Portfólio lourival cuquinha

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OrdemHa 2016 Exposição individual na Baró Galeria, São Paulo.

Uma faixa pintada em toda a galeria, com altura da metade de seu pé direito, começava em verde bandeira e, num degradê suave, terminava em preto pintado com petróleo. Ela se chama Golpe Profundo.




Alta Vista 2016 170 x 105 x 55 cm Bronze e guarda-sol de ferro e lona. Na Rua 25 de Março, em São Paulo, existem cadeiras altas posicionadas em frente às lojas para que pessoas sentadas nelas vigiem os produtos ali vendidos. As lojas são como corredores e as cadeiras ficam externas, na calçada ou mesmo no asfalto da rua. Este móvel é uma cadeira de bronze moldada a partir de uma delas, mas com o guarda sol original. Ela fica posicionada na frente do espaço expositivo e também é um objeto performático quando um homem vigiando senta-se nela.





Rés-do-Chão 2016 1x1m Um metro quadrado retirado do chão da galeria e vendido pelo preço ditado pela especulação imobiliária no bairro em questão.

Metro quadrado do Jardim Paulistano:


Metro quadrado do Jardim Europa:


Metro quadrado do Cambuci:


Torniquete

2016 150x140x80 cm Ferro, vidro e lama tóxica, produzida pelas empresas mineradoras SAMARCO e VALE, que matou o Rio Doce, matou 19 pessoas e vários animais e destruiu o distrito de Bento Rodrigues em Minas Gerais. Parte da venda desta obra irá para a associação de vítimas deste crime ambiental em Mariana.






Ordem e Progresso 2015-2016 Comprimento variĂĄvel das 7 Flecha (+ 160cm) x Ă˜ 3cm 7 flechas de etnias atingidas pelas obras da hidrelĂŠtrica de Belo Monte e moedas de 50 centavos nas quais esta gravado Brasil Ordem e Progresso.




Golpe de Arma Fria 9 tiros de calibre 38 na parede da galeria com uma arma fria. Um tiro para cada passo que identifiquei do Golpe de Estado em Curso no Brasil. Na ĂŠpoca identifiquei 9 etapas, hoje jĂĄ vivemos outras.



Verdade dos atos 2016 Moedas de 5 centavos, números em grafite, fio de cobre e aço.



Fonte 2016 madeira, cobre e aรงo 2 x 2,1 x 2,9 m


Parangolé Homem, farda da PM de São Paulo e revolver calibre 38. 2016 Um policial dentro de uma exposição, armado e olhando os transeuntes. Obra adquirida pelo acervo do MAM-SP.



Transição de Fase 2013-2016





Transição de Fase

Antes de mais nada: o que é trabalho? Há dois tipos de trabalho: o primeiro, alterar a posição de um corpo na ou próximo à superfície da Terra relativamente a outro corpo; o segundo, mandar outra pessoa fazê-lo. Bertrand Russel em Elogio ao Ócio


O final deste projeto é uma exposição de peças que serão feitas a partir de soluções para a vida material que os migrantes dão ao seu dia a dia nos países onde vivem. Está finalizada a primeira peça que se relaciona com esta ideia e a descreverei para que fique mais claro o objeto do projeto. As fotos da peça estão anexas e o método para chegar nela está aqui abaixo: Em Paris, encontrei este rapaz do Costa do Marfim, Moussa. Ele vende mini Torres Eiffel na frente do Louvre pra viver. Comprei todas as torres de uma vez pelo preço de 100 dólares, preço que ele me pediu. Tirei uma foto dele de frente e outra de costas. Costurei 100 notas de 1 dólar e imprimi neste "tecido" as duas fotos dele frente e verso (como se pode ver nos anexos). Se este trabalho for vendido Moussa terá direito à mais 100 dólares pelo trabalho dele no trabalho. Ele possivelmente era ilegal na França e por isto acordei de vou mostrar a face das costas na obra (apesar de ter a face de frente impressa atrás). A projeto trabalhará peças neste viés para criar uma série. Imigrantes em París, Londres, São Paulo, Rio e Recife participarão do processo. São Paulo com esta nova onda de imigrantes africanos e latino americanos, Recife com chineses que vêm chegando cada vez mais em Pernambuco e Rio também com latino americanos. O projeto comprará todas as peças, inclusive a estrutura de mostra-la aos clientes, do vendedor imigrante. No caso desta peça, que mando como início, a estrutura são os arames que unem as torrinhas Eiffel. No caso das pessoas que têm vindo da África em para São Paulo, maletas de um pseudo couro com relógios e joias serão adquiridas junto com mini banquinhas de madeira que as apoiam na rua. Peças arrumadas com um apuro estético de vendedor mostrando o apelo brilhante dos relógios metálicos e fazendo com que estas arrumações se liguem totalmente ao conceito do projeto. A impressão das fotografias destas pessoas que aceitarem participar do projeto, não necessariamente serão em flâmulas de dinheiro, como no caso desta protopeça que mando aqui. Elas deverão ser impressas em cima dos valores que paguei pelas mercadorias, por isto penso que nos casos de valores altos, imprimirei as fotos em pedaços de ouro com dimensões de passaportes. Nestes casos as impressões poderão ser de fotos só dos rostos (frente e costas das cabeças) sobre o valor do trabalho deles que comporão as peças junto com as mercadorias. Teremos em cada peça um núcleo com 3 vezes os valores que eles pedirem: as mercadorias, o que foi pago por elas e a impressão da imagem sobre o mesmo valor.


