Malangatana by Justino António Cardoso
© NAIRUCU-ARTS
LORELEO ÉDITIONS
Produced by Marilena Streit-Bianchi for
Nairucu-Arts is a non-profit Association, located in Rapale (Nampula Province), Mozambique. Nairucu-Arts has built and sustains the development of an Art and Craft centre based on cultural heritage as well as artistic activities for children and youths. One of its aims is to build an Art School for Northern Mozambique.
www.nairucu-arts.org
Photographs: Eduardo Mathlombe, Margit Niederhuber, Marilena Streit-Bianchi, Miriam Grunewald Translation support: Elizabeth Hendry, Luzia Furher, Pascale Pessy The author warmly thanks the support received from: The Flemish Commission for UNESCO in Belgium and its President Professor Marc Vervenne, Hon. Rector of the University of Leuven (KU Leuven)
April 2014 LORELEO ÉDITIONS 3 Rue de Montchoisy 1207 Geneva Switzerland
WWW.UNESCO.BE/VUC
Neste livro uma rápida visão da vida de Malangatana com os desenhos do artista gráfico Justino António Cardoso de Nampula é complementada com palavras e memórias de Margit Niederhuber Diretora Artística, autora de vários livros, amiga pessoal, Curadora e organizadora de vários eventos de Malangatana na Áustria. Ela viveu e trabalhou em Moçambique onde até hoje regressa regularmente. Alguns desenhos em tinta de china apresentados neste livro foram mostrados na exposição “A janela de Malangatana” no Museu Nacional de Etnologia de Nampula, em Junho de 2011 para celebrar o quarto aniversário da criação da Universidade Lúrio em Nampula. Foi também uma homenagem pessoal a um mestre e colega com quem o artista Cardoso compartilhou por um tempo a vida artística e política em Nampula.
A brief overview of Malangatana life is shown by the drawings made by the Nampula graphic artist Justino António Cardoso, complemented with information provided by Margit Niederhuber, art project manager, author of several books and personal friend, curator and organizer of many events of Malangatana in Austria. She lived and worked in Mozambique and regularly returns there. Some ink drawings from Justino António Cardoso used for this book have been shown in an exhibition “A janela de Malangatana” at the National Ethnology Museum of Nampula in June 2011. This celebrated the 4th anniversary of the establishment of the Lúrio University in Nampula and was a personal homage to a master and colleague with whom Justino A. Cardoso shared for a time the artistic and political life of Nampula.
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Dans ce livre, la vie de Malangatana est illustrée par les dessins de Justino António Cardoso, artiste graphique de Nampula et a été complétée par le témoignage de Margit Niederhuber, directrice de projets artistiques, auteur de plusieurs livres, amie personnelle, commissaire et organisatrice de nombreux événements de Malangatana en Autriche. Elle a vécu et travaillé au Mozambique et y retourne régulièrement. Une partie des dessins à l’encre de chine de Justino António Cardoso utilisés pour ce livre ont été exposés en Juin 2011 lors de l’exposition “A janela de Malangatana” au Musée National d’Ethnologie de Nampula (MUSET), pour célébrer le 4ème anniversaire de la création de l’Université Lurio et comme hommage personnel de Justino A. Cardoso à un maître et collègue avec lequel il a partagé pendant un laps de temps la vie artistique et politique de Nampula.
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Malangatana pode ter o apelido “força da natureza”? Com certeza ele foi um artista polivalente e ao longo de toda sua vida criativa foi pintor, poeta, cantor e dançarino, mostrando uma personalidade imponente, rica e versátil. Apesar de ser muito cosmopolita o seu espírito interior e a sua alma foram fortemente juntas e continuamente alimentadas pelas suas raízes afro-moçambicanas que ele tentou desvendar a nossa mente para tornar mais explícita uma cultura complexa, moderna e longe de ser unicamente expressão tribal. Malangatana, artista luminoso, é em sua maneira particular, um constituinte fundamental do Cosmo, do Mundo, da África, de Moçambique. Citando Margit Niederhuber “Malangatana foi um embaixador cultural e político eminente de seu país a partir do momento da libertação até a sua morte, mostrando-nos o quanto ele amava a liberdade, a cultura e a vida. Ele era uma pessoa cheia de energia positiva, apreciava a companhia, as discussões sociais, culturais e políticas e por último ele gostava da vida e costumava cozinhar para os amigos.”
Can Malangatana be called a “force de la nature”? Certainly he was a multitalented artist and during his creative artistic life he was painter, poet, singer and dancer, showing an imposing, rich and versatile personality. In spite of being very cosmopolitan his inner spirit and soul was strongly embedded into, and continuously nourished by, his African-Mozambican roots, so that he tried to reveal to our minds a more explicit complex, modern and far from tribal culture. Malangatana is a luminous artist and has been in his particular way a fundamental constituent of the Cosmos, of the World, of Africa, and of Mozambique. Margit Niederhuber says “Malangatana has been an eminent cultural and political ambassador of his country from the time of liberation until his death, showing us how much he loved freedom, culture and life. He had a personality full of positive energy who enjoyed company, social, cultural and political discussions and, last but not least, he enjoyed life and used to cook for his friends.”
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Malangatana peut-il être appelé «force de la nature»? Surement, il a été un artiste aux multiples talents et au cours de sa foisonnante vie artistique, il a été peintre, poète, chanteur et danseur, montrant une personnalité imposante, riche et polyvalente. En dépit du fait qu’il a été très cosmopolite, son esprit et âme dans son fort intérieur étaient fortement imbibés et en permanence nourris par ses racines afromozambicaines. Il a tenté à travers son œuvre de nous révéler, en la rendant plus explicite, une culture complexe, moderne et bien loin d’être tribale. Malangatana, un artiste qui nous illumine et qui a été à sa manière un constituant fondamental du Cosmos, du Monde, de l’Afrique et du Mozambique. Margit Niederhuber dit de lui : “Malangatana a été un ambassadeur culturel et politique éminent de son pays dès la libération jusqu’à sa mort, et il nous a montré combien il aimait la liberté, la culture et la vie. Il avait une personnalité dotée d’énergie positive qui aimait la compagnie, les discussions sur la société, la culture et la politique et, dernier point mais pas le moindre, il aimait avoir une vie sociale et il avait l’habitude de se mettre à cuisiner pour ses amis.”
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Maputo
- O Edifício do Conselho Municipal e a Estação Central de Caminhos de Ferro desenhada em 1910 por G. Eiffel - The Municipal Council Building and the Central Railway Station designed in 1910 by G. Eiffel - Le bâtiment du Conseil Municipal et la station centrale de chemin de fer dessinée en 1910 par G. Eiffel.
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Malangatana Valente Ngwenya, conhecido como Malangatana nasceu em Matalana, sul de Moçambique no dia 6 de Junho de 1936. Em criança ajudou a mãe nos campos agrícolas e frequentou a escola da Missão Suíça em Matalana onde aprendeu a ler e escrever em ronga e posteriormente na Missão Católica em Bulázi. Com doze anos mudouse para Lourenço Marques (hoje Maputo), onde trabalhou num clube de ténis como apanhador de bolas, como baby-sitter, etc.. Ele retomou a educação frequentando escolas noturnas e começou a pintar como artista autodidata com o apoio de Augusto Cabral e do Arquitecto Miranda Guedes desenvolvendo interesse também pela poesia. Nesta altura abriu à cultura estrangeira e participou ao Núcleo de Arte, uma organização local de artistas. O seu sonho, era transportar a cultura Áfricana além fronteiras. Em 1960, partecipou numa exposição coletiva e em 1961 fez a sua primeira exposição individual na Associação dos Organismos Económicos.
