Obras Completas do Pe. Leonel Franca S.J
O MÉTODO PEDAGÓGICO DOS JESUÍTAS O "RATIO STUDIORUM"
Rio de Janeiro: Livraria AGIR Editora, 1952
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Fonte: Obras Completas do Pe. Leonel Franca S.J O Método Pedagógico dos Jesuítas – O “Ratio Studiorum” Introdução e Tradução. Rio de Janeiro: Livraria AGIR Editora, 1952 HISTEDBR - Grupo de Estudos e Pesquisas "História, Sociedade e Educação no Brasil" * permitido o uso e reprodução para fins educacionais Digitação elaborada por Luciana Aparecida da Silva O MÉTODO PEDAGÓGICO DOS JESUÍTAS O “Ratio Studiorum” INTRODUÇÃO Padre Leonel Franca S.J. No desenvolvimento da educação moderna o Ratio Studiorum ou Plano de Estudos da Companhia de Jesus desempenha um papel cuja importância não é permitida desconhecer ou menosprezar. Historicamente, foi por esse Código de ensino que se pautaram a organização e a atividade dos numerosos colégios que a Companhia de Jesus fundou e dirigiu durante cerca de dois séculos, em toda a terra. Ordem consagrada ao ensino pela Constituição escrita por seu próprio fundador, a Companhia, onde quer que entrasse a exercer os seus ministérios, instituía logo e multiplicava rapidamente os seus estabelecimentos de ensino. Em 1750, poucos anos antes de sua supressão (1773) por Clemente XIV, a Ordem de Inácio dirigia 578 colégios e 150 seminários, ao todo, 728 casas de ensino1[1]. Esta imensa atividade pedagógica, com a sua incoercível influência e espontânea irradiação sobre outros colégios e outros sistemas educativos que se iam formando e desenvolvendo ao seu lado, não pode deixar de oferecer ao historiador da educação ocidental um interesse de primeira importância. Pedagogicamente, a aplicação do Ratio foi coroada em toda parte, de um êxito incontestável. Confessam-no todos os escritores desapaixonados, ainda os menos simpáticos aos jesuítas. E se a árvore se conhece pelos frutos, aí estão eles numerosos e sazonados, a atestar-lhe a boa seiva e fecundidade. Não só a obra educativa dos colégios da Companhia foi um dos fatores mais eficientes da contrareforma católica, senão também ela se acha ligada grande parte da aristocracia intelectual dos últimos séculos. Na França. S. Francisco de Sales, Corneille, Moliere, Fontenelle, Descartes, Bossuet, Monstesquieu, Malesherbes, Rousseau, La Condamine, Diderot, Buffon, Langrage, Richelieu, Conde, Cauchy, Flechier, Fleury, Lamartine, Foch; na Espanha, S. João da Cruz, Cervantes, Calderón, Lope de Veja, José Zorrila, Rubem Dario, Ramon Jimenes; na Itália, Tasso, Alfiere, Vico, Goldoni, Segneri, Bartoli, Prospero Lambertini (Bento XIV); na Bélgica, Justo Lipsio; na Irlanda, O´Connel; em Portugal e na América Latina, Antonio Vieira, João de Lucena, Baltazar Teles, Zorrilla de S. Martin, para não lembrar senão estrelas de primeira grandeza, saíram dos Colégios da Companhia. Estudar, portanto, um sistema pedagógico eu tem em seu abandono a prova decisiva de uma experiência multissecular não é porventura empreender um trabalho com a segurança dos resultados mais positivos, com a certeza de deparar muitos destes elementos da 1[1]
G. M. Pachtler, Ratio Estudiorum et Institutiones Scholasticae Societatis Jesu, Berlim, 1887, t. I, p. XX. Na Assistência alemã, na mesma data, os colégios assim se distribuíam pelas diferentes províncias: Província alemã Superior, 27; Província do Reno Superior, 16; Província do Reno Inferior, 17; Província da Áustria, 31; Província da Boêmia, 26; Província de Flandres, 28; Província Flandrogálica, 18; Província da Polônia, 24; Província da Lituânia, 20; Província inglesa, 10; Id., loc. cit. Ao todo, na Europa Central, 217 colégios.
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pedagogia perene que mergulha as suas raízes nas profundezas da própria natureza humana? Quantos problemas agitados pelos educadores modernos encontrariam, talvez, num principio ou numa sugestão do Ratio, a inspiração bemvinda de uma solução feliz? A Historia e a Ciência da educação tem, portanto, no Plano de Estudos da Companhia de Jesus, um instrumento de trabalho de primeira necessidade e de incontestáveis vantagens. As grandes línguas modernas já possuem traduções acessíveis do original latino2[2]. Esforçamo-nos por agora, para ministrar aos estudiosos de língua portuguesa uma versão vernácula do importante documento, em que a exatidão fiel e a simplicidade fluente fizessem boa aliança. Para melhor inteligência do texto, julgamos oportuno, em breve introdução, indicar a origem, as fontes e as grandes linhas características do Ratio.
ORIGENS A instituição de colégios para estudantes não pertencentes à Ordem não entrava no plano primitivo de Inácio, mas bem depressa se lhe impôs como uma necessidade quase indeclinável e um instrumento eficaz de renovação cristã muito em harmonia com as suas altas finalidades e com a inclinação espontânea de Inácio. A fundação em Goa por S. Francisco Xavier do primeiro colégio para externos em 1543 e a doação em 1544 de 5. Francisco de Borja, então duque de Gandia, para a abertura nesta cidade de um colégio, transformado, em 1547, em Universidade ou Studium generale, enveredaram a nova Ordem pelo caminho de sua missão educativa. Colégio de Messina. - Mas foi em Agosto de 1548, que, a pedido do Vice-Rei e da cidade de Messina, S. Inácio aceitou e abriu nesta cidade o primeiro Colégio clássico da Companhia plenamente organizado (em Gandia só havia estudantes de filosofia em 1546; em 1548, acresceram duas aulas de gramática, fechadas pouco depois e reabertas mais tarde). Para a nascente instituição enviou o Fundador um manípulo de padres de rara valia, Jerônimo Nadal, Reitor e professor de hebreu, Pedro Canísio, de retórica, André Frusius (des Freux) 3[3] de grego, Isidoro Bellini, de lógica, João Batista Passeriní, Anibal Du Coudret e Benedito Palmio, respectivamente da 3o., 2o. e 1o. classe de gramática . O corpo docente apresentava um caráter acentuadamente cosmopolita: italianos, espanhóis, franceses e alemães nele se achavam representados. A todos, porém, unia, além dos vínculos de fraternidade religiosa, um traço comum de afinidade cultural. Com exceção de Canísio, que estudara na Universidade de Colônia, os demais se formaram em Paris. 2[2] Em alemão, há pelo menos 4 versões do Ratio. A primeira é a de Hayd, Der Societät Iesu Lehr und Erziehungs Plan, 1835, t. II, 3-95, incompleta, e de acordo com a revisão de 1832; a Segunda, mais completa, mas só do texto antigo de 1599, encontra-se em Bus, Die Gesellschaft Jesu, ihr Zweck ihre Satzungen, Geschichte, Áuf gabe und Stellung in der Gegenwart, 1853, t. 1, pp. 423-516. Pachtler publicou na Coleçao Monumenta Germaniae Paedagogica, II, pp. 225-481, o texto original do Ratio, nas duas redações de 1599 e 1832 e a respectiva versão alemã. Mais tarde, B. Duhr deu-nos provavelmente a melhor tradução alemã do Ratio, no seu Díe Studíenordnung der Gesellschaft Iesu, Freiburg 1. Br. 1896, pp. 177-280. Recentemente apareceram nos Estados Unidos duas versões inglesas do Ratio, a primeira de W. J. McGuken, The Jesuits and education, New York, 1932, Apêndice, pp. 271-318, abrange só as regras das escolas inferiores (=curso secundário), de acordo com a revisão de 1832, a outra, completa, feita sobre o texto antigo de 1599, é de A. R. Ball, e encontra-se na obra editada por E. A. Fitzpatrick , St. Ignatius and the Ratio Studiorum, New York, 1933, pp. 119-254. 3[3] Numa carta ao padre Francisco Palmio que pedia ao Santo a abertura de um colégio em Bolonha, escreve Polanco: “Res Ignatio placuit, qui, ad juventutis bene instituendae in spiritu et litteris ratione, semper fuit valde propensus”. Chronicon Societatis Jesu, II, 195. Ribadeneira, na vida de S. Inácio, enumera “las causas e motivos que tuvo Nuestro Bienaventurado Padre para instituir estos colegios y escuelas, y abrazar côn tanto cuidado una occupaccion que un cabo es muy trabajosa y molesta”. Vida del B. P. Ignacio de Loyola, L. III, c. 24, p. 356.
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E Paris foi o modelo escolhido pelos Padres na organização do seu primeiro grande colégio. Em matéria de repetições, disputas, composições, interrogações e declamações, o método adotado e seguido foi deliberadamente o de Paris, o modus parisiensis, que aparece constante e freqüente na correspondência destes tempos primitivos. Numa proclamação lançada em Messina no ano de 1584, por um cidadão de nome Pedro Spira, lê-se na parte relativa aos estudos, provavelmente elaborada por Nadal e seus companheiros, a palavra de ordem: “Seguitando il modo et ordine Che s´usa in Priggi, essendo il meglio Che tenere si possa per facilmente et perfectamente diventare dotto nella língua latina”. O êxito obtido, nesta primeira experiência, a julgar pelos documentos contemporâneos, foi consolador. Em Dezembro de 1548 Nadal escrevia a Inácio que se tornara necessário abrir mais uma aula de gramática porque os alunos passavam de 1804[4]. No ano seguinte, já eram 214, sem contar os dos cursos superiores de nível universitário5[5]. Num relatório enviado a Roma, forçando-se talvez o otimismo, dizia-se haver os pais averiguado que os seus filhos, em poucos meses de novo colégio, tinham aprendido mais que antes, em vários anos6[6]. Destas primeiras experiências, Nadal ia arquivando os resultados preciosos. Em 1551 já encontramos redigido um primeiro plano de estudos que será lodo enviado a Roma e de Roma, com o tempo, a outros colégios que se irão fundando. Pouco depois, muito provavelmente no ano seguinte, terminou ele o seu tratado intitulado De Studio Societatis Jesu, onde já se encara a organização completa dos estudos, desde as classes de gramática até as faculdades superiores de caráter universitário7[7]. Colégio de Palermo. – O exemplo de Messina foi contagioso. Em 1549, a cidade de Palermo dirigia um apelo a Inácio, solicitando a instituição de um Colégio, irmão do de Messina. O fundador atendeu o pedido e em Novembro já se abria, as aulas de gramática freqüentadas por 160 alunos. Com pequenas modificações sugeridas pela prática, o método adotado foi o de Messina. Colégio Romano. - À vista do rápido incremento da obra educativa da Ordem recém-fundada, concebeu Inácio o projeto de abrir em Roma um grande colégio que viesse, com os anos, a servir de centro de modelo das instituições congêneres disseminadas pelo mundo. Nenhum lugar mais indicado para a realização deste desígnio que a Cidade Eterna, centro da cristandade, residência das autoridades supremas da Ordem, ponto de afluência de bispos e príncipes, de homens de autoridade e homens de doutrina do mundo cívi1izado. A nova instituição prestaria, outrossim, às fundações seguintes o grande benefício de uma como Escola Normal Superior, prepararia, entre os estudantes da Ordem, os futuros professores, adestrando-os nos melhores métodos e pondo-os em contato imediato com os educadores maia abalizados. Em princípios de 1551, graças a uma doação de Francisco de Borja, então Duque de Gandia, o projeto de Inácio já era realidade. Numa casa alugada em Via del Campidoglio lia-se, numa tabuleta, a seguinte inscrição: Scuola di grammatica, d’humanita e di dottrina crístiana, grátis. Estava fundado o Colégio Romano. À frente de 14 jesuítas lá se achava o primeiro Reitor P. Pelletier, pouco depois transferido para Ferrara e substituído pelo P. Bernardo Olivier. Não obstante oposições bairristas, os progressos da nova fundação foram rápidos e substanciais. Antes do encerramento do primeiro ano os alunos já passavam de 300 e o colégio devia transferir-se para local mais amplo. Em 1553, aos cursos de humanidades e retórica acrescentavam-se às faculdades de filosofia e teologia. Oito anos mais tarde, em 1561, o número crescente de estudantes impunha nova mudança de casa. Neste ano matricularam-se 750 alunos; 368 nas aulas de gramática; 130 em humanidades e retórica, os demais em filosofia e 4[4]
Litterae quadrimestres, I, 128. Chronicon, I, 371, 372. 6[6] Chronicon Soc. II, 37. 7[7] O Tratado encontra-se publicado no Monumenta Paedagogica Societatis Jesu, pp. 89-107. 5[5]
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teologia. Em 1561 subiam a mil e em 1587 a dois mil. Ao lado dos estudantes externos avultavam-se também os candidatos da Companhia que afluíam de quase todas as províncias da Ordem, Itália, Espanha, Portugal, Bélgica e Germânia. O número de jesuítas que regiam as aulas de humanidades, filosofia e teologia de 43 em 1553 elevava-se dez anos mais tarde a 218. O corpo docente, para preencher as finalidades que Inácio tinha em vista, era muito escolhido e, sem exclusivismos de nacionalidades, recrutado nas diferentes nações com critério único de competência e eficiência. Logo nos primeiros anos, encontramos entre os seus professores, nomes de primeiro valor, como Ledesma, Emanuel Sá, Perpiniani, Gagliardi, Frusius, Ribadeneira, Cardulo, Olave Costa, Baltasar de Torres e outros. Mais tarde, ainda, porém, no primeiro meio século de sua existência que precedeu a elaboração definitiva do Ratio ilustraram as suas cátedras os mestres insignes de reputação universal, que se chamaram Belarmino e De Lugo, Suarez e Vasquez, Toledo e Clavio, Cornelio a Lapide e Mariana. Quanto ao plano de estudos e programa de ensino, adotou-se inicialmente no Colégio Romano, o que já havia provado em Messina, o modus parisiensis, manifestamente preferido por Inácio ao modus italicus apesar da oposição de algumas autoridades romanas. A pedido do fundador, P. Nadal, por meio do P. Coudret, enviou em julho de 1551 uma descrição completa do currículo e dos métodos seguidos no Colégio siciliano. Este primeiro Ratio Studiorum, mais tarde enviado de Roma para os estabelecimentos que iam fundando nos diferentes paises da Europa, é freqüentemente citado como mos et ratio Colegii Romani. É um dos primeiros esboços do futuro Ratio, a contribuição de Nadal para a organização dos estudos em Roma devia ainda ser mais preciosa e mais pessoal. De 1552 a 1557 ele percorreu quase toda a Europa como delegado do Inácio para explicar e promulgar as Constituições da Ordem, ultimadas em 1552. Nestas longas excursões teve o ensejo de observar e o encargo de uniformizar a organização e funcionamento dos colégios então já existentes em Portugal, Espanha e Germânia. De volta dessas viagens, foi nomeado Prefeito dos Estudos no Colégio Romano, cargo que desempenhou de 1557 a 1559; mais tarde, de 1564 a 1566, governou como Reitor o mesmo Colégio. Foi provavelmente nesta época que, enriquecido da mais larga experiência, reviu o plano do seu De Studiis Societatis, escrito em Messina, e elaborou a nova Ordo Studiorum, posto em execução durante o seu reitorado8[8]. O trabalho iniciado por Nadal, homem de raras qualidades de organizador, devia ser continuado por Ledesma, o prefeito de estudos ideal. Formado nas universidades de Alcalá, Paris e Lovaina, talento de rara maleabilidade que discutia e elaborava com igual competência a estrutura de uma faculdade de teologia e a sistematização de um curso de humanidades. Ledesma entrou em 1557 para o corpo docente do Colégio Romano e nele, com breves interrupções, permaneceu como professor ou como diretor de estudos, ata a morte em 1575. Sua missão foi rever e ampliar o programa de estudos em vigor no Colégio Romano desde a sua fundação. Ledesma pôs a serviço desta importante tarefa o seu raro talento, a sua ampla experiência e colaboração amiga de seus colegas de magistério9[9]. Dos 132 documentos publicados no volume do Monumenta Paedagogica, 59 foram por ele atentamente transcritos ou anotados e corrigidos. Deste imenso trabalho fecundado por uma larga experiência10[10] saiu o seu De ratione et ordine Studiorum Collegii 8[8] O Ordo Studiorum foi editado incompleto, por Pachtler, Ratio Studiorum, I, pp. 200-205, 249263 e na sua integralidade, de acordo com o manuscrito de Nadal, no Monumenta paedagogica, pp. 107140. 9[9] Além da sua formação universitária ma Espanha, França e Bélgica, Ledesma, ao tomar parte na dieta de Augsburgo em 1566, teve oportunidade de visitar vários colégios da Itália e da Germânia em plena atividade. 10[10] Ledesma sublinha a importância das lições da experiência própria e dos seus colegas de magistério, na necessidade da elaboração do Ratio. “Experientia quam habui per tres annos in hoc colégio... et in aliis collegiis quae vidi Societatis. Consillia frequentia eorum praeceptorum quos novi et quidem optmorum ut Perpigniani et aliorum, in hoc collegio”. Mon. Paedagogica, p. 313.
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Romani, que, na sua intenção, devia servir de norma a todos os Colégios da Companhia. Concebida num plano grandioso e compreensivo, a obra não pôde infelizmente ser levada a termo por seu autor, colhido pela morte em 1575. Ainda assim, representa a maior contribuição individual na elaboração do Ratio definitivo de 159911[11]. Enquanto em Roma se consolidava e desenvolvia a casa central de estudos da Ordem, nos outros teatros de sua atividade se iam multiplicando, com ritmo acelerado, os colégios. Já em 1553, S. Inácio chamava a atenção sobre a necessidade de não aceitar precipitadamente novas fundações. A mesma advertência foi repetida em 1558 pela Primeira Congregação Geral no seu Decreto 73 e em 1565 pela Segunda Congregação Geral no Decreto 8. Mas as necessidades prementes da Igreja, na época agitada da contra-reforma, as solicitações instantes de autoridade eclesiásticas e civis, os êxitos incontestavelmente obtidos e o entusiasmo de uma expansão juvenil passaram, não raro, por cima das restrições ditadas pela prudência dos Superiores. Quando faleceu S. Inácio já a Companhia contava colégios na Itália, na Espanha, na Áustria, na Boêmia, na França e em Portugal, ao todo 33 colégios em atividade e 6 outros já por ele formalmente aceitos12[12]. Na aurora do século XVI, pouco depois de promulgado o seu Código de ensino, já eram 293 os colégios dirigidos pelos jesuítas, deles, 37 no ultramar; e em 1615, ao falecer Aquaviva, o grande promotor e promulgador do Ratio, o seu número ascendia 373. E, no entanto o próprio Aquaviva, numa carta aos delegados da província siciliana, declara que só nos quatro primeiros anos do seu governo (1581-84), recusara mais de 60 pedidos de Colégios na Europa. Os colégios multiplicavam-se em número e avultavam em importância. Muitos dentre eles, no curto prazo de poucos anos, tornavam-se os centros de cultura humanista mais reputados da cidade ou da região. Algumas cifras, apenas, para demonstrá-lo. O primeiro colégio da Companhia, na França, foi aberto em Billom, em 1556, com 500 alunos, três anos depois já contava 800 e quatro anos mais tarde, em 1563, 1600. O célebre Colégio de Clermont, em Paris, matriculara, em 1581, 1200 alunos, e após cinco anos, 1500. Na Germania, mesma expansão. Em 1581, Mogúncia contava 700 alunos, Treviri 1.000 e em Colônia as matrículas passavam de 560 em 1558 a 1.000 em 1581. Portugal não se deixou vencer pelas nações maiores. Em Lisboa os alunos passavam de 1.300 em 1575 a quase 2.000 em 1588; em Évora de 1.000 em 1575 cresciam a l.600 em 1592; e em Coimbra os estudantes que freqüentavam o Colégio das Artes regulavam por 1.000 em 1558 e em 1594 por 2.000! A impressão que se desprende da visão panorâmica dos fatos é a nova Ordem, em pouco tempo, pelo número e pela valia de seus colégios, se afirmou, no campo pedagógico, como uma instituição plenamente vitoriosa. Os testemunhos antigos mais autorizados e menos suspeitos corroboram esta convicção. É conhecida a frase incisiva de Bacon: “No que concerne a Pedagogia basta uma 11[11]
A obra incompleta de Ledesma foi publicada no Monumenta Paedagogica n. 31, pp. 338-451 – Do nº 14 a 22 se encontraram sete estudos do mesmo autor preliminares à grande síntese. Não tivemos aqui sequer de longe a intenção de resumir a História do Colégio Romano. Indicamos apenas alguns fatos importantes, indispensáveis à melhor inteligência da elaboração gradual do Ratio e o papel que nela desempenha o grande centro de estudos da Companhia de Jesus em Roma. O Colégio Romano, como é sabido, continuou através dos séculos suas história gloriosa. Hoje, sob o nome de Universidade Gregoriana, é o maior centro de estudos religiosos das Igreja. Conta 8 Faculdades, de Teologia, Filosofia, Direito Canônico, História Eclesiástica, Missiologia, Sagrada Escritura, Oriente Antigo, Oriente Moderno e um Instituto de Cultura Superior Religiosa para os Leigos. Na linha de suas tradições, o corpo docente – mais de 100 professores em 1938-9 – é recrutado entre mais de 20 nações e os seus alunos – 2367 no mesmo ano – pertencem a 50 nações e representam mais de 500 dioceses e 67 ordens e congregações religiosas. Dos seus bancos saíram 13 Papas e centenas e centenas de Cardeais, Bispos, Superiores de Ordens religiosas, etc. 12[12] Para a lista exata, reconstruida sobre as fontes, dos colégios abertos em vida de S. Inácio, cfr. A. P. Farreli, The Jesuít Code of Liberal Education, Milwaukee, 1938, pp. 431-435.
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palavra: consulta a escolas dos jesuítas; não encontrarás melhor” 13[13]. O célebre humanista Aldo Manucio, dedicando ao Colégio Romano a sua edição de Salústio, confessa que, de tudo quanto vira em Roma, nada o havia impressionado tanto quanto a dignidade acadêmica e a ordem do Colégio Romano 14[14]. Na sua Histoíre de Sainte-Barbe, Quicherat confessa que, em Paris e em toda a França, os jesuítas, no terreno educativo, conquistaram o primado com tal facilidade e rapidez que se lhes podia aplicar a palavra célebre: vim, vi e venci 15[15]. Esta expansão célebre e dilatada criava, porém, numerosos problemas de organização e governo que deviam ser encarados com firmeza e resolvidos com energia. Em geral, o plano de estudos, elaborado em Messina e desenvolvido ia Colégio Romano, construíra uma primeira norma orientadora das novas fundações. A diversidade dos costumes regionais e a variedade dos homens não tardaram em introduzir-lhes alterações mais ou menos profundas. Para estabilizar o governo dos colégios adotou-se, durante algum tempo, o alvitre das visitas de Comissários Gerais, diríamos hoje, os inspetores de ensino, incumbidos de manter, quanto possível, a uniformidade de estrutura e desenvolver a eficiência da obra educativa da Ordem. Durante 15 anos desincumbiu-se desta tarefa o infatigável P. Nadal. Encarregado em 1552 de promulgar e interpretar as Constituições, ele percorreu quase toda a Europa, levando ao mesmo tempo a missão de inspecionar e organizar os estudos. Espanha e Portugal, Itália e França, Áustria e Boêmia, Bélgica e Alemanha foram por ele percorridas co alguns intervalos nos três lustros que vão de 1553 a 1568. Outros visitadores continuaram esta missão delicada. Gonzales Davila e João de Montoia, Everardo Mercuriano e Polanco, Maldonado e Olivério Manareu foram dos mais notáveis e ainda possuímos numerosas instruções pedagógicas por eles deixadas aos colégios visitados 16[16]. O regime das inspeções periódicas não podia, porém, constituir a solução definitiva e normal do problema. A multiplicidade dos visitadores e o intervalo das visitas deixavam largo campo à ação dispersiva das forças centrífugas do sistema. Acentuava-se, de dia para dia, imperiosa e inadiável, a necessidade de um código de ensino que se impusesse com a autoridade de uma lei e assegurasse a semelhança e a unidade de orientação da crescente atividade educativa da Ordem. Constituições. – Existia, é certo, a IV parte das Constituições em vigor desde 1552. Nela traçara o fundador as linhas mestras da organização didática e, sobretudo, sublinhara o espírito que deveria animar toda a atividade pedagógica da Ordem. É fácil prever a influencia decisiva de um documento desta natureza, saído da pena do próprio S. Inácio, exercerá em todo o desenvolvimento futuro do ensino jesuíta. Como bem observa Fouqueray, a IV parte das Constituições é “un abrégé de la doctrine pédagogique de la Compagnie” 17[17]. Mas pela sua própria natureza e pela vontade expressa de Inácio as diretivas traçadas nas Constituições não eram, nem deviam substituir, um plano pormenorizado de estudos e um código prático de leis que facilitasse e uniformizasse a organização viva. É o próprio Inácio nas próprias Constituições que determina se elabore um Estatuto em que se trace, por miúdo, quanto se refere à ordem e ao método dos estudos nos colégios e faculdades. Um Ratio Studiorum, na intenção do Fundador, deverá ser o complemento natural e indispensável das Constituições 18[18]. Só uma codificação de leis e processos educativos poderia
13[13]
Bacon, De dignítate et augmento scientiarum, L. III, e. 4. "Colegii vestri dignitas et ordo”. Ver todo o trecho em E. Rinaldi, La Fondazíone del Collegio Romano, Arezzo, 1914, p. 11. 15[15] Quicherat, Histoíre de Sainte-Barbe, II, c. IV, p. 52. 16[16] Muitas já publicadas podem ver-se em Pachtler, Ratio Studiorum, I, e no Monumenta Paedagogica. 17[17] Fouqueray, Histoíre de la Compagnie de Jesus en France, t. II, p. 692. 18[18] “De statutis Lectionum horis, ordine ac methodo, et de exercitationibus tam compositionum (quas a magistris emendari oportet), quam disputationum in omnibus Facultatibus, et pronuntiandi publice 14[14]
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evitar o grave inconveniente das mudanças freqüentes que a grande variedade de opiniões e preferências individuais acarretaria, com a sucessão de professores e prefeitos de estudos. Só um texto autorizado e imperativo, elaborado por uma experiência amadurecida, cortaria pelas tentativas infrutíferas dos que ensaiavam as primeiras armas nas lides do magistério. Por um plano de estudos assim, particularizado e distinto, fixo e imposto pela autoridade competente, já clamava Ledesma, numa memória apresentada ao R. P. Geral 19[19]. Para que se leve adiante e se ultime o trabalho iniciado, insistirão mais tarde, num parecer coletivo, os padres da província renana. Um plano de estudos e de ensino, uniforme e sistemático, diziam eles, traria imenso beneficio à Igreja e à Companhia 20[20]. O Ratio de 1586. - Os primeiros ensaios de sistematização geral dos materiais pedagógicos acumulados remontam a um período anterior a 1586. A segunda e a terceira Congregação Geral, reunidas em 1565 e 1573, já nos falam de um corpo de regras gerais conhecidas com o nome tirado das palavras iniciais de Summa Sapientía. Tratava-se de uma coletânea de diretivas e ordenações, fruto da experiência e dos trabalhos de Ledesma, Nadal, e dos professores do Colégio Romano 21[21] . Everardo Mercoriano, quarto Geral, deu um passo adiante. A quanto nos informa Sacchini, um dos mais autorizados historiadores da Ordem, esboçou ele em 1577 uma legislação geral e uniforme para toda a Companhia codificando as regras de vários ofícios administrativos dos Colégios. Dois anos depois encontramos, com efeito, as regras de Mercoriano, utilizadas por Maldonado como base de seu memorial deixado após a sua visita de Inspeção ao Colégio de Clermont, em Paris. Eram passos importantes no caminho do desenvolvimento orgânico da 4o. parte das Constituições e na sistematização de um código geral no ensino. Estavam, porém, reservado ao P. Cláudio Aquaviva, homem de ação enérgica e decidida, a glória de levar a termo a delicada e árdua tarefa. Eleito Geral da Ordem, em 1581, nomeou, durante a própria Congregação Geral que o acabava de eleger, uma comissão de doze membros para elaborar uma fórmula dos estudos, ad confecíendam formulam studiorum 22[22].Os membros escolhidos, pertencentes a seis nacionalidades, eram os seguintes: Maldonado, Acosta, Ribera, Deza e Egidio Gonzalez, espanhóis; Gagliardi e Adorno, italianos; Pedro da Fonseca e Sebastião de Morais, portugueses; Le Clerc, belga; Coster, alemão; Sardi, napolitano. Esta comissão, porém, apesar de primeiro valor, como Maldonado, Gagliardi, Pedro da Fonseca, não chegou, ao que sabemos, a começar os seus trabalhos. Talvez o número excessivo de vogais lhe dificultasse a reunião. O fato é que em 1584, Aquaviva nomeava outra comissão, esta composta de seis membros das principais nações da Europa e das mais importantes províncias da Ordem. Eram eles: João orationes eI carmina, speciatim in quodam Tractatu per Generalem Praepositum approbato, agetur seorsum, ad quem haec Constitutio nos remittit”. Constitutiones 5. J. P. IV, e. XIII. 19[19] “Scribatur liber, in quo distincte el particulatim contineatur totus ordo studiorum, tum hujus collegii, tum caeterorum...et adhibito judicio setentia superiorum, ille statuatum servandus, immutandus omnino nisi de summo Patrum consilio”. Mon. Paedag., p. 143. 20[20] “Magnopere laudandum censuere admodum R. P. N. institutum de uniformi et conspirante tum docendi tum discendi ratione instituenda, ideoque et ipsum etiam atque etiam rogatum voluerunt, ut, quod ad summam Societatís utilitatem, Ecclesiaeque totius commodum caepsset absolvere, absolutumque studiose conservare dignaretur”. MS. Rhenarorum Patrum Indicium, folio 242. Citado por A. P. Farrell, Op. Cit., p. 259. Ver outras manifestações no mesmo sentido, das províncias alemãs, em Pachtler, Ratio Studiorum, t. II. p. 5-6. 21[21] “Regulae generales quae incipiunt: Summa Sapientia integrae conserventur”. Decreto 57 da a 2 . Congregação Geral. (Institutum Societatis Jesu, ed. Florentiae, II. 206). Da 3a. Congregação ver o Decreto 27, ibid. p. 225. 22[22] “Anno 1577 intentus in unam totius Societatis administrationem perfectionemque Everardus Romae monita legesque peculiarum munerum cum assitentibus condit et perficit”. Sacchini, Historiae de Societatis Jesus, Pars IV, p. 136. O memorial de Maldonado em Mon. Paedag. Pp. 710-715.
