PROJETO URBANíSTICO 1
universidade federal do ceará | departamento de arquitetura e urbanismo prof. Dr. Renato pequeno | alunos: antonio flores, joão colares, lucas lessa, matheus coelho e mirela mota
introdução índice
introdução
introdução
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Diagnóstico
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elementos estruturantes
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master plan
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habitação
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equipamento social
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mobilidade urbana
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espaços públicos
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Conclusão - bibliografia
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Este trabalho é o produto final da disciplina de Projeto Urbanístico 1, orientado pelo Professor Dr. Renato Bezerra Pequeno e formulado pelos alunos: Antonio Flores, João Colares, Lucas Lessa, Matheus Coelho e Mirela Mota. Ele tem como objetivo a elaboração de um projeto de intervenção urbana para determinada área da cidade de Fortaleza, levando em consideração os conhecimentos adquiridos na disciplina ao longo do semestre. Para a formulação desse trabalho, foi primeiramente realizado um diagnóstico da área de intervenção, através de dados básicos e uma visita de campo, com esse resultado analítico foram elaboradas diretrizes que guiariam o processo projetual. Ao final, com a junção das informações obtidas e as diretrizes de projeto foram criados planos de ação em diferentes âmbitos e que culminaram no desenho final do Projeto Urbanístico.
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diagnóstico Localização A área escolhida para a elaboração do projeto fica na Barra do Ceará, dentro do município de Fortaleza, na Regional II e é caracterizado por ser uma ZEIS do tipo 3, esse fator será importante para a elaboração do projeto, pois faz parte do macroplanejamento da cidade, que diz que através do instrumentos da ZEIS, é possível estabelecer parâmetros urbanísticos alternativo, próprios para uma zona de interesse social. Está a uma distância de cerca de 5km do Centro, 1,2km do litoral do Pirambu e 1,6km do CUCA Che Guevara.
Área de estudo
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CUCA
Mapa de distâncias em relação à área de estudo.
Litoral
Centro
Localização no município de Fortaleza.
Delimitação da ZEIS onde se insere a área de estudo.
diagnóstico contexto histórico A área em estudo fica localizada entre a Av. Leste Oeste e um antigo corredor ferroviário que foi importante para a industrialização de Fortaleza. O crescimento do número de fábricas provocou uma intensa migração de pessoas que saiam do campo para trabalharem na cidade. Isso gerou uma nova demanda por moradia na região e por Mapa quemostra a Av. Leste-Oeste, o eixo ferestar próximo a área de trabalho, esse roviário e uma antiga estação de trem abanentorno começou a ser tomado por ocu- donada. pações irregulares.
ANÁLISE DO ENTORNO Pode-se perceber pelo mapa que existem uma grande carência de espaços públicos e de lazer de qualidade, como praças. Sabe-se também que existem muitos terrenos sub-utilizados com fábricas abandonadas. Mostrando a herança de um passado industrial. Existem vários conjuntos habitacionais do Vila do MAR, um deles inclusive no próprio quarteirão principal da intervenção.
contexto atual A região estudada passa por uma modificação de seus usos. Antes prioritariamente industrial e com habitações de baixa qualidade agora começa a receber investimentos principalmente na área de habitação social dando lugar a diversos conjuntos residênciais. Grande parte delas vem do Projeto habitacional do Vila do Mar que foi construído para abrigar as famílias removidas da zona litorânea do Pirambu. Além dos conjuntos, ainda co-existem moradias irregulares e também começam a aparecer empreendimentos imobiliários do mercado privado.
Área de estudo
Escolas públicas
Escolas privadas
Espaços públicos/lazer
conteúdo programático O programa definido para o projeto urbanístico deve contar com um empreemdimento habitacional para cerca de 600 famílias, um equipamento social alternativo que tenham alcance tanto regional, como mais imeditado ao entorno, além do tratamento das áreas de circulação e dos espaços públicos. Após a análise do diagnóstico da área de intervenção, foram estabelecidas diretrizes para a etapa de projeto que foi organizada para estabelecer propostas em 4 pontos: habitação, equipamento social, mobilidade urbana, espaços públicos.
Antigos galpões sub-utilizados mostrando o histórico da área.