Malangatana Valente Ngwenya, known as Malangatana, was born in Matalana, in the South of Mozambique, on the 6th June 1936. As a young boy he helped his mother in the fields and was educated at the Swiss Mission school in Matalana, and later at the Catholic Mission in Bulázi. At twelve years of age he moved to Lourenço Marques (today called Maputo) where he worked in a tennis club, and as babysitter etc.. He resumed his education by attending night schools and started to paint as a self-taught artist with the support of Augusto Cabral and of the Architect Miranda Guedes developing an interest in art including poetry, opening into foreign culture and participating in local artist organizations (Núcleo de Arte). His dream was to get African culture across borders. In 1960 he showed his work in a collective exhibition and in 1961 made his first solo exhibition in the Associação dos Organismos Económicos.
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Malangatana Valente Ngwenya, connu comme Malangatana, est né à Matalana, dans le Sud du Mozambique, le 6 Juin 1936. Dans son enfance, il aide sa mère dans les champs, il apprend à lire et à écrire à l’école de la Mission Suisse de Matalana, et ensuite à celle de la Mission Catholique de Bulázi. À l’age de douze ans, il part pour Lourenço Marques (aujourd’hui Maputo) où il travaille dans un club de tennis et comme babysitter entre autre. Il reprend ses études en suivant des cours du soir. Peintre autodidacte, il reçoit le soutien de Augusto Cabral et de l’architecte Miranda Guedes et se passionne pour l’art, y compris la poésie. Il s’ouvre aux cultures étrangères et s’associe au «Núcleo de Arte», une organisation d’artistes de Maputo. Son rêve est de faire connaitre la culture africaine au delà des frontières. En 1960 il participe à une exposition collective et en 1961 il présente sa première exposition individuelle à l’«Associação dos Organismos Económicos».
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Ele entra em contato com o presidente Dr. Eduardo Mondlane da FRELIMO e em 1964 se juntou ao movimento clandestino FRELIMO lutando pela independência. Foi preso por propaganda em 1966 e 1968 pela PIDE (Polícia Internacional e de Defesa do Estado) e ficou treze meses na cadeia.
He got in contact with Dr. Eduardo Mondlane, president of FRELIMO, and in 1964 he joined the FRELIMO clandestine movement to fight for independence. He was arrested for propaganda in 1966 and 1968 by the International State Defence Police, PIDE, and spent thirteen months in jail.
Malangatana entre en contact avec le Dr. Eduardo Mondlane, président de FRELIMO, et en 1964 joint ce mouvement clandestin de la lutte pour l’indépendance. Il est arrêté pour propagande en 1966 et en 1968 par la Police Internationale et de Défense de l’Etat, PIDE, et reste treize mois en prison.
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Em 1971 Malangatana recebeu uma bolsa da Fundação Calouste Gulbenkian para especializar-se em gravura e cerâmica em Lisboa. Trabalhou na Sociedade Cooperativa de Gravadores Portugueses e na Fábrica Cerâmica Viúva Lamego. Apresentou o seu trabalho de arte na Livraria Bucholz e na Sociedade Nacional de Belas Artes. Pela primeira vez esteve em contato com a sociedade de arte fora de África.
In 1971 he received a fellowship from the Calouste Gulbenkian Foundation in Lisbon. He specialized in engraving and ceramics, and worked at the Sociedade Cooperativa de Gravadores Portugueses and the Fábrica Cerâmica Viúva Lamego. He presented his art work at the Livraria Bucholz and at the Sociedade Nacional de Belas Artes. For the first time he was in contact with non-African art society.
En 1971, Malangatana reçoit une bourse de la Fondation Calouste Gulbenkian de Lisbonne. Il suit une spécialisation en gravure et céramique et travaille à la Société Coopérative des graveurs portugais et à la fameuse fabrique de poterie Viúva Lamego. Il présente ses travaux à la Librerie Bucholz et à la Société Nationale des Beaux Arts. Pour la première fois, il est ainsi en contact avec un milieu artistique non africain.
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Em 1973, foi convidado na Suíça e novas oportunidades se abriram para ele pelos contactos que ele tinha lá com diferentes galerias e outros artistas. Samora Machel proclamou a Independência Nacional de Moçambique a 25 de Junho de 1975, Malangatana se envolveu na atividade política participando em açcões de mobilização e de desenvolvimento da alfabetização nas aldeias de todo o país. Foi destacado para Nampula com o objectivo de organizar e realizar a edificação das aldeias comunais.
In 1973, he was invited to Switzerland and new opportunities were opened to him by the contacts he had there with different galleries and artists. When Samora Machel proclaimed Mozambique independence on the 25th of June 1975, Malangatana got involved in political activities and education actions fighting illiteracy in villages all over the country. He was sent to Nampula aiming to organize and realize the edification of the communal villages (aldeias comunais).
En 1973, Malangatana est invité en Suisse et de nouvelles opportunités se présentent à lui par les contacts qu’il établit avec des galeries et des artistes. Lorsque Samora Machel proclame l’indépendence du Mozambique le 25 Juin 1975, Malangatana s’engage dans des activités politiques en faveur de l’alphabétisation dans les villages du pays. Il est envoyé à Nampula afin d’organiser et de réaliser l’édification de villages communaux (aldeias communais).
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Nampula
A casa onde viveu Malangatana em Nampula. The house where Malangatana lived in Nampula. La maison oĂš vivait Malangatana Ă Nampula.
Inselberg
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Malangatana em Nampula “Naquela época viviam em Nampula o poeta Rui Nogar1 e Jorge Viegas2 que eram funcionários do Estado. Rui Nogar assumiu a direção do Apoio e Controle do Governo Provincial e Jorge Viegas o das Finanças. Foi nesse período em que se fundou a primeira galeria de arte Makonde na cidade e havia necessidade de imprimir as mensagem que a revolução na altura exigia. Todos os artistas disponíveis em Nampula, artistas plásticos e escritores precisaramse de juntar para a preparação dos painéis que seriam colocados em diversos pontos estratégicos da cidade, incluindo na rotunda próximo do Hospital Central. Malangatana, no edifício onde hoje funciona o Conselho Municipal, esboça os painéis na companhia de outros artistas, eu mesmo, os pintores Joaneth e Bonnet e o poeta Rui Nogar entre outros. Num jeito peculiar, tão típico de si mesmo, Malangatana procedeu ao esboço rabiscando do lado do cabo do portamina. Traços escuros tomaram formas surpreendentes e espantosas. Dias depois, as obras estavam concluídas e os painéis afixados. Foi assim naquela tarde em que me encontrei com Malangatana pela primeira vez...” (Justino António Cardoso)
Nampula - O Edifício onde hoje funciona o Conselho Municipal. A linha mostra a janela do lugar onde Malangatana esboça os painéis. - The Municipal Council Building; indicated by the line the window of the place where Malangatana worked on the panels. - La ligne montre la fenêtre du local où Malangatana dessinait les panneaux. Aujourd’hui dans ce bâtiment se trouve le Conseil de la province de Nampula. 1 Autor do livro de poemas “Silêncio Escancarado”, escrito na prisão de Machava em Maputo durante o tempo colonial. 2
Autor do livro de poemas “Nucleo tenaz”.
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Malangatana in Nampula
“At that time lived in Nampula the poet Rui Nogar1 and Jorge Viegas2 who were State functionaries. The first was Director of the Support and Control of the Province, and the latter was the Director of Finance. The first gallery of Art Makonde had just opened in the town and the revolution needed messages to be drawn and posted. All the artists available in Nampula including the writers, acted to prepare the panels that were to be posted in various strategic points including the roundabout near the Central Hospital. Malangatana was sketching the paintings with me, the painters Joaneth and Bonnet and the poet Rui Nogar in the building that today houses the Municipal Council. With a movement so typical of himself, Malangatana made the sketch scrawling with the top of the pencil, and the dark lines started to take particular amazing shapes. In a few days the works and the panels were finished and erected. Those were the times when I first met Malangatana...” (Justino António Cardoso)
Justino Cardoso em frente à loja onde Malangatana trabalhou como vendedor. Justino Cardoso in front of the shop where Malangatana worked as sales assistant. Justino Cardoso devant le magasin où Malangatana a travaillé comme vendeur.
