MANUEL BOLOTINHA
Subestações
Montagem Electromecânica, Ensaios e Manutenção
ÍNDICE
ÍNDICE ÍNDICE DE TABELAS E FIGURAS SIGLAS E ACRÓNIMOS PREÂMBULO
XI XIX XXIII
PARTE I – CONCEITOS GERAIS DE SUBESTAÇÕES 25
1. NORMAS E REGULAMENTOS E OUTROS DOCUMENTOS DE REFERÊNCIA 1.1. INTRODUÇÃO 1.2. REGULAMENTOS 1.3. NORMAS 1.4. OUTROS DOCUMENTOS DE REFERÊNCIA
27 27 27 28 28
2.
TENSÕES NORMALIZADAS
31
3.
AS SUBESTAÇÕES E A REDE ELÉCTRICA NACIONAL
33
4.
EQUIPAMENTOS E SISTEMAS
37
5.
TIPOS CONSTRUTIVOS
39
6.
CONFIGURAÇÕES HABITUAIS DAS SUBESTAÇÕES
43
7.
TENSÕES DE PASSO E DE CONTACTO. REDE DE TERRAS
49
8. MANOBRAS DE EQUIPAMENTOS 8.1. INTRODUÇÃO 8.2. SEQUÊNCIA DAS MANOBRAS 8.2.1. Definições 8.2.2. Sequência de Manobras 8.3. MANOBRAS DE CONSIGNAÇÃO 8.4. MANOBRAS DE DESCONSIGNAÇÃO – REPOSIÇÃO DO SERVIÇO 8.5. MANOBRAS E CONSIGNAÇÃO PARA TESTE E ENSAIOS 8.6. TIPOS DE OPERAÇÃO. COMANDO REMOTO E COMANDO LOCAL
53 53 53 53 54 56 56 57 57
9.
59
ENCRAVAMENTOS ELÉCTRICOS E MECÂNICOS
SUBESTAÇÕES: MONTAGEM ELECTROMECÂNICA, ENSAIOS E MANUTENÇÃO
PARTE II – MONTAGEM ELECTROMECÂNICA 63
10. CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE A MONTAGEM ELECTROMECÂNICA DAS SUBESTAÇÕES 11. ESTALEIRO 11.1. ASPECTOS GERAIS 11.2. FERRAMENTARIA 11.3. ARMAZENAMENTO DE EQUIPAMENTOS E MATERIAIS 11.4. INSTALAÇÃO ELÉCTRICA DO ESTALEIRO E DE APOIO À MONTAGEM
65 69 69 70 71 73
12.
MEIOS DE MONTAGEM – FERRAMENTAS E EQUIPAMENTOS
75
13.
FISCALIZAÇÃO DOS TRABALHOS
81
PARTE III – PROCEDIMENTOS DE MONTAGEM ELECTROMECÂNICA 85
14.
PRINCÍPIOS DE BASE
87
15.
ESTRUTURAS METÁLICAS
89
16. BARRAMENTOS, ISOLADORES E LIGADORES 16.1. BARRAMENTOS E ISOLADORES 16.2. LIGADORES
93 93 95
17.
REDE DE TERRAS
99
18.
SISTEMA DE PROTECÇÃO CONTRA DESCARGAS ATMOSFÉRICAS
103
19.
TRANSFORMADORES E AUTOTRANSFORMADORES
107
20. GIS
111
21.
EQUIPAMENTOS MAT E AT
115
22.
QUADROS ELÉCTRICOS MT E BT
119
23.
GRUPO DE EMERGÊNCIA
121
24. BATERIAS
125
25.
SCCP (SISTEMA DE COMANDO, CONTROLO E PROTECÇÃO) 129
26.
CABOS E RESPECTIVOS SUPORTES
131
ÍNDICE
PARTE IV – ENSAIOS EM OBRA E COMISSIONAMENTO 139
27. INTRODUÇÃO
141
28. 29.
ENSAIOS EM OBRA E DE FUNCIONAMENTO DA INSTALAÇÃO VERIFICAÇÃO DE DEFEITOS NOS TRANSFORMADORES PROVOCADOS POR IMPACTOS MECÂNICOS
143
30.
APARELHOS DE MEDIDA E OUTROS EQUIPAMENTOS UTILIZADOS NOS ENSAIOS
153
31.
NÃO CONFORMIDADES
157
PARTE V – CRITÉRIOS GERAIS DE MANUTENÇÃO 159
32. 32.1. 32.2.
CLASSIFICAÇÃO DOS TRABALHOS NATUREZA DOS TRABALHOS TRABALHOS FORA DE TENSÃO E NA VIZINHANÇA DE TENSÃO
161 161 161
33.
FREQUÊNCIA DAS OPERAÇÕES DE MANTUENÇÃO PREVENTIVA
165
34. 34.1. 34.2. 34.3.
GENERALIDADES SOBRE AS OPERAÇÕES DE MANUTENÇÃO PREVENTIVA CONSIDERAÇÕES GERAIS INSPECÇÃO VISUAL E TERMOGRAFIA OPERAÇÕES BÁSICAS DE MANUTENÇÃO
171 171 172 173
35.
TERMOGRAFIA – PRINCÍPIO E APLICAÇÕES
175
36. MANUTENÇÃO PREVENTIVA DE EQUIPAMENTOS E SISTEMAS 36.1. TRANSFORMADORES DE POTÊNCIA 36.1.1. Aspectos gerais 36.1.2. Inspecção Visual 36.1.3. Programação da Manutenção Preventiva e Inspecções 36.1.4. Análise do Óleo e Recolha de Amostras 36.2. ÓRGÃOS DE CORTE E MANOBRA 36.3. TRANSFORMADORES DE MEDIDA 36.4. ISOLADORES 36.5. REDE DE TERRAS 36.6. QUADROS MT E BT 36.7. CABOS ELÉCTRICOS 36.8. GRUPO GERADOR DE EMERGÊNCIA 36.9. SISTEMA DE COMANDO, CONTROLO E PROTECÇÃO
151
179 179 179 179 180 183 185 187 187 189 189 189 190 190
SUBESTAÇÕES: MONTAGEM ELECTROMECÂNICA, ENSAIOS E MANUTENÇÃO
PARTE VI – PRINCÍPIOS DE SEGURANÇA 193
37.
PRINCÍPIOS BÁSICOS DE SEGURANÇA
195
38.
PLANO DE SEGURANÇA E SAÚDE (PSS)
197
39.
TÉCNICO DE HIGIENE E SEGURANÇA
201
40. 40.1. 40.2. 40.3.