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elementos estruturantes diretrizes Em relação aos elementos estruturantes do projeto, assumimos uma visão holística, onde todos esses elementos fazem parte de um todo, como uma rede, não podendo ser reduzidos apenas à soma de seus componentes. Primeiramente propomos a regulamentação da ZEIS, para que a partir daí, tudo se desenvolvam partindo dos mesmos princípios, criando um modelo, com propostas em diferentes âmbitos, que sirva de referência para outras áreas da cidade. Quanto a habitação foi decidido adotar a regularização fundiária como prioritária, gerando assim, o mínimo possível de transtornos tanto sociais como econômicos. As famílias removidas pelo projeto deverão ser realocadas no conjunto habitacional proposto na cadeira de Projeto Arquitetônico 3. O equipamento social seria implantado em um dos galpões fabris, essa medida tanto serve como diminuidor de gastos, como colabora para a manuntenção do pratrimônio imaterial e mateial do local. Ele deveria suprir a falta de instrumentos de educação e lazer encontrados na região. Deverá também ser um meio de capacitação e organização dos moradores , fazendo com o Estado proporcione meios para que as pessoas se tornem mais independentes e que possam replicar boas iniciativas, possiblitando uma ascensão social. Considerando que na região há uma grande densidade populacional foi decido dar preferência ao sistema de mobilidade urbana que tivesse boa convivência com o pedestre, como a bicicleta, respeitando a escala humana. É intensional, também, que seja possível estabelecer um sistema integrado entre pontos importantes para os moradores, outros tipos de transporte público e entre si. De acordo com o diagnóstico, há uma grande carência por espaços públicos de qualidade, por isso deve ser dada prioridade para uma grande praça que promova a integração entre os conjuntos, diponha de equipamentos de lazer, esporte e sustente pequenos pontos comerciais e o equipamento social proposto. Seguindo a proposta de projeto com mínima intervenção possível na cidade, considerando sua história e dinâmica. Seguindo tal linha ideológica optamos por respeitar o projeto existente para o centro comercial da Rabelo, visto que ele se propõe a dar uso social à um terreno sub-utilizado atualmente, tendo esse que obedecer as restrições urbanísticas próprias de uma Zona Especial de Interesse Social.
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plano de massas
Conjunto vila do mar Conjunto do P.A. 3 Área destinada à uma praça pública Pavilhão utilizado para o equipamento social Área para remoção ou regularização fundiária Área de empreendimento privado
master plan
N
N
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habitação conjunto habitacional Os apartamentos devem ser voltados para a realocação de famílias com a renda entre 0 e 3 salários mínimos e que viessem tanto de próximo à área de intervenção, quanto da área litorânea do Pirambu, pois a maioria dos habitantes do Vila do Mar são de lá. As famílias removidas devido ao projeto urbanístico para a área também seriam realocadas nesse conjunto. O Projeto escolhido para integrar o PU apresenta um baixo gabarito com o objetivo de dialogar com a paisagem vizinha. Possui praças para criar espaços de lazer, integrar com os conjuntos vizinhos e gerar conforto ambiental. Os blocos de apartamentos em H criam uma área interna de convivência, fazendo com que os vizinhos interajam mais, criando relações mais fortes.
regularização fundiária Para dar seguimento às diretrizes estabelecidas de menor impacto na intervenção, levando em conta as condições atual da área, foi decidido submeter alguns assentamentos irregulares apontados no plano de massas ao procedimento de regularização fundiária. A situação atual da área de intervenção é de extremo adensamento e condições urbanas precárias. São lotes com áreas bem distintas entre se com taxas elevadas de ocupação, o que demonstra a presença de perfis bem distintos entre as famílias dessa área. Parte desse quarteirão já sofreu intervenção da prefeitura.São ao todo 124 famílias vivendo no local.
Para regularizar a situação das famílias que vivem nesse local, primeiro foi preciso estabelecer uma área mínima para os lotes deste quarteirão. Isso se fez levando em consideração a área media dos lotes, que foi de 79 m2. Analisando os lotes e buscando causar o menor número de reassentamento possível, chegou-se a uma área mínima de 75 m2. Com isso, das 124 famílias, 61 foram reassentadas. Lotes modificados
Vista geral projeto arquitetônico.
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Vista da área interna dos blocos.
Vista da úlima praça do complexo
habitação regularização fundiária
resultado final
Considerando os espaços vazios decorrentes da retirada dos lotes menores que a área mínima, abriu-se uma rua para pedestres aproveitando a remoção de dois lotes de fundo. Os demais espaços vazios foram transformados em residências verticalizadas, para tentar remanejar as pessoas dentro da sua própria vizinhança, e em espaços públicos, para somar as já criadas áreas livres pelo projeto rubanístico. Uma segunda análise foi feita para tentar melhorar o desenho da quadra. Jugou-se necessário a remoção de mais cinco lotes para abrir espaço a um bloco residencial maior e uma área de convivência que se comunica com a grande praça ao lado. Com mais essas remoções, soma-se um total de 66 lotes retirados. Removeu-se também os fundos do terreno de um dos maiores lotes, onde não havia área construída. Área Verticalizada Área Pública Área Cedida aos Vizinho Rua para Pedestres
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equipamento social Centro de recursos O equipamento social deverá suprir a falta de instrumentos de cultura, educação e lazer encontrados na região, além de ser um meio de capacitação e organização dos moradores, fazendo com o Estado proporcione meios para que as pessoas se tornem mais independentes e que possam replicar boas iniciativas, possiblitando uma ascensão social. Será implantado em um dos galpões fabris, essa medida tanto serve como diminuidor de gastos, como colabora para a manuntenção do pratrimônio imaterial e mateial do local. O galpão selecionado para a instauração do equipamento está em um lote de 1215m², com Área construída total de 3834 m², distribuidos em 4 pavimentos, além de 1015 m² de terraças (área quase igual a do lote), buscando minimizar o impacto da ocupação. Nossa proposta é que esse equipamento e sua ideologia se reproduza por toda a cidade, assim como as propostas em relação ao planejamento urbano em geral.