1 Author of the book of poems “Silêncio Escancarado” written while being in prison at Machava (Maputo) during the colonial times. 2
Author of the poetry book “Nucleo tenaz”.
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Malangatana à Nampula “Alors vivaient à Nampula les poètes Rui Nogar1 et Jorge Viegas 2 qui étaient fonctionnaires d’État. Le premier était directeur du soutien et contrôle provincial, le deuxième directeur des finances. En ville, on venait d’ouvrir la première galerie d’art Makondé et la révolution avait besoin de slogans de soutien. Tous les artistes de Nampula, y compris les écrivains, s’engagèrent à réaliser des panneaux qui allaient être affichés dans de nombreux endroits stratégiques, y compris le rondpoint proche de l’hôpital central. Malangatana dessinait les peintures avec les peintres Joaneth et Bonnet, le poète Rui Nogar et moimême dans le bâtiment qui abrite aujourd’hui le Conseil Municipal. Avec un mouvement propre à lui-même, Malangatana fit l’esquisse en griffonnant avec le haut du crayon. Les lignes sombres commencèrent à prendre des formes particulières et uniques. En quelques jours, les travaux avaient été achevés et les panneaux érigés. Tel était le temps…” (Justino António Cardoso) 1
Auteur du livre de poèmes “Silêncio Escancarado” écrit dans la prison de Machava (Maputo) pendant la période coloniale. 2
Auteur du livre de poèmes “Nucleo tenaz”.
Nampula: A Estação Central dos Caminhos de Ferro, um ponto estratégico pelos painéis. The railways station, one of the strategic point for the display panels. La station centrale du chemin de fer, un des endroits stratégiques pour l’affichage des panneaux.
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Em Maputo, onde morava, Malangatana promoveu desenvolvendo o grupo dinamizador do bairro do Aeroporto e participou de muitas atividades cívicas e sociais. Foi um dos criadores do Museu Nacional de Arte, do Centro de Estudos Culturais, hoje Escola Nacional de Artes Visuais, e do Núcleo dos artesãos das zonas verdes. Organizou a Escola dominical “ Vamos a Brincar”, sob os auspícios da UNICEF. Foi membro da direção da LEMO (Liga dos Escuteiros fazer Moçambique) e membro da Associação Amigos da Criança. Ele também foi um dos promotores e criador do Movimento para a Paz. Em 1985 ele retira do seu trabalho organizacional para concentrar-se na arte e em 1986 tornou-se membro do Parlamento de Moçambique. Depois de 1992, em sua terra natal, ele promoveu, desenvolvendo e animando um importante projeto cultural que deu origem a uma associação e Centro cultural conhecido como Centro Cultural de Matalana, um Centro de conhecimento, cruzamento e encontros entre identidades culturais. Ele pinta em Maputo os murais do Centro de Estudos Áfricanos, Universidade Eduardo Mondlane e em 1997 foi nomeado pela UNESCO “Artista pela Paz”. Em 1996 e 2004 publicou dois livros de poemas, o último com illustrações.
Photo: private archives Margit Niederhuber
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In Maputo, where he lived, Malangatana promoted the Airport quarter Activity Group and participated in many civic and social activities. He was one of the creators of the Museu Nacional de Arte, of the Centro de Estudos Culturais (today called the Escola Nacional de Artes Visuais), and of the Nucleo dos artesãos das zonas verdes. He organized the Sunday School “Vamos a Brincar” under the auspices of UNICEF. He was a member of the Board of Directors of LEMO Liga dos Escuteiros do Moçambique (Ligue of the Scouts of Mozambique), and a member of the Association Amigos da Criança. He was also one of the promoters and creators of the Movement for Peace. In 1985 he decided to withdraw from organizational work to concentrate on his art work and in 1986 he became a Member of the Parliament of Mozambique. After 1992 in his home village, he promoted, developed and put in place an important cultural project that gave rise to an association and cultural Centre known as Centro Cultural de Matalana, a Centre for knowledge, cross-fertilization and encounter of cultural identities. He produced the mural for the Centre of African Studies at the University Eduardo Mondlane in Maputo, and in 1997 was nominated as an UNESCO artist for peace. In 1996 and 2004, he published two books of poems, and he illustrated the last.
Photo: private archives Margit Niederhuber
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À Maputo, où il vécu, Malangatana promeut les activités du groupe de quartier de l’aéroport et participe activement à de nombreuses activités sociales et communautaires. Il a été l’un des créateurs du Musée National d’Art, du Centre des Études Culturelles (aujourd’hui Ecole Nationale des Arts Visuels) et du noyau des artisans des zones vertes. Il a organisé l’école du dimanche “Vamos a Brincar” sous les auspices de l’UNICEF. Il a été membre du conseil d’administration du LEMO la ligue des scouts du Mozambique et a aussi été membre de l’Association “Amigos da Criança”. Il a également été l’un des promoteurs et créateurs du Mouvement pour la Paix. En 1985, il arrête le travail lié à l’organisation pour se concentrer sur son travail d’artiste et en 1986 devient membre du Parlement du Mozambique. Après 1992, il promeut, élabore et réalise dans son village natal un important projet culturel qui donne naissance à une association et à un centre culturel appelé le Centre Culturel de Matalana, un centre de promotion de la connaissance, des activités de fertilisation croisée et d’union entre les identités culturelles. Il produit la peinture murale pour le Centre d’études africaines de l’Université Eduardo Mondlane à Maputo, et en 1997, il est désigné artiste de l’UNESCO pour la paix. En 1996 et 2004, il publie deux livres de poèmes, dont un, avec illustrations.
Maputo
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Eduardo Matlhombe Malangatana muraĂs em Maputo - murals in Maputo peintures murales Ă Maputo
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“Eu acho que é importante registrar o que é real, aqui e agora. Eu tenho coisas boas na minha vida, aqui e agora. Elas são lindas. Elas me fazem chorar de felicidade. Elas aparecem no meu trabalho. Mas de jeito nenhum, posso deixar de fora o que é verdadeiramente chocante entre os seres humanos. Eu não posso deixar de colocá-lo na tela. Eu tenho que colocá-lo em tela, pois este, digamos, o lado cruel e vicioso de coisas é exatamente o que está acontecendo hoje no meu país, na parte do sudeste da África, onde eu moro. E amanhã as pessoas que vivem mais tempo do que eu serão capaz de ver exatamente como somos hoje.” (entrevista vídeo “Malangatana” de Margit Niederhuber 1987)
“I think it is important to register what is real here and now. I have good things in my life, here and now. They are beautiful. They make me cry out with happiness. They appear in my work. But in no way can I leave out what is truly shocking between human beings. I cannot fail to put it on canvas. I must put it on canvas, because this, let´s say, cruel and vicious side of things, is exactly what is going on today in my country, in the part of Southern Africa where I live. And tomorrow, people who live longer than me will be able to see exactly how we are today.” (from the video “Malangatana” by Margit Niederhuber 1987)
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«Je pense qu’il est important d´inscrire ce qui est réel ici et maintenant. J’ai de bonnes choses dans ma vie, ici et maintenant. Elles sont belles. Elles me font crier de bonheur. Elles apparaissent dans mon travail. Mais en aucun cas je ne peux laisser de côté ce qui est vraiment choquant entre les êtres humains. Je ne peux que peindre ceci. Je dois le mettre sur toile, car ce côté, disons cruel et vicieux des choses, c’est exactement ce qui se passe aujourd’hui dans mon pays, dans la partie du Sud de l’Afrique où je vis. Et demain, les gens qui vivront plus longtemps que moi pourront voir exactement comment nous sommes aujourd’hui.” (propos recueillis dans la vidéo “Malangatana” de Margit Niederhuber en 1987)
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Margit Niederhuber Malangatana - O artista, um amigo
Pensando Malangatana, um amigo de muitos anos, por onde começar? O começo é no aeroporto de Maputo, Mavalane. Houve uma grande placa que dizia “Bem-vindos a esta zona libertada da humanidade”. Era o ano de 1987. Mesmo no tempo da guerra, da fome e da miséria podia sentir-se o orgulho dos moçambicanos e a sua luta. Os artistas faziam parte deste orgulho. Exposições, peças de teatro, música e apresentações de dança, Maputo era e ainda é uma cidade muito animada da arte, e Malangatana bem conhecido no mundo da arte, não só em Moçambique mas naquela época já no mundo. As pessoas olhamno como um embaixador. Em Viena tinha começado já a preparação de uma grande exposição no Palais Palffy. Éramos um grupo de pessoas conhecedores de Moçambique trabalhando no campo da arte. A exposição foi um grande sucesso e Malangatana estava começando a trabalhar em alguns projetos na Áustria. Ele se tornou amigo do Ministro de Assuntos Femininos Johanna Dohnal e juntos decidiram empreender um projeto de enorme tapeçaria. Malangatana realizou o projeto e um grupo de mulheres duma organização de mulheres social-democratas fez a costura de imagens e do tapete. O dinheiro foi doado para a Organização de Mulheres Moçambicanas, OMM, e alguns anos mais tarde Johanna Dohnal foi para uma visita oficial a Moçambique. Todo o processo foi acompanhado pelos mídias, Malangatana e o seu país em tempos de guerra e fome passaram a estar de certa forma na agenda política. Outras atividades foram as parcerias entre escolas austríacas e moçambicanas. Foi um prazer ver Malangatana trabalhar com as crianças. Depois de um curto período de tempo, os alunos e este enorme homem todos estavam radiantes de alegria e rindo e cantando. Foi um desses raros momentos em que os alunos queriam ficar mais tempo na escola.