O CHOQUE ELÉCTRICO OS EFEITOS DA CORRENTE ELÉCTRICA NO CORPO HUMANO MEDIDAS DE SEGURANÇA CONTRA O CHOQUE ELÉCTRICO PROTEÇÃO DAS PESSOAS CONTRA CONTACTOS INDIRECTOS EM INSTALAÇÕES DE BAIXA TENSÃO
203 203 205
41. 41.1. 41.2. 41.3. 41.4.
ARC FLASH DEFINIÇÃO DE ARC FLASH ORIGENS E CARACTERÍSTICAS DO ARC FLASH DANOS E LESÕES PROVOCADOS PELO ARC FLASH PROTECÇÃO CONTRA OS EFEITOS DO ARC FLASH
211 211 211 212 214
42. 42.1. 42.2. 42.3.
CONTROLO E BLOQUEIO DAS FONTES DE ENERGIA CONCEITOS GERAIS MÉTODOS PARA O CONTROLO E BLOQUEIO DAS FONTES DE ENERGIA PROCEDIMENTOS LOTO
217 217 217 218
43.
PRIMEIROS SOCORROS
223
207
44. RISCOS DAS OPERAÇÕES DE MONTAGEM, PROCEDIMENTOS E MEDIDAS PREVENTIVAS 44.1. INTRODUÇÃO 44.2. ALGUNS RISCOS E MEDIDAS PREVENTIVAS NA CONSTRUÇÃO DE SE 44.2.1. Movimentação Mecânica de Cargas 44.2.2. Utilização de Gruas Móveis 44.2.3. Trabalhos em Altura
225 225 226 226 227 227
45.
EQUIPAMENTOS DE PROTECÇÃO
231
46.
TRABALHOS EM ALTURA
235
ÍNDICE
ANEXOS 237 ANEXO 1– TRABALHOS DE CONSTRUÇÃO CIVIL PARA A CONSTRUÇÃO DE SE
239
ANEXO 2 – LISTA DE NORMAS A2.1. NORMAS EN, NP, E NP EN A2.2. NORMAS IEC A2.3. NORMAS AMERICANAS A2.4. NORMAS ISO
243 243 244 246 248
ANEXO 3 – EXEMPLO DE UM PIE
251
ANEXO 4 – EXEMPLO DO REGISTO DE NÃO CONFORMIDADE
255
ANEXO 5 – LISTA DE VERIFICAÇÃO DE CONFORMIDADE DE SEGURANÇA
259
ANEXO 6 – ÍNDICES DE PROTECÇÃO DOS EQUIPAMENTOS A6.1. INTRODUÇÃO A6.2. ÍNDICE DE PROTEÇÃO DOS EQUIPAMENTOS CONTRA A PENETRAÇÃO DE CORPOS SÓLIDOS E DE ÁGUA A6.3. ÍNDICE DE PROTEÇÃO DOS EQUIPAMENTOS CONTRA OS IMPACTOS MECÂNICOS
265 265
ANEXO 7 – REGIMES DE NEUTRO EM INSTALAÇÕES DE BAIXA TENSÃO
269
265 266
BIBLIOGRAFIA 279
PREÂMBULO
PREÂMBULO As Subestações são um elemento fundamental das redes de transporte e distribuição de energia eléctrica, sendo necessário garantir o seu funcionamento e a fiabilidade. Um dos aspectos primordiais para garantir estes requisitos é a sua construção e manutenção, que devem ser realizadas por Empreiteiros credenciados, com experiência neste tipo de trabalhos, devendo os respectivos trabalhadores estarem habilitados para realizar as tarefas em causa e que existam procedimentos escritos de trabalho e segurança claros e inequívocos para a execução da obra. Para uma melhor abordagem das matérias, dividiu-se esta obra em seis “Partes”, correspondendo cada uma a um tema específico. Assim, na Parte I apresentam-se os conceitos básicos que se consideram indispensáveis para a compreensão dos temas que constituem o âmbito fundamental da obra, que são a montagem electromecânica, ensaios em obra e manutenção1 das SE, temáticas que são abordadas nas Partes III, IV e V, respectivamente. A Parte II trata das questões ligadas à organização da obra e do estaleiro, enquanto na Parte VI se analisam os procedimentos de segurança que devem ser observados para eliminar, ou no mínimo reduzir, os acidentes de trabalho, designadamente o choque eléctrico. Não estando incluído no âmbito desta obra os trabalhos de construção civil das SE, apresentam-se contudo, no Anexo 1, um resumo daqueles trabalhos, que estão intimamente ligados ao sucesso dos trabalhos de montagem, ensaios e manutenção, porque a experiência mostra que: Numa subestação, os problemas dos trabalhos de construção civil acabam por “sobrar” para o Empreiteiro da montagem ou da manutenção electromecânica.
1
No âmbito desta obra não estão incluídos os TET.
XXIII
NORMAS E REGULAMENTOS
1. NORMAS E REGULAMENTOS E OUTROS DOCUMENTOS DE REFERÊNCIA 1.1. INTRODUÇÃO A montagem electromecânica, os ensaios em obra e manutenção das SE e as características dos equipamentos e materiais a instalar, obedecem a um conjunto de documentos legais – os Regulamentos – e a normas nacionais e internacionais e também a documentos normativos emitidos pelas entidades concessionárias das redes de transporte e de distribuição de energia, que em Portugal são, respectivamente, a REN e a EDP. 1.2. REGULAMENTOS Em Portugal devem ser observados os seguintes regulamentos: –– RSSPTS (Regulamento de Segurança de Subestações e Postos de Transformação e Seccionamento), publicado pelo Decreto n.º 42895 de 31 de Março de 1960, alterado pelos Decretos Regulamentares n.º 14/77 de 18 de Fevereiro e n.º 56/85 de 6 de Setembro. –– RSLEAT (Regulamento de Segurança de Linhas Eléctricas de Alta Tensão), publicado pelo Decreto Regulamentar n.º 1/92 de 18 de Fevereiro. –– RTIEBT (Regras Técnicas de Instalações Eléctricas de Baixa Tensão), publicado pela Portaria n.º 949-A/2006 de 11 de Setembro. Para obras realizadas fora de Portugal, com excepção, na generalidade dos PALOP, onde aqueles regulamentos são habitualmente aplicados, devem ser utilizados os regulamentos em vigor nesses países, habitualmente conhecidos por Wiring Regulations nos países anglófonos ou onde a língua inglesa é utilizada como língua de trabalho. A título de exemplo apresentam-se alguns daqueles regulamentos: –– Estados Unidos da América: Norma NFPA (National Fire Protection Association) 70 – National Electrical Code (NEC). –– Canadá: Canadian Electrical Code (CE ou CSA C22.1). –– Venezuela: FONDONORMA 200 – Código Eléctrico Nacional. –– Espanha: Reglamento Electrotécnico para Baja Tensión e Reglamento de Líneas de Alta Tensión y sus Fundamentos Técnicos. –– França: Norme NF C13-200 de 2009 – Installations électriques à haute tension - Règles complémentaires pour les sites de production et les installations industrielles, tertiaires et agricoles e Norme NF C15-100 de 2013 – Installations électriques à basse tension - Version compilée de la norme NF C15-100 de décembre 2002, de sa mise à jour de juin 2005, de ses amendements A1 d'août 2008, A2 de novembre 2008, A3 de février 2010 et A4 de mai 2013, de ses rectificatifs d'octobre 2010 et de novembre 2012 et des fiches d'interprétation F11, F15, F17, F21 à F2.
