Feira de Artes Editoriais Independentes
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A BALAIO A Feira BALAIO nasce com o encontro de produtoras artísticoculturais, o espaço pluricultural e livraria bibliodiversa Casa Amarela, a loja de livros e flores Cheiro de Livro e a Locomotiva Produções - todas na região de Várzea Paulista - com a intenção de promover encontros para artistas editoriais, editoras independentes e personalidades do cenário artísticocultural, com foco na produção do interior de São Paulo. Buscamos promover territórios férteis às trocas de saberes e assim a criação de parcerias, novos produtos editoriais e mais experimentações nos hábitos de leitura de todas, todes e todos. Como estratégia de atuação para tempos pandêmicos, a equipe da Balaio elaborou uma ação de fortalecimento aos espaços literários da cidade de Várzea Paulista, doando para seus acervos uma curadoria que colabora com a diversidade da criação literária e gráfica, com mais de 130 publicações produzidas de forma independente e/ou por pequenas editoras. Todas podem ser vislumbradas nesse catálogo, com conteúdos que buscam auxiliar na reflexão sobre os múltiplos mundos que vivemos aqui na terra, em nossas cidades e em nossas vidas. As publicações nos convidam experimentar a leitura de diferentes formas, cada uma com sua individualidade e potência, nos instigam a fruirmos redescobrimentos e caminhos para percebermos nossas múltiplas realidades e possibilidades! Esse projeto foi fomentado com recursos da Lei Federal 14.017/2020 Lei ALDIR BLANC na cidade de Várzea Paulista, interior de São Paulo e sua veiculação é gratuita. 2
Um livro pode nos fazer sentir, num instante, em muitos lugares diferentes. E existem muitos mundos além daqueles disponíveis nas prateleiras de uma livraria. Existem lugares só de imagens e lugares só de palavras. Lugares para colorir e lugares para se emocionar. Existem lugares que nos fazem refletir sobre a vida e outros que nos fazem crescer. Neste catálogo, você vai conhecer alguns mundos criados através da publicação independente. Em qual mundo você quer estar hoje?
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PUBLICAÇÕES Conteúdo e Literaturas Fronteiriças.........13 ...E o que veio antes? (Des)Apontado A Princesa e a Costureira A Queda do Céu A Rainha E Os Panos Mágicos A Unicórnia Preta A Vida Mínima ABC do Josué ABEBE - Caixa Pretas Aconteceu Comigo - Histórias de Mulheres Reais em Quadrinhos Almanaque Brasilidades Antes que Acabe Autopublicação Carta á Vidente Casa da Avó Casa Poiesis
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Coisas Que se Parecem com Uma.... Coleção Sambas Escritos – 4 volumes Cordel Saudade Crespim Dinossauro Entre Nós Mesmas Escritura Estilhaçada Escritas Femininas em Primeira Pessoa Eu Sou a Monstra: Hilda Hilst para Crionças Eu Sou do Camarão Ensopadinho com Chuchu Fominismo: Quando o Machismo se Senta à Mesa Generalidades ou Passarinho Loque Esse Guia Básico e Prático para a Sua Próxima História em Quadrinhos Hai: Primeira Parada Joana Princesa Maboque Mama: Um relato de Maternidade Homoafetiva Mantra / Sob a Proteção da Espada de Iansã Meu Pequenino Monstros
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Nádia Köller: Memórias e Receitas de Goyaz No Fim da Infância Noite dos Tambores: do Fazer ao Sentir Nunca Acontece Nada na Minha Rua O Cemitério das Orquídeas O Pintinho O Pintinho 2 O Samba Segundo as Ialodês: Mulheres Negras e Cultura Midiásticas POTUWA PORA KÕ: O QUE SE GUARDA NO POTUWA Outros Pensam Ovo | Galinha Pássaros do Brasil e algumas histórias Prato Firmeza vol1 Prato Firmeza vol2 Prato Firmeza vol3 Prato Firmeza vol4 Guia Metodológico Prato Firmeza Preto Quando o Sangue Sobe à Cabeça Revista Japy: Superação 6
Revista Japy: Tudo é Finito Revistas do Modernismo Ronaldo Fraga: Caderno de Roupas, Memórias e Croquis – Edição Revista e Ampliada Ser Prazeres Sonia Gomes: A Vida Renasce/Ainda me Levanto Sortilégios Sou Sua Irmã Um Exú em Nova York Um Ninho no Estranho Um Dia o Poeta Morre, mas a Poesia Vive Um Rosto Morno é Uma Folga Vivências Diversas: Uma Coletânea de Indígenas Mulheres Xondaro Zumbi, Assombra Quem?
Formatos Experimentais...........................40 aDeus Álbum de Figurinhas: Aves na Chapada dos Veadeiros Amosse Mucavele - Geografias do Olhar 7
Anotações para o Livro do Ventre Aomoço Arte Brasileira para Crianças Bicho Vira Bicho Coleção Pequenas Histórias Corda Corrida das Canetas Dulcinéia Fachadas Faz RS Jardim do Seu Neca Jogo da Memória - Bogotá Jogo da Memória - Niterói Jogo Eumundoconvite Kit Gay para Adultos Livro das Formas O Penúltimo Olhar sobre as Coisas Olha a Chuva! Por-Sobre Queria Ter Ficado Mais Reza 8
Rio Imenso Sim Triste Vocabulário Vivido
Livros de Artistas...................................53 “À Paulistana: Memórias de Comida e Imigração na Cidade de São Paulo” Arimin Bagagem Coisas Que Eu Guardaria em Potinhos Cultivo ao Jardim dos Sonhos Das Coisas que Estão em Esquinas Das Coisas que Fazem o Cotidiano Das Coisas que São Vistas em Isolamento Das Coisas que Se Repetem Desenhos Invisíveis Estes Outros, Fotopinturas da Coleção Lacração Leonilson: Gigante com Flores Leonilson: São Tantas as Verdades 9
Ninguém é de Ninguém Paulo Nazareth, Arte Contemporânea/LTDA Sexidents Sui Generis Suruba Para Colorir #1 Suruba para Colorir #2
Zines......................................................62 Borrões e Linhas Caixa de Zines Gabizinha Erotik Glossário com 70 Termos do Universo do Milho Crioulo no México Jornal de Borda Jornal Social Cultural edição LAB Várzea Paulista Jornal Travesti Viva! May Marini Produzines Zine Chime for Change: Issue n. 1 & Spotlight Brazil Zine Chime for Change: Issue n. 2 & Spotlight Japan Zinestésico 10
Tags: Nossa curadoria preparou algumas indicações para ajudar nesta viagem, os EIXOS, indicam suas naturezas físicas e às TAGS suas personalidades e seus conteúdos. Desejamos a vocês uma excelente experiência!
Infantil
Fora da Caixinha
Para Ler Fotografias
Criações Gráficas
Temática não Comercial
Realidades
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Conteúdo e Literaturas Fro A escrita é uma ferramenta para penetrar naquele mistério, mas também nos protege (...)
Gloria Anzaldua em “Falando em línguas: Carta para as mulheres escritoras do terceiro mundo” aviso: este texto foi escrito entre fronteiras. O que significa pensar através da “fronteira”? O que é uma existência fronteiriça? Ou ainda, quem são as sujeitas de “la frontera”? Se pensarmos a partir da Geografia, encontraremos uma conceituação um tanto questionável: fronteira (s.f): “limite que demarca um país e o separa de outro(s)” A disciplina nos indica que a fronteira limita e demarca. Este verbete até faz parecer que a fronteira é certeira, facilmente identificável, inquestionável e exata. É quase como dizer que ela é aquela linha preta dos mapas: o risco que destaca e delimita determinado país. O contorno de um desenho geográfico. Porém, somos surpreendidas com a experiência fora da caixinha ideal dos significados perfeitos, exatos e sintéticos. As obras selecionadas para compor esta tag não são, assim como o pensamento de Gloria Anzaldúa, unicamente classificáveis. Em toda a complexidade da forma, do conteúdo, da trajetória de publicação ou de cada uma das escolhas editoriais e literárias, essas obras não são facilmente separáveis porque elas são simultaneamente atravessadas por diferentes territórios literários, bibliográficos e 12
onteiriças linguísticos. Anzaldua nos provoca ao propor uma nova consciência para aquelas que nunca se sentiram inteiramente parte de qualquer lugar. Para aquelas que viviam às margens do esquecimento, da fraqueza de espírito ou da completa invisibilidade, a fronteira é, finalmente, reconhecida como um lugar-possível, onde podemos gritar anseios, marcar nossas palavras no papel e abraçar os nossos mistérios. Portanto, se observarmos com atenção, cada um dos títulos desta curadoria pertence a múltiplos lugares. Alguns deles poderiam ser facilmente “confundidos” com publicações tipicamente hegemônicas: o livro com cara de livro. No entanto, quando entramos em contato com essas obras, percebemos que a escolha pelo que podemos chamar de película de padronização literária, é completamente estratégica. É uma maneira desses registros alcançarem outros destinatários, serem vistos por outros olhos. Porém, essa “película protetora” não dura muito: ela se desmancha e dá lugar para a exposição das experiências , subjetividades e caminhares das existências fronteiriças. O pensamento fronteiriço nos instiga a recusar o binário e aceitar a ambiguidade. Dizer sim ao mistério, ao que não pode ser marcado pelo “sim” ou pelo “não”, pelo “perto” ou pelo “longe”. Assim, acessamos outras possibilidades de experimentar a vida em anseios e dores, mas também em cada um dos prazeres do corpo e da alma escreviventes.
Por Vitória Bredoff 13
...O QUE VEIO ANTES? Carolina Moreyra
Você já se fez essa pergunta né? Talvez o jeito de responder seja ir de trás para frente… Bom, pelo menos nesse livro é o que acontece: a história se move do início para o fim. Agora você vê esse livro, mas antes alguém o escreveu e o desenhou. E antes?
(DES)APONTADO Edith Chacon
(Des)apontado, brinca com os desapontos da vida e oferece a liberdade para que o leitor escreva o seu final, colocando suas marcas e se apropriando da história e do livro como bem entender, brincando com imaginário e extrapolando o que pode e não pode em um livro.
A PRINCESA E A COSTUREIRA Janaina Leslão Garcia
Esta é a história da princesa Cíntia, que se apaixonou pela costureira Ishtar. Quando Cíntia anunciou para os pais suas intenções com Ishtar e disse que não mais se casaria com o príncipe a quem estava destinada, seu pai mandou que a prendessem na torre do castelo. Para garantir um final feliz, a princesa e a costureira receberão ajuda da irmã da princesa, do próprio príncipe, da Fada Madrinha e de uma Agulha Mágica.
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A QUEDA DO CÉU Davi Kopenawa e Bruce Albert
Este livro foi feito a partir da fala do grande xamã, Davi Kopenawa, porta-voz dos Yanomami, sobre suas meditações a respeito do contato predador com o homem branco (uma ameaça para o seu povo desde a colonização). O etnólogo Bruce Albert, amigo de longa data do xamã, faz o registro escrito. A obra é uma ferramenta crítica para questionar as noções de progresso e desenvolvimento defendidas por aqueles que os Yanomami sabiamente chamam de “o povo da mercadoria.