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Malangatana tinha muitos amigos em Viena, e veio com bastante frequência para todos os tipos de reuniões e discussões, oficiais e não oficiais, pinturas públicas e exposições. Ele também foi bem conhecido pela sua cozinha e eu me lembro mais de uma vez ele dançando até de manhã e cantando canções vienenses. Outra vez viajando de trem para um festival de jazz austríaco com alguns amigos músicos como Linda Sharrock e Wolfgang Puschnig ensinou uma música de Moçambique, pelo menos a 20 pessoas que ao final foram todos cantando em Ronga. Seguiram-se frutuosos anos de cooperação cultural ... - um Festival com a Vienna Art Orchestra, alguns filmes sobre o tema da arte e da guerra, exposições, peças de teatro. Malangatana viajou mais e mais em todo o mundo. Verdadeiro prazer e orgulho foi para ele estar escolhido em 1988 como um dos pintores para fazer as pinturas do pano de fundo para o concerto “Nelson Mandela: Freedom at 70” no estádio de Wembley em Londres. Moçambique foi-se envolvendo mais e mais na guerra civil apoiado pelo regime apartheid da África do Sul. Mais de um milhão de pessoas foram deslocadas internamente, sem estradas seguras nas aldeias de muitas regiões. Eu fiz um filme sobre criança soldados sequestrados pela Renamo e usados como armas mortais e prostitutas, com o nome “É o diabo realmente uma criança?” No filme mostramos uma grande pintura de Malangatana em que ele retratou o sofrimento do povo dividido por um vermelho rio do mundo dos monstros. “Eu tenho minhas cores - os verdes, os azuis, os amarelos - que clamam de forma diferente dos roxos, dos negros, dos marrons, dos cinzas, o que para mim são, por vezes, muito tristes. É o mesmo com a composição das minhas pinturas . Eu tenho minhas composições mais abertas, assim como, quando eu sinto vontade de cantar, eu tenho mais frouxas canções, mais agradáveis, bem como canções de angústia. Para mim, o importante é que o que somos hoje é estabelecido de forma muito clara, de modo que o veredicto sobre as gerações futuras pode ser diferente.”
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A guerra terminou em 1992, a situação ficou mais e mais estável. Novas eleições foram realizadas em 1994. Malangatana não é candidato para se tornar membro do parlamento. Ele começou o seu sonho de construir um Centro Cultural em Matalane, sua aldeia natal. E o centro cresceu e cresceu. No final dos anos 1990 os presidentes de Moçambique e do Portugal participaram da grande cerimônia de abertura. Foi um momento marcante em sua vida. Ainda me lembro como estava feliz. E ele continuou a construir mais e mais. Pessoas de todo o mundo veio para ensinar ou aprender ou cooperar com a comunidade local. Malangatana sempre sonhou voltar para a Áustria, ele adorava ópera e música clássica e poderia cantar algumas árias. Todavia viajar tornou-se cada vez mais difícil para ele. Nós nos encontramos muitas vezes em Maputo, ele gostava de vir à nossa casa, quando meu marido e eu viveram lá. Colaboramos em 2005 em uma produção de teatro que fizemos com o Teatro Avenida. Nós nos encontramos algumas vezes em Lisboa com amigos comuns e estou muito feliz que passamos algum tempo juntos em 2010, quando eu estava em Maputo trabalhando em um filme documentário sobre mulheres. Olhando as fotos vejo-nos a quase 25 anos depois de nosso primeiro encontro depois de muitos grandes projetos e pensamentos comuns, amigos e memórias. Hamba Kahle* Malangatana (*em Ronga = Vai bem)
Margit Niederhuber discutendo com Malangatana em seu ateliê em Maputo (2010). Margit Niederhuber in discussion with Malangatana in his atelier in Maputo. Margit Niederhuber parle avec Malangatana dans son atelier à Maputo.
Photo: private archives Margit Niederhuber
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Margit Niederhuber Malangatana - The artist who became a friend
Thinking about Malangatana, a friend for many years, where to begin? The beginning is an introduction at the airport of Maputo, Mavalane. There was a big sign that said “Bem-vindos a esta zona libertada da humanidade”. It was the year 1987. Even in the time of war and hunger and misery, one could feel the pride of the Mozambicans and their struggle. Artists were part of that pride. Exhibitions, theatre plays, music and dance performances, Maputo was and is a very lively city of art, and Malangatana is a well known part of the art world, not only in Mozambique but at that time already all over the world. People see him as an ambassador. In Vienna we had started already the preparation of a big exhibition in the Palais Palffy. We were a group of people who knew Mozambique and worked in the field of art. The exhibition was a great success and Malangatana was starting to work with some projects in Austria. He became a friend of the Minister of women’s affairs, Johanna Dohnal, and they started a huge tapestry project. He designed it and a group of women from the Social-Democratic womens’ organisation stitched and sewed the tapestry. The money went to the Organização de Mulheres Moçambicanas (OMM), and a few years later Johanna Dohnal went on an official visit to Mozambique. The whole process was accompanied by the media, Malangatana and his country in times of war and hunger started to be somehow on the political agenda. Other activities were partnerships between Austrian and Mozambican schools. It was a pleasure to see Malangatana working with the children. After a short time, the pupils and this huge man were beaming with joy and laughing and singing. It was one of these rare moments where pupils wanted to stay longer in school.
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Malangatana made many friends in Vienna and came quite often for all kinds of official and unofficial meetings and discussions, and public paintings and exhibitions. He was also well known for his cooking, and I remember more than once that he danced until morning and sang Viennese songs. Travelling by train to an Austrian Jazz festival with some musician friends, like Linda Sharrock and Wolfgang Puschnig, he taught a song from Mozambique to at least 20 people who were finally all singing in Ronga. Fruitful years of cultural cooperation followed... - a Festival with the Vienna Art Orchestra, films on the topics of art and war, exhibitions and, theatrical plays. Malangatana travelled more and more all over the world. It gave him real pleasure and pride when he was chosen as one of the painters for the backdrop paintings at the “Nelson Mandela: Freedom at 70” Concert held on the 11th of June 1988 in Wembley Stadium in London. Mozambique was indulging more and more in civil war backed by the South African Apartheid Regime. There were more than a million internally displaced people, and in many regions no more safe roads and villages. I made a film on child soldiers kidnapped by Renamo and used as deadly weapons and prostitutes named “Is the devil really a child?”. In the film we showed a big painting by Malangatana, in which he depicted the suffering of the people divided by a red river from the world of monsters. “I have my colours – the greens, the blues, the yellows – which cry out in a different way from the purples, the blacks, the browns, the greys, which for me are sometimes very sad. It is the same with the composition of my pictures. I have my more open compositions, just as, when I feel like singing, I have looser, pleasanter songs as well as songs of anguish. For me, what is important is that what we are today is set down very clearly, so that the verdict of future generations may be different.” The war ended in 1992, and the situation got more and more stable. New elections were held in 1994. Malangatana did not run anymore for being a member of parliament.
