revista REVISTA DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE FARMACÊUTICOS MAGISTRAIS - ANO 27 - JANEIRO 2021 - Nº 118
É tempo de mudar A adolescência é um dos períodos mais dinâmicos e transformadores da vida Amadurecer é desafiador e merece os cuidados que só a terapêutica individualizada oferece
V A única plataforma feita sob medida para a prescrição eletrônica magistral
A solução que sua farmácia precisa para dispensação total ou parcial Possui tecnologia inovadora e bloqueia dupla dispensação Fácil utilização e aceita prescrições de todas as plataformas Aglidade, organização e segurança para sua farmácia
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revista
EDITORIAL ESPAÇO DO EMPREENDEDOR
CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO GESTÃO 2018-2019 Presidente: Adolfo Moacir Cabral Filho (SC) Vice-presidentes: Ademir Valério da Silva (SP) e Augusto César Queiroz de Carvalho (PE/AL/PB) Secretário: Carlos Alberto Pinto de Oliveira (DF) Andrea Kamizaki Lima (MG) Claudia Cristina Silva Aguiar (BA/SE) Cybele Moniz Figueira Farias Santos (MT/AC/RO) Denise de Almeida Martins Oliveira (ES) Elpidio Nereu Zanchet (SP) Evandro Tokarski (GO) Gelza Rúbia Rigue De Araújo (RJ) Ivan da Gama Teixeira (ad hoc) José Elizaine Borges (GO/TO) Marcelo Brasil do Couto (PA/AP/AM/MA/RR) Márcia Paula Ribeiro Arão (MS) Marco Antônio Perino (SP) Marina Sayuri Mizutani Hashimoto (PR) Rogério Tokarski (DF) Sílvia Muxfeldt Chagas (RS) DIRETOR EXECUTIVO Marco Fiaschetti
REVISTA ANFARMAG
Rua Vergueiro, 1855 - 12o andar 04101-000 - São Paulo - SP contato@anfarmag.org.br www.anfarmag.org.br 4003-9019 CONSELHO EDITORIAL TÉCNICO Ana Lúcia Povreslo, Ivan da Gama Teixeira e Paula Renata Carazzato CONTATO COMERCIAL Simone Tavares relacionamento@anfarmag.org.br SECRETARIA DE PROJETOS E ESTUDOS Vagner Miguel COORDENADORA DE SERVIÇOS TÉCNICOS Lúcia Gonzaga EQUIPE DE FARMACÊUTICOS Jaqueline Watanabe, Luciane Bresciani, Tatiane Berbert e Valéria Faggion GERENTE DE COMUNICAÇÃO E MARKETING Taís Ahouagi
REPORTAGEM E REDAÇÃO Jáder Theóphilo, Luiz Otávio Pires, Patrícia Prado, Raquel Ayres, Silvânia Arriel REVISÃO Melissa Marques
ARTE E DIAGRAMAÇÃO Caio Cesar FOTOS Shutterstock.com e Divulgação IMAGEM DA CAPA: Shutterstock IMPRESSÃO: Meltingcolor Revista da Associação Nacional de Farmacêuticos Magistrais (Anfarmag) destinada aos farmacêuticos magistrais, dirigentes e funcionários de farmácias de manipulação e de laboratórios; prestadores de serviços e fornecedores do segmento; médicos e outros profissionais de saúde; entidades de classe de todo o território nacional; parlamentares e autoridades da área de saúde dos governos federal, estadual e municipal.
Adolfo Cabral Filho Presidente do Conselho de Administração da Anfarmag
Ninguém cresce da mesma forma Todo desafio vencido na adolescência tem peso importante na vida adulta, da mesma forma que quando não é superado causa um grande desconforto e pode deixar marcas. A transição da infância para a vida adulta é marcada por tantas transformações, que a experiência de cada adolescente é sempre única. Esse fenômeno é tão complexo que é considerado biopsicossocial. Ou seja, é preciso olhar para o indivíduo como um todo: as mudanças fisiológicas, o amadurecimento psíquico, o entendimento de si mesmo, as relações sociais e afetivas que cria e mantém, as decisões que tomará nesse período e terão desdobramentos, como a escolha da profissão, entre tantos outros fatores. Nós, como profissionais da saúde, precisamos entender nosso papel como facilitadores dessas transformações. Se a adolescência é sempre particular, a terapia individualizada também tem sempre lugar. Na farmácia magistral, podemos contribuir de forma transdisciplinar com inúmeros profissionais que acompanham os adolescente, seja com formulações que contribuam para o equilíbrio da pele e cabelos – e consequentemente para a autoestima desse indivíduo em formação –, seja com tratamentos auxiliares para higiene ou mesmo na prevenção e no tratamento de dores e desconfortos trazidos pela vida adulta que se anuncia.
Artigos assinados não refletem necessariamente a opinião da Anfarmag. A revista não se responsabiliza pelo conteúdo dos artigos assinados. É PERMITIDA A REPRODUÇÃO PARCIAL DO CONTEÚDO DA REVISTA, DESDE QUE CITADA A FONTE.
Periocidade: Quadrimestral Circulação: Nacional Tiragem: 7.000 exemplares Distribuição dirigida
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22 03 Editorial 10
Nutrição
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Esporte
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Saúde
46 Sexualidade
De bem com a saúde sexual
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Encarte técnico
Comer para crescer Atletas em formação
• Água purificada • Formas farmacêuticas de uso vaginal • Acne vulgaris • Antimicrobianos • Qualificação de equipamentos • Géis • Arquivamento de documentos • Preparação de xampus • Melhora contínua dos processos de manipulação
Está na cara
22 Suor
Alívio para o pinga-pinga
Incômoda e desagradável
Marcas evitáveis do amadurecimento
26 Seborreia 30 Foliculite 34
Odontologia
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Psiquiatria
Boca rebelde?
Transtornos psicológicos na adolescência
42 Neurologia
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Cuidar antes de se tornar crônica
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62 Fluxograma
Melhoria contínua dos processos de manipulação
20.JAN.2021
EDIÇÃO ESPECIAL
DIA DO FARMACÊUTICO
INSCREVA-SE
CURSO 2 - TARDE Preparações sólidas diferenciadas: farmacotécnica e dicas práticas
Inscreva-se em: euvou.net.br/arenamagistral/home
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CURSO 1 - MANHÃ Prescrição farmacêutica magistral com base segura e aplicações práticas
ARENA MAGISTRAL: CONHECIMENTO, NEGÓCIOS E RELACIONAMENTO
Setor magistral recebe grande evento online no Dia do Farmacêutico
O ano de 2021 começa com um super lançamento. No Dia do Farmacêutico, 20 de janeiro, a Anfarmag realiza a edição especial da Arena Magistral – um grande evento online exclusivo para o setor de serviços, produtos e medicamentos manipulados. As inscrições podem ser realizadas online (www.euvou.net.br/arenamagistral) e têm condições especiais para associados e para os participantes do primeiro lote (preço promocional até 8 de janeiro). Depois de meses marcados pelo distanciamento social, todos estão sentindo falta do clima contagiante dos eventos presenciais, da interação com os expositores, com os colegas farmacêuticos e do dinamismo da troca de conhecimento. “É exatamente esse clima que a Arena Magistral trará para os colegas do no setor, ainda que por enquanto se mantenha online para a segurança de todos”, conta o diretor executivo da Anfarmag, Marco Fiaschetti. “Nós preparamos uma plataforma totalmente interativa, que simula o ambiente real dos eventos que todos gostamos de frequentar e traz recursos para que os participantes tenham uma experiência memorável”. A Arena Magistral foi criada em 2020 para levar conteúdo de alto nível ao segmento, passando por diversos aprimoramentos e, neste novo ano, passa a ser realizada em parceria com o Grupo Francal – que tem sólida experiência na montagem de eventos de todos os portes –, se tornando uma plataforma robusta de conteúdo, conhecimento, networking e negócios. Nesta edição, serão realizadas diversas atividades com conteúdo técnico-farmacêutico, comercial e focado no negócio da farmácia magistral. Além disso, será possível interagir com os patrocinadores e realizar boas negociações. “O mundo todo está apreensivo quanto ao que esperar da economia neste novo ano, mas na Anfarmag acreditamos que somos nós, os empreendedores e profissionais, que construímos o nosso amanhã. Por isso vamos começar o ano pautando temas estratégicos para todos aqueles que esperam ter um ano de sucesso”, afirma Fiaschetti. A programação prévia do evento já está no site e segue sendo atualizada com novidades. Confira a seguir algumas das atrações já confirmadas.
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JÁ ESTÃO CONFIRMADOS PRÉ-LANÇAMENTO: Nova estratégia e campanha de comunicação com o consumidor final para o aumento do market share do setor magistral e dos resultados da sua farmácia CURSO: Prescrição farmacêutica magistral com base segura e aplicações práticas Ministrante: Laryssa K. Raul Zawadzki CURSO: Preparações sólidas diferenciadas: farmacotécnica e dicas práticas Ministrante: Ivan da Gama Teixeira SALA IBERO - TALK SHOW: Fitoterápicos não são iguais Ministrante: Daniel Vaz Palmeira SALA DELL - TALK SHOW: Mercado magistral 2021: projeções, tendências e análises Ministrante: Marco Antônio Fiaschetti SALA ANFARMAG – TALK SHOW: Sucessão familiar na farmácia magistral Ministrante: Sheila Madrid Saad SALA ANFARMAG - TALK SHOW: Prescrição eletrônica: o que só o Valida Magistral faz pela sua farmácia Ministrante: Vagner Miguel
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NUTRIÇÃO
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ESPAÇO DO EMPREENDEDOR
Comer para
crescer Como lidar com as mudanças fisiológicas relacionadas à puberdade em meio a alterações das necessidades nutricionais.
A adolescência é um período de crescimento intenso. Momento de amplo desenvolvimento físico, mental, emocional, sexual e social. É na adolescência que se adquire 20% da estatura final e 50% da massa corporal do adulto. Já a massa óssea aumenta em 45% e ocorre importante remodelamento ósseo. Além disso, vários tecidos e órgãos aumentam, assim como a massa eritrocitária. Por isso, um componente essencial nessa etapa da vida é a alimentação. De acordo com a nutricionista Renata Carrano, que atua em São Paulo (SP), as necessidades diárias da maioria dos minerais duplicam-se durante a adolescência, principalmente em relação ao cálcio, ferro e zinco. Além disso, ela destaca que dietas restritivas e competições esportivas influenciam a mineralização óssea, causando osteopenia, osteoporose, amenorreia e atraso puberal. Do total de cálcio corporal, 97% estão contidos na massa esquelética, e essa proporção aumenta drasticamente durante o estirão puberal, quando o depósito diário de cálcio é quase o dobro do incremento médio para todo o período de crescimento, sendo ainda maior para os rapazes. “O conteúdo de cálcio é dependente da estatura e, portanto, um adolescente alto no percentil 95 pode necessitar de 36% mais cálcio que um adolescente baixo e no percentil 5”, ressalta. Já no sexo feminino, Renata afirma que essa diferença é de cerca de 20% entre mulheres mais
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NUTRIÇÃO
altas e mais baixas, e que aproximadamente 20% a 30% do cálcio ingerido é absorvido, por isso a recomendação de ingestão diária desse mineral depende das necessidades de cada adolescente. Carrano pontua que a falta de zinco tem sido associada a um retardo no crescimento, bem como ao hipogonadismo, à diminuição da sensação do paladar e à queda de cabelos em adolescentes com anorexia, bem como em atletas e gestantes. A necessidade de suplementação dos minerais dependerá da variedade e da qualidade da dieta, principalmente durante o estirão puberal. As necessidades vitamínicas estão ampliadas na puberdade devido ao aumento do anabolismo e do gasto energético. Outros fatores também contribuem para esse aumento, como atividade física, gravidez, contracepção oral e doenças crônicas. O aumento da necessidade das vitaminas A, C e D e do complexo B é progressivamente maior durante o estirão puberal, com as diferenciações celulares e a mineralização óssea. A suplementação com ácido fólico, 400mcg/ dia, pode ser prescrita de rotina para adolescentes sexualmente ativas ou grávidas e de baixo nível socioeconômico. Deficiências vitamínicas são mais frequentes em adolescentes que não têm o hábito da ingestão diária de frutas, vegetais, leite ou cereais. Cada indivíduo, influenciado por fatores genéticos, hormonais e ambientais, apresenta um ritmo de crescimento diferente e vivencia essas transformações biopsicossociais de maneiras diversas. De acordo com a nutricionista Luana Alves, de Belo Horizonte (MG), a carência de macronutrientes e de micronutrientes pode provocar alterações no desenvolvimento. “Deficiências nutricionais causadas por um consumo energético reduzido ou por um excesso de alimentos pobres em nutrientes podem provocar prejuízos nessa fase, como retardo no crescimento e na maturação óssea, atraso na menstruação e na maturação dos órgãos sexuais”, afirma. Por outro lado, somada aos inúmeros processos acontecendo, a maturação sexual é um dos fatores que pode gerar alterações na composição corporal, acarretando maior anabolismo e aumento de apetite. O cuidado deve ser na escolha dos alimentos para garantir a qualidade dos nutrientes disponíveis ao organismo. O ajuste da alimentação nessa fase é fundamental para prevenir doenças futuras. A alimentação inadequada está relacionada à maior propensão para diabetes tipo 2, dislipidemias e hipertensão arterial, que são cada vez mais comuns nessa faixa etária e elevam o risco de eventos cardiovasculares no futuro. “É durante essa etapa que se inicia a prevenção das principais situações de risco nutricional: desnutrição crônica, anorexia, bulimia, anemia, osteopenia, obesidade, aterosclerose, gravidez e lactação”, complementa Carrano. 12
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Desnutrição O diagnóstico de desnutrição é mais provável em adolescentes baixos, com atraso puberal e alimentação deficiente. Nesses casos são necessárias intervenções clínicas e nutricionais para a melhoria do padrão alimentar, assim como um ambiente de cuidados e de novas conexões afetivas e sociais, em ações de prevenção e de educação em saúde. Uma vez comprovada a deficiência de um nutriente, o aumento da sua ingestão pode ser feito por meio da alimentação habitual e com auxílio de suplementos. “O uso de suplementos deve ser avaliado individualmente”, comenta a nutricionista Luana Alves. A nutricionista Renata Carrano aponta que deve-se levar em conta as diferenças entre os sexos. De acordo com ela, nas meninas, a aceleração do crescimento se inicia dois anos antes em relação aos meninos, havendo término do crescimento igualmente mais precoce e com menor amplitude. Os incrementos no sexo feminino se fazem mais à custa de gordura e, no masculino, de massa muscular, o que se reflete de maneira diversa sobre as necessidades nutricionais. Principalmente durante o estirão, é necessário, para os garotos, maior aporte proteico e energético, bem como mais ferro por quilograma do que no caso feminino. No término do crescimento, explica Carrano, há duas vezes mais gordura e apenas dois terços de massa muscular presentes no sexo feminino em relação ao masculino.
