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Índice Editorial...................................................................................................................... 4 Mobilidade Global
Evento......................................................................................................................... 6 Pensando mobilidade urbana
Legislação.................................................................................................................12 Lei da mobilidade urbana x realidade das cidades brasileiras
Mundo........................................................................................................................14 Cities for Mobility
Especial.....................................................................................................................18 De frente com Ton Daggers
Turismo..................................................................................................................... 20 Turismo para todos
Saúde........................................................................................................................ 24 Imobilidade urbana: uma inimiga da saúde
Inovação................................................................................................................... 26 Comissão avalia mobilidade urbana na Grande Florianópolis
Planejamento urbano................................................................................................ 30 Gentilezas urbanas como alternativa para o caos das cidades
Infraestrutura........................................................................................................... 32 Brasil apresenta déficit hidroviário
Entrevista................................................................................................................. 34 Diários de bicicleta - volta ao mundo sobre duas rodas
Agenda...................................................................................................................... 38 3
Editorial
Mobilidade Global A mobilidade urbana é um assunto global. Em qual-
viáveis para a imobilidade urbana, nasceu um projeto
quer lugar do planeta, o pedestre quer que os car-
da criação da primeira revista no país que seja focada
ros parem para ele atravessar a rua, o passageiro
no tema.
do transporte coletivo deseja que os veículos não
No Brasil, segundo dados do IBGE, as cidades abrigam
atrapalhem a circulação dos ônibus, o motorista
mais de 84% da população, gerando mais de 90% da
quer que os pedestres não atravessem em frente ao
riqueza. Para um país que irá sediar a Copa do Mun-
carro, o morador não quer trânsito em frente à sua
do e as Olimpíadas, fica o questionamento: o que os
residência, o ciclista quer ser respeitado e o comér-
municípios brasileiros precisam fazer para acompa-
cio reivindica uma linha de ônibus na rua em que está
nhar a transformação global? Estes grandes eventos
instalado- mas com o ponto de parada em frente à
estão aí... Além dos equipamentos para realização
loja do vizinho.
dos jogos, as cidades satélites e regiões precisam de
Esses e outros exemplos de conflitos de interesses
atenção. O turismo poderá ser explorado e as regiões
configuram o cenário urbano quanto ao uso das ruas
menores também poderão lucrar com esses grandes
dade urbana também demanda calçadas confortáveis,
nas cidades, e mostram bem as dificuldades para se
eventos, porém, é preciso acender a luz amarela e dar
niveladas, sem buracos e obstáculos, porque um terço
atingir o consenso sobre a circulação e utilização das
atenção a essas questões.
das viagens realizadas nas cidades brasileiras é feita a
ruas em um espaço urbano. E há muito esse deixou
É preciso pensar na mobilidade urbana sustentável que
pé ou em cadeiras de rodas.
de ser um problema apenas de grandes centros. Ci-
envolve a implantação de sistemas sobre trilhos, como
Assim como o problema da mobilidade urbana, a
dades menores, que antes não sofriam com proble-
metrôs, trens e bondes modernos (VLTs), ônibus “lim-
proposta é que essa revista seja global, abrangendo
mas relacionados à mobilidade urbana, atualmente
pos”, com integração a ciclovias, esteiras rolantes,
os problemas das pequenas cidades e das grandes
buscam soluções para tentar evitar o caos que está
elevadores de grande capacidade. E soluções inovado-
metrópoles brasileiras, bem como situações e solu-
batendo na porta.
ras, como os sistemas de bicicletas públicas, como os
ções aplicadas ao redor do mundo.
Há anos trabalhando com a promoção de eventos e
implantados em Copenhague, Paris, Barcelona, Bogo-
missões empresariais em prol da busca por soluções
tá, Boston e várias outras cidades mundiais. A mobili-
Desejo a todos uma boa leitura!
REPORTAGEM E TEXTOS
JORNALISTA RESPONSÁVEL
IMPRESSÃO E ACABAMENTO
Apoio Comunicação+Marketing
Adriana Cristina Fernandes Laffin Castoldi- – SC
Floriprint
www.apoiocomunicacao.com.br
02428-JP
Hamilton Lyra Adriano
Expediente
Adriana Cristina Fernandes Laffin Castoldi
TIRAGEM
Grayce Rodrigues
PROJETO GRÁFICO
Julia Sizinando
Luiz Peixoto - Fan Comunicação
Raul Gilson Schmitt Rodrigo Flores Schmitt
5 mil exemplares PERIODICIDADE
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Pedro Carloto - pedrocarlotto@terra.com.br EDITORA -CHEFE
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CONTATO COM A REDAÇÃO
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Luiz Peixoto
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Cesar Ogata COORDENAÇÃO EDITORIAL Hamilton Lyra Adriano - ShopConsult
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Argus Caruso
Proibida reprodução total ou parcial sem prévia autorização.
O grupo Doppelmayr/Garaventa é líder mundial em qualidade e tecnogia de transportes a cabo. O conhecimento aprofundado sobre as necessidades do cliente e o trabalho preciso e profissional formam as bases para nossa liderança mundial no segmento. O grupo possui representações, unidades de produção e pontos de serviço em 33 países, e realizou com sucesso mais de 14.300 instalações em 87 países.
Segundo dados da UN-HABITAT, 50% da população mundial vive hoje em cidades, e em menos de uma geração este número passará dos 70%. O aumento da distância entre moradia e trabalho, bem como a expansão desordenada das cidades resultam em estruturas urbanas cada vez mais complexas, e a infraestrutura de transportes atual vem alcançando rapidamente os seus limites de capacidade. É imprescindível, portanto, que novas soluções sejam desenvolvidas para os atuais e futuros problemas de transporte. Teleféricos e cable cars podem ser parte destas soluções,
oferecendo um modal inovador que contribui decisivamente para uma maior atratividade do transporte público. Teleféricos não necessitam de montanhas ou neve. Necessitam apenas de problemas de conectividade e de ampliação da oferta de transporte urbano. Ao solucionar alguns destes problemas, podem evidenciar sua capacidade de transportar passageiros com baixo custo, altíssimo nivel de segurança e rapidez de realização, contribuindo para um sistema de transportes públicos inovador, eficiente e bem-sucedido!
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Evento
Pensando mobilidade urbana
Especialistas discutiram o tema na 3ª edição do Fórum Internacional sobre Mobilidade Urbana, realizado nos dias 03, 04 e 05 de abril em Florianópolis
sos de sucesso aplicados ao redor do mundo.
A capital do estado de Santa Catarina recebeu
“No Brasil, segundo dados do IBGE, as cidades
no início de abril, a terceira edição do Fórum
já abrigam 84% da população, gerando mais
Internacional sobre Mobilidade Urbana. O
de 90% da riqueza. Em poucos anos, se nada
sofrem com a questão, engana-se. Especialis-
evento reuniu os principais estudiosos e espe-
for repensado, ficará impossível o desloca-
tas consideram a imobilidade urbana a praga
cialistas da área, com o objetivo de promover
mento em médios e grandes centros urbanos.
do século, que se não combatida, minará toda
debates, analisar propostas e apresentar ca-
E quem pensa que as pequenas regiões não
a civilização”, pontua Hamilton Lyra Adriano,
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Uma das novidades desta edição foi a participação de entidades e empresas ligadas a indústria da mobilidade urbana, que debateram sobre até que ponto o Brasil está preparado para os grandes desafios de desenvolvimento.
Gil Penalosa - Canada
Palestrantes
Ricardo Fonseca Presidente da Asbea SC
Rafael Lemos Engenheiro Doppelmayr Brasil
Laurindo Junqueira Metrô SP
Lúcia Mendonça Ministério das Cidades
Paulo Sérgio Amalfi Meca Metrô SP
Emilio Merino Assembleia Legislativa RS
Giovanni Bonetti Vice Presidente Asbea Brasil
Dr. Tales de Carvalho Unimed SC
Conrado Grava de Souza Metrô SP
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Evento Palestrantes
Ton Daggers Cyclelogistics - Holanda
Marta Ribeiro Executive Coach
Halam Moreira Consórcio Brassel Quark
idealizador e organizador do evento.
Parques, Esportes e Recreação em Bogotá, na
Os ministérios do turismo e das cidades tam-
Dentre os palestrantes que estiveram no even-
Colômbia, onde liderou projetos importantes
bém estiveram presentes apresentando pro-
to, destaque para dois estudiosos que figuram
como o Festival de Verão e o Carro-livre aos
jetos desenvolvidos em prol da mobilidade
na área de mobilidade urbana: Guillermo Peña-
domingos, programa reconhecido internacio-
urbana. A saúde, um bem muito afetado pela
losa e Ton Daggers. O canadense Guillermo
nalmente onde mais de um milhão de pessoas
imobilidade nas cidades, também foi aborda-
Peñalosa, responsável pela palestra inaugural,
ocupam as ruas e estradas para caminhar,
da, com palestra ministrada pela Unimed. As
é diretor executivo da 8-80 Cities, organização
correr e andar de skate e bicicleta.
novas possibilidades para transporte de pes-
canadense internacional, sem fins lucrativos,
O holandês Ton Daggers é autor do “Manual
soas e de cargas também foram apresentadas
cujo objetivo é contribuir para a criação de
de Integração da bicicleta no planejamento
no evento.
cidades e comunidades mais saudáveis com
do tráfego de médias cidades na Europa e na
grandes espaços públicos. Depois de muitos
América Latina”, e está desenvolvendo um sis-
Para acompanhar notícias sobre eventos rela-
anos de experiência nos setores público e
tema de estacionamento de bicicletas operado
cionados ao tema, acesse o site www.mobili-
privado, Penãlosa foi nomeado comissário de
pela telefonia móvel.
dadenascidades.com.br.