27
TENSÕES NORMALIZADAS
2. TENSÕES NORMALIZADAS As tensões utilizadas nas redes de transporte e distribuição de energia diferem de país para país, razão pela qual se recomenda que sejam referidos os valores das tensões normalizadas, de acordo com a Norma IEC 60038, que correspondem aos valores máximos de tensão suportados pelos equipamentos (tensões mais elevadas) e que se indicam no Tabela 2.1. Tabela 2.1. – Tensões normalizadas
Nível de tensão
Tensão mais elevada (Kv ef)
Tensões normalmente utilizadas em Portugal (Kv ef)
Baixa Tensão (BT)
≤ 1 (CA) ≤ 1,5 (CC)
0,23-0,4 (CA)
3,6
Média Tensão (MT)
Ao choque atmosférico (Kv pico)
≤2
≤ 12
10
40
6
20
60
12
10
28
75
17,5
15
38
95
50
125
70
170
95
250
140
325
230
550
36
30
52
Muito Alta Tensão (MAT)
50Hz, 1m (Kv ef)
7,2
24
Alta Tensão (AT)
Tensões suportáveis mínimas 2
72,5
60
123 170
150
325
750
245
220
395
950
460
1050
630
1425
550
740
1675
800
830
2100
300 420
400
2
Os valores indicados para as tensões suportáveis mínimas referem-se aos valores das tensões de ensaio dos equipamentos.
2
Designando a tensão de pico por Up e o valor eficaz dessa tensão por Uef, verifica-se a seguinte relação: Uef = Up/√2 ≈ 0,71Up
31
AS SUBESTAÇÕES E A REDE ELÉCTRICA NACIONAL
3. AS SUBESTAÇÕES E A REDE ELÉCTRICA NACIONAL As SE MAT/MAT e MAT/AT não integradas nas centrais eléctricas estão incorporadas na Rede de Transporte de Energia (Rede Primária), que designaremos por RTE, enquanto as SE AT/ MT integram a Rede de Distribuição de Energia, constituindo o conjunto de ambas, juntamente com as linhas (aéreas e subterrâneas – MT, AT e MAT) de transporte e distribuição de energia eléctrica, a Rede Eléctrica Nacional. O STE tem uma configuração em anel emalhado, com uma complexidade importante. Na Figura 3.1. representa-se esquematicamente a configuração da Rede Eléctrica Nacional, integrando as centrais eléctricas.
Legenda CE – Central Eléctrica; A – Gerador (Alternador); B – SE 3 elevadora MT/MAT ou MT/AT; C – Linha aérea/cabo MAT ou AT (REN/EDP); D – SE MAT/MAT, MAT/AT, AT/AT ou MAT/MAT/AT (REN); E – SE privada MAT/AT/MT ou AT/MT; F – SE rede distribuição AT/MT (EDP); G – Linha aérea/cabo da rede de distribuição MT (EDP); H – Posto de Transformação de serviço público MT/BT (EDP); I – Posto de Transformação de serviço cliente/privado MT/BT; J – Rede de distribuição BT (aérea e/ou subterrânea) – EDP.
Figura 3.1. – Configuração esquemática da Rede Eléctrica Nacional
3
Uma SE diz-se elevadora quando a tensão primária é inferior à tensão secundária; caso contrário a SE designa-se por abaixadora.
33
SUBESTAÇÕES: MONTAGEM ELECTROMECÂNICA, ENSAIOS E MANUTENÇÃO
Figura 5.2. – Esquema de um GIS
Este tipo de SE utiliza-se habitualmente em AT e MAT, sendo normalmente instaladas no interior, embora existam também versões para montagem exterior (ver Figura 5.3.).
Figura 5.3. – Exemplos de GIS para montagem interior esquerda) e para montagem exterior (direita)
As vantagens da instalação de GIS são: • • • • • •
40
Manutenção mais fácil. Menor espaço. Tempo e custo de montagem menores. Não inflamável e não explosivo. Inexistência de óleo. Menor poluição.
CONFIGURAÇÕES HABITUAIS DAS SUBESTAÇÕES
6. CONFIGURAÇÕES HABITUAIS DAS SUBESTAÇÕES As configurações habituais das SE são as seguintes: • • • • •
Barramento simples. Duplo barramento, com ou sem inter-barras. Duplo barramento com inter-barras e seccionadores de by-pass. Disjuntor e meio. Triplo barramento.
As figuras 6.1. a 6.4. mostram as diversas configurações. Transformador Lado Secundário
Linha Sem By-Pass
Bateria de Condensadores
Transformador Lado Primário
Figura 6.1. – Barramento simples
43
SUBESTAÇÕES: MONTAGEM ELECTROMECÂNICA, ENSAIOS E MANUTENÇÃO
Linha
Autotransformador
Transformador Lado Secundário
IB/BP/TT/ST
Transformador Lado Primário
Figura 6.4. – Triplo barramento
A simbologia dos equipamentos representados nas figuras está de acordo com a Norma IEC 60617. Numa mesma subestação podem existir várias configurações diferentes, uma por cada nível de tensão. Em instalações industriais alimentadas em AT (em Portugal pela EDP, 60 kV) e com uma rede interna e consumidores MT, é habitual que a SE 60 kV/MT tenha apenas um painel, designado por painel “Linha/Transformador”, de que se mostra um exemplo na Figura 6.5.