ESPAÇO DO EMPREENDEDOR
Anemia O desenvolvimento de anemia é um dos problemas mais frequentes na adolescência, sendo a mais comum a ferropênica. A necessidade de ferro aumenta com o crescimento da massa muscular, do volume sanguíneo e da capacidade respiratória, além das perdas menstruais e do aumento de exercícios. “O conteúdo de ferro da alimentação é também bastante variável, de 4mg/kcal a 6mg/kcal. Portanto, adolescentes que têm hábitos alimentares deficientes não conseguirão receber o total das necessidades de ferro durante o estirão puberal e o início das menstruações, calculadas em torno de 15mg a 18mg diárias”, explica Renata Carrano. Além da carência de ferro, nessa fase pode-se também encontrar anemia por deficiência de folato ou vitamina B12. É sempre importante investigar a causa para entender se se trata de uma questão nutricional ou se é uma
manifestação de outra doença subjacente. A anemia pode ser definida como a taxa de hemoglobina menor que 11,6 g/dl, ou de hematócritos menor que 35%. “Sintomas como cansaço, sonolência, tonturas, cefaleias e queda do rendimento escolar podem passar despercebidos até o agravamento da anemia”, revela Carrano. Porém, com acompanhamento o tratamento pode ser realizado com sucesso. “O tratamento consiste na orientação nutricional com alimentos que contenham ferro, principalmente com o radical heme, e com suplementação medicamentosa de ferro associada a uma fonte de vitamina C para melhor absorção”. “No caso de uma anemia ferropênica já instalada, a suplementação de ferro é fundamental, porém devemos ficar atentos a outros nutrientes que também estão relacionados ao metabolismo do ferro, como magnésio, zinco, vitamina A e vitamina C”, diz Luana Alves.
O QUE FORMULAR? Ferro (quelato)*.................................................................................................................................20mg Vitamina C revestida......................................................................................................................100mg Excipiente qsp...........................................................................................................................1 cápsula * Aplicar fator de correção em relação ao teor do ferro elementar, de acordo com o laudo de análise. Posologia: a critério do profissional habilitado, tomar 1 cápsula via oral ao dia. Atentar paraos valores de IDR (Ingestão diária recomendada) e UL (Tolerable Upper Intake Level) relacionados a cada faixa etária. De acordo com o acompanhamento nutricional, avaliar a dose mais adequada de uso de acordo com a idade do paciente. A administração de ferro por períodos maiores que 6 meses deve ser evitada. Indicações: anemia ferropriva, anemias carenciais, deficiência do micronutriente ferro. Associado à vitamina C, o ferro tem maior poder de absorção, devido ao pH ácido. Deve-se iniciar o tratamento com pequenas doses, a fim de amenizar os efeitos colaterais (náuseas, vômitos, cólicas intestinais, diarreias ou constipação). Fontes: 1. Batistuzzo, J. A. O; Itaya, M.;Eto, Y. Formulário Médico Farmacêutico, 5ª ed. São Paulo: Atheneu, 2015. 2. Ruiz, K. Nutracêuticos na Prática – Terapias Baseadas em Evidências, 2º edição. São Paulo: Medfarma, 2017. 3. BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Instrução Normativa nº 28, de 26 de julho de 2018. Estabelece as listas de constituintes, de limites de uso, de alegações e de rotulagem complementar dos suplementos alimentares. 4. Duarte APG, Abuassi C. Abordagem do adolescente com anemia. Adolesc. Saúde. 2009;6(3): 41-46.
Saiba mais on-line: Encontre sugestões de formulações, dicas farmacotécnicas e especificações farmacopeicas dos insumos citados neste texto em www.anfarmag.org.br/revistas-anfarmag > Conteúdo on-line N 1 1 8 - J A N E I R O 2 0 2 1 13
ESPORTE VETERINÁRIA
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ESPAÇO DO EMPREENDEDOR
Atletas em formação Suplementação esportiva na adolescência merece atenção especial
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Além das mudanças já esperadas na adolescência, muitos adolescentes despertam o interesse pelos exercícios físicos e seu potencial de transformação da forma física. Também é uma fase em que muitos jovens começam a praticar esportes visando a competições. Alguns, porém, esperando melhorar o desempenho rapidamente, fazem uso de suplementos por conta própria, sem a orientação de um profissional de saúde habilitado. Segundo estudo da Academia Americana de Pediatria, os suplementos mais abusados são cafeína, creatina e proteínas. Quando o indivíduo pratica atividades físicas intensas nessa etapa crucial do desenvolvimento, o acompanhamento nutricional passa a ser indispensável. O médico do esporte ou nutricionista verifica o histórico do paciente, seus hábitos alimentares e comportamentais, seu gasto energético, se sua prática de exercícios é profissional ou não, e quais são suas necessidades específicas de nutrientes. Somente a partir dessa avaliação é possível fazer ajustes na dieta e, se for o caso, determinar a real necessidade de uso de suplementos. O objetivo desse acompanhamento é garantir que a prática intensa de exercícios não prejudique os processos naturais dessa fase, mantendo a imunidade, o crescimento e o desenvolvimento esperados, como explica o médico e coordenador da pós-graduação de Nutrologia do Hospital Israelista Albert Einstein, Guilherme Giorelli. “Temos de lembrar que adolescentes são pessoas em formação, o organismo ainda não está totalmente maduro. Por isso, nutrientes não podem ser pensados apenas na performance esportiva, é fundamental que sobre energia para o desenvolvimento de todos os órgãos”, diz. “Nenhum suplemento é recomendado de forma rotineira, apenas após a constatação de uma necessidade específica”. Para a nutricionista Vanderli Marchiori, conselheira da Associação Brasileira de Nutrição Esportiva, o principal 16
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papel do suplemento nutricional é complementar o consumo de nutrientes que o atleta não consegue consumir via alimentar, seja por demandar mais de 5.000 calorias por dia, seja por precisar de módulos específicos de nutrientes isolados. Ela explica que é diferenciada a suplementação entre homens e mulheres, e entre diferentes modalidades e idades. “Não podemos comparar um triatleta de 52 anos e uma jogadora de tênis em duplas de 17 como se ambos tivessem o mesmo desgaste e necessidade”, exemplifica. De acordo com a profissional, “o que mais se observa em consultório é a deficiência de vitaminas e minerais por baixo consumo de vegetais. Dependendo da camada sociocultural, observa-se também a deficiência de proteínas, pois é o item mais caro de todos os cardápios. Excesso de gorduras também é comum. A suplementação depende de qual é a necessidade de melhorar a performance física: depende do consumo alimentar e da qualidade e do número de horas de sono. No geral, o atleta adolescente precisa de polivitamínicos, vitaminas isoladas e, dependendo da atividade física, proteína de leite ou similar”. Para atletas de alto rendimento que treinam de 4 a 6 horas por dia, Vanderli recomenda o uso de carboidratos e proteínas e de combinados de recuperação pós-treino. Para retardar a fadiga, a nutricionista utiliza suplementos com ferro, vitamina B12 e vitamina D. Já o whey protein é rico em aminoácidos essenciais, especialmente a leucina, que tem grande taxa de absorção e pode ser usado após a avaliação do consumo total de proteínas por dia, ajustando-se ao peso do paciente. Tanto a nutricionista quanto o médico Gustavo Giorelli lançam mão dos produtos manipulados para ajustar doses e composições de forma individual e para associar substâncias para diminuir o número de suplementos utilizados. “As duas ações aumentam a adesão do paciente ao tratamento”, afirma Giorelli.
ESPAÇO DO EMPREENDEDOR
O QUE FORMULAR? Nutriente
Limite máximo diário recomendado como suplemento alimentar (9 a 18 anos)
Cálcio elementar
2.517,00 mg
Ferro elementar
29 mg
Magnésio elementar
350mg
Vitamina B1 (Tiamina)
2,14mg
Vitamina B2 (Riboflavina)
2,82mg
Vitamina B3 (Niacina)
20mg
Vitamina B6 (Piridoxina)
58,63mg
Vitamina B12 (Cobalamina)
9,64 microgramas
Vitamina C (ácido ascórbico)
1.126,00 mg
Vitamina D (colecalciferol)
2000 UI
Vitamina E (tocoferol)
600mg
Zinco
12,77mg
O profissional habilitado pode considerar esses valores de limites máximos diários na hora da prescrição, de acordo com as necessidades e carências nutricionais de cada paciente. Pode considerar também como referência os valores de IDR (ingestão diária recomendada) e UL (Tolerable Upper Intake Level). Fonte: 1. BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Instrução Normativa nº 28, de 26 de julho de 2018. Estabelece as listas de constituintes, de limites de uso, de alegações e de rotulagem complementar dos suplementos alimentares.
Saiba mais on-line: Encontre sugestões de formulações e dicas farmacotécnicas em www.anfarmag.org.br/revistas-anfarmag > Conteúdo on-line. Consulte especificações farmacopeicas dos insumos citados neste artigo no conteúdo on-line. N 1 1 8 - J A N E I R O 2 0 2 1 17
SAÚDE
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Está na cara Cuidados com acnes e espinhas podem descomplicar a fase da puberdade.
A acne é um dos principais pesadelos dos adolescentes, que, de uma hora para a outra, ficam com os rostos cobertos por espinhas e cravos. Trata-se de uma doença inflamatória crônica comum nos folículos pilossebáceos, causando lesões inflamadas, pápulas, pústulas, nódulos e cistos, e lesões não inflamadas − os comedões. De acordo com a dermatologista Ana Vitoria Ribeiro Perecini, que atua em Belo Horizonte (MG), essa característica na pele surge geralmente na adolescência pelo estímulo androgênico nas glândulas, atingindo cerca de 80% da população, com pico entre 11 e 24 anos. A fisiopatologia da acne inclui interação entre hiperprodução de sebo glandular, hiperqueratinização folicular, colonização bacteriana e liberação de mediadores inflamatórios no folículo e na derme adjacente. Os hormônios androgênicos (masculinos) estão diretamente ligados ao estímulo das glândulas sebáceas. Daí um dos motivos de a acne ser mais predominante no sexo masculino. Segundo Betina Stefanello, dermatologista da Sociedade Brasileira de Dermatologia, as causas da acne estão relacionadas a alterações hormonais, fatores genéticos, ação e proliferação de bactérias e aumento da atividade de glândulas sebáceas. Além disso, outras causas podem desencadear ou agravar a acne, como uso de anabolizantes, vitaminas, corticosteroides e outros medicamentos. “O processo começa quando um poro da pele, formado por um pelo e uma glândula sebácea, é bloqueado pelo excesso de óleo e células mortas. Quando esses poros bloqueados inflamam, surgem as espinhas”, explica. Existem hábitos diários que propiciam o surgimento da acne. Higiene inadequada das mãos, por exemplo, pode levar bactérias para o rosto e contribuir para a obstrução dos poros. Além disso, a médica destaca que esfregar a pele com força na hora da limpeza pode fazer com que pequenos machucados surjam e facilitar a entrada de micro-organismos. Até mesmo o acúmulo de produtos antiacne, como secativos, pode causar um machucado e ocasionar uma cicatriz. O uso de produtos oleosos e inadequados ao tipo de pele também pode estimular a produção de sebo. Por isso, é fundamental que a escolha dos produtos seja feita de forma personalizada, adequando a formulação manipulada para as características de cada um.