Maria Cláudia Evangelista Secretaria Turismo Florianópolis - SETUR
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Valmir Humberto Piacentini Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana
Tânio Barreto Gerente SDR Grande Florianópolis
Solenidade de abertura
Dep. Est. Renato Hinnig e Hamilton Lyra Adriano
Gil Penalosa, Ver. Edmilson Pereira e Vera Lucia, gerência IPUF
Yumi ASBEA - PR Emilio Merino, Ton Daggers, e Rodrigo
Recepção Fórum
Gil Penalosa, Ton Daggers e Dep. Est. Renato Hinnig
Zena Becker - Presidente Floripa Amanhã
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Evento
Vereador Ed Pereira, Coronel Araújo Gomes, Christiane Lopes Vieira - Executiva Convention Bureau FLN
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Daniel Araújo - Presidente da Viaciclo
Celso Leal - Presidente Associação dos Engenheiros de SC
Paulo Roberto Meller - Presidente do DEINFRA
Ronaldo Lima - Presidente CAU SC
Dilvo Tirloni - Conselho Diretor da ACIF
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Legislação
Lei da Mobilidade Urbana x realidade das cidades brasileiras Texto escrito por Emilio Merino Domínguez, Consultor Sênior em Mobilidade Urbana e Assessor da Comissão de Mobilidade Urbana da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, apresenta a Lei Federal da Mobilidade Urbana
senvolvimento urbano, mobilidade e meio am-
com mobilidade diferente (uns de transporte
biente são tão importantes, porque as cidades
público e outros de transporte privado);
continuam padecendo das mesmas deseco-
• Altas taxas de motorização que em muitos
nomias urbanas? A resposta a esta pergunta
casos superam a média de cidades europeias
pode ser encontrada nos seguintes fatos: falta
de dois habitantes por automóvel;
de informação e conhecimento dos conceitos,
• Transporte público ineficiente em sua estru-
metodologias e tendências atuais do desen-
turação de redes multimodais, baixos níveis
volvimento sustentável; falta de vontade polí-
de serviço que atentam contra o conforto dos
Atualmente, nossas cidades vivenciam uma
tica em mudanças substanciais em benefício
usuários e altas tarifas que fazem com que os
série de deseconomias urbanas, tais como
da população, sabendo que muitos dos pro-
usuários optem pelo transporte privado;
congestionamento veicular, poluição am-
jetos e ações que visam a sustentabilidade do
• Altos índices de poluição ambiental nas prin-
bientale acidentes de trânsito, que impactam
sistema são conflitantes com os interesses da
cipais cidades brasileiras.
diretamente ou indiretamente na qualidade de
população; timing político que visa projetos de
Sendo assim, a Política de Mobilidade Urbana
vida dos cidadãos. O Brasil é um país predo-
curto prazo (período do mandato municipal)e
deve ser entendida como um dos eixos estru-
minantemente urbano, com mais de 80% da
não políticas e projetos de longo prazo.
turadores da política urbana, junto com as po-
população vivendo em cidades e, segundo a
líticas de habitação e saneamento ambiental,
Organização das Nações Unidas, no ano 2030
Antecedentes da Lei da Mobilidade Urbana
e deverá estabelecer sinergias de transversali-
a tendência é chegar a 91% de população urba-
Desde a década de 80, diversos organismos
dade com cada uma delas para a consecução
na. Portanto, tudo indica que se não fizermos
de governoe entidades não governamentais
de uma política de desenvolvimento urbano,
nada para solucionar os problemas de mobili-
lutaram para a promulgação da Lei 12.587/12
avançando além da abordagem tradicional das
dade urbana em sua raiz, dificilmente nossas
da Mobilidade Urbana, que aconteceu so-
políticas setoriais.
cidades poderão ser sustentáveis, habitáveis,
mente a princípios de 2012.
limpas, solidárias e inclusivas socialmente.
A lei visa contribuir para reverter o atual
Fatores de sucesso da Lei da Mobilidade Ur-
Um fator constantementemencionadonos úl-
modelo de mobilidade, integrando-a aos
bana
timos 20 anos, em diversos forosnacionais
instrumentos de gestão urbanística, subordi-
A Lei da Mobilidade Urbana, por meio de
e internacionais, tais como as Conferências
nando-se aos princípios da sustentabilidade
suas diversas diretrizes, traz à tona uma
do Rio (1992) e Joanesburgo (2002), assim
ambiental e voltando-se decisivamente para
série de deseconomias urbanas ainda não
como no Estatuto da Cidade (2001) e no ca-
a inclusão social. Para isso, institui prin-
solucionadas,constituídas por elementos prio-
derno técnico PlanMob, editado pelo Ministé-
cípios, diretrizes e objetivos que dotam os
rio das Cidades (2007), é a intrínseca relação
municípios de instrumentos técnico-legais
entre o desenvolvimento urbano, a mobilidade
para melhorar a mobilidade em condições de
e o meio ambiente - comumente denominado
eficiência e qualidade para as pessoas nas
o tripé da sustentabilidade urbana.
cidades brasileiras.
Os gestores públicos devem entender que qualquer mudança em fatores urbanísticos
Cenários urbanos
como população, densidade, usos do solo e
A Lei da Mobilidade Urbana no Brasil nasce
obras de infraestrutura urbana vão impactar
em cenários urbanos caracterizados pelos se-
diretamente na mobilidade urbana de forma
guintes fatores:
positiva ou negativa e,consequentemente, no
• Ocupação territorial desordenada com baixa
meio ambiente local ou global.
densidade;
Então, cabe fazer a seguinte pergunta aos ges-
• Processos de urbanização com marcada se-
tores públicos: se as inter-relações entre de-
gregação espacial, que cria mundos diferentes
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Emilio Merino Domínguez
ritários na conceituação de uma cidade mais
de redes multimodais de transporte (hidro-
perado por novas formas de conceituar e pro-
humana e com mais qualidade de vida. Por sua
viário, rodoviário e ferroviário). Racionali-
duzir uma mobilidade urbana pactuada com a
vez, a lei apresenta ferramentas a serem usa-
zação dos fluxos de mercadorias regional e
sociedade, que permita a democratização da
das pelas administrações públicas na solução
urbana, equacionando custos logísticos e os
tomada de decisões estratégicas e participa-
dessas deseconomias. Pode-se ressaltar sete
impactos produzidos sobre a infraestrutura
ção plena no processo de transformação de
tópicos que resumem o espírito da lei ou os
urbana e meio ambiente;
nossas cidades com vistas ao futuro.
chamados fatores de sucesso:
• Processo de pactuaçãosocial pela mo-
Nossas cidades ainda não estão preparadas
• Política de mobilidade urbana e sua inter-
bilidade: incentiva-se um “acordo político”
para cumprir a Lei Federal da Mobilidade
-relação com a Política de Desenvolvimento
entre a administração e a sociedade civil,
Urbana, mas isso não deve nos preocupar,
Urbana-PNDU: integração transversal entre as
buscando consenso na implementação de
devido a que é um processo de transforma-
relações funcionais de usos do solo (densida-
um conjunto de medidas que garantam a
ção longo e duradouro, mas que precisa ser
de, compacidade, reserva e expansão do solo)
equidade do espaço público e um melhor
iniciado o mais rápido possível. Mudanças de
com a mobilidade das pessoas, mercadorias e
uso dos meios de transporte motorizados. O
paradigmas precisam ser debatidas com a po-
• Financiamento da mobilidade urbana: busca-
pacto social é um instrumento dinâmico de
pulação, tais como transporte de todos, para
-se e analisa-se as diversas fontes de finan-
gestão participativa, que evolui de acordo as
todos e sustentado por todos; prioridades para
ciamento nacional e/ou internacional que ala-
necessidades da cidade.
o transporte público e não motorizado; entre
infraestrutura viária; • Planejamento territorial: articulação dos planos de mobilidade, transporte e urbanísticos das esferas federal, estadual e municipal (coerência, unidade e legibilidade de políticas, estratégias, projetos e ações); • Participação democrática e controle social: gestão democrática e participativa, constituindo um processo que possibilite a integração dos vários segmentos sociais na construção do planejamento e no controle social das obras, projetos e ações de governo; • Sustentabilidade em suas dimensões socioeconômica e ambiental: incentiva-se para uma mobilidade que cumpra com os objetivos ligados à satisfação das necessidades humanas para uma melhor qualidade de vida, com justiça social e equidade social;
vanquem o desenvolvimento de sistemas de
outros.
transporte eficientes, seguros e de qualidade.
Considerações finais
Finalmente, o fortalecimento institucional dos
Deverá assegurar-se a participação privada no
A Lei da Mobilidade Urbana veio para valer e
municípios por parte dos governos Federal e
processo de construção da cidade sustentável;
poder mudar os atuais cenários urbanos que
estaduais é de vital importância na busca de
• Redes de transporte de cargas e passagei-
não são muito alentadores para as cidades
uma maior qualificação da gestão munici-
ros: incentiva-se a coordenação (integração
brasileiras. Não obstante, essa lei será inócua
pal que repercuta diretamente nos projetos e
física, operacional e tarifaria dos modos de
se não existir uma verdadeira consciência por
ações de mobilidade que as cidades precisam
transporte) das redes de transporte de pas-
parte dos gestores públicos de que o caminho
para encarar um desenvolvimento sustentável
sageiros e transporte de carga. Estruturação
adotado nas últimas décadas tem que ser su-
e duradouro.