46
TENSÕES DE PASSO E DE CONTACTO. REDE DE TERRAS
7. TENSÕES DE PASSO E DE CONTACTO. REDE DE TERRAS Nas SE do tipo AIS e híbridas o campo electromagnético causado pelas cargas estáticas nos condutores nus e pelas condições atmosféricas dão origem a tensões induzidas nas partes da instalação normalmente sem tensão, como por exemplo as estruturas metálicas, criando diferenças de potencial, quer entre elas e a terra quer entre pontos diferentes no solo da SE. Situações semelhantes ocorrem a quando de um defeito fase-terra que envolva as já referidas estruturas metálicas. Estas diferenças de potencial dão origem à tensão de contacto (Ucont) e à tensão de passo (Upasso), ou a uma combinação de ambas, que podem provocar a circulação de uma corrente através do corpo humano, com todas as consequências daí resultantes. A tensão de contacto pode ser definida como a diferença de potencial entre qualquer ponto do solo e uma estrutura metálica à terra capaz de ser tocada, quando a corrente de defeito circula, sendo habitual considerar a distância de um metro entre a estrutura e o solo. A tensão de passo, define-se como a diferença de potencial superficial entre os pés, quando a corrente de defeito circula, sendo habitual considerar a distância de um metro entre os pés. Um caso particular da tensão de contacto é a tensão transferida (Utr), que é uma tensão que é transferida para a SE a partir de um ponto remoto exterior à SE, ou transferida para o exterior da SE, para um ponto remoto exterior. Os conceitos de Ucont e de Upasso são ilustrados na Figura 7.1.
Figura 7.1. – Tensões de contacto e de passo
49
SUBESTAÇÕES: MONTAGEM ELECTROMECÂNICA, ENSAIOS E MANUTENÇÃO
São exemplos de falsas manobras a operação de um seccionador em carga ou deixar em aberto o secundário de qualquer TI. 8.2.2. Sequência de Manobras As manobras habituais a realizar num painel de uma SE, para a respectiva saída ou entrada em serviço, são: • Abertura e fecho de seccionadores. • Abertura e fecho de seccionadores de terra. • Abertura e fecho de disjuntores.
Q1111
Q1112
Q101
Q102 TI101 Q112
Q1118
Q103 TI102 Q114
M
Q121 Q106
M
Q119 Q1114
Q104
TI104
Q118
Q120
Q122
Q1115
Q105
TI103
TI105
M
TI107
TI106 Q1116
LINHA 5
LINHA 4 Q1113
150kV M
TT105
TT104
Q115
Q113
Q111
TT103
Q117
TT102
TT101
LINHA 3
LINHA 2
LINHA 1
Considere-se a SE cujo esquema unifilar do lado dos 150 kV se representa na Figura 8.1. e passe-se a definir a sequência de manobras de saída e entrada em serviço do painel LINHA 1.
Q106
M
TT106 Q1117
TI1101
TF1
TI1102
TF2 TI1103
TI1103
Figura 8.1. – Esquema unifilar de uma SE (lado dos 150 kV)
54
MANOBRAS DE EQUIPAMENTOS
Saída de serviço 1. 2. 3. 4. 5.
Abertura do disjuntor Q101. Abertura do seccionador Q112. Abertura do seccionador Q111. Fecho das facas de terra do seccionador Q111 (Q1111). Verificação do bloqueio das fontes de energia (ver Parte VI – Capítulo 42) e da ausência de tensão, utilizando um detector de tensão, como o representado na Figura 8.2.
Figura 8.2. – Detector de tensão
6. Ligação à terra e em curto-circuito do painel (ver Parte VI – Capítulo 44.1).
O painel, depois de cumpridos os procedimentos de consignação e de segurança, está em condições de permitir o início dos trabalhos. Entrada em serviço Depois de concluídos os ensaios de funcionamento e cumpridos os procedimentos de desconsignação: 1. Desmontagem dos cabos de ligação provisória à terra. 2. Verificação de que não foram deixadas, na zona de trabalhos, ferramentas ou outros materiais não aplicados. 3. Verificação se o seccionador de terra Q1118 está aberto; se não estiver, abri-lo, se tal tiver sido previamente autorizado. 4. Fecho do seccionador Q112.
55
ENCRAVAMENTOS ELÉCTRICOS E MECÂNICOS
9. ENCRAVAMENTOS ELÉCTRICOS E MECÂNICOS Os encravamentos destinam-se a evitar a realização de falsas manobras (ver Capítulo 8.2.1) e podem ser eléctricos, mecânicos ou uma combinação de ambos, como é habitual numa SE. Os encravamentos eléctricos utilizam-se em equipamentos com comando eléctrico e dependendo do tipo de sistema de comando e controlo, podem ser realizados por hardware ou software, ou coexistirem ambos os métodos. Os encravamentos mecânicos podem ser pré-construídos num equipamento, como é o caso dos contactos principais e os contactos de terra dos seccionadores, ou realizados com um jogo de fechaduras e chaves (ver Figura 9.1.), que ficam prisioneiras (impedindo assim a manobra de um outro equipamento, que requer, para a sua manobra a chave que está prisioneira num determinado equipamento) ou são libertas (o que permite realizar a manobra de um outro equipamento, que requer, para a sua manobra a chave que fica liberta num determinado equipamento). Este último tipo de encravamentos mecânicos é estabelecido de acordo com o estado de aberto-fechado do equipamento, tendo em vista as manobras que é necessário realizar.
Fechaduras de encravamento
Figura 9.1. – Exemplo de encravamento e de fechadura e jogo de chaves
Nos casos em que os equipamentos permitem a execução de duas manobras que devem estar encravadas entre si, como os seccionadores com contactos de terra, em que quer os contactos principais quer os contactos de terra têm comando eléctrico, as manobras de ambos os contactos estão encravadas eléctrica e mecanicamente (encravamento pré-construído). Cabe aqui referir que nas baterias de condensadores instaladas numa cela de rede, a porta de acesso da rede de vedação da bateria de condensadores dispõe de um encravamento que apenas permite a sua abertura após uma temporização, para garantir a descarga completa dos condensadores, com o objectivo de garantir a segurança do operador. 59
CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE A MONTAGEM ELECTROMECÂNICA DAS SUBESTAÇÕES
10. CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE A MONTAGEM ELECTROMECÂNICA DAS SUBESTAÇÕES Para a realização da montagem electromecânica das SE é necessário a existência de um PE suficientemente detalhado, para que os trabalhos possam ser correctamente executados e para que os trabalhadores que realizam as diversas tarefas não tenham dúvidas quanto ao tipo de trabalho a executar e aos procedimentos a adoptar. O referido PE deve estar actualizado, ter aposto o carimbo “BOM PARA EXECUÇÃO” e tem que, obrigatoriamente, estar arquivado no estaleiro 7. É igualmente indispensável que no estaleiro existam as instruções de montagem e de operação dos equipamentos, fornecidas pelos fabricantes. A obra deve ser chefiada por um Engenheiro Electrotécnico inscrito na Ordem dos Engenheiros ou na Ordem dos Engenheiros Técnicos e na DGEG, com experiência, que é designado como Director de Obra. A montagem electromecânica deve ser, preferencialmente, organizada por frentes de trabalho (estruturas metálicas; barramentos; equipamentos; cabos; etc.). Os trabalhadores, quer os montadores quer o THS, devem ser treinados e credenciados 8. Todas as ferramentas e meios de montagem utilizados devem estar em boas condições de funcionamento e só devem ser utilizados para o fim para que foram concebidos e de acordo com as instruções do fabricante. Os meios de delevação de cargas não devem ultrapassar a carga especificada. Na Figura 10.1. apresenta-se o organigrama habitual da equipa de montagem da Empreiteiro necessária para a realização da montagem electromecânica da SE.