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He started his dream of building a Cultural Center in Matalane, his home village. And the centre grew and grew. End of the 1990s the Presidents of Mozambique and Portugal attended the big opening ceremony. It was a great moment in his life. I still remember how happy he was, and he continued building more and more. People from all over the world came there to teach or learn or cooperate with the local community. Malangatana always dreamt of coming back to Austria, because he loved opera and classical music, and he could sing quite a few arias. But travelling became more and more difficult for him. We met quite often in Maputo, he loved to come to our house when my husband and I were living there. He was a collaborator in a theatrical production we made in 2005 with Teatro Avenida. We met sometimes in Lisbon with common friends, and I am very glad that we spent quite some time together in 2010 when I was working on a little documentary film on women in Maputo. Looking at the photos I see us nearly 25 years after our first meeting, after many great projects and common thoughts, friends and memories. Hamba Kahle* Malangatana (*in Ronga = Go well)
Photo: private archives Margit Niederhuber
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Margit Niederhuber Malangatana - L´artiste, l´ami Pensant à Malangatana, un ami de longue date, par où commencer? Le début se situe à l’aéroport de Maputo, Mavalane. Il y avait un grand panneau qui affichait «Bem-vindos a esta zona libertada da humanidade». C’était l’année 1987. Même en temps de guerre, de faim et de misère, on pouvait ressentir la fierté des Mozambicains et leur lutte. Les artistes faisaient partie de cette fierté. Expositions, pièces de théâtre, de musique et spectacles de danse Maputo a été et est une ville très animée par l’art, et Malangatana une partie bien connue du monde de l’art, non seulement au Mozambique, mais déjà à cette époque dans le monde entier. Les gens le considèrent comme un ambassadeur. À Vienne nous avions déjà commencé la préparation d’une grande exposition dans le Palais Palffy. Nous étions un groupe de personnes qui connaissait le Mozambique et travaillait dans le domaine de l’art. L’exposition fut un grand succès et Malangatana commença à travailler pour des projets en Autriche. Il devint ami du Ministre de la condition féminine, Johanna Dohnal, et ils initièrent un projet pour la réalisation d’une énorme tapisserie. Il exécuta le dessin et un groupe de l’organisation de femmes socio-démocrates exécutèrent la broderie et couture de la tapisserie. L’argent fut alloué à l´Organização de Mulheres Moçambicanas (OMM) et quelques années plus tard Johanna Dohnal allait en visite officielle au Mozambique. Le tout fut suivi par les médias. Malangatana et son pays en ce temps de guerre et de famine commencèrent en quelque sorte à être sur l’agenda politique. Autres activités de partenariat se réalisèrent entre écoles autrichiennes et mozambicaines. C’était un plaisir de voir Malangatana travailler avec les enfants. Après un court laps de temps, les élèves et ce grand homme rayonnaient de joie, riaient et chantaient. C’était l’un de ces rares moments où les élèves voulaient rester plus longtemps à l’école.
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Malangatana se fit beaucoup d’amis à Vienne où il venait assez souvent pour toutes sortes de réunions et de discussions officielles et officieuses, des vernissages et des expositions. Il était également bien connu pour sa cuisine, et je me souviens de l’avoir vu plus d’une fois danser jusqu’au matin et chanter des chansons viennoises. Lors d’un voyage en train pour assister à un festival de jazz autrichien avec Linda Sharrock et Wolfgang Puschnig, des amis musiciens, il enseigna une chanson mozambicaine à environ 20 personnes qui ont tous chanté pour finir en ronga. Des années très fructueuses de coopération suivirent : un festival avec le Vienna Art Orchestra, des films sur l’art et la guerre, des expositions et des pièces de théâtre. Malangatana voyageait de plus en plus à travers le monde. Il était particulièrement heureux et fier d’avoir été choisi comme un des peintres pour la toile de fond du concert «Nelson Mandela: Freedom at 70» qui eu lieu au stadium de Wembley à Londres en 1998. Le Mozambique s’enlisait de plus en plus dans la guerre civile soutenue par le régime d’apartheid sud-africain. Il y avait plus d’un million de personnes déplacées à l’intérieur du pays, et dans de nombreuses régions plus des routes et des villages sûrs. J’ai fait un film sur les enfants soldats enlevés par la Renamo et utilisés comme des armes mortelles et sur les prostituées, intitulé “Est ce que le diable est vraiment un enfant ?” Dans le film, nous avons montré une grande peinture de Malangatana, dans laquelle il dépeint la souffrance du peuple divisé du monde des monstres par une rivière rouge. “J’ai mes couleurs - le vert, le bleu, le jaune – qui crient d’une manière différente du pourpre, du noir, du marron, du gris, qui pour moi, sont parfois des couleurs très tristes. C’est la même chose avec la composition de mes images. J’ai mes compositions plus ouvertes, de même que quand j’ai envie de chanter, j’ai des chansons plus légères, plus agréables ainsi que des chansons d’angoisse. Pour moi, ce qui est important, c’est que ce que nous sommes aujourd’hui est défini très clairement, de sorte que le verdict des générations futures peut être différent.”
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La guerre pris fin en 1992 et la situation se fit de plus en plus stable. Des nouvelles élections eurent lieu en 1994. Malangatana ne se présenta pas aux élections au parlement. Il décida de réaliser son rêve de bâtir un Centre Culturel à Matalane, son village natal. Et le centre devint de plus en plus grand. Fin 1990 la grande cérémonie d’ouverture eu lieu en présence du Président du Mozambique et du Portugal. Cela fut un moment important de sa vie. Je me rappelle encore combien il était heureux et il continua encore à construire. Des personnalités du monde entier venaient pour enseigner, apprendre ou coopérer avec les communautés locales. Malangatana rêvait toujours de pouvoir retourner en Autriche, car il aimait l’opéra et la musique classique dont il pouvait chanter un bon nombre d’airs. Mais voyager était devenu de plus en plus difficile pour lui. On se rencontrait assez souvent à Maputo, il aimait venir chez nous quand mon mari et moi-même vivions là bas. Il a collaboré pour une production théâtrale que nous avons réalisé en 2005 avec le théâtre Avenida. On se rencontra occasionnellement à Lisbonne chez des amis communs et je suis très heureuse que nous avons encore pu passer pas mal de temps ensemble en 2010 quand j’ai réalisé un documentaire sur les femmes à Maputo. En regardant les photos je nous vois environ 25 ans après notre première rencontre, après nombre de grands projets et idées, amis et souvenirs en commun. Hamba Kahle* Malangatana (* Va bien dans le langage Ronga)
Photo: private archives Margit Niederhuber
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Distinções
Awards
Distinctions
No dia 6 de Junho de 2006, por ocasião do seu 70.º aniversário, foi condecorado pelo Presidente da República, Armando Guebuza, com o mais alto galardão do Governo de Moçambique, a Ordem Eduardo Mondlane do 1°Grau. Em 2007 foi nomeado pelo Governo francês “Commendateur de l’Ordre des Arts et Lettres”. Ele recebeu o título de Doutor Honoris Causa em 2007 pela Universidade Politécnica de Maputo e em 2010 pela Universidade de Évora em Portugal.