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Mundo
Cities for Mobility
Metro Medellin
Rede internacional reúne empresas, organizações e governo em prol da mobilidade urbana
Com sede em Stuttgart, a Cities for Mobility
Com o objetivo de criar uma cooperação direta
cia da experiência alemã e de outros locais
entre os governos locais, empresas, universidades e outros parceiros com conhecimentos específicos no setor de mobilidade urbana, foi fundada no ano de 2006, em Stuttgart, na Alemanha, a rede Cities for Mobility - entidade global que promove o intercâmbio de experiências e know-how entre as cidades e outras organizações de negócios, pesquisa e sociedade civil por todo o mundo, objetivando a mobilidade urbana sustentável.
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busca reunir membros de cidades de todo o mundo para promover e facilitar a transferênacerca da mobilidade urbana. A rede Cities for Mobility conta hoje com 616 membros associados em 82 países representados, sendo poucos municípios no Brasil. Um exemplo de que estas trocas de experiências resultam em melhorias para a população é o caso da Colômbia. As cidades de Bogotá e Medellín passaram por mudanças com base em um projeto urbanístico integrado que tratava dos problemas de mobilidade, segurança
Patrick Daude
Transporte Curitiba
pública, educação e ordenamento urbano si-
e tem sido considerada uma das pioneiras em
plo mundial de sistema preferencial. Todas as
multaneamente.
modernização e reestruturação do sistema.
obras de melhoria e as diversas ações desen-
O país, considerado a 29ª maior economia do
“O caso de Curitiba é recente e é um exem-
volvidas na cidade ofereceram um transporte
mundo, por meio do seu Produto Interno Bruto (PIB), virou referência mundial ao escutar especialistas e conscientizar a população a utilizar o transporte público oferecido nas duas maiores cidades. “É possível transformar uma cidade do terceiro mundo em referência, para isso é preciso analisar o sistema atual e fazer um planejamento técnico profundo”, afirma Patrick Daude, coordenador internacional da Cities For Mobility. No Brasil, o município de Curitiba (PR) é um exemplo mundial de sistema preferencial para o transporte público. A cidade tem em seu transporte urbano características inovadoras
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Mundo mais eficiente, mais ágil, com mais comodidade e segurança aos seus usuários, garantindo a acessibilidade e mobilidade aos passageiros com deficiência física e/ou dificuldades de locomoção”, declara o coordenador internacional da Cities For Mobility. Belo Horizonte (MG) aderiu à rede Cities for Mobility no ano de 2008, visando a troca de expe-
cidade-sede dos jogos da Copa do Mundo de
movendo fóruns de debate sobre a mobilidade
riências no que se refere à mobilidade urbana
2014. Florianópolis (SC), por meio da ShopCon-
urbana.
em mega eventos, uma vez que o município é
sult, também se tornou membro associado pro-
Considerada a mais importante e maior organização que trabalha em prol do futuro da mobilidade urbana, a Cities for Mobility busca caminhos comuns para a mobilidade sustentável. Ou seja, uma mobilidade acessível a todos. A entidade aceita como filiados administrações públicas, empresas, organizações de utilidade pública, organizações não governamentais, assim como estabelecimentos de ensino e investigação que estejam interessados em contribuir para o debate e para as criações de novas possibilidades, visando melhorias na mobilidade urbana. Dentre os associados estão: Bosch, Boeing, Porshe, Mercedes, Siemens, EnBW, Fichtner Group, Daimler, Ernst & Young Real Estate, Deutsche Bahn AG, DEKRA, IAV – Excellence in Automotive Research and Development, entre outros.
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Walk & Bike Parks & Streets For All 8-80 Cities is a Canadian non-profit organization dedicated to transforming cities into places where all people can walk, bike, access public transit and visit vibrant parks, streets and other public places.
Services:
• Keynotes • Workshops • Consulting • People Make Places
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www.8-80cities.org
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Especial
De frente com Ton Daggers
Em entrevista especial para a Revista Mobilidade Urbana, o coordenador do programa Cities for Mobility fala sobre o uso da bicicleta na Holanda e sua contribuição para o sucesso do sistema de transportes local
projetos para ciclofaixas e ciclovias.
se locomover na Holanda. Você acredita que
Autor do “Manual de Integração da bicicleta
esta possa ser também uma realidade no
no planejamento do tráfego de médias ci-
Brasil?
dades na Europa e na América Latina”, Ton
Ton Daggers (T.D) - A bicicleta é usada prin-
Daggers trabalha atualmente como coorde-
cipalmente para distâncias de no máximo 7,5
Ton Daggers é um dos maiores representan-
móvel.
tes da luta pela democratização da bicicleta
Em conversa com a equipe de reportagem
no mundo. Com mais de 20 anos de exper-
da Revista Mobilidade Urbana, o holandês
tise, desenvolveu e implantou programas de
falou sobre o sistema integrado de transpor-
promoção do uso da bicicleta em diversas
tes da Holanda - considerado um dos mais
cidades europeias e latino-americanas.
avançados do mundo - e como a populariza-
Daggers é o gerenciador de tarefas para o
ção do uso da bicicleta pode ajudar a mini-
transporte não motorizado da rede Cities for
mizar o caos da mobilidade no Brasil.
nador do programa Cities for Mobility e está desenvolvendo um sistema de estacionamento de bicicletas operado pela telefonia
Mobility e membro do conselho de administração da fundação Movilization, entidade
Revista Mobilidade Urbana (R.M.U) - Cerca
que tem como foco o desenvolvimento de
de 30% das pessoas utilizam a bicicleta para
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Ton Daggers
km. Isso significa que 50% de todas as via-
tantes. Porém, temos registros
gens feitas na Holanda são de bicicleta. Se até
de que a bicicleta é utilizada por
mesmo na Holanda muitas viagens de carro
18 milhões de pessoas. Isso
poderiam ser substituídas pelas de bike, ima-
significa que a bicicleta holan-
gino que no Brasil também seria possível.
desa é mais utilizada para curtas distâncias e o carro para longos
R.M.U - Todas as cidades holandesas são
trajetos.
exemplos de mobilidade urbana e integração entre diferentes sistemas de transporte?
R.M.U - As cidades holande-
T.D - Não. Na Holanda há diferenças entre as
sas adotam alguma restrição
cidades em termos de integração dos modos
à circulação de veículos, como
de transporte. No entanto, observando as
pedágio urbano ou rodízio de
tendências, é claro que o mais importante é
carros?
que exista uma mudança de propriedade para
T.D - A restrição mais drástica
acessibilidade ao transporte. Ou seja, em mui-
nas cidades é o custo do esta-
em trânsito chegam aos estacionamentos de
tas cidades europeias, a geração de 25 até 35
cionamento. Quanto mais perto do centro de
bikes é muito significante. Também é impor-
anos de idade não compram um carro se não
uma cidade, mais caro é o preço. Esta pode
tante destacar que hoje existe uma grande
for utilizá-lo em combinação com a bicicleta
ser vista como uma política para frear a cir-
infraestrutura intermodal disponível aos usuá-
e com o transporte público. Esta geração não
culação de carros nas áreas mais populosas.
rios, que favorece e desenvolve todo um paco-
precisa da imagem de um carro para obter mais status social.
te de mobilidade. R.M.U - Fale da história do sistema de transportes na Holanda. Como se estruturou o
R.M.U - Como você define a mobilidade ur-
R.M.U - Qual é a divisão modal da Holanda?
atual sistema integrado?
bana sustentável? E na sua opinião, qual é o
E qual é o papel do carro dentro deste sis-
T.D - O sistema integrado de transporte é re-
papel da ciclovia dentro dessa categoria de
tema?
sultado de um processo de muito anos de pla-
mobilidade?
T.D - Temos hoje uma frota de oito milhões de
nejamento. Desde a década de 70, a política de
T.D - Na minha concepção, seria qualidade
carros, um dos indíces mais altos do mundo
uso de bicicletas tem se desenvolvido combi-
de vida aliada à espaços públicos acessíveis
- perdendo apenas para os Estados Unidos -
nada com muitos investimentos em transporte
a toda a população. A bicicleta não pode ser
para uma população de 16 milhões de habi-
público. O fato de que 30% dos passageiros
considerada a única solução para os problemas de transporte e mobilidade em uma cidade, porém, ela tem um grande potencial a ser explorado. Se usada de forma combinada, a bicicleta pode ser usada como um meio que dê sustentação ao transporte público eficiente. R.M.U - Que práticas adotadas na Holanda poderiam ser implantadas no Brasil com o mesmo sucesso? T.D - A combinação da utilização de bicicletas com o transporte público, em especial das bicicletas elétricas. Na Holanda, das 18 milhões de bikes, 1 milhão são elétricas. Esse fator têm estimulado o surgimento de novos ciclistas, que antes não utilizavam este meio de transporte. Hoje, pelo menos uma vez por semana eles deixam seus carros em casa e se
Gil Penalosa e Ton Daggers no Fórum Internacional sobre Mobilidade Urbana 2013
deslocam de bicicleta.
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Turismo
Turismo para todos Programa Turismo Acessível promove a inclusão social e estimula a adaptação de atividades turísticas para pessoas com mobilidade reduzida
as com deficiência ou mobilidade reduzida às
unidades nas cidades-sede da Copa do Mundo
atividades turísticas no Brasil. As ações visam
e seus entornos”, afirmou Lummertz.
Um país em busca de acessibilidade é um
oferecer o alcance e a utilização de serviços, edificações e equipamentos turísticos com se-
Novidades para Copa do Mundo de 2014
gurança e autonomia.