conteúdo O equipamento contará com uma biblioteca de 540 m², além de gibiteca; brinquedoteca; videoteca; hemeroteca; cine clube e laboratório de informática, relacionados entre si. Haverá também, um setor com administração; diretoria; salas de reunião; núcleo de comunicação; espaço para psicólogo e assistente social além de uma encubadora de coopertativas populares autogeridas. Terá um núcleo de educação urbana e ambiental; radio comunitária/escola; estúdio de música; laboratório fotográfico;sala de artes plásticas;espaço para artes cênicas;salas multiuso. No pavimento térreo, haverá um espaço previsto para um centro comunitário/associação de moradores; um sala para que o conselho gestor da ZEIS possa se reunir; salas multiuso; uma sala para a coordenação do sistema modal de transporte das bicicletas; uma oficina para pequenos reparos; um teatro; um auditório e um anfiteatro externo. Contará também com um Instituto e um Banco Popular, baseado em um sistema de economia solidária.
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Volumetria do Centro de Recursos.
Fluxograma espacial do Centro.
equipamento social envolvimento comunitário O equipamento além de promover cultura, arte e educação, deverá promover (com o apoio do Estado) a integração da comunidade, reforçando sua identidade, se afirmando como uma grande unidade de vizinhança e se impondo na cidade formal, buscando mais autonomia e menos exlusão. Contará também com um Instituto que dará suporte a um Banco Popular (a exemplo do Banco Palmas) e uma moeda social própria, cuja missão será implementar projetos de trabalho e geração de renda, através de sistemas de economia solidária. Ele também fornecerá acesso à serviços bancários e garantirá microcréditos (com taxas de juros mínimas) para os moradores das comunidades, que muitas vezes não tem acesso a tais serviços. A ideia é que os Bancos Populares também sejam reproduzidos em outras áreas da cidade, seguindo com a ideia de rede.
Referência: Utilização da moeda popular Palmas como meio de crédito alternativo e acensão social.
Referência do projeto bibliotecas criativas, onde existe um centro principal onde a comunidade se espelha e contrói suas próprias unidades.
Vista externa do Centro de Recursos mostrando o anfiteatro.
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mobilidade urbana sistema cicloviário
desenho cicloviário
A necessidade de uma forma de locomoção democrática e flexiva tornou a escolha da bicicleta como a opção que melhor se encaixava no contexto urbano e social do bairro em destaque. Por isso no projeto foi decidido a implementação de ciclovias em locais com importância para a vida das pessoas que moram naquela região, facilitando a mobilidade dos moradores. Para estimular as ciclovias propostas foram criados bicicletários, onde os usuários podem por meio de uma identificação "alugar" sua bicicleta por certo período e devolve-la em outra estação. Esses bicicletários foram colocados em pontos estratégicos. A idéia era ligar os equipamentos já existentes, como a praça do equipamento, o CUCA, a praia,a praça Capistrano de Abreu (fazendo a comunicação com o VLT), Campus do Pici, Terminal de ônibus do Antônio Bezerra, mercado São Sebastião. Além desses núcleos centrais haveria pontos secundários que serviriam de conexão e descanso, distando uma da outra cerca de três quilômetros. Essas estações de bicicletas formariam uma rede que poderia ser replicada por toda a cidade de Fortaleza.
Esquema para parada de ônibus.
Lazer
Integração
Serviços Esquema para cruzamento.
Estações Apoios
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Plano de instalação de estações.