A RAINHA E OS PANOS MÁGICOS Janaina Leslão Garcia
A rainha Sheila está em sua segunda gestação quando parte pelos mares, em férias, com sua primogênita. Um trágico naufrágio muda a rota da viagem e as leva para uma misteriosa ilha. Lá, as mulheres têm, quase sempre, partos normais, e são as bruxas, como a mestra Agnes, que cuidam dos nascimentos. Quando voltam para seu reino, Sheila tenta convencer o Grande Mago de que pode ter uma criança sem uma cirurgia. As desconfianças assolam o reino e nada parece dar certo. Mas os lendários Panos Mágicos garantirão um final feliz!
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A UNICÓRNIA PRETA Audre Lorde
Audre Lorde, uma ativista morando em Nova York, encontrou em suas viagens para a África imagens de poder que a fizeram se reencontrar. Em seus poemas, ela fala da riqueza e complexidade que é ser uma mulher negra. Traz questões da negritude, do feminismo, explora elementos da cultura Iorubá e do ser uma pessoa LGBTQIAP+..
A VIDA MÍNIMA Luiz Guilherme Romancini
Este livro fala, através de 120 microtextos com até 120 palavras, dos acontecimentos da vida humana. São fábulas, textos filosóficos, mundos criados, lendas e diálogos, que às vezes são humorados, às vezes são tragédias. Os relatos são verídicos, ficção, causos… mas sempre relatando o cotidiano.
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ABC DO JOSUÉ Josué Santana
Um convite para pensar diferente. Começa com uma brincadeira, e sabe-se lá onde vai parar. Com nove anos, Josué se deixou levar por uma brincadeira inventada por seus pais: “No lugar de lhe explicarmos o significado das palavras era ele quem nos dizia o que elas lhe sugeriam”. Um re-dicionário? Talvez! Um divertido jeito de pensar coisas novas? Com certeza!
ABEBE - CAIXA PRETAS
Caixa composta por 9 textos de autoras pretas, lésbicas e trans, publicados em uma releitura dos cordéis populares.
ACONTECEU COMIGO Laura Athayde
Aconteceu com elas, mas talvez tenha acontecido com você também. “Aconteceu comigo” é um livro que fala de semelhanças e reconhecimentos entre nós. O livro reúne o relato de 70 mulheres anônimas transformados em histórias em quadrinhos. Para perceber dores, afetos e desejos, que embora façam parte da história dessas mulheres, podem fazer com que você também se identifique.
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ALMANAQUE BRASILIDADES Luiz Antonio Simas
Quantas culturas cabem num país tão grande e diverso como o Brasil? Esse livro encara a cultura como todo processo humano de criação e recriação das formas de viver (padrões de comportamen to, visões de mundo, elaborações de símbolos, crenças e hábitos). Formas de nascer, amar, odiar, matar, morrer, cantar, dançar, orar, praguejar, beber, comer… E numa linguagem gostosa de almanaque, leve, cheia de informações e curiosidades, o historiador Luiz Antonio Simas apresenta várias tradições brasileiras.
ANTES QUE ACABE João Galera
Esta é a segunda edição do livro Antes que Acabe, de João Galera, com um conjunto de desenhos de casas e vilas de três bairros de São Paulo: Pinheiros, Vila Mariana e Bela Vista (Bixiga). O livro foi elaborado por ocasião da exposição homônima no Museu da Casa Brasileira em 2016.
AUTOPUBLICAÇÃO Ricardo Rodrigues AUTOPUBLICAÇÃO é um livro em constante mutação, e é por isso que a segunda edição chega tão pouco tempo depois dele ser lançado, em fevereiro de 2019. Nesta nova etapa, ganhou mais conteúdo e um novo projeto gráfico. Inclui importantes dados sobre o mercado editorial independente, destaca o ressurgimento das pequenas livrarias (também como engrenagem significativa para a circulação), e amplia referências importantes sobre o processo de construção do livro, incluindo o uso de diferentes tipos de papel, impressão e formatos, para quem deseja organizar o seu próprio projeto editorial. 18
CARTA À VIDENTE Antonin Artaud
Em “Carta à Vidente” o autor se coloca como se estivesse nu em frente a uma cartomante enquanto os olhos dela percorrem o seu corpo, como que para eliminar o pecado. Ele busca um “abraço do mais-querer querendo mais amar”. O livro tem uma encadernação especial em sanfona que se abre como um leque de cartas, e os dois textos se espelham como dois lados de uma moeda, intercalando textos do autor com ilustrações do português António Gonçalves.
CASA DA AVÓ Gabriela Lissa Sakajiri
O livro “Casa da vó”, de autoria de Lissa Sakajiri, une imagens fotográficas e escrita afetiva para construir um quadro memorialístico dos sentimentos criados durante a infância passada na casa da avó materna. Este trabalho é um resgate poético desses sentimentos, inspirações profundamente presentes ainda hoje em sua vida e em sua produção artística.
CASA POIESIS Ede Galileo
Casa Poiesis é uma história em quadrinhos baseada no monólogo de mesmo nome, criado por Claudio de Albuquerque, e conta a história de um homem só. Em busca de redenção, ele relembra os melhores momentos de sua vida e uma paixão sem igual.
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COISAS QUE SE PARECEM COM UMA... Laura salaberry
Óculos em desuso, flores efêmeras na primavera de Nova York, um casal de caracóis em descompasso, um par de brincos comprados no camelô. O que todas essas coisas têm em comum? Todas elas se parecem com uma... Conseguiu descobrir?
COLEÇÃO SAMBAS ESCRITOS Maitê Freitas A Coleção Sambas Escritos apresenta, em quatro volumes, textos que variam entre poesias, ensaios, crônicas e artigos sobre as tradições do samba no Brasil. Ao longo da coleção, é apresentado ao leitor um panorama do samba como vertente, linguagem e identidade cultural que marca diferentes espaços e vivências.
CORDEL SAUDADE Filipe Grimaldi Com 20 versos ilustrados com gravuras em linóleo, CORDEL SAUDADE é a primeira publicação autoral de Filipe Grimaldi, artista visual e professor-letrista apaixonado pela cultura popular brasileira. É um conjunto de postais destacáveis que vem no formato de um simpático livro. Como nos cordéis originais, o miolo é impresso em preto sobre papel branco, e a capa em papel colorido. A obra é dedicad a todas as pessoas que amam e propagam a sabedoria popular, nosso folclore e nossas heranças culturais. 20
CRESPIM Jussara Santos
Anjo tem sexo? Sim, pode ter. O anjinho criado por Jussara Santos não só é um menino, como tem cor e é o cabelo crespo que sugere seu nome – Crespim. Mas não é isso que está no centro da narrativa. A história, na verdade, fala de forma divertida do amor, da timidez, e de como as pessoas são diferentes.
DINOSSAURO Amanda M. M. Para falar de dinossauros a gente precisa voltar no tempo, não é mesmo? Aqui, cinco espécies são apresentadas pelo olhar da nossa querida e criativa Amanda, que nos surpreende logo de cara: abrimos o livro pela contracapa! E em seguida conhecemos o estegossauro (assustador!), o pterodáctilo (voador!) e outros desses gigantes. Mandy criou tudo quando tinha seis anos de idade e também participou desta edição especial. A pequena tiragem, a impressão em serigrafia, a encadernação manual e as capas texturizadas fazem de Dinossauros uma verdadeira relíquia para pequenos (e grandes!) paleontólogos colecionadores de livros.
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ENTRE NÓS MESMAS Audre Lorde
Entre nós mesmas junta três obras da autora publicadas nas décadas de 1970 e 1980, período de seu maior engajamento pelas causas do movimento negro, LGBT e dos direitos civis nos Estados Unidos. A poesia foi o meio de expressão em que Audre Lorde melhor refletiu sobre os temas da opressão social, a violência contra a população negra, a diáspora africana e as referências de sua cultura iorubá, o feminismo, os filhos e o amor. Pode ser preciso ler os seus poemas várias vezes, é um texto para ser experimentado.
ESCRITURA ESTILHAÇADA Mina Loy
Eis a “bufona do serviço secreto da causa da mulher”, propulsão da libertação feminina, que escreveu, desenhou, orientou a vida pelo desejo libidinoso, amou e foi amada como poucas. Feminista, de espírito voador e com palavras que flutuam de um jeito inesperado. A edição é cuidadosa em respeitar os espaçamentos improváveis, variações no tamanho da letra e grifos da própria autora. Mina escreve com essa escritura derrotada ansiando que leitoras e leitores abram as páginas e juntem os cacos.
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ESCRITAS FEMININAS EM PRIMEIRA PESSOA
O livro reúne os 44 contos de mulheres negras e indígenas (cis e trans) selecionados durante o I Chamamento Oralituras: Escritas Femininas em Primeira Pessoa, organizado pela jornalista e editora Maitê Freitas, contou com a seleção das escritoras Carmen Faustino, Dandara Kunté e Esmeralda Ribeiro. Ao longo do livro, as escrevivências das autoras se costuram em narrativas ficcionais, documentais e afrofuturistas.
EU SOU A MONSTRA Hilda Hilst
Hilda Hilst escreveu em diversos gêneros literários, mas nunca publicou um livro infantil. Nesta obra, de edição artesanal, ela escreve pela primeira vez para “crionças”. Hilda tinha uma relação de estranhamento com as crianças. Mas esse poema, escrito para Daniel Fuentes, filho de seu amigo José Luiz Mora Fuentes, é um exemplo de como a obra da autora alcança até os pequenos.
EU SOU DO CAMARÃO ENSOPADINHO COM CHUCHU Roberta Sudbrack
Brasilidades, frescor e delicadeza no prato. Com muita criatividade, a chef Roberta Sudbrack propõe uma linguagem nova para o ingrediente do diaa-dia. A criatividade também se reflete na arte gráfica e na edição do livro, trazendo muita cor e texturas, nas receitas e textos.
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FOMINISMO Nora Bouazzouni
Qual a relação entre o patriarcado e uma picanha? Você já parou para pensar que a comida serve para “colocar as mulheres no seu devido lugar”? E que esse lugar geralmente está em posição inferior ao homem? Esse livro discute questões de gênero ligadas ao trabalho de cultivo, ao consumo e à estética relacionada com a alimentação, e o “comer” como um meio de dominação das mulheres.
GENERALIDADES OU PASSARINHO LOQUE ESSE JoMaka
O livro conta a história de um poeta que começa a receber cartas e a responder vozes que falam de várias maneiras e por muitos meios, muitas vezes em prosa, outras em verso, algumas respostas a perguntas impostas e agressivas e também a perguntas que nem sabemos se foram feitas. Muitas parecem continuar um assunto que não havia sido começado. O que se revela é uma escrita que parte do questionamento de si mesmo e tudo aquilo que chega com esse movimento, todos os conflitos construídos pela mente a partir da indagação sobre a estrutura básica que é o corpo
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GUIA BÁSICO E PRÁTICO DE ROTEIRO PARA SUA PRÓXIMA HISTÓRIA EM QUADRINHOS Mylle Silva
Aprenda a transformar suas ideias em grandes histórias em quadrinhos. O guia de roteiro te acompanhará na sua jornada como roteirista, dando todas as ferramentas necessárias para que você construa uma narrativa consistente, desde o primeiro quadro até a conclusão do projeto.
