ESPAÇO DE CONEXÃO
Relatório Técnico de Desenvolvimento do Trabalho Final de Curso apresentado ao Centro Universitário Barão de Mauá como parte dos requisitos para obtenção do grau de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo. Orientadora: Dra. Vera Lúcia Blat Migliorini
UNIVERSIDADE BARÃO DE MAUÁ
PROPOSTA PROJETUAL
partido arquitetonico ordenamento do espaço programa de necessidade partido estético e formal soluções tecnólogiacas
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
sites e livros
O PROJETO
projeto zoneamento e setorização circulação edifícios conceitos aplicados considerações finais
SUMÁRIO
intro-
Contextualização
ARQUITE TURA PARA PESSOAS
.
nhecimento. Precisamos ter conhecimento em paisagismo, urbanismo, história, neurociência, entre outros.
Esse foi o termo que mais ouvimos em todo curso, em todas as disciplinas e de diversas maneiras. Quando isto é realmente compreendido, entendemos o cargo em que estamos, que enquanto arquitetos e urbanistas alteramos a qua lidade de vida das pessoas, e percebemos o quanto o ambiente pode influen ciar o comportamento dos usuários.
Entendemos que arquitetura não é somente beleza e funcionalidade, pode e é muito mais. Quando falamos sobre influenciar o usuário, coloca mos em questão que é indispensável à agregação de outras áreas de co
Sempre existiu a preocupação acerca de como os edifícios poderiam influen ciar a vida das pessoas, porém de forma empírica, e atualmente isso se tornou um campo interdisciplinar, a Neuroarquitetura, que surge e vem crescendo devagar, desde 1990, como meio de explicar biologicamente e cientificamen te esta influência. Consiste na aplicação da neurociência aos espaços constru ídos, visando maior compreensão dos impactos da arquitetura sobre o cére bro e os comportamentos humanos1.
Do mesmo modo ocorre com a Biofi lia, e com os avanços na neurociência foi possível observar como a interação entre cérebro, corpo e meio ambiente é muito mais complexa do que se ima ginava. Ou seja, a arquitetura tem pro funda relação com o cérebro (GONÇAL VES e PAIVA, 2018, p.290). Sendo mais um campo interdisciplinar, o qual une
1 Dados referentes à Neuroarquitetura e de onde ela surgiu. Disponível em: <https://www. projetodraft.com/verbete-draft-o-que-e-neuroar quitetura>
a natureza com a obra e sua relação com o ser humano, popularizado por Edward
O. Wilson em 1984 descreve a rela ção inata entre o homem e a natureza, além de tratar da necessidade que te mos de permanecer conectados a ela. (BROWNING e COOPER, 2015, p. 7).
E, neste trabalho, pretende mos desenvolver uma proposta de espaço público, cujo processo fundamenta-se nesses campos interdisciplinares, para gerar conexão e proporcionar o acesso à cultura e à educação ambiental.
Justificativa
O desejo de realizar esta pesquisa partiu da descoberta de quanto o design e a ar quitetura podem influenciar diretamente o nosso consciente e o nosso subconscien te! Da mesma forma quando entramos em uma igreja e nos comovemos, ou quando entramos e nos sentimos em um local de uma grandeza absoluta. Estes lugares fo ram planejados para promover estas sensações, não é apenas coincidência. Quan do entendemos que dentro da arquitetura existe uma gama gigante, muito além de
parâmetros técnicos de legislação, ergonomia, conforto ambiental e que tudo pode nos influenciar, começamos a entender a importância real de um projeto.
Por isso, os arquitetos estão começando a pensar não somente na funcionalidade e na estética, mas também nos efei tos gerados em níveis mais profundos do corpo humano, podendo gerar vá rias vantagens que beneficiem a todos.
Para compreender os benefícios da Neuroarquitetura e da Biofilia são ne cessários alguns dados científicos.
Foi publicada pelo G12 uma pesquisa de até quantas horas os brasileiros trabalham e o estudo mostrou que metade deles traba lham até 11 horas por dia, sendo que 46% dos profissionais levam serviço para casa e aqueles que trabalham de forma remota acabam trabalhando por muito mais tempo
Portanto, o ser humano passa muito mais tempo em serviços que são padronizados,
2 Publicação do site G1 sobre quantidade de horas trabalhadas. Disponível em: <https://g1. globo.com/jornal-hoje/noticia/2011/12/quase-me tade-dos-brasileiros-trabalha-ate-onze-horas-por -dia.html>
não se valoriza cada função, cada funcionário de modo individual, sem fazer
TABELA 01 - Horas trabalhadas por brasileiros
depressão, 5,8% da população, o que representa cerca de 12 milhões de pesso as4. No dia 02/03/2022, foi publicado que após a Covid-19, aumentou 25,6% os ca sos de ansiedade e 27,6% de depressão em todo o mundo em 2020, principal mente entre os jovens de 20 a 24 anos, e mais em mulheres do que homens5 .
TABELA 02 - Porcentagem de pessoas com ansiedade e com depressão
Elaborado pela autora. Fonte: https://g1.globo.com/jornal-ho je/noticia/2011/12/quase-metade-dos-brasileiros-trabalha-ate-on ze-horas-por-dia.html.
a distinção de cada um, tornando o dia a dia mecânico, cansativo, desestimulante, fatos que afetam sua saúde física, mental, a produtividade e a criatividade.
Segundo dados da Organização Mun dial e Saúde (OMS), o Brasil já era o país com a maior taxa de transtorno de an siedade do mundo, 9,3% da população, ou seja, 18,6 milhões de brasileiros3 e na quinta posição mundial de pessoas com
Elaborado pela autora. Fonte: https://veja. abril.com.br/sau de/os-brasileiros-sao-os-mais-ansiosos-do-mundo-segundo-a-oms.