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SAÚDE NUTRIÇÃO Nos adolescentes, os fatores comportamentais se somam à influência dos hormônios, que causa a hiperprodução de sebo, e a outros fatores que implicam a patogênese da acne, como explica Ana Perecini: “Há também alteração da qualidade do sebo produzido, hiperqueratinização folicular (formação de comedão), colonização bacteriana do folículo por Propionibacterium acnes (P. Acnes) e inflamação folicular e dérmica subjacente”. Existem diversas maneiras de lidar com essa doença tão comum, e o ideal é que o tratamento seja individualizado, com formulações manipuladas. “É importante tanto para eliminar as lesões que já incomodam quanto para prevenir cicatrizes físicas e emocionais”, enfatiza Stefanello. A dermatologista Ana Perecini conta que o primeiro passo é definir a doença que acomete o paciente, e o grau. Além disso, é importante avaliar hábitos de vida, alimentação, cuidados de higiene, uso de produtos adequados e se o paciente está disposto a fazer o tratamento. Também é necessário orientar a rotina de cuidados com a pele. Em caso de pele oleosa, por exemplo, ela indica o uso de produtos oil free ou antioleosidade. “É importante manter a hidratação da pele para não alterar o microbioma e permitir boa adaptação ao tratamento, mantendo a barreira de proteção íntegra. Deve-se corrigir defeitos de queratinização folicular, diminuir a atividade de glândulas sebáceas, eliminar a bactéria causadora da acne (Propionibacterium acnes) e reduzir o processo inflamatório”, explica. Tratamentos Segundo a médica Ana Perecini, há uma tendência atual a utilizar antibiótico somente em casos de exacerbação de lesões inflamatórias e pustulosas importantes, para evitar resistência bacteriana e não modificar muito o microbioma. Para acne graus 1 e 2, normalmente o tratamento é apenas tópico, à exceção para casos refratários. Adolescentes com grau 3 e 4 têm indicação de tratamento oral (como antibióticos cloridrato de tetraciclina, minociclina, doxiciclina ou azitromicina por 8 a 12 semanas) aliado ao tratamento tópico. O tratamento pode incluir o uso de ceratolíticos, antimicrobianos e anti-inflamatórios. São exemplos de substâncias utilizadas: a forma tópica de ácido retinoico, adapaleno, peróxido de benzoila, ácido azelaico, eritromicina e clindamicina. Entre os cosmecêuticos, destacam-se os reguladores de oleosidade e agentes adstringentes, como extratos de hamamelis e própolis, e agentes matificantes (sílicas) e umectantes, como lactatos e ácido hialurônico. Entre as diversas vantagens da manipulação de fórmulas na dermatologia está a escolha de veículos adequados para cada pele, a exemplo dos géis para peles oleosas e emulsões oil free, com emolientes não comedogênicos para as peles acneicas desidratadas. 20
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Tratamentos tópicos • Agentes de limpeza: para remoção do sebo, não se deve exagerar, pois podem exacerbar a acne. Usar desengordurantes leves e não alcóolicos. São úteis os agentes com peróxido de benzoíla pois controlam a acne leve com seborreia. • Retinoides: de primeira linha, inibem formação e reduzem o número de microcomedões; normalizam descamação do epitélio folicular e melhoram penetração de drogas; são anti-inflamatórios. Úteis em todas as formas de acne, porém seus efeitos adversos podem limitar o uso: eritema, descamação e ardor, que podem ser controlados com hidratação; interessante uso na manutenção para evitar recorrência. Proibido uso na gravidez e na amamentação. O ácido retinoico pode causar malformação no feto e afetar o desenvolvimento do bebê. • Peróxido de benzoíla: diminui população do C. acnes (bacteriostático), reduz formação de comedões e é anti-inflamatório.. Sem relato de resistência bacteriana. • Antibiótico tópico: eritromicina (2% e 4%); clindamicina (1% e 2%) em solução e gel. Age nas lesões inflamatórias. Uso por 6 a 8 semanas. • Ácido azelaico: indicado para acne papulopustulosa leve a moderada e na manutenção; é comedolítico e com efeito clareador leve. • Ácido salicílico: comedolítico. Usado em agentes de limpeza e hidratantes.
ESPAÇO DO EMPREENDEDOR
O QUE FORMULAR? Peróxido de benzoíla...............................................................................................................2,5% a 5% Fosfato de clindamicina..............................................................................................................1% a 2% Gel não-iônico qsp..............................................................................................................................30g *Clindamicina: usada na forma de fosfato de clindamicina, em concentrações equivalentes à base (Fator de equivalência 1,19). Produto controlado pelo SNGPC (antimicrobiano). Posologia: a critério médico, aplicar fina camada à noite nas lesões. Ao acordar, lavar e fazer uso de fotoprotetor (UVA+UVB) não apenas na lesão, como em toda a área adjacente. O tempo de tratamento deve ser estipulado pelo médico prescritor. Uso tópico e adulto. Não indicado para gestantes. Indicação: acne de acordo com avaliação médica. Fontes: 1. Batistuzzo, J. A. O; Itaya, M.; Eto, Y. Formulário Médico Farmacêutico, 5ª ed. São Paulo: Atheneu, 2015. 2. Ribeiro, Claudio. Cosmetologia aplica a dermoestética, 2ª edição. São Paulo: Pharmabooks, 2010. 3. Small, R. et al. Guia Prático: Peeling Químicos, Midrodermoabrasão & Produtos tópicos. Dilivros: Rio de Janeiro, 2014.
O tratamento médico da acne deve ser personalizado de acordo com o grau da lesão apresentada.
Acne grau I (comedonal)
Apresenta apenas comedões fechados e abertos; acne não inflamatória.
Acne grau II (suave)
Presença de poucas ou várias pápulas e pústulas, além dos comedões, mas não se observa nódulos.
Acne grau III (moderada)
Presença de várias a muitas pápulas e pústulas, com nódulos e cistos.
Acne grau IV (severa)
Presença de pápulas e pústulas numerosas ou extensivas, muitos nódulos inflamatórios e formação de abscessos e fistulas.
Acne grau V (fulminante)
É uma forma rara e grave da acne, na qual ocorre instalação abrupta acompanhada de manifestações sistêmicas como febre, leucocitose e artralgia.
Fontes: 1. Small, R. et al. Guia Prático: Peeling Químicos, Midrodermoabrasão & Produtos tópicos. Dilivros: Rio de Janeiro, 2014. 2. Souza, M.V.M.; Junior, D. A. Ativos dermatológicos e nutracêutico – 9 volumes. São Paulo: Daniel Antunes Junior, 2016. 3. Carvalho. W. et al. Cosmetologia Aplicada à Estética. Editora Farmacêutica: São Paulo, 2019.
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SUOR
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ESPAÇO DO EMPREENDEDOR
AlĂvio para o pinga-pinga Produtos manipulados potencializam efeitos positivos do tratamento de hiperidrose e bromidrose
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SAÚDE MENTAL SUOR NUTRIÇÃO
“Suar em bicas”. A expressão popular que se refere ao suor e parece exagerada é uma realidade incômoda que atinge de 2% a 3% da população, de acordo com a Sociedade Brasileira de Dermatologia. Marcada pela sudorese excessiva mesmo sem a presença de fatores desencadeantes como calor ou estresse, a hiperidrose é caracterizada pelo hiperfuncionamento das glândulas sudoríparas e surge, com frequência, na adolescência, devido à intensidade das alterações hormonais. Em seu estágio classificado como primário, a condição afeta mãos, pés, axilas, cabeça e rosto. Na forma secundária, surge por fatores como o hipertireoidismo, obesidade ou efeito colateral de alguma medicação. “Nessa forma, a sudorese pode ser generalizada. A hiperidrose, principalmente para adolescentes, acarreta constrangimento social, uma vez que o suor excessivo se apresenta em situações cotidianas e o adolescente passa a sentir medo”, avalia a dermatologista e cirurgiã que atua em São Paulo (SP), Fernanda Bombonatti. Ela explica que o aumento da temperatura ambiente, febre e a ingestão de alimentos condimentados podem acentuar o quadro. Em casos mais graves pode ocorrer o gotejamento espontâneo da região afetada, o que faz com que a pele fique macerada ou fissurada. De acordo com a especialista, para um tratamento 24
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efetivo é necessário, primeiramente, determinar a causa da hiperidrose, pois caso seja manifestada em estado primário, deve-se investigar uma possível patologia associada. “O tratamento mais comum é tópico, com aplicação de antitranspirantes à base de sais de alumínio. Em alguns casos, o tratamento também poder ser sistêmico, com o uso de drogas anticolinérgicas que impedem a estimulação das glândulas sudoríparas, mas devido aos efeitos colaterais, essa opção é muito pouco prescrita”, explica Fernanda. Segundo a dermatologista, os produtos manipulados oferecem a vantagem de combinar ativos, potencializando o benefício ao paciente. “Associar irgasan e alantoína à fórmula de cloridrato de alumínio – torna o produto menos irritante à pele e trata a bromidrose (ver quadro). Quando prescrevemos manipulados e conseguimos personalizar a dose dos ativos, a obstrução das glândulas sudoríparas se torna maior e melhora o controle clínico da condição”, explica Fernanda. De acordo com o biomédico e fisioterapeuta Thiago Martins, que atua em Belo Horizonte (MG), produtos manipulados eventualmente combinados com outras técnicas recomendadas pelo profissional habilitado são benéficos para os adolescentes. “Podem ser utilizadas pomadas, cremes e desodorantes antitranspirantes aplicados diretamente no local do suor em excesso.”
ESPAÇO DO EMPREENDEDOR Podem, por exemplo, ser prescritas soluções e cremes antiperspirantes contendo sais de alumínio associados a agentes bacteriostáticos como o irgasan e agentes calmantes (alantoína, extrato glicólico de camomila). No caso da hiperidose plantar, uma boa alternativa é optar pela forma de talco. Também é possível criar formulações antiperspirantes aluminium free contendo óleo de melaleuca e inibidores enzimáticos das bactérias. Bromidose O suor eliminado pelos poros é constituído basicamente por água e alguns sais que não se decompõem, por isso praticamente não exalam cheiro. Mas nas axilas, genitais e couro cabeludo há as glândulas sudoríparas apócrinas, que liberam também restos celulares e do metabolismo e podem produzir odores desagradáveis quando expostos à ação das bactérias e fungos em ambientes em que ocorram calor, umidade e falta de luz. A exacerbação dessa característica é chamada de bromidrose.
O QUE FORMULAR? Cloridrato de alumínio*...............................................................................................................5% a 7% Irgasan**...........................................................................................................................................0,5% Alantoína..........................................................................................................................................0,5% Álcool 70% qsp...............................................................................................................................100ml Dispensar em frasco spray. *Sais de alumínio na forma de cloridrato e sesquicloridrato (menos irritante) são normalmente utilizados no controle da transpiração, com propriedades adstringentes e bactericidas. Essas substâncias fecham os poros, reduzindo a produção de suor. **Irgasan (triclosan) é um bacteriostático de amplo espectro, que pode auxiliar nos cuidados da hiperidrose axilar e bromidrose. Posologia: a critério do profissional habilitado, aplicar após o banho nas axilas, 1 vez ao dia, e quando necessário. O tempo de uso deve ser estipulado pelo prescritor, normalmente até a melhora dos sintomas. Depois, descontinuar o uso. Uso adulto e tópico. Indicação: solução antiperspirante propileno free, com cloridrato de alumínio, alantoína e irgasan. Fontes: 1. Batistuzzo, J. A. O; Itaya, M.; Eto, Y. Formulário Médico Farmacêutico, 5ª ed. São Paulo: Atheneu, 2015. 2. Associação Nacional de Farmacêuticos Magistrais. Revista Anfarmag – 2014 – JUL/AGO/SET- Nº 102. 3. Ribeiro, Claudio. Cosmetologia aplicada a dermoestética, 2ª edição. São Paulo: Pharmabooks, 2010. 4. Souza, M.V.M.; Junior, D. A. Ativos dermatológicos: dermocosméticos e nutracêuticos – 9 volumes. São Paulo: Daniel Antunes Junior, 2016.
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SEBORREIA
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INCÔMODA E DESAGRADÁVEL Formulações manipuladas aliviam desconfortos da dermatite seborreica
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SAÚDE MENTAL SEBORREIA NUTRIÇÃO
Lesões no rosto, na região paranasal e intrassobrancelhas, com um pouco de ardência e inflamação. Em outras regiões da pele, um certo incômodo que aparenta placas avermelhadas e descamativas com ardência. Quando, junto a esses sinais, o couro cabeludo apresenta placas aderentes de descamação, é bom acender o alerta: pode ser dermatite seborreica. “A dermatite seborreica é uma inflamação de pele que não tem um agente implicado, como fungo, e costuma aparecer no couro cabeludo e no rosto, manifestando-se, principalmente, como uma área avermelhada. A condição também pode aparecer no colo e em áreas que têm concentração maior de glândulas sebáceas”, explica a dermatologista com atuação em São Paulo (SP), Denise Steiner. As lesões dessa condição são maculopapulosas, eritematosas ou amareladas e sem brilho, delimitadas e recobertas por escamas de aspecto gorduroso que se distribuem pelas áreas seborreicas, principalmente no couro cabeludo, sobrancelhas, barba, perto do nariz, atrás e dentro das orelhas, no peito, nas costas e nas dobras de pele. Além de manchas descamativas e vermelhas na pele, a dermatite seborreica pode causar a caspa (Pitiríase capitis), caracterizada por lesões avermelhadas com descamação e coceira. Segundo Denise Steiner, a dermatite seborreica pode aparecer em várias fases da vida, mas a atividade exagerada das glândulas sebáceas é um desencadeador da dermatite seborreica, que não costuma aparecer antes da puberdade e
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se mostra prevalente na adolescência. “Não é considerada uma doença e muito menos é contagiosa, mas pode ser porta de entrada para infecções, uma vez que o local está inflamado”, alerta. Por conta da aparência estética que a dermatite seborreica confere, a especialista adverte que os pais devem ficar atentos ao estado de ânimo dos adolescentes, uma vez que eles são suscetíveis à aprovação de grupos. “Se eles têm uma aparência diferente, rosto manchado, caspa, coceira no couro cabeludo em decorrência da dermatite seborreica, ficam constrangidos e podem ter problemas de comportamento. A consequência, então, acontece de forma indireta”, explica Denise Steiner. O corticoide de baixa potência (como betametasona valerato 0,05%) é eficaz, mas deve ser usado a partir de orientação médica e com ressalvas: “Específico para a fase aguda da dermatite, pode causar efeitos colaterais e não pode ultrapassar dez dias de uso sequencial”, adverte a dermatologista. Antifúngicos sistêmicos como itraconazol, que precisam de uma série de pré-requisitos para uso, podem ser ministrados em doses menores e por período prolongado, para evitar que a dermatite seborreica seja recidivante. “O corticoide pode ser manipulado associado ao cetoconazol em creme, ativo anti-inflamatório, que deve ser usado alternadamente com hidratantes. Além de tratar a inflamação, é preciso manter a pele equilibrada. Usar,
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inclusive, sabonete mais neutro, hidratante, sendo preferencialmente manipulado”, recomenda Denise Steiner. A dermatologista afirma que manipular uma pomada à base de corticoide, hidrocortisona e propionato de clobetasol é mais uma opção de tratamento para aliviar a dermatite seborreica. Farmacêutica alopática e homeopática com atuação em Belo Horizonte (MG), Evelyn Oliveira de Castro considera que xampus manipulados contendo ácido salicílico, LCD, sulfeto de selênio, enxofre, piritionato de zinco, piroctone olamina e antifúngicos são, também, opções de tratamento tópico, assim como o óleo de melaleuca. “É um importante antifúngico que pode ser usado como matéria-prima para produzir xampus e sabonetes. Ou ainda em gotas, para uso local, conforme indicação do dermatologista”, explica Evelyn. Mudanças de hábitos também promovem efeitos benéficos, sendo que o ideal é evitar a ingestão de alimentos gordurosos e bebidas alcoólicas, bem como o uso tecidos sintéticos e estresses físico e emocional. O paciente também deve dar preferência a banhos frios e se enxugar bem antes de se vestir.