On the 6th of June 2006, on the occasion of his 70th birthday, the President of the Republic Armando Guebuza awarded him the highest Mozambican decoration, the Eduardo Mondlane Order, First Degree. In 2007 the French Government made him a “Commendateur de l´Ordre des Arts et Lettres”. The title of Doctor ”Honoris Causa” was awarded to him by the Polytechnic University of Maputo in 2007 and the Portuguese University of Évora in 2010.
Le 6 Juin 2006, à l’occasion de ses 70 ans, le Président de la République Armando Guebuza lui décerne la plus haute décoration mozambicaine, l’Ordre Eduardo Mondlane de premier degré. En 2007, le Gouvernement Français le nomme Chevalier de l´Ordre des Arts et des Lettres. En 2007, l’Université Polytechnique de Maputo puis en 2010 l’Université d’Evora au Portugal, lui décerne le titre de Docteur Honoris Causa.
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Ele morreu no dia 5 de Janeiro de 2011 a Matosinhos em Portugal “Com a morte de Valente Ngwenya Malangatana, a arte Áfricana perdeu um de seus maiores talentos. Ele não era apenas um artista maravilhoso, mas também um ardente defensor da paz”. (Irina Bokova, Director-Geral da UNESCO, 2011)
He died on the 5th January 2011 at Matosinhos in Portugal “With the death of Valente Ngwenya Malangatana, African art has lost one of its greatest talents. He was not only a wonderful artist but also an ardent defender of peace”.
(Irina Bokova, Director General of UNESCO, 2011)
Photo: private archives Margit Niederhuber
Il meurt le 5 Janvier 2011 à Matosinhos au Portugal. “Avec la mort de Valente Ngwenya Malangatana, l’art africain a perdu un de ses plus grand talent. Il a été non seulement un merveilleux artiste mais aussi un ardent défenseur de la paix” (Irina Bokova, Directeur Général de l’UNESCO en 2011)
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Malangatana Self-Portrait (1984)
Photo: private archives Margit Niederhuber
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“A partida” (Justino António Cardoso 2014)
Explorer of the world he painted with his own hands, he anchored at a port called Portugal from where he returned when he could not see, hear and speak anymore. His body, piece of his soul, lies buried in the land of Matalana, where it grows, flourish and inspires the generations.
Explorateur du monde qu’il a peint de ses propres mains, il jeta l’ancre dans un port appelé Portugal puis il est revenu quand il ne pouvait plus voir, entendre et parler. Son corps, fragment de son âme, planté dans la terre de Matalana, grandit, fleurit et inspire les générations.
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Partiu como um navegador das artes plásticas pelo mundo que pintou com as suas próprias mãos. Atracou num porto com nome de Portugal e regressou quando já não podia vêr, ouvir e falar. Seu corpo em forma de pedaço de alma, permanece
Ler o fumo (Merina Amade 2009)
Cerim么nia tradicional (Justino Ant贸nio Cardoso 2011)
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Moçambique Moçambique situa-se na costa sudeste da África banhada pelo Oceano Índico. Na parte superior, o Canal de Moçambique separa Moçambique da ilha de Madagascar. Moçambique estende-se por uma área de 801.590 km2. Tem fronteiras ao norte com a Tanzânia, no nordeste com o Malawi e Zâmbia, a oeste com o Zimbawe e África do Sul, e ao sul com a Suazilândia e África do Sul. O litoral no Oceano Índico é de cerca de 2470 km de comprimento. Foi proclamado República de Moçambique em 25 de Junho de 1975, tem uma população de 25,2 milhões1, 51,23 % dos quais são mulheres. A expectativa de vida ao nascer é de 50,7 anos e o país é 185o no Índice de Desenvolvimento Humano2. Em 2012 o PIB per capita elevou-se a 650 $3. A capital, cidade cultural do país, é Maputo (conhecida como Lourenço Marques até 1975) localizada na parte norte da baía de Maputo. Moçambique é um país multiétnico, multirreligioso e multilíngüe. A língua nacional oficial é o Português . O país está dividido em províncias, no Sul: Inhambane , Gaza, Maputo e a cidade de Maputo; no Centro: Zambézia, Tete, Manica, Sofala; na região Norte: Nampula, Niassa e Cabo Delgado . Nas províncias do Norte (Nampula, Niassa e Cabo Delgado) vivem cerca de 32 % da população de Moçambique. A província de Nampula é a segunda província por densidade populacional, sendo primeira a Zambézia. Nampula é também a província com maior número de distritos em Moçambique. Niassa, com apenas 9,53 habitantes por km2 é a província de Moçambique, com a menor densidade populacional. Ao longo da costa existem dezenas de ilhas, baías e estuários. Esta zona costeira é caracterizada por uma grande variedade de ecossistemas, tanto terrestres quanto marinhos, e de uma alta densidade populacional do que nas áreas restantes do país. Há oito províncias em Moçambique que têm litoral no Oceano Índico. Do Sul ao Norte: Maputo, Cidade de Maputo, Gaza, Inhambane, Sofala, Zambézia, Nampula e Cabo Delgado. 1
Projeções UNDP 2013 dados de variação média de fertilidade
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IDH mede o desenvolvimento de um país através da combinação de indicadores de esperança de vida, nível educacional e renda (PNUD estatística 2013). 3
IMF relatório estatístico, PIB (Produto Interno Bruto)
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A Ilha de Moçambique, antiga capital de Moçambique, que dá nome ao país, está localizada na província de Nampula. A Ilha, cerca de 3 km de comprimento e 400 m de largura, é localizada na entrada da Baía de Mossuril. Quando Vasco da Gama desembarcou lá em 1498, era habitada por Áfricanos e árabes e desde tempos imemoriais foi um porto de grande importância comercial para o Golfo Pérsico e o Oceano Índico. Então tornou-se um ponto estratégico na navegação para a Índia. Desde 1991, a Ilha é um Patrimônio da Humanidade (UNESCO) e a restauração e conservação de obras dos mais importantes monumentos foram realizadas. O mar, que em suas áreas costeiras e ilhas sempre foi habitado e visitado por pessoas de todas as origens e idades, era antigamente um paraíso para os velejadores e hoje é também um paraíso para os turistas. O mercado de turismo tem levado ao desenvolvimento de alojamento na costa e ilhas. Alguns bem conhecidos, ganharam reconhecimento internacional, tendo sido capaz de preservar o meio ambiente. Os principais portos de Moçambique: Maputo, Beira e Nacala, são importantes para o comércio de exportação e importação. Eles são equipados com infra-estruturas modernas e serviços de transportes ferroviários e ligações rodoviárias. A exportação de produtos do mar (camarões, caranguejos, etc.), produtos de agricultura (acajou, amendoins, frutas, arroz, cana-de-açúcar, agave, algodão, borracha) e de energia elétrica é desde muitos anos com o turismo a principal renda para o país. 78 % da população econômicamente ativa vive de agricultura. Moçambique é uma das economias mais dinâmicas da África subsariana, um crescimento é previsto na exportação de recursos naturais, em particular, madeira, minerais e gás. Nos próximos 40 anos, a exportação de gás estimada é de 10 bilhões de US $ por ano.