Um outro núcleo que penso em desenvolver, que também se encontra na peça com fotos anexas, são os mapas dos países que se relacionaram com estas pessoas. Eles serão feitos com recibos de cartão de crédito. Eles são dobrados e grampeados na forma destes países e terão uma lâmpada que fará os valores desaparecerem, pois estas impressões são foto e termo sensíveis. No final da exposição só ficamos com as cores branca, amarelo bebê e azul bebê comum a estes recibos. Como as peças ainda não estão feitas e este projeto requer um processo, a visualidade desta exposição será definida quando finalizarmos a montagem no espaço expositivo. Bertrand Russel sempre me foi referência nos pensamentos lógicos e paradoxos tanto da linguagem natural, quanto da matemática. Mas ao pensar neste projeto lembrei de sua definição de trabalho que, de uma forma bem aleatória (e mesmo poética), se relacionava com este processo. Nesta citação lá em cima do texto, apesar dele tentar uma definição de trabalho direta e o mais sintética possível, como sempre aponta seu raciocínio lógico, me despertou para mais um significado do trabalho de pessoas que viajam sobre a Terra para trabalhar em outras terras. Russel, no Elogio ao Ócio, tenta mostrar que grande parte do trabalho na civilização é inútil e mesmo sem sentido. Para isto cria duas categorias básicas as quais nenhum trabalho consegue fugir. Mesmo o trabalho mais etéreo da poesia (se se pode considerar um trabalho que ele criticaria no livro) é alterar a posição de corpos, tinta, cursores de computador, cargas elétricas sobre a terra. Claro que neste campo ficamos um pouco mais hesitantes em classificar a arte e a poesia nesta categoria, posto o que estes símbolos criados são como potência e mesmo vontade de potência das ideias. Mas no fim das contas que ato humano não tem estas potências simbólicas, porém o mais importante é saber se estes signos foram de criação do agente que vive de alterar a posição de corpos na Terra ou foram meramente projetados por quem manda estes agentes alterarem estas posições. A inutilidade do trabalho se dá principalmente quando o indivíduo não cria na execução, mas só executa. Mas voltando ao projeto, o que mais me incentivou a dialogar este pensamento de Russel com as ideias destas peças foi o fato de que o corpo que altera a posição no espaço como trabalho e para executar trabalho é essencialmente o corpo do agente do trabalho. Ele é inventor de seu próprio meio de existência no dia a dia das cidades para as quais foi atraído e ao mesmo tempo é uma peça de um grande "mando" do mundo civilizado de "vá onde tem mais trocas de valores para te fazer sobreviver". Neste sentido livre de interpretação, acho que as duas ideias de trabalho do Elogio ao Ócio se truncam no projeto.




Transição de Fase MAM-SP, 2016 Obra que vem sendo feita a 3 anos e teve o seguinte processo: 1. Abordagem e conversa com 120 imigrantes que vendem produtos na rua como ambulantes. Caso o imigrante concorde em participar, compramos um produto que ele está vendendo; 2. Fazemos o registro fotográfico de cada um deles. Em comum acordo, pagamos por essas fotografias o mesmo valor do objeto adquirido. 3. As fotos de cada imigrante são impressas frente e verso em uma superfície de cobre cujo valor é o mesmo da compra feita a ele. 4. Como se pode ver nas fotos expomos estas peças fotográficas nestas superfícies de valor, de forma que se possa ver frente e verso, juntos com os objetos comprados aos imigrantes ambulantes.








Territórios e Capital : extinções

Peça exposta no MAM RJ em 2014 que se compõe de vários Alicerceres (Zeitgeist) cruzando o espaço com 10 Financial Art Projects em forma de bandeiras de vários países, sumidouros relativos aos custos da exposição e outros elementos.