A implantação de mecanismos de acessibilida-
Segundo o secretário, o programa tem metas
de nos acessos, arenas, atrativos turísticos e
bianuais, e para o período de 2013-2014, pre-
locais de trânsito dos turistas, visando a Copa
país que precisa crescer. Nos próximos anos,
tende implantar sistemas de certificação de
do Mundo de 2014, está na Matriz de Respon-
o Brasil terá grandes eventos esportivos para
informações sobre acessibilidade de empre-
sabilidades do MTur e das cidades-sede do
realizar, e ainda quer captar novos eventos
endimentos e atrativos turísticos de destinos,
mundial.
em diferentes segmentos. Diante deste cená-
além de ampliar o incentivo às pessoas com
Segundo o secretário, uma das ações previs-
rio, foi lançado oficialmente em novembro de
deficiência no mercado de trabalho turístico.
tas é a realização de campanhas de sensibi-
2012, pelo secretário nacional de políticas do
De acordo com o Censo de 2010, 23,9% da
lização para os meios de hospedagem, com
Ministério do Turismo (MTur), Vinicius Lum-
população brasileira possui alguma deficiên-
foco no parque hoteleiro das 12 cidades-sede
mertz Silva, no 24º Festival de Turismo de
cia. No entanto, somente 1,5% das unidades
da Copa de 2014. O programa conta com in-
Gramado, no Rio Grande do Sul, o Programa
habitacionais do setor hoteleiro são adaptadas
vestimentos iniciais do MTur de R$ 100 mi-
Turismo Acessível, que tem por objetivo pro-
e têm acessibilidade. “Com o programa, pre-
lhões e já realizou as seguintes ações de apoio
mover a inclusão social e o acesso de pesso-
tendemos conseguir aumentar para 5% essas
à acessibilidade turística:
20
Valorização de Pessoas com Deficiência (Ava-
mo, é estruturar e preparar os atrativos do mu-
1. Projeto Destinos Referência em Segmen-
pe) e pela Prefeitura Municipal de Socorro, a
nicípio, criando boas práticas que possam ser
tos Turísticos
cartilha é destinada a gestores públicos e ini-
multiplicadas em outros destinos turísticos
Visa a preparação de dez destinos turísticos
ciativa privada. O objetivo é adequar destinos,
do país. Entre as ações apoiadas pelo MTur
brasileiros, a partir dos segmentos prioritá-
roteiros e equipamentos turísticos para turis-
no município, estão a adaptação de passeios,
rios para a promoção nacional e internacio-
tas com deficiência ou mobilidade reduzida.
equipamentos e edificações turísticas e de
nal, trabalhados pelo Ministério de Turismo,
Socorro, localizada a 135 km da capital pau-
uso público e coletivo; projetos de sinalização
e dos princípios e estratégias do Programa
lista, é uma das únicas cidades brasileiras a
turística; cursos de qualificação profissional
de Regionalização do Turismo – Roteiros do
se adaptar quase integralmente à legislação
para atendimento ao turista com deficiência
Brasil. Cada um dos dez destinos escolhidos
que garante acessibilidade aos portadores de
ou mobilidade reduzida.
realizou um projeto específico, voltado para o
necessidades especiais ou mobilidade reduzi-
Um bom exemplo do engajamento da iniciativa
desenvolvimento do seu público-alvo, caben-
da. Com criatividade e empreendedorismo, a
privada nesta proposta é o Parque dos So-
do a execução a uma entidade relacionada ao
cidade paulista mudou o perfil turístico e se
nhos, na divisa dos municípios de Socorro e
segmento. O objetivo principal é a estrutura-
destaca quando o assunto é sustentabilidade
Bueno Brandão (MG), cidade com ampla área
ção de destinos com base na segmentação,
e aventura.
verde que oferece diversas atividades de tu-
ou seja, desenvolver a gestão do turismo com
A proposta do projeto Destinos Referência em
rismo de aventura, completamente adaptadas
foco em um nicho prioritário e proporcionar
Segmentos Turísticos, do Ministério do Turis-
para o turista especial.
experiências que possam ser multiplicadas para outros destinos e regiões turísticas. Dentro desse projeto, o município de Socorro (SP) é preparado para ser referência no segmento de aventura especial no país. Entre as ações no município, estão projetos de sinalização turística, adaptação de passeios e edifícios e qualificação profissional para atendimento ao turista especial. 2. Manual de orientações básicas de turismo e acessibilidade Tem o objetivo de orientar e instrumentalizar o setor turístico para a promoção da acessibilidade às pessoas com deficiência e com mobilidade reduzida. Aplica-se a edificações de uso público ou coletivo, a vias, praças, logradouros, parques e demais espaços e equipamentos de uso público; aos veículos de transporte coletivo como ônibus urbanos e interurbanos, vans, micro-ônibus, trens urbanos e interurbanos, embarcações fluviais, marítimas ou aeronaves e a portais e endereços eletrônicos destinados à prestação de serviços turísticos. Neste exemplo, são quatro manuais que reúnem informações sobre a legislação, direitos da pessoa com deficiência e normas técnicas e orientações para promoção da acessibilidade em estabelecimentos turísticos. Elaborada em parceria entre o MTur, Associação para
21
Investimentos iniciais do MTur no Programa Turismo Acessível O que é
hotéis adaptados para receber visitantes com
deia produtiva do turismo, por meio da dissemi-
Constitui a política de acessibilidade do Minis-
mobilidade reduzida, e Socorro, cidade paulista
nação de conhecimentos sobre a importância da
tério do Turismo para o período 2012-2014,para
com uma estância hidromineral adaptada para
acessibilidade como fator de inclusão social e
promover a inclusão social e o acesso de pes-
cadeirantes.
competitividade para o turismo. Resultado espe-
soas com deficiência ou mobilidade reduzida à
São Paulo se destaca pelos museus com catálo-
rado: oito mil pessoas qualificadas.
atividade turística. O pacote de ações do MTur/
gos em braile e audioguias, como a Pinacoteca do
• Incentivo à ampliação do número de unidades
Embratur relacionadas à acessibilidade está ali-
Estado, o MASP, o Museu do Futebol e o Museu
habitacionais (UHs) acessíveis nas 12 cidades-
nhado ao planejamento anual, ao Plano Nacional
da Língua Portuguesa. Já o Rio de Janeiro ofere-
-sede da Copa do Mundo e seus entornos. Resul-
de Turismo (PNT), à Lei do Turismo e às inicia-
ce elevadores-plataforma que dão acesso às bi-
tado esperado: aumento para 5% de UHs acessí-
tivas do Governo Federal que buscam defender
lheterias e à área de embarque do Pão de Açúcar.
veis nesses destinos.
e garantir condições de vida com dignidade, a
Em turismo de aventura, destacam-se a Chapada
• Apoio à implantação e adequação de infraestru-
plena participação e inclusão na sociedade e a
dos Guimarães, no Mato Grosso, com trilhas para
tura turística e de apoio ao turismo acessível nas
igualdade de oportunidades a todas as pessoas.
deficientes visuais no Espaço Turístico Chapada
12 cidades-sede da Copa do Mundo. Resultado
Segundo o secretário, algumas cidades bra-
Aventura, e Brotas (SP), que possui monitores
esperado: 100 obras “acessíveis” realizadas nes-
sileiras se destacam por oferecer hotéis com
treinados para conduzir os turistas com deficiên-
ses destinos.
quartos e banheiros adaptados, restaurantes
cias, especialmente nas modalidades de rafting,
• Implantação de um sistema de certificação de
com cardápios em braile e informações acessí-
arvorismo e tirolesa.
informações acerca da acessibilidade de empreendimentos e atrativos turísticos de destinos
veis a deficientes auditivos e serviços de transporte adaptados. Entre elas, estão Maceió (AL),
Ações previstas
brasileiros.
a capital com o maior percentual de quartos de
• Orientação aos profissionais e gestores da ca-
• Realização de estudos e pesquisas para apoiar
22
o setor público, privado e terceiro setor na estruturação de destinos e produtos turísticos acessíveis. • Incentivo ao acesso de pessoas com deficiência no mercado de trabalho do turismo. • Promoção e apoio ao posicionamento de destinos e produtos turísticos acessíveis, em âmbito nacional e internacional. • Apoio à comercialização de destinos e produtos acessíveis. Obras até 2014 Conforme a Matriz de Responsabilidades entregue à FIFA para a Copa do Mundo 2014, cabe ao Ministério do Turismo implementar obras de infraestrutura para sinalização turística, acessi-
Vinicius Lummertz
bilidade e Centros de Atendimento aos Turistas (CAT) nos 12 municípios que abrigarão os jogos
financiamento de CATs móveis, que dependem de
acessibilidade em 16 projetos abrangendo os
do campeonato mundial.
projetos que o Ministério deve receber das prefei-
atrativos turísticos das 12 cidades-sede. Ao to-
Estão previstas, até o final de 2014, a constru-
turas municipais. Segundo Vinicius, será feita a
tal, o MTur vai investir R$ 109 milhões em aces-
ção ou reforma de 71 CATs nas 12 cidades-sede
instalação de sinalização bilíngue em 20 projetos
sibilidade até a realização da Copa do Mundo no
da Copa, 10 CATs na fronteira com o Mercosul e
nas 12 cidades-sede da Copa e outras obras de
Brasil.
23
Saúde
Imobilidade urbana: uma inimiga da saúde
Pesquisa apresentada pela Organização Mundial da Saúde mostra que a prevenção de muitas doenças do século XXI pode ser feita com medidas de transporte e planejamento do espaço urbano
compromissos diários.
atmosfera são despejados por automóveis).