HAI: PRIMEIRA PARADA Hildon Vital de Melo Haicais são pequenas poesias/poemas de três versos. Os Haikerouacs do autor (referência ao escritor Jack Kerouac) são inspirações surgidas como pedras no meio do caminho, como um buraco no acostamento. E traduzem, através das palavras de Hildon, sua experiência com a leitura de tudo o que é “beat”; seus primeiros contatos com a Ayahuasca; sua relação com a cidade de Jundiaí e seu amor anárquico por sua Milalmas. Os versos foram escritos durante uma viagem de Jundiaí até o rio Guaíba, em 2015.
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JOANA PRINCESA Janaina Leslão
Era uma vez uma princesa que, ao nascer, recebeu o nome de João. Algum tempo depois, a criança pediu para que seus pais a chamassem de Joana, pois, assim como ela, seu nome também tinha crescido; queria ser menina para sempre. O rei e a rainha não sabiam o que fazer para reverter a situação e até consultaram a bruxa do reino. Para realizar seu sonho, Joana parte em uma grande aventura em busca do Arco-Íris Mágico que, segundo a lenda, pode transformar rapazes em garotas.
MABOQUE Tina Vieira
Maboque, o romance de estreia de Tina Vieira, autora brasileira nascida em Angola, divide-se entre três lugares: Portugal, África e Brasil. A trama tem início com o falecimento do pai de Leonor no bairro de Campanhã, na região do Porto. Ao arrumar os pertences paternos, a protagonista descobre cartas que foram guardadas para ela, e algumas passagens até então desconhecidas da vida de seu pai. A jornada de luto e autoconhecimento a levará, na imaginação e na memória paterna, à África e à América do Sul.
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MAMA: UM RELATO DE MATERNIDADE HOMOAFETIVA
Marcela Tiboni
Uma noite, conversando no sofá, Marcela e Mel decidem ter filhos. Logo surge a dúvida: como um casal de mulheres faz para engravidar? Perdidas, resolvem pedir ajuda aos amigos no Facebook. Sustentando o desejo da gravidez sem pai, elas se colocam diante de muitas questões. Qual das duas vai engravidar, como funciona um banco de sêmen, como fica o registro de nascimento, a ausência de um pai pode prejudicar a criança? Pesquisadoras incansáveis, se informam, refletem e bancam cada uma de suas escolhas. Agora corajosamente compartilhadas neste livro.
MANTRA e SOB A PROTEÇÃO DA ESPADA DE IANSÃ
Danuza Lima
Volume único com as obras Mantra e Sob a proteção da espada de Iansã, ambas de Danuza Lima, em edição viravira, e com poemas vibrantes e extremamente sensoriais. Cada edição possui cinco variações da capa, totalizando vinte e cinco combinações diferentes.
MEU PEQUENINO Germano Zullo Repleto de poesia e de amor, “Meu pequenino” narra o ciclo da vida como uma dança. Trata-se de uma história atemporal sobre o amor que une mãe e filho que pode ser apreciada quadro a quadro ou mesmo folheada como num flipbook. As singelas palavras de Germano Zullo aliadas à pureza dos desenhos a lápis de Albertine tornam o livro ainda mais intenso e emocionante. A obra do premiado casal suíço foi lançada pela editora La Joie de Lire e ganhou, em 2016, o prêmio Bologna Ragazzi Award, na categoria ficção.. 27
MONSTROS Alice Hoogstad
Um convite para criar confusão! Uma menina, acompanhada de seus lápis de cor e de seus amigos Monstros, transformando uma cidade em branco e preto. “Monstros” é um livro-imagem capaz de contar uma nova história cada vez que é aberto.
NÁDIA KÖLLER: MEMÓRIAS E RECEITAS DE GOYAZ
Ana Christina da Rocha Lima
Este é um livro sobre o Caderno de Receitas de Nádia Köller. As anotações iniciadas em 1967, na Cidade de Goiás, orientaram a pesquisa realizada por Ana Christina da Rocha Lima. Um delicioso registro de patrimônio imaterial, um relicário de afetos verdadeiros, com reconhecimento da relevância do matriarcado na antiga capital goiana.
NO FIM DA INFÂNCIA Arrigo Barnabé
No Fim da Infância é o livro de estreia do músico londrinense Arrigo Barnabé. O conjunto de nove textos autobiográficos revela ao leitor passagens curiosas e fundamentais da vida desse criador genial, que nos anos 1980 revolucionou a música nacional ao trazer elementos da música erudita contemporânea para o território da MPB. É um comovente autorretrato sobre o fim da infância, o início da adolescência e da vida adulta.
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NOITE DOS TAMBORES
Euller Alves, Maitê Freitas, e Salloma Salomão
Catálogo com textos e fotos que registram a Noite do Tambores, evento organizado pelo coletivo Umoja. Ao longo do catálogo, textos que norteiam a história dos oito anos dessa ação-manifesto em louvor e celebração as culturas dos tambores no Brasil e no mundo.
NUNCA ACONTECE NADA MINHA RUA Ellen Raskin
Um livro divertido e com várias narrativas possíveis. As artes gráficas do livro, pela talentosa Ellen Raskin, conduzem o leitor pela narrativa de Luís Rodolfo, um menino chato e pessimista que reclama que nada acontece na rua onde mora. Será que nada acontece mesmo? O livro foi originalmente lançado em 1966, virou um clássico, e agora é publicado no Brasil.
O CEMITÉRIO DAS ORQUÍDEAS Tiago Pinheiro
Um acidente, uma investigação que busca vingança e fatos que se entrelaçam como peças de quebra-cabeça. Tudo levando até um cemitério cercado por orquídeas. Quem é fã de abordagens sobre a teoria do caos, efeito borboleta, relacionamentos, vingança, investigações, mistérios… tem muitos motivos para ler “O Cemitério das Orquídeas”.
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O PINTINHO Alexandra Moraes
Publicação com os melhores quadrinhos d’O Pintinho. O livro traz 80 tirinhas organizadas em grandes e implícitos blocos temáticos que permitem ao leitor, seja ele já fã ou recém-chegado, visitar este universo às vezes surreal, às vezes hiper-realista de um pintinho insolente conversando com a sua mãe indolente. Sobre assuntos que vão desde a alta no preço do tomate até questões existenciais sobre o objetivo da vida.
O PINTINHO 2 Alexandra Moraes
O Pintinho 2: Para Sempre Classe Média é a segunda antologia dos quadrinhos de Alexandra Moraes. Desenhadas com o rudimentar software de desenho Paint, que deixa um efeito pixelada na arte, O Pintinho tem como característica um humor cáustico e inteligente. As tirinhas agora ganham novos personagens, como Zé Sexo, Abortinho, Dinossauro Attheo e outros coadjuvantes que nunca haviam ganhado vida em versão impressa. Para abrir o livro, há mais de dez tiras inéditas, uma surpresa para os milhares de seguidores da tirinha na internet.
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O SAMBA SEGUNDO AS IALODÊS Jurema Werneck
Para tentar compreender a diversidade de papéis que as mulheres negras ocupam na música popular e no samba, ressaltando que são papéis protagonistas, o livro analisa a biografia de três sambistas negras: Leci Brandão, Alcione e Jovelina Pérola Negra, com olhar especial para as questões de gênero e raça.
POTUWA PORA KÕ
Hugo Prudente da Silva Pedreira
O potuwa é um pequeno estojo de arumã trançado, feito pelas mulheres zo’é. Portátil, ele é sempre levado pelos homens, todo caçador deve ter o seu. Ali guarda o que precisa para fazer e reparar suas flechas. As melhores flechas. O livro segue pelos caminhos dos Zo’é em busca de penas, resinas, linhas de costura e outros materiais. Este livro propõe abrirmos juntos o potuwa e acompanharmos um pouco este movimento pelo território.
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OUTROS PENSAM Alfredo Jaar
Alfredo Jaar busca aumentar nossa consciência sobre questões geopolíticas, muitas vezes esquecidas ou suprimidas, sem renunciar ao poder formal e estético da arte. Em Outros pensam, dá publicidade a um texto inédito de John Cage sobre as relações de poder entre as Américas.
OVO|GALINHA
Stela Elia
Nesta obra, o coletivo BabaYaga brincou com texto, imagens e questionamentos de Stella Elia. Como começou a vida virou reflexão sobre como começar o livro. Devo começar a ler da esquerda para a direita? Da direita para esquerda? Ou pelo meio? Mas livro tem que ter começo, meio e fim? As palavras fazem a gente enrolar a língua para pronunciar ovo e galinha em diversos idiomas. E as imagens nos brindam com a alegria da diversidade e das cores carimbadas por Stella.
PÁSSAROS DO BRASIL E ALGUMAS HISTÓRIAS
Adriana Varejão
Adriana Varejão convida as crianças a darem cores a alguns dos pássaros mais queridos do país. A artista apresenta aves como o bem-te-vi, a ararinha-azul e o joão-de-barro, com textos que voam pelas páginas e despertam a curiosidade dos pequenos sobre as diferentes espécies.
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PRATO FIRMEZA VOL.1 AO VOL.4 Énois
Segundo a São Paulo Turismo, a cidade tem mais de 12 mil restaurantes. Bares? Mais de 15 mil. Padarias? Três mil. No entanto, a grande imprensa tende a explorar os eixos mais ricos e centrais da cidade. “Prato Firmeza: o guia gastronômico das quebradas” nasce como um serviço pra quem come e empreende na periferia. Mas também com um papel político importante: mostrar que a cidade é maior do que o que se passa entre as marginais. E que a “meca gastronômica” estava sendo subestimada. São Paulo tem um cardápio farto pra oferecer – custando bem menos.
GUIA METODOLÓGIO PRATO FIRMEZA Énois
Esse guia é para todas que desejam construir mapeamentos dos serviços que existem na sua quebrada para divulgálos em seus territórios e outros espaços. É para grupos de jovens comunicadoras, educomunicadoras, jornalistas, articuladoras sociais, coletivos culturais e políticos, organizações não-governamentais, professoras, estudantes e escolas.
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PRETO Gracê Passô, Marcio Abreu e Nadja Naiara
A fala pública de uma mulher negra é o ponto de partida para apresentar ao público reflexões sobre as possibilidades de interação entre as diferenças e o papel essencial do diálogo sobre assuntos urgentes. Criação da Companhia Brasileira de Teatro, PRETO trata do racismo, do preconceito, da violência, da empatia e da posição da “mulher preta lésbica” como sujeito num mundo dominante branco, masculino e hétero.
QUANDO O SANGUE SOBE À CABEÇA Anna Muylaert
Quando o sangue sobe à cabeça traz seis
narrativas breves que exploram o universo feminino com a coragem e o humor que Anna Muylaert mostra em seus filmes. De uma mulher com problemas sexuais a uma depiladora falastrona, Muylaert constrói histórias envolventes sob a perspectiva de personagens diversas e cativantes.
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REVISTA JAPY - TUDO É FINITO Ede Galileo O projeto da revista Japy é uma iniciativa do quadrinista Ede Galileu e reúne 9 artistas e 3 convidados especiais em uma revista com 9 histórias ligadas pelo mesmo tema mas com histórias e estilos de desenhos bem diferentes. O tema desta edição é “Tudo é finito” e foi definido por votação entre os participantes, mas nada além disso como regra, então o artista teve liberdade total para criar. E você vai poder conferir histórias que mostrem como a vida é importante, sejam fatos que levaram um vida inteira para acontecer, um dia inteiro ou até mesmo aqueles 5 minutos que fizeram toda uma vida ter sentido.