4 Pesquisa da OMS sobre depressão. Dispo nível em: < https://g1. globo.com/bemestar/noti cia/depressao-cresce-no-mundo-segundo-oms -brasil-tem-maior-prevalencia-da-america-latina. ghtml>
3 Pesquisa da OMS sobre ansiedade. Dis ponível em: < https://veja. abril.com.br/saude/ os-brasileiros-sao-os-mais-ansiosos-do-mundo -segundo-a-oms/>
5 Pesquisa sobre o aumento dos casos após Covid-19. Disponível em: <https://g1.globo. com/saude/saude-mental/noticia/2022/03/02/ pandemia-fez-aumentar-em-mais-de-25percen t-numero-de-casos-de-depressao-e-ansiedade -em-todo-o-mundo-alerta-oms.ghtml>
Na década de 80, a Organização Mundial e Saúde (OMS) reconheceu a existência da Síndrome do Edifício Enfermo, que se trata de um conjunto de doenças causa das ou estimuladas pela poluição do ar em espaços fechados, causadas princi palmente pela má ou falta total da circulação da ventilação e da precariedade na manutenção dos sistemas de aquecimento, ventilação e ar-condicionado6 .
Desse modo, a neuroarquitetura e a bio filia vêm como modo de repensar esses espaços, voltar o olhar para o ser hu mano, para ser algo saudável, que instigue a criatividade e não a diminua. Há diversas pesquisas certificando que um espaço biofílico diminuiu, e até mes mo previne, a depressão e a ansiedade.
Segundo o portal Vertical Garden, atua lizado em janeiro de 2020, uma pesquisa da Universidade de Chiba, no Japão, com provou a diminuição de alguns hormô nios. A pesquisa dividiu 168 voluntários em dois grupos, metade passeando em florestas, e os demais em centros urbanos.
O grupo que teve contato com a natureza mostrou diminuição de 16% no corti sol (hormônio relacionado ao estresse), 4% na frequência cardíaca e 2% na pres são arterial e o que foi para o meio urbano não apresentou nenhuma diminuição.
A Universidade Deakin, na Austrália, re velou que a natureza proporciona momentos de relaxamento e liberdade, e apresenta impacto positivo no estado mental dos indivíduos, uma vez que re duz sintomas de ansiedade e depressão.
Enquanto isso, na Holanda, pesquisadores do Centro Médico Universitário de Amsterdã, notaram que pessoas que vivem próximas da natureza diminuem em 21% as chances de desenvolve rem depressão. Além disso, vale des tacar outros benefícios, como redução na ansiedade, melhora na qualidade do sono, na imunidade e nos problemas cardíacos, pulmonares e muitos outros.
6 Dados sobre o reconhecimento da Sín drome do Edifício Enfermo. Disponível em: < ht tps://revistavisaohospitalar.com. br/sindrome-do -edificio-enfermo>
Em Ribeirão Preto, não há nenhum edifico com esse planejamento, ca paz de promover a melhoria na qua lidade de vida de seus usuários.
Objetivos gerais
Este trabalho tem como objetivo de senvolver o anteprojeto de um centro de conexão. Um ambiente que to dos se sintam à-vontade em passar um tempo, independentemente da sua classe, da sua etnia e da sua idade; que seja convidativo, integrado, agradável e principalmente acolhedor.
Um espaço feito para promover a conexão de forma natural e orgânica, ponto focal de todo o trabalho, seja ela entre as pessoas, ou entre elas e a natu reza, entre a natureza e o meio, entre a obra e a cidade, e assim por diante.
Objetivos específicos
A fim de alcançar este objeti vo geral, podem ser delineados os seguintes objetivos específicos:
Explorar os sentidos humanos (visão, au dição, olfato, tato) buscando a compreensão sobre a importância do meio ambiente;
Oferecer locais para que diferen tes conexões possam ocorrer;
Fazer uso estratégico de cores, ma teriais e iluminação, para que seus usuários se sintam bem e acolhidos;
Conciliar arquitetura e paisagis mo, a fim de criar espaços agradáveis e uilizar elementos naturais.
Procedimentos metodológicos gerais
Para o desenvolvimento do trabalho é de extrema importância fundamentar todas as pesquisas realizadas, e para tanto foram utilizados os seguintes procedimentos: pesquisa teórica
Tem como interesse reunir todas as bi bliografias, disponibilizadas em livros, si tes, relatórios, entre outros, os quais fo ram usados durante todo o trabalho, com a função de estabelecer e fundamentar ideias e processos que condizem com o quadro atual, permitindo realizar um es tudo sobre o efeito de cores, iluminação e dinamização dos espaços. Para tanto, foram utilizadas palavras chaves como: centro, pavilhão, integração, conexão, meio ambiente, sustentabilidade, biofilia, neuroarquitetura, arquitetura e mediação.
A neuroarquitetura foi muito estudada por Andréa de Paiva e Robson Gonçalves no livro Triuno. A relação entre o cérebro, o corpo e o meio ambiente é extrema mente complexa, muito mais do que as pessoas imaginam, e a arquitetura tem uma relação intima com o ser humano. Os ambientes diferentes provocam par tes diferentes do cérebro, criando uma experiência emocional, sensorial e instin tiva que por vezes são geradas no subconsciente. Para eles, neuroarquitetura é:
“A ciência interdisciplinar que aplica conhecimentos da neurociência à relação entre o ambiente construído e as pessoas que dele fazem uso” (PAIVA e GONÇALVES, 2018, p.396).
Já Cooper e Browning ficaram conhecidos depois de publicarem Espaços Humanos: O Impacto Global do Design Biofílico no Ambiente de Trabalho, sabendo que a relação do indivíduo com o espaço que se vive afeta diretamente seu desempe nho, como interagem uns com os outros, seu estado mental e psiquiátrico, por isso projetar esses espaços passou a ser fun damental atualmente. Eles afirmam que:
“O design biofíilico é uma resposta à necessidade humana de se conectar com a natureza e trabalha para esta-
belecer este contato com o ambiente construído. Fundamentalmente, o design biofílico é a teoria, ciência e pratica de criar construções inspiradas na natureza, com o objetivo de continuar a conexão do indivíduo com a natureza dos ambientes em que vivem e trabalham todos os dias. Nos ambientes construídos contemporâneos de hoje, as pessoas estão cada vez mais isoladas da experiência benéfica dos sistemas e processos naturais.” (BROWNING e COOPER, 2015, p.10).
pesquisa documental
Em suma são todas as pesquisas usadas como referência no projeto, tais como projetos legais, dados da OMS, relatórios, e mapeamentos disponibilizados pela Prefeitura Municipal.
Os projetos escolhidos apresentam soluções para diferentes questões que serão abordadas, tais como: bem-estar, aprendizagem sobre a importância da vegetação, espaços prazerosos para a população.