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Azor, da Espanha; Gaspar Gonzales, de Portugal; Jacques Tirie, da França; Pedro Busen (Buys), da Áustria; Antônio Ghuse (Gusano), da Germânia; Estevam Tucci, de Roma. Os novos delegados meteram ombros à empresa com decisão e vigor. Três horas no dia consagravam a consultas e discussões; o resto do tempo à leitura e ao estudo do acervo vultoso de documentos que lhes havia sido submetido à apreciação: estatutos e regulamentos de universidades e colégios, ordenações, usos e relatórios das diferentes províncias; costumes locais; princípios disciplinares, numa palavra, todo o imenso material pedagógico que se acumulara em mais de 40 anos de experiência e que agora entrava na fase, da codificação definitiva. Iniciados em 8 de Dezembro de 1584 os trabalhos estavam concluídos nove meses depois, em Agosto de 1585. O P. Geral leu-o com os seus assistentes, deu-o a examinar a uma comissão de professores do Colégio Romano e, não satisfeito ainda, resolveu submetê-lo a um estudo critico de toda a Companhia. Impresso para uso interno, foi o Ratio enviado em 1586 a todos os Provinciais, acompanhado de uma circular de Aquaviva. Nela se recomendava que em cada Província se nomeassem pelo menos 5 padres abalizados no saber e na prudência para que, desembaraçados, estudassem a nova fórmula dos Estudos, primeiro em particular, depois em consultas e, por fim, redigissem livremente o seu parecer, a ser remetido para Roma dentro de cinco ou seis meses23[23]. Como se vê pela circular de Aquaviva, esta primeira edição do Ratio não tinha caráter definitivo, nem força obrigatória. Não devia ser posta em execução, mas unicamente examinada e criticada pelas autoridades mais competentes nas diferentes regiões da Europa onde a Companhia tinha os seus melhores colégios. A sua forma geral era mais discursiva que imperativa. Encerrava discussões e dissertações pedagógicas às quais faltava por vezes o vigor e concisão da lei ou do regulamento. As diferentes províncias levaram muito a sério as recomendações do Geral. Em toda a parte, escolheram-se para o exame do projeto homens notáveis pela doutrina e encanecidos na prática do magistério. Na comissão romana, encontramos os nomes de Francisco Suárez e de S. Roberto Belarmino, hoje Doutor da Igreja. Gagliardi aparece na Província de Milão, Pontanus, o célebre humanista, na da Germânia Superior, Cipriano Soarez, autor de uma célebre retórica, na de Toledo; na de Lião; João Hay e Richeome, um grande teólogo, outro, literato encantador; na de França, o velho Coudret, um dos veteranos de Messina. No cabo de alguns meses, lá pelo fim de 1586, começaram a afluir a Roma os relatórios desses trabalhos críticos: Judicia e observationes. Vinham das principais províncias da Ordem: de Roma, de Nápoles, Milão, Veneza, Aquitania, Lião, França, Germânia Superior, Reno, Áustria, Portugal, Polônia, Aragão e Andaluzia. Além dos pormenores isolados, os críticos convergiam quase unanimemente sobre dois pontos importantes: a imprecisão e prolixidade da fórmula examinada. As questões pedagógicas eram, por vezes, longamente debatidas e alegados os argumentos pró e contra. Sucediam-se por vezes longos tratados sobre os deveres dos professores jesuítas, sobre a conveniência de iniciar o grego com os primeiros elementos do latim, etc, etc. Para um código cuja razão de ser era orientar, de modo uniforme, a organização dos colégios, constituíam estes, defeitos graves. Edição de 1591 – Aquaviva deixava em Roma três dos compiladores do anteprojeto, Tucci, Azor e Gonzalez, para receber os relatórios examina-los e preparar uma nova edição do Ratio. Afim de que melhor se desempenhassem desta incumbência, associou-lhes uma comissão de professores do Colégio Romano, entre os quais figuravam Belarmino, Suarez, Sardi, Giustiniano, Parra, Pereira, Benci, Torsellini, isto é, teólogos, filósofos e humanistas do mais distintos24[24]. 23[23]
A circular de Aquaviva e o texto do Ratio de 1586 encontram-se em Pachtler, II, 9-217. Belarmino e Suarez figuram entre os maiores teólogos e filósofos da Companhia de Jesus; Belarmino foi canonizado e declarado Doutor da Igreja Universal; Benci foi discípulo de Marco Antonio Muretus e, no Colégio Romano, ouviu as lições de Perpeniani; Sarci tinha a experiência de Reitor do Colégio; Torsellini, poeta e orador, professor de boas letras durante 22 anos, revisor da Gramática de 24[24]
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A tarefa da revisão, que apresentava seus espinhos, iniciou-se e continuou sob o impulso vigoroso de Aquaviva que, em 1592, mandava ainda mais uma vez a toda a Companhia uma nova edição do Plano de Estudos sob o título de Ratio atque Institutio Studiorum, Romae, un Collegio Soc. Jesu, anno Dni, 1591. A estrutura do trabalho sofrera mudanças radicais. Eliminaram-se as discussões e dissertações pedagógicas que justificavam os preceitos práticos. Codificou-se todo o sistema de estudos numa série de regras relativas aos administradores, professores e estudantes. Caráter em que se remetia o Ratio também não era o mesmo. Já não se tratava de um anteprojeto a ser estudado por censores qualificados, mas de um código de leis a ser trazido imediatamente em prática, ainda que não de modo definitivo. Aos provinciais recomendava o Geral que, removidos todos os obstáculos, pusessem em execução o novo sistema de estudos, durante três anos, no fim dos quais remetessem a Roma os resultados desta experiência decisiva para a sua promulgação final. O “Ratio” de 1599. – A prova de fogo da experiência foi feita. Em 1594 já chegavam a Roma as primeiras observações da Germânia, em 1596 as de Castela, em 1598 outras mais da Germânia e assim de outras províncias. A prolixidade ainda era o ponto mais criticado. As regras eram muito numerosas e, sobretudo repetidas nos vários ofícios semelhantes: professores de humanidades, de gramática superior, de gramática média, de gramática inferior. Um esforço para maior concisão parecia ainda possível. A brevitas imperatoria foi sempre uma das qualidades do estilo de comando e uma das garantias de sua eficiência. O esforço foi feito. Cortaram-se pelas repetições agrupando as regras comuns a vários professores. Às outras se deu uma redação mais concisa. Reduziu-se assim de metade o volume do Ratio; enquanto a segunda edição contava 400 páginas, a ultima não ia além de 208; o número total de regras descera de 837 a 467. Com mais esta satisfação dada às críticas recebidas, julgou Aquaviva chegado enfim o momento de dar por definitivamente concluída a momentosa tarefa a que metera os ombros no princípio do seu governo, o mais longo e um dos mais brilhantes e também dos mais tumultuosos na história da Companhia de Jesus. Em Janeiro de 1599 uma circular comunicava a todas as províncias a edição definitiva do Ratio atque Institutio Studiorum Societatis Jesu25[25]. Já não era a comunicação de um projeto de estudos, mas a promulgação de uma lei. Cinqüenta anos haviam decorrido desde que se abrira em Messina (1548) o primeiro grande colégio da Companhia, quinze desde que se iniciaram de modo sistemático (1548) os trabalhos de codificação do plano de estudos. Os passos principais por que passara a sua construção são agora nitidamente visíveis: o plano de Messina inspirado por Nadal em 1551, a IV parte das Constituições escritas por S. Inácio, o plano de Nadal, conhecido sob o título Ordo Studiorum, o De Ratione et Ordine Studiorum, que em 1575 Ledesma deixara incompleto. O código de leis que passava assim a orientar a atividade pedagógica da Companhia, representava os resultados de uma experiência de meio século. Experiência rica, ampla, variada, que talvez constitua um caso único na história da pedagogia. Nela estão representadas todas as raças e nações do Velho Continente; para ela contribuíram centenas de estabelecimentos de educação dos mais freqüentados e afamados do seu tempo; enriqueceram-na duas ou três gerações de educadores, insignes pela inteligência, pela cultura, pela dedicação espontânea e total à nobre causa da educação da juventude. Raro exemplo de uma ampla
Álvares e autor de um estudo célebre sobre as partículas latinas, que teve mais de 50 edições. – Sobre a colaboração pessoal de Belarmino, interessante, sobretudo, no ponto de vista de orientação doutrinária, cfr.: J. Brodrick, S.J. The life and work of Cardinal Bellarmine, London, 1928, t. I. 378-384: Lê Bachelet, Belarmin avant son cardinalat; Paris, 1991, p. 500 e sgs. 25[25] A edição princeps do Ratio saiu em Nápoles em 1599; outras se lhe seguiram a breve trecho: a de Mongúncia em 1600, de Nápoles e Torunon em 1603, de Roma em 1606 e em 1616. Nesta ultima foram ligeiramente retocadas as regras do Provincial relativas aos exames de filosofia e teologia.
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sistematização pedagógica em que a mais estrita unidade resultou harmoniosamente da mais variada colaboração. Revisão de 1832. – O código de estudos promulgado por Aquaviva permaneceu, como lei oficial da Companhia, durante quase dois séculos, até a supressão da Ordem em 1773. Daí, porém, não se infira que os colégios dos jesuítas permaneceram petrificados na imobilidade durante este largo período sem se adaptar às novas exigências de tempos que mudavam. O próprio Ratio, na sua prudência, previa esta flexibilidade de adaptação e abria-lhe a porta legal. A regra 39 do Provincial dizia textualmente: “Como, porém, na variedade de lugares, tempos e pessoas, pode ser necessária alguma diversidade na ordem e no tempo consagrado aos estudos, nas repetições, disputas e outros exercícios e ainda nas ferias, (o Provincial), se julgar conveniente na sua Província alguma modificação para maior progresso das letras, informe o Geral para que se tomem as determinações acomodadas a todas as necessidades, de modo, porém, que se aproximem o mais possível da organização geral dos nossos estudos”. À sombra desta sábia disposição os colégios dos jesuítas foram se adaptando na prática às novas condições dos tempos. Ao idioma vernáculo e às ciências experimentais que se iam organizando e desenvolvendo abriu-se maior margem na organização dos currículos. Esta flexibilidade de adaptação de programas, aliada à fidelidade dos ideais e métodos pedagógicos permitiu aos estabelecimentos de ensino da ordem não só conservarem na vanguarda da instrução da juventude senão ainda crescerem, em ritmo ininterrupto, até a supressão da Companhia de Jesus 26[26]. Eram 245 os colégios por ela mantidos em 1599, quando foi definitivamente promulgado o Ratio; em 1626 já haviam subido a 444, em 1710 a 610, em 1749 a 669 além de 176 seminários. Em 1773, quando extinta, a Ordem mantinha na Europa 546 colégios e seminários e, fora da Europa, nas províncias missionárias, 123 colégios e 48 seminários, ao todo 865 estabelecimentos de ensino. Os da Europa distribuíam-se do seguinte modo: 145 na Itália, 124 na França, 117 na Espanha e pouco mais de 300 na Europa Central (Germânia, Áustria, Bélgica, Boêmia, Polônia e Lituânia). É fácil imaginar o imenso golpe que na educação cristã da juventude representou a supressão da Companhia de Jesus na segunda metade do infeliz século XVIII. Passaram-se os anos e as tempestades. Em 1814 Pio VII restaurava em toda a Igreja a Ordem suprimida pela pressão das cortes dos Bourbons. Chamá-la de novo à vida era confiar-lhe ainda uma vez a sua missão educadora. Em 1824, Leão X, no Breve que restituía aos filhos de S. Inácio o Colégio Romano, declarava que “a causa principal do seu restabelecimento era a formação intelectual e moral da juventude, ex illa potissimum causa ut juventutem et litteris et moribus instituendam susciperet” 27[27]. Com a reabertura dos colégios, em um ambiente profundamente transformado, punha-se urgente o problema da revisão do Ratio. As Províncias o reclamaram; a 20a. Congregação, primeira reunida depois da restauração, ocupouse logo do assunto. Mais energicamente voltou sobre a urgência de uma ação imediata a Congregação Geral de 1829. O novo P. Geral, João Roothaan, nela eleito, pôs logo ombros à tarefa que se lhe havia confiado. Numa lista de nomes propostos pelas províncias nomeou ele uma comissão de 7 membros representantes da Itália, Sicília, França, Inglaterra, Alemanha, Galícia austríaca e Espanha. A incumbência que se lhe cometia não era a elaboração de um novo Ratio mas a adaptação do que já havia recebido de uma experiência de quase dois séculos a mais sólida das confirmações.
26[26]
“It was a part of the Jesuit achievement that, while persisting in its dominant aims and methods, it absorbed and made its own the best education ideas of the seventeenth and eighteenth centuries”. A. P. Farrell, Op. cit. p. 376. 27[27] Institutum Soc. Jesu I. 145.
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Em Outubro de 1830 encetavam-se em Roma os trabalhos; e em Julho de 1832, já o Geral podia enviar a toda a Ordem o Ratio revisto. Modificações de menos alcance introduziram-se em bom número; as de certa importância, porém, foram relativamente poucas e reduzem-se às seguintes: No curso de teologia acrescentaram-se dois anos de história eclesiástica e direito canônico. No de filosofia, três anos de matemática – um obrigatório, dois facultativos para os bem dotados – e também um curso de física experimental. Aristóteles foi apeado de uma hegemonia excessiva. No de humanidades alterações mais importantes. O idioma vernáculo foi elevado a categoria de disciplina maior no currículo ao lado do latim e do grego. Como disciplinas secundárias, mas autônomas, foram introduzidas à história, a geografia e as matemáticas elementares, ficando ao critério do Prefeito de estudos dosar-lhes os números de aulas de acordo com as exigências locais. No estudo do latim, Cícero perde a sua posição dominante. Como se vê, com pequenas exceções, as mudanças introduzidas interessam sobretudo a organização do currículo. A orientação administrativa, metodológica e disciplinar permaneceu fundamentalmente inalterada. O Ratio de 1832, que foi enviado às Províncias para ser submetido à prova da experiência antes de receber uma redação definitiva não chegou a ser aprovado por nenhuma Congregação Geral. Não possui, portanto, autoridade de lei, mas apenas a de norma diretiva. Em 1941, após vários anos de preparação foi enviado a toda a Companhia de Jesus um novo Ratio Studiorum Superiorum Societatis Jesu. Como o indica o título, este plano de estudos refere-se apenas aos estudos superiores. As modificações introduzidas são muito importantes e adaptam os estudos da Ordem às exigências legítimas e às inovações sadias das modernas universidades. Como em casos precedentes, este Ratio foi enviado ad experimentum até a próxima Congregação Geral. As imensas e quase insuperáveis dificuldades resultantes da variedade de currículos secundários a que, nos diferentes paises, se devem amoldar os colégios da Companhia, não permitiram que até hoje se levasse a termo para os nossos tempos um Plano universal de estudos semelhantes ao Ratio de 1599. Atualmente os Colégios da Companhia de Jesus conservam-se fiéis aos princípios gerais e às orientações pedagógicas do Ratio, mas adaptam-se, no mais, às exigências dos regimes escolares de cada país. FONTES DO “RATIO” O rápido escorço, que acabamos de esboçar, da história do Ratio, permite-nos agora entrar com mais segurança no estudo, complexo e interessante, das suas fontes. É, em outras palavras, a questão de sua originalidade. Questão debatida, nem sempre desapaixonadamente e talvez ainda não resolvida de modo definitivo e satisfatório. De um lado, falamos freqüentemente na “pedagogia dos jesuítas”. E esta não é uma expressão vazia, sem conteúdo real. Desde os seus primórdios, os colégios da Companhia de Jesus apresentam certos traços comuns que lhes davam uma fisionomia de linhagem facilmente reconhecível e os distinguiam de outros estabelecimentos de ensino, coexistentes nas mesmas unidades de espaço e de tempo. Por outro, a um historiador de pedagogia não seria difícil isolar os métodos e processos educativos preconizados pelo Ratio e apontar-lhes a existência em outros sistemas coetâneos do seu aparecimento. Uma genealogia bem organizada faria entroncar mais longe a sua paternidade. Assim, num primeiro momento, apresenta-se o nosso estudo com uma tensão de paradoxo. Cumpre resolve-lo à luz dos documentos e de sua leal interpretação.
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Os primeiros jesuítas não desceram a campo, em matéria de educação, como revolucionários ou como inovadores. Não pretenderam romper com as tradições escolares vigentes nem mesmo trazer-lhes contribuições inéditas. Ajustaram-se às exigências mais sadias de sua época e procuraram satisfazer-lhes com a perfeição que lhes foi possível. Ao espírito de uma época, ao Zeitgeist dos alemães, não se furta nenhum sistema pedagógico, nem mesmo quando conscientemente se organiza para combate-lo. O código de ensino dos jesuítas não pôde se subtrair a esta necessidade e traz, indelével, o cunho do século XVI. Uma crítica interna esclarecida poderia, pelo simples exame dos seus elementos, descobrir-lhe com segurança a data de formação. Entre as diferentes correntes pedagógicas, do tempo, porém, a história permite determinar quais as deliberadamente afastadas pelos jesuítas, quais as escolhidas e assimiladas pelo seu sistema de educação. UNIVERSIDADE DE PARIS. Os primeiros companheiros de Inácio são homens de universidade. Não saíram de seminários ou de outras instituições religiosas; quase todos de diplomaram nas melhores universidades da Europa. Entre estas, a importância de influência, leva a palma incontestável à de Paris. Lá estudou e se graduou mestre Inácio. Lá estudaram e se graduaram todos os seus primeiros companheiros que, em 1534, lançaram na colina de Montmartre os fundamentos da futura Companhia de Jesus. Como à “mãe dos nossos primeiros Padres”, referiu-se com razão e mais de uma vez o santo fundador à Alma Mater parisiense. Nadal e Ledesma que, em Messina e Roma, exerceram uma influencia tão decisiva na orientação pedagógica da primeira geração de educadores da nova Ordem vieram também de Paris. E precisamente nessa época a grande Universidade, que era o centro mais brilhante de cultura na Europa, entrava por assim dizer, na grande corrente humanista do Renascimento. Lá por volta de 1517 o movimento firmou pé em alguns colégios da Universidade, primeiro no de Montaigu, depois e mais solidamente em Sainte-Barbe, onde entre 1525 e 1530 acaba de atingir o seu objetivo: o predomínio absoluto do ensino clássico 28[28]. Nesta época precisamente estudava em Paris o nobre Peregrino Espanhol, que em Outubro de 1529 passava de Montaigu para Sainte-Barbe e aí permanecia por mais três anos e meio. O futuro fundador da Companhia presenciava assim com os próprios olhos a transição da antiga para a nova orientação dos estudos. Não é, pois, de maravilhar que a organização pedagógica da universidade parisiense influísse profundamente na orientação dos novos educadores que, estudantes, haviam respirado a sua atmosfera. Esta influência, porém, não foi uma simples conseqüência de fatos históricos que a tornaram possível e espontânea; resultou de uma escolha firme e deliberada dos primeiros jesuítas. Inácio freqüentou também as universidades espanholas de Alcalá e Salamanca; mais tarde, na sua longa estadia em Roma, teve oportunidade de conhecer a estrutura e o funcionamento das universidades italianas. Entre todas optou, decididamente, pela de Paris e manteve com energia e constância a sua preferência contra resistências, por vezes, tenazes e profundas. 28[28]
“Entre 1525 et 1530, le but auquel on aspirait depuis si longtemps fut atteint: le véritable enseignement classique prit possession de toutes les chaires”. Quicherat, Histoire de Sainte-Barbe, I, 152. Para o estudo mais desenvolvido desta fase da história da Universidade de Paris cfr.: Denifle-Chatelain, Chartularium Universitatis Parisiensis, 4 vols., 1883-1897; Du Bolay, Historia Universitatis Parisiensis; J. Pasquier, L´Université de Paris et l´Humanisme na debut du XVI siècle; Jérome Aléandre, na Revue dês Questions historiques t. XX (1898) pp. 372-398; t. XXI (1899), 144-189; Renaudet, Préréforme et humanisme à Paris au siècle; Ricardo Villoslada S.J., La Universidad de Paris durante los estúdios de Francisco Vitória O.P. (1507-1522) Romae, 1938.
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Já vimos como, na sua formação do Colégio de Messina, se assentou explicitamente o predomínio de Paris “conformando il tutto al modo parisiense” 29[29] . Em Viena e em Pádua, S. Inácio intervem diretamente em favor do modus parisiensis contra o modus italicus 30[30]. Esta preferência era baseada na convicção enraizada da superioridade dos métodos parisienses sobre os demais. A seu ver, não havia outro mais eficiente para levar ao conhecimento rápido e perfeito da língua latina. É o que se afirma no ato de fundação do Colégio de Messina 31[31]. É o que o santo expressa numa carta ao sobrinho Beltran de Loiola: “Acabo de saber que teu irmão Emiliano é dotado de bons talentos e cheio de ardor pelo estudo. Muito desejo que tenhas cuidado destas boas disposições e se queres ouvir a minha opinião, não o mandes a outro lugar que não seja Paris. Nesta universidade poderá ele aprender em poucos anos, o que em qualquer outra não conseguiria senão depois de longo tempo. Além disto, entre os estudantes desta cidade mais do que em outras há em geral maior honestidade e religião 32[32]. Resume-se, portanto, com fidelidade a situação neste comentário de Nadal, às Constituições, a propósito de uma inovação inspirada nos usos da Itália: o método de Paris foi o escolhido para os nossos colégios; importa conserva-lo em vigor 33[33]. A imitação de Paris nada teve de servil; foi a transplantação de um germe vivo que continuou, em outro clima, a sua evolução orgânica. Mais tarde, os homens de Sorbona hostilizarão os jesuítas que, no Colégio de Clermont, lhes pareciam concorrentes perigosos e triunfantes. Na luta, nem sempre leal, a velha Universidade, para combater com armas iguais, mais de uma vez reformou os seus currículos e processos pedagógicos, à imitação do que a experiência dos jesuítas havia consagrado no Ratio 34[34]. INFLUÊNCIA DOS ANTIGOS. A Renascença caracteriza-se essencialmente pela volta tumultuosa e entusiasta à antiguidade clássica. Grécia e Roma – depois do parêntese “bárbaro” da idade do meio – surgiram como fontes de beleza humana imortal. E não foi só na literatura que os seus escritores se impuseram como modelos insuperáveis do bem dizer. A pedagogia dos seus mais celebres educadores “renasceu”, também dela, aureolada com o respeito e veneração das cousas antigas. Os escritores do século XVI julgavam-se no dever indeclinável de corroborar os preceitos mais comezinhos com o peso de uma autoridade clássica. Respeita os velhos, assim o ensina Cícero. Sê forte na adversidade, é o exemplo que te deixou Alcibíades. Usa das riquezas com moderação, Ovídio e Plauto o aconselham. Para ver quão extensa e profunda foi esta influencia dos antigos basta percorrer os mais conhecidos pedagogos do Renascimento, qualquer que seja a 29[29]
“Cosi com l´aiuto divino si faranno tutte lê sopraditte lettioni et essercitationi com ogni cura et dilligentia conformando il tutto al modo Parisiense”. Mon. Paedag. 616. 30[30] Sobre a intervenção em Viena, ver Chronicon Societatis Jesu, II, 567-568; em Pádua, Chron. Soc. Jesu, III, 242. 31[31] “Al modo Parisiense, il quale fra gli altri si reputa essere et exactissimo et utilíssimo...Il modo et ordine che s´usa in Parigi, essendo il meglio che tenere si possa per facilmente et perfectmanente diventare dotto nella língua latina”. Mon. Paedag. 615-615. 32[32] Espitola S. Ignatii, I., 148. 33[33] “Esset quidem haec praelectio publice utilis, sed animadvertendum est, et accurate quidem, ne Ratio Studiorum Parisiensis quam nostris scholis fecimus familiarem propterea remittatur, quae constanter est retinenda”. Scholia in Constitutiones, p. 350. 34[34] L´Université commença à metre plus de prestesse dans son enseignement, elle fit aller de pair le grec et le latin (como no Ratio), elle fit mit lê comble à la gloire de l´ennemi (sic!) en se rendant son imitatrice”. Quicherat, Op. cit. II, 59-60. A confissão é tanto mais interessante quanto menos apologista dos jesuítas. E o seu autor, sobre a rivalidade entre Sorbona e a nova Ordem, escrevia a Paris, a 26 de Agosto de 1571, um protestante: “Jesuitae abscurant reliquorum professorum nomen et paulatim adducunt in contemptum Sorbonistas”. Epist. ad Camerarium fratrem, p. 177.
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escola ou nação a que pertençam: Erasmo ou Vives, Mureto ou Melanchton, Manucio ou Murmelius. As citações dos grandes clássicos fervilham. Ao lado da Retórica de Aristóteles, o De Oratore de Cícero. Plutarco e Sêneca figuram como preconizadores de um ideal humano a que pouco falta para ser cristão. A todos, porém, sobreleva Quintiliano. Quintiliano encarna no século XVI a pedagogia Romana. Com a sua moderação e bom senso, com a longa experiência de 20 anos de magistério, com o seu conhecimento psicológico da criança e da arte de educa-la, exerceu sobre a posteridade uma verdadeira fascinação. As suas Instituições oratórias são uma fonte inesgotável de inspiração e de imitação dos mestres mais graduados. No seu De tradendis disciplinis Vives de si confessa que “se alguém atentar bem verificará que o meu método de ensino coincide com o de Quintiliano” 35[35]. E, de modo geral, falando de toda a escola humanista, afirma W. H. Woodward: “Todos os educadores do Renascimento, homens de teoria ou homens de prática, nascidos em solo italiano ou germânico, Enéas Sylvius ou Patrizi. Agrícola, Erasmo, Melanchton ou Elyot, abeberam-se no texto e no espírito desse tratado (Institutio Oratoria)” 36[36] . A esse entusiasmo não se furtaram, nem se podiam furtar, sem deixar de seu tempo, os jesuítas. Na elaboração prolongada e na redação definitiva do seu plano de estudos é visível a influência clássica, filtrada através dos autores contemporâneos, haurida diretamene nos mananciais antigos. Entre eles, a Quintiliano pertence o primado da influência. Negronius, nas suas Orationes, cita-o mais de duzentas vezes. Ribadeneira, um representante típico dos jesuítas da primeira geração, saúda no pedagogo romano, no nosso Quintiliano, “um mestre de grande experiência e prática na área de educação” 37[37]. Ledesma preza-o altamente. Manuel Alvarez, autor da célebre De Institutione Grammatica, e Cipriano de Soares, autor De Arte Rethorica, inculcadas como livros de texto no Ratio, confessam abertamente os seus numerosos empréstimos ao mestre comum. Sobre grande parte dos exercícios escolares – lições de cor, correção de deveres, declamação, explicação de autores – o código de ensino de jesuítas inspirou-se mais de uma vez nas suas teorias e nos seus conselhos. IDADE MÉDIA. Se no ensino das humanidades a yoga da antiguidade clássica suplantou a tradição escolar da Idade Média, no da filosofia e teologia esta conservou a primazia. Os séculos XIV e XV assinalam uma decadência visível da escolástica que no século XIII havia atingido o apogeu da sua florescência. O abuso da dialética e das sutilezas estéreis, a vitória do nominalismo em vários centros de ensino superior, a falta de talentos de maior envergadura, a multiplicação das universidades em condições menos favoráveis à elevação do nível cientifico, são os principais responsáveis por este desprestigio em que o renascimento encontrou a herança filosófica da escola. Os primeiros anos do século XVI assistem, porém, um esforço vigoroso de restauração da síntese clássica do pensamento medieval. E é precisamente na Universidade de Paris que se delineia um movimento vigoroso de restauração tomista. Pedro Crockaert, flamengo, que viera ainda jovem, para a capital francesa e aí entrara na Ordem dominicana, em 1503, com 35[35]
“Si quis attentius inspiciat, similes prorsum comperiat esse meam et Quittiliani instituendi rationem”. Vives, De tradendis disciplinis, 1, III, c. I. 36[36] W.H. Woodward, Studies in Education during the Age of the Renaissance, 1400-1600, Cambridge, 1924, p. 9. 37[37] “Quintilianus noster exercitatissimus et peritissimus pueros erudiendi magister”. Acta Sanctorum, Julii t. VII, p. 732. Ribadeneira recebido e formado por S. Inácio viveu na Companhia até 1611. É o primeiro biógrafo do Santo Fundador. Deixou muitos escritos de grande valor para a História dos primeiros tempos da ordem na qual viveu mais de 70 anos!
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35 ou 40 anos de idade, é o seu centro. Fr. Pedro de Bruxelas, como o chamam os documentos contemporâneos, tinha uma vocação dos grandes professores; formou escola. A um grupo de discípulos escolhidos conseguiu transmitir o entusiasmo por S. Tomás. E o histórico convento dominicano, de Santiago, que tinha abrigado nos seus muros vetustos a S. Alberto Magno, S. Tomás de Aquino, Herveu de Nedellec, Durando de Saint-Pourçain, Pedro de la Palu, Torquemada, e Capreolo, viu florescer uma nova geração de teólogos que iriam marcar época na historia do tomismo. Entre os alunos prediletos de Crockaert achava-se, então, em Paris o jovem espanhol Francisco de Vitória, O.P., que mais tarde sobrelevaria o mestre em doutrina e fama. De volta a sua pátria, Vitória recebeu em Salamanca um movimento restaurador dos estudos, primeira origem da escola salmantina, formadora de alguns dos melhores teólogos que figuraram no Concílio de Trento 38[38] . Dentre os discípulos parisienses de Crockaert saíram os mestres de teologia de Inácio de Loiola e dos seus primeiros companheiros Lainez, Salmeron, Bobadilla, etc. Como na atmosfera de Salamanca respiraram Toledo e Maldonado, dois dos mais notáveis professores jesuítas dos primeiros tempos. Orientou-se assim uma nova Ordem, desde o seu nascer para a mais sólida e profunda sistematização escolástica da filosofia. A Companhia de Jesus foi, depois da ordem dominicana, a primeira família religiosa que escolheu a S. Tomás para seu Doutor próprio 39[39]. Esta opção influi também decididamente na orientação pedagógica dos estudos superiores da Ordem. Aos seus professores proíbe o Ratio que se emaranhem em questiúnculas inúteis, e obsoletas, ou que se firmem em argumentos de autoridade com detrimento das razões internas. Aos seus escolásticos recomenda que desenvolvam o senso crítico, formulando contra as doutrinas ensinadas as objeções que ocorrerem e não descansando antes de as resolverem cabalmente40[40]. Com a sua decisiva intervenção contribuíram, outrossim, os jesuítas para a introdução definitiva da Summa theologica como livro de texto em substituição ao velho Pedro Lombardo, cujo Livro das Sentenças se comentou durante três séculos nas aulas de teologia 41[41].
38[38]
Sobre Francisco de Vitória e suas relações com a Universidade de Paris, ver L.G.A. Getino, O.P., El Maestro Fray Francisco de Vitória. Su vida, su doctrina y influencia, Madrid, 1930, e principalmente R.G. Villoslada, S.J., La Universidad de Paris durante los estudios de Francisco de Vitoria, O.P. (1507-1522), Romae, 1938. 39[39] A primeira prescrição oficial da doutrina tomista para toda a Ordem encontra-se nas Constituições: “In theologia legetur vetus et novum Testamentum et doctrina scholastica divi Thomae”. P. IV. c. 14. O Ratio de 1599 confirma o dispositivo constitucional mais explicitamente na 2a. regra do professor de teologia: “Sequantur nostri omnino in scholastica teologia doctrinam S. Thomae eumque ut Doctorem proprium habeant”. É interessante ver a parte que teve Belarmino na redação destes artigos do Ratio: Le Bachelet, Bellarmin avant son Cardinalat, p. 516-517; Brodrick, The life and work of Cardinal Belarmie S.J., London, 1928, t. I, p. 374-38. 40[40] Ver as regras 7 e 8 dos professores das Faculdades superiores e a regra 11 dos Escolásticos. 41[41] Em 1546 fundou-se em Gandia a primeira Universidade da Companhia de Jesus. A 24 de Abril do ano seguinte escrevia de lá a S. Inácio, o P. André de Orviedo: “Y asi há empezado el P. Francisco Onfroy... a leer uma liccion de theologia a la mañana de Santo Thomas, y a la tarde otra el P. Mtro. Vicente em otra matéria, em la tercera parte de Santo Thomas” MI+SI. Epistolae mixtae, II. 364. Quando o jovem Belarmino começçou a ensinar em Lovaina, rejeitou resolutamente o Mestre das Sentenças e escolheu S. Tomás. Brodrick, o.p. cit., p. 375. Lessius lhe seguirá o exemplo. Em 1550 escrevia a Santo Inácio de Iugolstadt S. Pedro Canisio: “O estudo da teologia decaiu muito na Universidade. Para reergue-lo deliberamos instituir um novo curso que tenha por objetivo a Suma do Santo Tomás”. Canisio, Epistolae, I, 336-366. Da Alemanha diz-nos Janssen, que “em Wurzburgo, em Mongúncia e, antes do fim do século, em todas as Universidades da Alemanha em que professavam os jesuítas, a teologia era ensinada segundo Santo Tomás”. Geschichte des deutsch Volkes, Freib. in B. 1924, t. VII, 572. E pouco antes: “A eles (jesuítas) cabe a honra de haver, dos primeiros, logo depois do
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Destarte, a ordenação geral dos estudos da Companhia, elaborada na segunda metade do século XIV, fundiu em síntese harmoniosa o que de melhor nos havia legado o esforço intelectual da Idade Média com as conquistas mais sadias e duradouras do humanismo cristão da Renascença. STURM E VIVES. Além das fontes indicadas acima quiseram alguns historiadores de pedagogia ver em Vives e principalmente em Sturm dois modelos copiados sem originalidade pelos jesuítas. Sturm era calvinista e apontar num protestante o protótipo de colégio dos filhos de S. Inácio tinha um sainete picante de paradoxo, tentador para autores protestantes ou menos afeiçoados aos jesuítas. Von Raumer, hitoriador antiquado da pedagogia e antijesuíta azedo, inquina o Ratio de plágio imoral de Sturm. Teófilo Braga insinua com mais artifício a mesma acusação 42[42] . A afirmação não é baseada em nenhum documento histórico. Tornou-a verossímil certa afinidade nos programas, horários e métodos de ensino. Semelhança incontestável que o próprio Sturm sublinhou numa de suas cartas, insinuando a aparência de algum empréstimo. “Vi os autores que os jesuítas explicam, os exercícios que praticam, os processos que empregam. Assemelham-se tanto aos nossos que se diriam derivados de nossa fonte” 43[43]. A arte de parentesco existe, mas não se explica por genealogia direta. Já, a priori, não seria muito verossímil que os primeiro jesuítas fossem copiar a organização de um colégio calvinista. Como finalmente observa Farrel: “o espírito vincadamente protestante de Sturm torna provável que Inácio e seus discípulos tenham tomado pouco de suas idéias e nada de seus ideais” 44[44]. A explicação das semelhanças inegáveis encontra-se na derivação das fontes comuns. Parecem-se no que se parecem, como dois irmãos, que reproduzem os traços comuns dos pais. A crítica moderna reconhece hoje unanimemente que Sturm não é um pedagogo de primeira mão. Antes de fazer-se protestante e organizar o colégio de Estrasburgo que mais tarde cresceu a Universidade e lhe granjeou grande fama, Sturm foi discípulo dos Irmãos da vida comum em Liège (1521-1524). Estava então no seu zênite a célebre escola dos discípulos de Gerardo e Groote que, durante os dois séculos precedentes, haviam semeado de magníficas instituições de ensino a Europa Setentrional. A sua estrutura modelar gravou-se, indelevelmente, no ânimo do jovem Sturm e para ele naturalmente se voltou quando foi chamado para dirigir o Ginásio de Estrasburgo. Notam-se expressamente os seus biógrafos: “ Toda essa organização do Colégio de Liège causou no jovem Sturm uma impressão profunda; adotou-a ele até em algumas das suas menores particularidades, como modelo da organização que deu mais tarde ao Ginásio de Estrasburgo” 45[45]. Mais recentemente Woodward: A ordem escolar de Liège “reproduz sem nenhuma
Concílio reconduzido à Suma a teologia da Alemanha, religando-a assim às antigas tradições das grandes escolas da idade média”. 42[42] Von Raumer, Geschichte der Paedagogik vom wiederaufbluehem klassicher Studien bis auf unsere Zeit, 4 vols. 1843-1854; Teófilo Braga, História da Universidade de Coimbra, t.I.p. 279-280. Mesma aproximação em Sicard, Les études classiques avant la revolution, p.12; Kaemmel, Geschichte des deutschen Schulwesens im Uebergange vom Mittelalter zur Neuzert, Leipzig, 1882, p. 227; Schiller, Lehrbuch der Geschichte der Paedagogik , p. 124. 43[43] "Vidi enim quos scriptores explicent et quas habeant exercitationes at quam rationem in docendo teneant, quae nostris praeceptis institutisque usque adeo proxime abest, ut a nostris ontibus derivata esse videatur". Sturm, Classicarum Epistolarum, t.III, Argentorati, 1565, f. A. VI. 44[44] Farrel, The jesuit Code of Liberal Education, p. 362 45 Schmidt, La vie et les oeuvres de Jean Sturm, Strasburg. 1855, p. 5. E mais tarde, à p. 36: Sturm "tem diante dos olhos o plano de estudos de S. Jerônimo em Liège e quer tomá-lo como fundamento da nova orientação de Estrasburgo".