REVISTA JAPY - SUPERAÇÃO Ede Galileo
Neste novo projeto, trazemos o tema “Superação”, um tema atemporal, pois a cada dia encontramos novos obstáculos a serem superados.
REVISTAS DO MODERNISMO
Pedro Puntoni, Samuel Titan Júnior
Coleção contendo as edições fac-similares das revistas centrais do modernismo brasileiro, da década de 1920: Klaxon, Antropofagia, Verde, Terra roxa e outras terras, A Revista e Estética. Cada volume contém a reprodução integral de todos os números de cada revista, com indexação geral à parte. Para cada conjunto há um ensaio autoral dos especialistas Eucanaã Ferraz, Ivan Marques, Antonio Arnoni Prado, Gênese Andrade, Eduardo Coelho e Júlio Castañon.
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CADERNO DE ROUPAS, MEMÓRIAS E CROQUIS Ronaldo Fraga
Esta nova versão do livro de Ronaldo Fraga traz croquis e desenhos feitos pelo estilista entre 1996 e 2014. Cada coleção apresentada começa com um texto do artista, contando de onde vieram as inspirações para aquele trabalho (desde suas próprias memórias, até referências na música, dança, literatura e outras artes). Constanza Pascolato e Cristiane Mesquita também contribuem com textos para o livro.
SER PRAZERES
Coletânea
Coletânea erótica bilíngue (português – inglês) de escritoras negras brasileiras e estrangeiras. A publicação reúne textos de 33 autoras negras e indígenas cis e trans, que através do erótico, enaltecem seus prazeres e pluralizam suas vozes e olhares femininos sobre afeto, intimidade, troca e sexualidade.
+18 SONIA GOMES: A VIDA RENASCE/AINDA ME LEVANTO
Amanda Carneiro; Cecilia Fajardo-Hill; Júlia Rebouças; Raphael Fonseca; Rodrigo Moura
O título do livro, Sonia Gomes: a vida renasce/ ainda me levanto, é uma combinação entre os títulos das duas mostras distintas: em Niterói, A vida renasce, sempre, e em São Paulo, Ainda assim me levanto. As exposições apresentam a extraordinária contribuição de Gomes para a linguagem da escultura contemporânea e podem ser vistas como complementares, entre obras reunidas ao longo da carreira e inéditas.
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SORTILÉGIOS Majori Claro
Sortilégios reúne poemas marcados pelo erotismo, pela investigação dos sentidos do amor e pelas figuras míticas e contemporâneas do feminino. Temas clássicos da poesia amorosa e erótica escritos em uma linguagem atual, com toques de humor e malícia.
+18 SOU SUA IRMÃ Audre Lorde
“Sou uma lésbica, negra, feminista, guerreira, poeta, mãe, mais forte por causa de todas as minhas identidades, e sou indivisível”, assim se definia para seus leitores e ouvintes Audre Lorde. O livro reúne textos esparsos e inéditos encontrados no seu arquivo: são ensaios, aulas, palestras, prefácios, além do impactante “Uma explosão de luz”, um diário íntimo que acompanha sua vida após receber o diagnóstico de um câncer no fígado. Como poeta, sua fala e escrita são viscerais, dotadas de potência capaz de afetar e amplificar a sua audiência.
UM EXÚ EM NOVA YORK Cidinha da Silva Este livro de Cidinha da Silva é como Exu. E não é só por trazêlo em seu título. Andarilho, mensageiro, comunicador, afeito à política. Senhor das contradições e dos caminhos, Exu anda com as palavras, anda nas palavras, anda pelas palavras, anda as palavras. Caminhando com Exu por muitas terras e muitos tempos, de Minas Gerais a Nova York, de nosso presente aos tempos dolorosos da escravidão, as palavras de Cidinha da Silva nos enredam, nos convidando a fazer parte desses deslocamentos exúnicos. 37
UM NINHO NO ESTRANHO Andreia Pires
Coisas incríveis brotam onde menos se espera. A gente não dá bola, quase não presta atenção e nasce um voo, voa uma ideia, ideia ovo choco, amigo ninho. Um ninho no estranho é sobre amizade e pássaros, sobre amigos e seus cabelos que não param de crescer. É a história de dois meninos que se encontram e compartilham experiências significativas: escola, futebol, imaginação, futuro e estranhezas que somente a infância é capaz de proporcionar.
UM DIA O POETA MORRE, MAS A POESIA VIVE Menóhgrafia
Lucas, Menóh, Menóhgrafia de Rua. Lucas era um poeta que, ao contrário de seu apelido, era enorme. Falava do coração e falava para todos. Foi vítima da realidade dura que retratou em alguns de seus próprios poemas, assassinado, deixando muitos amigos e sua mãe, Viviane, com um vazio no coração. Mas como seus versos também diziam… “Um dia o poeta morre, mas a poesia vive”.
UM ROSTO MORNO É UMA FOLGA Anna dos Santos
A autora coloca, em seu livro, a escrita enquanto um exercício de afeto e de busca. E mostra, nessas páginas, sua procura pelo pertencimento, por um lugar que a aceite (algo muito incomum no mundo inconstante que vivemos)
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VIVENCIAS DIVERSAS Braulina Baniwa, Jozileia Kaingang e Lucinha Tremembé
Este livro traz memórias, vivências e artigos autobiográficos de indígenas mulheres, intelectuais, de todas as regiões, envolvendo 8 Povos Indígenas, Baniwa, Baré, Piratapuia, Tuyuca, Sateré-Mawé, Pankararu, Pataxó, Kaingang. Cada escrita é composta de vozes de suas ancestrais, avós, mães, guardiãs de saberes, que as compõem e fortalecem enquanto indígenas mulheres em espaço acadêmico.
XONDARO Victor Flynn Paciornik
O livro Xondaro retrata, em quadrinhos, um pouco da história recente da luta dos Guarani pela demarcação de suas terras. Conhecido como um povo calmo e cauteloso, foi necessário que os Guarani tomassem avenidas, rodovias, monumentos (que ironicamente homenageiam os grandes responsáveis pelo extermínio dos povos indígenas), e até a abertura da Copa do Mundo de 2014 para chamar atenção para a sua causa.
ZUMBI ASSOMBRA QUEM? Alan da Rosa
“Zumbi assombra quem?” é o caminho do aprendizado de Candê sobre as lutas, brinquedos e mistérios de ancestrais quilombolas, descobrindo aventuras antigas que se misturam ao cotidiano de casa e da escola, e à liberdade da rua, entre pipas soltas e esquinas respingadas de sangue. Pelos seus olhos de menino surgem os mistérios, alegrias e medos de Zumbi ao lidar com perguntas que desafiam seu povo há séculos.
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Formatos Experimenta Experimentar possivelmente é uma das essências presentes no cenário editorial independente. Há pessoas que experimentam mais na forma, outras no conteúdo, algumas em tudo! Para todas essas experimentações, são tantos os caminhos que se pode percorrer. Te convido a imaginar alguns desses caminhos. Dá pra se perguntar qual PAPEL usar, e se usar algum Offset, Couché, de fibra de banana ou o kraft daquele pão da padaria de mais cedo? Ou mesmo se pode misturar tudo em um projeto ousado. E vejam que cabe também vislumbrar qual IMPRESSÃO, será na Risograph, com Litografia ou em uma impressora jato de tinta caseira? ACABAMENTO, eae? Vai de dobra infinita, colocar uns grampos, costurar? Será que dá para fazer um livro em formato de sanfona, para mostrar desenhos de FACHADAS e me sentir a contemplar uma rua? HAI, posso escrever e desenhar um livro recortado de forma incomum para caber perfeitamente uns Haikerouacais? E um livro onde BICHO VIRA BICHO, mudando as páginas em uma leitura que é quase um jogo? E convidar mulheres incríveis para compor uma coletânea de cartas para demonstrar 40
ais que cada uma QUERIA TER FICADO MAIS em suas experiências mundo adentro? Antes de um PENÚLTIMO OLHAR SOBRE AS COISAS, certamente livros com papelão ou outros materiais trabalhados pela galera Catadora, e quem sabe até fazer um LIVRO DAS FORMAS nesse mundo vasto e diverso. Tudo isso e mais um pouco é possível? Sem sombra de dúvidas, e felizmente tem um montão de gente criativa que experimentou e experimentará ainda mais vida adentro, tudo isso para expor suas nuances de sentimentos, se provocar a repensar coisas, e te provocar conjuntamente. Livros em “formatos experimentais” são um delicioso aperitivo para as práticas que compõem os fazeres de publicações independentes. E você, já experimentou uma leitura assim, em formato experimental? Se ainda não, aproveite para degustar alguma e compartilhar essa experiência com alguém, afinal de contas, experimentar a diversidade tem potencial socializador ímpar.
Por Luan Vitor 41
aDeus Miró da Muribeca
Miró decidiu se mudar de Muribeca, onde morou durante anos. E ele escreveu trinta e três poemas para contar do que sentiu, do existir e da relação com o que é sagrado e com a solidão. Sempre com um olhar crítico para a sociedade e retratando o dia-a-dia. O título desse livro já dá uma dica: várias ideias podem ser lidas em cada poema.
ALBÚM DE FIGURINHAS: AVES NA CHAPADA DOS VEADEIROS Luana Santa Brígida
Através de histórias e ilustrações, a autora conta neste álbum de figurinhas curiosidades, hábitos e características de 30 aves presentes na Chapada dos Veadeiros, no Cerrado Brasileiro. Entre elas, algumas que só podem ser encontradas lá, e outras ameaçadas de extinção.
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AMOSSE MUCAVELE - GEOGRAFIAS DO OLHAR Amosse Mucavele
Poemas de Amosse Mucavele sobre a paisagem urbana de Maputo, capital e maior cidade de Moçambique, na África.
ANOTAÇÕES PARA O LIVRO DO VENTRE
Hildon Vital de Melo
Como alguém se descobre escritor? Hildon compara a criação de um livro à uma gestação. E conta sobre seus próprios processos, sua vivência na universidade, e sua atuação como professor no ensino básico..
AOMOÇO
Ricardo Rodrigues Na publicação AOMOÇO, um conjunto de três livros oferece aos famintos um cardápio com exemplares reais dos “restaurantes” populares, com boy pra todos os gostos. No buffet, pequenos textos pinçados em perfis de aplicativos (ou por meio de histórias relembradas), demonstram a verdadeira indigestão que podem ser as “relações passageiras”. Com muito bom humor, é claro. Todas as ilustrações foram produzidas com colagem manual, desenho e bordado sobre papel, numa mistura que transcende até mesmo a polêmica ordem do feijão e do arroz no prato. O que vai querer?