7
Ver Capítulo 11.1.
8
Sobre os THS ver Parte VI – Capítulo 40. 65
MEIOS DE MONTAGEM
12. MEIOS DE MONTAGEM – FERRAMENTAS E EQUI- PAMENTOS Para a realização das tarefas de montagem electromecânica e manutenção das SE o Empreiteiro deve dispor de um conjunto de equipamentos e ferramentas, dos quais se referem: • Grua telescópica, de preferência “todo o terreno”
Figura 12.1. – Grua telescópica “todo o terreno”
• Viatura pesada (camião) com grua, para movimentação de cargas • Plataforma elevatória com barquinha
Figura 12.2. – Plataforma elevatória com barquinha
75
ESTUTURAS METÁLICAS
15. ESTUTURAS METÁLICAS As estruturas metálicas das SE do tipo AIS são principalmente utilizadas nos pórticos de amarração de linha e nos suportes dos equipamentos de MAT e AT. São normalmente treliçadas e galvanizadas por imersão a quente após fabrico, tendo em atenção a corrosão provocada pelas condições ambientais (principalmente humidade e poluição salina) do local onde as estruturas serão montadas. Nalguns países, inclusive Portugal, nas SE da EDP, os pés de apoio das estruturas de suporte dos equipamentos são normalmente tubulares, onde é instalado o cabo de ligação à terra 11 da estrutura e do equipamento, a fim de evitar o roubo do cobre. A Figura 15.1. ilustra as estruturas metálicas das SE.
Pórtico de amarração
Estrutura de suporte com pés tubulares
Suporte de equipamento
Figura 15.1. – Estruturas metálicas
Antes de ser iniciada a montagem das estruturas metálicas deve ser assegurada a correcta implantação dos maciços e chumbadores. Os procedimentos gerais de montagem a observar são os seguintes: • Levantamento das estruturas metálicas, com meios auxiliares. • Fixação das estruturas aos chumbadores e aperto de parafusos e porcas. • Assemblagem das várias partes que constituem a estrutura (caso dos pórticos de amarração) e aperto de parafusos e porcas.
11 Ver Capítulo 17.
89
BARRAMENTOS, ISOLADORES E LIGADORES
16. BARRAMENTOS, ISOLADORES E LIGADORES 16.1. BARRAMENTOS E ISOLADORES Nas SE os barramentos e a ligação entre equipamentos podem ser realizados por: • Tubo de liga de alumínio 13 (ligações rígidas). • Cabo nu em liga de alumínio (ligações flexíveis). As ligações em cabo entre os barramentos e os equipamentos MAT e AT são habitualmente designadas por ligações tendidas. Os tubos são instalados apoiados em colunas de isoladores. As colunas de isoladores são montadas em disposição vertical e apoiados em estruturas metálicas de suporte e são habitualmenteconstituídas por isoladores cerâmicos, em vidro ou em resina epoxy. Já os cabos são fixados aos pórticos de amarração através de cadeias de amarração com isoladores cerâmicos, em vidro ou em resina epoxy, fazendo-se a derivação por meio de pinças de amarração. Barramento em tubo Coluna de isoladores
Estrutura metálica
Figura 16.1. – Barramento em tubo e coluna de isoladores
13 Actualmente, e por questões económicas, utilizam-se preferencialmente tubos e cabos nus em liga de alumínio. Esta solução apresenta ainda a vantagem, relativamente ao cobre, de o alumínio não ser susceptível de ser roubado.
93
REDE DE TERRAS
17. REDE DE TERRAS O cabo de cobre é instalado enterrado, habitualmente a uma profundidade de 0,6-0,8 m da cota 0,00 da SE (ver Figura 17.3.). As ligações e derivações entre os condutores da rede de terras podem ser executadas das seguintes formas: • Soldadura aluminotérmica, utilizando um kit 14 apropriado.
Figura 17.1. – Exemplos de soldadura aluminotérmica (esquerda e centro) e preparação da soldadura (direita)
Nos casos em que sejam utilizado o método de soldadura aluminotérmica, o número de ligações executado por cada molde não pode ultrapassar o indicado pelo fabricante. • Ligadores em “C”, com recurso a prensa de cravar hidráulica calibrada e matrizes com as dimensões adequadas às dimensões dos ligadores.
Figura 17.2. – Ligador em “C” e respectiva cravação
14 Ver Parte II – Capítulo 12. 99
SUBESTAÇÕES: MONTAGEM ELECTROMECÂNICA, ENSAIOS E MANUTENÇÃO
As ligações dos cabos às estruturas metálicas do parque exterior da SE fazem-se acima do solo, sem descontinuidade da malha, por fixação de dois cabos sobre a estrutura utilizando ligadores apropriados. A partir deste ligador será derivada uma ligação em antena, constituída por barra ou cabo de cobre nu, fixado sobre a estrutura metálica, que permite a ligação entre a malha de terra e a aparelhagem suportada. No caso de os pés da estrutura serem tubulares, a ligação à aparelhagem será realizada através de cabo de cobre nu, instalado no interior da estrutura. Na Figura 17.3. exemplifica-se o que foi anteriormente exposto.
Figura 17.3. – Ligador de aterramento
100
TRANSFORMADORES E AUTOTRANSFORMADORES
19. TRANSFORMADORES E AUTOTRANSFORMADORES Por questões de peso e manuseamento, os transformadores e autotransformadores, para tensões a partir de 123 kV e para potências elevadas, são normalmente transportados sem óleo (habitualmente são cheios com azoto), eventualmente sem o conservador e sem as travessias. Por esse motivo, em obra é necessário proceder à assemblagem dos transformadores e autotransformadores e enchê-los com o óleo. É recomendável que aquela assemblagem seja realizada por pessoal do fabricante, que está suficientemente treinado e credenciado para executar a tarefa. Os transformadores e autotransformadores são instalados sobre vigas de betão, construídas sobre a fossa de óleo, através de sapatas fixadas nas vigas (Figura 19.1.), normalmente por meio de buchas químicas, não sendo actualmente prática comum utilizar caminhos de rolamento e os rodados dos transformadores.