Micoses Outro problema comum na adolescência são as micoses e infecções fúngicas. Também para elas, a manipulação traz uma série de opções como loções, xampus, e talco para os pés. No caso das micoses que atingem pele, unhas e cabelos, Denise Steiner considera que pode ser uma vantagem manipular produtos tópicos a partir do cetoconazol a 2%, fazendo um veículo cremoso. Principais ativos para manipular produtos antimicóticos: • Sulfeto de selênio (xampu): ação antifúngica e bactericida. • Ácido salicílico: ação ceratolítica, bacteriostática e fungicida. • Licor Carbonis Detergens (LCD): é um preparado à base de extratos do coaltar (alcatrão da hulha) em tintura de quilaia. Ação redutora e antipruriginosa. Indicado para peles e cabelos oleosos. • Enxofre líquido ou precipitado: ação antisséptica, antisseborreica e queratolítica.
O QUE FORMULAR? Piritionato de zinco*...............................................................................................................................2% Alantoína...........................................................................................................................................0,5% Óleo de melaleuca**.............................................................................................................................1% Xampu base perolado qsp...............................................................................................................200ml *Piritionato de zinco tem ação antibacteriana e antifúngica. Avaliar o laudo do fornecedor e verificar a necessidade de aplicação do fator de correção em relação ao teor de piritionato de zinco. **Óleo de melaleuca (Melaleuca alternifólica, tea tree oil), tem ação antifúngica, antisséptica e cicatrizante. Posologia: a critério do profissional habilitado, aplicar no couro cabeludo durante o banho, com fricção, como xampu com enxágue, duas vezes por semana. O tempo de uso deve ser estipulado pelo prescritor, normalmente até melhora dos sintomas. Depois, descontinuar. Indicação: controle da dermatite seborreica e da casca no couro cabeludo. Uso tópico e adulto.
Fontes: 1. Batistuzzo, J. A. O; Itaya, M.; Eto, Y. Formulário Médico Farmacêutico, 5ª ed. São Paulo: Atheneu, 2015. 2. Azulay, R. D. et al. Dermatologia, 6ª edição. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan, 2015. 3. ANVISA. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Formulário de Fitoterápicos da Farmacopeia Brasileira, 1ª edição. Anvisa, 2011.
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FOLICULITE
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Marcas evitáveis do amadurecimento Pelos da barba encravados ou inflamados podem gerar incômodo e deixar cicatrizes
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FOLICULITE HIPERTENSÃO A chegada dos pelos, vista pelos rapazes como passaporte para a vida adulta, pode trazer a foliculite, infecção de pele que tem início nos folículos pilosos devido às infecções bacterianas, fúngicas ou mesmo viróticas, gerando coceira, ardência e inchaço. A estrutura da pele masculina é igual à feminina, porém a composição hormonal é diferente, e isso resulta em uma pele mais espessa e oleosa nos rapazes, com poros mais abertos e tendência à acne. Existe também a pseudofoliculite, que é a dificuldade do pelo de romper a epiderme. Os pelos raspados, ao crescerem, ser curvam e voltam para o interior da pele, levando à inflamação e, às vezes, gerando cicatrizes. O problema é mais recorrente nos garotos de pele negra, na região da face e do pescoço. Os pelos encravados e a inflamação nos pontos em que a barba cresce podem ser muito incômodos, especialmente com o hábito de se barbear diariamente. “De acordo com a extensão do processo inflamatório, a foliculite pode ser classificada em superficial ou profunda. No caso de ser superficial, está instalada na parte superior do folículo piloso. A pele em volta fica avermelhada e sensível. Podem surgir pequenas pústulas semelhantes a espinhas, com conteúdo amarelado de, no máximo, um centímetro de diâmetro. Na maioria dos casos é possível enxergar o pelo no centro da lesão, que coça bastante”, explica o dermatologista Lucas Miranda, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia que atua em Belo Horizonte (MG). Já na foliculite profunda, de acordo com o especialista, a inflamação se estende por todo o folículo piloso e alcança a raiz. “No local, surge a lesão típica da doença: extensa área avermelhada que tem no centro um nódulo endurecido com pus. É uma infecção mais grave, que pode destruir o folículo piloso e deixar cicatrizes”. Como os jovens costumam ter problemas com a própria imagem, a foliculite e suas cicatrizes podem contribuir para aumentar o risco de depressão, ansiedade e isolamento social, alerta Lucas
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Miranda. Por isso merece atenção especial, por meio de procedimentos que podem associar medicamentos de uso tópico ou oral, dependendo da extensão do problema. “Antibióticos e corticoides são grandes aliados no tratamento das foliculites mais extensas. Existe uma gama de ativos úteis no tratamento das foliculites, de acordo com a preferência do prescritor, que podem ser preparados como loções, géis e óleos pré e pós-depilação, com função preventiva” diz o dermatologista, que ressalta: a indicação deve ser feita caso a caso. Alguns exemplos são espumas de limpezas calmantes com ativos seborreguladores e que promovem adstringência, como extrato glicólico de hamamelis e chá verde. Também pode ser interessante associar géis de uso tópico contendo antibióticos (eritromicina, clindamicina) com agentes calmantes e cicatrizantes (d-pantenol, extrato glicólico de própolis). Lucas Miranda destaca que entre os principais ativos manipulados está o ácido salicílico, que promove a renovação celular e inibe a produção de sebo, responsável por obstruir os poros. Mas também destaca outros: “O ácido glicirrizico, fármaco extraído da raiz de alcaçuz, possui propriedades anti-inflamatórias, antialérgicas, descongestionantes e excelente ação calmante; é ideal para tratamentos de doenças causadas por inflamação na pele”. Segundo ele, o extrato glicólico de camomila tem ação emoliente, cicatrizante, suavizante, refrescante, anti-inflamatória e descongestionante, além de ser protetora dos tecidos, pois é antiacneica, filtrante das radiações solares e antialergênica, sendo um ativo indicado para peles facilmente irritáveis. “A niacinamida possui propriedades anti-inflamatórias e bactericidas. Drieline®, epilami®, alantoína, extratos de arnica montana e aloe vera possuem propriedades cicatrizantes, anti-inflamatórias e calmantes e podem ser, também, manipulados para a composição de bálsamos e séruns pós-barba para pele sensível”, afirma.
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Principais ativos da farmácia de manipulação para tratar foliculite • Ácido glicirrizico: anti-inflamatório, antialérgico, descongestionante, calmante. • Ácido salicílico: promove a renovação celular e inibe a produção de sebo. • Extrato glicólico de Matricaria chamomilla: ação emoliente, cicatrizante, suavizante, refrescante, anti-inflamatória e descongestionante. • Vitamina B3 (niacinamida): ajuda a controlar a oleosidade, antioxidante, clareador e agente calmante. • Drieline ®: cicatrizante, anti-inflamatória, calmante. • Epilami ®: cicatrizante, anti-inflamatória, calmante. • Alantoína: cicatrizante, anti-inflamatória, calmante. • Extrato glicólico de Arnica montana: cicatrizante, anti-inflamatória, calmante. • Aloe vera: cicatrizante, anti-inflamatória, calmante.
O QUE FORMULAR? Eritromicina*................................................................................................................................................2% Alfa bisabolol..............................................................................................................................................1% D-pantenol...................................................................................................................................................1% Extrato glicólico de Arnica montana L.**.....................................................................................................2% Gel-creme oil free qsp...............................................................................................................................60g *Eritromicina: usada na forma de estolato de eritromicina, em concentrações equivalentes à base (Fator de equivalência 1,44). Produto controlado pelo SNGPC (antimicrobiano). Posologia: a critério do profissional habilitado, aplicar nas áreas afetadas 1 vez ao dia. O tempo de uso dever estipulado pelo prescritor. Uso adulto e tópico. Indicações: tratamento da foliculite e pseudofoliculite da barba. Por se tratar de uma formulação contendo antibiótico, o uso e tempo de tratamento são curtos, e devem ser estipulados pelo médico prescritor. Fontes: 1. Batistuzzo, J. A. O; Itaya, M.; Eto, Y. Formulário Médico Farmacêutico, 5ª ed. São Paulo: Atheneu, 2015. 2. Associação Nacional de Farmacêuticos Magistrais. Revista Anfarmag – 2014 – JUL/AGO/SET- Nº 102. 3. Ribeiro, Claudio. Cosmetologia aplicada a dermoestética, 2ª edição. São Paulo: Pharmabooks, 2010. 4. Souza, M. V. M.; Junior, D. . Ativos dermatológicos: dermocosméticos e nutracêuticos – 9 volumes. São Paulo: Daniel Antunes Junior, 2016.
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ODONTOLOGIA
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Boca rebelde? Farmácia magistral pode ser um grande parceiro dos dentistas com produtos exclusivos no cuidado da saúde bucal de adolescentes
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ODONTOLOGIA
Que o comportamento próprio e cheio de personalidade é típico da adolescência, todo mundo sabe. O que nem sempre se atenta é que a saúde bucal pode ficar em risco devido a esses mesmos fatores comportamentais. Segundo a dentista Sandra Torres, que atua em São Paulo (SP), os adolescentes podem vir a ter alterações nos elementos dentários devido à má higiene oral, sendo que esse fator costuma se agravar quando há o uso de aparelho ortodôntico. Os riscos mais comuns são: cárie; doenças periodontais, halitose, erosão (dieta alimentar ácida e cítrica); abrasão (dieta ácida, intensa flexão dentária, fricção de dente a dente); gengivite (má higiene oral ou alteração hormonal); gengivite ulcerativa necrosante; pericoronarite devido à erupção dos terceiros molares (sisos) entre os 17 e 21 anos; complicações relacionadas ao uso de piercings, que podem causar alteração de função mastigatória, apinhamento dentário, e cistos por trauma devido ao mau posicionamento da língua, além de mononucleose e herpes. Por isso é tão importante o acompanhamento periódico para educação, prevenção e detecção precoce de problemas. Embora os levantamentos epidemiológicos demonstrem uma redução nos índices de incidência de cáries na faixa dos 12 anos, o contrário vem acontecendo entre jovens entre 15 e 19 anos, que apresentam altos índices de cáries
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e perda dental. A cárie é determinada pela presença de placas bacterianas na superfície dos dentes, que provocam a desmineralização do esmalte. A doença periodontal é a segunda doença bucal mais importante entre os adolescentes e jovens e resulta em sangramentos e mau hálito. Seu aparecimento resulta do processo de desequilíbrio entre as ações de agressão e defesa sobre os tecidos de sustentação e proteção do dente (gengiva, tecido conjuntivo, ossos e outros), e tem como principal determinante a placa bacteriana. O setor magistral pode auxiliar com formas diferenciadas de produtos para higiene oral e controle químico da placa bacterina e halitose. As formulações podem ser abrasivas com adição de carbonato de cálcio, fluoretadas de acordo com a necessidade de cada paciente e conter agentes antitartáricos, como pirofosfato de sódio nos dentifrícios. Há também ou uso de substâncias antissépticas (triclosan, cloreto de cetilpiridieno e digluconato de clorexidina), podendo ser manipuladas na forma de colutório, enxaguatórios bucais ou filmes orodispersíveis Sandra Torres afirma que costuma prescrever a manipulação de pastas e géis de dentes, enxaguatórios sem corante, enxaguatório à base de digluconato de clorexidina 0,2% largo espectro, entre outras formulações. “Esses produtos eliminam bactérias gram positivas e negativas, e devem ser
ESPAÇO DO EMPREENDEDOR utilizados por curto período e com supervisão do cirurgião dentista.” Sandra recomenda aos seus pacientes, também, quando necessário, fluoreto de sódio (flúor) 0,05% em pasta e gel dental. “Serve para prevenção de cáries, repõe a mineralização dos dentes, promove fortalecimento e dessensibilidade para pacientes em fase de clareamento dental”, explica. A farmácia de manipulação é uma grande aliada do profissional ao tratar pacientes que desenvolvem alergia aos corantes e componentes específicos, além de permitir a individualização dos produtos utilizados em consultório ou em casa. “Ela nos auxilia no desenvolvimento dos géis e cremes dentais, enxaguatórios diferenciados e fluoreto de sódio, assim como no sabor dos enxaguantes sem corantes e da clorexidina manipulada”, complementa Sandra.
O QUE FORMULAR? Extrato seco padronizado de Camellia sinensis 50%*................................................................................10mg Gluconato de zinco......................................................................................................................................10mg Excipiente qsp....................................................................................................................1 filme orodispersível Mande 12 filmes orodispersíveis. Posologia: a critério do profissional habilitado, aplicar 1 filme sobre a língua e deixar dissolver, uma vez ao dia ou quando necessário. O tempo de tratamento deverá ser estipulado pelo prescritor, de acordo com prognóstico; evite o uso prolongado. Não usar em crianças pequenas. Indicação: halitose, promove a redução dos compostos sulfurosos voláteis. Uso adulto. Fonte: 1. Ferreira, A.O. et al. Guia Prático da Farmácia Magistral, 5ª edição, volume 1. Juiz de Fora: Editar, 2018.