Essas soluções andam junto com palavras chaves usadas na pesquisa, sendo elas:
neuroarqutetura, biofilia, centro educacional, bem-estar, ciência, dessa forma o objeto a ser projetado poderá apresentar soluções técnicas e espaciais com base em conceitos predeterminados que poderão ser encontrados de forma clara em sua estrutura projetual e em seu partido.
pesquisa de campo
Levando em conta a pesquisa empírica realizada, o sítio selecionado para o desenvolvimento deste trabalho localiza-se ao lado de uma área de preservação permanente, com fácil acesso, numa região onde há carência de espaços abertos ao público, para a população se expressar, na zona oeste de Ribeirão Preto.
Foram realizados levantamentos de campo da área de interven ção e do entorno imediato e pesquisas com as pessoas que a utilizam, através de fotos, anotações, relatórios, mapas, entre outros. Alguns dos dados obtidos foram transformados em mapas, diagramas, textos e tabelas para melhor e mais claro entendimento.
A fundamentação teórica desta pesquisa desenvolveu-se a partir da ex ploração de dois campos da neurociência. Neste capítulo será abordada a neuroarquitetura de forma introdutória, assim como a biofilia e todos seus seguimentos com exemplificações.
1.1. Neuroarquitetura
A arte é a arte que dispõe e adorna de tal forma as construções ergui das pelo homem (...) que vê-las pode contribuir para sua saúde mental, poder e prazer. John Ruskin (18191900) critíco inglês. (GONÇALVES E PAIVA, 2015, p289)
A relação entre o cérebro, o corpo e o meio ambiente é extremamente comple xa, muito mais do que as pessoas imaginam, e a arquitetura tem uma relação intima com o ser humano. Os ambientes diferentes provocam partes diferentes do cérebro, criando uma experiência emocional, sensorial e instintiva que por vezes são geradas no subconsciente, e como já colocadas no capítulo introdutório, a neuroarquitetura pode ser definida como:
“A ciência interdisciplinar que apli ca conhecimentos da neurociência à relação entre o ambiente construído e as pessoas que dele fazem uso” (PAIVA e GONÇALVES, 2018, p.396).
Os ambientes são capazes de estimular diferentes sensações nos seres humanos, mas com os avanços tecnológicos, houve a integração de áreas diferentes como a arquitetura e a ciência, criando a neuar quitetura e, a partir disso estudando o ambiente e quais áreas do cérebro são estimuladas, gerando experiências diver tidas, emotivas, melancólicas, instintivas, que por sua vez podem ser inconscientes.
Em muitos discursos sobre Neuroarquite tura e suas possibilidades, é comum que o espaço seja colocado na condição de a gente (“espaços que geram ansiedade”,
“espaços que curam”, etc.) e isso pode contribuir para a geração de falsas ex pectativas. O espaço não age. Quem age no espaço somos nós. O ambiente é uma variável que pode influenciar nossa ação, nossa percepção, nosso estado mental. Isto é, nós podemos apresentar diferentes comportamentos e percepções depen dendo das características físicas do lugar onde nos encontramos, nós reagimos de maneiras diferentes em ambientes diferentes, mas nem todos responderão de forma semelhante ao mesmo espaço7.
Tem-se avançado em busca de como o cérebro interpreta cada elemento do ambiente, quais regiões são ativadas, através de neuroimagens como respostas a tal. Proporcionando satisfa ção, harmonia, bem-estar, equilíbrio, por meio das formas e das composi ções, conseguindo apresentar um espaço com maior precisão e objetividade.
Sobretudo não podemos pensar que é
7 Fonte: https://www.neuroau.com/post/ os-limites-da-neuroarquitetura-um-novo-olhar -para-projetar#:~:text=O%20espa%C3%A7o%20 n%C3%A3o%20age%2C%20quem,nossa%20per cep%C3%A7%C3%A3o%2C%20nosso%20esta do%20mental.
a ideia de fazer a obra perfeita, pois o conceito se aplica de maneira diferente para cada pessoa, levando em conta que nossa ligação com o ambiente é extre mamente complexa. Podemos dizer que não é uma regra a ser seguida e sim um conceito, o qual deve ser usado com bom senso por arquitetos e designs, afi nal cada pessoa percebe um espaço de maneira infinitamente diferente de outra.
O que antes eram apenas impres sões subjetivas, respostas aparentemente sem razão para os sentimen tos causados pelo mundo material, agora podem ser compreendidas como processos cerebrais capazes de gerar conforto, medo, contrição, dentre outras sensações. (PAIVA E GONÇALVES, 2015, p. 297).
Em nosso sistema sensorial percebemos de duas formas diferentes, sendo a cons ciente e inconsciente. Entretanto, a percepção de forma consciente é mais lenta que a inconsciente, sendo assim a maioria dos estímulos que nos afetam é em nível subconsciente, ou seja, não é perceptível e faz com que a reação seja automática.
O que antes era empírico se torna concreto pela neuroar quitetura:
Podemos compreender claramente esta influência quando entramos ou até quando vemos fotos de uma igreja gótica, como por exemplo, a Sagrada Família, localizada em Barcelona, na Espanha.
Primeiramente temos a sensação de imponência, grandiosiedade, poder obsoluto,uma forte presença, isso por-
que sua escala é monumental, fugindo da escala do ser humano, nos deixando inpactados e até mesmo intimidados de certa maneira. Com sua espiritualidade, pode estimudar a reflexão, a contemplação e diversas sensações diferentes para os mais familiariazados.
IMAGEM 02 - Sagrada Família em relação as pessoas Fonte: GoogleAs torres construídas de ambos os lados das fachadas são elementos essenciais para sublinhar o lançamento vertical. Essas torres apresentam grandes aberturas, parecendo lançar o edifico para o alto.
A luz passa pelos gigantes vitrais atravessando toda a catedral de maneira harmonica, sem um ponto unico e
focal como costumamos ver e usar. Com isso passa a sensação de um encanto glorioso, leve e que te eleva, nos deixando pequenos em seu interior.
Este conhecimento, quando usado com bom senso, pode ter objetivos precisos.
IMAGEM 03 - Sagrada Família Grandeza Fonte: GoogleComo por exemplo: em um ambiente de comércio de varejo que ajude a dei xar os clientes mais calmos, relaxados e favoráveis para consumo; em coworking, podem trazer maior concentração, menos estresse e aumentar o rendimento; em hospitais, estimulam a cura e o bem-estar dos pacientes e dos funcionários, e assim por diante. Também pode ser usado para ativar nossas habilidades cognitivas, como estimular a memória, diminuir a pressão arterial e efeitos ne gativos do local sobre nossas emoções.