Filtro


Ação com 14 atores vestidos de policiais filtrando as pessoas num baculejo psíquico na entrada de um espaço expositivo. Olho no Olho. Apresentada no Multitude no SESC Pompéia e no Transperformance no Oi Futuro no Rio de Janeiro em 2014. Link para o vídeo: http://www.4shared.com/video/yoI_Ux_Xce/filtro_final.html


1/16 Avos do Kapital

Painel de led com o texto de “O Capital”, moedas de 5 centavos e preço de mercado adesivo Dimensões: (A x L x P) 22 x 68 x 5 cm 2015


ViolĂŞncia Gratuita

Bordado a mĂŁo sobre notas de real. 2014


Pelo dinheiro

Barba e moedas, 2010-2014 40cm Vendido em performance durante a SP Arte, cortada pela colecionadora na hora da compra. Preço por ano de crescimento da barba. Vídeo que faz a propaganda polishop da joia pode ser visto em: http://youtu.be/MFi1GzjXU0Q


Conversion X Machine, bolha-bank


Intervenção financeira na Art Rio, 2013 4mx4,5mx2m Na Coversion X Machina, bolha-bank, apresentada pela primeira vez na Arte Rio por Lourival Cuquinha, era possível introduzir quantias de dinheiro em um tubo de vidro aspirador de cédulas, e assim adquirir ações que garantiam o investimento aumentado em dez vezes caso a peça fosse comercializada. No primeiro dia da Art Rio, o Bolha Bank de Cuquinha valia R$ 45 mil, valor equivalente ao custo de produção da instalação (R$ 4.500) aumentado em dez vezes. A partir daí, dois caminhos de relação da obra com a feira eram possíveis. A instalação poderia ser adquirida em sua totalidade, por seu preço inicial. Ou os interessados em lucrar com a venda do trabalho poderiam adquirir ações que eram, ao mesmo tempo, pedaços do banco-bolha e apostas da sua comercialização futura. Quando a obra fosse vendida, os acionistas poderiam receber de volta a quantia aspirada aumentada em dez vezes. As ações custavam de R$ 50 a R$ 3 mil, e compunham uma metáfora refinada das bolhas do mercado financeiro. Quanto mais se compravam ações, mais o preço da obra de Cuquinha aumentava. Cada quantia investida no aspirador de dinheiro era automaticamente valorizada em dez vezes, aumentando assim o valor do trabalho. Ao final de quatro dias, o bolha-bank já valia R$ 245 mil. Paradoxalmente, várias partes da instalação já não estavam presentes, tendo sido levadas para casa pelos acionistas. Ou seja, à medida que mais ações eram vendidas, o objeto de investimento se aproximava cada vez mais do nada. E o nada (ou o quase-nada), caso vendido, traria aos investidores o lucro desejado. “Quanto mais ações apostando na valorização proporcionada pelo mercado de arte saem da bolha, menos obras de arte existem dentro dela. Ou seja, a cada investimento, a obra deixa de existir em sua totalidade, tornando-se cada vez mais vazia”, explica Cuquinha. Embora possa soar contraditório que o trabalho, ao se desfazer, passe a valer cada vez mais, o paradoxo está alinhado com os principais desafios da economia contemporânea. Encontrar a equação de valor para aquilo que se encaminha à inexistência derrete os miolos de economistas de todo o mundo. A limitação dos recursos naturais é uma provocação real nesse sentido. Qual terá sido o valor atribuído a uma floresta tropical quando esta existia integralmente, quanto vale hoje a mesma floresta desmatada e quanto valerá quando não mais existir? Por quanto será vendido o último barril de petróleo do mundo? E o que se fará com ele? Na prática, há como lucrar com o desaparecimento de algo? Quer comprar uma ação? Tatiana Diniz


Nordeste Sumidouro

Todos os meus gastos em cartão de crédito desde o dia em que fui convidado para a exposição até o dia da abertura dela. A soma dos recibos de cartão convertidos em mapa do NE e no preço da obra. Vendi o meu custo de vida dos últimos meses. Mas a luz fluorescente apagará estes valores impressos nos recibos em tinta foto sensível e, no fim, terei vendido o desenho costurado. 2013 1mx1m


Alicerce (Zeitgeist)

Dimensões e preço variáveis. 2012 Colunas do chão ao teto feitas com moedas 5 e 10 centavos de real. Dinheiro vendido a metro.



frase de galerista

2012 - 2013 60cm x 40cm Vidro e cocaína Um pouco sobre a concepção da obra: estávamos em Miami durante a feira Arte Basel Miami Beach. Todos pensaram quase que em conjunto ...era bom um pozinho agora... Um galerista ouviu e disse: eu tenho!. Olhamos para ele como quem comemora e ele diz: Mas é só pra mim… Depois soube que ele nem tinha e a piada foi ótima. Pensando melhor nela vi que evidenciava várias situações da Arte Contemporânea, do Mercado, da própria feira e formatei a obra. No ato de formata-la ainda vi que a própria obra tem só pra ela, pois só se pode usar a coca quebrando-a e aí o produto ficará possivelmente cheio de vidro, ou seja, inviabilizado para o consumo. Neste sentido acho que muito mais coisa a obra indica sobre os elementos dela.