Vigas de betão
Fossa de óleo
Figura 19.1. – Montagem de um transformador
Cada transformador, ou autotransformador, deverá ser separado dos restantes por paredes corta-fogo, como se representa na Figura 19.2.
107
EQUIPAMENTOS MAT E AT
21. EQUIPAMENTOS MAT E AT Os equipamentos MAT e AT devem ser montados de acordo com os desenhos de disposição do equipamento e com as instruções de montagem do fabricante. Antes da montagem dos equipamentos, que devem ser colocados sobre as estruturas de apoio com o auxílio de uma grua e/ou meios de elevação de carga e deve ser verificado se as furações das estruturas estão de acordo com as furações das bases dos equipamentos. Caso tal não aconteça é necessário, em obra, corrigir as furações da estrutura, não esquencendo o restauro da galvanização (ver Capítulo 15). Para os disjuntores de corte em SF6 deve ser verificada a pressão do gás. Quando os seccionadores são manobrados pela primeira vez ou após intervenção de manutenção, devem ser colocados manualmente entre a posição de fechado e totalmente aberto (posição coloquialmente conhecida como “meio pau”), para que, em caso de ligação incorrecta do motor de manobra (troca do sentido de rotação), o equipamento não corra o risco de ser destruído. Para cada conjunto de três transformadores de medida (TI e TT) deve existir uma caixa de reagrupamento dos cabos de ligação dos enrolamentos secundários, como se representa na Figura 21.1. (para TI).
TI
Caixa de reagrupamento de cabos
Figura 21.1. – Caixa de reagrupamento de TI
115
GRUPO DE EMERGÊNCIA
23. GRUPO DE EMERGÊNCIA Os principais constituintes de um grupo gerador de emergência são: • • • • • • •
Motor. Alternador. Base comum. Bateria de arranque. Sistema de abastecimento de combustível. Tubagem de escape. Quadro eléctrico de comando, controlo e protecção.
É recomendável que a montagem do grupo seja feita por pessoal do fabricante ou do fornecedor. Os grupos geradores de emergência são habitualmente instalados no interior, numa sala específica para esse fim. A sala deverá dispor de grelhas de entrada e saída de ar, devidamente dimensionadas para garantir o caudal de ar necessário à refrigeração do grupo. As principais tarefas a executar são: • Montagem da base do grupo na laje do local de implantação, sobre apoios anti-vibratórios. • Montagem do sistema de evacuação de gases (tubagem de escape) – Figura 23.1.
Tubagem de escape
Silencioso
Figura 23.1. – Tubagem de escape de um grupo gerador de emergência
121
SUBESTAÇÕES: MONTAGEM ELECTROMECÂNICA, ENSAIOS E MANUTENÇÃO
Figura 26.10. – Tritubo
O desenrolamento dos cabos, se não for feito com os devidos cuidados, pode provocar danos irreparáveis na bainha exterior e também no isolamento e na alma condutora. Os equipamentos de tracção dos cabos devem estar dotados de meios que permitam controlar a tensão mecânica aplicada de modo a não ser ultrapassado o valor máximo estabelecido pelo fabricante, para cada tipo de cabo e consoante o método de instalação. Se durante a instalação for necessário cortar o cabo, as pontas devem voltar a ser seladas antes de se prosseguir com a instalação, como se representa na Figura 26.11.
Figura 26.11. – Selagem das pontas de cabo para posterior utilização
136
ENSAIOS EM OBRA E DE FUNCIONAMENTO DA INSTALAÇÃO
28. ENSAIOS EM OBRA E DE FUNCIONAMENTO DA INSTALAÇÃO Os SAT e os ensaios de funcionamento destinam-se a verificar se a montagem dos equipamentos não provocou nestes quaisquer danos, se a sua montagem foi correcta e se o funcionamento da instalação obedece ao descrito nas ET do PE e aos requisitos do D.O. Os SAT devem ser realizados de acordo com os PIE, propostos pela Empreiteiro e aprovados pelo D.O. No Anexo 3 apresenta-se um modelo de um PIE (disjuntores AT). Na Tabela 28.1. apresentam-se os SAT mais habituais nas SE, baseados na Norma ANSI/NETA ATS-2009, e as inspecções a realizar. Tabela 28.1. – SAT e inspecções
Equipamentos e sistemas
Ensaios e verificações Inspecção visual Medida da espessura da galvanização
Estruturas metálicas
Verificação de soldaduras, usando um dos seguintes processos: • Método dos líquidos penetrantes. • Radiografia. • Ultrassons Inspecção visual, incluindo chapa de características. Verificação dos encravamentos mecânicos, caso existam.
Disjuntores MAT, AT e MT
Verificação do funcionamento do comando local. Verificação do funcionamento do motor de carregamento das molas. Verificação da pressão de SF6, incluindo os valores de alarme e disparo de pressão baixa de SF6. Inspecção visual, incluindo chapa de características.
Seccionadores MAT, AT e MT
Verificação dos encravamentos mecânicos, caso existam. Verificação do funcionamento do comando local, incluindo os encravamentos eléctricos. Verificação do sentido de rotação do motor (só MAT e AT). Inspecção visual, incluindo chapa de características.
Transformadores de medida
Verificação da relação de transformação, polaridade, curva de magnetização e classe e erro de medida, por injecção de corrente (TI) ou tensão (TT) primária.
143
APARELHOS DE MEDIDA E OUTROS EQUIPAMENTOS UTILIZADOS NOS ENSAIOS
30. APARELHOS DE MEDIDA E OUTROS EQUIPAMEN- TOS UTILIZADOS NOS ENSAIOS Todos os aparelhos de medição utilizados nos SAT devem estar calibrados, por entidade independente e reconhecida. O certificado de calibração deve estar válido e deve acompanhar sempre o aparelho. Alguns dos mais habituais equipamentos de teste são: • Amperímetros, voltímetros, ohmímetros, multímetros e pinças amperimétricas. • Comparadores de fase – permitem determinar a sequência de fases das instalações e também detectar a presença de tensão. São normalmente usados quando se pretende interligar dois sistemas diferentes.