1.2. Biofilia
Biofilia vem do grego bios, que signifi ca vida e philia, que significa amor, afei ção, ou necessidade de satisfação. Ao pé da letra, biofilia é o amor pela vida. Este termo foi popularizado pelo ecó logo americano Edward O. Wilson, em seu livro Biophilia, publicado em 1984.
Inicialmente, o termo foi usado em teorias psicanalíticas que o opunham à atração pela morte, como os estudos do psicólogo Erich Fromm, em 1964. Mesmo sendo usado em diferentes perspectivas, as teorias concordam que a biofilia é um sinal
de saúde física e mental. Diversos estudos comprovam os benefícios do conví vio com a natureza para a saúde humana.
Em um relatório de Cary Cooper e Bill Browing, intitulado Espaços Humanos: O Impacto Global do Design Biofílico no Ambiente de Trabalho, a arquitetura bio fílica é definida por estes autores como:
“O design biofílico é uma resposta à necessidade humana de se conectar com a natureza e trabalha para esta belecer este contato com o ambien te construído. Fundamentalmente, o design biofílico é a teoria, ciência e prática de criar construções inspi radas na natureza, com o objetivo de continuar a conexão do indivíduo com a natureza dos ambientes em que vivem e trabalham todos os dias. Nos ambientes construídos contemporâneos de hoje, as pessoas estão cada vez mais isoladas da experiência benéfica dos sistemas e processos naturais.” (BROWNING e COOPER, 2015, p.10).
É mais uma das áreas que unem arquitetura e ciência, que vem de algo em pírico e hoje é confirmado. Uma nova técnica que precisamos resgatar, a qual preza por locais onde as pessoas tenham contato com elementos da natureza.
Também se pode dizer que o conceito é uma das vertentes do sustentável.
Passamos mais de 90% do nosso tempo no interior de alguma edificação, portanto, melhorar a qualidade desses espaços é fundamental e esse fato nos adoeceu. Como já comentado, a OMS reconheceu a síndrome do edifício enfermo, um conjunto de doenças causadas ou estimula das pela poluição do ar em espaços fechados. Por mais que nosso ambiente tenha evoluído pelas intervenções humanas, expressas fortemente na industrialização e urbanização, nós, seres humanos, não conseguimos evoluir o suficiente com a rapidez necessária para acompanhar mudanças extremamente significativas e se tornar independente da natureza:
Nós somos moldados pelo ambiente em que vivemos, tanto social como físico. Mas, além disso, trazemos em nossos genes as características moldadas desde os primórdios de nosso desenvolvimento como raça humana. E a raça humana passou a maior parte de sua história tendo que conviver e lidar com a natureza. Originalmente, nós fomos pre parados para sobreviver em meio a ela, O fato de quebrarmos essa lógica genética tão bruscamente
pode provocar a sensação de não pertencimento, criar stress e problemas emocionais que se refletem no nosso comportamento. (GONÇALVES E PAIVA, 2015, p331).
De maneira global, Browning e Cooper evidenciam que a Organização das Nações Unidas prevê que em 2030, 60% da po pulação mundial viverá em ambientes urbanos, sendo que alguns países já estão sentindo essa migração, com um aumento de 40% desde 1950, tais como Brasil (51%), Filipinas (41%), Indonésia (41%) e a China (32%). Por isso, é indispensável considerar como a conexão entre o homem e a natureza ainda pode ser ofereci da para aqueles que residem em cidades.
TABELA 03 - AUMENTO URBANO
Elaborado pela autora. Fonte: Relatório Espaços Huma nos: O Impacto Global do Design Biofílico no Ambiente de Trabalho.
Consequentemente, a população tem uma exposição frequente à poluição so nora e visual, com vistas para edifícios altos, para paredes, com uma circula ção exagerada de veículos motorizados, os microclimas gerados pela falta de vegetação e o excesso de asfalto, trazendo alta temperatura, poluição do ar e baixa umidade, todo um conjunto que afeta negativamente qualquer pessoa, mentalmente e fisicamente.
A biofilia vem para romper com algumas dessas coisas, retomar a natureza e vem se tornando cada dia mais uma tendência de empresas renomadas como a “Googleplex” do Google e o campus da Apple no “1 Infinite Loop”, as quais mostram aumento da produtividade e retenção dos funcionários por conta da mudança no ambiente de trabalho.
Quando pesquisamos sobre biofilia, a primeira coisa que aparece é a im plantação de vegetação, porém traba lhando apenas com ela não obtemos todas a melhorias possíveis. É preciso pensar no ambiente como um todo, o que envolve vegetação, formas, volu mes, texturas, materiais, cores, ilumi nação, sons entre outros elementos.
A vegetação sempre foi e sempre será importante. É fonte direta de proteção, alimento, forragem, na eflorescência, que basicamente é o elemento vivo que se modifica com o tempo; por refrescar o ambiente ao liberar gotículas de água, também ajudando da umidade do ar, proporcionando sombra ao ser coloca da em fachadas de sol pleno. As plantas exalam aromas que agradam o olfato, diminuem a poluição do ar, melhoram a pressão arterial, renovam a qualidade do ar fazendo a troca de gás carbônico para oxigênio. Algumas atraem pássaros e outras são consideradas repelentes. É um recurso terapêutico por estimular as células, o que significa que são boas para nosso psicológico e nosso físico.
Na imagem 04, vemos um escritório que implantou somente a vegetação, sendo ela artificial, e o material que nos lembra a madeira. Pode aparentar ser biofílico, mas não é. Com as plantas artificias, nós pioramos a qualidade do ar, ela não o filtra, não gera umidade, não diminui a temperatura e piora até mesmo a acús tica. Por serem artificiais, estas plantas acumulam sujeiras do dia a dia, ao co locá-las em cima das mesas dos fun cionários pode-se gerar a sensação do teto ser mais baixo do que realmente é
e interfere diretamente na iluminação. E o que mais chama atenção é o fato de o ambiente não oferecer nenhuma janela e vista, além de uma para as paredes do local.