É uma capoeira de policiais. Uma roda de capoeira com fardas de policiais. Em um período que passei no Festival de Inverno de Garanhuns tive esta ideia. Estava vendo um espetáculo e em determinada hora apresentavam-se capoeiristas. Embaixo do palco, perto da gente tinha uma fileira de policiais sérios olhando para o público. Delirei que eles começariam a dançar capoeira, mas eles não fizeram. Gostei da imagem. Fui ler sobre o assunto. Várias foram as perseguições a capoeiristas durante a historia do Brasil. Inclusive tendo sido os principais mestres desterrados do Rio de Janeiro no começo da república. Obrigados a ir para Fernando de Noronha em 2 de Janeiro de 1990 no navio vapor Madeira como consequência da derrubada da monarquia. O recém promovido chefe de policia Dr. João batista de Sampaio Ferraz tinha o fim da capoeira como objetivo prioritário para colocar “ordem” na cidade, pois existiram relações ambíguas da capoeira com o poder no fim do Império. Varias Maltas de capoeiras serviram como jagunços à políticos conservadores. No Rio de Janeiro distrito federal do império, existia uma polícia paralela de capoeiras chamada ‘Corpo de Secretas’ (da qual tomo o nome emprestado) que era acionada pela polícia oficial quando esta achava necessário. Mesmo depois na era Vargas o Sinhozinho, importante atleta e treinador carioca, treinava a policiais do Rio nos golpes ginásticos da capoeira que para ele, não eram nada além de golpes que otimizavam o ataque e a defesa corporal. E claro que paralelamente a tudo isto ela sempre foi elemento de luta e resistência para os negros e brancos pobres contra a própria polícia e o poder estabelecido. Li isto tudo no livro de Izabel Ferreira Capoeira no Rio de Janeiro 1890-1950 que me foi emprestado por Daniel Lima, um artista amigo, quando falei da ideia. A imagem da capoeira dançada por policiais já me atraíra como delírio, mas depois que li sobre o assunto percebi que esta ação tem muito mais ambiguidade histórica do eu pensava. Apresentei este trabalho em Leipizg, Alemanha na exposição Mit Krimineller Energie no HALLE 14 e na Capital Europeia da Cultura em Guimarães, Portugal, ambos em 2012, e em São Paulo aqui no Brasil em 2013.


Corpo de Secretas


image OFF(-) Este trabalho teve origem em Londres em 2009, cidade que na época tinha uma câmera de segurança para cada 13 habitantes. É uma ideia que gerou uma intervenção na paisagem urbana e uma peça: 1. intervenção urbana A intervenção são máscaras que pendurei nas câmeras de segurança para que as pessoas pudessem usá-las ao passar pelo ângulo de visão das delas. Como pode ser visto na foto abaixo:

Ela sugere ser usada pelo público quando se passa pelo campo de visão da câmera. Tendo um gancho antes e outro depois da câmera, os podem deixar a máscara pendurada para ser usada de novo. Como pode ser visto nos frames do vídeo nesta imagem que descreve a ação abaixo:



2. totem O segundo formato é uma interação. Nela nos deparamos com a estrutura cilíndrica que contém um monitor, 2 câmeras de segurança + 2 máscaras penduradas. As pessoas pode usar estas máscaras. O monitor tem quatro telas. Duas passam em tempo real as imagens das câmeras e as outras duas, dois vídeos ficcionais que tem a ver com a ação nas ruas e podem ser vistos nestes links: https://www.youtube.com/watch?v=fanGWHyRFxE e http://www.4shared.com/video/EIRXLmeG/priscila_spin_set_cctvtower.html? Esta peça foi exposta na Alemanha em Leipizg no HALLE 14 e em Weimar na ACC Gallerie na exposição Mit Krimineller Energie e pode ser vista nas fotos abaixo:





o trabalho gira em torno

Trabalho interativo com três Rickshaws e um vídeo rodopiante que circula pela sala. São 3 Rickshaws ou táxi bikes, 3 circuitos elétricos, roda de bicicleta, espelho redondo, projetor de vídeo, DVD player e vídeo filmado por microcâmera na roda da bicicleta/Rickshaw em Londres entre Ago. e Nov. de 2010. A projeção é liberada quando alguém pedala ao apertar os freios das bicicletas. Pedalando uma, o espelho gira fazendo a projeção também girar pela sala. Outra sendo pedalada, o som do vídeo é acionado. E quando pedalamos a 3°, acendemos um farol. Sem público a sala é escura.