A configuração da ciclovia foi escolhida de forma que se encaixasse no tamanho das vias de forma geral, por isso a ciclovia seguiria somente por um lado da via. Foi pensado também com se daria as passagem de travessias para as ruas adjacentes e nos cruzamentos como é mostrado nos croquis. Por a ciclovia ter o mesmo nivel da rua foram colocados canteiros, com arvores de grande porte, entre eles para priorizar a segurança do ciclista incentivando o seu uso. Outro ponto a ser mencionado foi que para que os sistemas cicloviário e rodoviário não se atritem, há um pequeno recuo da ciclovia nos intervalos de parada de ônibus, para que o coletivo não atrapalhe o fluxo cicloviário.
mobilidade urbana desenho cicloviário Foi criado um meio-fio entre a ciclovia e a faixa de veículos com objetivo tanto de promover protenção para os ciclistas, já que as vias estão em um mesmo nível, quando para promover sombra com árvores de grande porte e tornar o passeio mais agradável.
Corte esquemático.
sistema rodoviário O sistema viário do entorno do equipamento também foi estudado com o objetivo de tentar dinamizar seus fluxos, criando binários onde determinadas vias que antes possuiam dois sentidos ficaram com um sentido único. Facilitando o acesso e os retornos do local, evitando o fluxo intenso de carros no entorno, para que as bicicletas possam ter seu espaço nas vias coletoras e nas locais onde não há as ciclovias.
Esquema para sentido das vias.
Via arterial Via coletora Via local Ciclovias Sentidos interrompidos Sentidos mantidos
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espaço público
Maquete eletrônico do plano geral do projeto.
desenho urbano
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Em relação ao espaço público, pensamos em uma praça com grande área livre, que possibilite diferentes tipos de uso. Além do Centro de Recursos, há na praça uma área esportiva, com quadra poliesportiva e pista de skate, além de um playground e quiosques para incentivar o uso da praça em detrimento ao centro comercial. Visto o atual uso do terreno, por respeito a sua história e aproveitando-se da fertilidade do solo, foi mantido um espaço para uma horta comunitária, onde os moradores poderão aprender técnicas de horticultura, além de produzir alimentos e plantas medicinais. Detrás do equipamentos, propomos um anfiteatro, com uma parede em cima do palco que servirá como uma grande tela para projeções.
Os bicicletários estão dispersos na praça, para evitar um grande impacto visual, e dispostos na áreas de movimento mais frequente, como perto dos quiosques, para que estejam sempre à vista dos próprios usuários da praça, por questões de segurança. Em frente à gleba que propomos o processo de regularização fundiária, Há uma área para dar suporte aos pequenos espaços públicos gerados em tal gleba, além de servir como extensão das casas, visto que essas estão muito próximas a praça, já que a via é muito estreita. Esse espaço conta com grande quantidade de bancos, sombreados por árvores, além de um quiosque. Propomos uma praça que proporcionasse múltiplos usos sem que exista conflito entre eles, criando assim uma certa setorização, divida por passeios, que surgem como caminhos, porém esses caminhos são somente sugeridos com uma paginação de piso, podendo o usuário seguir por onde quiser.
espaço público
Vista geral. Vista do equipamento social.
Quadra poliesportiva.
Pista de skate.
Terraço do Centro de Recursos.
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conclusão conclusão Para a elaboração desse projeto para a disciplina Projeto Urbanístico 1, buscamos garantir os direitos fundamentais à cidade e à moradia. Para isso, propomos antes de tudo a regularização da ZEIS onde nosso terreno esta inserido, visando assim garantir para tal área acesso à infraestrutura, educação, cultura, serviços públicos, transporte, além de uma organização comunitária. Tal regularização servirá para evitar uma futura influência negativa do mercado imobiliário, garantindo a integração de tal área de interesse social à cidade. Buscamos, com nossas propostas, melhorar a qualidade de vida no local, garantindo espaços livres para lazer, além de um equipamento que assegure à comunidade tudo dito anteriormente, sempre visando a escala humana e o bem-estar das pessoas. Buscamos uma proposta que preserve os bens materiais e imateriais do lugar, intervindo o mínimo possível, respeitando os aspectos positivos, aproveitando-se o máximo possível da situação existente.
bibliografia - GONDIM, Mônica Fiuza. Carderno de desenho ciclovias. Fortaleza: Expressão Gráfica e Editora Ltda., 2006. - MORETTI, Ricardo de Sousa. Normas urbanísticas para habitação de interesse social. 2ª ed. São Paulo: Instituto de Pesquisas Tecnológicas, 1997. - FERREIRA, João Sette. Produzir casas ou construir cidades. ed. São Paulo: Fupam, 2012. - Cartilha sobre regularização fundiária: http://www.amavi.org.br/sistemas/pagina/setores/planejamentoterritorial/arquivos/2013/Cartilha_Regularizacao_Fundiaria.pdf - http://www.bancopalmas.org.br/
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“Nos barracos da cidade Ninguém mais tem ilusão No poder da autoridade De tomar a decisão E o poder da autoridade, se pode, não faz questão Mas se faz questão, não Consegue Enfrentar o tubarão” Gilberto Gil - Nos barracos da cidade