Dicas para favorecer a adoção de hábitos bucais saudáveis pelos adolescentes • Quanto melhor o exemplo positivo dos pais, melhor a percepção dos adolescentes da importância da saúde bucal. • Uma das principais razões apontadas pelos adolescentes com o cuidado insuficiente em saúde bucal foi a falta de tempo. • Ações coletivas em saúde bucal são eficazes no combate das doenças prevalentes da bucal (cárie dental e doença periodontal) e na incorporação de hábitos saudáveis. • Atividades de educação em saúde bucal são as ações coletivas mais difundidas, com temas mobilizadores como o “beijar”, a importância da função estética dos dentes, ascensão social e progressão no trabalho em função dos dentes, a boca como manifestação de afetividade e sexualidade, entre outros. Fonte: 1. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas e Estratégicas. Proteger e cuidar da saúde de adolescentes na atenção básica, 2ª edição. Brasília: Ministério da Saúde, 2018.
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PSIQUIATRIA
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Transtornos psicológicos na adolescência Fase de transformações pode gerar muita pressão sobre os adolescentes e merece atenção
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PSIQUIATRIA A criança de antes não se enxerga mais assim e busca uma nova identidade. Essa busca gera desconforto e sofrimento, pois a forma como o jovem percebe os pais e responsáveis também muda, assim como as brincadeiras já não têm o mesmo sentido e as responsabilidades se avizinham. “Romper com o passado e com algumas referências dói. Nesse momento, medo, ansiedade e incertezas com a fase que se inicia são os maiores gatilhos para a depressão entre adolescentes”, afirma a psiquiatra infantojuvenil Jacqueline Bifano, que atua em Belo Horizonte, (MG). A depressão é, de acordo com a Organização Mundial de Saúde, a segunda maior causa de mortes entre jovens na faixa de 15 a 29 anos. Portanto, é fundamental que o assunto seja tratado com seriedade. “Se o tema é abordado de maneira eficaz, possibilita a criação de mecanismos de prevenção que diminuem os casos de suicídio. É necessário entender que existe um pano de fundo por trás desse número alarmante”, afirma Jaqueline Bifano. De acordo com a médica, o tratamento de depressão
para crianças e adolescentes começa por uma avaliação individualizada, para estabelecer o grau da depressão: leve, moderado ou grave. Nos casos leves é indicada, inicialmente, apenas a psicoterapia. Se o quadro evoluir para moderado ou grave, inicia-se a terapia medicamentosa também. E é aqui que a farmácia de manipulação pode exercer seu melhor papel. “Em psiquiatria, gostamos de utilizar medicamentos manipulados, pois precisamos trabalhar doses personalizadas que se adequem exatamente à necessidade de cada paciente”, considera a especialista. A dose sempre começa da menor possível e, conforme o paciente vai respondendo ou não à medicação, ela pode ser aumentada. “Vale lembrar que, nessa faixa etária, o metabolismo é maior que no adulto em geral, o que pode levar ao uso de uma dose um pouco mais alta. De acordo com a médica, os medicamentos mais indicados são cloridrato de sertralina 25mg, cloridrato de fluoxetina 10mg, cloridrato de paroxetina12,5mg, cloridrato de amitriptilina 12,5mg, maleato de fluvoxamina fluvoxamina 25mg e cloridrato de cloridrato de imipramina 10mg. “Em crianças e adolescentes, evitamos ao máximo o uso de medicações benzodiazepínicas, devido ao seu poder de dependência e sedação.” Além de medicamentos, a médica afirma ser essencial a psicoterapia, com sessões que podem acontecer até cinco vezes na semana. Atividades físicas e técnicas de respiração para momentos de crise completam o pacote eficaz para socorrer adolescentes com depressão. “Em casos graves associados a outros transtornos, usamos antipsicóticos em doses baixas para aliviar momentaneamente a ansiedade, como haloperidol, risperidona, hemifumarato de quetiapina e cloridrato de clorpromazina”, diz Jaqueline. A psiquiatra chama a atenção para a exposição ao mundo virtual: “se excessiva, leva os adolescentes a enxergarem na vida do outro algo que não veem em si próprios. Daí têm início as comparações com artistas e pessoas que consideram mais populares, bonitas ou engraçadas e parecem ter uma rotina muito mais interessante e feliz”, alerta. Nutracêuticos Casos mais leves de depressão podem também ser beneficiados pelo acompanhamento nutricional, que, de acordo com cada paciente, pode resultar em suplementação com fitoterápicos ou nutrientes como adjuvantes do tratamento. São exemplos a L-theanina (estresse e na ansiedade), triptofano (depressão, insônia, fadiga crônica, estresse), vitaminas do complexo B (estresse), fosfatidilserina (ansiedade). Entre os fitoterápicos, destacam-se Withania somnifera e Ashwagandha, Melissa oficcinalis e Panax ginseng, além da associação de Magnolia officinalis com Phellodendron amurense.
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O QUE FORMULAR? Solução oral 20mg/5ml (100ml) Cloridrato de fluoxetina*...........................................................................................................................20mg/5ml** Água purificada..................................................................................................................................................40ml Ácido benzoico...................................................................................................................................................0,1g Flavorizante de menta......................................................................................................................................0,5ml Xarope simples qsp.........................................................................................................................................100ml *Fluoxetina: usada na forma de cloridrato de fluoxetina, em doses equivalentes à base (Fator de equivalência 1,12). Produto controlado pelo Portaria SVS/MS nº 344/98 e suas listas de atualizações. **Em 2,5ml da solução oral há 10mg de cloridrato de fluoxetina. Posologia: a critério médico, o cloridrato de fluoxetina é usado no tratamento da depressão em crianças com 8 anos ou mais, em doses iniciais de 10mg, sendo o ajuste da dose realizado, se necessário, após 1 semana de uso para 20mg por dia. É importante o acompanhamento farmacoterapêutico e clínico para ajuste de doses, se necessário. Seu uso se dá normalmente como um complemento à terapia psicológica em crianças e adolescente com depressão moderada a grave. Indicação: antidepressivo, inibidor seletivo da receptação da serotonina na depressão moderada a grave, quando necessário. Fontes: 1. Ferreira, A.O.; Polonini, H.C; Lima, L.C.; Brandão, M.A.F. Formulações Líquidas de Uso Oral. Editar: Juiz de Fora, 2019. Martindale: The Complete Drug Reference, 38th Edition, 2014. 2. Hetrick, S. et. al. Selective serotonin reuptake inhibitors (SSRIs) for depressive disorders in children and adolescents. Cochrane Database of Systematic Reviews. In: The Cochrane Library, n. 10, 2010. Art. No. CD004851. depressive symptoms – the Beyond Ageing Project: a randomized control trial. Am J Clin Nutr. 95(1): 194-203.
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NEUROLOGIA
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Cuidar antes de se tornar crônica Tratamento individualizado e boa alimentação são medidas eficientes de tratar a enxaqueca durante a puberdade
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NEUROLOGIA Companheira indesejada na vida de muitos adultos, é na adolescência que a enxaqueca costuma dar os primeiros sinais. A doença é multifatorial e demanda tratamento individualizado precoce para evitar que se torne crônica. As crises ocorrem quando determinado estímulo (nicotina, hipoglicemia, alteração estrogênica) promove uma descarga neuronal que leva à hiperatividade serotoninérgica e noradrenérgica, com vasoconstrição das artérias intracerebrais e hipoperfusão. Em resposta, há liberação de mediadores vasodilatadores (neuropeptídios, histamina, serotonina e prostaglandinas), vasodilatação das artérias extra cerebrais, inflamação e extravasamento de plasma, com resposta dolorosa intermediada pelo trigêmeo. A neurologista membro da Sociedade Brasileira de Cefaleia, Helena Providelli de Moraes, explica que na adolescência a enxaqueca atinge mais as meninas: “Depois da primeira menstruação, é comum a enxaqueca menstrual desencadear um quadro de enxaqueca crônica”. A nutricionista e mestranda em saúde da mulher e da criança com atuação em Fortaleza (CE), Ticiane Aragão, também ressalta que os alimentos ultraprocessados têm ação inflamatória no organismo e podem desencadear as crises. Ela pondera ainda que álcool, cafeína, glúten, leite e chocolate funcionam como vilões. “Excluir esses alimentos do cardápio é uma maneira eficiente de controlar a enxaqueca, além de tentar reduzir o consumo de carne vermelha, evitar frituras e o consumo de carboidratos refinados”, recomenda. Além disso, comportamentos como ficar horas ao celular, no computador ou no vídeo game podem ser gatilhos para as crises. O tratamento da enxaqueca entre os adolescentes não é simples e envolve dieta, exercícios regulares e, quando as crises atrapalham a qualidade de vida, medicação. Além de fortes dores de cabeça, o paciente experimenta sintomas como náusea, vômito, tontura, sensibilidade à luz, barulho e odor e, em alguns casos, alterações visuais conhecidas como auras. Segundo a médica Helena Providelli, os analgésicos servem para cortar a dor quando ela aparece, mas não devem ser usados com frequência. Para as dores de cabeça tensionais, analgésicos comuns como aspirina, dipirona e paracetamol costumam ser particularmente eficazes nessa faixa etária. Eventualmente anti-inflamatórios não-hormonais (AINE) como ibuprofeno e naproxeno podem ser utilizados por representarem menor risco de cefaleia de rebote. Em muitos casos, o médico pode optar por medicações preventivas. O tratamento profilático visa combater a excitabilidade neuronal, prevenindo a vasoconstrição inicial e bloqueando os receptores serotoninérgicos frente à serotonina liberada ou reforçando a inibição gabaérgica. Em adolescentes e crianças, o Consenso da Sociedade Brasileira de Cefaleia sobre o tratamento da enxaqueca crônica, de 2019, aponta para a eficácia da combinação de cloridrato 44
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de amitriptilina e terapia cognitiva comportamental. “Há vários medicamentos, principalmente os antidepressivos tricíclicos, como o cloridrato de amitriptilina, que são importantes na prevenção da enxaqueca. Porém, o tratamento é sempre individualizado. Se um adolescente é ansioso, por exemplo, é preciso tratar a ansiedade junto com a enxaqueca”, explica. Outras possibilidades de tratamento profilático consistem no uso do anticonvulsivante topiramato, do betabloqueador cloridrato de propranolol e do inibidor de vasoespasmos Dicloridrato de flunarizina. Em adultos também são usados Cloridrato de ciproeptadina, maleato de pizotifeno, dicloridrato de buclisina que são anti-histamínicos, anticolinérgicos e antagonistas dos receptores 5-HT2 de serotonina, ficando a avaliação a cargo do médico quanto à segurança e adequação para adolescentes. Na prática da nutrição para o enfrentamento da enxaqueca, um ponto de atenção é a possibilidade de repor nutrientes, pois há estudos que indicam que até 50% dos pacientes com enxaqueca sofrem de carências de magnésio e da coenzima Q10. Além deles, Same e riboflavina também podem ser suplementações interessantes, dependendo da avaliação. A nutricionista Ticiane Aragão defende o tratamento individualizado: “A bioquímica de cada indivíduo é única. Exames complementares e uma anamnese bem feita por um profissional especializado podem indicar de forma individualizada a prescrição”. Para ela, os suplementos manipulados são uma vantagem no tratamento da doença. “Uma suplementação manipulada é estudada e calculada para as necessidades específicas daquela pessoa. Além disso, podemos mandar manipular suplementos livres de determinadas substâncias”, diz. Para ela, esse cuidado é importante porque alguns estudos relacionam a enxaqueca com as alergias alimentares.
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O QUE FORMULAR? Opções farmacológicas para a profilaxia da enxaqueca crônica em adolescentes O tratamento profilático visa combater a excitabilidade neuronal, prevenido a vasoconstrição inicial, bloqueando os receptores serotoninérgicos frente à serotonina liberada e reforçando a inibição gabaérgica. Cloridrato de amitriptilina*
Dicloridrato de flunarizina**
Inibe o vasoespasmo induzido por serotonina e prostaglandinas. Tem efeito anti-histamínico e bloqueador Interage com os receptores serotoninérgicos 5-HT2, dos canais de cálcio, que resulta em vasodilatação por inibindo a receptação de serotonina. relaxamento da musculatura lisa arteriolar. Observação: pode ser combinado à terapia cognitiva Observação: apesar da falta de ensaios, medicamentos comportamental no tratamento dessa condição. com eficácia comprovada na enxaqueca episódica, como o dicloridrato de flunarizina, têm sido usados na prática clínica.
Adultos: 25mg ao dia. Para adolescentes, a dose inicial é de 10mg ao dia, com acompanhamento clínico e farmacoterapêutico para adequação de doses. Em crianças, a dose é de 0,25mg a 1mg/kg/dia.
Adulto: 5mg a 10mg. Para adolescentes, é necessário iniciar em pequenas doses, e realizar acompanhamento clínico e farmacoterapêutico para ajustes de doses.
Formas farmacêuticas: cápsulas e suspensão oral. Cápsulas e gotas orais.
*Cloridrato de amitriptilina: usada na forma de cloridrato de amitriptilina, em doses equivalentes ao sal cloridrato (Fator de equivalência 1). Produto controlado pelo Portaria SVS/MS nº 344/98 e suas listas de atualizações. **Dicloridrato de flunarizina: usada na forma de dicloridrato de flunarizina, em doses equivalentes à base (Fator de equivalência 1,18). Fontes: 1. Batistuzzo, J. A. O; Itaya, M.; Eto, Y. Formulário Médico Farmacêutico, 5ª ed. São Paulo: Atheneu, 2015. 2. Martindale: The Complete Drug Reference, 38th Edition, 2014. 3. Powers, S. W., ; Kashikar-Zuck, S. M, Allen Jr, et al. Terapia cognitivo-comportamental associada a amitriptilina para enxaqueca crônica em crianças e adolescentes: um ensaio clínico randomizado. JAMA. 2013; 310 (24):2622-30. 4. Kowacs, Fernando et al. Consensus of the Brazilian Headache Society on the treatment of chronic migraine. Arq. Neuro-Psquiatr. [on line]. 2019, vol. 77, n.7. 5. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos. Uso racional de medicamentos: temas selecionados. Brasília: Ministério da Saúde, 2012. 6. Aquino, J. H. W. e Fortes, F. M. Cefaleias na Adolescência. Revista Adolescência e Saúde, Volume 6, número 3, setembro/2009.