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ARTE BRASILEIRA PARA CRIANÇAS Isabel Diegues, Márcia Fortes, Mini Kerti e Priscila Lopes
Toda criança gosta de fazer arte. Com este livro, crianças de todas as idades poderão conhecer o trabalho de diversos artistas brasileiros e ainda experimentar algumas atividades inspiradas em suas obras. Numa linguagem simples e divertida, Arte brasileira para crianças conta com uma seleção de 100 importantes nomes das artes, apresenta um trabalho e uma pequena biografia de cada um deles, além de propor uma atividade inspirada na obra do artista para as crianças conhecerem diferentes ideias, materiais e maneiras de fazer arte.
BICHO VIRA BICHO
Bicho vira bicho é um livro com uma narrativa cíclica, onde os bichos vão se transformando e nunca se completam. A estrutura permite muitas recombinações de formas, cores e posições. A imaginação e a brincadeira são ideias intrínsecas desse livro-objeto.
COLEÇÃO PEQUENAS HISTÓRIAS Ricardo Rodrigues Relembrar o passado pode ser um exercício cheio de afetividade. No caso da Coleção Pequenas Histórias, voltar alguns anos trouxe de volta uma série de pequenos contos publicados em 2016 no formato de minilivro e também viabilizou a publicação de textos escritos em 2014 e 2015. São 20 pequenos contos no total. Aqueles que já haviam sido publicados ganharam novo projeto gráfico, com ilustrações originais utilizadas nos tempos em que o projeto Experimentos Impressos não existia e o espaço de circulação dos textos de Ricardo Rodrigues era um blog na internet. 44
A CORDA Thais Laham Morello e Eliete Della Viola
O livro é composto por pequenas narrativas e foi escrito pela Thais em um caderninho pessoal durante o período de um mês. Cada texto deveria ocupar uma página do caderno e a frase final de um se transformava no início do próximo texto. O formato escolhido foi o de sanfona, pra reforçar essa ideia de continuidade, o que também faz a experiência de leitura ser lúdica.
CORRIDA DAS CANETAS Amanda M. M.
A Corrida das canetas é um jogo para toda família. É aquela brincadeira despretensiosa de apostar corrida riscando o papel. Além de jogar, você pode colorir e inventar suas próprias pistas no verso do papel. É diversão garantida!
DULCINÉIA Thiago Honório O livro surgiu a partir da interação entre o artista e as quatro mulheres que mantêm, apesar de todas as dificuldades, o Coletivo Dulcinéia Catadora. Partindo do desejo de ter um nome próprio, de uma mulher, feita da experiência daquelas quatro mulheres guerreiras, o livro foi construído por papelão e escrito com um instrumento próximo àquele usado no ato de catar os papéis, “escritas” por diferentes gestos, forças, expressões e estados de ânimo, ou seja, diferentes “letras”.
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FACHADAS Rafael Sica
O livro Fachadas apresenta desenhos de casas antigas onde se passam situações inusitadas. As imagens parecem captar instantes de pequenos universos residenciais dentro de um amplo universo lúdico, sempre a partir da mesma perspectiva frontal e exterior, da calçada. No verso de cada ilustração há desenhos de objetos que ampliam as possibilidades de interpretações desse passeio pela rua imaginária. A obra tem encadernação tipo sanfona. Ao ser aberto, o livro parece formar uma grande rua ou quadra.
FAZ RS Larissa Mundim
Já imaginou compartilhar uma página de um livro como você compartilha um texto na internet? Esse livro-experiência permite isso: destaque a página e compartilhe. Mas uma vez que a página vai, talvez ela não volte. Também é um exercício de desapego. Mas ninguém perde: a maioria dos textos tem a impressão duplicada na segunda metade do livro.
JARDIM DO SEU NECA Ana Rocha Um relato sobre as plantas cultivadas por Manoel José dos Santos, o Seu Neca, à beira das águas salgadas do Rio Real, em Mangue Seco, na divisa da Bahia com Sergipe. As descrições singelas da fala do Seu Neca se misturam com os nomes científicos e conhecimentos da sabedoria popular.
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JOGO DA MEMÓRIA - BOGOTÁ Lina Ibáñez
O Jogo da Memória de Bogotá pertence a uma série de ensaios fotográficos sobre cidades que registram na memória o cotidiano e os retratos das pessoas que habitam nela.
JOGO DA MEMÓRIA - NITERÓI Lina Ibáñez O Jogo da Memória de Niterói pertence a uma série de ensaios fotográficos sobre cidades que registram na memória o cotidiano e os retratos das pessoas que habitam nela. Pessoas, paisagens, cotidiano urbano, lugares ícones fazem parte do repertório dos jogos, que busca manter a memória através da interação.
EUMUNDOCONVITE Maria Lívia de Sá O jogo de cartas EuMundoConvite tem como propósito convidar a família para uma experiência de troca de ideias. Os jogadores serão desafiados a responderem perguntas e cumprirem desafios com o propósito de se conhecerem mais. É uma grande oportunidade de aproximação. Ganha quem tiver mais coragem de compartilhar suas ideias e afetos!
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KIT GAY PARA ADULTOS Ricardo Rodrigues
Qual sua mentira favorita? Em 2018, por causa de uma série de notícias falsas que circularam nas redes sociais, muita gente acreditou que existia um kit gay. Então, a Experimentos Impressos lançou, na semana do segundo turno, um projeto impresso que tinha como objetivo não apenas fazer piada e tornar o momento um pouco mais leve, mas também gerar algum tipo de debate.
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LIVRO DAS FORMAS Daniella Martini
O Livro das formas é uma narrativa visual que aguça os sentidos. Dele brotam estímulos sensoriais: cores, formas, dimensões, cortes e recortes. Dentro e fora, cheio e vazio, tempo e espaço. Mas onde foram parar as palavras? O que é mesmo um livro? Essa criação, é um convite à exploração, um estímulo ao experimento e à cocriação. Indicado para leitores de todas as idades, um livro que se abre em múltiplas possibilidades de leitura.
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O PENÚLTIMO OLHAR SOBRE AS COISAS Miró da Muribeca
Neste livro, de capa artesanal e pintada à mão, estão reunidos vinte e oito poemas de Miró da Muribeca, que falam sobre o dia-a-dia e provocam reflexões e questionamentos sobre o sentido da vida. Alguns desses poemas já estão espalhados pelo Recife, cidade natal do poeta.
OLHA A CHUVA! Carolina Moreyra e Marcia Misawa
Paredes de papel e chuva sobre o telhado. Mas epa, essa casa é um poema! Descubra como é morar em um poema nesse livro feito para experimentar.
POR-SOBRE Maíra Dietrich e Maria Dias da Costa
Este livro é feito de 40 fotos tiradas da Cooperativa do Glicério com intervenções feitas pela autora em fita adesiva e impressão em preto e branco. Nas duas últimas páginas, integrantes da Cooperativa é que fazem a intervenção com fitas diretamente no papel impresso, o que torna cada exemplar único.
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QUERIA TER FICADO MAIS
Barbara Hecler, Bruna Tiussu, Cecília Araújo, Cecília Arbolave, Clara Averbuck, Clara Vanali, Florência Escudero, Isis Gabriel, Ligia Braslaukas, Livia Aguiar, Luciana Breda, Olívia Fraga.
Queria Ter Ficado Mais reúne 12 histórias escritas por mulheres em diferentes cidades do mundo - da vizinha Buenos Aires à longínqua Tóquio. Com textos autorais, sensíveis e envolventes, são viagens que vêm dentro de envelopes, como cartas enviadas de diversos pontos do globo para um único destinatário: você.
REZA A Margem; Press Reza a história de um homem que, em fuga de si, largou tudo e partiu com Maria e alguns meninos no braço em direção às minas gerais, no lugar onde o primo vivia com a antiga e manchada lepra. Foi rei de uma oyó marginal, na região dos limas - uma vila da hanseníase -, fronteira entre a colônia, sanatório santa isabel e o nada. Excluído de si, meu avô nasceu dentro de mim, no interior da Bahia. sua história em branco, passado fumaça, etéreo. nuvem esparsa. espaços de memórias soltas, excluídas, gaguejadas. aqui eu imagino e ando só. Escrevo a partir do inaudível, dos segredos sussurrados pelos caminhos que estive até chegar aqui. E o convoco pra riscar suas verdades, pólvora de sua própria história. Um livromemória, um ritual de contato, Xangô tem seu livro marcado na pedra. Reza, uma possível história para meu avô joaquim trovão.
RIO IMENSO Andréia Pires
Do que é feita a vida de um lugar? Das pessoas, da distância, do relevo, do clima? Andréia Pires conta histórias breves, inspiradas em tempos e espaços da cidade de Rio Grande, no extremo sul do Brasil. Cada exemplar é feito manualmente e resulta em uma obra única. Rio Imenso é o primeiro livro artesanal da Concha Editora.
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SIM Eliete Della Violla “Sim” reúne 20 poemas escritos nos últimos dois anos por Eliete Della Viol a e também desenhos produzidos a partir de carimbos artesanais: tudo alinhavado por um projeto gráfico cuidadosamente pensado pela artista, e fortemente influenciada por Clarice Lispector. Dentre algumas ideias presentes no livro estão o corpo, a vida, a morte, o feminino e até versos para seu avô Guaracy.
TRISTE Rafael Sica
O livro Triste apresenta uma série de desenhos de Rafael Sica em que aparece sempre um mesmo personagem com olhar perdido, refém de si, imerso em um ambiente ora fantástico, ora real. Silenciosas, as imagens são um convite para a reflexão sobre a tristeza individual e coletiva.
VOCABULÁRIO VÍVIDO Lúcia Rosa Vocabulário Vivido é um livro iniciado com moradores da então Ocupação Cambridge em agosto de 2016; um desdobramento de oficinas de pintura de capas. É uma obra em processo, devendo ser continuada no mesmo local ou em qualquer outra ocupação da cidade de São Paulo. Participa quem quer, as perguntas são feitas em encontros casuais com moradores, nos corredores e áreas de circulação dos locais. Novas palavras são incorporadas a partir das respostas dos próprios moradores. 51
Livros de Artistas Diante de uma imensidão de possibilidades de se capturar às linhas do horizontes, suas profundidades, quebras, chuvas, vento, toda a gentrificação com seus buracos e construções vazias. Topografias de uma paisagem em movimento, coloridas e complementares. O cheio da paisagem pedia outras forma de se construir aquela imagem, objeto, punhado de horizontes multidimensionais. Me exigiu que aquele objeto não fosse para parede, quebrando às expectativas, elas viraram objeto de manuseio, uma após a outra, criando narrativas subjetivas sobre aquele folhar, caminhar sobre onde caminhei, um reencontro para mim e para muitos, com nossas perspectivas. Virou livro, virou diversos livros, poderia virar um infinito de livros, cada um com uma composição diferente da paisagem. 52
Livro de artista, assim se chama, né? Dizem que é quando nós artistas visuais e/ou plásticos nos apropriamos dos formatos do universo literário para expor nossas criações. Ou seria os artistas do universo literário que se apropriam das nossas múltiplas possibilidades? Ou seria nós, humildes seres criadores, culturalmente afetados pelas divisões que os mercados nos colocam que damos continuidade a não pensarmos além das possibilidades? O LIVRO DE ARTISTA, nos convida a repensarmos barreiras, formatos, a engenharia da construção de narrativas, pois ela nos dá liberdade, nos dá materiais e outras ferramentas além das literárias. Ela embute plasticidade no livro e na palavra.
