4 | REGIÃO | TER 7 NOV 2017
TER 7 NOV 2017 | REGIÃO | 5 Freguesia dá prioridade a acessos às habitações
Voltar à escola para fugir à solidão
São Jorge deverá ter veredas limpas até ao Natal
UNIVERSIDADE Susy Lobato Escola do Lombo do Guiné, na Calheta, é a única de 1º ciclo com Universidade Sénior. A adesão tem sido crescente: locais procuram fugir à solidão e venezuelanos juntam-se para aprender a língua.
Universidade Sénior da Calheta abriu há cerca de um mês e está a revelarse um sucesso, com inscrições a surgirem todos os dias. O projeto, que decorre na Escola do Lombo do Guiné, no Arco da Calheta, conta com 60 inscritos, de várias idades. Trata-se de uma iniciativa pioneira na Região, já que esta é a única escola de 1º ciclo a contar com uma universidade sénior. Com creche incluída no projeto
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60
INSCRITOS NA UNIVERSIDADE SÉNIOR DA CALHETA
slobato@jm-madeira.pt
84
ANOS TEM O ALUNO MAIS VELHO DA ESCOLA DO LOMBO DO GUINÉ
Informática e inglês são as disciplinas mais procuradas, para contactar filhos e netos emigrados.
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DISCIPLINAS LECIONADAS NA UNIVERSIDADE SÉNIOR educativo desta escola, o Lombo do Guiné acolhe, assim, alunos com idades díspares, desde os quatro meses aos 84 anos. Segundo o diretor da escola, a aposta permite “fortalecer as relações intergeracionais, assim como contribuir para o enriquecimento humano e cultural”. Arlindo Carvalho explica ainda que, tratando-se de uma zona rural, “a ideia foi trazer para a escola a população adulta que muitas vezes está isolada”. O aumento da população envelhecida e a diminuição da taxa de natalidade foram aspetos preponderantes para a implementação do projeto e, nesse sentido, o diretor da escola diz que a iniciativa pretende ser “uma visão es-
tratégica para o futuro”, tanto para a comunidade educativa, como para a sociedade em geral. Nesta localidade, onde a emigração faz parte da maior parte das famílias, são muitos os idosos que vivem sozinhos. Por isso, o voltar à escola surge como um refúgio à solidão. Ali, é possível socializar e, ao mesmo tempo, aprender. ‘Entrar’ no mundo atual, cada vez mais tecnológico, e ficar mais próximo dos seus, através das redes sociais, é também um dos principais objetivos dos alunos séniores. Não é por acaso que as disciplinas de informática e de inglês são aquelas que têm maior procura. Aprender a trabalhar no computador, para entrar em contacto
com os familiares emigrados, e aprender a falar inglês, para poder falar com os netos, são duas das grandes ambições de quem se inscreve nesta universidade. “Este é um conceito muito diferente daquele que tínhamos anteriormente no ensino recorrente noturno”, disse o diretor da escola, explicando que esse era “muito limitado às pessoas analfabetas, que queriam aprender a ler e a escrever”. “Agora, quisemos ir mais longe, porque a envolvente alterouse”, acrescentou Arlindo Carvalho, transmitindo que as disciplinas vão desde as oficinas criativas, às artes plásticas, à música, à história e geografia de Portugal, à literatura e ainda à agricultura biológica. De referir que o projeto não
tem qualquer custo adicional para a Secretaria Regional da Educação, já que os professores que lecionam a Universidade Sénior são os próprios professores da escola que, no seu horário, ainda tinham uma ou duas horas disponíveis. De resto, a escola conta com apoios da Câmara Municipal da Calheta, para o transporte, da Junta de Freguesia do Arco da Calheta, na alimentação, e também da Delegação Escolar da Calheta. A escola espera ter ainda o apoio do comércio local, nomeadamente para a criação do Cartão da Universidade Sénior, que irá permitir aos alunos usufruírem de descontos em alguns estabelecimentos comerciais do concelho. JM
odas as veredas principais de São Jorge deverão estar limpas até ao Natal. Pelo menos essa é a intenção da Junta de Freguesia local, que tem, neste momento, quatro homens no terreno. “Temos, agora, dois trabalhadores dos POC [Programas Ocupacionais de Emprego] e outros dois da Junta de Freguesia e estamos a dar prioridade ao que tem maior utilização”, declarou o autarca, lembrando que estas veredas são importantes por permitirem o acesso não só a habitações, mas também a terrenos agrícolas. Para além destas, Américo Gomes pretende avançar já com os trabalhos de limpeza e manutenção em levadas e mesmo em algumas das estradas camarárias, contando, para isso, com a ajuda da Câmara Municipal de Santana. “Neste momento, temos que ver que verba é que vamos ter para então podermos avançar mais”, disse.
Lucinda Gouveia regressou à Madeira há cerca de um mês.