O filme projetado foi feito com uma micro câmera/caneta de espião instalada na roda do Rickshaw e que filmava Londres rodopiando durante minhas noites de trabalho neste emprego nas ruas de Londres. Penso que a câmera girava na roda “medindo” numa escala de frames minha quantidade de trabalho em Londres. Como nestes frames a seguir da cena filmada em na Oxford Street a noite.

A curadora Isobel Whitelegg traduziu este filme numa análise que fez do modo como escolhi filmar. Ela viu este trabalho como o ápice econômico na junção das duas atividades, pois é o melhor aproveitamento das horas de trabalho nos hard e art work: “He did so by fixing a pen-camera to one wheel of the cycle, thus integrating the apparatus of artistic production into his paid work. This system allowed the two spheres of work within his dual London residency to be completed at once, and thus the use of his time achieved a peak of efficiency, simultaneously outputting cultural capital and financial gain. The circling images of London in motion drawn by his pen-camera document and measure each fare as effort exerted and terrain covered.” Outra ironia do trabalho, mas que o direciona num caminho totalmente sustentável. A estratégia cria um outro teto de vidro para descontextualizar o trabalho como arte, pois seria o cúmulo de minha liquidez financeira e/ou o cúmulo da cara de pau.


frames de cena filmada em Blackfriars Bridge com a London Eye por trás.

Interações de pessoas com a peça:


Jack Pound Financial Art Project

Trabalho que materializa uma sociedade de ações. Bandeira inglesa feita com mil libras esterlinas conseguidas de duas formas. Metade dela com meu trabalho de Rickshaw como imigrante em Londres. E o resto com a venda de ações correspondentes à notas da outra metade (imagem da ação a cima).


Quando foi vendida por 17,000 libras, estas ações valorizaram proporcionalmente e os acionistas puderam trocar suas ações pelo valor que cada um investiu mais a valorização proporcional. Imagem da ação embaixo. A venda do trabalho foi feita na Frieze Art Fair/2010 num leilão organizado pela galeria A Gentil Carioca e Christie’s e esta intervenção na feira encaixou perfeitamente no conceito da obra. Mais informações em: http://www.canalcontemporaneo.art.br/arteemcirculacao/archives/002367.html http://jackpoundfinancialartproject.blogspot.com/p/em-londres.html


Ouvidoria

Áudio-Instalação composta junto com o coletivo Honir (Thelmo Cristóvam e Túlio) exposta em Recife na exposição O Lugar Dissonante no 47º Salão de Artes Plásticas de Pernambuco em 2009 e em Belém no Vivo Arte.MOV 2010 em 2010. No período da exposição alguns telefones públicos ficaram a disposição do publico que pôde ligar gratuitamente. Porém todas as conversas foram processadas e transmitidas em tempo real para um outro espaço expositivo totalmente escuro. Os telefones são “orelhões” customizados com a “marca” do OVIDORIA, esta companhia fictícia do nosso projeto. Qualquer pessoa pôde ligar, mas compartilhando a informação. Os áudios de algumas das ligações foram alterados outros transmitidos na íntegra para a sala escura. O áudio final no espaço foi sempre uma mistura deles. A quantidade de línguas e sotaques diferentes leva esta mistura auditiva numa direção entre globalização e torre de babel.


Artraffic

2005-2009, objeto + ação + performance linha, agulha e pedra de haxixe Este texto é de 2006 mas explica um pouco o trabalho: ”É seguinte, quando cheguei na França comecei a fumar haxixe com tabaco como todo mundo lá. Não me adaptei, não conseguia nadar no porto de Marseille. Pensei num jeito diferente de fumar, como eu fumava no interior de Pernambuco quando morava lá em São José do Egito. Enfiei a pedra de haxixe numa agulha, queimei, soprei e ele ficou em brasa soltando uma fumacinha. Depois foi só aspirar a tal fumacinha. Para ter sempre à mão passei uma linha no buraco da agulha e amarrei-a no pescoço. Foi então que percebi que se tratava de uma linda peça plástica, e como era o dia da independência de Moçambique, intitulei "Collier du Mozambique". Fiz um manual de instruções desenhado e uma sequência de fotos que explicam como usar. Comecei a vender cada colar a cinco Euros junto com o manual de instruções = ARTRAFIC. Fiz uma exposição em Paris em novembro passado, no Palais de Port Doré, e vendi bastante. Empolguei-