Já na imagem 05 podemos perceber nitidamente a diferença. Temos uma vista ampla de qualidade, para a cidade, algumas vegetações naturais, que não interferem na iluminação, com bastante iluminação natural e troca de ar. Os vidros com o fundo azul e o tapete azul remetem à lembrança de mar e/ou céu.
A madeira, no banco e na luminária; o verde dos forros, do tapete e da vegetação; enfim todo o conjunto forma um ambiente de trabalho muito mais produtivo, com funcionários mais felizes e alegres.
As formas são algo que influencia muito e de maneira inconsciente. É comprovado que crianças e adultos preferem contornos curvados e orgânicos a retos; os interiores de residências são considerados menos estressantes, transmitem segurança e privacidade, criam espaços mais agradáveis alegres e calmos; proporcionam experiências mais
suaves e agradáveis, já que o contorno orgânico é o que menos ativa a amígdala e menos produz a sensação de alerta.
A figura 6 ilustra um ambiente com formas orgânicas, com algum padrão botânico, padrão animal, biomórfica, biométrica, sendo inspirada na natureza.
IMAGEM 06 - Formas orgânicas
Fonte: Google
As texturas estão associadas aos materiais, podendo ser todos que têm tempo de vida ativo. Pedras, madeira, terra, tecidos como linho e algodão, ainda sendo material natural, e podem ser aplicados como revestimento ou em elementos do mobiliário.
MADEIRAA cor é um elemento importante para a nossa sobrevivência, devemos ressaltar cores naturais, terrosas, arenosas, verdes folha, amarelos como o pôr do sol, cores que remetem à natureza, Normalmente a cor tem relação com as nossas reações fi siológicas, tais como medo, fome, conforto, atenção, confusão mental, e estresse.
Elas condicionam o humor e, portanto, as decisões e as atitudes. As cores verdes reduzem o ritmo cardíaco e aliviam o estresse. Os tons vermelhos estimulam processos cognitivos e de atenção, por isso são de grande ajuda em tarefas que requerem grande concentração mental.
Os estudos de Browning e Cooper in dicam uma clara preferência por tons de água azuis, verdes, ouro, dourados, marrons e cores de terra encontradas nas savanas africanas. Concluímos, por tanto, que há uma preferência geral para tons de terra. Os estudos indicam também que a maioria das pessoas pre fere cores que remetam a flores e fru tas. Assim, a adoção criteriosa de cores brilhantes pode ajudar na associação de um espaço às condições naturais.
Combinações de cores vibrantes po
dem ser estimulantes se aplicadas pontualmente em excesso, entretanto, po dem causar ilusões de ótica e levar a respostas desagradáveis, tais como tontura. Isso nos diz que um uso mínimo de combinações de cores vibran tes pode auxiliar na manutenção de um ambiente saudável e restaurador.
O estímulo através de sons acelera a re cuperação psicológica e fisiológica, estimula o desempenho cognitivo, maior energia e redução dos hormônios relacionados ao estresse, à fadiga e à per cepção da dor, induz ao relaxamento físico, mental, melhora os processos de cura e funções imunes do ser humano (BROWNING, RYAN e CLANCY 2014).
A presença de água, ou algo azul para remeter a ela, ajuda a regular a pres são sanguínea, o ritmo circadiano, transmite maior tranquilidade, sereni dade, diminui o estresse e fadiga; me lhora a concentração e a memória.
A ventilação natural é mais benéfica do que um ar condicionado; o ar tem mo vimento, intensidade, cheiro, temperatu ra, aos quais o corpo responde de forma mais positiva do que uma ventilação me
cânica que está tirando a umidade do ar.
O ser humano se relaciona com a passagem da luz durante o dia. A luz do dia remete a conforto, produtividade, trabalhar com luz indireta e difusa remete à segurança e ação.
Para fundamentar melhor o desen volvimento da proposta projetual apresentada neste trabalho, foram analisados alguns projetos de referência. A principal preocupação foi buscar espaços que demonstram preocupação com o que será pas sada a qualquer pessoa que os utilizar, seja de modo consciente ou inconsciente, visando especialmente o bem-estar, a relação com o na tural, sons, sensações e texturas.
2.1. Pavilhão do Brasil –Expo Dubai 2020
Ficha Técnica
- Arquitetos: Ben-Avid, JPG. ARQ, MMBB Arquitetos
- Área: 3901 m²
- Ano: 2021
- Local: Dubai, Emirados árabes Unidos
- Fotografias: Joana França, Jon Wallis, Leonardo Finotti
IMAGEM Pavilhão do BrasilEste pavilhão foi instalado em uma exposição de Dubai, no ano de 2020, ga nhador de um concurso e representava o Brasil. É uma das referências por usar de modo fluido os conceitos apresentados anteriormente e especificando para es sas pessoas e com o seu propósito único.
O projeto teve como propósito representar as águas brasileiras, dos seus rios e seus mangues, como o próprio site do escritório de arquitetura cita: Nascedou ro de toda a fertilidade da vida, patrimônio natural que dá a base para toda a dis cussão da sustentabilidade no planeta8 .
Acima de tudo, os arquitetos conseguem imergir o público dentro de um cená rio, pensando no Brasil. E vamos analisar como eles conseguem este feito, como isso se relaciona com nossos temas e o quanto se preocupam com o local, já que estão em uma cidade que contém de sertos e o clima é totalmente diferente.
Afinal o que utilizam qual finalidade e sua relação?
Já na entrada percebemos que foi pla nejada para se sentirem confortáveis e curiosos para adentrar. Tendo uma leve abertura em relação às outras facha das serem bem fechadas, muito com para com um leve levantar de uma saia.
8 Pavilhão do Brasil – Expo em Dubai. Dis ponível em: <https://www.mmbb.com.br/projec ts/details/94/27>
IMAGEM 09 - Aberturasw
Fonte: Archdaily
Utilizam o tecido translúcido com aberturas entre os encontros das paredes e do teto, com abertura quase que central na cobertura. O tecido sendo translúcido e com estes “rasgos” permite que a iluminação natural permeie sem criar um calor excessivo, pois desse modo também conseguimos a ventilação natural. E ele sen do branco, é uma cor que não interfere e facilita ao projetar cenas diretamente.
Relacionando com o tema da Neu roarquitetura e da Biofilia a ventilação e iluminação natural são subi tens que encontramos em ambos, ajuda a regular o ciclo circadiano, não cria um microclima quente ao extremo.