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dúvida a de Deventer no que ela tem de melhor e foi certamente a base da proposta por Sturm para a reorganização da escola de Estrasburgo em 1583” 46[46] . A dependência direta dos jesuítas em relação aos Irmãos da vida comum, se não se apresenta com tanta evidencia, tem muitos visos de probabilidade. Em Paris, nos primeiros tempos de sua estadia, Inácio viveu no Colégio de Montaigu, outrora pertencente aos Irmãos e onde deviam ainda sobreviver as suas tradições. Mais e melhor. A célebre escola de Liège, onde estudara Sturm, passou em 1580 para os jesuítas. Nada mais provável do que haverem eles conservado os bons métodos e usos de seus predecessores. Por aí, exerceram muito provavelmente os Irmãos uma influência nos jesuítas holandeses, e, por meio deles, na elaboração do Ratio Studiorum para toda a Ordem. Olivério Manareu, que visitou entre 1581 e 1583 os colégios da Germânia e neles deixou várias instruções e memoriais posteriormente utilizados para a redação do Ratio, era um velho discípulo das escolas holandesas dos Irmãos 47[47]. Outra fonte, e esta certamente comum, foi a Universidade de Paris. Quanto o tomarem por modelo os jesuítas já o deixamos indicado acima. A sua influência sobre Sturm não é tão pouco duvidosa. Imediatamente antes de ser convidado pelos seus correligionários para reforma do Ginásio de Estrasburgo, em 1538, passou ele 8 anos a estudar e ensinar em Paris. (1529-1537). À vista dos documentos e da sua crítica imparcial, contestam hoje os historiadores mais abalizados, mesmo entre os protestantes, os empréstimos imaginados por Von Raumer. Com sua cinhecida autoridade Paulsen: “Sturm afirmou uma vez que os jesuítas podiam ter bebido nas suas fontes. É difícil pensa-lo: as coincidências resultam essencialmente da semelhança dês exigências da época... Sturm e Inácio estudaram ambos em Paris... o fundador da Companhia conservou da Universidade as mais gratas recordações; ao seu lado, Lovaina, onde estudou também Sturm, gozava de grande estima. Não he dúvida de que toda a estrutura externa dos Colégios da Ordem foi plasmada por estes moldes” 48[48]. No mesmo sentido, Meyer: “Razões históricas e internas mostram-na (a tese da dependência) insustentável” 49[49]. Menos ainda para sustentada é a dependência de Vives. Como fato histórico, devidamente averiguado a seu favor, cita-se apenas um encontro em Bugres do célebre pedagogo espanhol com Inácio, que, estudante em Paris, lá foi à busca de recursos para continuar seus estudos. É muito pouco. Os pontos de contato dos dois sistemas pedagógicos – predomínio do latim, exercício da memória, educação física por meio dos jogos, diminuição dos castigos corporais em beneficio dos motivos de honra e dignidade – menos particularizados ainda do que no caso de Sturm, explicam-se pela atmosfera do Renascimento e pelo jogo natural das influências comuns. EXPERIÊNCIA. A análise, sempre indispensável para o conhecimento exato, pode falsear muitas vezes a visão compreensiva da realidade orgânica e complexa. É como o 46[46]
Woodward, Studies in education during the Age of the Renaissance, p. 86. E assim os demais autores que se ocuparam mais de perto do assunto. Veil: "Não há aliás dúvida alguma de Sturm não buscar os seus modelos em outra parte senão na Holanda". Sturms Unterrichtsziele und Schuleinrichtungen mit besondererBeruecksichtigung seiner Bezichungen zu dem niederlaendischen Humanismus, Strassburg, 1888, p. 20. Engel: o plano de Sturm "corresponde integralmente ao modelo das escolas holandesas". Das Schulwesen in Strassburg vor der Gründung des protestantischen Gymnasiums, Strassburg, 1886, p. 116. 47[47]
As instruções e ordenação do P. Manareu, aprovadas posteriormente pelo Geral, podem ler-se em Pachtler, I, 263-284. 48[48] F. Paulsen, Gechichte des gelehrten Unterrichts, t. I, Leipzig, 1919, p. 422. 49[49] F. Meyer, Der Ursprung des jesuitischen Schulwesens Graefenhainichen, 1904, p.54.
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bisturi do anatomista; disseca os órgãos e tecidos, separa-lhes as fibras mais delicadas, mas à custa da vida que se foi e só explica a atividade e harmonia do organismo. Não basta o confronto de métodos nem a aproximação de textos para dar explicação cabal de uma pedagogia viva. Depois do exame minucioso dos documentos e da discriminação conscienciosa de influências, cumpre recolocar tudo na vida da historia para compreender, em seu justo valor, com as relações das causas e efeitos, a evolução orgânica que levou ao resultado final. Foi com efeito na experiência palpitante dos Colégios da Companhia que se foi estruturando seu plano definitivo de estudos. Paris e Lovaina, Sturm ou Vives não influíram, no que influíram, senão através dessa assimilação vital que se processa na atividade fecunda de cada dia nos grandes centros de educação. Como todo homem ativo e organizador, Inácio observava e arquivava cuidadosamente as lições dos fatos. A oração, a razão e a experiência, diz Polanco, eram as três fontes principais em que se inspiravam as suas decisões 50[50]. Um fato, apenas, entre muitos outros que revelam o critério do prudente santo. Tratava-se da fundação de um colégio em Ingolstadt. Inácio envia as instruções relativas a aulas, professores, relações com a cidade, etc., mas logo acrescenta: “Achando-se me Canísio, pela sua experiência e oficio procedam na organização das aulas como ele julgas conveniente. Autorizado nesta pressuposição, das instruções que seguem se poderá omitir ou mudar o que lhe parecer” 51[51]. Neste espírito formaram-se seus companheiros. Já vimos o papel importante que na orientação pedagógica dos primeiros tempos desempenhou o P. Ledesma, a princípio em Messina, logo depois em Roma e outras cidades. Ao iniciar o seu Ordo Studiorum, um dos esboços do futuro Ratio, enumera ele os motivos que o levaram a lançar por escrito as suas instruções práticas e concretas. As três primeiras são: “1. A experiência que tive por três anos neste colégio (Romano) quando prefeito de estudos... e em outros colégios da Companhia que visitei... 2. A reflexão profunda sobre estes assuntos, prolongada por vários anos. 3. O conselho freqüente dos melhores professores que conheci neste colégio, como Perpignani e outros cuja opinião pedi, muitas vezes, até por escrito” 52[52] . Experiência pessoal, ampla e prolongada, enriquecida ainda pela experiência de outros professores, eis a principal fonte de inspiração de Ledesma. Nada, porém, põe em tanto relevo a influência absolutamente preponderante vinda desta pedagogia vivida na pedagogia codificada quanto a própria história do Ratio que, em largos traços, acima resumimos. O plano de estudos da Ordem só foi promulgado apos mais de meio século de experiência (1584-1599) em dezenas e centenas de colégios disseminados por toda Europa. O trabalho de sua relação prolongou-se por obra de 15 anos (1584 – 99) e obedeceu ao critério com que se preparam os currículos modernos mais bem elaborados. Primeira redação aproveitando um imenso material pedagógico acumulado em dezenas de anos; críticas dos melhores pedagogos de todas as províncias européias da Ordem; segunda redação; nova remessa às províncias para que a submetessem por um triênio à prova da vida real dos colégios; aproveitamento das últimas sugestões, sugeridas à luz dos tatos; promulgação definitiva 53[53]. O Ratio, portanto, é filho da experiência, não da experiência de um homem ou de um grupo fechado, mas de uma experiência comum, ampla de tal amplitude, no 50[50] "Partim oratione, partim rationis discursu, partim etiam experientia, ea quae ad instituti nostri rationem postea promulgavit, paulatim concinhabat". Chronicon, I, 268. 51[51] Monumenta ignatiana, XI, 536. 52[52] Monumenta paedagogica, p. 313. 53[53] Com a comclusão do Ratio em 1599 não se encerrou o período de experiências úteis. Em 1608 Aquaviva envia às Províncias uma instrução para promover os estudos filológicos. Depois de recomendar que se ponha exatamente em execução o que já foi prescrito acresecenta que se "algo ocorrer que possa facilitar o conseguimento da meta almejada" "experimentem e lhe enviem os resultados " "si quid amplius occurrerit, quod non parum profecturum sperent tum ad styli comparationem, tum ad auctores exacte et cum fructu legendos, periculum faciant ad nos mittant exemplum". Pachtler III, p. 11.
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tempo e no espaço, que lhe assegura uma grandeza majestosa, talvez singular na história da pedagogia. A esta formação viva e orgânica deve ele sua unidade, harmonia e equilíbrio perfeito. Deve-lhe ainda e, sobretudo, o espírito que o informa e lhe caracteriza a originalidade da fisionomia. Já o observou G. Muller: para a organização e aperfeiçoamento da pedagogia da Ordem mais importante foi a prática viva do que a utilização dos pedagogos teóricos” 54[54]. Nesta prática viva formou-se pouco a pouco uma tradição pedagógica em que os processos didáticos, assimilados com sábio discernimento entre os mais acreditados do tempo, passaram a ser aviventados por um espírito novo, próprio da nascente instituição. A expressão de Farrell, um dos mais abalizados conhecedores contemporâneos da pedagogia dos jesuítas, resume-lhe com vigor e felicidade as características dominantes: “o currículo, humanista; o método e ordem, principalmente parisienses; o espírito, inaciano” 55[55]. O novo sopro que os discípulos de Inácio insuflaram na estrutura exterior do ensino, comum a outras escolas do Renascimento, deu-lhe outra vida, imprimiu aos seus colégios uma orientação vincadamente original e assegurou-lhes um êxito que os historiadores menos simpáticos à Companhia de Jesus são unânimes em confessar. Como causas dessa superioridade poderá apontar-se “uma organização melhor, uma visão superior mais esclarecida, professores mais aptos, planificação mais cuidadosa dos pormenores, continuidade mais seguida do corpo docente”. A todos esses fatores, porém, importa acrescentar: “a disciplina e formação de homens para os quais podia fazer apelo um ideal de sacrifício, de fraternidade humana e de amor à Deus. Só assim se poderá compreender com facilidade porque o sistema dos jesuítas fez dos jesuítas os mestres-escolas da Europa durante mais de um século e meio” 56[56] . SINOPSE DO “RATIO” Para quem, pela primeira vez, se põe em rápido contato com o Ratio, a impressão espontânea é quase a de uma decepção. Em vez de um tratado bem sistematizado de pedagogia, que talvez esperava, depara com uma coleção de regras positivas e uma série de prescrições práticas e minuciosas. De fato, o Ratio não é um tratado de pedagogia, não expõe sistemas nem discute princípios. A edição de 1586 enveredara por este rumo; foi criticada e substituída pela de 1599. Ao tratado sucedeu o programa. Já vimos as razões de ordem prática que ditaram essa mudança de orientação. Outras há, de caráter histórico, que não devem ser esquecidas. Sobre os fins e ideais educativos discutiase menos no século XVI do que no século XX. A unanimidade era então quase perfeita. Os nacionalismos ainda não se haviam ouriçado uns contra os outros nem os estados se esforçavam por converter a educação das massas em instrumento político. O alvo então visado era universal, a formação do homem perfeito, do bom cristão. Não se mirava, com a ação das escolas, dar a consciência de cidadão de tal ou tal império ou de representante desta ou daquela raça predestinadas. Os professores do Renascimento percorriam a Europa sem se sentir estrangeiro em nenhuma parte. Suaréz ensinou em Coimbra, Salamanca e Roma. Vives, espanhol, 54[54]
"Ueberhaupt duerft die erlebt Praxis fuer die Begruendung und Ausgestaltung der Paedagogik des Ordens wichtiger gewesen sein. als die Benutzung der paedagogischen Theoretiker". E Paulsen, a quem tomamos de empréstimo esta citação, acrescenta: "E isto vale não só aqui; os escritores da história da Pedagogia inclinam-se a sobrevalorizar a influência dos teóricos". Paulsen, Op. cit., 1a., p. 422. 55[55] "The curriculum was humanistic, the method and order principally Parisian, the spirit, Ignatian". Farrel, The Jesuit Code of Liberal Education, p. 136-7. 56[56] E.A. Fitzpatrick, St. Ignatius and the Ratio of Studiorum, New York and London, 1933, pp. 15 e 24.
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acha-se bem em Bruges e em Lovaina. Canísio, holandês, passava do Colégio de Messina à Universidade de Ingolstadt. Convém, portanto, a quem inicia o estudo do Ratio não esquecer a sua finalidade eminentemente prática nem a moldura histórica que lhe enquadra as origens. Os princípios pedagógicos que o animam são mais supostos do que enunciados. Deste manual prático que preconiza métodos de ensino e orienta o professor na organização de sua aula, convém, por inferência, reconstruir linhas mestras de uma pedagogia, que, além do Ratio, tem outrossim – convém lembra-lo – a sua expressão em outros documentos. Procuraremos, em breve resumo, indicar as direções a seguir nesse estudo, agrupando sobre os títulos: administração, currículo e metodologia, os elementos mais importantes do seu conteúdo. Para este fim, convém ter diante dos olhos um índice do Ratio, com um sistema de siglas que permitam, breves e fáceis, as referências posteriores. Com ligeiras modificações, seguiremos, por mais cômodo, o proposto de Farrell.
I
|A. Regras do Provincial (1-40) |B. Regras do Reitor (1-24) |C. Regras do Prefeito de Estudos Superiores (1-30)
|D. Regras comuns a todos os professores das Faculdades Superiores (1-20) |E. Regras particulares dos professores das Faculdades Superiores. | Ea. Professor de Escritura (1-20) | | Eb. Professor de Hebreu (15) | | Ec. Professor de Teologia (1-14) | | Ed. Prof. de Teologia Moral (1-10) II |F. Regras dos Professores de Filosofia. |Fa. Professor de Filosofia | |Fb. Professor de Filosofia Moral (1-4) | |Fc. Professor de Matemática (1-3)
|G. Regras do Prefeito de Estudos Inferiores (1-50) |H. Regras dos exames escritos (1-10) |I. Normas para a distribuição de prêmios (1-13) III |J. Regras comuns aos professores das classes inferiores (1-30) |L. Regras particulares dos professores das classes inferiores |La. Retórica (1-20) | |Lb. Humanidades (1-10) | |Lc. Gramática Superior (1-10) | |Ld. Gramática Média (1-10) | |Le. Gramática Inferior (1-9)
IV
|M. Regras dos estudantes da Companhia (1-11) |N. Regras dos que repetem a Teologia (1-14) |O. Regras do Bedel (1-7) |P. Regras dos estudantes externos (1-15) |Q. Regras das Academias |Qa. Regras gerais (1-12) | |Qb. Regras do Prefeito (1-15) | |Qc. Academia de Teologia e Filosofia (1-11) | |Qd. Regras do Prefeito desta Academia (1-4)
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|Qe. Academia de Retórica e Humanidades (1-7) |Qf. Academia de Gramáticos (1-8)
ADMINISTRAÇÃO. A Companhia de Jesus é, administrativamente, dividida em Províncias e Circunscrições territoriais, que compreendem várias cassa e colégios da Ordem e coincidem com o território de uma nação ou parte dele. À frente de cada Província acha-se um Provincial. Suas funções, no que se refere aos estudos, resumem-se em nomear o Prefeito e Estudos e de disciplina, em zelar pela formação de bons professores, em promover os estudos na sua Província, exercer uma alta vigilância sobre a observância exata das normas traçadas pelo Ratio e propor ao Geral as modificações sugeridas pelas circunstâncias de tempo e lugar, peculiares à Província. A 1-40. O Reitor é a figura central do Colégio. Distribui os ofícios convoca e dirige as reuniões dos professores, preside às grandes solenidades escolares. Exerce, em seu colégio, a autoridade mais alta, subordinada, porém, na Província, à do Provincial e, fora dela, à do Geral, por quem é nomeado. B 1-24. Braço direito do Reitor na orientação pedagógica, é o Prefeito de Estudos. Homem de doutrina e de larga experiência de ensino, acompanha de perto toda a vida escolar, visita periodicamente as aulas, urge a execução dos programas e dos regulamentos, forma e aconselha os novos professores, articula a atividade de todos. Guarde fiel das tradições, assegura, com a unidade atual da obra pedagógica, a sua continuidade no tempo. Nos grandes estabelecimentos, em que se reuniam Faculdades Superiores e cursos de humanidades, ao Prefeito principal, encarregado dos estudos nas Faculdades, se subordinava, com auxiliar, outro chamado Prefeito dos Estudos Inferiores. C.1-30; G. 1-50. Se o numero de alunos o exigia, nomeava-se ainda um prefeito de disciplina, incumbido de auxiliar o prefeito de estudos, principalmente na manutenção geral da ordem e do bom comportamento. B. 22; G. 37-50, 9-13. Para os cursos superiores e secundários, o Ratio organizou currículos muito precisos e pormenorizados. I – Currículo Teológico. 4 anos. Teologia escolástica. 4 anos; dois professores, cada qual com 4 horas por semana. A.9. Teologia moral. 2 anos. Dois professores com aulas diárias ou um professor com duas horas por dia. A.12. Sagrada Escritura. 2 anos com aulas diárias. A. 6. Hebreu. 1 ano, com duas horas por semana. A. 7-8; Eb. 3. A revisão de 1832 ao currículo teológico acrescentou, com disciplinas autônomas, o Direito Canônico e a História Eclesiástica, estudada no século XVI, só ocasionalmente. II – Currículo filosófico. 1o. Ano – Lógica e introdução às ciências; um professor; 2 horas por dia. Fa7; 9. 2o. Ano – Cosmologia, Psicologia, Física – 2 horas por dia. Fa.-7-10. Matemática – 1 hora por dia. A-20. 3o. Ano – psicologia, Metafísica, Filosofia Moral – dois professores. Duas horas por dia. Fa-7-11; Fb-2. III – Currículo Humanista. O currículo humanista, corresponde ao moderno curso secundário, abrange no Ratio 5 classes:
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1 2 3 4 5
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Retórica. Humanidades. Gramática Superior. Gramática Média. Gramática Inferior.
Estas classes são caracterizadas por graus, ou estágios de progresso. Representam menos uma unidade de tempo (1 ano) do que uma determinada soma de conhecimentos adquiridos. Só podia ser promovido à classe superior, o aluno que os houvesse assimilado integralmente. Por isso, na prática, o currículo dilatavase muitas vezes por 6 e 7 anos; a ultima classe de gramática e às vezes a penúltima desdobravam-se em duas outras, A e B, ou ínfima gramática primi ordinis e ínfima gramática secundi ordinis. A-21;G-8. Na sua maior extensão o currículo era assim representado 57[57]: Grau 1 2 3 4 4 5 5
Classe Retórica Humanidades Gramática Superior Gramática Média A Gramática Média B Gramática Inferior A Gramática Inferior B
Ano 7 6 5 4 3 2 1
O “grau” da gramática ínfima é conhecimento perfeito dos rudimentos da gramática e das primeiras noções de sintaxe. Lc-1. O grau da gramática superior é o conhecimento perfeito da gramática. Lc. 1. O grau da classe de humanidades que prepara imediatemente à retórica é o conhecimento da linguagem, alguma erudição e primeiras noções dos preceitos da retórica. Lb-1. O grau da retórica é a expressão perfeita, em prosa e verso, e abrange os conhecimentos teórico e prático dos preceitos da arte de bem dizer e uma erudição mais rica de história, arqueologia, etc. La-1. Como se vê, o objetivo do curso humanista é a arte acabada da composição, oral e escrita. O aluno deve desenvolver todas as suas faculdades, postas em exercício pelo homem que se exprime e adquirir a arte de vazar esta manifestação de si mesmo nos moldes de uma expressão perfeita. As classes de gramática asseguram-lhe uma expressão clara e exata, a de humanidades, uma expressão rica e elegante, a de retórica mestria perfeitamente na expressão poderosa e convincente ad perfectam eloquentiam informat. O latim e o grego são as disciplinas dominantes. As outras, o vernáculo, a história, a geografia, as realia, não têm um estatuto autônomo, são ensinadas concomitantemente na leitura, versão e comentários de autores clássicos. A seleção e graduação dos autores obedece ao programa seguinte. Na gramática inferior, Cartas mais fáceis de Cícero; primeiras noções de grego. Lê-1. Na gramática média, Cartas de Cícero ad familiares, poesias mais fáceis de Ovídio; catecismo grego, Tabula de Cebes. Ld-1. Na gramática superior, prosa no 1o. Semestre, As Cartas mais importantes de Cícero ad familiares, ad Atticum, ad Quintum fratrem; no 2o. Semestre, Cícero, De Senectute, De Amicitia, Paradoxa ou outros livros semelhantes. Poesia: no primeiro 57[57]
No Colégio Romano eram 7 classes: "In Collegio hoc nostro Romano septem sunt humanioribus classes seilicet quinaue grammatices, una humanitatis, et altera rhetoricae". Monumenta paedagogica, p. 384. Rochemonteix dá uma lista de 10 colégios da Companhia na França cujo currículo se estendia por 6 anos. Le Collège Henri IV de la Flèche, Le Mans , 1889, t. III, p. 4-5.
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semestre, trechos seletos de Catulo, Tibulo, e Propércio, Éclogas de Virgilio, ou ainda os livros mais fáceis do mesmo autor como o 4o. das Geórgicas, ou o 6o. e 7o. da Eneida. Em grego, S. Crisóstomo, Esopo, Agapito e outros análogos. Nas três classes de gramática, como texto, adote-se a gramática, como texto, adote-se a gramática do P. Álvares. Lc-1. Em humanidades: Latim – Cícero, obras de filosofia moral, no 1o. semestre; o no 2 . algumas orações como Prolege Manilia. , pro Archia, pro Marcello ou outras pronunciadas diante de César; dos historiadores César, Salústio, Tito, Lívio, Curcio e outros semelhantes; dos poetas, principalmente Virgilio, com exceção do 4o. livro da Eneida, odes seletas de Horácio, elegias epigramáticas e outras composições de poetas clássicos. Grego: no 1o. semestre, Orações de Isócrates, S. Crisóstomo, S. Basílio, epistolas de Platão, Sinésio, trechos seletos de Plutarco; no 2o. semestre, poesias de Focílides, Teognides, S. Gregório Nazianzeno, Sinésio e outros semelhantes. Para os preceitos de retórica, o tratado do P. Cipriano Soares. Lb-1o. Em retórica, os preceitos devem ser explicados pelos livros de Cícero e de Aristóteles (Retórica e Poética), o estilo deve ser formado principalmente em Cícero, ainda que se devam conhecer também os melhores historiadores e poetas. Para o grego só se utilizem autores antigos e clássicos. Demóstenes, Platão, Tucídides, Homero, Hesíodo, Píndaro, e outros assim, entre os quais se deve incluir com razão os Santos Gregório Nazianzeno, Basílio e Crisóstomo. La – 1, 13. Quanto ao horário, o Ratio supõe 5 horas de aulas por dia, duas horas e meia pela manhã e outras tantas pela tarde. O tempo é minuciosamente distribuído entre o grego e o latim, a prosa e a poesia, e os diversos exercícios escolares, preleção, lição de cor, composição, desafio, etc., visando-se em tudo, com o melhor aproveitamento da aula, a maior variedade nas ocupações do aluno. A ordem estabelecida, porem, alterada de acordo com os costumes locais. J-15. Para julgar com acerto este currículo e a ausência de disciplinas que hoje nos parecem indispensáveis num curso secundário, convém lembrar a situação cultural do século XVI. Nem as ciências experimentais haviam tomado o desenvolvimento que hoje conhecemos nem as línguas modernas a importância que lhe deu posteriormente o surto progressivo das nacionalidades e o enriquecimentos das respectivas literaturas. Quando os jesuítas entraram em Portugal, Camões ainda não havia escrito Os Lusíadas. Se os jesuítas, no seu plano de estudos, como disciplina autônoma, não incluíram a língua vernácula, também não incluíram a Universidade de Paris, e as escolas protestantes e Sturm e Trotzendof e Melanchton com suas mediadas draconianas contra o alemão, o grego e o hebreu. É uma atitude tomada por todo o século XVI. Quanto às ciências então acessíveis – matemáticas, astronomia e físicas – eram incluídas no currículo filosófico. Uma leitura apressada do Ratio e um conhecimento lacunoso das suas aplicações históricas levaram, por isso, alguns autores a acusar os jesuítas de negligenciarem o cultivo do idioma pátrio. Nada menos justificado. Para os jesuítas, o conhecimento do vernáculo é uma prescrição, mais de uma vez repetida, do seu Instituto. As Constituições lembraram-lhes que, para pregar com fruto, importa bem aprender a língua falada pelo povo 58[58]. As regras comuns lembram a todos o dever de estudar a língua do país em que trabalham 59[59]. Com este espírito prescrevia Nadal na sua visita aos colégios da Colônia (1566) e de Mogúncia (1567), que estudassem com afinco o alemão 60. O Ratio recomenda mais de uma vez a diligencia no uso da língua materna. Traduções, versões, ditados, exposições do argumento obrigam a um estudo ocasional, mas nem por isso menos eficiente do vernáculo. Ao professor de humanidades em particular lembra que poderá, não só usar a língua nacional, quando nisto houver vantagens, senão que também poderá no fim da explicação do 58[58] 59[59] 60
Arch. Prov. Germaniae S.J. XIII B. I., fol. 495, 506. Cit. por B. Duhr, Die Studienordnung der Gesellschaft Jesu, Freib. in B. 1896, p. 109.
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autor dar do trecho estudado uma tradução, feita com todo o primor. Omnia patrio sermone sed quam elegantissime vertere. Lb-5, 6. var ainda Lc-4, 5, 6, 10; Ld-4, 6, 7, 10; Le-4, 6, 7, 9. O trabalho em aula é completado com exercícios suplementares, leituras de bons autores, discursos, academias, teatro, pregações no refeitório, etc. Do estudo da gramática, do comentário dos autores clássicos e da composição literária – preceitos e prática, - ainda que feitos em Latim, beneficiava também a formação do jovem no manejo da língua pátria. Com o desenvolvimento progressivo das leituras modernas, o Ratio foi, na prática, abrindo um espaço cada vez maior ao estudo direto das línguas vivas. Já por volta do ano de 1600, sabemos que os jesuítas da Boêmia pediam e obtinham licença de instituir uma academia particular para o estudo da língua tcheca 61. Em 1625 Sacchini insistia, numa exortação aos professores, para que os alunos aprendessem igualmente as duas línguas 62. Jouvancy, um dos maiores pedagogos da Ordem, no seu livro De ratione discendi et docendi (1705) escreve um capítulo inteiro ao De studio linguae vernaculae. O P. Hermann, Provincial da Germânia Superior, num memorial deixado em 1766 sobre a organização dos estudos humanistas, lembra as freqüentes instruções anteriores relativas ao mesmo assunto e, ainda uma vez, inculca o grande cuidado que deve merecer o estudo do alemão 63. Nos ginásios austríacos já em 1755 nos informa Wagner que os exercícios da Academia se realizavam quase todos em vulgar 64. Este espírito levou ainda os filhos de S. Inácio, nos paises de missões, a dedicar-se com rara perseverança e notáveis resultados aos estudos das línguas indígenas. No México, no Peru e na Colômbia bem cedo fundaram-se cursos das línguas nativas dos índios. No Brasil, Anchieta, primeiro, Figueira, mais tarde, reduziram a Arte aa língua tupi-guarani, que já era ensinada no Colégio da Baía, em 1556 e em Pernambuco em 1587 65. Este movimento ascensional em favor das línguas vivas culminou em 1832, quando foi revisto o Ratio, na autonomia do seu ensino elevado a disciplina maior. A nova redação recomenda, entre outros pontos, que os alunos tenham na língua pátria “uma formação sólida” e o estilo se aprimore “na escola dos melhores autores” 66. A prova mais eloqüente do que, neste ponto, conseguiram os métodos dos jesuítas é o veridictum da experiência. Das suas escolas saiu, de fato, grande número dos melhores escritores das literaturas modernas. Nos colégios da Companhia receberam a sua primeira formação literária: na Itália, Tasso, Alfieri, Vico, Muratori, Goldini, Segneri, Bártoli; na Espanha, Cervantes, Lope de Vega, Calderon, em Portugal, Viera, Bernardes, Francisco Manuel de Melo, Jacinto Freire de Andrade, Correia Garção; no Brasil, Gregório de Matos, Rocha Pita, Cláudio Manuel da Costa, Alvarenga Peixoto, Caldas Barbosa, Basílio da Gama; na França, Corneille, Molière, Bossuet, Montesquieu, Fontenelle, Malesherbes, e o próprio Voltaire. O P. Porée, professor de retórica, durante longos anos, no Colégio Louisle-Grande, de Paris, chegou a ver 19 de seus discípulos na Academia Francesa. 61
"Bohemicae linguae Academia (privata), cursu sit, magna necessitas et penuria callentium illam, summopere placeret". Resp. ad. Prov. Austriae, a. 1600. 62 "...deinde ut in vernacula etiam verba emendate apteque item scripto convertat quo linguam pariter ultramque pueri condiscant". Paraenesis ad Magistros Schol. Inferior., c. 7, n. 6. 63 "Quanvis in Scholis nostris prima esse cura debeat linguae latinae dotibus suis amnibus instructae, magnam tamen hoc tempore lingua etiam requirit Germanica". Pachtler, IV. 55. 64 "... cum seu in historia seu in authore pleraque pergantur in lingua vernacula". Wagner, Instructio privata, p. 20 sgs. 65 Sobre a contribuição dos jesuitas para a linguística americana cfr. Serafim Leite, S.J., História da Companhia de Jesus no Brasil, t. II, 545-568; Astrain, Hist. de la Comp. de Jesus en España, t. IV e V, passim. 66 Regra 23 do Provincial: "Illud etiam sibi valde comendatum existimet ut in scholis discipuli in lingua vernacula solide instituantur". Regra 1 do Prof. de Retórica: "Quoad linguam vernaculam stylus ad normam optimorum auctorum efformetur". Pachtler, II, 258, 400.
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Quanto às ciências, o Ratio preferiu remeter-lhes ao estudo para o currículo de Filosofia ou para o Colégio das Artes, como o chamavam os nossos maiores. Terminada a formação literária do curso humanista, passava o jovem a estudar as ciências então já constituídas: a matemática, a astronomia e a física. Com o correr dos anos e o desenvolvimento dos conhecimentos científicos, introduziram-se outras disciplinas e alargaram-se os respectivos programas. Os colégios da Companhia acompanharam constantemente o ritmo progressivo das ciências modernas e muitas vezes contribuíram para acelera-lo. Compayré, um dos críticos mais apaixonadamente severos da pedagogia dos jesuítas, confessa que “eles seguiram o movimento geral que alargou tão prodigiosamente os quadros do ensino cientifico” 67. Já em 1623 os jesuítas apresentavam, para o Colégio de Madrid, um programa de um Studium Generale, com 23 cátedras, entre as quais encontramos as consagradas ao hebreu, ao sírio, ao caldeu, à cronologia histórica, à física, à matemática (1a. cadeira com estudosde Astronomia, Perspectiva, Climatologia; 2a. cadeira de Geometria, Hidrografia, Geografia, teoria dos relógios), à Economia Política, à História Natural, (Geologia, Mineralogia) etc. 68. Também aqui o melhor índice da eficiência do ensino são os resultados obtidos. Não só entre os membros da Ordem contam-se numerosos cultores exímios dos mais variados ramos da ciência 69, mas ainda das suas escolas saíram alguns dos seus mais notáveis pioneiros, lembremos aqui apenas os nomes de Descartes, Galileu, Buffon, Réaumur, La Condamine, Lalande, Renaudot, Berthollet, Bossuet, etc. etc. Podemos concluir que, no seu currículo, o Ratio conseguiu organizar e sistematizar o que de melhor havia no tempo. Diga-o Paulsen, autor protestante moderno, de reconhecida autoridade: “Que o Ratio Studiorum tenha sido elaborado com grande sabedoria e diligencia invulgar é o que se não pode por em dúvida. Nem tão pouco é possível contestar que, no seu conjunto, o seu plano de estudos se adapta bem às exigências do tempo; tudo o que tinha um valor no mundo cientifico do século XVI foi nele levado em consideração. Não duvido tão pouco que, pela sua organização escolar, a Ordem tenha promovido eficazmente a difusão da cultura intelectual e, em particular, o conhecimento das línguas clássicas nos paises católicos, onde os jesuítas eram os mestres mais instruídos e zelosos”. 70 À sua própria organização deu ainda o Ratio plasticidade indispensável a todas as adaptações exigidas pelo movimento progressivo da cultura. O princípio de uma política educacional progressiva reconhece-o a regra 39 do Provincial: “Como, porém, na variedade de lugares tempos e pessoas pode ser necessária alguma diversidade na ordem e no tempo consagrado aos estudos, nas repetições, disputas e outros exercícios e ainda nas férias, se julgar conveniente na sua Província, alguma modificação para maior progresso das letras, informe o Geral para que se tomem as determinações acomodadas a todas as necessidades, de modo, porém, que se aproximem o mais possível da organização geral dos nossos estudos”. Na prática, os colégios dos jesuítas não se imobilizaram numa rigidez sem vida, mas 67 "Les jésuites ont suivi le mouvement général qui a si prodigieusement élargi les cadres de l´enseignement scientifique". Compayré, Histoire critique des Doctrines de l´Education en France, t. II, p. 199. 68 O plano de estudos pode ver-se na sua integridade em Astrain, Historia de la Compañia de Jesus en la Asistencia de España, t. V., 145-146. 69 "Somos forçados a partilhar da admiração manifestada por esse autor [Chateaubriand] pelos muitíssimos serviços destacados dos jesuítas no setor da astronomia, da física, da geografia, etnografia e outras esferas científicas, como deveremos, além disso, reconhecer que a Ordem conta em suas fileiras um número considerável de inventores invulgarmente talentosos". R. Fülop Miller, Os jesuítas e o segredo do seu poder, Tradução portuguesa, Porto Alegre, 1935, p. 530. E páginas antes: "A Ordem dos jesuítas produziu um grande número de sábios eminentes, os quais fizeram sua a tarefa de prosseguir até os seus cimos mais elevados a pesquisa científica". p. 444. 70 F. Paulsen, Geschichte des gelehrten Unterrichts, Leipzig, 1919, t. I, p. 433.