Por Paula Pimenta 53
À PAULISTANA Rafael Bahia
Essa publicação é fruto de um projeto gráfico de zinerreportagem, feito por Rafael Bahia, com fotos de Gabriel Cabral. O conteúdo é baseado em pesquisas sobre imigração e tradições culinárias na cidade de São Paulo.
ARIMIN Ana Rocha e Julia Malta Arimin reúne diálogos entre mãe e filha. Maria e Julia conversam, pensam e filosofam sobre as coisas do mundo e do dia a dia desde que Maria aprendeu a falar. Dos dois aos cinco anos da filha, anotou cada parte que valia, e elas conversam, pensam e filosofam até hoje. Maria acredita que irão conversar, pensar e filosofar ‘até para sempre’. Julia acredita nisso também. e aqui ambas estão, neste livrinho.
BAGAGEM Gervasio Troche
Bagagem é a segunda coletânea de desenhos do artista uruguaio Gervasio Troche, notório pelas ilustrações mudas, em preto e branco, com altas doses de poesia gráfica. Os desenhos são uma espécie de respiro, um oásis onde as leis da física podem ser vertidas para nos fazer sonhar.
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COISAS QUE EU GUARDARIA EM POTINHOS
Coisas que eu guardaria em potinhos é um livro feito inteiramente a mão, com estrutura de livro x com bolso e garrafinhas feitas com cartões postais.
CULTIVO AO JARDIM DOS SONHOS Guilherme Ruenda
“Tem hora que a vida podia ser um papel em branco. Pra gente poder começar do zero, do novo, sem marca, sem pauta”. Como nesse poema, da contracapa do livro, Guilherme escreve poemas no papel em branco da vida. Ele, que “estudou exatas porque nasceu graduado em ser humano”, palavras da Bruna Massucato. São três atos para serem lidos e plantados nos Jardins dos Sonhos.
DAS COISAS QUE ESTÃO EM ESQUINAS Ricardo Luis Silva
Ricardo faz listas. Neste segundo volume da coleção Das Coisas, ele fala do dia a dia, de coisas banais, dos momentos que sempre acontecem. Ele retrata as esquinas, qualquer esquina. A esquina, esse lugar transitório, efêmero, fugaz. Não é aqui, nem ali. Uma lista de coisas que estão em esquinas.
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DAS COISAS QUE FAZEM O COTIDIANO Ricardo Luis Silva
Depois das esquinas e das coisas que se repetem, acontece o cotidiano. Acontece o meu cotidiano, o seu, o do outro. Mesmo que a gente negue, ignore… ele resiste e está ali. Sendo vivido. Uma lista das coisas que fazem o cotidiano.
DAS COISAS QUE SÃO VISTAS EM ISOLAMENTO Ricardo Luis Silva
Uma única janela com perspectiva para a cidade: 111 dias, 3 registros por dia, e uma lista das 333 coisas que foram vistas em isolamento.
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DAS COISAS QUE SE REPETEM Ricardo Luis Silva
Virando a esquina está uma coisa que se repete. Se repete mesmo sendo diferente. E se repetindo, faz o cotidiano. O sol nasce e se põe, para depois voltar a nascer. Repetimos para aprender e para entender. Uma lista das coisas que se repetem. Sem esquecer que mesmo repetindo, a coisa ou ação repetida nunca sai como a anterior.
DESENHOS INVISÍVEIS Gervasio Troche
Com traços delicados, o artista mostra ao longo do livro um conjunto de desenhos em preto e branco sem usar palavras. A linguagem lúdica de cada desenho fomenta múltiplas leituras e interpretações, fazendo de Desenhos Invisíveis um livro que ganha novo significado a cada vez que se lê.
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ESTES OUTROS, FOTOPINTURAS DA COLEÇÃO Titus Rieldl
O livro apresenta 58 retratos de brasileiros desconhecidos. São fotopinturas que buscam desvendar a história por trás de cada olhar incógnito. Há poesia nesse anonimato, nas cores imaginadas pelos fotopintores e nos adereços adicionados por eles. O livro é um mergulho nesse universo tão brasileiro, tão próximo e hoje cada vez mais distante.
LACRAÇÃO Bella Tozini Lacração: territórios do ser-parecer-ser” é um livro da artista Bella Tozini. Feito essencialmente de fotografias tiradas pela autora, resultantes de um processo pessoal de reconexão, onde ela buscava retomar consciência de seu próprio ser. É um livro para sentir e refletir, que convida ao reconhecimento de um ser humano por outro, através dos registros de espaços afetivos criados pela comunidade LGBTQIAP+ de Jundiaí e Região. O livro foi produzido e publicado pela própria autora, viabilizado através do PROAC. Bella é artista, fotógrafa e pesquisadora do campo das artes visuais com ênfase na relação entre fotografia, cinema, gênero, corpo e sexualidade.
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LEONILSON: GIGANTE COM FLORES Renata Sant’anna e Valquíria Prates
Leonilson foi artista plástico. E para manter viva a sua memória, foi criado um projeto. Este é o primeiro livro, voltado para o público infantil, com informações sobre a vida do artista, sobre seus primeiros contatos com a arte, suas viagens, e fotos de sua produção artística. Também tem um caderno-ateliê, com propostas de atividades para as crianças desenvolverem.
LEONILSON: SÃO TANTAS AS VERDADES Renata Sant’anna e Valquíria Prates
Do livro Leonilson: são tantas as verdades, um êxito raro no mercado editorial voltado para as artes plásticas. Publicação bilíngue composta por entrevista concedida por Leonilson à Lisette Lagnado, em 1992, textos críticos, cronologia, bibliografia selecionada, lista de exposições e cerca de 120 reproduções de obras. O livro teve rápido reconhecimento do público, tornando-se referência internacional e uma das principais fontes de estudo da produção do artista.
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NINGUÉM É DE NINGUÉM Rogéro Reis Com beleza e ironia as fotografias captadas nas praias do Rio de Janeiro querem fazer refletir sobre a dualidade entre público e privado. Ao utilizar tarjas sobres os rostos de seus personagens, flagrados da forma mais espontânea, Rogério Reis lança um olhar crítico sobre a criação da propriedade de imagem no espaço público em contraponto ao caráter documental da fotografia. Nesse jogo de crítica, humor e imagem, Rogério apresenta, junto às cerca de 40 fotografias reunidas, a “Cartilha para tirar fotos espontâneas na praia.”
PAULO NAZARETH: ARTE CONTEMPORANÊA Paulo Nazareth
O livro narra as viagens deste artista, desde o sul das Américas até o norte, nos Estados Unidos, sem molhar os pés durante todo o trajeto. Um artista andarilho, performático, que busca o debate de questões raciais, nacionais e continentais, tão raras na discussão da arte contemporânea brasileira, encara o desafio de forma doce e generosa, rompendo barreiras políticas, sociais e linguísticas. Os encontros, as trocas, as descobertas e as criações ao longo desse percurso mostram não apenas o processo de construção de objetos de arte, mas principalmente um artista on the move.
SEXIDENTS
O zine Sexidents é o primeiro trabalho da artista de Singapura Jackie the Image Maker no Brasil. O livrinho traz uma série de situações inusitadas vividas por meninas durante a transa, num traço super divertido.
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SUI GENERIS Beatriz Milanez e Bianca Moreira Abordar questões que afetam minorias ou pessoas que apenas não se encaixam no padrão binário da sociedade não é algo fácil. O tabu e o preconceito se mostram presentes quando pautas abordam sexualidade, gênero ou corpo. Por isso é preciso difundir conhecimento a respeito de um conceito recente, mas recorrente. Sui Generis atua, portanto, como símbolo de resistência em meio ao sucateamento de instituições públicas, desvalorização da ciência e desumanização do corpo
SURUBA PARA COLORIR #1 Vários Autores
Um livro de colorir para adultos não recomendado para crianças. 34 desenhos de surubas em suas variações marinhas, idílicas, soturnas, poéticas e muito mais. Edição de Bebel Abreu, prefácio de Xico Sá e trabalhos de 35 autores, divididos em dois volumes.
+18 SURUBA PARA COLORIR #2 Vários Autores
Volume 2 do trabalho com edição de Bebel Abreu e prefácio de Xico Sá, com ilustrações de mais 18 artistas.
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Zines Fanzine é uma publicação independente sobre um assunto popular ou caso específico, que pode agregar diversas linguagens artísticas como literatura, ilustração e colagens. O zine circula pelas ruas, feiras e eventos underground. O termo “fanzine” foi criado pelo estadunidense Russ Chauvenet, por volta de 1940, sendo a abreviação das palavras “Fanatic Magazine” (algo como revista de fãs). No Brasil, a produção de fanzine está diretamente ligada a movimentos pós-ditadura, ao movimento punk, ativismo e música. A máxima do fanzine é o Faça Você Mesmo, com o que puder e tiver ao seu alcance, assim democratizando a arte e a expressão artística. Você pode encontrar fanzines de diversos formatos, tamanhos e preços. Geralmente é acessível para quem lê e produz. O fanzine pode estreitar distâncias, mostrar a quem têm contato com a linguagem que a arte está para todos.
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A fanzineira Thina Curtis me concedeu uma entrevista e trouxe uma questão que acho válida pontuar: o fanzine pode ser produzido de tantas maneiras que pode ser ferramenta de inclusão na arte, agregando inclusive pessoas não alfabetizadas. Percebo que o ato de vender fanzines na rua (que pode ser chamado de “mangueio”) colabora para exercitar a oratória, e a troca de fanzines é uma prática comum entre a galera fanzineira. Já criei alguns fanzines, alguns coletivos e outros individuais, sendo os principais o Jornal Social Cultural, trabalho fundado por mim, pelo Jow e pelo Rafa, que contou com a participação de diversos artistas, e era lançado mensalmente na cidade de Jundiaí, e o fanzine O Jogo escrito por mim e ilustrado pela artista visual Adi Alves, zine poético, que me acompanhou por 5 estados brasileiros. Por May Marini 63
BORRÕES E LINHAS Abstrato Abstrato, em suas próprias palavras, entrega boa parte do que é, e continua a se oferecer para quem ainda não o conhece. Para ser em conjunto. “Borrões e Linhas” passam por um passado e um presente artístico. Um convite a viajar entre sentimentos, imagens, textos e artes gráficas.
CAIXA ZINES GABIZINHA Gabizinha
Caixa de Zines com suas últimas produções, com Sem Nome, que trata de perspectiva e luta de classes, Para Adestramento e Repouso Tranquilo, traz o debate sobre diferenças sociais e econômicas, Quase Tudo/Quase Nada, aborda o subconsciente e a fragilidade das memórias, Pão e Flores, traz em sua narrativa as sensações de segurança e medo, além de ação direta e individual, e Tatu Bolinha, que mergulha em uma viagem à infância e tem um poema autoral sobre. Também possui um Zine colaborativo, o Retomada do que é Nosso, produzido em colaboração com o coletivo Molotov Cultural, um alerta sobre privatização a partir do Marco do Saneamento e questões social-financeiras.