Figura 30.1. – Comparador de fases
• Medidores de isolamento (MEGGER) • Equipamento de teste multi-funções – este equipamento permite ensaiar transformadores de potência e de medida, cabos, disjuntores e também medições da tg δ. –– Transformadores de medida • Relação de transformação, potência de precisão e polaridade • Fase e amplitude do erro • Curva de magnetização • Resistência dos enrolamentos • Resistência de isolamento
153
SUBESTAÇÕES: MONTAGEM ELECTROMECÂNICA, ENSAIOS E MANUTENÇÃO
Figura 32.1. – Identificação das distâncias definidas pela EDP
As distâncias de vizinhança prescritas pela EDP são: • BT: 0,30 m MT e AT (60 kV): 1000 V < Un 22 < 20 kV – 1,5 m; 20 kV < Un < 60 kV – 2 m • MAT: 60 kV < Un < 220 kV – 3 m; Un > 220 kV – 4 m Para a realização dos TFT e TVT, após a identificação clara das instalações eléctricas afectadas pelo trabalho, devem ser cumpridas de forma absolutamente obrigatória e inequívoca, as seguintes regras essenciais, em duas etapas: –– Etapa 1 – criação da zona protegida • Separar completamente (isolar a instalação de todas as possíveis fontes de tensão) – ver Parte VI – Capítulo 42. • Proteger contra a reposição acidental (bloquear na posição de abertura todos os órgãos de isolamento, ou adoptar medidas preventivas quando tal não seja exequível, por exemplo, reforçando a sinalização) – ver Parte VI – Capítulo 42. –– Etapa 2 – protecção da zona de trabalhos –– Regras a cumprir pelo Responsável de Trabalhos, na zona de trabalhos e antes de iniciar os trabalhos: • Verificar a ausência de tensão, depois de previamente identificada a instalação colocada fora de tensão e após recepção da mesma. • Ligar à terra e em curto-circuito (ver Parte VI – Capítulo 44.1). • Proteger contra as peças em tensão que estejam na zona de trabalhos ou na sua proximidade e delimitar a zona de trabalho.
22
162
Un: Tensão nominal da rede.
GENERALIDADES SOBRE AS OPERAÇÕES DE MANUTENÇÃO PREVENTIVA
34. GENERALIDADES SOBRE AS OPERAÇÕES DE MANUTENÇÃO PREVENTIVA 34.1. CONSIDERAÇÕES GERAIS As empresas concessionárias de transporte e distribuição de energia e as grandes unidades industriais têm, habitualmente, um Plano de Manutenção Preventiva (PMP) para as suas SE, onde é definida a periodicidade das intervenções e o tipo de acções a desenvolver, que podem não coincidir com o exposto no Capítulo 33 e ser mais ou menos rigorosas. As acções de manutenção, bem como a periodicidade, dos diversos equipamentos e sistemas de uma SE, como já referido no Capítulo 33, são normalmente estabelecidas de acordo com a criticidade e fiabilidade requerida à SE, experiência de exploração e condução das SE, do histórico de avarias dos equipamentos 26 e das recomendações dos fabricantes. A optimização da periodicidade da manutenção preventiva permite aumentar a fiabilidade da SE e diminuir os custos com a manutenção correctiva, como se representa na Figura 34.1.
Figura 34.1. – Optimização da periocidade da manutenção preventiva
A manutenção preventiva inclui, normalmente, as operações atrás referidas e que serão explicitadas nos capítulos subsequentes, e ainda a reparação de pequenos defeitos detectados pela inspecção visual e termográfica, que não ponham em risco o funcionamento da instalação e dos equipamentos nem a sua eventual destruição a curto prazo, e a reparação de pequenos e/ou grandes defeitos detectados durante as operações constantes do PMP.
26 As avarias nos equipamentos e sistemas da SE devem ser registadas, indicando a data, o tipo de avaria, as respectivas causas, os trabalhos executados para a sua reparação, as peças substituídas as ferramentas utilizadas e o tempo de reparação.
171
SUBESTAÇÕES: MONTAGEM ELECTROMECÂNICA, ENSAIOS E MANUTENÇÃO
• Em todas as salas de quadros eléctricos, de baterias, redes metálicas de vedação de equipamentos em tensão e estruturas metálicas onde se encontrem equipamentos e condutores em tensão devem ser colocados sinais que evidenciem a presença de equipamentos em tensão e o risco de electrocussão, como se representa na Figura 40.3. Estes sinais devem estar escritos na língua do país onde se encontra a instalação eléctrica e obedecer às normas aplicáveis.
Figura 40.3. – Sinais de perigo de electrocussão
• Todos os equipamentos que tenham partes acessíveis normalmente em tensão devem ser protegidos por uma vedação em rede metálica (ligada à terra), com acesso limitado a pessoal credenciado, como representado na Figura 40.4. (no caso de baterias de condensadores a abertura da porta deve ser temporizada, para garantir a descarga total dos condensadores).
Figura 40.4 – Vedação em rede metálica para equipamentos com partes acessíveis normalmente em tensão
206
CONTROLO E BLOQUEIO DAS FONTES DE ENERGIA
Figura 42.1. – Exemplos de aplicações de LOTO
Só pessoas qualificadas e devidamente formadas podem ser envolvidas nas tarefas que envolvam estes procedimentos, constituindo obrigação do empregador a formação do seu pessoal para os poder realizar. O empregador deve ainda assegurar que cada trabalhador envolvido conhece, percebe e é capaz de aplicar os procedimentos LOTO para controlo das fontes de energia, bem como ser capaz de reconhecer aquelas fontes e saber como as controlar e isolar. Considera-se fundamental que existam procedimentos escritos, em forma de check-list, descrevendo a sequência de acesso aos locais de trabalho, desenergização e lockout. Os equipamentos habitualmente utilizados para procedimentos LOTO são chaves e cadeados, ferrolhos (que se destinam a juntar mecanicamente diversos cadeados) e etiquetas de sinalização e identificação, destinadas a um único trabalhador. Estes equipamentos encontram-se representados na Figura 42.2. Cadeado e Chaves
Ferrolho
Etiqueta
Figura 42.2. – Equipamentos LOTO
219
EQUIPAMENTOS DE PROTECÇÃO
45. EQUIPAMENTOS DE PROTECÇÃO A quando da sua entrada em obra, os trabalhadores, seja qual for a função e atividade, deverão receber formação em segurança e a respectiva entidade patronal deverá fornecer-lhes os seguintes EPI, que se encontram representados na Figura 45.1. • Fato de trabalho em algodão, ou material com características semelhantes, com mangas compridas. • Capacete. • Calçado de protecção. • Luvas de protecção. • Óculos de protecção. • Protectores auriculares. • Colete reflector.