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com espírito sabiamente conservador e prudentemente progressista souberam sempre acompanhar o passo de uma cultura que marcha. METODOLOGIA. É a parte mais interessante e mais desenvolvida do Ratio. Sob o nome de metodologia compreendemos aqui tanto os processos didáticos adotados para a transmissão de conhecimentos, quanto aos estímulos pedagógicos postos em ação para assegurar o êxito do esforço educativo. A intenção que nos ditou foi não só de orientar os professores novos como de unificar o sistema de ensino e a tradição pedagógica da Ordem. Nem por isso houve uma padronização rígida que tolhesse a espontaneidade indispensável ao trabalho dedicado de formação das almas. A própria multiplicidade de métodos propostos já deixa uma ampla liberdade de opção adaptada à diversidade dos dons e à variedade das circunstâncias. Ao mestre, além disto, se conferem largos poderes de iniciativa, não só o emprego dos métodos indicados, senão também na invenção de outros. Norma e liberdade, tradição e progresso balançam-se em justo equilíbrio. Preleção. A preleção, prelectio, é centro de gravidade do sistema didático do Ratio. Como o nome o está indicando, é uma lição antecipada, uma explicação do que o aluno deverá estudar. Seus métodos e aplicações variam com o nível intelectual dos estudantes. Nas classes elementares de gramática, após a leitura e o resumo do texto, o professor explica, resolve as dificuldades relativas ao vocabulário, à propriedade dos termos, ao sentido das metáforas, à gramática, à ordem, e conexão das palavras. Mais tarde, à medida que as classes se aproximam da retórica, às questões de gramática elementar, sucedem as relativas à sintaxe, ao estilo, à arte de composição. Mais do que com as palavras, ocupa-se o mestre com as idéias e sua expressão. O texto estudado em confronto com textos análogos do mesmo ou de outro autor. Para sua melhor compreensão subministram-se os conhecimentos das realia indispensáveis. É o que o Ratio chama erudito (conhecimentos positivos). Sob este nome compreende-se as noções de historia, geografia, mitologia, etnologia, arqueologia, e instituições da antiguidade greco-romana que podem elucidar o sentido do trecho analisado. A razão de ser, porém, da eruditio não é tanto aumentar a soma de conhecimentos quanto introduzir o aluno numa compreensão perfeita do autor. A preleção, na sua finalidade, é menos informativa do que formativa; não visa comunicar fatos, mas desenvolver e ativar o espírito. Com uma compreensão viva, o aluno vai exercitando, não tanto a memória, mas também e principalmente a imaginação, o juízo e a razão. Observa, analisa palavras, períodos, parágrafos; resume passagens; compara; critica; adquire hábitos de estudo; desenvolve o desejo de ulteriores investigações para formação do critério de uma apreciação pessoal. O alcance deste objetivo exige do professor uma preparação cuidadosa; “não fale sem ordem nem preparação, mas exponha o que escreveu refletidamente em casa e leia antes todo o livro ou discurso que em entre mãos”. J-27. Ao trabalho do professor, segue-se o do aluno. O método é essencialmente ativo. Não só durante a exposição do mestre os estudantes são freqüentemente interrogados e solicitados a uma colaboração continua, mas terminada a tarefa da explicação, começa e da composição. O fim da preleção não pe teórico, mas artístico; mira desenvolver arte da expressão. Imitatio est anima prelectiones 71. Estuda-se uma carta, uma descrição, um discurso para compor uma carta, uma 71
Numa instrução de 1622 lêem-se estas palavras: "Animadvertendum est, praelectionem quemque Ciceronis duabus debere constare partibus, interpretatione et observatione ad imitandum instituta; quarum illa est ut corpus, haec ut anima praelectionis". Pachtler, IV, 194. É o que já dissera Possevino: "Curandum ut auditores probe intelligant et quid dicatur ab oratore et quomodo dicatur, idque accomodate ad imitandum, qui Tullianae lectionis fructus est maximus". Bibliotheca Selecta, II, 507.
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descrição, um discurso. A preleção não se confunde com uma tradução, ou uma leitura, visa diretamente o estudo, a análise viva de um modelo. Depois de o haver contemplado e admirado, o aluno esforça-se por assimila-lo e reproduzi-lo. No silêncio de sua banca de estudos repetirá depois os processos vitais percorridos pelo autor e analisados na preleção. Focaliza e ordena idéias; escolhe e articula palavras, frases, períodos; dispõe os argumentos, numa tentativa fecunda de rivalizar com o modelo entrevisto. Imitação um tanto servil nos primeiros tempos, a composição ganhará em originalidade e cunho pessoal à medida que o aluno for enriquecendo o seu patrimônio de idéias e os seus recursos de expressão. Insistindo na importância deste fim prático, o Ratio oferece-lhe continuamente a oportunidade de assimilar melhor e realizar a síntese viva de tudo o que aprende: regras de gramática, normas de estilística, conhecimentos positivos. A lição de preceitos (a praecepta), a leitura do autor, a eruditio, convergem no trabalho pessoal da composição. Para o estudo da preleção e seu método nas diferentes classes, J-27-29; La-6,7,8,13,14,15; Lb-5,9; Lc-5,9: Ld-6,8,9; Le-6,8. Antes da preleção quase sempre recitava-se de cor um trecho latino em prosa ou verso. O Ratio preconiza o exercício quotidiano da memória, sem, porém, incorrer no defeito da memorização. Memoriza viciosamente quem substitui a memória à atividade da inteligência e da razão; quem decora a descrição de um aparelho em lugar de observa-lo e referir o que observou; quem recita um teorema de geometria em vez de expor-lhe a demonstração racional assimilada. Visavam os educadores do Ratio, antes de tudo, o exercício de uma faculdade, custos et thesaurus scientiarum 72, que a todo trabalhador intelectual presta serviços inestimáveis e, além disto, miravam ainda o enriquecimento do vocabulário e a formação estética do ouvido literário, que assim se habituava à harmonia dos períodos bem torneados. A recitação de cor dos grandes clássicos servia admiravelmente a este duplo objetivo. Ao lado da lição de cor, ao lado da preleção no seu duplo aspecto de explicação dos “preceitos” de gramática e retórica de comentário dos autores, indicam-se ainda para o tempo da aula outros exercícios escolares; colheitas de frases dos bons autores, versão e retroversão, ditado do tema da composição, redação de inscrições, epigramas, epitáfios, etc, correção de trabalhos, declamação de desafio. A variedade das ocupações suavizava o esforço e mantinha a atenção sempre alerta. No seu trabalho, o professor é eficientemente ajudado pelos alunos. A aula não se apresenta como uma multidão inorgânica de unidades desarticuladas a ouvir passivamente o mestre que discorria do alto da sua cátedra. Há em primeiro lugar os decuriões e censores. Estes auxiliam na conservação da ordem e da disciplina, aqueles corrigem os deveres e tomam as lições. Acima de uns e de outros, toda uma magistratura bem hierarquizada: senadores, tribunos, cônsules, imperator. Toda a aula divide-se em dois campos com as suas organizações político-militares paralelas. No preenchimento destes cargos, nenhuma proteção ou intriga. Só o mérito apurado em trabalhos escolares rigorosamente examinados, compositiones pro imperio, decide, cada mês ou cada dois meses, da nova promulgação de postos. Dentro de cada campo, os desafios freqüentes permitem a promulgação gradual dos mais valentes. Desenvolvia-se assim nesta magistratura juvenil o senso da responsabilidade, a solidariedade de corpo, a consciência da autoridade e a disciplina da obediência, o respeito da legalidade e ao mesmo tempo plasma-se a aula nos moldes de um organismo social bem estruturado. É fácil avaliar o ardor e o entusiasmo para o estudo que despertavam, sobretudo nas classes inferiores, estes torneios escolares e as distinções públicas que lhes consagravam os triunfos. Passamos assim insensivelmente dos processos didáticos aos estímulos pedagógicos empregados para incentivar a atividade do aluno. Os jesuítas não eram amigos dos castigos corporais. Não os suprimiram de todo, mas alistaram-se decididamente entre os que mais contribuíram para 72
A. Fichet., Arcana Studiorum, L. II, c. XIII.
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suavizar a disciplina. É mister ter presentes os rigores antigos para avaliar o progresso realizado. Letra com sangue entra, puseram em anexim os nossos bons antigos. No dia solene da investidura, como símbolo de sua missão disciplinadora, recebia oficialmente o professor um chicote 73 e não o recebia em vão. Pierre Tempête, Principal do Colégio de Montaigu, mereceu a triste alcunha de Grand fouetteur dês enfants. Em 1520, a um amigo que o consultava a respeito da educação dos meninos aconselhava o Reitor da Universidade de Paris, Texier de Ravisi: “Quando caírem em falta, ou forem colhidos em mentira, quando tentarem sacudir o jugo, murmurarem ou formularem a mínima queixa, bater de rijo e não deixar de bater nem abrandar a correção até quebrar-lhes a arrogância e torna-los mais calmos que o azeite e menos resistentes que a polpa de melão” 74. Os excessos da pedagogia calvinista raiam pela crueza mais desumana. Por haver insultado a mãe, uma criança é condenada em 1563 a três dias de prisão, e a jejum a pão e água. Por haver batido nos pais, quatro anos depois da morte do reformador de Genebra, um menino foi decapitado. Em 1583 o regulamento de Neowhauser julga ainda necessário lembrar que: “o professor deve bater imediatamente no aluno que não sabe a lição... mas não se deve proceder como tirano, fustigar os meninos até o sangue, calca-los os pés, levanta-los pelas orelhas, bater-lhes no rosto com a mão ou o livro, mas puni-los com moderação e não ceder à paixões pessoais75”. A reação começou no século XVI. Erasmo, Montaigne, Rabelais aceraram os seus epigramas contra este regime de galé. Os jesuítas fizeram mais; acabaram com o orbilianismo organizando os seus colégios com uma disciplina forte a um tempo, e paterna. As Constituições já haviam enunciado o princípio: “na medida do possível a todos se trate com o espírito de brandura, de paz e da caridade” 76. O Ratio Studiorum conservou-se fiel e o aplicou com inteligência. A regra 40 do Professor das escolas inferiores prescreve-lhe que não seja precipitado no castigar, nem demasiado no inquirir, que não se abstenha de qualquer palavra ou ação injuriosa para o castigo, e a ninguém chame senão pelo nome ou cognome. J-40. Os castigos físicos só eram aplicados em casos mais graves quando não bastavam os meios suasórios. Ubi verba valente ibi verbera non dare. O trocadilho exprimia a norma e a pratica dos colégios da Companhia. Só se deveria recorrer à palmatória, dizia a regra do Prefeito de estudos, quando “não bastassem as boas palavras e exortações”. G-40. Ainda nestes casos mais raros o Ratio rodeava a aplicação do castigo de tais circunstâncias que lhe restringiam as possibilidades de abuso e conservavam a eficácia disciplinadora. Antes de tudo, o professor da Companhia nunca devia, com suas próprias mãos, tocar o aluno, nunquam ipse plectat. L-10. Era uma tradição que remontava e S. Inácio. Em 1552 escrevia o Santo Everardo Mercuriano: “não convém que os professores da Companhia castiguem senão com palavras” 77. Para
73
Schmidt, Geschchte der Pädagogik, t. III, p. 147: O velho Marcial chamava a palmatória, o estro do pedagogo, Ferulaeque tristes sceptra paedagogorum. 74 "S´ils tombent dans quelque faute, s´ils sont convaincus de mensonge, s´ils tentent de secouer le joug, s´ils murmurent ou se plaignent le moins du monde; frapper très fort et ne cesser de frapper, et n´adoucissez pas la correction, que leur arrogance ne soit amolie, qu´ils ne soient devenus plus calmes que l´huile et moins résistants que la chair du melon". Epistolae Joannis Ravisi Textoris, Rothomagi, 1597, Epist. XXIII. Sturm é mais moderado mas ainda assim pende para o rigor: quod severitate corrigi potest, indulgentia non debet negligi. Fournier, Les Status et Privilèges des Universités françaises, Paris, 1894, t. IV, p. 25. 75 Schmidt, Geschchte der Paedagogik, III, p. 146. 76 Constitutiones, P. IV, c. XVI, D. 77 "Perchè li mastri di quella [Compagnia] non è decente che habbiano a castigare con altro que le parole". Monumenta Ignatiana, XII, 311. "Si ben é necessario a loro [aos meninos] esse cosi correcti, non é decenti a noi il castigarli con le mane proprie". Epist. Ignat. IV, 601. Outras muitas citações no mesmo
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o integrato mister cumpria tomar um oficial de fora, o Corretor, homem sério e moderado, que administraria a punição de acordo com as instruções recebidas do Prefeito de Estudos 78. Os golpes não deviam normalmente passar de seis; nunca no rosto ou na cabeça. Tampouco se devia aplicar o castigo em lugar solitário, mas sempre na presença de, pelo menos, duas testemunhas. Era este o “gravissimum liberalis disciplinae supplicium”. Não se visava nem ferir nem humilhar o aluno (na sociedade do século XVI a férula não era nenhuma desonra” mas apenas causar-lhe uma pequena dor física, que, na primeira idade, é, para certos temperamentos, um meio disciplinar de eficácia incontestável, ut correctio pungat, non laceret vel nimium affligat 79. Os castigos físicos, porém, ficaram sempre em último recurso; a regra era apelar para os sentimentos mais nobres da honra e da dignidade; quod spe honoris as praemii metuque dedecoris magis quam verberibus consequetur. J-39. Resumem bem a atitude disciplinar dos jesuítas estas palavras de Schimberg: “Os Padres substituem os processos morais, racionais e científicos aos métodos de correção física, empregados pelos seus predecessores e formam a transição entre o começo do século XVI ainda bárbaro e o fim do século XVIII excessivo na sensibilidade” 80. Se, de fato, os métodos punitivos não eram tidos em grande estima, é porque os jesuítas acordavam da honra dos jovens alunos. A emulação constitui no seu sistema uma das forças psicológicas mais ativas e eficientes. Os meninos experimentavam-lhe a cada passo os estímulos poderosos. A aula era dividia em dois campos, romanos e cartaginenses, cada qual com o seu estandarte; em cada campo dispunham-se por ordem de merecimento os diferentes graus da hierarquia militar; todo aluno tinha no campo adverso um êmulo, rival ou oponente sempre pronto a advertir-lhe os erros e contar, corrigindo-os, uma vitória para sua bandeira. Emulação entre os dois partidos; emulação dentro de cada partido onde os postos de honra e de comando só eram conquistados e mantidos à custa de provas e merecimentos escolares. Não raro ainda emulação e luta mais solene entre uma aula toda e imediatamente superior. O desafio concertatio freqüente mantinha assim oficiais e soldados num estado de alerta permanente. As regras do Ratio recomendavam-no em todas as escolas inferiores, ut honesta aemulatio, quae magnum ad studia incitamentum est, foveatur. J-31 : era uma adaptação feliz da disputatio tão freqüentes nos grandes torneios filosóficos e teológicos da Idade Média. J-31, 34; La-12; Lb-7; Lc-10; Le-9.
sentido ver J. M. Alcardo, Comentario a las Constitutiones de la Compañia de Jesus, Madrid, 1922, III, 196-199. Mais tarde os Padres das Províncias alemãs pedem dispensa desta proibição. Os jovens alemães não gostam de ser punidos pelo Corretor, mas pelos próprios professores da Companhia, aos quais, segundo o costume, depois de receber o castigo, apertavam a mão num gesto cavalheiro de agradecimento. 78 Nem sempre, como fora de esperar à primeira vista, sobre o pouco simpático corretor se acumulavam os ressentimentos dos alunos. A idade madura e a experiência da vida transformava às vezes em reconhecimento sincero o que a princípio era apenas uma reação compreensível de irritação infantil. Conta-nos o P. FRanco que um tal Sebastião Sequeira, corretor durante 40 anos, no Colégio de Bragança, que, no dia de seu falecimento, a 12 de Março de 1694, quiseram os nobres da cidade levá-lo à sepultura sobre os próprios ombros em testemunho de gratidão pelos castigos de outrora recebidos. Synopsis Annalium Societatis em Lusitania, Augustae Vindelicorum 1726, p. anno 1694. 79
Pachtler, I, 160, 207, 279 - "Há temperamentos, escrervia o P. Bonifácio, que só se deixam levar pela dor corporal". E o Chronicon, apleando para uma experiência de vários anos, escreve em 1556: "experinetia docebat, sine punitione non posse illos in officio contineri nec in litteris et bonis moribus ut par est, proficere". Cfr. Herman, La pédagogie des jesuites au XVI siècle, p. 116. 80 A. Schimberg, L´éducation morale dans les Collèges de la Compagnie de Jésus en France, Paris, 1913, p. 482.
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Os prêmios eram outro incentivo poderoso à emulação fecunda. Não os inventaram os jesuítas; mas à sua distribuição deram tal realce e esplendor que a elevaram à altura de um dos atos mais importantes e ansiosamente desejados da vida escolar. Sob a presidência de altas autoridades eclesiásticas e civis, na presença das famílias, galardoavam-se, em solenidades de raro brilho, os resultados finais dos esforços do ano. O Ratio traça normas minuciosas relativas aos prêmios, ao seu número, à realização e julgamento dos concursos para apurar os merecimentos, à sua distribuição solene. B-14; G-35; I-1-13. Aviventadas ainda pela mais nobre emulação, floresciam nos colégios as Academias. Nelas reunia-se o escol dos estudantes, os que por talento, aplicação e piedade podiam servir a todos de espelho e colher destes trabalhos voluntários os frutos mais copiosos. Sob a orientação de um Padre, nomeado pelo Reitor, organizavam-se democraticamente. Presidente, conselheiros, secretário eram eleitos pelos próprios membros da Academia, ao menos duas vezes por ano, em escrutínio secreto. As Academias incentivavam a atividade espontânea dos alunos, despertavam o gosto da investigação científica e abriam um campo de largos horizontes abertos aos entusiasmos generosos que se não contestavam com as obrigações ordinárias das aulas. Nestes grêmios literários e científicos podemos saudar com razão os precursores dos seminários de história e filologia das universidades modernas. As suas reuniões eram freqüentes, mas nas grandes festividades do ano, as sessões revestiam-se de maior aparato: afluíam convidados de fora e as disputas, declamações e discursos desenrolavam-se num ambiente que coroava esforços e estimulava brios. Qa-1-12; QB-1-15; Oc-1-11; Od-1-4; Qc-1-7; Qf-1-8. Os resultados obtidos com este poderoso estímulo da honra foram mais remuneradores. Sabem todos os psicólogos e pedagogos quanto atuam mais eficazmente no ânimo dos jovens as dignidades e distinções escolares, presentes, do que as utilidades futuras dos conhecimentos adquiridos. Apelando para a tendência natural à excelência e à glória, o professor lança mão de "um motivo mais nobre do que o medo ao castigo, capaz, quando muito, de sacudir a preguiça, não, porém, de acender o entusiasmo." 81. Neste estímulo via Locke “o grande segredo da educação” e Lessing “o motivo que leva a alma humana a esforçar-se continuamente para chegar, com o trabalho da reflexão pessoal, à verdade” 82. A ação estimulante deste sentimento humano não se limita à primeira idade. As vitórias de Alexandre acendiam os brios de César. Racine aperfeiçoava o seu gênio ombreando com o grande Corneille. Victor Hugo, jovem, escrevia à margem de seus cadernos: quero ser um Chateaubriand. Os próprios santos nele encontravam acicates que os aguilhoavam à maior generosidade no serviço de Deus. Cur non poteris quod isti et istae, dizia a si mesmo Agostinho para arrancar à conta de hesitante o sim decisivo da conversão total. A leitura da Vida dos Santos acorda em Inácio de Loiola as resoluções magnânimas que o levaram aos cimos do heroísmo. A S. Teresa, se afigurava que “morreria de ciúme se soubesse que alguém, mais do que ela, pudesse amar a Deus”. Schimberg aponta ainda nos processos empregados pelos Padres “conseqüências de um alcance social considerável”. Na nobreza, que antes só se preocupava com os prazeres da guerra e do amor, conseguiram despertar o fervor e o entusiasmo pela cultura intelectual e pela glória das letras. Os homens da espada pleitearam na Academia Francesa, fundada pouco depois, a honra de se sentar ao lado dos homens da pena. Na burguesia inculcou a consciência da própria força e revelou o segredo da vitória. Às distinções sociais baseadas unicamente em privilégios do nascimento, a classificação do colégio substituía uma nova hierarquia, filha do merecimento, do trabalho e do valor pessoal. Aos filhos de algo para sacudir a indolência apontavam-se como modelos jovens de berço obscuro, mas amigos do trabalho e 81 82
O. Willmann, Didaktik als Bildungslehre, 58 Braunschweig, 1923, p. 309. Locke, Some Thoughts on Education, § 56 e sgs.; Lessing, Literaturbriefe, 11.
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do estudo. O duque de Bourbon, neto do grande Conde, sentia-se aguilhoado ao cumprimento dos seus deveres de estudante com o exemplo dum filho de hoteleiro. Descartes, aluno do colégio de la Flèche, prestará mais tarde homenagem a esta “invention extrêmement bonne”, a esta “égalité que lês jesuites mattent entre eux”, isto é, entre os jovens que todos os cantos da França afluíam aos seus colégios 83. Naturalmente, o emprego da emulação foi severamente censurado do jesuítas. Consideraram-no os jansenistas com sua visão pessimista da natureza humana essencialmente corrompida. Tudo o que pudesse afirma-la ou desenvolvela deveria ser reprimido. Mas Port-Royal não tinha razão. O próprio Pascal confessava que nos colégios que não lançavam mão desse estímulo, esmoreciam os estudos, e Campayré, que o cita, ao menos uma vez, e ainda a contragosto, dá razão aos antipatizados jesuítas: “neste ponto, mas só nesse, lhes foram inferiores os jansenistas” 84. Condenaram-no ainda alguns filósofos de sobrecenho franzido que, navegando na esteira de Kant com o seu absolutismo moral, julgavam que o desejo do prêmio desvirtuava o ato bom. Exagero puritano. A glória é um bem; desprende-se naturalmente da virtude como o perfume da flor. Querer ordenadamente a gloria é querer o bem que a condiciona. Que outros ainda reconheçam, aprovem e louvem o bem feito, porque não o podemos desejar se para isso há um motivo razoável? Se neste louvor Deus pode ser glorificado pelos homens 85, se os nossos irmãos podem ser incitados à pratica da virtude, se quem pratica o bem, pelos outros reconhecido aplaudido, encontra nesse testemunho alheio uma força para preservar e progredir? A glória e o prêmio são uma sanção social do bem praticado, uma ressonância exterior da voz íntima da consciência que aprova, conforta e consola. Na justa emulação, a boa moral recomenda que não se queira sobrepujar, no rival, o homem, mas o bem por ele praticado e assim se realiza um bem maior. Imoral fora aspirar à gloria como fim supremo, deseja-la sem a merecer; procura-la por meios condenáveis ou com paixão imoderada. Não sendo em si um bem absoluto necessário a perfeição do homem, pode, porém ser apetecida, ordenadamente, como meio de conseguir grandes bens. Assim, o equilibrado S. Tomás já havia resolvido com acerto e bom senso o problema em que se emaranhou o complicado Kant 86. Sublinharam ainda alguns pedagogos, sobretudo da escola de Herbart, os inconvenientes a que pode dar origem uma emulação mal dirigida. Insistir só na concorrência, observam eles, é substituir uma razão extrínseca de aplicação a uma motivação interior tirada da própria natureza e do próprio interesse da matéria estudada, é abrir margem ao desenvolvimento de paixões mesquinhas, vaidade, vingança, ambição imoderada, inveja e satisfação desregrada de humilhar um adversário. Não nos conservam as crônicas da Universidade de Paris a memória pouco edificante de torneios literários que acabaram em cenas de pugilato? 87 Assim é ou assim pode ser. Prova de eu de tudo ainda dos mais nobres sentimentos se pode abusar. Prova ainda de que a emulação não deve ser empregada indiscriminadamente, sem os contrapesos de uma sólida formação 83
A. Schimberg, L´education morale, Paris, 1913, p. 339-341. "Par là, mais par là seulement, les jansénistes sont inférieurs aux jésuites". G. Compayré, Histoire critique des doctrines de l´education, Paris, 1881, t. I, p. 271. O texto de Pascal citado pouco antes é estes "Les enfants de Port-Royal, auxquels on ne donne point cet aiguillon d´envie et de gloire, tombent dans la nonchlance". Pensées, edit. Havet, 1866, t. II, p. 164. 85 "Sic luceat lux vestra coram hominibus ut videant opera vestra bona et glorificent Patrem vestrum qui in coelis est" S. Mateus, V. 16. Cf. S. Tomás, Summa Theologica, 22ae q. 132, a1. in corp. e ad 3. 86 São conhecidas as acrobacias do autor da Crítica da razão prática para conciliar as exigências da justiça e do bom senso com as conseqüências do seu sistema. De um lado a união definitiva entre a virtude e a felicidade parece impor-se ao espírito com tal evidência que nela se baseia para formular, como postulado da razão prática, a necessidade da existência de Deus. De outro, porém, a seu ver, o justo que pratica a justiça, olhos fitos nesta fidelidade, cessa ipso facto de ser justo! 87 Crévier, Histoire de l´Université de Paris depuis son origine jusqu´em l´année 1600, Paris, 1761, VI, 14. 84
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moral. Bem os sabiam os jesuítas, conhecedores do coração humano, e ao estimular os brios dos alunos sublinhavam a importância de conte-los nos limites da mais exigente moralidade. Nas Constituições fala-nos Inácio da “emulação santa” 88 . Numa das mais antigas normas escolares do ano de 1560, adverte-se o dever de extirpar decididamente a filáucia e a vanglória 89. Em fim no Ratio definitivo, a regra 31 do professor de ginásio recomenda-lhe que acorde nos seus alunos a “emulação nobre”, honesta aemulatio foveatur. E que isto seja possível demonstra-nos as lições decisivas da experiência. Porque a vida é uma concorrência contínua. Desde os prêmios científicos a louros literários até as taças de campeonatos desportivos, desde as condecorações militares até as medalhas das exposições industriais ou agrícolas, todas as atividades do homem que vive em sociedade sentem-lhe o aguilhão poderoso, impulsionador das iniciativas fecundas e de invenções benfazejas. Marmontel deixou-nos nas suas Memórias este retrato de um dos seus êmulos: “jovem raro no qual todas as qualidades de inteligência e de alma conspiravam para torna-lo perfeito”.E em seguida confessa de si: “Analisando quanto me é possível o que se passava no meu espírito posso afirmar com verdade que neste sentimento de emulação nunca se infiltrou a malignidade da inveja. Não me afligia que no mundo existisse um Amalvy; pedia a Deus que houvesse dois e eu fosse o segundo” 90. Dupanloup, um dos grandes educadores do século XIX, deixou-nos nesta página o resumo de uma longa experiência de magistério: “No Seminário Menor de Paris vi o condiscípulo e a emulação prepararem naquela juventude numerosa todos os ramos dos estudos mais fortes e das virtudes mais sólidas e amáveis. Vi meninos cujos nomes e cuja lembrança me serão sempre caros ao coração, vi-os exclamarem: não tenho inimigos, tenho rivais eu amo! Era esta a divisa dos seus combates de emulação. Vi êmulos que eram amigos delicados, que se combatiam, venciam e felicitavam por turno. Com prazer se admiravam, queriam, louvavam e aplaudiam mutuamente. Uns não podiam viver sem outros. Nesta juventude havia emulação nobre e pura, não inveja baixa e odienta”91. As porfias escolares transformaram-se, em mãos de educadores hábeis, na melhor palestra, no melhor tirocínio das nobres qualidades do caráter que amanhã se empenhará no fundo nas duras concorrências da vida. Não obstante, o sobrecenho de certos filósofos, que não se reconciliam com a realidade, a emulação foi, é e será sempre um dos estímulos mais ativos ao aperfeiçoamento e progresso do homem. Os jesuítas o compreenderam e, com rara felicidade, o aplicaram à educação da juventude. Teatro. A educação dos jesuítas era integral. Ao lado da instrução que desenvolvia e opulentava a inteligência, a formação das outras aptidões e 88
“Para que mas se ayudem los Studiantes, seria bien poner algunos iguales, que com santa emulacion se inciten”, Constitutiones, Part. IV, c. VI, 13K. 89 “Unde philautiam et inanis gloriae cupiditatem a se modis omnibus extirpare nitentur”. Pachtler, I, 169. 90 “Rare jeune homme, que toutes les qualités de l´esprit et de l´âme semblaient s´être accordées pour rendre accompli... En démelant autant qu´il m´est possible ce qui se passait dans mon âme, je puis dire avec vérité que dans se sentiment d´émumlation ne se glissa jamais le malin vouloir de l´envie. Je ne máffligeais pas qu´il y eût au mando un Amalvy, mais j´aurais demandé au ciel qu´il y eût deux et que je fusse le second". Marmontel, Mémoires, I, 21 e sgs. 91 "Au Petit Séminaire de Paris, j´ai vu le condisciple et l´émulation préparer et acomplir des miracles de zèle et de travail, et faire fleurir, parmi cette nombreuse jeunesse, toutes les branches des plus fortes études, em même temps que les plus solides et les plus aimables vertus. J´ai vu là des enfants, dont les noms et le souvenir seront éternellement chers à mon coeur, je les ai vu s´écrier: Je n´ai point d´ennemis, j´ai des rivaux que j´aime! C´était la devise de leurs combats d´émulation. J´ai vu là des émules s´aimer tendrement, se combattre, se vaincre et se féliciter tour à tour; je les ai vus s´admirer, se chérir, se louer, s´applaudir mutuellement avec bonheur, ne pouvir se passer les uns des autres: c´est qu´il y avait, chez cette généreuse jeunesse, la noble et pure émulation du bien, non la basse et odieuse envie". Dupanloup, De l´education. Paris, 1861, t. II 1. V, c. 1, p. 559.
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faculdades que aparelhavam o homem para a vida. O trabalho das aulas completavam-se naturalmente com outras atividades que hoje denominaríamos periescolares. Entre estas o teatro ocupava um lugar de relevo. Todos sabem que papel importante desempenhavam na Renascença as representações escolares. Os alunos não tardaram a infiltrar-se. As liberdades das cenas, tímidas a princípio, evolveram rapidamente até a licenciosidade mais escandalosa. “Nestes dias de dissipação, escreve Crévier, historiador da Universidade de Paris, os colégios e as pedagogias transformavam-se em lugares tumultos, de violência e desordem” 91a. Dorpius, em 1508, confiava a alunos de humanidades de Lovaina a representação de Aululário de Plauto. Plauto e Terêncio eram ainda os autores escolhidos por Sturm. Em 1462 e em 1488, a Faculdade das Artes de Paris tomava medidas enérgicas contra os excessos das cenas. Mas, ao que parece, debalde. O mal se agravou a ponto de provocar, em 1516, um ato do parlamento proibindo nos colégios as representações licenciosas. Os abusos correntes não levaram, porém, os jesuítas a abrir mão de um instrumento educativo de primeiro valor. O teatro escolar foi regulamentado severamente, mas introduzido no Ratio. B-13. As suas vantagens formativas já as enumerou Bacon, num trecho em que, precisamente, se refere, com encômios, à pedagogia dos jesuítas. As declamações teatrais, diz o autor do Novum Organon, “fortalecem a memória, educam a voz, apuram a dicção, aprimoram os gestos e as atitudes, inspiram a confiança e o domínio de si, habituam os jovens a enfrentar o olhar das assembléias”. 92 Ao lados destas incontestáveis vantagens, a além da própria finalidade recreativa inerente ao teatro, visavam também os padres a formação cívica, moral e religiosa da juventude. O assunto era muitas vezes tirado da Escritura 93. A história eclesiástica e a hagiografia oferecem novas fontes de inspiração 94. Por último, os fatos da antiguidade clássica e os anais da vida nacional contribuíram também com os seus rasgos de heroísmo 95 . No século XVI, as composições 91a
Ap. Schimberg, L´éducation morale, p. 369.