me, esta foi a peça que mais vendi. Só tinha vendido dois quadros em 1996 por preços ilusórios e agora sou um artista comercial. O engraçado é que varias pessoas compraram para fumar no mesmo momento e outras até emolduraram junto com a xérox do manual de instruções. Dai o projeto tomou corpo. Fiz uma performance na Ecole Superior d'art de Avignon que era fumar um “Colier du Mozambique” e tentei expor na Ecole Superior d'Art de Aix-en-Provence (onde eu fazia uma residência), mas o diretor me disse: "j'ador le travail, mais désolé, ici c'est une école publique" (eu adoro o trabalho, mas désolé, aqui é uma escola pública). Então eu expus outros 7 trabalhos, inclusive um vídeo que se chama "désolé" e escrevi um texto sobre esta situação na parede da galeria: "eu tenho também outro trabalho que se chama, "Le Collier du Mozambique" para expor. Talvez o trabalho mais forte que produzi aqui na França, mas é impossível de mostra-lo, pois aqui é uma escola pública (mesmo que todo mundo fume muitas coisas aqui na França). Bem, é assim mesmo, vou guardar este trabalho para minha exposição no Pompidou". Depois continuei as aventuras. Eu e minha amada Marion, fomos parados na fronteira da Suíça com a França e os policiais encontraram metade do haxixe. Talvez eu fosse deportado e pagasse uma multa, mas tudo se esclareceu quando mostrei o manual de instruções e revelei a arte embutida na atitude (gostei desta expressão). Eles apreenderam o que acharam, disseram que iam expor o panfleto numa vitrine do bureau da polícia da fronteira e nos liberaram. Pela atenção de um dos policiais em relação a minha explicação, acho até que ele fuma, pois quase todo mundo fuma haxixe na França. Uma coisa é certa, ele aprendeu direitinho. Eles realmente só engrossaram quando pedi para registrar aquele momento. Mas tudo deu certo no final. A ultima etapa do projeto em andamento foi trazer o haxixe para cá quando voltei da França. Embalei, coloquei na mala e fotografei todo o processo. Fotografei minha paranóia no avião Marseille-Paris-Rio-Recife e a mala chegando aqui. Nenhum problema, só com o lap top que não declarei e tive que pagar mil reais de impostos na alfândega. Bem no começo desta seqüência de fotos, que chamo de ARTRAFFIC, dou um beijo em Marion e, no fim, minha filha Ingà Maria me dá um beijo. É lindo. Tenho vendido bem aqui no Brasil por 10 Euros (o aumento do preço foi em proporção à nóia que fiquei durante a viagem de avião). Fiz uma exposição no Rio de Janeiro na galeria Gentil Carioca e acabei vendendo todo o meu estoque de haxixe. Me comuniquei com alguns amigos na França que me mandaram mais, registraram todo o processo lá e eu também o fiz aqui na chegada no Brasil. Estou com um pouco de medo de levar o material de trabalho. Agora acabo de ser convidado para esta exposição em Weimar, Alemanha, preciso arranjar um jeito de conseguir este trabalho, e levar mais haxixe...”


E aqui o fim do trabalho com a morte do Artraffic:

3 peças de 55cmx35cmx35cm 2005/2010 São três peças que servem de mostruários de jóias/sarcófagos para o colar do Artraffic (composto por linha de algodão, agulha e pedra de haxixe). Cada uma delas têm um pescoço entalhados em madeira que são protegidos por um cubo de vidro. Em cada peça tudo isto repousa numa base de madeira. Em cada uma destas bases um LCD mostra um vídeo. Estes vídeos são três capítulos da história da peça: O primeiro é o guia de instruções Artraffic: instructions guide e pode ser visto no link: https://www.youtube.com/watch?v=hPKwQc1ewaU O segundo são várias viagens da peça pelo mundo. E o terceiro a última viagem na qual o trabalho foi morto: A morte do Artraffic que pode ser visto no link: https://www.youtube.com/watch?v=yGuFjAnX2zU