Fato de trabalho
Colete reflector
Calçado de protecção impermeável Capacete Calçado de protecção
Luvas
Óculos de protecção
Protecções auriculares
Figura 45.1. – EPI
No estaleiro e nos locais de trabalho devem ser afixados painéis de sinalização, indicando os EPI obrigatórios, como se exemplifica na Figura 45.2.
231
ANEXOS
ANEXO 5 – LISTA DE VERIFICAÇÃO DE CONFORMIDADE DE SEGURANÇA (EXEMPLO) TRABALHOS GERAIS
LISTA VERIF. N.º
Dono de Obra: Obra:
Obra n.º
Local de Inspeção:
Data:
Empresa Inspeccionada:
Empresas no local (incluindo subempreiteiros):
Fiscalização:
Entidade Executante:
VERIFICAÇÕES DE CONFORMIDADE
Conf. 1 C/ NC / NA
FICHA OCORRÊNCIA 2
ORGANIZAÇÃO DA FRENTE DE TRABALHO Sinalização e identificação da Obra, nomeadamente:
1
2
Conf. 1 C/ NC / NA
FICHA OCORRÊNCIA2
ORGANIZAÇÃO DA FRENTE DE TRABALHO
5
Preparação e acondicionamento de ferramentas e acessórios
□□□
1.1
Painel identificativo da obra
□□□
6
Existência de caixa de primeiros socorros
□□□
1.2
Sinalização do uso obrigatório de EPI
□□□
7
□□□
1.3
Outra sinalização Indicar:
□□□
Existência de socorrista na frente de obra
8
Lista de telefones de emergência
□□□ □□□ □□□
1
VERIFICAÇÕES DE CONFORMIDADE
2
Delimitação da área de trabalho
□□□
9
Assegurada distância de segurança entre trabalhadores e instalações em tensão
3
Arrumação de materiais, máquinas e equipamentos
□□□
10
Outros indicar:
4
Frente de obra limpa de resíduos produzidos pelos trabalhos
□□□
C – Conforme, NC – Não conforme, NA – Não aplicável. Sempre que exista uma não conformidade deverá ser indicado o número da respetiva Ficha de Registo de Ocorrência.
259
ANEXOS
Posto de transformação
Ligador de terra do equipamento
L1 L2 L3 PEN
N
PE
Terra de serviço e de protecção Figura A7.2 – Sistema TN
O regime TN divide-se em dois esquema – Esquema TN-C, Esquema TN-S e Esquema TN-C-S. i) Esquema TN-C Neste esquema o condutor de neutro é também utilizado como condutor de protecção (PEN), como se representa na Figura A7.3 apenas podendo ser utilizado quando a secção do condutor de neutro é ≥ 10 mm2.
L1 L2 L3 PEN
Eléctrodo de terra da alimentação
Massas
Figura A7.3 – Esquema TN-C. Fonte: RTIEBT.
271
SUBESTAÇÕES: MONTAGEM ELECTROMECÂNICA, ENSAIOS E MANUTENÇÃO
Aconselhável
Possível
Desaconselhável
Tabela A7.1 – Critérios base de aplicação dos regimes de neutro BT de acordo com vários parâmetros. Fonte: Guide de l’ installation eléctrique – Merlin Gerin – edição de Janeiro de 1982
Rede muito comprida com boas tomadas de terra de utilização (≤ 10 Ω)
TT
TN
IT
Idem, mas com más tomadas de terra de utilização (> 30 Ω)
TT
Rede perturbada (zona de trovoadas)
TN
TT
IT
Rede com correntes de fuga importantes (> 500 mA)
TN
TT
IT
Rede com linha aéreas exteriores
TT
TN
IT
Grupo electrogéneo de socorro
IT
TT
TN
Receptores sensíveis a grandes correntes de defeito, como por exemplo motores
IT
TT
TN
Receptores de fraco isolamento (fornos eléctricos, máquinas de soldar, equipamento de cozinha industriais, etc.)
TN
TT IT
Vários receptores monofásicos móveis, semi-fixos e portáteis (berbequins, por exemplo)
TT
Receptores com movimento contínuo (telas transportadoras, por exemplo)
TN
IT
TT
Alimentação por transformador com ligação Yy (estrela-estrela)
IT
TT
TN
Locais com risco de incêndio
TT IT
Instalação com modificações permanentes (instalações de estaleiro, por exemplo)
TT
Aumento de potência de conshumidores alimentados em BT e que passa a ser alimentado em MT com um PT privativo
TT
TN IT
Instalações onde não é possível assegurar a continuidade dos circuitos de terra (instalações de estaleiro, por exemplo)
TT
TN IT
Diversos
Natureza dos receptores
Natureza da rede
Características
276
IT TN
IT TN
TN IT
TN
Subestações Montagem Electromecânica, Ensaios e Manutenção MANUEL BOLOTINHA
Sobre a obra Dando continuidade à obra Subestações: Projecto, Construção, Fiscalização, o autor aborda agora nesta obra os aspectos mais relevantes da montagem electromecânica das subestações, designadamente os princípios de organização da obra e do estaleiro, os procedimentos de montagem dos equipamentos e sistemas, os ensaios e comissionamento com vista à recepção provisória e entrada em serviço da instalação, e também as operações de manutenção daquelas instalações, os princípios de segurança que devem ser observados para a realização dos trabalhos, bem como as normas e regulamentos aplicáveis.
Sobre o autor Manuel Bolotinha, MSc, licenciou-se em 1974 em Engenharia Electrotécnica (Ramo de Energia e Sistemas de Potência) no Instituto Superior Técnico – Universidade de Lisboa (IST/UL), onde foi Professor Assistente, e obteve o grau de Mestre em Abril de 2017 em Engenharia Electrotécnica e de Computadores na Faculdade de Ciências e Tecnologia – Universidade Nova de Lisboa (FCT-UNL). Tem desenvolvido a sua actividade profissional nas áreas do projecto, fiscalização de obras e gestão de contratos de empreitadas designadamente de projectos de geração e transporte de energia, instalações industriais e infra-estruturas de distribuição de energia, aero-portuárias e ferroviárias, não só em Portugal, mas também em África, na Ásia e na América do Sul. Membro Sénior da Ordem dos Engenheiros, é também Formador Profissional, credenciado pelo IEFP, tendo conduzindo cursos de formação, de cujos manuais é autor, em Portugal, África e Médio Oriente. É também autor de diversos artigos técnicos publicados em Portugal e no Brasil e de livros técnicos, em português e inglês, e tem proferido palestras na OE, ANEP, FCT-UNL, IST e ISEP.
Também disponível em formato e-book Parceiro de Comunicação
ISBN: 978-989-892-760-6
www.engebook.pt