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"Ejus rei ponemus exemplum memorabile; quod eo magis adducimus, quia Jesuitae eandem disciplina non videntur aspernari, sanoo (ut nobis videtur) judicio... Intelligimus autem actionem theatralem. Quippe quae memoriam roborat; vocis et pronunciationis tonum atque efficaciam temperat; vultum et gestum ad decorum compponit, fiduciam non parvam conciliat, denique oculis hominum juvenes assuefacit". Bacon, De dignitate et augmentis scientiarum, 1. VI, c. 4; Opera omnia, Londini, 1730, t. I, p. 193. 93 O primeiro drama que se representou em Portugal, em 1556, no Pátio do Colégio de S. Antão de Lisboa, inspirou-se no tema evangélico do Prófilo, ou, como era intitulado em grego, Aulastus. Agradou tanto que, escreve uma testemunha de vista, "pediam todos se repetissem com freqüência representações desse gênero, sobretudo os estudantes, que nessa espécie de entretenimentos se deleitavam sobremaneira e se entusiasmavam quanto se pode dizer". Carta do P. Francisco Varea. Mon. Hist. S.J. Litterae quadrimestrae, Iv, 456. Jônatas, David, Salomão, Absalão, Abimelech, José, Benjamim, Isaac, Eleazer, Faraó, Suzana, Moisés figuram entre os dramas sagrados inspirados na Bíblia e representados nos Colégios de França. 94 O martírio de Santa Catarina, de S. Prócópio, de S. Agapito, de S. Andrônico, de S. Máximo, entre os antigos mártires; entre os santos modernos, Joana D´arc, Tomás More, João Fisher, Inácio de Loiola, Francisco Xavier, Luiz de Gonzaga, Estanislau Kostka inspiraram o tema de muitas representações. 95 Entre os temas clássicos são explorados Rômulo e Rêmulo, Régulo, Bruto, Anibal, Sesostris, a morte de Sócrates, a morte de Cícero, Temístocles, Catilina, Astyanax, Alexandre Magno, etc. etc. A história , moderna de cada nação é também utilizada com proveito para a educação cívica dos jovens estudantes. Nos palcos franceses aparecem Clovis, Carlos Magno, S. Luiz, Joana D´arc. Em Tournai, representava-se em 1600 "a antiga liberdade dos Belgas, restabelecida por Alberto e Isabel"; em Namur em 1642 "o Leão belga perseguido pelos seus inimigos e socorrido pelas armas de... D. Francisco de Melo... governador dos Paises Baixos". Sobre o teatro dos jesuítas no Brasil, ver Serafim Leite, História da Companhia de Jesus no Brasil, t. II, 599-613; t. IV, 291-301. Sobre a História do teatro escolar nos colégios da Companhia, o seu
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representadas eram todas em latim, pouco a pouco, as línguas vivas entraram a substitui-lo até suplanta-lo de todo 96. O teatro escolar revestia as formas mais variadas, desde os simples diálogos, até as tragédias de grande estilo, passando pela comédia e entremezes, pelo drama litúrgico, pelos autos e representações de mistérios 97. Em tidas elas inculcava-se a virtude e enalteciam-se as ações nobres e viris em prol das grandes causas. Realizavam-se estas representações, não raro com pompa vistosa e magnificência de indumentária, colgaduras, adornos e aparato cênico nas principais festas escolares, nas suas visitas de personagens ilustres, eclesiásticas ou civis, e na comemoração dos grandes acontecimentos da vida nacional. “Os jesuítas, diz Schimberg, são os primeiros a dar ao seu teatro uma grande importância pedagógica. Não cuidemos que as representações teatrais eram para eles , um divertimento, uma distração, um passatempo intelectual. De modo nenhum; os esforços que nelas se dependiam não estariam em proporção com um fim tão pouco elevado. Do teatro fizeram os Padres uma verdadeira instituição; a cena continua a aula e a capela... o verdadeiro, o belo e o bem era o que eles propunham fazer amar, misturando, já se vê, o útil com o agradável. Mas, o ultimo fito deles deve ser sempre a formação do coração e da vontade 98. Religião. A alma, porém, de toda a educação nos colégios da Companhia era a formação religiosa. O homem não é só um animal cujo organismo se deve desenvolver sadiamente, nem ainda só uma inteligência quer importa mobiliar de conhecimentos úteis, é antes de tudo e essencialmente uma pessoa, com os seus destinos religiosos, naturais e sobrenaturais, em cuja realização plena se resume a sua suprema razão de ser. Uma educação que descurasse esse aspecto fundamental não seria uma educação humana. A formação religiosa, quer o Ratio seja ministrada como conhecimento que se transmite e mais como vida que se vive. A concentração didática, como regra geral, cifra-se no ensino da doutrina crista, uma vez por semana e numa exortação moral, também semanalmente às sextas ou aos sábados. J-4; 5; Lb-2; Lc-2; Ld-2; Le-2. A atmosfera, porém, que respiram os alunos, impregna-se toda de uma vida religiosa sincera e profunda. A missa, a prática dos sacramentos, a oração quotidiana integram espontaneamente as atividades colegiais. Nos colóquios particulares, na explicação dos autores, na escolha das leituras, os mestres não devem perder o ensejo de inculcar o amor da virtude e orientar as almas para Deus. As congregações marianas, reunindo em seu grêmio o escol dos alunos aplicados e piedosos, atuam como um fermento de preservação moral e um estímulo à pureza dos costumes e ao fortalecimento do caráter cristão. J-5–10. Destarte, o Ratio Studiorum, num plano bem estruturado e harmonioso, faz convergir toda a vida escolar do colégio – administração, currículo, metodologia, distrações – para um fim único: a educação integral do aluno. VALOR PERMANENTE DO “RATIO”.
valor artístico, a sua influência literária etc., haveria muito que dizer, mas sairíamos assim, dos limites que nos traçamos, restritos ao simples estudos do Ratio, na sua estrutura e no seu valor pedagógico. 96 À Província de Polônia respondia o Geral em 1582: "De dialogis etiam non repugnamus, quin exhibui possint lingua vernacula". À Província de Áustria em 1588: "Concessit P. Generalis intermedia vulgari lingua, ita tamem ut nullam habeant scurrilitatem aut levitatem indignam homine religioso". Outros documentos relativos às Províncias alemãs apud Duhr, Die Studienordnung, p. 137. Em 1600, a Província de Aquitânia é autorizada a apresentar em francês "os prólogos, epílogos e resumos dos dramas". E, 1585, Aquaviva concede ao Provincial do Brasil que os Diálogos se representem em vernáculo, mas as Tragédias e Comédias como "coisas mais escolásticas e graves" devem ser em Latim. Cfr. Serafim Leite, História da Companhia de Jesus no Brasil, II, 601. 97 Sobre os mistérios e dramas litúrgicos nos colégios dos jesuítas, ver Duhr, Die Studienordnung, p. 138 e sgs. 98 Schimberg, De l´éducation morale etc., p. 369.
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Todo código de educação espelha necessariamente a fisionomia em que nasceu. Educar não é formar um homem abstrato intemporal, é preparar o homem concreto para viver no cenário deste mundo. As mudanças profundas neste cenário, acentuando novas exigências e focalizando novos ideais, refletem-se nos métodos e nos programas destinados a preparar as gerações que sobem para as necessidades imperiosas da vida. Formulado na segunda metade do século XVI, o Ratio Studiorum traz indelével o cunho do Renascimento. Deixava-se certamente empolgar por um entusiasmo excessivo o nosso historiador Sacchini, quando via, no plano de estudos que a Companhia de Jesus estava elaborando, uma obra destinada a desafiar os séculos, in omnem parabatur aeternitatem 99. Ao lado, porém, de uma parte inevitavelmente caduca, um bom sistema educativo encerra, outrossim, elementos duradouros e definitivos. Convém não romper o equilíbrio entre o mudável e o permanente. A natureza humana, na sua estrutura e nas suas faculdades, como nas suas finalidades essenciais, permanece a mesma através dos tempos. A preocupação exagerada de ajustar os processos educativos aos acontecimentos contemporâneos sob o pretexto de melhor preparar os estudantes a resolver os problemas sociais do dia pode até ser contraproducente e descolar do essencial para o acessório o centro de gravidade do esforço educativo. Amanhã, talvez já não serão do dia os problemas com que se deverão defrontar quando houverem completado a sua educação. O presente para o qual se preparam quando jovens será um passado irrevogável quando houverem de agir como homens. Só o desenvolvimento harmoniosamente humano das qualidades de espírito e de caráter lhes dará uma preparação sólida para as responsabilidades da vida. Não batemos fé que as gerações educadas hoje nas escolas alemãs do nazismo ou nas russas terão que resolver dentro de vinte anos os problemas do nazismo ou do comunismo; mas temos certeza que dentro de vinte anos uma inteligência bem equilibrada, um senso critico apurado, a faculdade de raciocinar com acerto e exprimir com clareza as próprias idéias lhes será de inapreciáveis vantagens no desempenho de sua missão humana ante as exigências do futuro. Mais por ventura do que por qualquer outro código de ensino, oferece-nos o Ratio a probabilidade de encerrar, numerosos e bem formulados, estes princípios fundamentais de uma educação verdadeiramente humana. Para a sua elaboração contribuiu a sabedoria antiga, nas suas melhores e mais bem provadas aquisições, o cristianismo com o tesouro de suas verdades profundamente iluminadoras da nossa natureza, a Idade Média com a riqueza de suas experiências filosóficas, o Renascimentos com todas as suas preocupações de elegância e arte. Neste sentido, a lei orgânica dos estudos da Companhia prende-se a uma tradição amplamente humana. Os seus elementos, porém, acumulados pelo trabalho dos séculos, não se justapõem como peças heterogêneas de origens diversas, mas fundem-se na harmonia orgânica de uma nova síntese vital. O Ratio não saiu do esforço compilador de uma comissão de eruditos congregados no silencio de uma biblioteca; caldeou-se na fragua viva da experiência de meio século de centenas de colégios disseminados por toda a Europa. Dificilmente se encontrará na história de uma sistematização geral do ensino que repouse, no espaço e no tempo, sobre a base de uma experiência tão largamente humana. O êxito desta primeira prova continuado ainda, sem interrupção, por quase dois séculos de aplicação sincera dos mesmos princípios, é-nos ainda penhor de que realmente nos achamos em face de um sistema de educação que soube enfeixar, nas suas grandes linhas, os elementos essenciais de formação do homem.
99
"Nam ut res eran gravissima e in omnoem parabatur aeternitatem". Sacchini, Historia Societatis Jesu, V. p. 278. Maiss realista e prudente já S. Inácio advertira a conveniência da adaptá-lo à variedade de lugares, tempos e pessoas, "id dum taxat monendo, illa locis temporibus et personis accomodari oportere". Constitutiones, P. IV, c. XIII, 2A.
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Fora interessante e delicado empreender esse trabalho de joeira, e, deixando passar o caduco, recolher o que conserva um valor de vitalidade perene. Não nos abalançaremos, porém, a semelhante empresa em toda a sua amplitude. Quem se decidiria a percorrer um por um os diferentes processos didáticos indicados no Ratio, e apor-lhes no título o timbre de viável ou inviável em nossos dias? O que, porém, com esta preocupação do ultimo pormenor, fora temerário, passa a ser possível e instrutivo, se limitando aos grandes princípios que, expressos ou implícitos, informam como alma, toda arquitetura do sistema educativo. Tentemos desprender e colocar em mais viva luz algumas destas verdades fundamentais de uma pedagogia que não morre. IDEAL. A pedagogia da Companhia de Jesus é, antes de tudo, iluminada por um grande ideal. S. Inácio era o homem da glória de Deus. Esta expressão, que lhe volta inúmeras vezes à pena, constituía para o seu espírito não uma sonoridade vaziam, mas a mais rica das realidades vivas. Glória de Deus é a manifestação das perfeições e excelências divinas na realização perfeita dos planos da obra criadora e redentora. Levar o homem ao conhecimento e à consecução deste magnífico destino é, a um tempo, salvar o homem e glorificar a Deus. A grandeza e a universalidade deste fim supremo dominará e orientará necessariamente, do alto, toda e qualquer atividade educativa digna do homem. No preâmbulo da 4a.parte de Constituições, consagrada aos colégios, lembra-o ainda o fundador. “Como o fim da Companhia é levar as almas ao fim para o qual foram criadas; e como para atingi-lo, além do exemplo da vida, é necessária a doutrina e o modo de propô-la; uma vez que os candidatos houvessem lançado os fundamentos da abnegação de si mesmos e do progresso nas virtudes, deverá construir-se o edifício das letras e o modo de servir-se delas para melhor conhecer e servir a Deus criador e Senhor nosso. Para este fim, funda a Companhia colégios e também, às vezes, Universidades” 100. E este princípio volta com a freqüência de um leit-motiv na primeira das regras do Provincial, do Reitor e dos Professores. A realização plena da natureza humana elevada à ordem sobrenatural de acordo com os desígnios divinos – eis em toda a sua amplitude o ideal educativo eu norteia as atividades pedagógicas da Companhia. Pormenorizando e concretizandolhe a riqueza do conteúdo, Ledesma vê na existência das escolas o meio necessário: a) de subministrar ao homem a abundância de recursos para as exigências da vida; b) de contribuir para a sábia elaboração das leis da boa administração da cousa pública; c) de dar à própria natureza racional do homem todo o seu esplendor e perfeição; d) de assegurar melhor a defesa, o ensino e a difusão da religião; e) e assim, com maior facilidade e segurança, encaminhar os homens ao seu último destino 101. Como se vê, a finalidade da educação é encarada, com largueza de vistas, em todos os seus aspectos, individuais e sociais, intelectuais e religiosos. Nos nossos dias, nesta síntese admirável da filosofia católica da educação que é Enclítica Divini illius Magistri, dirá Pio XI: “a educação cristã compreende todo o âmbito da vida humana, sensível, espiritual, intelectual e moral, individual, domestica e social... para elevar, regular e aperfeiçoar segundo os exemplos e a doutrina de Cristo. Pelo que o verdadeiro cristão, fruto da educação cristã, é o 100
Constitutiones S.J. IV Pars, Proemium. "Scholae litterariae hominum generi, in republica vero christiana et Christi acclesia, maxime sunt necessariae, tum ad multas vitae hujus commoditates, tum ad rectam rerum publicarum gubernationem et leges, tum ad naturae ipsius rationalis ornatum ac splendorem et perfectionem, tum demum, quod maius est, ad Dei fidem et religionem docendam, defendendam et propagandam; et ut homines ad suum tandem finem ultimum commodius et facillius perducantur". Monumenta Paedagogica, p. 345. 101
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homem sobrenatural que pensa, julga e opera constante e coerentemente, segundo a reta razão iluminada pela luz sobrenatural dos exemplos e da doutrina de Cristo; ou, por outras palavras, é o verdadeiro e o perfeito homem de caráter” 102. Um ideal que se identifica com a própria finalidade suprema do homem confere a um sistema educativo não só a solidez da verdade, mas a um princípio unificador, uma hierarquia de valores, uma convergência de esforços, uma riqueza de estímulos, uma eficiência de ação sobre as profundezas da consciência, que, indispensáveis e insubstituíveis, lhe asseguram um resultado definitivo. Na prática, porém, da vida escolar, este objetivo geral deve concretizar-se em finalidades específicas que irão orientar, nas suas diferentes fases, o desenvolvimento humano. Assim, no plano do Ratio, enquanto os cursos universitários visam mais diferentemente a formação profissional, o secundário tem uma finalidade acentuadamente humanista. FORMAÇÃO HUMANISTA. Detenhamo-nos alguns instantes sobre este ponto que é importante e característico, e, examinado às pressas, pode prestar-se a interpretações menos justas. Quantas vezes não se ouve de críticos apressados: a educação da Renascença foi brilhante mais superficial; visava mais o esplendor da forma que a cultura da inteligência! O alvo a que mira a formação do Ratio – nisto em concordância incontestada com o ideal do século XVI – é a eloqüência latina: ad perfectam informat eloquentiam. Levar o aluno a exprimir-se de maneira irrepreensível na linguagem de Cícero é o termo a que se subordinam todas as séries sabiamente graduadas do currículo. A gramática visa a expressão clara e correta; as humanidades, a expressão bela e elegante, a retórica, a expressão enérgica e convincente. Esta finalidade imediata do curso secundário impunha-se como uma exigência histórica e como uma utilidade que não se discutia. Estudar o latim do século XVI era um corolário inevitável de toda e evolução da história dos séculos precedentes. Mas era também de vantagens tantas e tão manifestas que orçavam quase por uma necessidade imperiosa. O latim constituía o vínculo de unidade da civilização européia e também vínculo de transmissão de toda a cultura superior 103. Sentiamno os contemporâneos e o exprimiam como uma verdade consciente. Mas não era só nem principalmente este caráter utilitário que assegurava ao latim a sua posição dominante nos programas. No estudo das línguas clássicas viam os educadores do século XVI uma cultura. O conhecimento profundo dos gênios antigos oferecia-lhes a oportunidade de formar o homem, de transmitir um ideal de humanismo. Quam non sit homo qui literarum expers est! Exclamava Erasmo 104.Ouvimos há pouco um dos primeiros educadores jesuítas e que mais contribuíram para a elaboração do Ratio, saudar, no conhecimento das boas letras, “o esplendor, o ornamento, e a perfeição da natureza racional”. Outro contemporâneo de Ledesma, o grande humanista Perpiniani, via na razão e na palavra, intérprete da razão, as notas distintivas do homem: haec duo sunt quae nos homines reddunt” 105. No próprio vocábulo humanistas, humanidades, com que 102
Pio XI, na encíclica Divini illius magistri, in Acta Apostolicae Sedis, t. XXII (1930) p. 49 e seg. A expressão é de Justo Lipsio: "Vinculum gentium in Europa et thesaurus ac conditorium scientiarum". Opera, II, p. 115 - M.A. Mureto insistia sobre a necessidade para a aquisição da cultura: Pricipio igitur positium sit graecae latinaeque linguae cognitionem isntrumentum asse ad parandam doctrinae copiam, hoc quidem temporem plane necessarium. Id qui negant, aut quid verum sit non vident, aut contendendi studio oppugnando eo quod verum est ostentare acumem ingenii volunt". Opera Omnia, Lugduni Batavorum, 1789, I, 336. Filosofia, história, astronomia, matemática, ciências naturais - tudo se escrevia e estudava em latim. 104 Erasmo, Opera, I, 489. 105 "Duo sunt in nobis numera divina utilitate magna, nobilitate prima, ipso genere praeclara, ratio et quasi nuntis quidam rationis et interpres, sermo. Haec duo, sunt quae nos homines reddunt". Perpiniani, Opera, I, 76. A perfeição da cultura, dirá outro humanista com um trocadilho interessante, consiste no 103
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se denominava o curso secundário, buscava-se uma confirmação etimológica da convicção comum. O nome de humanidades, dizia Pontanus, foi dado a estes estudos porque transformam os que a eles se dedicam em “homens educados, afáveis, lhanos, acessíveis e tratáveis” 106. “Chamam-se humanidades estes estudos, escrevia por seu turno Possevino, que nos tornem, pois, mais homens” 107. Tornar mais homem: eis o alvo em que mirava todo o trabalho educativo. A utilidade instrumental do latim era um subproduto do currículo; a formação do homem pelo desenvolvimento harmonioso de suas faculdades, o seu objetivo primordial. Para atingi-lo, a linguagem constitui o instrumento mais adequado e eficiente. Só pela palavra pode o autor atingir o espírito do aluno; só pela palavra pode o educador manifestar o próprio espírito. Uma faculdade revela-se na ação, que lhe é própria e que, por isso, se pode chamar a sua expressão. A linguagem é a expressão do espírito, e, portanto, com a prova de sua existência, a medida do seu desenvolvimento. Mais. Quem se exprime, exercita a sua atividade mental, imagina, pensa, julga, raciocina, concatena idéias. Através da expressão pode, portanto, o professor, exercitar a atividade interior do estudante e medir-lhe e orientar-lhe o progresso. A linguagem é, pois, o instrumento natural da formação humana. Os grandes clássicos de Roma e Grécia são, por unânime consenso, os maiores artistas da palavra. Por estes jovens em contato com as suas obrasprimas, proporcionou-lhes, além de inúmeras outras vantagens, a influência educativa dos mestres mais autorizados. Não basta ensinar os clássicos para dar uma formação humanista. Não é a presença do latim, quinhoado num currículo com maior ou menor número de aulas, que lhe dá jus a essa denominação. Há modo e modo de ensinar uma língua clássica. Poderíamos descrimina-los chamando-os de modo científico e de modo artístico. O primeiro predomina no ensino universitário, o segundo deve caracterizar o curso humanista de formação secundária. A ciência é analítica; examina um texto, disseca-lhe as palavras, investiga-lhes a etimologia. A arte é sintética, orgânica e vital; na presença de uma obra prima de expressão não começa por estende-la numa mesa anatômica para esquadrinhar-lhe as entranhas, cadaverizando-a; mas extasia-se na sua presença, admira-a, contempla-a como um todo, recebe, intacta e formativa, toada a irradiação de sua harmonia. A ciência é impessoal; interessam-lhe as coisas e os fatos na abstração fria e geral de sua objetividade. Ante uma pagina celebre da antiguidade, o cientista põese a colecionar formas gramaticais raras e interessantes, a esmirar-lhe informações históricas e geográficas, mitológicas e heráldicas, e, organizada a sua colheita de verbetes, leva-os, satisfeito, como outros tantos fósseis, para o seu museu de antiguidades. A arte é pessoal; através da obra, o artista põe-se em contato com o seu autor, com o ideal que lhe fulgiu no espírito criador de beleza. A Ilíada e a Eneida, aos seus olhos, não são apenas, nem principalmente, um pretexto para escavações arqueológicas ou excursões de filologia comparada, são, antes de tudo, a expressão de uma alma humana, a realização de uma inspiração genial, a projeção movimentada através dum espírito privilegiado, de uma humanidade com todas as suas idéias e paixões, as suas grandezas e misérias. O homem de ciências estuda os autores para melhor conhecer a antiguidade; o homem de arte estuda a antiguidade para melhor interpretar e conhecer os autores. A ciência é, por natureza, teórica; a arte, essencialmente prática; uma visa conhecer, arquivar fatos, inferir leis. Outra aspira a realizar, produzir, criar beleza.
reto uso da razão e da palavra: ut more antiquorum ratione e oratione probe utamur". Richer, Obstetrix animorum, fol. 99. 106 "Et quoniam, qui istas de quibus sermo a nobis susceptus est, litteras studiose colunt, comes, faciles, tractabiles, jucundi et suaves evadunt, propterea ipsimet eruditiorii, ab effectu scilicet, hoc nomem impositum mihi videtur". Pontanus, Pro gymnasmata latina, I, 320. 107 Possevinus, De cultura ingeniorum, c. 4.
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O ensino de finalidade cientifica, na sua fase inicial de transmissão, apela muito para a memória; na sua fase superior de investigação e pesquisa, aguça as faculdades de analise e raciocínio. O ensino com objetivo artístico interessa ao homem todo e mobiliza-lhe todas as virtualidades criadoras. Na concepção do Ratio, o curso secundário deve ser essencialmente humanista, pendente mais para a arte do que para a ciência. Sua finalidade não é transformar os adolescentes em pequeninas enciclopédias que depois de alguns anos já precisam ser reeditadas. Todo o esforço do educador deve concentrar-se, nesta fase da vida, em desenvolver as capacidades naturais do jovem, em ensinarlhe a servir-se da imaginação, da inteligência e da razão para todos os misteres da vida. Os conhecimentos positivos de geografia ou de física poderão estar antiquados no cabo de poucos lustros; o raciocínio seguro, o critério na apreciação dos homens, a capacidade de expressão exata, bela e enérgica de uma alma harmoniosamente desenvolvida representam aquisições humanas de valor perene. PEDAGOGIA ATIVA. Das ultimas observações acima, se depreende outra característica fundamental da pedagogia inaciana: é uma pedagogia essencialmente ativa. Tudo no seu código de ensino concorre para por em relevo esta feição muito sua. A simples organização da aula já é significativa. Nada que se pareça a uma multidão atômica e amorfa de alunos em face de um livro morto ou de uma conferencia ouvida passivamente. A aula organiza-se como uma pequena sociedade, onde cada estudante tem sua função a desempenhar. Todo o grupo está dividido em dois campos; de um e de outro lado, uma hierarquia viva, bem constituída, sujeita e contínuas modificações impostas pelo merecimento pessoal. Como bem observa um pedagogo contemporâneo, bom conhecedor do Ratio, a aula é “antes de tudo uma sala de exercícios” 108. E os exercícios, de fato, sucedem-se múltiplos, variados, interessantes, a enquadrar e dar vida à lição 109. uma das grandes preocupações do professor deve ser a variedade que mantém a atenção sempre alerta e renova continuamente o interesse. Nada, adverte uma de suas regras, nada entorpece tanto a atividade e entusiasmo dos jovens como o fastio 110. Nesta aula, assim transformada em ambiente organizado, vivo e agradável, o mestre tem como missão, que lhe é muito particularmente recomendada, o apelar sempre para a atividade do jovem. “Ut excitetur do ingenium” é uma forma que ocorre varias vezes no Ratio. Aqui, adverte-se que nas sessões solenes, os discursos, poesias, etc. poderão ser retocados pelos professores, mas deverão ser compostos pelo aluno, que, neles, terão, assim, não só um trabalho da memória, senão também um exercício da inteligência ut ingenium excolatur. J-32. Mais adiante nas regras dos professores de humanidades lembra-se que, no segundo semestre, já melhor formados, os alunos se desembaracem de uma imitação servil do autor para se entregarem nos exercícios literários a uma composição mais livre e pessoal, excitetur ingenium – Lb-6. Outras vezes, inculca-se ao professor a eruditio, isto é, a transmissão de conhecimentos eruditos interessantes para recrear os ânimos mas também para estimular a atividade intelectual: erucitio modice usurpetur, ut ingenium excitet interdum ac recreet. Lb-1 111. 108
Bainvel, Causeries pédagogiques, p. 42. S. Inácio já acentuava a importância destes exercícios mais úteis talvez do que as próprias lições. "Ni solamente se leen las licciones, mas hácese a todos ajercitarse en composiciones disputas, y conferir entre si de varios modos; cosas que ayudam mas uizáa ue las lecciones". Cartas de S. Ignacio, Madrid, 1875, p. 557, nota. - O Ratio de 1586 encarece singularmente o valor formativo dos debates na formação filosófica e teológica. Ver Pachtler, II, 103. 110 "Nulla re magis adolescentium industri quam satietate languescit". Regra 24, das comuns, aos professores das classes inferiores. 111 No entanto Compayré escreve: "Dans le Ratio Studiorum nous n´avons pas trouvé un mot qui annoçât le désir d´éveiller la réflexion personelle et d´accroître l´intelligence". Histoire Critique des doctrines de l´education, Paris 1881, t. I, p. 254. - Evidentemente, a leitura foi feita com óculos 109
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Mais, porém, do que da organização cheia de vida da aula, mais do que a solicitude do professor de exercitar continuamente o aluno ao exercício de seus recursos, a atividade resulta, na pedagogia do Ratio, da própria natureza do ensino ministrado. Na formação de caráter humanista, já o vimos, sobre o aspecto cientifico predomina o artístico. Ora, a arte é um hábito, e, como todo hábito, adquire-se pela repetição dos atos. Para chegar à arte perfeita da expressão, o aluno deve estar em contínua atividade exprimir-se de viva voz ou por escrito. Não lhe é suficiente atender, entender e memorizar. O que bastaria talvez para assimilar uma soma de conhecimentos científicos não lhe asseguraria, de certo, o domínio da expressão literária. Por isso, o Ratio põe logo o aluno em contato com os modelos do bem dizer. Nada de sentenças artificiais, de frases feitas para elucidar preceitos gramaticais. Desde os primeiros dias, ele se encontra em face de uma literatura, viva e real. E a preleção, que constitui a espinha dorsal do sistema, é toda orientada para a prática. O estudo comentado de uma carta, ou de uma descrição, de um drama ou de um discurso é seguido, por parte do aluno, da composição de uma carta ou de uma descrição, de um drama ou de um discurso. Imitatio est anima pralectionis. A criação pessoal é o princípio que anima a preleção. Imitar não é copiar servilmente a outrem. Imitar é exprimir as próprias idéias e as próprias experiências rivalizando na arte da expressão com a obra prima do modelo. Depois de a contemplar sob a direção do mestre, analisando-lhe as minúcias e admirando-lhe as belezas, o aluno estimulado como que se dispõe a ombrear e medir-se com o mestre. E como a criação literária interessa o homem todo, - imaginação, inteligência, razão, sentimento, - tudo nele entra em exercício harmonioso e fecundo. “A atividade funcional domina toda a classe e todos os momentos da classe. A aula planejada pelo Ratio é uma aula de arte para a educação secundaria como uma aula de musica ou de dança em nossos dias” 112. Os dois princípios - educação humanista, educação ativa – até certo ponto solidários, constituem inegavelmente dois valores perenes da pedagogia inaciana. Frisou-o com felicidade, um dos últimos Gerais da Companhia de Jesus, o P. Martin, numa alocução dirigida em 1893 aos estudantes jesuítas em Exaaten, Holanda. Dela transcrevemos o trecho seguinte: “Julgam alguns que, outrora o seu valor, hoje já o não conserva. Julgar assim, denota, a meu ver, uma falta de compreensão do Ratio, que só leva em conta as disposições do seu currículo e não o seu espírito. É exato que hoje já não somos livres no que respeita aos cursos; o seu conteúdo é-nos prescrito. Somos, porém, ainda livres no que concerne ao espírito e ao método de nosso ensino. E isto, mais do que o currículo, caracteriza o Ratio. Em que consiste este caráter distintivo? Em alguns elementos próprios, dos quais apenas dois quero aqui lembrar: primeiro, que do estudante se deve exigir atividade; segundo, mais do que em aprender e armazenar fatos, se deve insistir na formação genuína das faculdades humanas. Não basta a simples aquisição de conhecimentos; nossa principal obrigação é desenvolver os talentos naturais. Ainda que o conhecimento seja em si proveitoso, a mais alta perfeição da tarefa educativa cifra-se em moldar e desenvolver o espírito. O valor integral, o fruto e o objeto dos estudos consistem em cultivar todas as faculdades que assim se formam para todas as fases da atividade e da vida” 113. O PROFESSOR.
esfumaçados por preconceitos antijesuíticos pouco conciliáveis com a isenção superior do espírito científico. Todas as apreciações de Compayré - infelizmente transcritas por numerosos autores pouco críticos e menos familiarizados com as fontes - devem ser submetidas a uma revisão à luz dos documentos originais e da sua interpretação histórica. 112 F.P. Donnely, S.J. Principles of Jesuit Education in Practice, New York, P. J. Kennedy and Sons, 1934, p. 11-12. 113 Em Woodstock Letters, t. XXII (1893), 105-107, cit. por A.P. Farrel, The jesuit code of liberal Education, p. 402.
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Outro fator de vital influência na Pedagogia do Ratio e essencial à eficiência de qualquer sistema educativo, é a importância decisiva por ele atribuída ao mestre. “Tudo depende do professor”, dizia o P. João Bonifácio, um dos grandes pedagogos jesuítas dos primeiros tempos e a sua frase resume o pensamento animador da lei orgânica do ensino dos jesuítas. Em nossos dias repetirá co acerto outro professor eminente da Companhia de Jesus: “Não esqueçamos, como muitas vezes se esquece, que nas tentativas intermináveis de reformas pedagógicas que, há trinta anos, sacodem o nosso ensino secundário, o principal, quando se trata de livros, de programas e de métodos, é ter bons professores” 114. A situação do mestre-escola no século XVI não era muito risonha. Por motivos econômicos ou por motivos morais, caíra em grande desprestígio. Sem chegar às caricaturas mordazes de Mantaigne ou de Rabelais, de Petrarca ou de Justo Lipsio, impossível não reconhecer que o professor estava muito abaixo da sua alta e nobre missão. A Companhia de Jesus, para reagir nobre e energicamente contra a ação deprimente do meio, consagrou à formação reabilitadora do mestre o melhor dos seus esforços. “Sob este respeito, escreve Schimberg, fez ela enorme progresso na educação e adiantou-se ao seu século” 115. Num conceito justo e integral da missão educadora, a formação do mestre deve ser também interia e completa, abraçando todos os aspectos da perfeição humana. Não é só pela sua inteligência culta e ilustrada, é pela sua personalidade toda que o educador modela no educando o homem perfeito de amanhã. A formação moral é a primeira preocupação da Companhia de Jesus. Ao entrar nas suas fileiras, o futuro formador das almas começa por dedicar dois anos inteiros exclusivamente à formação da alma própria. São anos benditos e fecundos em quer se adquire o conhecimento próprio, o governo das paixões, o domínio sobre as tendências impulsivas. A razão sobrepõe-se aos poucos à volubilidade dos caprichos. As virtudes cristas da caridade, da paciência, da renúncia de si mesmo, da piedade sólida, transformam-se aos poucos em hábitos vivos, que pautam as ações dos futuros educadores. Além desta têmpera do caráter, a vida interior aguça a visão psicológica. Mais do que em qualquer tratado inanimado da psicologia, é no recolhimento habitual, na observação introspectiva dos próprios movimentos d´alma, na luta sincera, empenhada a fundo contra as paixões e a sua estratégia ardilosa, que se aprende a conhecer o homem, o seu coração, os meios de o dirigir e elevar para os nobres ideais. Ainda que muito pertinente é a observação de Schimberg: “A prática da vida interior contribui para dar aos que dela se alimenta, com o hábito do recolhimento e do senhorio de si mesmo, um conhecimento profundo do coração humano... um educador é necessariamente um psicólogo. Como trabalhar na alma da criança, se não lhe se conhecem as energias, os defeitos e os recursos maravilhosos? Sob este respeito é a vida religiosa uma escola de primeira ordem, e S. Inácio, esforçando-se por reconduzi-la à pureza primitiva, prestou serviço à causa da educação” 116. Terminado o biênio unicamente consagrado ao aperfeiçoamento moral que continuará como tarefa indeclinável de toda a sua vida, o jovem jesuíta inicia a sua formação intelectual. Dois outros anos são ainda consagrados ao estudo mais profundo das letras clássicas, latim, grego, hebreu. No esboço do Ratio de 1586 aventou-se a idéia de encaminha-los então imediatamente ao magistério. Foram quase unânimes as reclamações das províncias contra esta medida. Uma sólida formação filosófica de, pelo menos, três anos, pareceu-lhes preparação indispensável ao exercício fecundo do ensino. A filosofia dava aos futuros mestres 114
J. Bainvel, S.J. Comment enseigner la théologie dans les grands séminaires, nos Études, t. CXVII (1908) p. 85. 115 Schimberg, L´education morale, p. 40. Já Ledesma exigia em quem ensina este cabedal de qualidades: "o professor deve ser homem de ciência e de virtude, prestigiado pela autoridade, pelo tino e pela experiência e de talento acima da mediania". Mon. paedag., 349. 116 Schimberg, Op. cit., p. 40-1.
