos Deus e levar-nos a ele.
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