O resultado de horas e horas parado no trânsi-
Além disso, são mais de um milhão de mortes
to, seja como motorista ou como passageiro,
em acidentes de trânsito por ano no mundo.
tem causado problemas físicos e psicológicos
Mas os problemas vão muito além. São cada
nos cidadãos. Uma pesquisa feita pelo Depar-
vez mais comuns, por exemplo, os relatos
tamento de Saúde Pública e Meio Ambiente da
de pessoas que acabam transformando suas
Organização Mundial de Saúde (OMS), e apre-
principais refeições em lanches, devorados
Estresse, sedentarismo, dificuldades de visão,
sentada em uma palestra pelo coordenador
em segundos enquanto estão no trânsito,
má alimentação, doenças respiratórias e car-
do departamento, Carlos Dora, no Seminário
já que usam o horário do almoço e do jantar
diovasculares. Os problemas descritos, co-
Nacional NTU 2013 – Mobilidade Sustentável
para se locomoverem. Segundo a nutricionis-
muns ao dia a dia de muitas pessoas, podem
para um Brasil Competitivo, mostra números
ta Danusia Puntel Capoani, atos como esse,
ser agravados por diversas situações, princi-
assustadores e preocupantes quando o as-
quando frequentes, podem causar aumento de
palmente pela péssima mobilidade urbana que
sunto é a relação entre a mobilidade urbana e
peso e até doenças ligadas à má alimentação.
atinge os grandes centros. O caos das cidades
a saúde da população. Segundo o estudo, no
“Normalmente, os lanches são mais gorduro-
tem afetado cada vez mais a saúde e a qualida-
mundo, a cada ano, 3,3 milhões de pessoas
sos e bem menos nutritivos do que um almoço
de de vida de milhares de pessoas que preci-
perdem suas vidas por problemas decorrentes
tradicional. Ao fazer essa troca, a pessoa pas-
sam enfrentar o trânsito congestionado ao sair
da poluição atmosférica causada pelo trânsi-
sa a ingerir mais calorias e a receber menos
de casa para estudar, trabalhar e honrar seus
to (68% de todos os poluentes presentes na
nutrientes que são fundamentais para o bom
24
funcionamento do corpo humano. O resulta-
pessoas atinjam o tempo mínimo recomenda-
ser reduzido substancialmente numa cidade
do, em médio prazo, é o aumento de peso e
do pela OMS para melhorar a saúde, que é de
que adota um sistema de transportes basea-
doenças que afetam a saúde e a qualidade de
pelo menos 30 minutos de atividade intensa,
do em corredores de ônibus de alta eficiência
vida”, alerta.
três vezes por semana.
(rápidos, limpos, com boa informação para
O tempo perdido no trânsito, a escassez de
Mas a falta de qualidade do transporte público
usuários), associados a espaços protegidos
transporte público de qualidade e a má ali-
em países como o Brasil, acaba fazendo com
[contra acidentes] para pedestres e ciclistas.
mentação, somados à falta de investimentos
que a maioria das pessoas opte por ter seu
Isso faz com que as pessoas optem por deixar
em ciclovias e à falta de hábito de percorrer
próprio meio de locomoção. E não é por me-
o carro em casa. Quanto mais espaço dedica-
pequenas distâncias a pé, transformam a obe-
nos. Segundo Carlos Dora, de 2002 a 2004,
do ao transporte público eficiente e rápido, es-
sidade em mais um problema decorrente da
66% dos empréstimos do Banco Mundial
paço para ciclistas e pedestres, menos carros,
imobilidade urbana. Na pesquisa realizada pela
para obras relacionadas ao transporte tiveram
menos acidentes, menos poluição do ar, mais
OMS, um dado chama a atenção: a estimativa
como objetivo a construção de rodovias para
atividade física durante a vida diária e conse-
é que uma pessoa que se desloque de trans-
o trânsito comum. Uma verba muito pequena
quentemente mais saúde”.
porte público possa gastar até 350 calorias a
foi utilizada para a construção de metrôs, ci-
O conteúdo da palestra, em inglês, minis-
mais, por dia, do que alguém que se locomova
clovias ou corredores exclusivos para ônibus,
trada pelo coordenador do Departamen-
de carro, graças ao trajeto que faz a pé até os
obras essas que garantiriam maior fluidez no
to de Saúde Pública e Meio Ambiente da
pontos de ônibus ou de metrô. O esforço pode
trânsito e menos problemas de saúde ao redor
Organização Mundial de Saúde, pode ser
prevenir doenças cardiovasculares, pulmo-
do mundo.
acessado no endereço http://novoportal.
nares e até o sobrepeso, já que o gasto com
Ao jornal Folha de São Paulo, Dora afirmou
ntu.org.br/novo/upload/evento/Apresenta-
esses deslocamentos pode fazer com que as
que “o número de doença e de mortes pode
cao635089854886348985.pdf.
25
Inovação
Comissão avalia a mobilidade urbana na Grande Florianópolis Grupo Gestor de Mobilidade Urbana busca formalizar um diagnóstico da situação atual e agir com propostas e soluções planejadas e integradas de curto, médio e longo prazo
dor calculou o chamado “valor de integração”
integração entre vários meios de transportes.
de cada cidade, com o auxílio de um software. Foram levadas em consideração a organiza-
Regras de 2013
ção e a conexão das ruas.Os dados dizem res-
Maior país da América do Sul, quinto maior do
peito a cidades brasileiras com mais de 300
mundo em área territorial, com uma população
mil habitantes.
de 192 milhões de habitantes, o Brasil ainda
Florianópolis tem o segundo pior índice de
Para o autor do estudo, a principal causa des-
é incipiente em termos de mobilidade urbana.
mobilidade do mundo e o deslocamento mais
te quadro em Florianópolis é a geografia. O
Somente em abril deste ano, entrou em vigên-
complicado entre 21 das principais capitais
espaço em que a cidade cresceu tem muitos
cia a Lei Federal nº 12.587, que institui diretri-
brasileiras. Essa é a conclusão de um estudo
morros, montanhas, lagoas e dunas, o que
zes para uma política nacional de mobilidade
desenvolvido pelo pesquisador da Universi-
causou a não continuidade da malha viária. A
urbana. Entre outras providências, a lei conce-
dade de Brasília (UnB) Valério Medeiros, que
falta de conexões entre os bairros gerou um
deu mais poderes de gestão aos municípios,
avaliou como a forma das cidades condiciona
mapa fragmentado. Os pesquisadores suge-
e estabeleceu o prazo de três anos para que
a mobilidade.
rem duas estratégias para amenizar o proble-
as municipalidades elaborem planos próprios
A partir da identificação de rotas em que é
ma. A primeira seria criar novas ligações entre
de mobilidade urbana. Com isso, as cidades
possível a passagem de veículos, o pesquisa-
o Continente e a Ilha. A segunda é promover a
brasileiras têm até 2015 para formular seus
Pontes Pedro Ivo e Colombo Salles de SC com média de 178 mil veículos/dia, enquanto que a Ponte Rio-Niterói media/dia de 140 mil - Fonte Deinfra
26
planos municipais e garantir ações efetivas.
2,2 pessoas, conforme dados populacionais
Nesse sentido, o Estado de Santa Catarina
divulgados pelo IBGE (Censo 2010) e o núme-
criou um Grupo Gestor de Mobilidade Urbana,
ro de veículos apurado pelo Denatran (abril de
com o objetivo de formalizar um diagnóstico
2012).
da situação atual e agir com propostas e solu-
A região da Grande Florianópolis enfrenta,
ções planejadas e integradas de curto, médio
como muitas cidades em desenvolvimento
e longo prazo.
acelerado, uma crise de mobilidade urbana.
O Grupo Gestor é formado pelo Governo
Um das causas apontadas como responsá-
do Estado, Câmaras Municipais, entidades
veis para este quadro é a geografia.O Insti-
de classe, iniciativa privada e organizações
tuto Comunitário Grande Florianópolis (Icom)
não-governamentais, e foi instituído me-
aponta queo espaço em que a cidade cresceu
diante o decreto nº 1126 de 14/08/2012, sob
não foi devidamente pensado, o que causou
a coordenação da Secretaria de Estado de
a não continuidade da malha viária; e que a
Desenvolvimento Regional da Grande Floria-
falta de conexões entre os bairros gerou um
se locomover. Além do tempo desperdiçado
nópolis (SDR), que até julho deste ano teve a
mapa fragmentado. Ao mesmo tempo, a Gran-
nos trajetos, que em períodos anteriores eram
frente o também deputado estadual Renato
de Florianópolis e a sua população cresceram
efetuados em menos de 70% do tempo atu-
Hinnig, que respondeu pela presidência do
muito nos últimos anos e o carro é priorizado
al, tampouco existem espaços integrados de
grupo.
como transporte. Os problemas de mobilidade
ciclovias e a população fica refém ao caótico
De acordo com o deputado, na Grande Floria-
aumentaram consideravelmente, e atualmente
trânsito existente.
nópolis a população que hoje é de mais de 880
temos o desafio prioritário de reduzir o número
Por outro lado, as empresas são diretamente
mil habitantes, nos próximos 30 anos deve
de veículos.