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Ilha de Mo莽ambique (Justino Ant贸nio Cardoso 2013)
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Mozambique Mozambique lies on the south east coast of Africa bordered by the Indian Ocean. On the upper part, the Mozambique Channel separates Mozambique from the island of Madagascar. Mozambique extends over an area of 801,590 km2. It has borders on the North side with Tanzania, on the Northeast side with Malawi and Zambia, on the West side with Zimbabwe and South Africa, and on the South side with Swaziland and South Africa. The warm Indian Ocean coastline is about 2470 km long. It was proclamed the People’s Republic of Mozambique on 25 June 1975, it has a population of about 25.2 million, 51.23% of which are women1. Life expectancy at birth is 50.7 years and the country’s Human Development Index ranking is 1852. The 2012 GDP per capita amounted to 650 $3. The capital and cultural town of the Country is Maputo (known as Lourenço Marques until 1975) located on the northern part of the Maputo Bay (formely Delagoa Bay). Mozambique is a multiethnic, multireligous and multilanguage country where the official national language is Portuguese. The country is divided into provinces, in the South: Inhambane, Gaza, Maputo and the town of Maputo; in the Centre: Zambézia, Tete, Manica, Sofala; in the North: Nampula, Cabo Delgado and Niassa. In the northern Provinces of Nampula, Cabo Delgado e Niassa, live about 32% of the population. The province of Nampula is the second province for population density, the first being Zambezia. Nampula is also the province with the most districts in Mozambique. Niassa with only 9.53 inhabitants per km2 is the province with the lowest population density. Along the coast there are dozens of islands, bays and estuaries. This coastal zone is characterized by a large variety of ecosystems, both land and marine, and an estimated higher population density than in remaining areas of the country. There are 8 provinces in Mozambique which have coastlines on the Indian Ocean. From south to north: Maputo, Maputo city, Gaza, Inhambane, Sofala, Zambezia, Nampula and Cabo Delgado. 1
UNDP projections data 2013 based on medium fertility variant
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HDI measures the development of a country by combining indicators of life expectancy, educational attainment and income (UNDP statistic 2013 Report).
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IMF statistic report, GDP is the Gross Domestic Product
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The Ilha de Moรงambique, ancient capital of Mozambique which gives its name to the country, is located in the Province of Nampula. The Ilha, about 3 km in length and 400 m wide is located at the entrance of the Mossuril Bay. When Vasco da Gama landed there in 1498, it was inhabited by Africans and Arabs and since time immemorial was a port of commercial importance for the Persian Gulf and the Indian Ocean. Then it became a strategic point in navigation to India. Since 1991 the Ilha has been a World Heritage Site (UNESCO), and restoration and conservation works of the most important monuments have been carried out. The sea, which in its coastal areas and islands has always been inhabited and visited by people of all origins and ages, was in olden times a paradise for sailors and today is also a paradise for tourists. Tourism has led to the development of accommodation on the coast and islands. Some are well-known, have gained international recognition, having been able to preserve the environment. The principal ports of Mozambique, Maputo, Beira and Nacala, are an important asset for export and import trades. They are equipped with modern infrastructures and provide good services with modern rail and road connections. The export of sea foods (shrimps, crabs etc.), agricultural products (acajou nuts, fruits, rice, sugar cane, agave, cotton, caoutchouc) and electricity have been for many years the principal income for the country along with tourism. 78% of the economically active population live by agriculture. Mozambique is likely to remain one of the most dynamic economies in Sub-Saharan Africa thanks also to an expected boom in the export of natural resources in particular wood, minerals and gas. In the next 40 years the export for the latter has been estimated to amount to 10 billion US $ per year.
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Por mais informações For further reading Pour plus d’informations NIEDERHUBER Margit, MATLHOMBE Eduardo, BAICULESCU Mihai “Destino/ Destination Maputo, Moçambique” - Mandelbaum Verlag Português / Portuguese / Portugais // Alemão /German / Allemand 160 páginas / pages / pages ISBN 978-3-85476-423-6 The photographs of Malangatana murals by the photographer Eduardo Matlhombe are from the above book.
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Mozambique Le Mozambique se trouve sur la côte sud-est de l’Afrique bordé par l’océan Indien. Sur la partie supérieure, le canal de Mozambique sépare le Mozambique de l’Île de Madagascar. Le Mozambique s’étend sur une superficie de 801.590 km2 et a des frontières au nord avec la Tanzanie, au nord-est avec le Malawi et la Zambie, à l’ouest avec le Zimbabwe et l’Afrique du Sud et au sud avec le Swaziland et l’Afrique du Sud. Le littoral chaud de l’océan Indien a une longueur d’environ 2470 km. Le Mozambique est une République dont l’indépendance fut proclamée le 25 Juin 1975, compte une population d’environ 25,2 millions d’habitants1, dont 51,23% sont des femmes. L’espérance de vie est de 50,7 ans. L’indice de développement humain (IDH) de 0,327 le positionne à la 185ème place2 et le PIB par habitant est de 650 $3 (valeurs de 2012). La capitale, ville culturelle du pays, est Maputo, jusqu’à 1975 appelée Lourenço Marques, qui se situe au nord de la baie de Maputo (anciennement baie de Delagoa). Le Mozambique est un pays multiethnique, multireligieux et multilingues, la langue nationale est le portugais. Le pays est divisé en provinces, dans le sud : Inhambane, Gaza, Maputo et la ville de Maputo au centre : Zambésie, Tete, Manica, Sofala ; au nord : Nampula, Cabo Delgado et Niassa.
Jochicala : Mural, Centro Nairucu-Artes, Rapale, Nampula 1
Projections PNUD 2013 fondées sur la variante moyenne de fécondité
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IDH indice composite qui mesure le développement d’un pays, il est calculé en quantifiant l’espérance de vie à la naissance, le niveau d’éducation et le niveau de vie ( statistique PNUD, 2013). 3
FMI rapport statistique 2012, PIB est le produit intérieur brut.
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Dans les Provinces du nord, Nampula, Capo Delgado et Niassa, habite environ 32% de la population. La province de Nampula est la deuxième par densité de population, la première étant la Zambésie. Nampula est aussi la province du Mozambique avec le nombre majeur de districts. Niassa, avec seulement 9,53 habitants par km2, est la province la moins peuplée. Le long de la côte, il y a des dizaines d’îles, de baies et d´estuaires. La zone côtière est caractérisée par une grande variété d’écosystèmes, à la fois terrestres et marins, et par une densité de population plus élevée qu‘à l’intérieur du pays. Huit sont les provinces du Mozambique avec le littoral sur l’océan Indien. Du sud au nord : Maputo, la ville de Maputo, Gaza, Inhambane, Sofala, Zambésie, Nampula et Cabo Delgado. La mer du Mozambique abrite de nombreuses espèces marines, est un site de loisirs et la pêche assure la subsistance de nombreuses familles mozambicaines. L’Île de Mozambique (en portugais Ilha de Moçambique), ancienne capitale du Mozambique qui donna son nom au pays, se trouve dans la Province de Nampula. L’Île, d’environ 3 km de longueur et 400 m de largeur, se trouve dans la baie de Mossuril. Quand Vasco de Gama y débarqua en 1498, elle était peuplée d’Africains et d’Arabes. Depuis la nuit des temps un port d’importance commerciale du Golfe Persique et de l’Océan Indien, ensuite un important comptoir sur la route des Indes. Depuis 1991, l’Île de Mozambique est reconnue comme site du patrimoine mondial (UNESCO) et la restauration et conservation des principaux monuments ont été effectuées. La mer, qui dans ces zones côtières et îles a toujours été habitée et visitée par des gens de toutes origines et tous âges, était autrefois un paradis pour les marins et aujourd’hui est également un paradis pour les touristes. Le tourisme a conduit au développement des conditions d’hébergement sur la côte et sur les îles. Certaines stations touristiques sont bien connues et ont acquis une reconnaissance internationale pour avoir préservé l’environnement. Les principaux ports du Mozambique, Maputo, Beira et Nacala, sont un atout important pour l’exportation et l’importation. Ils sont équipés d’infrastructures modernes et offrent de bons services avec chemins de fer et liaisons routières modernes.
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L’exportation de produits de la mer (crevettes, crabes, etc.), de produits agricoles (noix d’acajou, fruits, riz, canne à sucre, agave, coton, caoutchouc) et de l’électricité a été pendant de nombreuses années, avec le tourisme, le principal revenu pour le pays. 78% de la population active vit de l’agriculture. Le Mozambique devrait rester l’une des économies les plus dynamiques de l’Afrique sub-saharienne grâce aussi à l’expansion attendue dans l’exportation de ses ressources naturelles, en particulier le bois, les minéraux et le gaz. Au cours des 40 prochaines années, l’exportation de ce dernier a été estimée à 10 milliards de dollars américains par année.