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uma visão orgânica da vida, amadurecia-lhes o espírito, e, com mais três anos de estudo, também a experiência da vida. Foi o alvitre que prevaleceu na redação definitiva. A regra 28 do Provincial prescreve que, em princípio, os jovens religiosos não se aplicarão ao magistério senão terminado o curso de filosofia. Para o ensino superior, a preparação á ainda mais longa. Concluído o seu ,magistério, o jovem mestre volta aos bancos do discípulo; por quatro anos consagra-se todo ao estudo da teologia, e, a seguir, durante um biênio, especializase na disciplina que constituirá o objeto do seu ensino universitário. Destarte, só depois dos trinta anos, por via de regra, termina o professor jesuíta a sua formação intelectual. Não está ainda contente o Ratio. À cultura da inteligência julga indispensável acrescentar-se uma iniciação profissional ao estudo das disciplinas do currículo, uma formação pedagógica. A Regra 9 do Reitor prescreve que, no fim dos estudos de filosofia, antes de partirem para os colégios, os futuros mestres sejam confiados a um homem profundamente versado na experiência do ensino, docendi peritissimum, que os inicie na pratica viva do magistério, submetendo-os a exercícios de preleção, ditado, correção de trabalhos escolares e outros ofícios do bom professor. A Regra 30 do Provincial impõe-lhe particular diligencia e solicitude no cumprimento fiel dessa disposição. B-9; A-30. Neste ponto de iniciação profissional as exigências vão ainda mais longe. Já em 1563 a 2a. Congregação Geral, no seu Decreto 9 formulava o princípio de que em cada Província na medida do possível deveria se instituir ou fundar uma Academia ou Seminário pedagógico destinado à formação de bons professores 117. O Ratio de 1599 lembra oportunamente ao Provincial, na sua regra 22, que se esforce por ter sempre na sua Província, pelo menos, dois ou três homens insignes nas boas letras “ad magistrorum seminarium fovendum”; unicamente dedicados a este mister poderão conservar “a raça dos nos professores”, “quorum opera ac sedulitate bonorum professorum genus quoddam ac tanquam seges ali ac propagari possit”. A-22 118. Esta prescrição cristalizava na lei escrita uma prática que vinha de longe e com os melhores resultads: As Províncias do Reino inferior e superior já haviam estabelecido, desde 1581 e 1582, os seus seminários pedagógicos, respectivamente em Moltheim e Augsburgo 119. O P. Cipriano Soares organizou, desde 1569, um destes seminários no Colégio de Coimbra 120. Não é, pois, sem razão que, na sua História da Pedagogia, reconhece Ziegler aos jesuítas o merecimento de haverem ocupado, por primeiros, da formação pedagógica dos professores, preludiando assim o ano de exercícios práticos dos professores dos nossos dias 121. A iniciação do professor assim começada em institutos especiais continuava mais tarde com a leitura de obras especialmente compostas para esse fim elos mais abalizados autores da Ordem. Em 1625 Francisco Sacchini, grande humanista e celebre historiador, compunha em Roma o seu Protrepticon et Paraesiensis ad Magistros Scholorum Inferiorum. Protrepticon: valor, dignidade e vantagens da educação e instrução; Paraesiensis: deveres e meios de ação dos professores. Jouvency, outro historiógrafo de renome, compôs em 1692 um tratado De ratione discendi et docendi, que a 14a. Congregação Geral mandou fosse adaptado pelo autor de modo que as transformasse num como compendio oficial para todos os 117
Institutum Societatis Jesu, Congreg. II, Decreto 9. Antes da promulgação do Ratio, nas regras dos ofpicios comuns composta em 1577, já se advertia ao Provincial na sua regra 50 que, "a fim de que não faltassem bons professores de humanidades instituisse e conservasse o respectivo seminário, et ne in his [humaniorum litterarum studiis] professores idonei desint illorum seminaria et instituet et conservabit". Institutum S.J., Romae 1870, t. II, p. 84. 119 Indicação de outros seminários análogos nas Províncias da Europa pode ver-se em Duhr, Die studienordnung der Gesellsehaft Jesu, Frei.. B. 1896 p. 42. 120 Ver Francisco Rodrigues, A formação intelectual do jesuita, Porto, 1917, p. 100. 121 "Den Jesuiten gebührt das Verdienst erstmals etwas für die paedagogische Vorbildung künftiger Lehrer an höreren Schulen gethan, dem Probe = und Seminariahr unserer Tage praeludiert zu haben". Ziegler, Geschichte der Pädagogik, p. 111. Cit. por Schimberg, Op. cit., p. 40. 118
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professores de letras da Ordem. Em 1703 saiu a lume o novo trabalho em Florença e com o título ampliado: Magistri Scholarum Inferiorum S.J. de ratione discendi et docendi ex Decreto Congregationes Generalis XIV, Florentiae, 1703. O como aprender e como ensinar de Juvêncio pode considerar-se como um dos comentários mais autorizados do Ratio. Para a Província da Áustria, publiocu em 1735 o P. Francisco Wagner a sua Instructio privata seu typus cursus annui pro sex humanioribus classibus in usum magistrorum S.J. e, no seguinte, para a Província Germânica Superior, escrevia o P. Francisco Kropf: Ratio et via recte atque ordine procedendi in litteris humanioribus aetate tenerae tradendis, docentium et discentium commoditati atque utilitati conscripta a Sacerdote quondam e Soc. Jesu, 1736. Por aí se vê como a perfeita formação pedagógica do professor era uma das preocupações fundamentais da Ordem. Uma vez iniciado o magistério, o jovem professor se beneficiava imediatamente de todas as vantagens da sólida organização administrativa dos Colégios. O Reitor, o Prefeito de estudos, o Prefeito de disciplina, a estrutura geral da vida escolar emolduravam-no para logo um quadro de tradições pedagógicas bem definidas, que lhe transmitiam sábias experiências acumuladas e lhe poupavam erros e desvios de principiante abandonado à insegurança das próprias iniciativas. O próprio Ratio multiplica-lhe as advertências de uma psicologia fina, destinadas a assegurar-lhe o prestígio da autoridade e a eficiência da ação educativa. O professor consagre aos alunos um afeto paterno, mas sem familiaridades; trate a todos com bondade e justiça, não despreza a ninguém, nem faça distinção entre rico e pobre; não seja precipitado em castigar nem demasiado em inquirir; dissimule muitos defeitos, mas nem sequer lhe dirija palavra injuriosa, ou o chame senão pelo nome ou cognome. J-40, 47, 50. Onde for mister repreende-los, faça-o com moderação e de modo que o repreendido se convença de que, não a paixão, mas a necessidade e o amor lhe inspiram as palavras. Na furte o corpo a nenhum trabalho necessário ao progresso do aluno, nem procure o proveito próprio, mas o dele. Não imponha a sua autoridade exigindo uma obediência automática ao militar, mas que os alunos lhe queiram bem, tenham confiança e manifestem espontaneamente as suas dificuldades 122. Uma virtude ou disposição d´alma lhe é de modo muito particular inculcada: o bom humor e a jovialidade. Já no esboço de 1586 se afirmava que, de ânimo azedo, os professores não se podiam desempenhar as suas obrigações 123. E, por isto, a edição definitiva do Ratio impôs ao Reitor, como uma das obrigações do seu oficio, manter, entre os seus, o bom espírito, o entusiasmo, a alacridade 124. UM GRANDE IDEAL. Formação literária, cultura filosófica, iniciação pedagógica, nada descurou o Ratio para preparar professores à altura de sua missão. Não era, porém, ainda suficiente. Acima e além desta, longo tirocínio profissional cumpria infundir no professor a claridade e o calor de um grande ideal para elevar-lhe o magistério à grandeza de uma vocação. Toda a solicitude da Companhia de Jesus converge para este alvo. Aos olhos de seus filhos, o ensino transfigura-se num apostolado. A visão crista da vida, traduzida em luz e força por uma intensa vida interior, rasga-lhe 122
Pachtler, I, 159, 411-12. "Bonam debemus juventutis institutionem, de qua tamen non optime merentur, et vix nostrae abligationi respondent Praeceptores, quamdiu amaro sunt animo". Pachtler, II, 145. 124 "Studeat etiam diligenter caritate religiosa magistrorum fovere alacritatem, curetque ne muneribus domesticis gravidus onerentur". B-20. O Ratio de 1586 batia ainda mais forte na mesma tecla: "Rectoribus nihil antiquius, nihil optabilius esse debere, quam, ut salva religiosae pietatis disciplina, Praeceptorum conservent hilaritatem, et in ea posita esse praesidia omnia scholarum bene gerendarum existiment". Pachtler, II, 146. 123
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aqui perspectivas de beleza inefável. No aluno, o professor, o homem, criatura de Deus, que lhe foi cometido, como um depósito sagrado, para guia-lo à perfeição do seu destino. Para além dos seus progressos atuais, desdobra-se no futuro todas as conseqüências sociais de uma boa educação: o bem da família, a conservação do Estado, a própria salvação da humanidade 125. “A educação da puerícia é a renovação do mundo”, escreveu um dos grandes pedagogos da Ordem, João Bonifácio, puerilis institutio est renovatio mundi. 126. Raras vezes se acentuou tão gravemente a responsabilidade do professor; raras vezes se lhe acendeu n´alma o fogo sagrado da dedicação e do entusiasmo por um ideal mais nobre!
125 Comentando o Ratio, assim escrevia Jouvency: "O mestre cristão deve trazer muita vez à consideração a importância de seu cargo, as obrigações que lhe impõe o serviço de Deus, o cuidado dos alunos que lhe encomendaram, o bem do Estado e da cidade onde ensinam... Mestres, vós dais aos homens a cousa mais bela que lhes podeis dar, iluminais a inteligência e educais aos filhos de Deus. Homens, respeitai o homem e não desprezeis essa natureza que o Criador do mundo fez sua. Essas crianças têm dignidade de reis. Olhai nelas a Cristo que as resgatou pela Cruz". De ratione discendi et docendi, c. III, § III. 126 Uma regra mais antiga, anterior ao Ratio, prescrevia: "Ogni maestro farà quel conto dell´offitio che gli è commesso che far si deve di una cosa molto inportante et necessaria alla salute del mondo". Mon, paed. S.J., p. 626.
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ORGANIZAÇÃO E PLANO DE ESTUDOS DA COMPANHIA DE JESUS. REGRAS DO PROVINCIAL 1.
Objetivo dos estudos na Companhia. – Como um dos ministérios mais importantes da nossa Companhia é ensinar ao próximo todas as disciplinas convenientes ao nosso Instituto, de modo a levá-lo ao conhecimento e amor do Criador e Redentor nosso, tenha o Provincial como dever seu zelar com todo empenho para que aos nossos esforços tão multiformes no campo escolar corresponda plenamente o fruto que exige a graça da nossa vocação. 2. Prefeito geral dos estudos. – Para este fim, ao Reitor não só o recomende insistentemente no Senhor, mas lhe dê, como Prefeito de estudos ou Cancelário, um homem bem versado nas letras e nas ciências, qualificado pelo seu zelo e discrição para os desempenho das incumbências que lhe forem confiadas e cuja função será a de instrumento geral do Reitor na boa ordenação dos estudos. A ele, com a devida humildade, deverão obedecer aos professores e todos os escolásticos, tanto os que se acham no mesmo Colégio quanto os que porventura vivem em internatos ou seminários de alunos, e ainda os prefeitos de estudos nos seminários, em tudo quanto aos estudos se refere. 3. Prefeito de estudos inferiores e da disciplina. – No caso em que, pela extensão e variedade do trabalho escolar, não bastar um Prefeito para a direção de todas as aulas, poderá o Provincial nomear outro que, sob as ordens do Prefeito Geral, cuidará dos estudos inferiores; e ainda, se o exigirem as circunstâncias, um terceiro, incumbido da disciplina. 4. Seleção dos Professores. – Com grande antecedência proveja os professores de cada faculdade, observando os eu em cada disciplina parecem mais competentes, os mais eruditos, aplicados e assíduos, os mais zelosos pelo progresso dos alunos não só nas aulas senão também nos outros exercícios literários. 5. Sagrada Escritura e respectivo professor. – Com grande zelo promova o estudo de Sagrada Escritura; e o conseguirá, se para este ofício escolher homens não só conhecedores de línguas (o que é de primeira necessidade), mas ainda versados na teologia e nas demais ciências, na história e outros ramos do saber e, se possível, também eloqüentes. 6. Estudantes e tempo. – As lições de Sagrada Escritura assistirão os estudantes de teologia diariamente, em aulas de três quartos de hora, durante dois anos, isto é, ordinariamente, no segundo e terceiro ano do curso, onde forem dois os professores de teologia; onde houver três, as aulas poderão ser diárias e mais breves, ou, se parecer preferível, mais longas em dias alternados. 7. Dotes do professor de hebreu. – Onde não houver inconveniente, ensine a língua hebraica o professor da Sagrada Escritura, ou, ao menos, um teólogo; é para desejar que seja outrossim versado em línguas, não só no grego, por causa do Novo Testamento e da versão dos , mas no siro e no caldeu pelo muito que destas línguas se encontra nos livros canônicos. 8. Estudantes e estudos. – Da assistência a esta aula, por um ano, isto é, no segundo ou terceiro do curso, não sejam dispensados os estudantes de teologia, exceto os que para isto forem julgados de todo incapazes. Além disto, como advertem as Constituições, deverá escolher os escolásticos eu se dedicarão especialmente a este estudo; os escolhidos durante o biênio prescrito para a repetição da teologia, apliquem-se mais ao estudo do hebreu e mesmo durante o curso regular da teologia sejam assistidos, se possível, em academias privadas ao menos durante as férias. 9. Curso e professores de teologia. §1. Procure que se conclua o curso de teologia em quatro anos, de conformidade com as Constituições, e seja dado por dois anos, ou, se absolutamente não puder ser de outro modo, por três professores ordinários, de acordo com os diferentes costumes das províncias. Onde forem três professores, a terceira aula será de teologia moral e nela se expliquem, ex-professo e com solidez, as questões morais que pelos professores
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ordinários costumam ser omitidas ou tratadas com suma brevidade. A estas aulas assistam os nossos, ao menos durante dois anos; nos outros dois freqüentem Sagrada Escritura. §2. Lembre-se de modo muito especial que às cadeiras de teologia não devem ser promovidos senão os que são bem afeiçoados e São Tomás; os eu lhe são adversos ou menos zelosos da doutrina, deverão ser afastados do magistério. 10. Biênio da repetição da teologia. – No princípio do quarto ano, de acordo com o Reitor, o Prefeito, os Professores e os seus Consultores, designe alguns escolásticos de reconhecida virtude e bons talentos, para que, segundo prescrevem as Constituições, se consagrem tranqüilamente durante dois anos ao estudo privado, afim de repetir por si a teologia e, se ao superior parecer, sustentar atos acadêmicos; para estes se darão abaixo instruções especiais. Onde for costume da região, poderão alguns dentre eles, com licença do Geral, ser promovidos ao grau de Doutor ou Mestre. 11. Onde vigorar o costumes de se conferirem graus publicamente, observem-se a Constituições à risca; e não seja promovido quem às teses de teologia especulativa não acrescentar outras relativas aos trechos mais importantes da Escrituras e ainda, se nada houver em contrário, também à história eclesiástica e ao direito canônico. Quanto ao modo e às cerimônias da colação, se não se opuserem às Constituições, sigam-se os costumes e estatutos de cada região. 12. Professores de caso de consciência. – No colégio onde houver seminário de casos de consciência para os nosso, nomeie dois professores de casos que, dividindo entre si toda a matéria, a expliquem em dois anos; ou um só professor eu dê duas aulas diárias. 13. Conferência de casos. – Duas vezes por semana nas casas professas, duas vezes nos colégios ou, se melhor lhe parecer no Senhor, uma vez, haja ou não lição pública de casos ou de teologia moral, deverão os nossos sacerdotes reunir-se para as conferências de casos. Afim de presidi-la, determine um Provincial um sacerdote capaz de desempenhar-se com segurança e prudência, dessa tarefa. Este presidente leia e observe as regras do professor de casos ou de teologia moral que se prescreve à maneira de realizarem semelhantes conferências. 14. Mesma conferência nos colégios principais. – Nos colégios mais importantes haja também esta conferência de casos, principalmente para todos os estudantes de teologia, mas só uma vez na semana. 15. Os eu dela não se devem dispensar. – Destas conferências acima referidas, com exceção dos professores de teologia e filosofia e de outros eu por ventura o Superior dispensar, não deverão eximir-se nem os estudantes de teologia moral nem os sacerdotes que, ordinária ou ocasionalmente, ouvem confissões; o próprio superior delas não se ausente senão raras vezes e por motivos graves. 16. Dotes do professor de filosofia. – Os professores de filosofia (exceto caso de gravíssima necessidade) não só deverão ter concluído o curso de teologia senão ainda consagrado dois anos à sua revisão, afim de que a doutrina lhes seja mais segura e mais útil à teologia. Os que foram inclinados a novidades ou demasiado livres nas suas opiniões, deverão, sem hesitações, ser afastados do magistério. 17. Curso de Filosofia. – Onde estudam os nossos escolásticos, o curso de filosofia deverá durar três anos e não menos; onde só houver estudantes externos fique a duração a juízo do Provincial; enquanto for possível, porém, cada ano conclua-se um curso e comece outro. 18. Curso de retórica e humanidades. – Ainda que não seja possível prescrever a duração do curso de humanidades e retórica e a cargo do superior fique decidir quanto deverá cada qual demorar-se nestes estudos, nenhum dos nossos, pelo menos, deverá ser enviado à filosofia antes de haver estudados dois anos de retórica, a menos que não se julgue em o Senhor que a idade, as aptidões ou outro motivo a isto se oponham. Mas, se alguns forem dotados de aptidões naturais para grandes progressos nesse estudos, , poder-se-á examinar se, afim de se lançarem mais sólidos fundamentos, não convenha conserva-los na retórica por três anos.
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19. §1. Duplo exame de filosofia. – Depois que iniciarem o curso de filosofia, deverão os nossos ser examinados duas vezes por professores determinados, a saber, pelo Prefeito de estudos e pelos professores de teologia e filosofia, na presença do Reitor e seus consultores e, se possível, do próprio Provincial; a primeira vez pouco antes da quaresma ou nas férias de Páscoa, a outra, terminada a lógica. §2. Considerações da virtude. – este ponto eu é de grande importância para o Senhor e deverá ser tratado com toda a atenção para a maior glória de Deus, observe o Provincial, de modo particular, as regras 49 e 56 do seu ofício e, acima de tudo, leve me consideração a virtude do candidato. §3. Fim e processo do exame. – Este exame, eu determinará se alguém há de continuar a filosofia ou se (logo) enviado ao estudo de Casos deverá ser feito com votos secretos; o seu resultado juntamente com o julgamento dos examinadores, seja consignado em livro especial; e os que a ele assistirem guardem sobre o assunto rigoroso segredo. §4. Destinação ao estudo de Casos. – Os que, no primeiro exame, se revelarem incapazes para a filosofia deverão ser destinados aos Casos ou, a juízo do Provincial, ao magistério [inferior] (assim entendemos a destinação aos casos); quanto aos demais nada por então se decida. No segundo exame, poderão distinguir-se entre os candidatos três graus: os que excedem a mediania e estes deverão prosseguir os demais estudos; os que lhe ficam abaixo e estes lhe serão logo aplicados aos Casos; e finalmente os que apenas a atingem e entre estes caberá ainda uma discriminação. §5. Consideração dos talentos. A quem será concedido um biênio de teologia. – Os que são medianos nas letras e não possuem outras habilidades sejam também enviados aos Casos; os que, porém, juntamente com virtude notável tiverem talento para a pregação e governo, então, afim de que a Companhia possa, com maior segurança e autoridade, servir-se de seus préstimos, delibere o Provincial com seus consultores se, além da filosofia, não convenha assegurar-lhe dois anos de teologia. Neste caso, advirta-lhes abertamente que, só nesta medida, irão continuar os estudos. §6. Quando se poderá conceder um terceiro ano de teologia. – Mas, se por ventura aos que têm talento para a pregação não bastarem as dois para ouvir nas aulas matérias da teologia que se julguem necessárias as desempenho de suas responsabilidades com segurança e sem erro, como os capítulos que, na Suma de Santo Tomás, se estudam na primeira parte antes da discussão sobre os anjos, na terceira, sobre a Encarnação e os Sacramentos, na primeira da Segunda sobre a graça – poderá para este fim, conceder-lhes um terceiro ano de teologia, ou, pelo menos, sejam ajudados por meio de lições particulares de alguma academia doméstica, com as quais, durante o biênio ou depois, supram o eu nas aulas não foi explicado durante este tempo, deixando também as lições públicas de outras matérias eu pareçam menos úteis. §7. A quem se poderá conceder um quarto ano de teologia. – Por fim, se não houver alguém, ainda eu não dotado de talento notável, mas eminente em dons de governo e pregação, e de virtude singular eu parece atingir o conhecimento completo de teologia exigido pelas Constituições, e eu se se julgasse de vantagem para a Companhia eu terminasse o curso de teologia, poderá o Provincial, ouvidos previamente os consultores, conceder-lhe um quarto ano de teologia. §8. Deverão ser examinados os que estudaram fora da Companhia. – Ao mesmo exame deverão ser submetidos os que, antes de entrar na Companhia, estudaram todo o curso de filosofia ou parte dele, ou ainda parte da teologia, afim de que ele se possa fazer idêntico julgamento. §9. O privilégio dos estudos reservados aos humildes. - Antes de tudo, porém, cuide o Provincial de se não servir da concessão do privilégio de aplicar aos estudos senão em favor dos humildes, sinceramente piedosos e mortificados, mercadores de tal beneficio. §10. Os que deverão ser afastados no meio dos estudos. -Se algum talvez dos que foram aplicados à filosofia ou à teologia, no decurso dos estudos. mostrar que não excede a mediania como a principio se julgara, também ele, após exame idêntico, deverá ser enviado aos Casos.
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§11. Que se entende por mediania. -A mediania, de que acima se fala, deve entender-se no sentido em que vulgarmente se entende quando se diz de alguém que é de talento mediano, a saber, quando percebe e compreende o que ouve e estuda e é capaz de dar razão suficiente a quem lhe pede, ainda que, em filosofia e teologia, não atinja o grau de doutrina que as Constituições designam com a expressão “haver nela feito bastante progresso”, nem seja capaz de defender as teses aí mencionadas com o saber e a facilidade com que as defenderia quem fosse dotado de talento para ensinar Filosofia e Teologia. §12. Como julgar os talentos. – Sobre a capacidade do talento para pregação e governo que devem possuir os que vão estudar teologia por dois anos e bem assim acerca do talento extraordinário daqueles aos quais dissemos se podem conceder quatro anos, ponderem seriamente com os seus Consultores e outros varões eminentes que os conheçam e sejam capazes de ajuizar em semelhantes matérias. §13. Decisão permitida ao Provincial. -Mas, como neste exame e apreciação dos talentos freqüentes vezes divergem as opiniões, ficará nas mãos do Provincial, depois de bem ponderada a questão, examinar os votos e ouvir os Consultores, decidir o que no Senhor melhor lhe parecer para a maior glória de Deus e bem geral, da Companhia. E se julgar que nenhum deles deverá ser aplicado àqueles estudos, consigne-o no livro, como acima se disse no §3, acerca do primeiro exame. §14. Matemáticas: Estudantes e tempo. - No segundo ano do curso todos os estudantes de filosofia assistirão à aula de matemática por três quartos de hora. Além disto, os que tiverem mais inclinação e capacidade para semelhantes estudos exercitemse neles em lições particulares depois do curso. 6. §1. Número dos cursos inferiores. -As classes de estudos inferiores (pelas razões alegadas na quarta parte das “Constituições" c. 12. C., omitimos as aulas de abc) não devem ser mais de cinco: uma de Retórica, outra de Humanidades e três de gramática. §2. Porque não se devem fundir nem multiplicar. - Estas classes são de tal modo graduadas e concatenadas entre si que não se podem fundir nem aumentar em quantidade, não só para não multiplicar inutilmente os professores ordinários senão também para que o número de cursos e classes não reclame tempo maior do que o necessário para percorrer os estudos inferiores. §3. Duas categorias numa classe. - Se forem menos de cinco as classes, nem assim deverão confundir os cinco graus, mas em cada classe poder-se-ão estabelecer duas categorias de modo que cada uma corresponda a um dos cinco graus, como se dirá adiante na regra 4 do Prefeito dos estudos inferiores. §4. Conservem-se de preferência os cursos mais elevados. -Quando forem poucas as classes, procure quanto possível conservar as mais elevadas, suprimindo as inferiores. §5. Podem multiplicar-se as turmas não as séries. - Quando dizemos que as classes e gramática devem ser três e todas as de estudos inferiores, cinco, referimo-nos não tanto ao número de aulas e professores quanto ao de séries acima descritas. Porquanto, se for tão elevado o número de alunos que não baste um professor, poderá a classe ser dividida com licença do Geral, de modo, porém, que o nível, as lições, o método de ensino se mantenham idênticos nas duas turmas paralelas. §6. Onde se permite o desdobramento de turmas. -- Este desdobramento de turmas. porém, não deve ser feito senão onde existem todos os estudos da Companhia ou as condições da fundação o exigem, afim de não onerar demasiadamente a Companhia. 7. Formação de eminentes professores de letras. - Para conservar o conhecimento das letras clássicas e alimentar um seminário de professores, procure ter na Província pelo menos, dois outros varões eminentes em literatura e eloqüência. Para este fim entre os bem dotados e inclinados para este gênero de estudos, designará, de quando em quando, alguns, suficientemente formados em outras disciplinas, a fim de constituírem, com o seu trabalho é esforço, um como viveiro ou seara que alimente e propague a raça dos bons professores.
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8. Gramática do P. Álvares. - Cuide que os nossos professores adotem gramática d'o P. Manuel [Álvares]. Se em algum lugar o seu método parecer muito elevado para a capacidade dos alunos, adote então a gramática romana, ou, após consulta do Geral, mande compor outra semelhante, conservando sempre, porém, a importância e propriedade de todas as regras do P. Álvares. 9. Professores permanentes. -Providencie para que os professores de gramática e retórica sejam, no maior número possível, permanentes. Para este fim, terminados os estudos de Casos e ainda de Teologia, aos que lhe parecerem no Senhor hão de servir melhor a Companhia neste oficio do que em outros, aplique seriamente ao magistério e insista com eles se consagrem de todo a missão tão salutar para a maior glória de Deus. 10. Os que se podem admitir só para o ensino. –Poderá ser também de utilidade, se alguns que pareçam especialmente adaptados a este fim e pela idade ou talento não possam fazer progresso nos estudos superiores, logo no ingresso na Companhia sejam admitidos com a condição de consagrar espontaneamente as suas vidas ao serviço de Deus no ensino das letras; e o Provincial note este fato no seu livro de registro. Estes, depois, ou antes, de haver ensinado alguns anos, como parecer no Senhor, poderão seguir algumas lições de Casos (teologia moral) e ser ordenados sacerdotes e, em seguida, voltar ao ensino, do qual não deverão ser removidos sem motivo grave e séria deliberação, a menos que, de quando em quando, por -cansaço determine o Provincial uma interrupção por um ou dois anos. 11. Não devem ser dispensados do magistério. -Não dispense o Provincial os nossos escolásticos do ensino da gramática e das humanidades a não ser que, pela idade ou por outro motivo lhe pareça melhor no Senhor outra decisão. (1) Os que, porém, manifestam talentos, sobretudo talentos raros para a pregação, procurem que não sejam retidos por mais tempo que o necessário no ensino das letras, da filosofia e teologia, afim de que não comecem a pregar quando, já envelheceram nestes estudos. 12. Escolha de alguns para estudo imediato da teologia. - Em cada curso, porém, escolha um, dois, três ou mais estudantes, conforme o número de alunos, que pareçam fazer mais progressos que os outros, e os aplique imediatamente à teologia; mais tarde, terminados os estudos é o terceiro ano de provação, se for necessário ou mesmo conveniente, poderá emprega-los no ensino da gramática ou das humanidades. 13. Tempo de magistério. - Não confie a responsabilidade de aulas aos que hão de estudar filosofia e ainda não a estudaram enquanto houver outros que a tenham concluído. 14. Por onde se deve começar o ensino. - Procure que os nossos irmãos comecem a ensinar em aulas que lhe fiquem abaixo do nível científico para que assim, de ano para ano, se possam elevar com boa parte de seus alunos, a um grau superior. 15. Academia para a formação de professores. - Afim de que possam ir ao magistério com melhor formação. é muito necessário que se preparem em academias privadas; ao Reitor muito se recomenda, observe cuidadosamente o que prescreve a sua regra 9a.. 16. Número de confessores. -Providencie para que nos colégios, sobretudo nos mais importantes, onde são mais numerosos os alunos externos, haja vários confessores a fim de que não sejam obrigados todos a recorrer a um só; por este mesmo motivo designe-se, de quando em quando confessores extraordinários para maior satisfação dos penitentes. 17. Número de irmãos coadjutores. — Nos Colégios, principalmente nos menores, procure que haja bastante irmãos coadjutores afim de que o Reitor se não veja obrigado a lançar mão de mestres e discípulos para os serviços domésticos. 18. Renda para a biblioteca. A fim de que aos nossos não faltem os livros convenientes, aplique ao da biblioteca uma renda anual, proveniente dos bens do colégio ou de outrafonte e que de modo algum poderá ser desviada para outros fins.
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19. Proibição de livros inconvenientes. - Tome todo o cuidado, e considere este ponto corno da maior importância, que de modo algum se sirvam os nossos, nas aulas, de livros de poetas ou outros, que possam ser prejudiciais à honestidade e aos bons costumes, enquanto não forem expurgados dos fatos e palavras inconvenientes; -e se de todo não puderem ser expurgados, como Terêncio, é preferível que não se leiam para que a natureza do contendo não ofenda a pureza da alma. 20. Regularidade nos horários - Determine as horas em que durante o ano — nos lugares em que variam com as estações — deverão começar e terminar as aulas; o que for uma vez determinado, mantenha-se sem mudança; não se permita com facilidade que seja diferido ou antecipado o feriado semanal; procure principalmente que se observe à risca a ordem dos dias de aulas e dos feriados. 21. Férias. Como a aplicação nos exercícios literários, assim também é necessária alguma interrupção; evite-se, porém, a introdução de novos feriados; os prescritos observem-se sem alterações. Sobre este ponto podem dar-se as diretivas seguintes: 22. 36. §1. Férias gerais. As férias gerais do ano, nos cursos superiores, não devem ter duração inferior a um mês nem superior a dois. Na retórica, a menos que não se oponha o costume da universidade, as férias durem um mês; em humanidades, três semanas; na gramática superior, duas; nos outros cursos, uma. §2. Dias feriados.— Afim de que sejam certos e fixos os dias feriados - e o seu número deve ser antes diminuído que aumentado, mande organizar urna lista dos mesmos de acordo com os costumes do lugar. §3. Nos cursos superiores não haverá aula da véspera de Natal até a festa da Circuncisão; os cursos inferiores, da tarde da mesma Véspera do Natal até a festa dos inocentes. §4. Na Qüinquagésima, onde for costume, não haja aula até Quarta-feira de Cinza; neste dia, porém, todos os professores dêem as aulas da tarde §5. Nos cursos inferiores de Domingo de Ramos até a Dominga in albis, e nos inferiores, desde a tarde de quarta-feira santa até a terça-feira de Páscoa, não haverá aulas. §6. Da Vigília de Pentecostes nos cursos superiores, e nos outros da tarde da mesma Vigília até terça-feira, não haverá aula, como também na quinta-feira. §7. Na Véspera da Festa do Corpo de Deus, em todos os cursos, superiores e inferiores, não haverá aulas só depois de meio-dia; ao invés, na Comemoração de todos os defuntos, só antes do meio-dia. §8. Nos dias em que só houver aulas nos cursos inferiores, em nada se diminua o tempo costumado. §9. Preces públicas. Se, por causa de preces públicas, não for possível dar as aulas da manhã, dêem-se as aulas da tarde; no dia das Rogações, porém, onde for costume, dêem-se também as da manhã. §10. Feriado semanal. — Cada semana haja, pelo menos, um dia consagrado ao descanso. Na mesma semana, se caírem dois dias de festa, não haverá mais um dia feriado; a não ser que o fato ocorra mais vezes e de modo que um dos dias de festa caía na segunda-feira, outro no sábado: neste caso poderá conceder-se outro feriado. Quando do na semana houver um dia de festa e este cair na quarta ou na quinta-feira, neste dia e só nele não haverá aula; se, porém, cair na segunda-feira ou no sábado, também na quarta-feira não se dê aula; se, finalmente, cair na terça ou na sexta-feira, neste caso se não houver sermão, e for permitido justo recreio, não haverá outro feriado; se não houver esta permissão, será então feriado quarta ou quinta-feira. §11. Diferente para os diferentes cursos. Nos cursos superiores ao descanso semanal se consagrará o dia todo. Nos cursos inferiores, haverá aula pela manhã, hora e meia no de retórica, duas horas nos demais. Pela tarde, não haverá aula para curso algum; do principio de Junho em diante, para todos será feriado o dia inteiro.