afetadas uma vez que o acesso à região nos
dobrar, assim como, na mesma velocidade,
Renato Hinning Dep. Estadual Santa Catarina
horários de pico é comprometido; há baixa
deverá crescer a frota de veículos. Segundo o
R.M.U - Quais são verdadeiramente os grandes
qualidade nas rodovias das imediações, prin-
deputado, a solução para melhorar a mobilida-
problemas? Que implicações eles têm na vida
cipalmente na BR-101, principal via de acesso
de urbana regional passa por duas questões: a
dos cidadãos que utilizam o sistema de trans-
à cidade; horas de serviço são desperdiçadas;
necessidade imediata de um sistema de trans-
portes nos seus deslocamentos diários, e em
há aumento no uso de combustível e também
porte coletivo inteligente e a conscientização
que medida isso afeta a vida das empresas?
aumenta a poluição gerada pelo excesso de
da população, estimulando seu uso em detri-
R.H - A média elevada do número de veícu-
veículos circulando.
mento dos veículos particulares.
los por habitantes na capital, associada aos
As cidades e a população enfrentam um sério
Para saber quais foram as medidas positivas
fatos de a cidade estar localizada em mais de
problema. A busca por soluções não passa
adotadas pelo grupo gestor que está estudando
90% em uma ilha, com apenas uma ponte de
por decisões isoladas. É preciso pensar de
a mobilidade urbana na Grande Florianópolis, a
acesso; os acessos à região não comportarem
forma integrada junto a todos os municípios
Revista Mobilidade Urbana entrevistou o presi-
o número excessivo de veículos transitando;
da região.
dente, o deputado estadual Renato Hinning.
muitos trabalhadores moram nas cidades vizinhas à Capital e descolocam-se diariamente;
R.M.U - Perante o quadro que traçou, quais
Revista Mobilidade Urbana (R.M.U) - Quais
entre outros, cria congestionamentos enor-
são as medidas estruturais que o Grupo Ges-
são os desafios da Grande Florianópolis no
mes e diários nas principais vias da cidade e
tor busca implementar para resolver ou mi-
domínio das acessibilidades e da mobilidade?
região. Além disso, por ser uma cidade de alto
nimizar os efeitos que mencionou?
Renato Hinning (R.H) - Florianópolis detém
potencial turístico, o número de habitantes,
R.H - A criação do Grupo Gestor de Mobilidade
o quarto maior Índice de Desenvolvimento
que na baixa temporada é 427 mil, no verão
Urbana da Região da Grande Florianópolis, já
Humano entre todas as cidades brasileiras e
chega a mais de 2 milhões, complicando ainda
foi um passo importante, criado para tornar o
é a capital com melhor qualidade de vida do
mais a mobilidade urbana.
tema mobilidade urbana um projeto efetivo e
país. O alto poder aquisitivo da população ca-
O sistema de transporte de massa não é in-
de credibilidade, reunindo e somando todas
tarinense é apontado como o principal motivo
tegrado entre os municípios vizinhos, não
as ações e projetos já existentes e focando-
para o bom desempenho no ranking de vendas
comporta o número de usuários, e não é atra-
-os num resultado comum: a solução efetiva
de carros na cidade e região. Há, em Floria-
tivo financeiramente e em termos de conforto
e integrada para mobilidade urbana na região,
nópolis, aproximadamente um carro para cada
para a população que se utiliza do carro para
com propostas executáveis a curto, médio e
27
Inovação longo prazo.
que visem a melhoria das condições de vida da
vo do automóvel privado na satisfação das
Através do grupo, foram instituídas comissões
população, e que possam implicar significati-
necessidades coletivas de mobilidade, com
de ação, acompanhamento e planejamento de
vos investimentos públicos e privados. Outra
todas as consequências daí decorrentes. O
ações e foram apresentados para a sociedade
ação importante, garantida através do Grupo
Senhor entende que esta situação terá ten-
os projetos que participam da Manifestação
Gestor, em parceria com o Fundo Catarinense
dência a inverter-se no caso de ser instalada
Pública de Interesse, lançada pelo Governo do
de Desenvolvimento, é a disponibilização por
uma solução de transporte pesado de passa-
Estado em fevereiro deste ano.
parte do Governo de Dubai do plano técnico
geiros em Florianópolis?
Ainda em uma ação conjunta entre Grupo
de seu planejamento territorial utilizado para
R.H - Com certeza, porém, não passa apenas
Gestor e SC Parcerias, está sendo contratado
melhorar a mobilidade urbana.
pela implantação de um sistema de transporte
junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento
de massas eficaz, é preciso conscientizar e
Econômico e Social, um estudo completo in-
R.M.U - Pelo conhecimento que temos da
reeducar a população, mostrar os benefícios e
cluindo uma pesquisa de ”Demanda-Origem-
cidade, verificamos que existe um nível bas-
oferecer qualidade de serviço e conforto. Tra-
-Destino” sobre mobilidade urbana para a
tante elevado de organização a praticamente
ta-se de uma mudança cultural extremamente
Grande Florianópolis. Este estudo vai apresen-
todos os níveis e um padrão geral de qualida-
necessária e urgente diante do quadro atual. O
tar elementos de subsídio ao planejamento,
de de vida bastante elevado. Os transportes
sucesso só será possível com o envolvimento
formulação e implantação de políticas públicas
refletem um peso eventualmente excessi-
de todos.
Entre 1997 e 2011, a frota de automóveis e motocicletas da Região Metropolitana de Florianopolis teve um acréscimo de 167,43% umas média acima da normalidade no país Fonte Detran-SC
28
29
Planejamento urbano
Gentilezas urbanas como alternativa para o caos das cidades
Arquiteto paisagista Benedito Abbud acredita que projetos da iniciativa privada podem amenizar o problema do trânsito nas cidades
jetos que não só trabalham institucionalmente
de gentileza urbana é quando uma empresa
suas marcas, mas que, de alguma forma, con-
oferece à comunidade espaços de convivência
tribuem para a melhoria da mobilidade urbana
e lazer em um terreno privado. Esse tipo de
nas sociedades em que atuam. São bancos
ação, segundo ele, faz diferença na vida dos
que patrocinam aluguéis de bicicletas ou via-
moradores e é cada vez mais necessária no
Quando se fala em mobilidade urbana, é ine-
bilizam ciclofaixas nos finais de semana em
país. Ele cita os exemplos de empreendimen-
vitável pensar no dever do poder público de
grandes centros, empresas que adotam praças
tos multiuso- com moradia, comércio, escri-
garantir o direito de ir e vir da população. Mas
públicas, organizações que cedem parte de seu
tórios e rede hoteleira - projetados por ele nos
em um mundo com trânsito cada vez mais
terreno para alargamento viário e muitas outras
últimos anos, que tornaram público parte de
problemático e congestionado, torna-se indis-
situações em que a iniciativa privada faz às ve-
espaços privados. “São projetos que, além de
pensável a participação de todos os cidadãos
zes de poder público e pensa em uma maneira
reunirem, em um só endereço, lugares para
e da iniciativa privada na busca de soluções
de melhorar a qualidade de vida da população
morar, trabalhar, receber amigos e fazer com-
para o caos das cidades.
por meio de gentilezas urbanas.
pras, ainda oferecem praças para uso público,
São muitos os bons exemplos de empresas que
Para o renomado arquiteto e paisagista Bene-
feitas em terrenos privados e mantidas pelas
saem da zona de conforto e investem em pro-
dito Abbud, de São Paulo, um bom exemplo
pessoas que moram ou que tem imóvel nesses
30
locais”, explica.
Esse tipo de gentileza urbana, segundo o ar-
está diretamente ligada a novas centralidades,
Também chamados de “condomínios aber-
quiteto, atrai novos investimentos e permite
que podem ser feitas pela iniciativa privada por
tos”, esses espaços são um verdadeiro convi-
uma grande mudança na rotina dos moradores
meio das gentilezas urbanas, mas o governo
te à vizinhança usar o espaço para momentos
do entorno, já que muitos vão a pé até esses
também precisa fazer sua parte. É preciso re-
de lazer e de relaxamento. Um bom exemplo
locais para fazer suas compras, sua atividade
pensar, por exemplo, o valor do IPTU para quem
é o Paulistânia Bosque Residencial, conhecido
física e ter momentos de lazer perto de casa,
usa seu espaço para o bem público”, alerta.
como Bosque do Brooklin, projetado por Ab-
diminuindo o número de automóveis nas ruas.
Também cabe aos governos exigir da iniciativa
bud, em São Paulo. O local é muito frequen-
“Em Itaim, fizemos um projeto com uma praça
privada projetos que, de alguma forma, mini-
tado por famílias da redondeza, mas pertence
central (foto) que virou o centro do bairro. Mu-
mizem os transtornos causados pela constru-
aos moradores de um luxuoso condomínio
dou o entorno do local, foram construídos no-
ção de grandes empreendimentos. Mas Abbud
com três torres e 350 apartamentos. São eles
vos prédios ao redor e hoje todos querem morar
alerta que, nesses casos, as prefeituras preci-
que bancam os custos de manutenção do
lá porque podem fazer tudo a pé”, exemplifica.
sam cobrar e garantir que a população do en-
parque, que tem mais de sete mil metros qua-
Abbud comenta que é cada vez maior o número
torno não saia prejudicada. “A china só cres-
drados de área verde, abertos à população. O
de empresas que têm se preocupado em realizar
ceu violentamente porque viveu uma onda de
projeto foi pensado de maneira a compensar o
gentilezas urbanas, mas que faltam incentivos
conscientização quando ao cumprimento dos
impacto de trânsito causado pela construção
por parte dos governos para que essas ações
contratos. É uma questão de dar o exemplo”,
do imenso condomínio.
sejam mais efetivas e frequentes. “A mobilidade
finaliza.