Recursos naturais (Justino António Cardoso 2013)
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Riqueza do Mar Mo莽ambicano (Justino Ant贸nio Cardoso 2013)
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Raizes (Justino Ant贸nio Cardoso 2013)
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Justino António Cardoso
Nasceu em Namapa-Eráti, Moçambique. Conhecido cartoonista de Nampula, publicou os seus primeiros quadrinhos em 1978. Criou o MUHUPI, o primeiro Jornal independente de Nampula, e foi coordenador, em Nampula, da Fundação Friedrich Ebert. Em 2005, introduziu o uso da banda desenhada, reforma do sector público. Em 2009 publicou o livro “Moçambique” 1498-2009”, em 2010 “A lenda sobre a Origem do povo Makonde de Moçambique”, em 2012 “Un peuple en images - Les Makuas du Moçambique” e em 2013 “Ilha de Moçambique, História e Patrimônio”. Participou de exposições individuais e colectivas em Moçambique, no Museu Nacional de Etnologia em Nampula (MUSET), em UNILúrio e para a exposição “L’Origine” organizada na Itália e na Suíça.
Marilena Streit-Bianchi
Nasceu em Roma, Itália. Estudou ciências biológicas na Universidade “La Sapienza” em Roma. Tem vindo a trabalhar como pesquisadora e ocupou cargos gerenciais no CERN, o Laboratório Europeu de Física de Partículas, em Genebra, Suíça. É agora a Diretora de Comunicação e Curadora de exposições para Nairucu Artes, uma associação sem fins lucrativos localizada em Rapale perto de Nampula, Moçambique. Desde 2014 é também Curadora de exposições e atividades educacionais da Associação ARSCIENCIA uma entidade sócio-cultural pela ciência e arte. htpp://www.nairucu-arts.org
Margit Niederhuber
Nasceu em Linz, na Áustria. Estudou filologia Germánica e Românica em Viena, em Paris, Lisboa e Argel. Curadora e Diretora Artística, com foco no desenvolvimento internacional. Consultora para questões de mulheres e responsável por projetos culturais em países da África Austral. Organização de muitos projetos culturais em Moçambique, incluindo um radioprograma de mulheres em todas as províncias moçambicanas. http://www.margit-niederhuber.com
Eduardo Matlhombe
Nascido em Manhiça, viveu após a morte do pai em Lourenço Marques. Ele trabalhou como empregado doméstico e depois num restaurante antes de entrar trabalhar como fotógrafo no estúdio do cunhado. Desde 1989 trabalha em Maputo no Centro de Fotografia (CDFF) com Ricardo Rangel. Ele é também sacerdote duma igreja em Laulane. htpp://www.cdff.virb.com
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Justino António Cardoso
Born in Namapa-Eráti, Mozambique. Known cartoonist of Nampula, published his first comics in 1978. He created the MUHUPI the first independent Journal of Nampula and has been the work coordinator in Nampula of the Friedrich Ebert Foundation. In 2005 he introduced the use of political cartoons in the public sector. In 2009 published the book “Moçambique”1498-2009”, in 2010 “A lenda sobre a origem do povo Makonde de Moçambique”, in 2012 “Un peuple en images - Les Makuas du Mozambique” and “Ilha de Moçambique, historía e patrimonio” in 2013. He participated in individual and collective exhibitions in Mozambique, at the National Ethnology Museum in Nampula (MUSET), at UNILúrio and at the exhibition L´Origine organised in Switzerland and Italy.
Marilena Streit-Bianchi
Born in Rome, Italy, where she studied biological sciences at the University “La Sapienza”. She was working as a researcher and occupied managerial positions at CERN, the European Laboratory for particle physics in Geneva, Switzerland. She is now the Director of communication and exhibitions for Nairucu-Arts, a non-profit association from Rapale, a small town near Nampula in Mozambique. Since 2014 she is also curator for exhibitions and educational activities of the Association ARSCIENCIA a sociocultural entity dedicated to the world of Science and Art. htpp://www.nairucu-arts.org
Margit Niederhuber
Born in Linz, Austria, she studied philology of roman languages at the University of Vienna, in Paris, Lisbon and Algiers. She is curator and artistic director with special interest in international development. She is consultant for gender issues and responsible for cultural projects in many African countries, including a radio programme for women in all Mozambican provinces. http://www.margit-niederhuber.com
Eduardo Matlhombe
Born in Manhiça, he went to live in Lourenço Marques after the death of his father. He worked as a domestic and later in a restaurant. He started to work as a photographer for his brother-in-law and since 1989 he has worked in Maputo at the Centre for Photography (CDFF) with Ricardo Rangel. He is also a priest of a church in Laulane. htpp://www.cdff.virb.com
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Justino António Cardoso
Né à Namapa-Eráti, au Mozambique. Dessinateur connu de bandes dessinées de Nampula, il a publié sa première œuvre en 1978. Il a créé le MUHUPI, le premier journal indépendant de Nampula et il a été le coordonnateur à Nampula de la Fondation Friedrich Ebert. En 2005, il introduit l’utilisation de la bande dessinée à usage politique dans le secteur public. En 2009, il publie le livre “Moçambique-1498-2009”, en 2010 “A lenda sobre a origem do povo Makonde de Moçambique”, en 2012 “Un peuple en images - Les Makuas du Mozambique” et en 2013 “Ilha de Moçambique, historía e patrimonio”. Il a participé à des expositions individuelles et collectives au Mozambique, au Musée National de Ethnologie de Nampula (MUSET), à UNILúrio et à l’exposition “L´Origine” organisée en Suisse et en Italie.
Marilena Streit-Bianchi
Née à Rome, en Italie, où elle a étudié les sciences biologiques à l´Université “La Sapienza”. Elle a travaillé comme chercheur et a occupé des postes de direction au CERN, Laboratoire européen pour la physique des particules à Genève, en Suisse. Elle est directrice de la communication et des expositions pour NairucuArts, une association à but non lucratif de Rapale, une petite ville près de Nampula au Mozambique. Depuis 2014, elle est aussi commissaire d’expositions et d’activités éducatives de l’Association ARSCIENCIA une entité socioculturelle dédiée au monde de la science et de l´art. htpp://www.nairucu-arts.org
Margit Niederhuber
Née à Linz, en Autriche, elle a étudié la philologie des langues romanes à l’Université de Vienne, à Paris, à Lisbonne et à Alger. Elle est commissaire d’exposition et directeur artistique, avec un intérêt particulier dans le développement international. Elle est consultante pour les questions liées à l´égalité et responsable de projets culturels dans de nombreux pays africains, y compris pour une émission de radio destinée aux femmes pour les provinces du Mozambique. http://www.margit-niederhuber.com
Eduardo Matlhombe
Né à Manhiça, il est parti vivre à Lourenço Marques, après la mort de son père. Il a travaillé comme domestique et plus tard dans un restaurant. Il a commencé à travailler comme photographe pour son frère et depuis 1989, au Centre de la Photographie (CDFF) à Maputo avec Ricardo Rangel. Il est aussi prêtre d’une église à Laulane. htpp://www.cdff.virb.com
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Eu acho que quando as artes e a cultura mostram sua força, esta parte do mundo será um lugar mais feliz. Tenho esperança e não tenho nenhuma dúvida sobre isso. Vamos enriquecer outras partes do mundo, na Europa também, com o que possuímos no campo da cultura.
I think that when the arts and culture show their strength, that part of the world will be a happier place. I have high hopes and I am in no doubt about it. We are also going to enrich other parts of the world including Europe, with what we have in the field of culture.
Je pense que lorsque les arts et la culture montreront leur force, cette partie du monde sera un endroit plus heureux. J’ai bon espoir et je n’ai aucun doute à ce sujet. Nous allons également enrichir d’autres parties du monde, notamment en Europe, avec ce qui nous est propre dans le domaine de la culture.
(Malangatana)
ISBN 978-2-9700725-7-7
9 782970 072577