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EROTIK Alejo Dillor
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De acordo com o autor, Erotik é uma série de fotografias em constante movimento, pois é composta de momentos de sua própria intimidade. Como um diário pessoal, esses registros de garotos cuja juventude permanecerá eterna aparecem na frente das lentes da câmera. A beleza de seus corpos, seus sorrisos, a possibilidade de ficarem nus no calor do sol que entra pela janela após um contato amoroso é a essência que atravessa o trabalho. O que é completado quando a privacidade dos protagonistas é corrompida na época, que voyeuricamente, o espectador entra em cena. O preto e branco ou o calor da pele se referem ao modelo grego como um sinal das novas masculinidades, contra a grosseria masculina que é socialmente pressuposta.
GLOSSÁRIO COM 70 TERMOS DO UNIVERSO DO MILHO CRIOULO DO MÉXICO
Projeto Crioulo
Num formato de Glossário, estão listados termos do universo do Milho Crioulo, explicando toda a cultura relacionada à essa espécie. São 70 termos fundamentais para compreender - e se deliciar - com a origem do milho. A publicação é fruto de um projeto colaborativo entre a Fundacion Tortil a, Projeto Crioulo e Casa Atare Lab
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JORNAL DE BORDA Fernanda Grigolin
Jornal de Borda é uma publicação de cultura visual, que teve início em 2015 e terminou em 2021. Desde o seu primeiro número esteve vinculada às práticas feministas autônomas e latino-americanas e a partir da edição cinco tem o anarquismo e sua relação com o feminismo como o seu método editorial.
JORNAL SOCIAL CULTURAL Jow Campos O Jornal Social Cultural nasceu de uma junção de ideias entre o Jow, a Mayara e o Raphael, além de vários outres artistas, unindo arte de rua, poesia, produção independente, cola e muito papel. Foram publicadas 4 edições em períodos distintos para espalhar pelos espaços culturais, públicos e ruas do Aglomerado Urbano de Jundiaí, trens e metrôs, um pouco mais de diversidade cultural e informação alternativa.
JORNAL TRAVESTI VIVA! Vicenta Perrota
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Primeira edição do jornal Travesti VIVA!, publicação com artistas e intelectuais do movimento trans brasileiro. A edição é inspirada na capa do jornal ‘O Lampião’ de 1983, cuja manchete ostentava “Brasil, o país campeão mundial de travestis”. Nessa época travestis brasileiras chegaram com tudo na Europa, voltando “feitas” ao país e construindo todo um imaginário no Brasil. Esta edição do jornal tensiona o espaço editorial com a nossa visão ao se contrapor a edição de 1983 onde homens gays faziam pesquisas etnográficas com travestis para escrever suas histórias. Desta vez, somos nós falando por nós mesmas, sem intermediários. Somos um movimento de autonomia! O jornal foi produzido para o financiamento coletivo do desfile de Vicenta Perrotta na Casa de Criadores em São Paulo em novembro de 2019.
MAY MARINI PRODUZINES May Marini O Jogo Fanzine lúdico, com afirmações positivas para deixar a vida mais poética. Zine produzido em parceria com a artista Adi Alves. Chá de Camomila com Maçã Fanzine produzido para distribuição no trânsito, lugares em que o stress e a pressa são comuns. Esse fanzine também denuncia a chamada “escravidão contemporânea”. Mas Ainda Semeando Possibilidades Três artistas de diferentes lugares escrevem uma crônica inspirada na literatura de cordel.
ZINESTÉSICO
André Lima, Hildon Vital de Melo, Mikhael O. Simões
e Luiz Carlos dos Santos
Esse zine foi criado para esquentar o clima entediante da cidade-dormitório de Jundiahy (escrita original do nome da cidade). Com poemas e poetas que desafiam a cidade para um duelo para questionar o que é considerado Cultura dentro dela. Jundiahy segue sem heróis.
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Zine Chime for Change: Issue n.1 Adam Eli e Convidadis
Nosso sonho é ajudar a criar um mundo com igualdade completa de gêneros. Um mundo onde toda expressão de gênero é tratada igualmente. Muita coisa precisa mudar para que esse sonho se torne realidade e esse escopo de mudança pode ser intimidador. No Brasil, nossa história única e profundamente enraizada é um ponto de grande orgulho e grande dor. Não é por acaso que o nosso lema tem sido: “Se fere a minha existência, serei resistência”. Em uma sociedade em que a história representa poder e é o objeto de disputa, o surgimento de grupos divergentes é essencial. Nós não aceitaremos mais ser invisíveis. Nós temos nossas próprias histórias e elas são narrativas em primeira pessoa. Existem muitas histórias que merecem ser contadas e nós juntamos algumas delas aqui.
Zine Chime for Change: Issue n.2 Adam Eli e Convidadis
Pedimos aos nossos colaboradores que explicassem o que eles fazem e, o mais importante, como você pode se juntar a eles. Porque eles não podem fazer isso sozinhos. A mudança pode começar com um chamado, mas só pode ser verdadeiramente alcanada quando nós colocamos de lado a nossa hesitação em Nos Reunirmos. A capa do nosso Spotlight Japan mostra as mulheres do Bluestocking (Seito), o primeiro jornal literpario feminista do Japão. Bluestocking promoveu conexões entre seus leitores e nós esperamos que o nosso zine faça o mesmo. As histórias nesta seção não são anedotas divertidas - são chamados para a ação. Nós esperamos que elas inspirem você a se engajar com a luta pela igualdade global de gêneros 68
Sobre as Tags 69
Para Ler Fotogr A fotografia não se restringe à bidimensionalidade de suas representações, ela começa em algum ponto aquém de um clique, perpassa pelos entrelaçamentos com os espaços perceptivos, pela historicidade intrínseca, pelas possibilidades dos processos técnicos, pela afinidade com outras linguagens e estende-se para além de sua exposição, isso faz da leitura das fotografias um processo mais complexo que o mero reconhecimento dos signos que as compõem ou das técnicas narrativas que a conceberam. A fotografia está além de sua própria linguagem e em constante movimento com o mundo sensível que representa e que a concebe. Não há
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rafia um processo institucionalizado de alfabetização visual e não há como fazer uma boa leitura das representações sem que antes aprendamos a perceber o mundo, sem que abramos as portas de nossas percepções, nos entreguemos ao mundo das sensações e nos distanciamos dos padrões, ideários e preconcepções que compõem um imaginário coletivo. Ler fotografias é romper com a superfície da imagem e imergir em sua profundidade, não para desvendar, mas para contemplar, interagir, refletir e produzir conhecimento.
Por Alessandro Celante 71
Realidad Há uma noção estabelecida socialmente de que a realidade é espaço-tempo que não pode sofrer alterações, mudanças ou bruscas modificações ou pode sofrê-las desde que sejam de impacto mínimo. Como se lidássemos com um cenário imutável, no qual qualquer tipo de interferência radical seja muito difícil e, portanto, desgastante. Entretanto, ao entrarmos em contato com os títulos presentes nesta seção, recebemos uma visão provocativa e transformadora, capaz de subverter noções aparentemente intocáveis, “originais” e meramente contemplativas. As obras em REALIDADES apontam para o norte de uma bússola quebrada, indicam um centro de gravidade desmagnetizado e sustentam uma posição sem localização. Aos poucos percebemos que quanto mais tentamos nos achar, mais estamos perdidas. Peço licença para ser um tanto ousada e afirmar que, sinteticamente, a proposta destes livros é um grito de afeto e um aperto de acalanto: a realidade que nos cerca pode ser imaginada. A imaginação é uma das ações mais renegadas do nosso tempo. “É coisa de criança” - dirão alguns. “Chega de imaginar 72
des tanto assim... o que importa é a realidade” - dirão outros. A questão, porém, é que essa tal realidade foi e é constantemente imaginada. Basta questionar: por quem? As linhas, páginas e registros de cada uma das obras selecionadas para compor REALIDADES, questiona com precisão quem são os ‘pensadores’ e ‘imaginadores’ de nossas épocas, quem são as figuras que determinaram e continuam determinando uma ordem tão desigual, violenta e dolorosa para determinadas corpas e subjetividades. Por meio de diferentes provocações estéticas, textuais e editoriais, a mensagem aqui presente é potente: nós, as outras, também podemos (e devemos) imaginar uma realidade-outra, nós podemos escrever a realidade que nós queremos viver. Há um intenso impulso de ação: somos inspiradas a sonhar, imaginar e construir a realidade que queremos agora! Aprendemos que não há mais tempo a ser guardado: o nosso relógio é imediato e vislumbrar um futuro diferente também diz respeito ao contato justo com um passado que foi, por muito tempo, registrado pelos outros.
Por Vitória Bredoff
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Temática não Come ESCREVENDO ENIGMAS Sou Hildon Vital de Melo, minha formação de universitário pobre fez de mim professor de filosofia, sempre com boletos e tempos atrasados. Existo e atuo também como escritor, poeta e panfletário do caos. Conhecido – e devidamente xingado – por muitos apelidos, o que se destaca atualmente é o Camaleão Albino – este vulgo me torna Jundialmente reconhecido. É na terra (nem tão sempre) querida, nessa difusa, interiorana, Jundiahy que não tem heróis, que soterrou seu(s) passado(s) indígena &; africano à custa de uma devoção estúpida pelos colonizadores e imigrantes europeus, que dorme o fardo da minha origem. Quando entro nas peles de Camaleão Albino eu me torno o que sou, a saber: um alvo fácil, uma arma branca que dá voadoras poéticas. O disfarce, a língua certeira e os olhos vesgos são talentos camaleônicos por excelência. Mas alguém pode me dizer exatamente o que é um Camaleão Albino? Não seria uma espécie de fronteira devassada, um ser híbrido, também algo inconcluso, e a voz sedenta por aventura e conflito? Camaleão Albino é, acima de tudo, o maldito, uma inutilidade pública, a agridoce contradição. O Camaleão se traveste nas cores; já o Camaleão Albino é incapaz de se camuflar, sobretudo quando 74
ercial quer passar batido. Considero que a prática da escrita é uma das principais formas que encontrei para duelar com o mundo, sou repleto de ambiguidades e desvios – o mundo também se apresenta assim, você, sim, você que agora lê o que aqui está escrito também é contradição pura. Não há força mais sedutora que a das artes. E é por isso que a letra, quando lida, se torna rediviva; e que o Camaleão Albino, quando visto, se torna ser fantástico, que assume as cores dos olhos que o miram. Escrever é como ser andarilho e visitar, criar e destruir vários lugares. Os gêneros literários são fios condutores para diversão, compromisso, sátira e amor(es). Bagunçar tudo isso é coisa que gosto muito, eu escrevo como um moleque arteiro que furta e foge. É bom falar vários idiomas dentro de um só idioma, e escrever de vários modos: cartas, diários, anotações, relatos, rascunhos, fragmentos, etc. Escrever – assim como ler e viver – é gravidez, uma gestação incessante que nos faz imaginar o que está sendo gestado. O Camaleão Albino vive no cio da criação e grávido. Escrever é equilibrar-se numa linha diária e madrugadora entre euforia e a frustração. Toda a escrita que subverte o status quo é como o ladrão que chega, a prostituta que dá de ombros, a visita inesperada e o suicida que se joga, insano, no colo do abismo.