31
Infraestrutura
Brasil apresenta déficit hidroviário
Sistema sucateado e mau aproveitamento dos portos contrastam com o desenvolvimento do país
isto de acordo com estudos desenvolvidos pela
Dilma Rousseff lançou o Programa de Inves-
Coppead/Instituto de Pesquisa e Pós-Gradua-
timento em Logística - Portos, cujo objetivo é
ção da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
levar mais movimentação neste modal a um
O sistema portuário brasileiro é composto por
menor preço. Em seu discurso, a presidente
Um país grandioso com proporções gigantes-
34 portos públicos, entre marítimos e fluviais.
disse: “Queremos que haja uma explosão de
cas e um litoral de fazer inveja a qualquer nação.
Desse total, 16 são delegados, concedidos ou
investimentos”, e destacou também: “Não es-
Com uma costa de 8,5 mil quilômetros nave-
têm sua operação autorizada à administração
tou dizendo que o objetivo é a menor tarifa,
gáveis, o Brasil possui um setor portuário que
por parte dos governos estaduais e munici-
porque poderia ser a menor movimentação
movimenta anualmente cerca de 700 milhões
pais. Existem ainda 42 terminais de uso priva-
com a menor tarifa. O objetivo é a maior mo-
de toneladas, das mais diversas mercadorias, e
tivo e três complexos portuários que operam
vimentação de cargas possível com a menor
responde, sozinho, por mais de 90% das expor-
sob concessão à iniciativa privada.
tarifa possível”.
tações do país. Porém, contrastando com essa
Muito ainda se espera, pois o Brasil tende a
A presidente também disse que é preciso
situação, o sistema encontra-se completamen-
crescer e precisa melhorar as condições dos
oferecer segurança jurídica para que os in-
te sucateado, e seu parque com equipamentos
portos brasileiros. O transporte hidroviário
vestimentos prosperem e os portos sejam
é comparado ao que de mais moderno existia
pode assumir enorme importância, pois o país
mais modernos e eficientes.“Nós queremos
há mais de 50 anos.
tem uma rede fluvial com 43 mil quilômetros,
aprimorar o marco regulatório para que os in-
O modal hidroviário possui um dos menores
dos quais 28 mil são navegáveis.
vestidores se sintam fortalecidos, protegidos
custos para o transporte de cargas no Brasil,
Em dezembro do ano passado, a presidente
e com horizonte para investir”.
32
Ainda segundo metas do Governo Federal, portos eficientes, com ligações para os demais meios de transporte, contribuirão para que as exportações brasileiras, principalmente de minério e commodities agrícolas, se multipliquem. Mas parece que a ação ficou somente no discurso, pois pouco ou nada mudou desde então. Os portos brasileiros ainda são o ponto de gargalo do transporte hidroviário. Espera-se mais investimentos dos governos federal e estaduais para melhorar as condições de navegação no Brasil. Obras em valores volumosos, para modernização das estruturas que incluem armazéns, depósitos, terminais de contêineres, de produtos agrícolas e de minérios, berços de atracação e canais para entrada de navios de grande porte são investimentos que o governo brasileiro precisa fazer em caráter de urgência, sob pena de ver um país naufragar em águas rasas.
33
Entrevista
Diários de bicicleta - volta ao mundo sobre duas rodas Quase 10 anos após a saga de desbravar o mundo pedalando, o arquiteto Argus Caruso fala com exclusividade sobre a mobilidade urbana no mundo, os entraves para sua implantação no Brasil e os desafios dos ciclistas nas grandes cidades O mineiro Argus Caruso embarcou numa grande aventura ao lado de sua “magrela” no final de 2001. Após viajar pelo Brasil pedalando e cruzar o oceano Atlântico na Regata Brasil 500 anos, o arquiteto tomou gosto pelo estilo de vida “mochileiro” e embarcou nesta que seria uma das missões mais marcantes da sua história: a viagem de volta ao mundo de bicicleta. A saga durou cerca de três anos e meio, compreendidos entre dezembro de 2001 e março de 2005. A bordo de uma bike de 21 marchas
Argus Caruso no Centro Cerimonial del Fuerte de Samaipata, Bolívia
e munido de muita disposição, Argus visitou 28 países, o equivalente a mais 35 mil km de pura
da imobilidade.
(e muitas) pedaladas. No roteiro, incluiu des-
bacias hidrográficas. Acompanhar um rio é sempre uma boa pedida, até mesmo para cima.
tinos de grande valor histórico como as rotas
Revista Mobilidade Urbana (R.M.U) – Quando
E tentei também lugares mais quentes, menos
Inca, da Companhia das Índias Orientais, das
você se descobriu um ativista da bicicleta?
chuvosos e em paz.
Caravanas do Império Romano, da Expansão
Argus Caruso (A.C) - Apesar de ter me defini-
do Islamismo, dos Mercadores Africanos, en-
do assim numa entrevista de TV, depois achei
R.M.U – Depois de ter vivenciado a mobili-
tre outras, passando por diferentes localidades
meio estranha a palavra “ativista”. Uso a bici-
dade urbana em 28 países, você avalia que
da América do Sul, Oceania,Sudeste Asiático,
cleta porque ela é prática e eficiente. Boa para
existe uma relação direta entre o caos da mo-
Europa e África.
viajar e também para se locomover na cidade.
bilidade e o poder econômico do país? Ou esta
A viagem, que fez parte do projeto Pedalando
Uso bicicleta igual uso uma geladeira. E não sou
é uma questão mais relacionada a consciên-
e Educando (www.pedalandoeeducando.com.
ativista da geladeira.
cia dos cidadãos do que, obrigatoriamente, a
br), deu origem a um material didático inova-
infraestrutura local?
dor - com fotos e relatos que periodicamente
R.M.U - De onde surgiu a ideia de subir numa
A.C - Interessante que os locais com a melhor
eram enviados para escolas via internet - e uma
bicicleta e encarar uma aventura interconti-
mobilidade urbana são muito pobres ou muito
inesquecível experiência de vida, que propiciou
nental?
ricos. Os pobres porque não possuem dinhei-
a Argus sentir na pele como é a realidade da
A.C - Sempre quis fazer uma longa viagem. A
ro para comprar carros ou gasolina. Os ricos
mobilidade urbana em diferentes pontos do
bicicleta foi o meio mais prático e saudável que
porque já entenderam que carro não funciona
planeta.
encontrei para fazer isso.
no centro urbano e estão deixando seus carros
A Revista Mobilidade Urbana entrevistou Argus
na garagem. Como diz o nosso conterrâneo
Caruso, que atualmente divide seu tempo en-
R.M.U – Quais foram os teus critérios na hora
continental (Enrique) Penãlosa, ex-prefeito de
tre palestra se a coordenação do Plano Niterói
de escolher os destinos a serem visitados na
Bogotá, “Cidade avançada não é aquela que o
de Bicicleta. Caruso falou sobre o uso da bi-
viagem?
pobre anda de carro, mas que o rico anda de
cicleta como meio de transporte, os diferentes
A.C - Quis fazer rotas históricas, para enrique-
transporte público”. Mudar um paradigma, a
prismas da mobilidade urbana no mundo e os
cer o então projeto Pedalando e Educando,e
educação social, é um desafio imensamente
desafios que ainda impedem que o Brasil saia
rotas históricas geralmente seguem grandes
maior do que fazer ciclovias. Se existisse uma
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educação verdadeira, ciclovias seriam total-
Logicamente devemos melhorar muito o trans-
de. Para você, qual é o primeiro passo a ser
mente dispensáveis.
porte público, mas seguramente o entrave da
dado pela população para minimizar o caos no
educação social é bem mais forte.
transporte nas grandes cidades?
R.M.U – Você é um defensor da chamada mo-
Além desses pontos existem também os entra-
A.C - Por mais que, a primeira vista, pareça
bilidade sustentável. Nos fale um pouco sobre
ves urbanísticos. Depender de carro para ir ao
impossível dispensar seu “indispensável” car-
esse conceito e o que você considera ser o
trabalho é um problema de distribuição de zo-
ro, tente fazer isso por um período. Você vai
maior entrave para disseminá-lo no Brasil.
nas comercias e residenciais pela cidade. Nas
ver que ele não é tão indispensável assim; que
A.C - Adoro a frase: coletivo de carro = conges-
últimas décadas as cidades pensaram apenas
você não sua o tanto que você achava que iria
tionamento / coletivo de bicicleta = mobilidade
em dar espaço para os automóveis. O espaço
suar; que sua vida vai ficar mais econômica,
sustentável. Apesar de gostar da frase, também
público deve ser para as pessoas e não para
mais saudável e interessante. A população é a
acho a palavra “sustentável” meio estranha.
os carros. Jan Gehl, arquiteto que revolucionou
soma de cada um de nós. Sendo assim, basta
Hoje ela é usada pra tudo, mas sua origem é
Copenhage, sempre disse isso, ”cidades para
seguir Gandhi e “ser a mudança que deseja ver
boa - deixar os mesmos recursos naturais que
pessoas”. Hoje estamos vendo que esse estí-
no mundo”.
possuímos para os nossos sucessores. Não
mulo ao uso do carro está errado e o exemplo
deveríamos estar gastando nada que não te-
de Copenhage está funcionando muito bem. Lá,
R.M.U - Nossa geração (ou pelo menos gran-
mos condição de repor. O petróleo vai acabar.
mais da metade da população utiliza bicicleta
de parte dela), é fortemente ligada ao status
Nossas pernas também, mas nascerão outras.