IMAGEM 10 - Aberturas
Nas telas tensionadas são projeta dos imagens e sons, através de proje tos fixados ao edifício central. O que o MMBB quis com isso foi trazer em 360 graus as mesmas imagens ou vídeos, para que a população se sinta em meio
Fonte: Archdaily IMAGEM 11 - Aberturas Fonte: Archdailya ela. Cada imagem projetada traz uma sensação diferente a cada indivíduo. É algo único, lindo e para pessoas acostumadas com o dia a dia fechadas em edifícios é a experiência perfeita para ver a diferença que faz não somente no que sentimos como também no relaxamento mental, em como o cérebro irá processar durando o tempo dela ali.
IMAGEM 13 - Projeção Floresta
Fonte: Archdaily
IMAGEM 12 - Projetores
Fonte: Archdaily
IMAGEM 14 - Projeção Floresta
Fonte: Archdaily
Utilizam o espelho d’água, que é nada mais do que a água com uma profundidade rasa, envolta e dentro do pavilhão, para que as pessoas que visitem o lugar se sintam convidadas ao entrar, sentido-a nos pés para ter mais sensação de estar dentro dos mangues e melhorando o clima interno. A água é um elemento o qual devemos retomar ter o contato, a sensação e o som, muito citado pela biofilia e temos a questão de a cor ser tranquilizadora, segundo a neuroarquitetura.
IMAGEM 15 - Planta Térrea
Fonte: Archdaily
IMAGEM 16 - Espelho d’água Fonte: Archdaily
Portanto iremos se referenciar na madeira fuída com que o escritório MMBB Arquitetos e Ben-Avid conseguem trazer todos com conseitos para o proejto. Em trazer algum espaço sensorial , de imersão profunda, passando por todos os seis sentidos do ser humano. E ir além, sendo uma obra representativa, que trás a tona a discussões sobre sustentabilidade, vegetação, o futuro e o presente.
Como falado anteriormente, o nar cedouro de toda fertilidade da visa.
IMAGEM 17 - Espelho d’água Fonte: Archdaily
2.2. Biblioteca Greenpoint e Centro de Educação Ambiental
IMAGEM de
Ficha Técnica
- Arquitetos: Marble Fairbanks Ar chitects
- Área: 15.256 pés²
- Ano: 2020
- Localização: Brooklin, Estados Unidos
- Fotografias: Michael Moran/OTTO
- Arquitetura Paisagística: Arquitetura Paisagística SCAPE
A biblioteca Greenpoint é uma filial que, além de oferecer acesso a informações e mídias, também fornece muitos servi
ços sociais relacionados como a educação ambiental. Ela substitui um edifício existente por um centro comunitário.
O que vamos analisar neste projeto é principalmente a parte da edu cação ambiental e como o arquiteto dispõe a fachada e as áreas verdes.
Como podemos ver pela Figura 19, a qual ilustra os estudos volumétricos, ele começa dispondo dois blocos retangu lares e rotaciona o inferior para integrar com a calçada, e depois, onde há maior espaço, definem os que receberam vegetação, e logo em seguida onde estará às
IMAGEM 19 - Estudo de volumetria
Fonte: marblefairbanks
aberturas, as proteções e janelas rolares.
Foram separadas três áreas com vegetação integrada, para permanência, sendo a térrea (laranja) para integração do público, junto com a calçada integra da, vegetação pensada seguindo a rua e com bancos disponíveis; a do segundo nível (rosa), uma vegetação mais densa, pensado como um espaço de leitura e contemplação; e o terceiro nível (roxo) para aprendizagem na prática sobre a vegetação, tendo várias hortas com espécies diferentes que a população cui da e consequentemente gera alimento.
IMAGEM 20 - Estudo de volumetria
Fonte: marblefairbanks
3.1. Localização
A escolha da área para o desenvolvimento do projeto considerou tanto sua aptidão para aplicação dos conceitos apresentados no quadro teórico quanto o alcance social da proposta face ao seu contexto urbano propriamente dito. Trata-se de um terreno com fácil aces-
so, localizado na zona oeste de Ribeirão Preto, em um bairro que não conta com equipamentos que ofereçam as atividades a serem propostas, e que apresenta um importante atributo natural composta por maciços de vegetação já existentes, que podem ser reaproveitados.
Localiza-se próximo a dois parques – o das e o Tom Jobim, do este último um parque
3.2. Condicionantes legais
As condicionantes legais trazem as principais normas e restrições definidas pela legislação municipal que afetam o local, incluindo os mapas da cidade, constituindo um parâmetro a ser utilizado durante o projeto para a compreensão da área de estudo.
Mapa 01 ilustra o Macro zoneamento Urbanístico definido pelo Plano Diretor de Ribeirão Preto – PDRP (lei complemen-
tar n°2.866 - 27 / 04 / 2018) e indica que a área de intervenção se situa na Zona de Urbanização Preferencial (ZUP), que é a região do município onde o uso do solo deve ser incentivado, considerando o potencial de sua infra-estrutura urbana existente ou a implantar. Então entendemos que é uma região que tem potencial para ser estudada, que deve ser incentivada seu uso, mas sempre considerando o potencial do lote e de seu entorno.
Já o mapa 02 representa um fragmento do mapa das Zonas Especiais de Interesse Social 01 (ZEIS), também parte do PDRP e nos aponta as áreas internas do Perímetro Urbano desocupadas, subutilizadas ou então glebas ainda não parceladas, cujo entorno está servido de equipamentos e infraestrutura, com grande potencial para produção
de habitação de interesse social. Portanto entendemos que são áreas grandes desocupadas que podem ou não ser parceladas e podem ter diferentes usos. Notamos, em azul, a presença de um assentamento habitacional informal passível de regularização fundiária, cuja população pode ser beneficiada com o equipamento proposto nesse trabalho.
3.3. Leitura do entorno
Nesse tópico veremos os mapas elaborados com base em levantamentos in loco, para melhor entendimento de cada tópico abordado.
3.3.1 uso do solo
O mapa uso do solo nos mostra as atividades urbanas que ocorrem na área de estudo. É possível identifi car que se trata de um bairro residencial, com alguns comércios e serviços nas ruas principais, com alguns lotes que contam com comércio no térreo e a residência no segundo pavimento.