Saiba mais on-line: Encontre sugestões de formulações, dicas farmacotécnicas e especificações farmacopeicas dos insumos citados neste texto em www.anfarmag.org.br/revistas-anfarmag > Conteúdo on-line N 1 1 8 - J A N E I R O 2 0 2 1 45
SEXUALIDADE
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De bem com a saúde sexual Especialistas falam sobre educação, prevenção de infecções e tratamentos
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SEXUALIDADE Chega a adolescência aos 10 anos, nas contas da Organização Mundial de Saúde, ou aos 12, nas do Estatuto da Criança e do Adolescente, no Brasil. Estão inseridos nessa faixa etária 15,16% da população, 7,73% do sexo masculino e 7,43% do feminino, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Aparecem as mudanças no corpo trazidas pelo aumento da produção de hormônios − a testosterona, no caso dos meninos, o estrogênio e a progesterona nas meninas − e os cuidados para educar, prevenir doenças e tratar sem tabus a sexualidade, criando a base para uma vida adulta sadia. A médica Marta Rehme, presidente da Comissão Nacional Especializada em Ginecologia Infanto Puberal da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), defende uma educação sexual integral para garantir uma higiene adequada ao longo da vida a adulta, ensinar a lidar com a variações hormonais, prevenir gravidez precoce e infecções sexualmente transmissíveis. “É preciso ensinar que os primeiros ciclos menstruais podem ser irregulares, que algumas meninas podem ter cólicas ou sintomas de tensão pré-menstrual”, afirma. As cólicas menstruais, na maioria das vezes, não estão ligadas a doenças (dismenorreia primária); são causadas por substâncias inflamatórias liberadas pelo endométrio que descama. Mas, quando necessário, é possível utilizar anti-inflamatórios não hormonais como primeira linha de tratamento e, no caso de falta de resposta, pílulas contraceptivas que podem ser de uso cíclico ou estendido (sem intervalo para menstruar) e até mesmo os contraceptivos injetáveis trimestrais para induzir a amenorreia. Para os
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sintomas de TPM, o uso de “vitamina B6 e/ou magnésio elementar têm boa ação em algumas pacientes, se administrados 7, 10 dias antes da menstruação, principalmente para aquelas que apresentam maior irritabilidade”, explica Marta Rehme. Com relação à higiene, ela recomenda sabonetes líquidos com pH neutro, que podem ser preparados com substâncias de leve ação antifúngica, como óleo de melaleuca, que ajuda as pacientes em casos de candidíase vaginal, por exemplo. “A higiene genital é muito importante, pois as adolescentes começam a lidar com secreções fisiológicas.” O objetivo é remover as secreções que se acumulam em lábios vaginais, causando odor, coceira ou proliferação de microrganismos. Ainda há as infecções no trato urinário, que atingem cerca de 20% das adolescentes, e que são mais raras nos meninos pela própria anatomia. Normalmente elas são de fácil tratamento, mas é preciso observar quando existe recorrência, pois a paciente corre o risco de desenvolver resistência bacteriana e ter infecções mais graves. Na prática clínica, muitos médicos apostam no uso de formulações à base de cranberry (Vaccinum macrocarpon), probióticos e prebióticos como estratégia adjuvante para prevenir as infecções de repetição. Os cuidados sob medida em ginecologia ajudam a enfrentar a ocorrência de inflamações e infecções por fungos, bactérias ou protozoários. O corrimento vaginal é a queixa mais frequente, e a infecção se dá pelo desequilíbrio da flora vaginal ou pela colonização de novos microrganismos por meio do contato sexual. O setor magistral oferece vantagens na prática ginecológica, como adaptação de dose e associações de fármacos em uma formulação, de acordo com tipo de tratamento solicitado. Além disso, são inúmeras as possibilidades de formas farmacêuticas, como uso de
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antibióticos, antifúngicos e antiprotozoários, em cremes e géis ginecológicos apropriados para esse tipo de flora; óvulos e capsulas intravaginais, lactobacillus e cápsulas e preparações de uso oral também. A médica reforça ainda a importância do acompanhamento das adolescentes que se iniciam na vida sexual. O uso de preservativos desde o começo é fundamental para evitar as infecções sexualmente transmissíveis (IST). Ela cita, entre as mais comuns, a infecção pelo papiloma vírus humano (HPV) que causa verrugas genitais, clamídia, tricomoníase, HIV e herpes. Os meninos estão particularmente expostos às IST devido à tendência de adotar um comportamento mais arriscado, como explica o urologista Carlos Almeida, preceptor da residência médica do Hospital da Baleia, em Belo Horizonte. Ele informa que tem observado muito nos consultórios sífilis, uretrites gonocócicas ou causadas por microrganismos e hepatite B. “Como são raras as pessoas que morrem hoje pela doença causada pelo HIV, os adolescentes não têm medo da AIDS.” As IST são causadas por vírus, bactérias ou outros microrganismos e são transmitidas, para meninos e meninas, principalmente por meio do contato sexual (oral, vaginal, anal) sem o uso de camisinha masculina ou feminina, com uma pessoa que esteja infectada. Dentre as IST, temos o HIV, cancro mole, HPV, gonorreia, clamídia, sífilis, tricomoníase
e herpes. O tratamento é direcionado ao tipo de infecção. No caso do HPV, por exemplo, quando as lesões ainda são pequenas, é possível tratar as meninas com cauterização ou aplicação de medicamentos, como ácido tricloroacético 80%-90%, podofilotoxina.Nos garotos, pode-se utilizar podofilina ou 5-fluorouracil. Para herpes, o tratamento fica a cargo dos medicamentos antivirais, como o aciclovir e derivados, que aliviam os sintomas durante as crises. Para as duas infecções, os médicos buscam também melhorar o desempenho do sistema imunológico do paciente, o que
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SEXUALIDADE
vai desde intervenções para hábitos de vida saudáveis até eventualmente uso de suplementação. Podem ser utilizadas formulações à base das vitaminas A, C e E, cobre, selênio, zinco, lisina e betaglucana. O médico Carlos Almeida indica para o tratamento, de acordo com a patologia, antibióticos e antirretrovirais, além de cremes com ação tópica. Ele reforça o uso de preservativos e a necessidade de os meninos fazerem avaliação médica antes do início da vida sexual. “São raros os que vão. Ensinamos o autoexame dos testículos; falamos sobre varicocele, dilatação anormal das veias dentro do escroto, que pode interferir na fertilidade; esclarecemos mitos sobre tamanho do pênis e ejaculação precoce.” São muitas as expectativas. “Se a primeira experiência sexual do adolescente for frustrante, isso o acompanha para o resto da vida”, diz Carlos Almeida.
O QUE FORMULAR? A cândida é um fungo gram-positivo que, sob determinadas condições, se multiplica, tornando-se patogênico. Essa infecção pode ser tratada com o uso de antimicóticos. Tinidazol...............................................................................................................................................................3% Nitrato de miconazol*...........................................................................................................................................2% Creme vaginal qsp..................................................................................................................................1 dose (5g) *Poderá ser usado também, em vez do nitrato do miconazol, o tioconazol a 2%. Mande 8 doses (40g). Fornecer aplicador vaginal (5g). Posologia: a critério médico, por via vaginal, aplicar 1 aplicador cheio (5g) ao deitar-se, de 7 a 14 dias. O tempo de uso deverá ser definido pelo médico prescritor, de acordo com avaliação clínica. Uso adulto e tópico; em adolescente, o médico deverá avaliar a idade da paciente. Para mulheres grávidas: avaliar a toxicidade do fármaco para este grupo populacional. Indicação: creme vaginal para o tratamento das vulvovaginites por Candida albicans. É interessante saber: O bicarbonato de sódio pode ajudar também no tratamento da candidíase vaginal, por meio de banho de assento com 1 colher de sopa de bicarbonato de sódio em um litro de água morna. Esses banhos ajudam a alcalinizar o pH vaginal, mantendo-o em cerca de 7,5, o que dificulta a proliferação da Candida albicans em casos de recidivas. O banho pode ser realizado uma vez por semana. Para mulheres grávidas: avaliar a toxicidade do fármaco para este grupo populacional.
Fontes: 1. Batistuzzo, J. A. O; Itaya, M.; Eto, Y. Formulário Médico Farmacêutico, 5ª ed. São Paulo: Atheneu, 2015. 2. Crespo, M. S; Crespo, J. M. R. S. Formularium – Compêndio de Fórmulas Magistrais, Volume 1. São Paulo: LCM Livraria, 2020.
Saiba mais on-line: Encontre sugestões de formulações, dicas farmacotécnicas e especificações farmacopeicas dos insumos citados neste texto em www.anfarmag.org.br/revistas-anfarmag > Conteúdo on-line 50
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PROBIÓTICOS
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ENCARTE TÉCNICO 52
Água purificada
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Formas farmacêuticas de uso vaginal
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Acne vulgaris
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Antimicrobianos
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Qualificação de equipamentos
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Géis
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Arquivamento de documentos
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Preparação de xampus
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Melhora contínua dos processos de manipulação
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Fluxograma: Melhoria contínua dos processos de manipulação N 1 1 8 - J A N E I R O 2 0 2 1 51
NOTAS TÉCNICAS
LEGISLAÇÃO
Água purificada
A água utilizada na manipulação deve ser obtida a partir da água potável, tratada em um sistema que assegure a obtenção da água com especificações farmacopeicas para água purificada ou de outros compêndios internacionais reconhecidos pela Anvisa, conforme legislação vigente. Deve ser armazenada por um período máximo de 24 horas e em condições que garantam a manutenção da qualidade, incluindo a sanitização dos recipientes a cada troca de água. A água purificada é empregada como excipiente na produção de formas farmacêuticas não parenterais e em formulações magistrais, desde que não haja nenhuma recomendação de pureza superior no seu uso ou que não necessite ser apirogênica. Pode ser obtida por uma combinação de sistemas de purificação em uma sequência lógica, tais como: múltipla destilação, troca iônica, osmose reversa, eletrodeionização, ultrafiltração ou outro processo capaz de atender, com a eficiência desejada, aos limites especificados para os diversos contaminantes. Seu uso exige cuidados, de forma a evitar a contaminação química e microbiológica; por isso necessita de monitoramento por meio de testes físico-químicos e microbiológicos no mínimo mensalmente, com o objetivo de controle do processo de obtenção de água, podendo a farmácia terceirizá-lo. Minimamente, a água purificada é caracterizada por condutividade de, no máximo, 1,3µS/cm a 25ºC (resistividade > 1MW-cm) e carbono orgânico total ≤ 0,50mg/L, ausência de psedomonas sp e coliformes, e contagem total de bactérias heterotróficas ≤ 100 UFC/mL, a não ser que especificado de forma diferente. Todo o sistema de obtenção, armazenamento e distribuição deve ser devidamente monitorado quanto aos parâmetros de condutividade e contagem microbiana. Ainda que seja especificada uma contagem microbiana máxima de 100 UFC/ml na monografia, cada instalação deve estabelecer o seu limite de alerta ou de ação, caso as características específicas de utilização sejam mais restritivas. A monografia constante na farmacopeia brasileira descreve também outros ensaios, como características físicas, acidez ou alcalinidade, substâncias oxidáveis, amônio, cálcio e magnésio, cloretos, nitratos e sulfatos. Conforme está na monografia oficial, o ensaio de carbono orgânico total alternativamente substitui o teste para substâncias oxidáveis, e o ensaio de condutividade de água alternativamente substitui os testes para amônio, cálcio e magnésio, cloretos, nitratos e sulfatos. A farmácia deve ter procedimentos escritos e registros para a limpeza e manutenção do sistema de purificação da água, assim como para a sua coleta e amostragem, sendo que um dos pontos de amostragem deve ser o local usado para armazenamento. Deve também estabelecer, registrar e avaliar a efetividade das medidas adotadas por meio de uma nova análise, em caso de resultados de análise insatisfatórios.
Referências:
1. ANVISA. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução nº 67, de 8 de outubro de 2007. Dispõe sobre Boas Práticas de Manipulação de Preparações Magistrais e Oficinais para Uso Humano em Farmácias. 2. ANVISA. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Farmacopeia Brasileira, 6ª edição. Brasília: Anvisa, 2019.
Saiba mais on-line: Saiba mais no site da Anfarmag: www.anfarmag.org.br> Revista Anfarmag > Material Extra
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FARMACOTÉCNICA
Formas farmacêuticas de uso vaginal
Inúmeros são os fármacos utilizados no tratamento de doenças e terapêuticas ginecológicas. Uma via complementar importante às de uso oral e transdérmico é a via vaginal. Normalmente essa via de administração promove efeito local por meio do uso de agentes anti-infecciosos − comumente os antifúngicos, antibacterianos e antiprotozoários −¬¬¬¬, de cicatrizantes, de antissépticos, de agentes reguladores do pH vaginal e de lubrificantes. Óvulos ginecológicos (pessários) Óvulo vaginal é uma forma farmacêutica sólida, de dose individualizada, para introdução vaginal. Seu formato normalmente é ovoide, com volume e consistência adequados para que possa ser introduzido na vagina. Funde-se, derrete ou se dissolve na cavidade vaginal com o auxílio da temperatura corporal. Normalmente são compostos de fármacos, agentes suspensores, tensoativos, lubrificantes, antioxidantes, conservantes e diluentes, podendo ser à base de gelatina ou glicerina, polietilenoglicol (PEG) ou oleaginosas (bases graxas). Os insumos e algumas opções de bases prontas para óvulos podem ser adquiridos em fornecedores qualificados. Cremes e géis ginecológicos Devem apresentar boa espalhabilidade, pH apropriado (4,0 a 4,5), facilidade de inserção e de retenção durante aplicação e compatibilidade com os fármacos prescritos e com o local de aplicação. Normalmente são fornecidos em bisnagas, acompanhadas de aplicadores dosadores. Comumente faz-se o uso de cremes ou géis de caráter não-iônico. Filmes e cápsulas ginecológicas Filmes vaginais são películas de um material polimérico que devem se dissolver nos fluidos vaginais de forma a dispensar uma dose única por administração. Podem conter polímeros, plastificantes e solventes. Para aplicação de cápsulas de uso ginecológico, administradas por via vaginal, o ideal é fazer uso daquelas à base de HPMC (hidroxipropilmetilcelulose) ou das cápsulas de origem vegetal, a exemplo da de tapioca, que são mais compatíveis com a administração vaginal. Importante especificar, na hora da compra, que se deseja uma cápsula gelatinosa dura apropriada para uso vaginal com tempo de desintegração compatível com essa mucosa. Ou seja, ela deve se desintegrar rapidamente em um pequeno volume de fluido vaginal, na temperatura desta área. O excipiente empregado deve ser preferencialmente a lactose, pois é benéfica à flora vaginal. A lactose é uma substância natural que serve como alimento para a microbiota vaginal, na qual é transformada em ácido láctico, resultando em um valor de pH entre 4,0 a 4,5.