Emigrantes regressados sentem dificuldade em encontrar trabalho
Venezuelanos procuram aprender e integrar-se O regresso à Região e a grande adesão dos luso-venezuelanos à Universidade Sénior obrigou a escola a introduzir a disciplina de iniciação à língua portuguesa.
ntre os inscritos, que aumentam a cada dia que passa, são muitos os venezuelanos que aderem à Universidade Sénior da Calheta. Perto de duas dezenas, entre os 60 inscritos, são emigrantes que regressaram recentemente da Venezuela. Procuram integrar-se no meio social e aprender a língua portuguesa, para facilitar a entrada no mercado de trabalho. É o caso de Lucinda Gouveia, que regressou há cerca de um mês à Madeira e que está com alguma dificuldade em encontrar trabalho. O facto de não dominar o português e de não saber falar inglês são os principais obstáculos que tem encontrado. Apesar de se considerar uma pessoa sociável, Lucinda desabafa que a integração tem sido, por ve-
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zes, difícil. “As pessoas jogam recados e dizem que os miras estão a tirar o lugar dos locais”, disse, adiantando que inscreveu-se na universidade por vários motivos. “Para aprender português, para integrar-me no meio social e para conviver com pessoas que não via há muitos anos”, explicou. Refira-se que o regresso e a adesão dos luso-venezuelanos à Universidade Sénior levou a escola a introduzir uma nova disciplina: a de iniciação à língua portuguesa. Futuramente, a direção da escola pretende ir mais além e criar uma rede online, para que as pessoas que não podem estar presentes possam também seguir as aulas. O objetivo é chegar ao máximo de pessoas possível, de qualquer lado da ilha, através de um sistema ‘elearning’. JM
Escola do Lombo do Guiné conta com um estúdio de gravação musical
Universidade Sénior terá tuna académica Escola do Lombo do Guiné, no Loreto, quer aproveitar o estúdio de gravação musical da escola para formar os alunos da Universidade Sénior e, também, criar uma Tuna Académica, tal como existe na maior parte das universidades. “Somos a única escola de 1º ciclo com um estúdio de gravação musical. A iniciativa surgiu primeiro para fomentar o gosto pelas artes e pela música dos nossos alunos mas, agora, queremos en-
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volver os mais velhos”, explica o diretor da escola, Arlindo Carvalho, adiantando que os alunos da Universidade Sénior só iniciaram as aulas há cerca de um mês, mas já começaram com as aulas de canto. “A ideia é partir para outros instrumentos, como cavaquinhos, rebeca, reco-reco, bumbo, rajão, entre outros”, transmitiu o responsável, adiantando que os professores também farão parte da tuna, já que um toca acordeão e o outro toca
guitarra. A ideia agrada à maioria dos alunos desta universidade, que considera que a “música é vida”. “Quem canta, seus males espanta”, disse, ao JM, uma das alunas. Integrado no estúdio, nesta escola também são realizadas peças de teatro, cujas gravações são efetuadas no próprio local. Nas apresentações, que decorrem em datas especiais, dá-se sempre um encontro intergeracional, muitas vezes entre avós e netos. JM
Embora sendo um trabalho que “vem de trás”, Américo Gomes admitiu que a limpeza tem sido, desde a primeira hora, uma das suas preocupações, até porque há um “grande” número de veredas na freguesia que continua a ser utilizado, sobretudo pelos residentes. O autarca adiantou que há veredas que requerem obras, nomeadamente de pavimentação, mas esse é um trabalho para mais tarde. “Muitas das nossas veredas são antigas, de calçada, mas já temos quatro ou cinco que estão cimentadas, o que acaba por facilitar, também, os trabalhos de limpeza”, disse, recordando a obra mais recente, no sítio da Ribeira Funda. De acordo com o autarca, esta vereda, concluída este mês com a ajuda da Câmara Municipal de Santana, levou “cerca de 20 dias” a estar pronta e permite agora um melhor acesso aos terrenos agrícolas. JM
Tânia R. Nascimento
Canhas celebram festa de Santo André Avelino
Fim-de-semana de festa na igreja do Carvalhal
FOTO: JM
FOTOS: JM
Universidade Sénior da Calheta decorre na Escola do Lombo do Guiné e tem 60 inscritos
Festa atrai pessoas de vários pontos da Madeira. ste fim-de-semana a paróquia do Carvalhal, na freguesia dos Canhas, volta a celebrar a tradicional festa de Santo André Avelino. Uma das festas mais tradicionais desta freguesia que será comemorada oficialmente no domingo, dia 12, com a celebração da festa de Santo André Avelino pelas 11 horas, seguida de procissão. As celebrações começam na sexta-feira, dia 10, pelas 18h30, altura em que decorre a procissão a iniciar na Nossa Senhora do Socorro e a seguir para a igreja do Carvalhal. Na igreja será celebrada a Euca-
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ristia. Já no sábado, dia 11, as festividades começam com as romagens, havendo ainda espaço para a celebração da novena e missa de véspera da festa, prevista para as 19h30. Este é uma festa que atrai muitas pessoas de vários pontos da Madeira que se deslocam para não só participar na festa, como também para cumprir promessas ao santo reconhecido pela Igreja como protetor contra a morte repentina (também o padroeiro da Terceira Idade). JM