Varal

2003-2014 Corda, linha e roupas doadas costuradas


Um trabalho que me acompanha, ou melhor, eu o acompanho. Ele parece que tem uma vela para ir onde o vento manda. O Varal é uma intervenção urbana natural para as pessoas que moram no bairro de Santo Amaro, no Recife. Este bairro fica na marginal de uma grande avenida, Agamenon Magalhães, e lá as pessoas se apropriam do espaço urbano para secar as roupas. Vários varais modificam a paisagem urbana com intuito basicamente funcional. A reutilização desta atitude estética despretensiosa dos moradores, dimensionando-a de forma gigantesca num lugar inusitado, é o mote inicial desta obra. Ela já foi apresentada em: Recife, PE (SPA das artes/2003), Olinda, PE (premiada no Arte em toda Parte/2003-04), Rio de Janeiro, RJ (Paço Imperial / 2004), Porquerolles no sul da França (projeto Pernambuco! Art contemporain / culture populaire, ano do Brasil na França / 2005), Parque do Ibirapuera, SP (Rumos / Itaú Cultural – 2006), Vitória do Espírito Santo (premiado no Salão do Mar – 2006), Av. Paulista, SP totalmente clandestino (6 de junho de 2006), Morro Babilônia, RJ (projeto redes da Funarte a da Associação de Moradores da Babilônia, 2006), Weimar, Alemanha (na exposição coletiva “Die Kunst erlöst uns von gar nichts, Künstlerpositionen aus Südamerika”, “A arte não nos libera de absolutamente nada” , jul. – set. 2006), Recife, PE (Instituto Cultural Banco Real jun./2007), Porto, Portugal (resid. Iberê Cam. de Ronald Duarte/Maus Hábitos, 2008) Miami Beach, EUA (Temporary Contemporary Program, Bass Museum, Dez 2012 – Fev 2013) Multitude, Sesc Pompéia, São Paulo, Brasil, 2014. Em todos esses lugares, causou estranhamento no público passante, levando-o a questionamentos muitas vezes restritos ao circuitos de galerias eespaços culturais. A obra e a cidade interagem mais ainda com a coleta de roupas usadas que é feita a partir de uma panfletagem no próprio lugar pedindo doações aos seus habitantes. Esta ação inclui um significado de memória, pois as pessoas geralmente doam roupas que têm um valor especial em sua historia de vida. Todo este processo é registrado em fotos e, às vezes, também em vídeo. Um dos que mais gostei de fazer foi o do morro Babilônia. O morro fica por trás do Bairro do Leme no Rio de Janeiro. Existem outros varais lá. Trabalhei uma semana e os moradores se envolveram no ato de estender roupas numa corda de 170 metros. lourival cuquinha, domingo, 29 de junho de 2008


PS: Queria ainda exemplificar o contato com o público mostrando um caso que achei interessante de uma menina que me enviou um e-mail para falar sobre o varal no Ibirapuera : Dia 22/03/06 e-mail para a exposição Paradoxos/Rumos do Inst. Itaú Cultural Bom Dia Sr. Batista , A sua Arte do Varal que está no córrego sapateiro no Parque do Ibirapuera é muito interessante, mas para quem frequenta o lugar diariamente observa que o varal faz parte da paisagem do parque, pois muitos moradores de rua frequentam na parte da manhã para lavarem as suas roupas, e após isso eles estendem em cima da grama ou em cima de algum brinquedo para secá-las, assim em especial essa obra de Arte para quem é de São Paulo não é novidade, talvez devesse ser colocada em outro local (onde não existe a mesma realidade semelhante??). Atenciosamente Adriana Nolasco Minha resposta: adriana, eu entendo que você pense que a originalidade é o principal na arte contemporânea atual, mas nem sempre é isto que procuramos. O varal já vem de uma apropriação. No Recife nas margens de uma grande avenida, que se chama Agamenon Magalhães, tem uma favela na qual os moradores, provavelmente por não ter espaço para estender roupas em suas casas, usam as árvores que margeiam esta avenida para estender roupas. Como eu passava todos os dias para ir pro meu atelier por lá sempre via esta intervenção urbana funcional, pois eles se utilizavam do espaço público para realmente secar a roupa. Eu pensava em fotografar ou filmar esta intervenção, mas depois comecei a achar que não era isto, mesmo sem saber ainda o que era. Bem rolou um convite da prefeitura do recife pra fazer um trabalho e eu cheguei na ideia, queria estender um varal enorme em cima do rio Capibaribe no centrão do Recife (você pode ver esta ação documentada num vídeo no Itaú cultural durante o período desta exposição do rumos artes visuais). Então o fato desta intervenção estar mais perto do parque Ibirapuera do eu imaginava, pois existem ações parecidas que já acontecem no parque, me deixa bem contente. Pois este trabalho já era uma apropriação de umaação natural no Recife, quando fiz ele na França ou no rio de janeiro, me perguntei bastante sobre o nível de deslocamento que tínhamos quando instalamos nestes lugares e como isto influenciava na significação do trabalho. Mas claro que este é um trabalho que adquire vários significados diferentes dependendo do local em que é colocado e acho isto super saudável para ele. Mas agora que você me disse que ele esta bem mais próximo da realidade do Ibirapuera, acho que ele esta no lugar certo. Originalidade não é tudo, muitas vezes a re-significação de ações corriqueiras e cotidianas são o melhor de um trabalho de arte. Claro que há um potencial alegórico neste trabalho que é o tamanho (60m) dele e sua altura, isto o estetiza um pouco. Mas trabalhar com estes limites é o que eu tentei fazer. Obrigado pela atenção à obra e por se dispor a dar sua opinião. Inté

lourival cuquinha , 16 de julho de 2006.