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23. Observância das regras. Por último, afim do que toda a atividade escolar da Companhia logre bom êxito para a maior glória de Deus, veja o Provincial que todos, superiores e inferiores, observem com perfeição as suas regras relativas aos estudos. 24. Diversidade para a diversidade dos lugares. Como, porém, na variedade de lugares tempos e pessoas pode ser necessária alguma diversidade na ordem e no tempo consagrado aos estudos, nas repetições, disputas e outros exercícios e ainda nas férias, se julgar conveniente na sua Província, alguma modificação para maior progresso das letras, informe o Geral para que se tomem as determinações acomodadas a todas as necessidades, de modo porém, que se aproximem o mais possível da organização geral dos nossos estudos. 25. Zelo pela piedade e pelos bons costumes, Finalmente, persuada-se o Provincial que, de modo muito particular, é responsável, pelas prescrições relativas à piedade, à disciplina dos costumes, ao ensino da doutrina cristã, contida tanto nas regras dos Mestres dos cursos inferiores, quanto nas regras comuns a todos os mestres; são pontos estes quemais de perto entendem com a salvação das almas e tantas vezes se inculcam nas Constituiçôes. REGRAS DO REITOR 1. Zelo pelos estudos. – A Companhia dedica-se à obra dos colégios e universidades, afim de que nestes estabelecimentos melhor se formem os nossos estudantes no saber e em tudo quanto pode contribuir para o auxílio das almas e por sua vez comuniquem ao próximo o que aprenderam. Abaixo, portanto, do zelo pela formação das sólidas virtudes religiosas, que é o principal, procure o Reitor, como ponto de máxima importância, que com a graça de Deus, se alcance o fim que teve em mira a Companhia ao aceitar colégios. 2. Autoridade do prefeito de estudos. Na direção dos terá como assistente um Prefeito de estudos ao qual dará toda a autoridade que julgar conveniente para o desempenho cabal de seu ofício. 3. Presença nos exercícios escolares. — Regule e distribua as ocupações de maneira que possa estimular e desenvolver os exercícios literários. Visite por vezes as aulas, mesmo inferiores; esteja quase sempre presente às disputas, privadas e públicas, dos filósofos e teólogos; observe se e porque estes exercícios não dão os resultados desejados. 4. Ocupações que se não devem permitir aos estudantes. — Não permita que nenhum estudante falte às disputas ou repetições, para que todos se persuadam da grande importância desses exercícios; e corte por todas as ocupações que aos escolásticos possam ser de obstáculo aos estudos. 5. Sobretudo aos que repetem a teologia. –Aos que repetem a teologia em dois anos, ocupe o menos possível, e ainda assim só com o consentimento do Provincial, com pregações nas igrejas ou em conventos de religiosas. 6. Substitutos dos mestres. – Estes estudantes poderão substituir, em sua falta, os professores ordinários de filosofia e teologia; poderão também, se for necessário, presidir, no lugar do professor, às disputas repetições e disputas domésticas; e, até, com permissão do Provincial, lecionar, por algum tempo, filosofia e teologia. 7. Academias de línguas. – Providencie para que se fundem entre os nossos escolásticos, academias de hebreu e de grego; nelas se exercitem os acadêmicos duas ou três vezes na semana durante um tempo determinado, por exemplo, durante as férias, de tal modo que dai saiam homens capazes de honrar em particular e em público o conhecimento e a dignidade dessas línguas. 8. Uso do Latim. — Zele com diligência para que se conserve em casa o uso do latim entre os escolásticos; desta regra de falar latim não haja dispensa, exceto nos dias feriados e nas horas de recreio, a menos que, em algumas regiões, não pareça ao Provincial que, ainda nessas ocasiões, se pode conservar com facilidade o uso de falar latim. Procure também que os nossos escolásticos, que ainda não terminaram os estudos, quando escrevem cartas aos nossos, escrevam em latim. Além disto, duas ou
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três vezes no ano, quando se festeja alguma solenidade, como o começo do ano letivo ou a renovação dos votos, os nossos estudantes de filosofia e teologia componham e exponham em público alguns versos. 9. Academia para a preparação de professores. - Para que os mestres dos cursos inferiores não comecem a sua tarefa sem preparação prática, o Reitor do colégio donde costumam sair os professores de humanidades e gramática escolha um homem de grande experiência de ensino. Com ele, vão ter os futuros mestres, em se aproximando o fim dos seus estudos, por espaço de uma hora, três vezes na semana, afim de que, alternando preleções, ditados, escrita, correções e outros deveres de um bom professor, se preparem para o seu novo oficio. 10. Formação dos estudantes de retórica. — Quando os nossos estudantes de retórica e de humanidades não freqüentam as aulas públicas, ou as freqüentam, mas o professor que dá as aulas e dirige os externos não se pode desincumbir do ônus talvez demasiado de bem formar os externos e os nossos, confie o Reitor os nossos estudantes a outro idôneo, que em casa os exercite privadamente com toda a diligência, de conformidade com as regras do professor de retórica. 11. Como deverão ser exercitados. — Procure também por, por vezes, os nossos retóricos recitem discursos ou poemas, em latim e em grego, no refeitório ou no salão, sobretudo assunto religioso que edifique os da casa e os de fora e os anime a mais alta perfeição no Senhor; nem se descuidem dos outros exercícios recomendados nas Constituições. 12. Conselho aos externos de estudar retórica. - Deve procurar-se que os nossos alunos internos, quanto possível, estudem retórica por um ano antes de começar filosofia; eaos pais persuada-se a conveniência desta medida. O mesmo deve aconselhar-se aos externos: mas se o não quiserem, não deverão ser constrangidos. Se alguns quiserem começara filosofia ainda muito crianças, de modo que se possa temer venham perturbar as aulas, deverão ser tratados como prescevem as Constituições relativamente aqueles que se não querem obrigar com nenhuma promessa ou recusam dar o nome a matricula. 13. Tragédias e comédias. — O assunto das tragédias e comédias, que convém sejam raras e só em língua latina, deve ser sagrado e piedoso; nada deve haver nos entreatos que não seja em latim e conveniente; personagens e hábitos femininos são proibidos. 14. Prêmio. — Cada ano pode haver uma distribuição pública de prêmios, contanto que corram as despesas por conta de homens ilustres o sejam moderadas, em proporção com o número de aulas e a natureza do colégio. Na distribuição de prêmios far-se-á menção honorífica dos que cobriram as despesas. Cumpre zelar com muito cuidado para que os alunos, com a preparação para semelhantes festas, não venham a sofrer algum detrimento moral e intelectual. 15. Oração na inauguração dos cursos. — Não permita, a não ser em caso de necessidade, que a oração pública, na inauguração dos cursos, seja feita por outrem que não dos professores mais notáveis. 16. Escritos que se devem registrar em livro. — Zele pela observância da regra do Prefeito da biblioteca relativa ao registro em livro especial, do que se exibe publicamente ou do que escrevem os nossos no Colégio ou fora, como diálogos, discursos, poesias e trabalhos semelhantes, escolhidos pelo Prefeito de estudos ou por outro competente nestes assuntos. 17. Distribuição de livros. — Prescreva ao bibliotecário que na distribuição de livros não se afaste das normas traçadas pelo Prefeito dos estudos. 18. Consulta de professores. — Cada três, ou pelo menos de dois em dois meses, reúna consulta de todos os professores do ginásio na presença de ambos os dois Prefeitos [de estudos e de disciplina] e, de quando em quando, dos outros professores na presença do Prefeito Geral de estudos. No começo destas reuniões leia, por ordem, algumas regras dos mestres tanto das comuns, principalmente das que se referem à formação moral e religiosa, como das próprias de cada professor; lembre então que poderá cada qual propor as dificuldades que ocorrem no seu cumprimento ou indicar o que acaso não se observe.
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19. Feriado semanal. — As escolas inferiores tenham sempre o seu feriado semanal, durante o dia inteiro ou pelo menos, depois do meio-dia, conforme o costume do lugar. 20. Conservar o zelo alegre dos professores.- Procure também diligentemente com a sua caridade religiosa conservar o entusiasmo dos professores e vele para que não sejam sobrecarregados com os trabalhos caseiros; o que ao Reitor prescreve a regra 25 do seu oficio (1), observe-o em relação a eles com especial cuidado. 21. Exortação os alunos. – Decida se, além das exortações semanais dos professores não convenha se faça outra cada mês ou de dois em dois meses, por algum Padre maisvelho, em local mais simples, onde se reúnam as classes inferiores; ou, de costume do próprio prefeito ou outro, de vez em quando, dê, pelas aulas, avisos salutares adaptados a idade dos meninos. 22. Regras do Prefeito de disciplina. — Onde o Provincial der ao Prefeito dos estudos inferiores um assistente que se poderá chamar prefeito de disciplina, a ele se aplica aregra 2 do Prefeito, as regras relativas ao comportamento, que vão do n. 37 até ao fim, e ainda, se parecer conveniente as que se referem aos exames dos novos alunos do n. 9 aono. 13. 23. Congregação de Nossa Senhora. — Procure que seja, introduzida no seu colégio a Congregação de Nossa Senhora da Anunciação do Colégio Romano; os que nela não se inscreverem não deverão ser admitidos na Academia em que se praticam exercícios literários, a menos que o próprio Reitor não julgue ser mais do serviço de Deus seguir outra norma. Os exercícios da Congregação ou da Academia, porém, não devem realizar-se na mesma hora em que há pregação ou lição na nossa igreja. 24. Consultar o Provincial. –Enfim, no que se refere às férias, aos graus, aos nossos quais se deve conceder para rever a teologia e a outros assuntos, consulte o Provincial e execute com pontualidade o que ele determinar. REGRAS DO PREFEITO DE ESTUDOS 1. Dever do Prefeito. - Dever do Prefeito é ser o instrumento geral do Reitor, afim de, na medida da autoridade por ele concedida, organizar os estudos, orientar e dirigir as aulas, de tal arte que os que as freqüentam, façam o maior progresso na virtude, nas boas letras e na ciência, para a maior glória de Deus. 2. Diferença entre o Chanceler e o Prefeito.- Onde, houver um Chanceler, distinto do Prefeito, determinará o Provincial quais destas regras serão comuns a ambos os ofícios, quais, próprias de cada um, de acordo com os costumes e estatutos de cada Academia. 3. Não dispense. -Na organização dos estudos não introduza mudanças nem dispensas, mas, onde for mister, consulte o Superior. 4. Livro do “Ratio”.- Seja-lhe familiar o livro da Organização dos estudos, e zele pela observância de suas regras por parte de todos os alunos e professores, sobretudo das prescritas aos teólogos, acerca da doutrina de Santo Tomás e aos filósofos, relativas à escolha das opiniões. Sobre este ponto vele com particular vigilância quando se devem defender teses, e mais ainda, quando se devem imprimir. 5. Os Professores expliquem toda a matéria.- Lembre a cada um dos professores de teologia, filosofia ou casuística, especialmente quando nota algum mais retardatário, que deverá adiantar de tal modo a explicação que, cada ano, esgote a matéria que lhe foi assinada. 6. Como dirigir as disputas. - Em todas as disputas a que comparecem os professores de teologia ou de filosofia, ocupará a presidência o Prefeito; dará aos que disputam o sinal de terminar; e distribuirá o tempo de tal modo que a todos toque a sua vez de falar. Não permita que nenhuma dificuldade sobre a qual se discute, fique, terminada a discussão, tão escura como antes, mas procure que, uma vez ventilado um assunto, seja ele cuidadosamente explicado pelo que preside. Nem deverá ele resolver as objeções mas os argüentes e os defendentes; e deste ofício se desempenhará com mais dignidade se conseguir, não argumentando (ainda que uma vez ou outra convenha fazê-lo)mas interrogando, que melhor se esclareça a dificuldade.
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7. Dos atos, de teologia. Lembre a seu tempo ao Superior, ouvidos os professores designe os alunos que deverão defender teses de toda a teologia ou de uma parte dela; esta defesa será feita pelos que não obtiveram o biênio de revisão da teologia, no quarto ano do curso teológico, ou (se forem muito poucos os alunos do quarto ano) pelos do terceiro, mesmo onde os nossos escolásticos assistem as aulas de teologia em casa. Dar-se-á ao ato certa solenidade e convidar-se-ão pessoas de fora. Para as disputas gerais não é necessário que se admitam todos os que tomaram parte nas particulares, mas poderão escolher-se os de talento e habilidade. Quanto aos destinados ao biênio, poderão fazer as suas disputas durante o biênio, como se dirá adiante. 8. Disputas particulares .- Para as disputas particulares cada classe de cada classe, o Prefeito com os professores escolha a matéria das quatro partes da teologia; estes atos não devem ser muito frequentes mas a intervalos; durem no mínimo duas horas e meia, só pela manhã ou pela tarde, e de regra, não sejam menos de três os arguentes, dos quais, sempre que possível, um doutor. 9. Disputas gerais. -As disputas gerais abracem quase toda a teologia, estendamse pela manhã e pela tarde, ou, onde for costume disputar só antes ou só depois do meio dia,prolonguem-se pelo menos por quatro ou cinco horas. 10. Publicação de teses. - As teses destas disputas gerais, se convier, poderão ser comuns a todos os nossos estudantes que hão de defender teses no mesmo ano, e, ainda, imprimir-se onde permitir o costume do lugar. 11. Tempo determinado para as disputas. Dos que hão de realizar estes atos, um poderá reservar-se, se se julgar melhor, para a semana em que se encerram, outro para a em que de novo se iniciam os estudos. 12. Disputas dos externos. - Todos os anos, convídem-se para estas disputas gerais alguns alunos externos que em nossas escolas completaram, com distinção, o currículo de teologia. Estes atos deverão ser mais solenes que os outros e celebrar-se na presença do maior número possível de doutores nossos e externos e ainda de homens eminentes. 13. Presidência das disputas. - A todas as disputas presidam os professores alternada ou simultaneamente, de modo que cada um responda às objeções relativas à sua matéria; poderão ocupar a presidência também outros dos nossos, que sejam doutores. 14. Número de teses. - Nos atos gerais as teses não deverão ser muito longas nem mais de cinqüenta aproximadamente; poderão ser menos, se assim o exigirem os costumes públicos da Academia. Nos atos particulares não mais de vinte; nem mais de doze ou quinze nas disputas mensais; e nas semanais oito ou nove. 15. Prova de teses pelo defendente. — Antes de começar a disputa, o defendente prove uma ou outra das teses, com brevidade, mas também com certa elegância, de conformidade, porém, com o uso teológico. 16. Disputas mensais e semanais. Nas disputas mensais ou semanais procure que se observe com cuidado quanto se prescreve nas regras dos professores de filosofia e teologia. 17. Ouvir e observar os professores. -* De quando em quando, ao menos uma vez por mês, assista às aulas dos professores; leia também, por vezes, os apontamentos dos alunos. Se observar ou ouvir de outrem alguma cousa que mereça advertência, uma vez averiguada, chame a atenção do professor com delicadeza e afabilidade, C, Se for mister, leve tudo ao conhecimento do Reitor. 18. Revisão de teses. Siga o mesmo processo, se, na revisão das teses, houver algum ponto em que não estejam de acordo o Prefeito e o Professor; sem conhecimento do professor não deverá o Prefeito riscar ou alterar tese alguma; e qualquer modificação será feita sem que o saibam os outros, salvo o Reitor. 19. Atos filosóficos. No fim dos três anos do curso filosófico realizem-se as disputas de toda a filosofia; para esses atos escolham-se poucos escolásticos, bem preparados, capazes de desempenhar-se com dignidade desta incumbência, isto é, aqueles que fizeram progressos superiores á mediania. 20. Exame dos estudantes de metafísica. Serão eles escolhidos por três ou mais examinadores. Entre estes deverá sempre se achar o prefeito e o próprio professor, aos quais o Reitor acrescentará um terceiro escolhido entre pessoas que se possam bem
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desincumbir do oficio. Com estes três deverão assistir ao exame, pelo menos, os dois outros professores, designados pelo Reitor, e que poderão por sua vez ser substituídos. Se isto se não puder fazer, escolha o Reitor outras pessoas competentes que, juntamente com os três examinadores, dêem o seu Voto por escrito, de modo que sejam cinco no mínimo os votos secretos. Sobre o exame deverão todos observar o mais rigoroso segredo. 21. Exame dos alunos internos. - Quanto aos alunos internos, basta que sejam examinados pelo seu Prefeito e dois repetidores de filosofia, ou, na falta destes, por dois dos melhores estudantes de teologia, escolhidos entre os nossos escolásticos pelo Prefeito Geral. Os que, porém, forem por estes examinadores julgados idôneos não se preparem para o ato publico antes de ser aprovados pelo próprio professor e pelo Prefeito geral. 22. Exame público. - Este exame, do qual, com rigor, não se deverá dispensar quase nenhum dos nossos estudantes e, se possível, também dos alunos internos, será público, se a isto se não oponha algum obstáculo, do seguinte modo: se se tratar dos nossos, na presença de todos os nossos estudantes de filosofia; se dos alunos internos, na presença de todos os filósofos de seu colégio; se dos externos (que não deverão, porém, ser constrangidos a prestar este exame), na de todos os filósofos externos, ao menos de sua classe. 23. Tempo e forma dos exames. Os exames começarão logo depois das férias de Páscoa, ou mesmo antes se o exigir o número de examinandos; processar-se-ão nos dias e na ordem que o Reitor, ouvidos o Prefeito e o Professor, julgar mais conveniente. O exame de cada aluno durará, ao menos, uma hora, e estender-se-á sobre as matérias mais importantes, que, com antecedência e em segredo, aos examinadores, assinará o Prefeito. 24. Tempo e forma das disputas filosóficas. As disputas filosóficas durem pelo menos todo o tempo das aulas, pela manhã ou pela tarde. Regularmente sejam três os argüentes, dos quais, sempre que possível, um se escolha entre os nossos professores de teologia ou de filosofia, ou entre os doutores de outra Ordem ou dentre os externos. O número e a natureza das teses obedecem ao que foi acima prescrito para as disputas gerais de teologia nas regras 9o., 10o., 11o. e 12o.. 25. Presença às disputas. Procure o Prefeito que às disputas teológicas e filosóficas não só os estudantes senão também os professores de teologia; e às filosóficas, os estudantes e professores de filosofia. Apresentando (e urgindo) suas objeções, dêem os professores mais vida e solenidade à disputa. Deverão estar todos presentes à colação de grau de mestre ou doutor; o Reitor prescreverá o que deve fazer o Prefeito em semelhantes ocasiões. 26. Os que deverão ser enviados para as disputas. —Quando os nossos escolásticos forem convidados pelos de fora para disputas, para Academias públicas ou Conventos de religiosos, enviem de preferência os que obtiveram o biênio de revisão da teologia. 27. Prescrever o método de estudos. —Aos nossos escolásticos, aos internos, e aos externos por meio de seus professores não só prescreva o método de estudar, repetir e disputar, senão também distribua o tempo de modo que aproveitem bem as horas reservadas ao estudo privado. 28. Revisão do que se apresenta em público. — Não permita que em casa ou fora se recite cousa alguma em público pelos que hão de colar grau, tomar parte nas disputas gerais ou particulares, ou pelos estudantes de retórica, que não tenha sido, a tempo, revisto e aprovado. 29. Escolha e abundância de livros. — Procure que aos escolásticos não faltem os livros úteis nem sobrem os inúteis. Por isso, afim de que haja em número suficiente, lembre com tempo ao Reitor os livros de uso quotidiano ou os de que, no ano seguinte, hão de precisar, tanto os nossos estudantes quanto os de fora.
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30.Livros que se devem dar aos estudantes. — Nas mãos dos estudantes de teologia e filosofia não se ponham todos os livros mas somente alguns, aconselhados pelos professores com o conhecimento do Reitor: a saber, além da Suma de Santo Tomás para os teólogos e de Aristóteles para os filósofos um comentário para consulta particular. Todos os teólogos devem ter o Concilio Tridentíno e um exemplar da Bíblia, cuja leitura lhes deve ser familiar.Consulte o Reitor se convém se lhes dê algum Santo Padre. Além disto, dê a todos os estudantes do teologia e filosofia algum livro de estudos clássicos e advirta-lhes que lhe não descuidem a leitura, em hora fixa, que parecer mais conveniente. REGRAS COMUNS A TODOS OS PROFESSORES DAS FACULDADES SUPERIORES. 1. Finalidade - O fim especial do Professor, tanto nas aulas quando se oferecer a ocasião, com fora delas, será mover os seus ouvintes ao serviço e ao amor de Deus e ao exercício das virtudes que lhe são agradáveis, e alcançar que para este objetivo orientem todos os seus estudos. 2. Oração antes da aula. — Para que se lhes conserve isto na memória, antes de começar a aula reze uma breve oração apropriada, que professor e alunos deverão ouvir de cabeça descoberta; ou, pelo menos, faça ele, de cabeça descoberta, o sinal da cruz e comece. 3. Alimentar a piedade dos alunos. — Ajude, além disto, os seus discípulos com orações freqüentes a Deus e com os exemplos de sua vida religiosa. Bom será que não descuide as exortações pelo menos nas vésperas dos festas mais solenes ou antes das grandes férias. Exorte-os principalmente à oração, ao exame vespertino de consciência, à recepção freqüente e digna dos sacramentos da Penitencia e da eucaristia, à freqüência diária da missa, à assistência no sermão, nos dias festivos, à fuga dos maus costumes, ao horror dos vícios e à prática das virtudes dignas do cristão. 4. Obediência ao Prefeito. — Obedeça ao Prefeito dos estudos em tudo quanto se refere aos estudos e à disciplina das aulas; entregue-lhe, para serem revistas, todas as teses, antes de propô-las; não explique livro ou autor fora dos que estão em uso nem introduza novos métodos no ensino ou nas disputas. 5. Modéstia no refutar. — Nas questões livres defenda a sua opinião com modéstia e delicadeza, de modo que não fira a estima dos que defendem a opinião contrária principalmente se for a do professor que o precedeu. É até para desejar que se esforce para conciliar os autores, quando possível. Em citá-los e refutá-los seja moderado. 6. Evite-se a novidade de opiniões. Ainda em assuntos que não apresentem perigo algum para a fé e a piedade, ninguém introduza questões novas em matéria de certa importância, nem opiniões não abonadas por nenhum autor idôneo, sem consultar os superiores; nem ensine cousa alguma contra os princípios fundamentais dos doutores e o sentir comum das escolas. Sigam todos de preferência os mestres aprovados e as doutrinas que, pela experiência dos anos, são mais adotadas nas escolas católicas. 7. Brevidade na refutação e na demonstração. — Não a legue opiniões inúteis, obsoletas, absurdas e manifestamente falsas, nem se demore muito em referi-las e refutá-las. Procure provar as suas teses não tanto pelo número quanto pelo peso dos argumentos. Não faça digressões pela matéria dos outros; e das que lhe competem não trate nem mais difusamente do que exige a sua natureza nem fora do lugar que lhe convém. Não acumule objeções; mas dentre elas refira brevemente as mais fortes a menos que sua refutação se torne evidente pela explicação anterior da tese. 8. Brevidade e fidelidade nas citações. Em aduzir autoridades dos mestres, evite a demasia; mas se, para confirmar a sua opinião, tiver testemunhos de autores insignes, cite-lhe, quando possível as próprias palavras, com fidelidade e brevidade, sobretudo quando se tratar da Sagrada Escritura, dos Concílios e dos Santos Padres. E a dignidade do mestre exige que não cite autores que ele próprio não tenho lido. 9. Ditado. Quando puder ensinar sem ditar, de modo que os ouvintes possam apanhar com facilidade o que deveriam escrever, é preferível que não dite; mas os que
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ditarem não parem depois de cada palavra, mas falem de um fôlego, e se for necessário, repitam; e não ditem toda a questão para depois explica-la, senão alternem o ditado e a explicação. 10. Remeter os estudantes aos livros. — Quando trata assuntos que se encontram nos autores à mão, explique em vez de ditar; e procure mesmo remeter os alunos aos autores que tratam a matéria com amplitude e rigor. 11. Repetições na aula. -— Terminada a lição, fique na aula ou perto da aula, ao menos durante um quarto de hora, para que os alunos possam interrogá-lo, para que ele possa às vezes perguntá-los sobre a lição e ainda para repeti-la. 12. Repetições em casa.—Todos os dia, exceto os sábados e dias festivos, designe uma hora de repetição aos nossos escolásticos para que assim se exercitem as inteligências e melhor se esclareçam as dificuldades ocorrentes. Assim um ou dois sejam avisados com antecedência para repetir a lição de memória, mas só por um quarto de hora; em seguida um ou dois formulem objeções e outros tantos respondam; se ainda sobrar tempo, proponham-se dúvidas. E para que sobre, procure o professor conservar rigorosamente a argumentação em forma [silogística]; e quando nada mais de novo se aduz, corte a argumentação. 13. Repetições gerais. - No fim do ano deverá organizar-se a repetição de todas as lições passadas de modo que, se não houver impedimento em contrário, se lhe reserve um mês inteiro livre, não só das aulas como também das repetições acima. 14. Disputas semanais. — No sábado ou em outro dia.conforme conforme o costume da Academia, haja nas aulas disputa; por duas horas ou por mais tempo onde for elevado o número de externos. Se numa semana ocorrerem dois dias de festa, ou com um dos dias de festa coincidir o feriado semanal, no sábado não haja disputa mas aula; se isto acontecesse durante três semanas seguidas, intercale-se uma disputa. 15. Disputas mensais - Onde se não opuser o costume da Academia, haja uma disputa, de manhã e de tarde, em dia fixo, cada mês (exceto os três últimos meses de verão), ou, onde forem poucos os alunos, cada dois meses. Tantos alunos, quantos forem os professores, defenderão, cada qual, as questões do respectivo professor. 16. Insistência nas objeções. - As disputas assistam também, quanto possível, outros doutores e professores nossos, ainda de outras faculdades; e para tornar mais viva a discussão insistam na força das objeções suscitadas; não chamem a si, porém, a continuação de uma dificuldade na qual insta ainda o argüente com vantagem e vigor. O mesmo é permitido aos doutores de fora, que poderão mesmo ser convidados expressamente para argüir, a menos que não o permitam os costumes do lugar. 17. A disputa reservada aos mais distintos - Nas disputas públicas só deverão tomar parte os alunos mais distintos; os outros se exercitem em particular até que estejam de tal modo preparados que possam comparecer em público sem desdouro. 18. Cuidado das disputas. Persuada-se que o dia da disputa não é menos trabalhoso nem menos útil que o de aula e que a vantagem e o fervor dele depende. Presida de maneira que ele mesmo pareça lutar nos dois campos que lutam; louve o que se diz de bom e chame a atenção de todos. Quando se propuser alguma dificuldade mais séria, sugira alguma idéia que ajude o que defende ou oriente o que argue. Não se conserve muito tempo calado, nem fale sempre para que também os discípulos possam mostrar o que sabem; corrija ou desenvolva o que propõem os alunos; mande o argüente prosseguir enquanto não estiver resolvida a dificuldade; aumente-lhe mesmo a forca e não passe por cima se o argumento deslizar para outra objeção. Não permita que se repise por mais tempo uma dificuldade praticamente já resolvida ou que se sustente à porfia uma resposta insuficiente; mas depois da discussão defina e esclareça brevemente todo o assunto. Se em algum lugar houver ainda outro costume que contribua para dar às disputas mais freqüência e vivacidade, conserve-o com diligência. 19. Tratar com o bedel. - Trate às vezes com o ajudante ou bedel, nomeado pelo Reitor, interrogue-o sobre o estado geral da aula, sobre a aplicação e aproveitamento dos externos e procure que ele se desempenhe do seu ofício com exatidão e fidelidade. 20. Progresso dos estudantes. - Com o auxílio da graça divina seja diligente e assíduo no cumprimento de todos os seus deveres, zeloso do adiantamento dos alunos tanto nas lições como nos outros exercícios escolares; não se mostre mais familiar com um aluno do que com outros; não despreze a ninguém; vele igualmente pelos estudos
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dos pobres e dos ricos; procure em particular o progresso de cada um dos seus estudantes. REGRAS DO PROFESSOR DE SAGRADA ESCRITURA 1. Especial atenção ao sentido literal. - Persuada-se que o seu principal dever é explicar com piedade, doutrina e compostura os livros divinos no seu sentido genuíno e literal para confirmar a verdadeira fé em Deus e o fundamento dos bons costumes. 2. Edição vulgata. - Entre outros pontos que deve ter em mira é de especial importância defender a versão adotada pela Igreja. 3. Observar e comparar as frases da Sagrada Escritura. - Para colher o verdadeiro sentido observe as expressões e figuras próprias das Escrituras Sagradas; e não só considere o contexto imediato do lugar que tem entre mãos mas compare também apuradamente outros lugares em que a mesma frase apresenta sentido idêntico ou diverso. 4. Textos gregos e hebreus. - Dos originais hebreus e gregos aduza o que for útil, mas com brevidade e só quando alguma diversidade entre esses textos e a vulgata latina exija conciliação ou quando os idiotismos das outras línguas contribuam para maior clareza e compreensão. 5. Uso de outras versões -Não empreenda a refutação dos erros das outras versões, assim das latinas mais recentes como da caldaica, da siríaca, da de Teodotion, Áquila e Símanaco, a menos que sejam erros importantes ou com aparência de probabilidade; como também não omita o que pode ser muito favorável à vulgata latina e aos mistérios da nossa fé, principalmente se se tratar da versão dos LXX, da qual sempre se deverá falar com respeito. 6. Seguir as explicações dos Papas e Concílios - Se os cânones dos Papas ou dos Concílios, principalmente, gerais indicam o sentido literal de alguma passagem, defendao como literal; e não acrescente outros sentidos literais apoiado em razões muito fortes. Se alegam outrossim um texto expressamente para confirmação de um dogma, ensine também que, literal ou místico, este é indubitavelmente o seu sentido. 7. Seguir as pegadas dos SS. Padres. - Siga com respeito as pegadas dos Santos Padres; se estiverem de acordo sobre uma interpretação literal ou alegórica, principalmente quando falam com clareza ou tratam expressamente da Escritura ou dogma, não se aparte desta interpretação; se, porém, não concordam, das várias explicações prefira aquela para a qual há muitos anos, e com grande consenso, parece inclinar-se a Igreja. 8. Confirmar o dogma com a Escritura. - Se houver um dogma de fé que grande número de Padres e teólogos afirma se pode provar com a Escritura, não negue esta possibilidade. 9. Não se recomendem os escritos rabínicos. -Se nos escritos dos rabinos hebreus houver alguma coisa que possa alegar-se com vantagem em favor da Vulgata ou dos dogmas católicos, alegue, mas sem recomendar-lhes a autoridade afim de que não se lhes granjeie a afeição de alguém, principalmente se forem escritores judeus posteriores a Cristo. 10. Não se ocupar com os escritos e erros dos rabinos. - No mais não se aplique a investigar as coisas dos rabinos ou a ventilar-lhes os erros, a menos que se trate dos mais célebres; siga a mesma norma em relação a certos exegetas cristãos que por eles se deixaram influenciar excessivamente. 11. Não confiar demasiadamente na pontuação. - Não confie em confie em demasia na pontuação massorética, que é invenção dos rabinos, mas considere com diligência como o nosso texto, o dos LXX e outros intérpretes antigos leram sem essa pontuação. 12. Zelo da brevidade. - Não se demore demasiadamente em cada texto da Escritura, a menos que a sua importância justifique o dispêndio de tempo e de esforço, afim de que não se proceda com muito vagar; para este fim, percorra rapidamente os lugares mais fáceis, ou os omita. 13. Não tratar as questões com método escolástico. - Não trate com método escolástico as questões próprias da Sagrada Escritura.
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14. Não se demorar na cronologia. - Não se detenha muito tempo em investigar questões de cronologia ou de geografia da terra santa ou outras menos úteis, a menos que a passagem o exija; bastará indicar os autores que tratam amplamente estes assuntos. 15. Aplicações alegóricas e morais. - Não passe em silêncio as aplicações alegóricas e morais, invulgares, nascidas espontaneamente do sentido literal, engenhosas e perspicazes. Quanto às outras, indique apenas os santos padres onde se poderão encontrar. 16. Evitar controvérsias. Se deparar com um texto controvertido entre nós e os hereges ou alegado nas discussões teológicas pelos dois partidos, limite-se a mostrar com gravidade, porém, e vigor, principalmente contra os hereges, a sua importância para a solução do debate; omita o mais, para, lembrado de seu ofício, não ultrapassar os limites de um professor de Escritura Sagrada. 17. Antigo e Novo Testamento em anos alternados. -Em anos alternados, interprete o Novo e o Antigo Testamento, a menos que, algumas vezes, não se julgue melhor outra ordem. 18. Cada ano, um livro novo. — A explicação de um livro iniciado num ano, não se deve prolongar no seguinte, a não ser por motivo grave; e não volte a interpretar o mesmo livro senão depois de explicados os livros mais importantes. 19. Repetições e lições em casa. - Além das repetições feitas em casa uma vez por semana, haja também de quando em quando lições no refeitório em conformidade com as prescrições do Reitor. 20. Lições Públicas. - Em lugar da lição ordinária designe-se às vezes um aluno que interprete, em forma elegante e desenvolvida, algum dos passos mais importantes da Sagrada Escritura. Terminada a exposição, um ou outro dos discípulos poderá formular objeções, que, porém, só deverão ser tiradas dos vários passos da Escritura, dos idiotismos de linguagem ou das interpretações dos SS. Padres. REGRAS DO PROFESSOR DE LÍNGUA HEBRÁICA 1. Fidelidade da interpretação. - Considere como ponto de máxima importância interpretar com a maior fidelidade o texto primitivo da Sagrada Escritura. 2. Defesa da Vulgata. Entre outros pontos que deve ter em mira, considere a defesa da versão adotada pela Igreja. 3. Unir o estudo da gramática ao texto. — No princípio do ano explique os primeiros rudimentos da gramática; em seguida, continuando as outras regras, interprete algum dos livros mais fáceis da Sagrada Escritura. 4. Atenção especial às palavras. — Enquanto interpretar os livros sagrados, não se aplique tanto a explicar o conteúdo e o pensamento quanto a chamar a atenção sobre a força e o sentido das palavras, os idiotismos da língua e os preceitos da gramática, de acordo com o uso genuíno dos autores. 5. Suavizar a aspereza da língua. Procure enfim ensinar de modo que suavize, com sua arte, a estranheza e, dificuldade que alguns encontram no estudo desta língua. REGRAS DO PROFESSOR DE TEOLOGIA [ESCOLÁSTICA] 1. Fim. - Persuada-se que é seu dever unir a sutileza bem fundada no argumentar com fé ortodoxa e a piedade, de modo que aquela sirva a estas. 2. Seguir Santo Tomás. - Em teologia escolástica sigam os nossos religiosos a doutrina de Santo Tomás; considerem-no como seu Doutor próprio, e concentrem todos os esforços para que os alunos lhe cobrem a maior estima. Entendam, porém, que se não devem adstringir de tal modo a Santo Tomás, que lhes não seja permitido em cousa alguma apartar-se dele, uma vez que os que de modo especial se professam tomistas por vezes dele se afastam e não seja justo se liguem os nossos religiosos a Santo Tomás mais estreitamente do que os próprios tomistas.