3.5. gabarito
O mapa de gabarito da área estudada representa as alturas das edificações. Analisando podemos observar que se trata de uma região de ocupação horizontal, sendo que a sudeste do ribeirão
temos um conjunto de residências de uma altura baixa, e a noroeste temos as ruas laterais ao lote escolhido, com edificações em sua maioria térreas e as demais distribuídas de forma equi librada entre um ou dois pavimentos.
3.6. áreas de preservação
O Mapa sete, que destaca as áreas de preservação, ajuda a entender quais espaços dos que contêm vegetação estão por protegidos por lei e devem continuar arborizados. Vemos que nem todas as áreas verdes são de preservação, o que
acontece somente numa faixa de 30 m de cada lado, ao longo do curso d’água, característica que pode ser aproveita da no projeto proposto, pois se limita a uma das divisas do lote escolhido.
3.7. lote
O lote escolhido se localiza na Rua Cel. Américo Batista, no bairro Jardim São José Sampaio Júnior em Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil. Em seu terreno há ao lado direito a Associação Beneficente do bair
ro, no centro uma caixa de água da DAERP, uma horta comuitaria e no canto esquerdo a escola estadual E. E. Dom Romeu Al berti, os quais serão integrados ao projeto.
A intenção será de agregar tudo ao pro-
Daerp Horta
Escola
Associação dos Moradores
Área livre
Córrego
Área de Preservação Permanente
jeto. O lote foi escolhido já levando em consideração os construção existente, sa bendo que elas só vão agregar ainda mais.
Com bastante curvas de níveis podemos perceber que o terreno e ín greme, com uma passagem do córrego mais em baixo e que por ser ex tenso temos muito espaço para aproveitar.
Passara uma rua entre a área de preservação permanente e a área livre. Ela será bem larga e cortara o lote de uma ponta a outra. Podendo ser utilizada como mais uma agregação positiva ao transformá-la em uma rua comparti lhada entre pessoas e automóveis não motorizados, se tornando mais um ponto de conexão entre tudo e todos.
Lote Topografia
Área construída existente
Demolição e Construção
ResultadoÁrea de Preservação e recuperação
4.1. Partido arquitetônico
A proposta de um espaço para apren dizagem do meio ambiente e de co nexão vem de um problema não so mente da população de Ribeirão Preto, como de um todo e a aproximação da autora com a vontade de mudar a for ma com que olhamos para o meio.
Dessa forma, a obra foi intitulada “Espa ço de Conexão”, pois o aprendizado também é uma forma de conexão das pes soas com o meio. Portanto, o conceito visa conectar, estimular a interação, um espaço para se expressar, estudar, trabalhar, através de espaços funcionais, de convivência, estudo, jardim, horta. Esses são os eixos do Espaço de Conexão.
4.2. O ordenamento do espaço
A proposta e ordenamento espacial têm como objetivo atender o conceito apre sentado, levando em conta os projetos de referência, as referências teóricas, os levantamentos e pesquisas realizados. Com base nesse pressuposto, foram es-
truturadas diretrizes para conduzir todo o desenvolvimento do projeto, sendo priorizadas a integração e apropriação do local em si, sempre visando o bem-estar, a felicidade e a sensação de acolhimento de seus futuros usuários.
4.3. Programa de necessidades
4.3.1. setorização
área construída existente
- retirar muros
- integrá-las
- ver suas necessidades
- mais pontos de horta
- prever novo método de separação para área do Daerp.
área de preservação
- reflorestamento
- cuidado com a vegetação existentes
- passagens para haver conexão com o outro lado do córrego
- pensar como as pessoas possam ter a sensação de segurança e apropriação
lazer e vegetação
- áreas abertas para encontros, observação, conexões, conversas, brincadeiras, leitura, admiração, para se expressar, dançar, divertir, estudar, trabalhar, entre outras.
- banheiros, bebedouros, bancos, lixeiras, vegetação
- área para foodtruck
- quadras, ciclovia, hortas, estudos expressão e educação
- administração, deposito
- educação ambiental
- salas sensoriais
- área para estudo/trabalho
- área para palestra
- biblioteca
4.3.2. quadro de áreas
4.3.3. fluxograma
4.3.4 espaços propostos
4.4. Partido estético-formal
No partido estético e formal serão apresentadas as formas e sensações que queremos passar no projeto. Trazendo dos temas e projetos de referência, se rão privilegiadas as formas orgânicas, com mobiliários arredondados; o edi fício aproveitando da melhor maneira tural, trazendo recortes das aberturas em lugares estratégicos; a vegetação e lazer aproveitando de maneira ade
quada e ergonômica o local e sua pro ximidade com a Área de Preservação Permanente (APP), e assim por diante.
Os ambientes serão projetados sempre com base nas sensações a serem estimuladas pelos mesmos. Como podemos analisar na Figura 41, temos que projetar pensando até no conforto psicológico, do inconsciente, para chegar ao resultado que gostaríamos. Sempre com muita ética.
4.4. Soluções tecnológicas e materiais
Os materiais serão escolhidos em função da biofilia, tentando retomar a natureza não somente com a vegetação, mas também com texturas e acabamentos, utilizan do o concreto, a madeira, a pedra, água, vidro, metal, vegetação, entre outros.
materiais
5.1. O PROJETO
A proposta do espaço de conexão surge através da vontade da autora em trazer um novo olhar das pessoas para o meio em que estão e após ao escolher o lote percebe-se que conexão se torna a palavra chave de todo o projeto.
Portanto ele será um início da mudança de visão da população. É esperado, que ao longo do tempo, se torne a visão de todos da população.
primeira intenção
A intensão inicial era fazer um parque com um edifício central, mas visto que a área é grande esse projeto inicial foi avançando para outro estilo, na qual são vários edifícios menores espalhados de acordo com a necessidade do local. Com este segundo pensamento o projeto foi surgindo de maneira fluida.
segunda intenção
rua américo volta
rua florinda bordizan sampaio
rua cel américo batista
5.2. zoneamento e setorização
Levando em considerações todos os levantamentos e pesquisas, o lote foi primeiramente separado em setores ou zonas para depois vim com as implantações.
A linha laranja indica por onde passara uma rua conectando os dois lados residenciais e acaba dividindo a área que tínhamos livre com a de preservação permanente.
A área de preservação permanente, em verde claro, varia de 50 metros ao lado da rua Américo Volta até 65 metros na rua Cel Américo Batista.