para se locomover. Ou seja, precisamos rede-
social dado a quem tem um carro, inclusive,
O maior entrave somos nós mesmos. Tem
senhar nossos centros urbanos.
as atuais políticas econômicas favorecem o
um vídeo na internet que tem o título “Eu NÃO
crescimento das vendas no setor. Achas que
SOU o trânsito”, que tenta fazer os motoristas
R.M.U – Ainda no tema entraves brasileiros,
de carros entenderem que eles SÃO o trânsito.
nos chamou atenção quando você declarou
Que ele não está pegando um trânsito terrível,
durante uma entrevista que o Brasil não pre-
mas sim que está fazendo um trânsito terrível.
cisa reinventar a roda para sanar a imobilida-
as futuras gerações estarão mais conscientes
Dica de Leitura Caminhos - volta ao mundo de bicicleta (SESC Livros, 293 pág.) Autor: Argus Caruso Saturnino Sinopse: Em dezembro de 2001, o arquiteto Argus Caruso Saturnino saiu de Cordisburgo (MG), para uma viagem de volta ao mundo de bicicleta que se estendeu até março de 2005. Seguindo em direção oeste, passou por 28 países e refez as rotas dos Incas, da Companhia das Índias Orientais e da Seda. No decorrer da viagem, Argus acumulou relatos, imagens por ele captadas e uma série de questões das mais variadas. A bicicleta propiciou um contato muito direto com as pessoas com as quais cruzava e isto foi fundamental para a construção de um olhar peculiar. Este livro reúne fotos e casos que narram essas experiências e os encontros do autor com diferentes pessoas de diversas culturas.
Crianças do Nepal testam a resistência da bicicleta
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com relação à importância do uso do transporte público? A.C - Nosso governo deveria estimular a venda de bicicletas e dificultar a venda de carros. Logicamente o mercado automobilístico está pressionando, mas a meu ver é o mesmo que estimular uma guerra para manter a indústria de armas funcionando. Não faz sentido. A nova geração está muito mais consciente. E, na verdade, acho que as crianças que nasceram na última década nunca viram um centro urbano com os carros fluindo bem. Existe uma grande chance dessas crianças terem pego um engarrafamento para chegarem na maternidade onde nasceram. Por mais que a propaganda queira enganar, elas sabem que o carro não é mais um símbolo de eficiência e mobilidade. R.M.U - Hoje você é coordenador do Plano Niterói de Bicicleta. Em que pé está a implantação do projeto na cidade? Vocês pretendem estender este plano ou usá-lo como modelo para outras cidades? A.C - Fui convidado pelo vice-prefeito Axel Grael, mentor do plano. Sou formado em arquitetura e urbanismo e estou tendo a oportunidade de unir minha profissão com minha experiência da volta ao mundo. Estamos trabalhando em vários pontos estratégicos. Os principais são: implantação de ciclovias; implantação de bicicletas públicas; diminuição da velocidade dos veículos; educação no trânsito. A educação no trânsito é seguramente a parte mais difícil, a cidade precisa de um trabalho intenso de educação. A Semana da Mobilidade (de 21 a 28 de setembro / niteroidebicicleta. rj.gov.br) é um primeiro passo. A Secretaria
Torre Eiffel em Paris, França
de Educação está envolvida em várias ações, dentre elas um concurso com a criançada com o tema “Bicicleta. Esporte, saúde e mobilidade urbana”. A mudança de paradigma é um processo lento e contínuo. Talvez, apenas as próximas gerações irão realmente trocar o carro pela bicicleta ou transporte público. Logicamente queremos que o Plano dê certo e, se servir de exemplo para outras cidades, ficaremos ainda mais realizados. Não estamos rein-
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ventando a roda. Tudo que estamos fazendo é,
pecial (como uma nova turnê pelo BR com
de certa forma, uma releitura de experiências in-
a exposição “Caminhos”) para comemorar
teressantes que já ocorreram em outros lugares
uma década desta emocionante experiência?
do mundo. Cada cidade tem suas características
A.C - É verdade... O tempo pedala! Desde que
e deve ter um plano adequado à sua realidade.
terminei a volta ao mundo, faço visitas a escolas e exposições pelo Brasil. É algo que nunca
R.M.U – A volta ao mundo vai completar 10
parou e acho que nunca vai parar. Fiz várias ex-
anos em 2015. Estás planejando uma nova
posições, mas infelizmente ainda não fiz nenhu-
aventura sobre duas rodas ou uma ação es-
ma aí em Floripa. Isso foi um convite (rs)?!
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Agenda O que: TransportsPublics 2014, o Salão europeu da mobilidade Quando: 10 a 12 de junho de 2014, em Paris, na França.
e empresas subcontratadas do segmento.
O evento reunirá os principais profissionais ligados
Em debate as possibilidades para um transporte efi-
Ver formação de delegação Brasileira pelo e-mail
aos transportes públicos, aos transportes urbanos,
ciente, envolvendo também o contexto, como mo-
hamilton@shopconsult.com.br
interurbanos e regionais da França e da Europa, aos
biliário urbano, estacionamento, sistemas de venda
Informações pelo site www.transportspublics-expo.com
meios de deslocação sustentáveis, autoridades or-
de bilhetes, aconselhamento, design, bancos, segu-
ganizadoras, operadores, industriais, construtores
radoras e fontes de energia.
O que: Bike Congress 2014 - Fórum Mundial da Bicicleta Quando: 23 a 25 de Março de 2014, em Florianópo-
tratativas em relação a ciclovias e ciclofaixas, até o
lis, Santa Catarina, Brasil.
lançamento da Confederação Brasileira de Ciclotu-
com prova Internacional de Ciclismo comemorativa
O evento pretende, em sua primeira edição no Bra-
rismo, Mostra de Expositores do segmento, Pales-
ao aniversário de Florianópolis e o Dia da Bicicleta
sil, trazer em linguagem transformacionista o que
tras com os grandes realizadores de outros países,
sempre na Cidade em que for realizado.
o uso da Bicicleta tem proporcionado em todo o
e os exemplos Brasileiros exitosos. Seguirá com
As informações e inscrições poderão ser vistas no
planeta. Desde Workshops sobre a Lei 12597 e as
oficinas preparatórias aos municípios e culmina
endereço eletrônico www.bikecongress.com.br
O que:Fórum Internacional Sobre Mobilidade Urbana Quando: 29 e 30 de Abril de 2014, em Florianópolis,
e já com amplo reconhecimento mundial, tem como
Santa Catarina, Brasil
objetivo promover debates, analisar propostas e
Informações e inscrições no endereço eletrônico
O evento, que terá como palestrantes os mais reno-
apresentar casos de sucesso já aplicados ao redor
www.mobilidadenascidades.com.br
mados profissionais do setor, em sua quarta edição
do mundo.
O que: Missão China 2014 (por Dubai ou Paris) O que: Missão China 2014 (por Dubai ou Paris)
Iluminação Pública Sustentável, Usinas Portáteis de
Quando: de 12 a 25 de Maio de 2014, com saídas
lixo hospitalar, Energia Eólica, Energia solar, Sinaliza-
com.br e atendimento@shopconsult.com.br. O pa-
previstas de Florianópolis, pacote que inclui aéreo
ção Urbana e coleta de resíduos sólidos. Limitado a
cote para a viagem inclui todas as despesas para o
desde Florianópolis, intérprete desde o Brasil, staff
25 participantes na delegação.
período de 14 dias da Missão China. Inscrições até
de apoio, minimo de 8 visitas técnicas em empresas
As reservas de vagas, inscrições e informações po-
final de Novembro/2013 em valores promocionais.
que tratam de Mobilidade Urbana, Mobiliário Urbano,
dem ser feitas pelos e-mails hamilton@shopconsult.
Mais informações: www.shopconsult.com.br
O que: TripMobility 2014 Quando: de 12 a 22 de Junho de 2014 (data a con-
te 10 dias o grupo visitará os principais projetos para
firmar)
o fluxo urbano e serão recepcionados pelos dirigen-
O pacote para a viagem inclui todas as despesas
Uma missão empresarial e técnica levará empresá-
tes das cidades, vivenciando a troca de conhecimen-
para o período de 10 dias da TripMobility. Todo o
rios para conhecer a Mobilidade urbana e o plane-
to. Limitado a 25 participantes na delegação.
trajeto será acompanhado por intérprete e tradutor
jamento de Londres (Inglaterra) e Amsterdam (Ho-
As reservas de vagas, inscrições e informações po-
simultâneo. Inscrições até final de Novembro/2013
landa) com fechamento no World Congress da Rede
dem ser feitas pelos e-mails hamilton@shopcon-
em valores promocionais.
Cities For Mobility em Stuttgart, na Alemanha. Duran-
sult.com.br e atendimento@shopconsult.com.br
Mais informações: http://tripmobility.com.br/
O que: Inovatecno 2014 Quando: de 3 a 5 de Setembro de 2014, Florianópo-
no Brasil com a presença de grandes autoridades
lis, Santa Catarina, Brasil. Local e data a confirmar.
mundiais do segmento, Feira Paralela, Rodada de
Evento de Tecnologia e Informação a ser realizado
Negócios, Workshops, Palestras.
INOVA TECNO CONGRESSO | TECNOLOGIA E INOVAÇÃO
Aguarde programa preliminar em www.inovatecno.com.br Todos os eventos aqui informados possuem registro de direitos autorais fornecidos por seus organizadores. As Datas estão sujeitas a alterações e são de responsabilidade de seus organizadores. Informações em cada site correspondente ou Informações no endereço eletrônico atendimento@shopconsult.com.br
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