Referências:
1. Allen, L.V; Popovich, N.G.;Ansel, H.C. Formas farmacêuticas e Sistemas de Liberação de Fármacos, 9ª edição. Porto Alegre: Artmed, 2013 2 . Aulton, M. E.; Taylor, K.M.G. Aulton. Delineamento de Formas Farmacêuticas, 4ª edição. Rio de Janeiro: Elsevier, 2016. 3. Batistuzzo, J.A.O; Itaya, M.; Eto, Y. Formulário Médico Farmacêutico, 5ª edição. São Paulo: Atheneu, 2015. 4. Crespo, M.S.; Crespo, J.M.R e S. Formularium: compêndio de fórmulas magistrais, Volume 1. São Paulo: LCM Livraria, 2002. 5. Ferreira, A.O.; Brandão, M.A.F.; Polonini, H.C. Guia Prático da Farmácia Magistral, 5ª edição. Juiz de Fora: Editar, 2018.
Saiba mais on-line: Saiba mais no site da Anfarmag: www.anfarmag.org.br> Revista Anfarmag > Material Extra
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NOTAS TÉCNICAS
PELE
Acne vulgaris A fisiopatologia da acne vulgaris inclui interação entre hiperprodução de sebo glandular, hiperqueratinização folicular, colonização bacteriana e liberação de mediadores inflamatórios no folículo e na derme adjacente. O tratamento médico deve ser personalizado de acordo com o grau da lesão apresentada: • Acne comedonal ou grau I • Acne suave ou grau II • Acne moderada ou grau III • Acne severa ou grau IV • Acne fulminante ou grau V O tratamento tem por finalidade controlar a secreção de sebo pela glândula sebácea, reduzir a hiperqueratinização, controlar o processo inflamatório, reduzir a proliferação bacteriana e equilibrar a microbiota cutânea. Limpeza A higienização da pele tem como objetivo remover a oleosidade e as sujidades superficiais e profundas, além de desobstruir os óstios com a retirada de sebo. Formulações de limpeza para pele oleosa podem conter ingrediente ativos, com propriedades esfoliativas e/ou ceratolíticas. Para peles com lesões inflamatórias, o uso de abrasivos não é recomendado. Tratamento O tratamento médico é de acordo com o grau da acne, podendo incluir o uso de ceratolíticos, antimicrobianos e anti-inflamatórios na forma tópica. Como exemplo, temos o uso de ácido retinoico, adapaleno, peróxido de benzoila, ácido azelaico, estolato de eritromicina e fosfato de clindamicina. Associados ou não a essas substâncias, pode-se fazer uso de cosmecêuticos reguladores de oleosidade e agentes adstringentes. Assim como no caso de outros medicamentos, como o ácido retinoico e o adapaleno, o uso de antibióticos depende necessariamente de avaliação e prescrição médica. São exemplos: cloridrato de tetraciclina, cloridrato de doxiciclina e cloridrato de minociclina. Normalmente são usados por via oral nos tratamentos da acne moderada a severa. Fotoproteção O uso de filtros solares nos pacientes com acne é fundamental, pois o uso de alguns fármacos aumenta a fotossensibidade. Ainda, o eritema associado às lesões inflamatórias, principalmente na pele sem fotoproteção, pode causar hiperpigmentação pós-inflamatória.
Referências:
1. Batistuzzo, J.A. et al. Formulário Médico-farmacêutico, 5ª edição. São Paulo: Atheneus, 2015. 2. Carvalho, W.; Ribas, A.E.B. Cosmetologia aplicada à estética. São Paulo: Editora Farmacêutica, 2019. 3. Guia Prático: Peeling Químicos, Microdermoabrasão & Produtos tópicos. Dilivros: Rio de Janeiro, 2014 4. Ribeiro, C. Cosmetologia aplicada a dermoestética, 2ª edição. São Paulo: Pharmabooks, 2010. 5. Souza, M.V.M.; Junior, D.A. Ativos dermatológicos: dermocosméticos e nutracêuticos – 9 volumes. São Paulo: Daniel Antunes Junior, 2016.
Saiba mais on-line: Saiba mais no site da Anfarmag: www.anfarmag.org.br> Revista Anfarmag > Material Extra
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É LEGAL SABER
Antimicrobianos O uso desmedido e sem justificativa de antimicrobianos promove o risco de resistência microbiana. Por isso, o uso racional é indispensável para a manutenção da atividade dessa valiosa classe terapêutica. É dever do farmacêutico fazer a avaliação da prescrição observando os aspectos técnicos e legais dos receituários, visando garantir a eficácia e segurança da terapêutica prescrita. Prescrição A prescrição de medicamentos antimicrobianos deve ser realizada em receituário privativo do prescritor legalmente habilitado para prescrever antimicrobianos, ou do estabelecimento de saúde, sem modelo específico, podendo inclusive ser em receita comum desde que possua os seguintes dados obrigatórios: I – identificação do paciente: nome completo, idade e sexo; II – nome do medicamento ou da substância prescrita sob a forma de Denominação Comum Brasileira (DCB), dose ou concentração, forma farmacêutica, posologia e quantidade (em algarismos arábicos); III – identificação do emitente: nome do profissional com sua inscrição no Conselho Regional ou nome da instituição, endereço completo, telefone, assinatura e marcação gráfica (carimbo); IV – data da emissão. A prescrição, legível e sem rasuras, deve ser apresentada em duas vias (sendo a primeira via devolvida ao paciente e a segunda retida no estabelecimento farmacêutico). Validade da receita A receita contendo antimicrobianos é válida por 10 dias, contados a partir da data de emissão, em todo o território nacional. Quando do atendimento de prescrições de outras unidades federativas, não há necessidade da apresentação da receita para averiguação da autoridade sanitária. Período de tratamento A farmácia deve atender essencialmente ao que foi prescrito, dispensando a quantidade exata para o tratamento requerido. Em situações de tratamento prolongado, a receita (que deve conter a indicação de “uso prolongado” e indicação do período de tratamento) pode ser utilizada para aquisições posteriores dentro de um período de até 90 dias contados da data de emissão. O atendimento pode ser realizado na sua totalidade (quantidade para 90 dias) ou parcial (quantidade suficiente para 30 dias no mínimo). Neste último caso, a cada atendimento o farmacêutico registra a quantidade dispensada na via da receita a ser devolvida ao paciente.
Referências:
1. ANVISA. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução nº 67, de 8 de outubro de 2007. Dispõe sobre Boas Práticas de Manipulação de Preparações Magistrais e Oficinais para Uso Humano em Farmácias. 2. ANVISA. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução nº 20, de 5 de maio de 2011. Dispõe sobre o controle de medicamentos à base de substâncias classificadas como antimicrobianos, de uso sob prescrição, isolada ou em associação. 3. ANVISA. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução nº 68, de 28 de novembro de 2014. Dispõe sobre a atualização do Anexo I, Lista de Antimicrobianos Registrados na Anvisa, da Resolução – RDC nº 20, de 5 de maio de 2011, e dá outras providências. 4. ANVISA. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução nº 174, de 15 de setembro de 2017. Dispõe sobre a atualização da lista de antimicrobianos registrados na Anvisa. 5. ANVISA. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Nota técnica sobre a Resolução nº 20/2011, Brasília, 24 de setembro de 2013. Orientações de procedimentos relativos ao controle de medicamentos à base de substâncias classificadas como antimicrobianos, de uso sob prescrição, isoladas ou em associação. 6. Brasil. Conselho Federal de Farmácia. Resolução nº 542, de 19 de janeiro de 2011. Dispõe sobre as atribuições do farmacêutico na dispensação e no controle de antimicrobianos. N 1 1 8 - J A N E I R O 2 0 2 1 55
NOTAS TÉCNICAS
LABORATÓRIO
Qualificação de equipamentos
É dever do farmacêutico garantir que a qualificação dos equipamentos ou instrumentos de medição, quando aplicável, seja executada e registrada e que os relatórios sejam colocados à disposição das autoridades sanitárias. A qualificação de equipamentos é um conjunto de ações realizadas para atestar e documentar que quaisquer instalações, sistemas e equipamentos estão propriamente instalados e/ou funcionam corretamente, levando aos resultados esperados. Dentre os equipamentos e instrumentos de medição que devem ser qualificados estão os pesos padrões, as vidrarias, os sistemas de purificação de água, os termômetros e higrômetros, as balanças e o sistema de exaustão e climatização. Por meio da calibração e da verificação, o farmacêutico pode avaliar se o equipamento em questão desempenha valores de leitura confiáveis. Vale lembrar que as calibrações dos equipamentos e instrumentos devem ser executadas por empresa certificada, utilizando padrões rastreáveis pela Rede Brasileira de Calibração, no mínimo uma vez ao ano ou em função da frequência de uso do equipamento. Já a verificação dos equipamentos deve ser feita por pessoal treinado do próprio estabelecimento antes das atividades diárias, empregando procedimentos escritos e padrões de referência, incluindo os manuais dos fabricantes dos equipamentos. Há que se considerar também a manutenção dos equipamentos, que devem ser submetidos à manutenção preventiva de acordo com um programa formal e, quando necessário, à manutenção corretiva, obedecendo aos procedimentos operacionais escritos, com base nas especificações dos manuais dos fabricantes. Sistema de exaustão de ar Nas etapas do processo de manipulação, quando forem utilizadas matérias-primas sob a forma de pó, deve-se tomar precauções especiais, com a instalação de sistema de exaustão de ar, devidamente qualificado, de modo a evitar a dispersão no ambiente. Todos os sistemas de climatização de ambiente devem ser mantidos em condições adequadas de limpeza, conservação, manutenção, operação e controle, de acordo com normas específicas. Normalmente, um sistema de qualificação de exaustão de ar envolve um dossiê que descreve os requerimentos dos usuário, a qualificação do projeto de instalação, de operação e de desempenho.
Referências:
1. ANVISA. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução nº 67, de 8 de outubro de 2007. Dispõe sobre Boas Práticas de Manipulação de Preparações Magistrais e Oficinais para Uso Humano em Farmácias. 2. ANVISA. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Guia da Qualidade para Sistemas de Tratamento de Ar e Monitoramento Ambiental na Indústria Farmacêutica. Brasília: Anvisa, 2013. 3. ANVISA. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução nº 21, de 20 de maio de 2009. Altera o item 2.7 do anexo III da resolução RDC nº 67, de 8 de outubro de 2007.
Saiba mais on-line: Saiba mais no site da Anfarmag: www.anfarmag.org.br> Revista Anfarmag > Material Extra
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FARMACOTÉCNICA
Géis
Géis são sistemas semissólidos constituídos por suspensões de pequenas partículas inorgânicas ou macromoléculas orgânicas interpenetradas por um líquido. Trata-se de uma forma farmacêutica semissólida que contém um agente gelificante para fornecer firmeza a uma dispersão coloidal. Já o gel-creme é uma emulsão com alta porcentagem de água e baixa porcentagem de óleo. É normalmente constituído por um estabilizador coloidal hidrofílico e um agente de consistência. O sérum se distingue pela textura leve e fluida, constituída por agente gelificante, e é um veículo sem óleo e de fácil espalhabilidade. Seguem alguns exemplos de agentes gelificantes.
Carbômeros (Carbopol®). Copolímero do ácido acrílico de alto peso molecular
Carboximetilcelulose sódica (CMC). Polímero aniônico
Hidroxietilcelulose
O pH de uma dispersão aquosa a 1% é de 2,5 a 3,0; contudo, para intumescer faz-se necessária a adição de um alcalinizante, sendo a faixa de pH compatível à sua estabilidade de 5 a 11. São incompatíveis com ácidos e com eletrólitos. É incompatível com ativos fortemente ácidos, com sais solúveis de ferro e alguns outros metais, como o alumínio e o zinco. Ocorre precipitação em pH inferior a 2 ou na presença de álcool. Apresenta estabilidade em uma faixa de pH entre 5 a 10, e a máxima viscosidade se dá entre o pH de 7 a 9, usado em concentrações de 1 a 4%. É o agente gelificante à base de celulose, de maior interesse para a veiculação de ativos dermatológicos de caráter não iônico, solúvel em água fria ou quente, sendo praticamente insolúvel em álcool. É um gel para uso de ativos ácidos, pois tolera bem essa faixa de pH, apresentando boa tolerância aos eletrólitos. Seu pH de compatibilidade abrange uma faixa de 1 a 13 e a concentração usual é de 2%.