Em verde médio são as áreas com maciço de vegetação existente.
E no verde escuro será uma ilha para usarem enquanto educação ambiental, para ser transformada em pomar.
Próximo a escola foi pensada em separar duas ilhas, uma ilha em azul escuro para ser playground, onde as crianças possam ter acesso, possam se apossar e conviver com seus amigos e familiares,
Ao lado uma marrom para os pets, a qual possam brincas sem medo do seu animal de estimação sair correndo e se perder pela área,
E a outra em ailha zul claro, um espaço separado como ilha pedagógica.
Em amarelo uma ilha voltada a educação ambiental, salas multifuncionais, sensoriais, que a comunidade possa usar para ensinar uns ao outros.
Na ilha roxa o espaço esportivo, para realocar quadras que futuramente saíram para dar lugar a avenidas.
A rosa ao lado sendo lugar de interação, restaurante, food truck.
E a parte da comunidade, em cinza, pensando no espaço livre para ocorrência de festividades e cozinha comunitária.
5.3. circulação
Pensando no conceito, na neuroarquitetura e na biofilia, foi projetado o traçado de maneira que conecte todos os lugares de forma livre.
Buscando algo orgânico nos deparamos com uma passagem que foi comparada com raízes de arvore e o material escolhido foi o piso intertravado.
Como o conceito é de conexão entre
tudo, a disposição conecta todos os ambientes, todas as laterais e proporciona um caminho ondulado, na qual podemos vislumbrar toda a passagem até chegar onde deseja. Na biofilia se encaixa pelo formato retomar a natureza e por ele ter este cuidado de ser permeável. Na neuroarquitetura nós trazemos uma forma comum e uma cor neutra fazendo com que as pessoas sintam uma proximidade com o local.
5.4. edificações
Pensando no programa de atividades e na distribuição de zonas foi distribuída algumas edificações ao longo do lote.
Em lilás nos vemos uma quadra poliesportiva. Pensada através da analisa do mapa viário da prefeitura de ribeirão e da análise do entorno. Próximo a área existem duas quadras que futuramente passara uma avenida, por isso trazemos ela para o lote.
Juntamente com as duas em roxo, que são quadras de areia. Em toda a cidade estão sendo feita várias quadras desse modelo e há uma grande procura da população em todas elas, independente do bairro. Assim como a poliesportiva, podem fazer várias atividades, como: Beach Tênis, Vôlei, Futebol, Frescobol, entre outros.
E o retângulo rosa, seria um restaurante que conseguirá atender todos os lados, sendo aberto ao público que está nas quadras ou andando pelo parque.
Onde havia a outra zona rosa, será um espaço separa para os food
truck. Perto da rua, com duas entradas próximas e a passagem fazendo seu contorno. Decidimos trazer este espaço por estar começando a ser usado em algumas áreas da cidade e deste modo conseguimos incentivas para continuar ocorrendo em outras áreas.
Em amarelo escuro é uma zona com vários blocos separados, mas todos buscam a mesma utilidade. É área multifuncional, no qual os locais podem usar para se expressar, ensinar uns aos outros, estudar, para ocorrer diversas atividades.
Amarelo claro será duas grandes salas sensoriais demonstrando a importância do meio ambiente e como ele muda a atmosfera em sua volta.
Já em verde serão destinados a educação ambiental. A edificação redonda será para ter salas destinadas a ensino de como as plantas funcionam na prática, depósito, entre outros.
E o retangular será uma estufa, na qual eles podem cultivar as plantas desde a sua semente.
FOOD TRUCK
5.3. edificações
A arquitetura e o estilo de cada um desses edifício foi sempre ponderada nos con ceitos da neuroarquitetura e da biofilia.
Temos uma cozinha comunitária, que apesar do mapa acima estar retangu lar ela será no formado ameba, com o mesmo tamanho mostrado. Sim! Enorme! Localizada ao lado da Hor ta Comunitária já existente e pró xima a zona pensada para pomar.
Com ela esperamos que a comunidade use na educação dos crianças e ado lescente, se integrando com a escola, com a associação dos moradores, que a usem em festividades, podendo gerar lucro e que usem os produtos que eles mesmos plantaram na horta comunitária, no pomar, na estufa.
Ela será toda colorida separando os ambientes internos. Terá uma cozinha para ensinar, outra para quando haver eventos, mesas comprimas para todos participarem das receitas e o refeitório para desfrutarem do que prepararam.
Ampla, aberta serão as pa lavras chaves do projeto.
lucro educação ambiental fcozinha estividade plantio horta pomar lucroNo edifico que receberá a atividade de Educação Ambiental, será circular!
Em prima, contém três salas, sendo elas: uma de aula, outra para gerarem os brotos e depois seguirem para estufa e outra como depósito. Revestido com palha e sua parede interna será todo com cobogó cinza e laranja.
Logo em seguida temos as salas sensoriais. Ambas no formato triangular que já nos deixa curiosa para saber o que é.
Uma representará tudo o que a natureza pode nos trazer e outro tudo que a pavimentação ou construção nos trazem. Sendo a maior para a natureza e a menor pata a construção. Ambos de concreto com entradas bem marcantes e coloridas.
Já as salas multifuncionais foram pro jetados em função de ajudar a própria comunidade dos arredores, na intenção de um ajudar ao outro com ensino para quem não pode ter, por exemplo: um eletricista pode usar a sala para ajudar outros adultos que não tem uma carreia aprender algo novo e tirar seu sustendo desse ensinamento. E o eletricista que ensinou pode levar produtos da hor ta comunitária e do pomar sem pagar.
Dessa maneira criamos um ciclo de ajuda dentro desta comunidade.
As salas foram projetadas de duas maneiras diferentes, porém com o mesmo revestimento. Faremos 2 blocos com aberturas mais extensas para quem for se expressar e outros 3 blocos com aberturas menores para quem quiser mais privacidade. Ambos revestidos com madeira e tendo suas esquadrias coloridas, cada bloco com a sua cor.
No restaurante será uma estrutura em aço e paredes revestidas em pedra natural, todo aberto para que as pessoas possam entrar independente do lado. Pensado para atender as quadras e o seu redor. Com banheiros, cozinha e servirá tanto na área coberta, quanto na descoberta.
6.1. Referências Bibliográficas
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