me, esta foi a peça que mais vendi. Só tinha vendido dois quadros em 1996 por preços ilusórios e agora sou um artista comercial. O engraçado é que varias pessoas compraram para fumar no mesmo momento e outras até emolduraram junto com a xérox do manual de instruções. Dai o projeto tomou corpo. Fiz uma performance na Ecole Superior d'art de Avignon que era fumar um “Colier du Mozambique” e tentei expor na Ecole Superior d'Art de Aix-en-Provence (onde eu fazia uma residência), mas o diretor me disse: "j'ador le travail, mais désolé, ici c'est une école publique" (eu adoro o trabalho, mas désolé, aqui é uma escola pública). Então eu expus outros 7 trabalhos, inclusive um vídeo que se chama "désolé" e escrevi um texto sobre esta situação na parede da galeria: "eu tenho também outro trabalho que se chama, "Le Collier du Mozambique" para expor. Talvez o trabalho mais forte que produzi aqui na França, mas é impossível de mostra-lo, pois aqui é uma escola pública (mesmo que todo mundo fume muitas coisas aqui na França). Bem, é assim mesmo, vou guardar este trabalho para minha exposição no Pompidou". Depois continuei as aventuras. Eu e minha amada Marion, fomos parados na fronteira da Suíça com a França e os policiais encontraram metade do haxixe. Talvez eu fosse deportado e pagasse uma multa, mas tudo se esclareceu quando mostrei o manual de instruções e revelei a arte embutida na atitude (gostei desta expressão). Eles apreenderam o que acharam, disseram que iam expor o panfleto numa vitrine do bureau da polícia da fronteira e nos liberaram. Pela atenção de um dos policiais em relação a minha explicação, acho até que ele fuma, pois quase todo mundo fuma haxixe na França. Uma coisa é certa, ele aprendeu direitinho. Eles realmente só engrossaram quando pedi para registrar aquele momento. Mas tudo deu certo no final. A ultima etapa do projeto em andamento foi trazer o haxixe para cá quando voltei da França. Embalei, coloquei na mala e fotografei todo o processo. Fotografei minha paranóia no avião Marseille-Paris-Rio-Recife e a mala chegando aqui. Nenhum problema, só com o lap top que não declarei e tive que pagar mil reais de impostos na alfândega. Bem no começo desta seqüência de fotos, que chamo de ARTRAFFIC, dou um beijo em Marion e, no fim, minha filha Ingà Maria me dá um beijo. É lindo. Tenho vendido bem aqui no Brasil por 10 Euros (o aumento do preço foi em proporção à nóia que fiquei durante a viagem de avião). Fiz uma exposição no Rio de Janeiro na galeria Gentil Carioca e acabei vendendo todo o meu estoque de haxixe. Me comuniquei com alguns amigos na França que me mandaram mais, registraram todo o processo lá e eu também o fiz aqui na chegada no Brasil. Estou com um pouco de medo de levar o material de trabalho. Agora acabo de ser convidado para esta exposição em Weimar, Alemanha, preciso arranjar um jeito de conseguir este trabalho, e levar mais haxixe...”


Parangolé

2002-2007 Parangolé “Guevaluta Baby” de Hélio Oiticica num cabide cercado por uma cerca de latão eletrocutada. Uma placa avisa do perigo de tocá-la e dentro uma TV mostra o filme “Parangolé”. Filme feito na ocasião do roubo deste parangolé no MAM/RJ em 2002. Ao lado ainda temos uma gaiola também eletrocutada com cópias do filme em DVD vendidos por 500 reais cada, para ressaltar o caráter intocavelmente comercial da obra. O vídeo pode ser visto no link: http://www.youtube.com/watch?v=X_PUA9sjtPE


1° Concurso Mundial do Mickey Feio

Grupo Valdisney, 2002 (MAM-RJ) A idéia era expor vários trabalhos que representassem o Mickey Feio. Divulgamos de varias formas possíveis (internet, panfletos, boca a boca, radio, tv, etc) o regulamento do concursos que era o seguinte: Mande para nos a sua representação do mickey feio. Pedimos que desenhassem, ou representassem de qualquer forma a qualquer mídia (escultura, pintura, vídeo, performance, etc). Mande quantos quiser. Nos numeramos estas obras e expomos, O publico da exposição votou (o critério da votação ficou a cargo dos votantes) O autor do mickey feio mais votado ganhou uma passagem só de ida para Disneylândia, sem direito de vende-la. Recebemos mais de mil Mickeys de varias partes do mundo (Itália, Espanha, etc). Desde musica, luminária, esculturas, gravuras, fotos, vídeos... de várias maneiras foram as expressões dos participantes.


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