Referências:
1. Corrêa, M.A. Cosmetologia, ciência e técnica. São Paulo: Livraria e Editora Medfarma, 2012 2 . Ferreira, A.O.; Brandão, M.A.F.; Polonini, H.C. Guia Prático da Farmácia Magistral, 5ª edição. Juiz de Fora: Editar, 2018. 3. Souza, G.B. Formulário Farmacêutico Magistral. São Paulo: Editora Medfarma, 2016. 4. Thompson, J. E.; Davidow, L. W. A Prática Farmacêutica na Manipulação de Medicamentos, 3ª edição. Porto Alegre: Artemed, 2013.
Saiba mais on-line: Saiba mais no site da Anfarmag: www.anfarmag.org.br> Revista Anfarmag > Material Extra N 1 1 8 - J A N E I R O 2 0 2 1 57
NOTAS TÉCNICAS
RASTREABILIDADE
Arquivamento de documentos
A documentação de uma farmácia constitui parte essencial do Sistema da Garantia da Qualidade e deve ser mantida em arquivo para fins comprobatórios, possibilitando o rastreamento de informações para investigação de qualquer suspeita de desvio de qualidade. Segue abaixo o período de guarda mínimo obrigatório para cada um desses documentos.
Ordem de manipulação/ ficha de pesagem/ fichas e registros
6 (seis) meses após o vencimento do prazo de validade do produto manipulado. Para o produto que contiver substância sob controle especial, 2 (dois) anos após o vencimento do prazo de validade do produto manipulado.*
Certificados de análises de matérias-primas e embalagens emitidos pelo fornecedor
6 (seis) meses após o término do prazo de validade do último produto com ela manipulado. Quando se tratar de matéria-prima sujeita a controle especial, o período é de no mínimo 2 (dois) anos após o término do prazo de validade do último produto com ela manipulado.
Livros de registros de receituários
6 (seis) meses após o vencimento do prazo de validade do produto manipulado. Para o produto que contiver substância sob controle especial, 2 (dois) anos após o vencimento do prazo de validade do produto manipulado.
Receituários de controle especial, notificações de receitas, balanços e comprovação de movimentação de estoque - Portaria 2 (dois) anos. SVS/MS nº 344/98
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Receituário de controle especial contendo antimicrobianos
2 (dois) anos.
Receituários de controle especial contendo esteroides ou peptídeos anabolizantes
5 (cinco) anos.
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Certificado de análise da água potável e purificada
1 (um) ano.
Certificado de análises de produtos acabados (monitoramento do processo magistral)
2 (dois) anos.
Calibração de equipamentos e registros de manutenções preventivas e corretivas
2 (dois) anos.
Documentos referentes à prestação de serviços farmacêuticos
5 (cinco) anos.
Referências:
1. ANVISA. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução nº 67, de 8 de outubro de 2007. Dispõe sobre Boas Práticas de Manipulação de Preparações Magistrais e Oficinais para Uso Humano em Farmácias. 2. ANVISA. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Portaria SVS/MS nº 344, de 12 de maio de 1998. Aprova o Regulamento Técnico sobre substâncias e medicamentos sujeitos a controle especial. 3. ANVISA. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução nº 20, de 5 de maio de 2011. Dispõe sobre o controle de medicamentos à base de substâncias classificadas como antimicrobianos, de uso sob prescrição, isoladas ou em associação. 4. ANVISA. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução, nº 44, de 17 de agosto de 2009. Dispõe sobre Boas Práticas Farmacêuticas para o controle sanitário do funcionamento, da dispensação, da comercialização, da prestação de serviços farmacêuticos em farmácias e drogarias, e dá outras providências. 5. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Lei nº 9.965, de 27 de abril de 2000. Restringe a venda de esteroides ou peptídeos anabolizantes e dá outras providências.
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N 1 1 8 - J A N E I R O 2 0 2 1 59
NOTAS TÉCNICAS
FARMACOTÉCNICA
Preparação de xampus
O couro cabeludo e o próprio fio capilar acabam por acumular uma diversidade de sujidades, compostas em sua maioria pela emulsão graxa natural protetora produzida pelas glândulas sebáceas e sudoríparas, misturada a restos de células mortas advindas da descamação. Essas sujidades, em contato com a água, adquirem carga positiva e se ligam à fibra capilar, que tem carga negativa, aderindo fortemente ao cabelo. O xampu, com seu poder de limpeza, incluindo os tensoativos, diminui a tensão superficial facilitando a adesão da água na lavagem dos fios do cabelo. Um bom xampu deve promover detergência e espuma, além de ser viscoso, solúvel em água, estável em pH ácido e não ser agressivo aos cabelos e couro cabeludo. Também não deve irritar os olhos. É normalmente composto por tensoativos primários e secundários, agentes de viscosidade, reguladores de pH, conservantes, antioxidantes, corantes (opcional), fragrâncias (opcional) e ativos medicamentosos (quando solicitado sob prescrição médica), entre outros. Os tensoativos, protagonistas da composição de um xampu, possuem ação detergente, estabilizante de espuma, desengordurante , redutora de irritabilidade e opacificante. Os de caráter não iônico, a exemplo do lauril éter sulfato de sódio, normalmente possuem uma ação primária devido ao poder superior de espuma e capacidade de detergência. Já os de caráter não-iônico, a exemplo do lauril poliglicosideo, ou os anfóteros como o coco amido propilbetaina promovem uma ação complementar aos tensoativos primários, melhorando a qualidade da espuma e reduzindo a agressão dos tensoativos à base de sulfato. Considerar ainda que ativos catiônicos são incompatíveis com tensoativos aniônicos.
Referências:
1. ANVISA. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Formulário Nacional da Farmacopeia Brasileira, 2ª edição – Revisão 2. Brasília: Anvisa, 2012. Corrêa, M.A. Cosmetologia, ciência e técnica. São Paulo: Livraria e Editora Medfarma, 2012. 2. Ferreira, A.O.; Brandão, M.A.F.; Polonini, H.C. Guia Prático da Farmácia Magistral, 5ª edição. Juiz de Fora: Editar, 2018. 3. Souza, M.V.M.; Junior, D.A. Ativos dermatológicos: dermocosméticos e nutracêuticos – 9 volumes. São Paulo: Daniel Antunes Junior, 2016.
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QUALIDADE
Melhora contínua dos
processos de manipulação É indispensável o acompanhamento e o controle de todo o processo de manipulação, de modo a garantir ao paciente um produto com qualidade, seguro e eficaz. A qualidade deve ser intrínseca à forma de trabalho de uma farmácia. Sabe-se que a qualidade é proporcional ao conhecimento, daí a importância da constante reciclagem e atualizações dos procedimentos operacionais pelo farmacêutico responsável. Vale lembrar que todo processo deve seguir à risca seu procedimento operacional para evitar e minimizar os erros. A capacitação e o treinamento contínuo da equipe envolvida também são fatores determinantes, e devem sempre respeitar as atualizações dos procedimentos operacionais. Alguns modelos de gestão e garantia da qualidade podem ser aplicáveis na melhoria contínua dos processos de manipulação. O Quality by Design (QbD, Qualidade pelo Projeto) é um deles, desenvolvido pela International Conference Harmonization, e que preconiza o conhecimento do produto e do processo com o monitoramento a cada etapa executada. Por exemplo, na produção de cápsulas separamos um único processo em várias etapas que incluem avaliação farmacêutica, pesagem, homogeneização, tamisação, encapsulação, limpeza, controle de qualidade do produto acabado, conferência final, embalagem, rotulagem e, por fim, dispensação. A intenção é estabelecer o procedimento operacional para cada etapa com posterior avaliação de cada um desses processos, verificando se há desvios e necessidade de revisão do procedimento operacional. Outras ferramentas incluem o Diagrama de Ishikawa (diagrama espinha de peixe) e o PDCA (Plan, Do, Check, Act). O Diagrama de Ishikawa traz a correlação causa e efeito, em que o produto final manipulado é o efeito (item de controle) e, na “espinha de peixe”, estão as causas de verificação que podem influenciar no efeito. Já o PDCA (Plan, Do, Check, Act – planejar, executar, verificar e agir) é um método de quatro passos utilizado para o controle e melhoria contínua de processos e produtos. Ao planejar, devemos estabelecer os objetivos e definir os processos (metas e meios) necessários para se chegar ao resultado esperado. Ao executar, implementamos o plano, treinamos os envolvidos e executamos os processos. Ao verificar, analisamos os resultados (observando os itens de verificação anteriormente planejados) e confrontamos com o esperado. E ao agir, executamos ações corretivas, se necessário, para obter o resultado planejado e esperado.
Referências:
1. ANVISA. Agência Nacional de Vigilância Sanitária.. Resolução nº 67, de 8 de outubro de 2007. Dispõe sobre Boas Práticas de Manipulação de Preparações Magistrais e Oficinais para Uso Humano em Farmácias. 2. Ferreira, A.O.; Brandão, M.A.F.; Polonini, H.C. Guia Prático da Farmácia Magistral, 5ª edição. Juiz de Fora: Editar, 2018.
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N 1 1 8 - J A N E I R O 2 0 2 1 61
NOTAS TÉCNICAS
Melhoria contínua dos processos de manipulação Ciclo PDCA (Plan, Do, Check, Act)Planejar
Agir
Medidas corretivas em caso de não conformidade. Revisão e Agir atualização de procedimentos operacionais padrões.
Medidas corretivas em caso de não conformidade. Revisão e atualização de procedimentos operacionais padrões.
Auditorias internas, monitoramento do processo magistral, controle de qualidade das preparações magistrais e Auditorias internas, oficinas. monitoramento do processo
magistral, controle de qualidade
Verificar das preparações magistrais e oficinas.
Verificar
Elaboração de Procedimentos Operacionais Padrões e de Planejar Manual de Boas Práticas de Manipulação Elaboração de Procedimentos Operacionais Padrões e de Manual de Boas Práticas de Manipulação
Treinamento inicial e contínuo da equipe de acordo os procedimentos operacionais padrões. Execução do etrabalho Treinamento inicial contínuode da acordoequipe os procedimentos de acordo os procedimentos operacionais . operacionais padrões
padrões. Execução do trabalho de acordo os procedimentos Executar operacionais padrões.
Executar
Diagrama de Ishikawa (correlação causa-efeito) Equipamentos
Insumos - Qualificação de Insumos fornecedores; - Especificação de - Qualificação de compra; fornecedores; - Controle- de Especificação de qualidade.compra;
- Conservação e manutenção; Equipamentos - Instalação; - Conservação e - Desempenho; manutenção; - Operação. - Instalação;
- Instalações; qualidade. - Temperatura e - Instalações; umidade relativa; - Higiene;- Temperatura e umidade relativa; - Luminosidade.
- - - - -
- Controle de
- Higiene; - Ambiente Luminosidade.
Ambiente
- Desempenho; - Operação.
Capacitação; Treinamentos; - Capacitação; Motivação; Ética;- Treinamentos; - Motivação; Saúde.
- Ética; - Saúde. Pessoal
Pessoal
Referências:
Medida - Sensibilidade do Medida instrumento; - Condições locais; do - Sensibilidade - Calibração e instrumento; verificação. - Condições locais; - Calibração e
verificação. - Procedimento operacional; - Procedimento - Informações operacional; técnicas; - Informações - Informações legais.
Produto conforme Produto ou conforme Produto não ou conforme
Produto não conforme
técnicas; - Informações legais.
Método
Método
1. Brasil. ANVISA. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução RDC nº 67, de 08 de outubro de 2007. Dispõe sobre as Boas Práticas de Manipulação de Preparações Magistrais e Oficiais para Uso Humano em Farmácias. 2. Ferreira, A. O.; Brandão, M. A. F. e Polonini, H. C. Guia Prático da Farmácia Magistral, 5ª edição. Juiz de Fora: Editar, 2018.
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ENDEREÇOS DAS REGIONAIS DA ANFARMAG REGIONAIS
CENTRAL ANFARMAG DE ATENDIMENTO:
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Presidente: Patrícia Chagas Duarte de Meneses Av. Tancredo Neves, n°2227, sala 1006 - Edif. Salvador Prime - Caminho das árvores Salvador - BA Tel WhatsApp (71) 98342-5435 E-mail: regional.base@anfarmag.org.br
REGIONAL DISTRITO FEDERAL
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REGIONAL GOIÁS/TOCANTINS
REGIONAL PARÁ/AMAZONAS/AMAPÁ/ RORAIMA/MARANHÃO
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REGIONAL PARANÁ
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Presidente: José Elizaine Borges Avenida R - 11, n°870, Sala 206, quadra L-17, lote 02/04 Setor Oeste Goiânia - GO Tel WhatsApp (62) 98403-4138 E-mail: regional.goto@anfarmag.org.br
Presidente: Graciete Feijó Endringer Rua dos Andradas, n°96, Sala 1005 - Centro Rio de Janeiro - RJ Tel WhatsApp (21) 97287-0937 E-mail: regional.rj@anfarmag.org.br
REGIONAL MATO GROSSO DO SUL
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Presidente: Mirela Ustulin e Santos Rua da Paz, n°17, Sala Tereré - Centro Campo Grande - MS Tel WhatsApp (67) 99884-5953 E-mail: regional.ms@anfarmag.org.br
REGIONAL MATO GROSSO/ACRE/RONDÔNIA
Presidente: Cybele Moniz Figueira Farias Santos Av. Historiador Rubens de Mendonça, n°1756, Sala 1206 – Edifício SB Tower - Alvorada Cuiabá - MT Tel WhatsApp (65) 99676-6321 E-mail: regional.mt@anfarmag.org.br
REGIONAL MINAS GERAIS
Presidente: Helbert Santos Bontempo Avenida do Contorno, n°2646, Sala 1104 - Floresta Belo Horizonte - MG Tel WhatsApp (31) 9534-7486 E-mail: regional.mg@anfarmag.org.br
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REGIONAL RIO GRANDE DO SUL
REGIONAL SANTA CATARINA
Presidente: Daniele Bordin Rua Lédio João Martins, n°435, sala 409 - Kobrasol São José - SC Tel WhatsApp (48) 99181-7354 E-mail: regional.sc@anfarmag.org.br
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