Por Hildon Vital de Melo 75
Infantil Era uma vez... uma princesa, uma mulher má e um príncipe salvador. Fórmula bem conhecida em histórias clássicas infantis. Tem também aquela de um lugar em perigo e um herói mascarado pronto para extirpar todo mal. Custe o que custar! Às meninas, o esteriótipo de fragilidade e a expectativa de uma salvação que está nas mãos de um outro. Aos meninos, um heroísmo desenfreado, desmedido que não enxerga o outro e não encara as consequências dos próprios atos. Mesmo assim, essas formuletas para histórias infantis são conhecidas não só como de sucesso, como também como perfeitamente aceitáveis. Violência e fragilidade são aceitáveis desde correspondam aos gêneros designados. Dessa forma, vamos desenhando o que é ser menina, na nossa sociedade, assim como o que é ser menino. E o que sai fora desse desenho causa espanto e desponta raiva. É compreensível sentir raiva de algo que parece diferente. Mas vale pensar, diferente de quê? O que, então, seria ser “igual”? Você corresponde a ele? Sempre? Para resolver essas questões é preciso usar a consciência, questionar, mudar, refletir, constantemente, sobre tudo o que está a nossa volta e, em especial, sobre tudo o que apresentamos às crianças! Tudo isso para falar da seleção belíssima de livros infantis que 76
a Balaio fez! Não são títulos que trazem o lugar comum que estamos acostumados para falar da infância e suas questões, mas que trazem uma pluralidade de vivências. Essas vivências não induzem ninguém a coisa alguma! Apenas mostram um mundo em que as pessoas não são todas iguais e a felicidade nem sempre corresponde a essa idealizada nas histórias infantis tradicionais. Entrar em contato com essas realidades nos permite nos aceitarmos como somos: diversos! E aceitarmos os outros, por mais diferentes que possam ser de nós. Vou arriscar, com enorme chance de acertar, que TODOS nós temos uma situação em que não correspondemos nem ao ideal de “pessoa de sucesso”, nem ao ideal de felicidade, e que isso tenha gerado, de alguma forma, sofrimento. Às vezes essa lembrança está tão enterrada que já nem a enxergamos como violenta. Mas é! E a verdade é que não precisa ser assim! Pensar em uma infância com espaço para as diferenças, não é só pensar nas gerações de hoje e de amanhã, mas pegar a nossa no colo e dizer que estamos fazendo o que podemos para que esse mundo seja mais amoroso! E para que a felicidade não seja inatingível! Para isso precisamos de boas histórias! E disso, o catálogo da Balaio está cheio!
Por Raquel Noronha 77
Fora da Caixinh Viu, cabe experimentar também no conteúdo! Sair “fora da caixinha” e alçar vôos aparentemente difíceis de imaginar. Mas uma série de mulheres, pessoas não binárias, homens e outras existências mais, nos mostram, mostraram e certamente mostrarão ser super possível. Ouso dizer necessário! O cenário das publicações independentes permite maior fluidez, autonomia e autoralidade para quem o integra. Normas e regras impostas aos livros podem ser quebradas, o que abre caminhos para romances, contos, crônicas, poesias, haicais e outros estilos. Conseguem visualizar a riqueza disso? Consegue se lembrar da última vez que você se viu fora da caixinha em uma leitura? Nesse universo dá para pensarmos que tal coisa é uma poesia que mais parece um desenho, ou um desenho que mais parece uma poesia. Perceber que aquele texto parece fora do lugar. Ativar reflexões 78
ha sobre realidades que não são a sua, e querer conhecer ainda mais essas existências que propõem diálogos incomuns em nossa sociedade. Se perder em imagens e textos desconectados, mas em extrema harmonia. Compor BORRÕES E LINHAS para expressar ideias e dialogar. E já que o diálogo nasceu, porque não criar um JORNAL SOCIAL CULTURAL e outro JORNAL DE BORDA, que versem sobre alguns anseios e acontecimentos em nossa sociedade, para então compartir vida e transcrever com e para as TRAVESTIs VIVAs e quem mais estiver disponível a dialogar. E com diálogos presentes, abrir a CAIXA PRETAS e repensarmos o LIVRO DAS FORMAS que constroem nosso imaginário. Bora lá, nos abrirmos para as realidades e possibilidades que o conteúdo de um livro fora da caixinha pode nos mostrar? Por Luan Vitor 79
Publicaç em sua Para Ler
Fotografias
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Realidades
Temática não Comercial
ções as Tags Criações Gráficas
Infantil
Fora da Caixinha
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...E o que Veio Antes?...........................14 (Des)Apontado....................................14 A Princesa e a Costureira........................14 A Queda do Céu...................................15 A Rainha e Os Panos Mágicos......................15 A Unicórnia Preta................................16 A Vida Mínima....................................16 ABC do Josué.....................................17 ABEBE - Caixa Pretas.............................17 Aconteceu Comigo - Histórias de Mulheres Reais em Quadrinhos..............................17 Almanaque Brasilidades...........................18 Antes que Acabe..................................18 Autopublicação...................................18 Carta à Vidente..................................19 Casa da Avó......................................19 Casa Poiesis.....................................19 Coisas Que se Parecem com Uma....................20 Coleção Sambas Escritos – 4 volumes..............20 Cordel Saudade...................................20 Crespim..........................................21 Dinossauro.......................................21 82
Entre Nós Mesmas.................................22 Escritura Estilhaçada............................22 Escritas Femininas em Primeira Pessoa............23 Eu Sou a Monstra: Hilda Hilst para Crionças......23 Eu Sou do Camarão Ensopadinho com Chuchu.........23 Fominismo: Quando o Machismo se Senta à Mesa.....24 Generalidades ou Passarinho Loque Esse...........24 Guia Básico e Prático para a Sua Próxima História em Quadrinhos...........................25 Hai: Primeira Parada.............................25 Joana Princesa...................................26 Maboque..........................................26 Mama: Um Relato de Maternidade Homoafetiva.......27 Mantra / Sob a Proteção da Espada de Iansã.......27 Meu Pequenino....................................27 Monstros.........................................28 Nádia Köller: Memórias e Receitas de Goyaz.......28 No Fim da Infância...............................28 Noite dos Tambores: Do Fazer ao Sentir...........29 Nunca Acontece Nada na Minha Rua.................29 O Cemitério das Orquídeas........................29
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O Pintinho.......................................30 O Pintinho 2.....................................30 O Samba Segundo as Ialodês: Mulheres Negras e Cultura Midiásticas............................31 POTUWA PORA KÕ: O Que Guarda no POTUWA...........31 Outros Pensam....................................32 Ovo | Galinha....................................32 Pássaros do Brasil e Algumas Histórias...........32 Prato Firmeza vol.1 ao vol.4.....................33 Guia Metodológico Prato Firmeza..................33 Preto............................................34 Quando o Sangue Sobe à Cabeça....................34 Revista Japy: Tudo é Finito......................35 Revista Japy: Superação..........................35 Revistas do Modernismo...........................35 Ronaldo Fraga: Caderno de Roupas, Memórias e Croquis – Edição Revista e Ampliada............36 Ser Prazeres.....................................36 Sonia Gomes: A Vida Renasce/Ainda me Levanto.....36 Sortilégios......................................37 Sou Sua Irmã.....................................37 Um Exú em Nova York..............................37 Um Ninho no Estranho.............................38
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Um Dia o Poeta Morre, mas a Poesia Vive..........38 Um Rosto Morno é Uma Folga.......................38 Vivências Diversas: Uma Coletânea de Indígenas Mulheres............................39 Xondaro..........................................39 Zumbi, Assombra Quem?............................39 aDeus............................................42 Álbum de Figurinhas: Aves na Chapada dos Veadeiros....................................42 Amosse Mucavele - Geografias do Olhar............43 Anotações para o Livro do Ventre.................43 Aomoço...........................................43 Arte Brasileira para Crianças....................44 Bicho Vira Bicho.................................44 Coleção Pequenas Histórias.......................44 Corda............................................45 Corrida das Canetas..............................45 Dulcinéia........................................45 Fachadas.........................................46 Faz RS...........................................46 Jardim do Seu Neca...............................46 Jogo da Memória - Bogotá.........................47 Jogo da Memória - Niterói........................47
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Jogo Eumundoconvite..............................47 Kit Gay para Adultos.............................48 Livro das Formas.................................48 O Penúltimo Olhar Sobre as Coisas................49 Olha a Chuva!....................................49 Por-Sobre........................................49 Queria Ter Ficado Mais...........................50 Reza.............................................50 Rio Imenso.......................................50 Sim..............................................51 Triste...........................................51 Vocabulário Vivido...............................51 “À Paulistana: Memórias de Comida e Imigração na Cidade de São Paulo”..........................54 Arimin...........................................54 Bagagem..........................................54 Coisas Que eu Guardaria em Potinhos..............55 Cultivo ao Jardim dos Sonhos.....................55 Das Coisas que estão em Esquinas.................55 Das Coisas que Fazem o Cotidiano.................56 Das Coisas Que são Vistas em Isolamento..........56 Das Coisas que se Repetem........................57 86
Desenhos Invisíveis..............................57 Estes Outros, Fotopinturas da Coleção............58 Lacração.........................................58 Leonilson: Gigante com Flores....................59 Leonilson: São Tantas as Verdades................59 Ninguém é de Ninguém.............................60 Paulo Nazareth, Arte Contemporânea/LTDA..........60 Sexidents........................................60 Sui Generis......................................61 Suruba Para Colorir #1...........................61 Suruba Para Colorir #2...........................61 Borrões e Linhas.................................64 Caixa de Zines Gabizinha.........................64 Erotik...........................................65 Glossário com 70 Termos do Universo do Milho Crioulo no México.......................65 Jornal de Borda..................................66 Jornal Social Cultural edição LAB Várzea Paulista..................................66 Jornal Travesti Viva!............................66 May Marini Produzines............................67 Zinestésico......................................67 87
Zine Chime for Change: Issue n. 1 & Spotlight Brazil...............................68 Zine Chime for Change: Issue n. 2 & Spotlight Japan................................68
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Ficha Técnica Produção - Locomotiva Produções Direção Geral e Curadoria - Luan Vitor Produção Artística - Paula Pimenta Identidade Visual - Paula Pimenta Diagramação - Carol Oliveira Comunicação - Marcela Vanzan
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Agradecimentos Espaço pluricultural e livraria bibliodiversa Casa Amarela pelo apoio na curadoria. Livraria Cheiro de Livro por viabilizar a curadoria e aquisição dessas publicações para o acervo público. Alessandro Celante, Hildon Vital de Melo, Mayara Marini, Raquel Diniz e Vitória Bredoff por enriquecerem este catálogo com seus textos.
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Locais
(onde estão os livros, pontos de leitura e como acessá-los)
• Biblioteca Municipal Prof.ª Zulmar Zuleika Turcatto Maraccini Espaço Cidadania - Av. Ipiranga, 151, Núcleo Residencial Satélite, Várzea Paulista, SP, 13220-210
+55 11 4595-3554 +55 11 4595-2649 cultura.turismo@varzeapaulista.sp.gov.br • Biblioteca CEU CEU Centro de Artes e Esportes Unificados Várzea Paulista - Rua João Póvoa, S/N, Várzea Paulista, SP, 13220-224.
+55 11 4595-2649 cultura.turismo@varzeapaulista.sp.gov.br • Acervo https://bit.ly/consultaaoacervo 91
ISBN
Realização
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978-65-994421-0-0