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3. Com algumas exceções. - Por isso, no que respeita à Concepção da Virgem Maria e à solenidade dos votos, sigam a opinião mais comum em nossos dias e mais geralmente recebida entre os teólogos. Nas questões puramente filosóficas ou ainda nas que se relacionam com a Escritura e o Direito Canônico é também permitido seguir outros autores que mais ex-professo trataram esses assuntos. 4. Escolha da opinião nas questões duvidosas. - Quando for duvidosa a opinião de Santo Tomás, ou, nas questões que ele talvez não tratou, divergirem os doutores católicos, assiste-lhe o direito de opção, como foi dito nas regras comuns, regra 5a. 5. Cuidado da fé e da piedade. No ensino procure antes de tudo robustecer a fé e alimentar a piedade. Por isso, nas questões que Santo Tomás não tratou expressamente, ninguém ensine cousa alguma que não esteja em harmonia com o sentir da Igreja e as tradições recebidas ou que, de qualquer maneira tenda a enfraquecer os fundamentos da sólida piedade. Assim, não rejeite os argumentos, ainda só prováveis, que se costumam alegar para provar as cousas da fé, nem temerariamente proponha novos, se não baseados em princípios solidamente estabelecidos. 6. Não defender opiniões que ofendem os católicos -Se souber de alguma opinião, seja qual for o seu autor, que escandaliza gravemente os católicos de uma região ou escola, aí não as ensine nem as justifique. Onde não está em jogo a doutrina da fé ou a integridade dos costumes, exige a caridade prudente que os nossos religiosos se acomodem àqueles com quem vivem. 7. Curso de teologia em 4 anos. O curso inteiro de teologia deve concluir-se em quatro anos. Se, portanto, forem dois os professores de teologia escolástica: Divisão das questões: §1. O primeiro explique no primeiro ano as 43 questões da primeira parte da Suma, no seguindo, a matéria relativa aos anjos e as 21 questões da primeira subdivisão da segunda parte; no terceiro, da questão 55 ou 71 até o fim da primeira subdivisão da segunda parte; no quarto, o que se refere à fé, esperança e caridade, da segunda subdivisão da segunda parte. §2. O segundo professor explição no primeiro ano, da segunda subdivisão da segunda parte, as questões relativas e à justiça e ao direito, e as mais importantes sobre a virtude da religião; no segundo, da terceira parte, as questões da encarnação e, se puder, ao menos os pontos principais dos Sacramentos em geral; no terceiro, o Batismo e a Eucaristia e, se possível, alguma cousa, da Ordem e da Confirmação; no quarto ano, a Penitência e o Matrimônio. §3. Onde forem três os professores de teologia, o primeiro explique, no primeiro ano, 26 questões da primeira parte; no segundo, as questões restantes que puder, dá mesma parte; no terceiro, o que puder da primeira subdivisão da segunda parte antes da questão 81; no quarto ano, o resto da subdivisão da segunda parte. §4. O segundo, no primeiro ano, explique da segunda subdivisão da segunda parte as controvérsias sobre a Escritura, as tradições, a Igreja, os Concílios e o Romano Pontífice; no segundo, as questões da fé, esperança e caridade; no terceiro, as questões da justiça e do direito, da restituição da usura e dos contratos, quanto puder; no quarto, o que não foi explicado dos contratos, e o que trata Santo Tomás sobre a vida religiosa e os estados de vida. §5. O terceiro, no primeiro ano, as questões da Encarnação; no segundo, dos sacramentos em geral, do Batismo e da Eucaristia; no terceiro, da Penitência e do Matrimônio; no quarto, das censuras eclesiásticas e dos demais sacramentos. 8. Explicar todas as questões de cada ano. Das questões que lhe foram prescritas para cada ano, explique-as todas no ano indicado; se não lhe for possível concluir alguma, omita-a de todo em vez de transferi-la para o ano seguinte e remeta os alunos a um determinado autor. 9. Questões que se devem omitir. Para que possa adiantar com mais facilidade na teologia escolástica, é bom que se abstenha, quanto possível, de algumas classes de questões, principalmente das quatro seguintes: §1. As próprias da Sagrada Escritura. Uma classe inclui as questões ou comentários próprios da Sagrada Escritura; deixe-as ao professor desta disciplina. §2. As controvérsias. - A segunda classe compreende as questões controvertidas contra os hereges; quando ocorrem, na Suma de Santo Tomás, tratem-nas com o
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método escolástico de preferência ao histórico; contentem-se com provar cada tese com dois ou três argumentos sólidos; reduzam também a nada, aproximadamente com o mesmo número de razões, as principais calúnias dos hereges; mas indiquem em todos estes pontos um autor no qual possa cada um encontrar outras informações que desejar. §3. As filosóficas. — A terceira classe entende com as questões filosóficas que não deverão tratar expressamente nem discutir, mas reportar-se a elas como já tratadas por outrem. §4. Os Casos de Consciência. À quarta classe pertencem os casos de consciência. Contentem-se neste ponto com alguns princípios gerais da moral que se costuma debater com método teológico e deixem a aplicação mais sutil e minuciosa dos casos. 10. Evitar repetições. - Se alguma vez Santo Tomás trata a mesma dificuldade em vários artigos, sobretudo de questões diferentes, não repitam duas vezes a mesma cousa; poderão reduzir estes artigos a uma só questão ou, se o assunto não requer explicação mais ampla, compendiá-los, como se dirá claramente adiante no Catálogo das questões anexo a estas regras; em cada artigo, porém, não se omita cousa alguma digna de atenção. 11. Como explicar Santo Tomás. - Percorram rapidamente os artigos fáceis. Lido o título, indiquem em poucas palavras a conclusão de Santo Tomás ou digam: Santo Tomás responde negando ou afirmando. Nos mais difíceis, porém, proceda-se mais ou menos nesta maneira e ordem: explique-se primeiro o título do artigo se for um tanto obscuro; exponha-se em seguida, se houver, a distinção de cujos membros derivam as conclusões; depois, estabeleça-se a primeira conclusão de Santo Tomás e, a seguir, as outras; a cada uma das conclusões, se não for evidente, acrescente-se algumas das suas razões, e estas também se expliquem de modo que entendam os alunos como, nas distinções e razões de Santo Tomás, há muitas vezes maior força do que à primeira vista possa parecer. 12. Evite longos tratados - Explicado o artigo, se a matéria o exigir, abra sobre ele uma questão, mas não se desenvolva um longo tratado a não ser em assuntos que não se encontram em Santo Tomás ou, se se encontram, com grande vantagem se explicam resumidamente. 13. Defender Santo Tomás, ou omitir a questão. Não basta referir as opiniões dos doutores e calar a própria; defenda, como se disse, a opinião de Santo Tomás ou omita a questão. 14. Disputas mensais. - Nas disputas mensais, nas quais serão tantos os defendentes quanto os professores, sejam três os argüentes de manhã e outros tantos de tarde, e cada um argua contra todos os defendentes, e, se nada houver em contrário, o que respondeu de manhã em primeiro lugar, responda em segundo de tarde. REGRAS DO PROFESSOR DE CASOS DE CONSCIÊNCIA, (de teologia moral) 1. Fim. - Consagre todos os seus esforços, toda a sua habilidade em formar bons párocos ou administradores dos Sacramentos. 2. Divisão da matéria. O primeiro professor explique em dois anos todos os sacramentos e censuras e também os estados de vida e deveres do estado; o segundo também em dois anos, explique o Decálogo; no 7o. Mandamento ocupe-se com a doutrina dos Contratos, passando rapidamente por cima dos menos importantes ou acessórios com a deposição, degradação, magia e cousas semelhantes. 3. Em que medida deverá abster-se de questões teológicas. -Ainda que importe abster-se das questões teológicas que praticamente não têm relação necessária com os casos, convirá, contudo tratar às vezes brevemente alguns pontos de teologia de que depende a doutrina dos casos, como a natureza e as espécies de caráter, a noção de pecado mortal e venial, de consentimento e outras semelhantes. 4. Disposição e método das questões. - Sem forma escolástica, cada problema será tratado por perguntas e respostas; como prova, escolham-se duas ou três razões no máximo; não se acumulem autoridades em demasia; a cada regra ou preceito geral siga-se como exemplo, mais ou menos, três casos particulares.
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5. Indicar as opiniões prováveis. - Prove as suas opiniões, de modo, porém, que, se houver outra provável e defendida por bons autores, indique-a também como provável. 6. Disputa semanária. Aos sábados, omita-se a lição e durante duas horas ou pouco menos, a juízo do Provincial e de acordo com o número de alunos, haja disputa na aula em presença do professor sobre as teses explicadas. Nesta disputa siga-se de preferência o método de perguntas de modo que se peça a explicação de alguma dificuldade ou se proponha um novo caso mudada alguma circunstância, ou se alegue um cânon ou a opinião de um doutor eminente como objeção a alguma tese, ou ainda, para dar mais dignidade, institua-se uma breve argumentação. Nisto, porém, não se passe a medida muito inferior à que se costuma entre os estudantes de filosofia. 7. Forma da Conferência doméstica de casos. — Se por ordem do Provincial e disposição do Reitor houver que presidir a conferência doméstica dos casos de consciência atenha-se à ordem seguinte. Proponha primeiro a matéria que será discutida, e às vezes alguma cousa prática, conto do modo de interrogar o penitente, de prescrever o remédio e a penitência ou outros assuntos semelhantes. Em seguida, explique as divisões principais da matéria e os seus princípios fundamentais de modo que dê um conhecimento geral e projete luz sobre todos os pontos a serem tratados. Por último, escolha, sobre a matéria, três ou quatro casos que deverão ser afixados no local da conferência com a indicação do dia em que serão discutidos. 8. Estudo privado. - Sobre estes casos propostos consultem alguns, em estudo privado, os autores que lhe indicar o presidente. 9. Exposição e discussão das opiniões. - Uma vez reunidos, convirá que exponha cada um, com a maior brevidade, quanto encontrou no autor que lhe foi indicado; em seguida interrogue o que preside a três aproximadamente (que é bom sejam avisados com antecedência, e mudem de uma vez para outra) que lhes parece do primeiro caso; por fim, das opiniões propostas colija a mais segura e provável. Na mesma ordem e com o mesmo método discuta o segundo caso e os demais. Depois de explicados assim os casos pelo que preside, com a máxima brevidade e pelo modo a ser observado nas discussões de casos, proponham-se as dificuldades sobre o assunto; responderá um dos indicados com antecedência e ele, concluindo, exporá a opinião verdadeira. 10. Matéria extraordinária das conferências. - Se o alguém ocorrer alguma questão fora da matéria ordinária da conferência, indique-a, se possível, ao presidente para que se discuta na conferência seguinte. REGRAS DO PROFESSOR DE FILOSOFIA. 1. Fim. — Como as artes e as ciências da natureza preparam a Inteligência para a teologia e contribuem paro a sua perfeita compreensão e aplicação prática e por si mesmas concorrem para o mesmo fim, o professor, procurando sinceramente em todas as cousas a honra e a glória de Deus, trate-as com a diligência devida, de modo que prepare os seus alunos, sobretudo os nossos para a teologia e acima de tudo os estimule ao conhecimento do Criador. 2. Como seguir Aristóteles. - Em questão de alguma importância se afaste de Aristóteles, a menos que se trate de doutrina oposta à unanimemente recebida pelas escolas, ou, mais ainda, em contradição com a verdadeira fé. Semelhantes argumentos de Aristóteles ou de outro filósofo, contra a fé, procure, de acordo com as prescrições do Concílio de Latrão, refutar com todo vigor. 3. Autores infensos ao Cristianismo. -Sem muito critério não leia nem cite na aula os intérpretes de Aristóteles infensos ao Cristianismo; e procure que os alunos não lhes cobrem afeição. 4. Averrois. - Por essa mesma razão não reúna em tratado separado as digressões de Averrois (e o mesmo se diga de outros autores semelhantes) e, se alguma cousa boa dele houver de citar, cite-a sem encômios, quando possível, mostre que hauriu em outra fonte. 5. Nâo se filiar em seita filosófica. - Não se filie nem a si nem a seus alunos em seita alguma filosófica como o dos Averroistas, dos Alexandristas e semelhantes; nem
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dissimule os erros de Averrois, de Alexandre e outros, antes tome daí ensejo para com mais vigor diminuir-lhes a autoridade. 6. Santo Tomás.- De Santo Tomás, pelo contrario, fale sempre com respeito; seguindo-o de boa vontade todas as vezes que possível, dele divergindo, com pesar e reverência, quando não for plausível a sua opinião. 7. Curso de filosofia de três anos.- Ensine todo o curso de filosofia em não menos de três anos, com duas horas diárias, uma pela manhã outra pela tarde, a não ser que em alguma universidade se oponham os seus estatutos. 8. Quando se deve concluir.- Por esta razão não se conclua o curso antes que as férias do fim do ano tenham chegado ou estejam muito próximas. 9. O que se deve ensinar ou omitir no primeiro ano. §1. No primeiro ano explique a Lógica, ensinando-lhe o mesmo no primeiro trimestre, menos ditando do que explicando os pontos mais necessários por Toledo ou Fonseca. §2. Nos prolegômenos da lógica discuta somente se é ciência, qual o seu objeto, e alguns pontos sobre os gêneros e as espécies; a discussão completa sobre as idéias Universais remeta-as para a metafísica, contentando-se aqui de noções elementares. §3. Sobre os predicamentos exponha os pontos mais fáceis como, mais ou menos, se acham em Aristóteles, o mais remeta para o ultimo ano; quanto, porém, à analogia e à relação, que ocorrem com muita freqüência nas disputas, trate na lógica o que for necessário. §4. Dê um rápido sumário do 2o. livro e dos dois primeiros livros da Analytíca priora com exceção dos oito ou nove primeiros capítulos do primeiro livro; exponha, porém, as questões com eles relacionadas, mas muito brevemente a relativa aos contingentes na qual não trate cousa alguma sobre o livre arbítrio. §5. Afim de que o segundo ano possa consagrar-se inteiramente à Física; no fim do primeiro ano desenvolva de modo mais completo o tratado da ciência, e nele incluam quase toda a introdução à física como a divisão das ciências, abstração, especulativo e prático, subalternação, diferença de métodos da física e da matemática, de que trata Aristóteles no 2o. livro dos Físicos, e por fim tudo o que acerca da definição se encontra no 2o. livro de Anima. §6. Quanto ao conteúdo do livro do Tópicos e de Sofisticís Elenchis, é preferível que o disponha em melhor ordem e explique sumariamente no princípio da lógica. 10. No segundo ano. §1. No segundo ano os oito livros Physicorunt, os livros De Cœlo e o primeiro De generatione. Dos oito livros Physicorum dê sumariamente os textos do livro 6o. e 7o. e do 1o. a começar do ponto em que refere as opiniões dos antigos. No livro 8o. nada exponha do número das inteligências nem da liberdade, nem da infinidade do primeiro motor. Estas questões serão discutidas na metafísica e somente segundo a opinião de Aristóteles. §2. O texto do 2o., 3o. e 4o. livro De Cœlo deverá ser dado brevemente e em grande parte omitido. Nestes livros só se tratem algumas poucas questões sobre os elementos; sobre o Céu, as que se referem à sua substância e influências; as outras deixem-se ao professor de matemática ou reduzam-se a compêndio. §3. Os livros meteorológicos percorram-se nos meses de verão na última hora da tarde pelo professor ordinário, se possível, ou, se parecer mais conveniente, por um professore extraordinário. 11. No terceiro ano. §1. No terceiro ano explicará o livro segundo de Generatione, os livros De Anima e os Metafísicos. No primeiro livro De Anima passe rapidamente por cima das opiniões dos filósofos antigos. No segundo, explicado o que se refere aos órgãos dos sentidos, não faça digressões sobre a Anatomia e outros assuntos pertencentes ao estudo da medicina. §2. Na metafísica passem-se por cima as questões relativas a Deus e ao mundo das inteligências que, ou de todo ou em grande parte, dependem das verdades ensinadas por divina revelação. Explique com cuidado o proêmio e o texto do livro 7o. de do 12o. dos outros livros escolham-se, em cada um, os textos principais, como fundamento das questões que pertencem à metafísica.
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12. Estima do texto de Aristóteles. - Ponha toda a diligencia em interpretar bem o texto de Aristóteles; e não dedique menos atenção à interpretação do que às próprias questões. Aos seus alunos persuada que será incompleta e mutilada a filosofia dos que ao estudo do texto não liga nem grande importância. §1. Que textos se devem explicar e como. — Todas as vezes que deparar com textos célebres e muitas vezes citados nas disputas, examine-os cuidadosamente, conferindo entre si as interpretações mais notáveis afim de que, do exame do contexto, da força dos termos gregos, da comparação com outros textos, da autoridade dos intérpretes mais insignes e do peso das razões, se veja qual deve ser preferida, examinem-se por fim as objeções que, se por um lado não devem esmiuçar demasiadamente, por outro, não se deverão omitir, se têm certa importância. 14. Escolha a ordem das questões. — Escolha com muito cuidado as questões; as que não se prendem imediatamente ao pensamento principal de Aristóteles, mas derivam ocasionalmente de algum axioma por ele referido de passo, se em outros livros se tratam expressamente para eles as remeta, do Contrário explique-as logo em seguida ao texto que as sugerir. 15. As questões a ser introduzidas entre os textos. - As questões que por si pertencem à matéria da qual disputa Aristóteles não se tratem senão depois de explicados todos os textos que ao assunto se referem, no caso em que se possam expor em uma ou duas lições. Quando, porém, se estendam mais como são os relativos aos princípios, às causas, ao movimento, então nem se espraie em longas dissertações nem antes das questões se explique todo o texto de Aristóteles, mas de tal modo com elas se combine que depois de uma série de textos se introduzam as questões com elas relacionadas. 16. Repetição na aula. No fim da aula, alguns alunos, cerca de dez, repitam entre si por meia hora o que ouviram e um dos condiscípulos, da Companhia, se possível, presida à decúria. 17. Disputas mensais. - Cada mês haja uma disputa na qual arguam não menos de três, de manhã e outros tantos, de tarde; o primeiro, durante uma hora, os outros, durante três quartos de hora. Pela manhã, em primeiro lugar dispute um teólogo (se houver teólogos em número suficiente) contra um metafísico, um metafísico contra um físico, um físico contra um lógico; de tarde, porem, metafísico contra metafísico, físico contra físico, lógico contra lógico. Assim também pela manhã um metafísico e pela tarde um físico poderão demonstrar uma e outra tese breve e filosoficamente. 18. Disputas durante o estudo da lógica. Enquanto o professor explica o resumo da lógica, nem ele nem os alunos assistam a estas disputas. Mais, na primeira e na segunda semana aproximadamente não deverão os lógicos disputar, contentando-se com simples exposição da matéria, em seguida, poderão na aula defender algumas teses aos sábados. 19. Disputas solenes. Onde só houver um professor de filosofia, organize algumas disputas mais solenes três ou quatro vezes no ano, em dia festivo ou feriado, e dê-las certo brilho e aparato convidando outros religiosos e professores para argüir, afim de despertar um entusiasmo proveitoso aos nossos estudos. 20. Rigor na forma da disputa. Desde o início da lógica, se exercitem os alunos de modo que de nada se envergonhem tanto na disputa como de se apartar do rigor da forma; e cousa alguma deles exija o professor com mais severidade do que a observância das leis e ordem da argumentação. Por isto o que responde repita as proposições acrescentando “nego” ou “concedo” “a maior, a menor, a conseqüência”. Algumas vezes poderá também distinguir, raras, porém, acrescente explicações ou razões, sobretudo quando lhe não são pedidas. REGRAS DO PROFESSOR DE FILOSOFIA MORAL. 1. Oficio. Saiba que seu dever é não fazer digressões para questões teológicas, mas, seguindo brevemente o texto, explicar com doutrina e solidez os capítulos principais da ciência que se encontram nos livros da Ética de Aristóteles.
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2. Tempo da lição. — Onde as lições de ética não são dados pelo mesmo professor do curso de filosofia, o que ensina ética explique aos estudantes de metafísica as questões mais importantes dessa ciência, todos os dias, durante 3/4 de hora ou 1/2 hora. 3. Repetição. Ao menos de quinze em quinze dias haja uma repetição de ética, no tempo assinado pelo Reitor, ainda que para esse fim se devesse suprimir uma repetição de metafísica. 4. Teses. - Quando os alunos de metafísica realizam as suas disputas, ou privadas em casa ou mensais na aula, acrescentem sempre às teses alguma proposição de ética, contra a qual o estudante de metafísica que argui deverá formular objeções por um quarto de hora. REGRAS DO PROFESSOR DE MATEMÁTICA 1. Autores, tempo, alunos de matemática. — Aos alunos de física explique na aula durante 3/4 de hora os elementos de Euclides; depois de dois meses, quando os alunos já estiverem um pouco familiares com estas explicações, acrescente alguma cousa de Geografia, da Esfera ou de outros assuntos que eles gostam de ouvir, e isto simultaneamente com Euclides, no mesmo dia ou em dias alternados. 2. Problema. - Todos os meses, ou pelo menos de dois em dois meses, na presença de um auditório de filósofos e teólogos, procure que um dos alunos resolva algum problema célebre de matemática; e, em seguida, se parecer bem, defenda a solução. 3. Repetição. - Uma vez por mês, em geral num sábado, em vez da preleção repita-se publicamente os pontos principais explicados no mês. REGRAS DO PREFEITO DE ESTUDOS INFERIORES (= ginasiais) 1. Fins. — Entenda que seu ofício é ajudar, por todos os meios, ao Reitor na direção e orientação das nossas escolas de modo que os seus alunos aproveitem não menos na virtude do que nas letras (Const. p. 4, e. 7, n. 1; c. 16, nº.4). 2. Subordinação ao Prefeito Geral. - No que se refere à disciplina, consulte só ao Reitor; no que concerne aos estudos também ao Prefeito Geral dos Estudos; não se afaste das suas prescrições; não suprima nenhum costume estabelecido, nem introduza novos. 3. Aprovação do que se houver de declamar. - À revisão do Prefeito de estudos submeta tudo o que, em casa ou fora, houverem de declamar em público os estudantes de retórica e das classes inferiores. As divisas, porém, e as poesias que, nos dias mais solenes, se expõem em lugares públicos deverão ser lidas integralmente por dois Padres designados pelo Reitor, e, entre elas escolhidas as melhores. 4. Acompanhe e auxilie os mestres. - Tenha as regras dos mestres das escolas inferiores e dos seus alunos e procure que sejam observadas como as suas. 5. Uniformidade no modo de ensinar. - Zele com grande empenho para que os professores novos conservem o método de ensino dos seus predecessores, bem como os outros costumes não alheios ao nosso regime escolar afim de que os externos não se queixem da mudança freqüente dos professores. 6. Visitas das aulas. - Ao menos de quinze em quinze dias entretenha-se com cada um dos professores; observe se ao ensino da doutrina cristã dão o tempo e cuidado devido. Se progridem, como convém, na preparação e repetição das lições; se, enfim, em todas as suas relações com os alunos se portam com distinção e louvor. 7. Dias feriados e mudança de horário. - Indague com tempo e comunique aos professores os dias festivos e feriados, comuns a todas as províncias ou peculiares à sua, principalmente semanais; bem assim as horas em que deverão começar e terminar as aulas em cada estação; e ainda o tempo em que deverão os alunos ir às orações públicas ou outras devoções ou qualquer outra cousa extraordinária que se lhes devem recomendar ou proibir. 8. §1. Cinco séries. - Evite que as cinco séries de que constam os cursos inferiores, a saber, Retórica, Humanidade e as três classes de Gramática, de modo algum se misturem; assim, se alguma classe, por causa do número avultado de alunos, for
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desdobrada por ordem do Provincial, as duas conservem o mesmo grau; e se numa classe se estabelecerem várias subdivisões, correspondam aos graus que se descrevem nas regras dos professores. §2. Divisão da gramática em 3 livros. — E para que melhor e com mais facilidade se conserve esta distinção, dividam-se todos os preceitos do P. Manuel Á1vares (1832, daGramática) em três livros, cada um dos quais corresponda a uma série. O primeiro livro, para a classe inferior, abrangerá o 1º livro do P. Alvarez e uma breve introdução à sintaxe tirada do segundo. O segundo livro, para a classe média, compreendera o livro segundo do P. Alvarez sobre a construção das oito partes do discurso até às figuras e alguns apêndices mais fáceis. O terceiro livro, para a classe superior, abraçará do livro segundo os apêndices mais elevados e da construção figurada até ao fim e o livro terceiro sobre a medida das sílabas. Divisão semelhante a esta, em três partes correspondentes às três séries, deverá, outrossim, ser feita pelas províncias que seguem outro método, diferente do da Romana. §3. Subdivisão da classe inferior. — No primeiro semestre deverá o mestre percorrer todo o livro de sua classe, e no segundo, repeti-lo desde o começo. Como, porém, o livro da classe inferior pe demasiado extenso para poder ser explicado e repetido todo num só ano, deverá dividir-se de dois modos. Conviria em primeiro lugar só admitir alunos bem instruídos na primeira parte de modo que a segunda parte pudesse ser explicada e repetida para todos num só ano, como nas outras classes. Onde, porém, não for isto possível, a classe inferior deverá subdividir-se em duas subclasses, a uma das quais se explicará mais ou menos no primeiro semestre a primeira parte do livro, à outra a segunda; no segundo semestre as duas partes serão repetidas desde o começo. Onde se desdobrar assim a classe em subclasses um professor poderá ensinar a subclasse inferior, outro, a superior. §4. Vantagem da repetição. — Esta repetição apresenta duas vantagens: a primeira, a de fixar mais profundamente o que foi percorrido várias vezes; a outra, de permitir aos bem dotados, que terminem o curso maus rapidamente que os outros, possibilitando-lhes a promoção cada semestre. §5. Colégio de cinco séries. — Onde, portanto, houver cinco séries conserve-se em cada uma o seu grau, conforme ficou dito nas regras dos mestres, e em nenhuma delas, cuja exceção da inferior, se admitam duas subdivisões. §6. De quatro. — Onde houver quatro séries, ou, suprimida a Retórica, as outras quatro não diferirão das descritas acima, ou, o que parece melhor, a última seja de retórica e observe o grau descrito nas regras do professor de retórica, a segunda seja de Humanidades e siga o grau indicado nas regras do respectivo professor; a terceira desdobre-se em duas subdivisões, uma correspondente à classe superior de gramática, a outra a média: a quarta enfim corresponderá à classe inferior de gramática e poderá desdobrar-se em duassubdivisões, Como se diz nas suas regras. Se só se admitir a subdivisão superior, a terceira série só terá um grau, o da gramática superior, a quarta, porém, terá dois, o da gramática média e inferior. §7. De três. - Onde houver três séries, as duas inferiores conservem o grau acima descrito para as duas últimas do Colégio de quatro séries; a última, porem, seja só de humanidades ou se desdobre em duas subdivisões, correspondentes a mais elevada à Retórica, a outra à Humanidade. Não se introduza, porem, o grau mais elevado sem consultar o Reitor, quando houver número suficiente de alunos dele capazes e com a condição de que o Professor de modo algum falte com o zelo e o cuidado devidos à subdivisão inferior.. §8. De duas. - Onde houver duas séries, a inferior subdivida-se em duas, correspondentes à classe média de gramática e à subdivisão mais elevada da classe ínfima; a superior subdivida-se também em outras duas equivalentes, uma classe superior de Gramática, outra a Humanidade. §9. Repetição nas classes subdivididas. - Nas aulas em houver duas subdivisões, a repetição da matéria anual será para ambas a mesma, indicada no § 3. Onde for possível que para uma e outra no primeiro semestre se explique a parte respectiva, e no segundo se repita, os alunos, permanecendo dois anos na mesma classe, progrediriam
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tanto como se estivessem em duas classes, cada uma das quais correspondesse ao grau de cada urna das subdivisões. Onde, porém, parecer mais difícil esta disposição, empregar-se-á ainda assim mais tempo. §10. O que nelas haverá de comum, e de próprio. - Para que se possa conseguir este resultado, nas classes subdivididas, tudo será comum a todos os alunos, exceto a explicação da gramática. Antes de tudo, comum será a leitura de Cícero de modo que as cousas mais fáceis se perguntem ao grupo menos adiantado, as mais difíceis ao outro. Poder-se-á também ditar um só tema de tradução de modo que subdivisão mais adiantada o escreva todo, a outra, só a primeira parte mais adaptada às regras que lhe foram explicadas. Comuns enfim a todos poderão ser quase sempre, os exercícios e desafios. Sendo, portanto, diferente unicamente a lição de gramática, poderá ser explicada e repetida ou em dias alternados a cada grupo, ou diariamente em tempos diversos. 9. Novos alunos. - Não receba, quanto possível, entre os alunos, quem não seja acompanhado pelos pais ou pessoas por eles responsáveis, ou quem não conheça pessoalmente ou sobre o qual não possa com facilidade colher informações de pessoas conhecidas. Por pobre ou de condição modesta ninguém deverá ser excluído. 10. Exames de admissão. - Aos novos candidatos examine mais ou menos do seguinte modo: pergunte que estudos fizeram e até que ponto; passe em seguida, para cada um separadamente, um trabalho escrito sobre um assunto dado. Interrogue algumas regras das classes que estudaram; proponha algumas frases ou para se verterem em latim, ou, se for mister, para se traduzirem de algum autor clássico. 11. Admissão. - Os que verificar que estão bem instruídos e são de bons costumes e boa índole, admita; dê-lhes a conhecer as regras dos nossos estudantes para que saibam como se deverão comportar. Aponte em livro especial o nome, cognome, pátria, idade, pais ou responsáveis; se algum dos condiscípulos lhe conhece acaso; e note ainda o dia e ano em que foram admitidos. Por último, determine-lhe a classe e o professor que lhe convêm, de modo que lhe pareça mais haver merecido uma classe mais elevada do que se achar abaixo daquela em que foi colocado. 12. Os que se não devem admitir. - Na última classe, de regra, não admita rapazes já crescidos nem crianças muito novas, a menos que sejam notavelmente bem dotados mesmo se os pais os houvessem enviado só para terem uma boa educação. 13. Promoção. - A promoção geral e solene far-se-á uma vez no ano, depois das grandes férias. Se um ou outro porém, se distinguir notavelmente e mostrar que fará mais progressos na classe superior do que na sua (o que se poderá averiguar pela inspeção da pauta e parecer do professor), não se retenha, mas em qualquer época do ano, mediante exame, seja promovido, da primeira classe de Gramática, porem, para as de humanidades, por causa da métrica, que se explica no segundo semestre, e da classe de Humanidades para a de Retórica, por causa de compêndio de Cipriano [Soares], só por exceção poderá alguém ser promovido. 14. Exame escrito. - Para o exame em todas as classes haja um, ou se for mister, dois trabalhos de prosa; na classe superior de Gramática e na de Humanidades também um de poesia , e, se parecer melhor, após intervalo de alguns dias, uma prova de grego. 15. Promulgação das normas de exame. - Providencie, para que, com a antecedência de dois ou três dias, os professores anunciem a matéria da prova escrita e leiam em todas as classes as normas do exame indicadas no fim destas regras. 16. Presidência do Prefeito. - À prova escrita presida o próprio Prefeito de estudos ou substituto que ele designar. No dia para ela marcado, dado o sinal, indique a matéria, que deve ser antes breve que longa. 17. Entrega das provas aos examinadores. - Conserve consigo as composições reunidas em pacote, por ordem alfabética e, se não houver impedimento, distribua entre os examinadores para que, se parecer bem, leiam e notem os erros à margem. 18. Examinadores. - Deverão ser três os examinadores. Um deles será, por via de regra, o próprio Prefeito; os outros dois serão escolhidos pelo Reitor com o Prefeito entre pessoas versadas nas boas letras e, possivelmente, não professores. A decisão será tomada por maioria dos três sufrágios. Se for elevado o número de alunos, nada impede que se constituam duas ou mais comissões ternárias de examinadores.
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19. Número dos examinandos. - Os alunos sejam chamados em grupos de três, ou mais, principalmente nas classes inferiores e outros tantos sejam em seguida enviados pelo mestre em ordem alfabética ou outra mais conveniente. 20. Pautas do professor. - Os examinadores, antes de tudo, percorram a pauta do professor e nela verifiquem as notas atribuídas a cada aluno, que se aproxima do exame e, se for mister, compare com as pautas anteriores do mesmo ano para que melhor se veja o progresso que cada qual fez ou poderá fazer. 21. Processo do exame. - O exame se processará do seguinte modo: primeiro, leia cada qual uma parte de sua composição, se se julgar conveniente, ordene-se-lhe, em seguida, que corrija os erros, dando a razão de cada um e indicando a regra violada. Aos gramáticos, proponha-se, depois, a versão imediata para o latim de um trecho vernáculo e a todos se interroguem as regras e outros assuntos estudados nas classes respectivas. Por último, se for necessário, exija-se uma explicação breve de um trecho dos livros explanados em aula. 22. Quando se devem dar os votos. - Terminado o exame de cada grupo de três, quando esta fresca ainda a memória dos examinadores, dêem-se os votos sobre os exames feitos levando em conta a composição escrita, a nota do professor e a prova oral. 23. Sobre os duvidosos. - Para decidir acerca dos alunos duvidosos, examine o Prefeito os trabalhos escritos, cada dia, durante alguns períodos de tempo, consulte os mesmos examinadores se convém submetê-los a novas provas escritas e orais. Em casos de dúvida tenha-me ainda presente a idade, o tempo passado na mesma classe, o talento e aplicação. 24. Conservar secreta a decisão. - Terminado o exame, conservem-se em segredo o que foi decidido a respeito de cada aluno, a não ser a apresentação a cada professor de sua pauta, antes da leitura pública. 25. Ou ineptos. - Se se verificar que alguém é de todo inepto para ser promovido, não se atendam pedidos. Se alguém for apenas apto, mas, por causa da idade, do tempo passado na mesma classe ou por outro motivo, que deve ser promovido, promova-se com a condição, se nada a isto se opuser de que, no caso em que a sua aplicação não corresponda às exigências do mestre, seja de novo enviado à classe inferior; e o seu nome não deverá ser incluído na pauta. Se alguns, finalmente, forem tão ignorantes que não possam decentemente ser promovidos e deles nenhum aproveitamento se possa esperar na classe, entenda-se com o Reitor para que, avisados delicadamente os pais ou tutores, não continuem inutilmente no colégio. 26. Promulgação. - A lista dos promovidos deverá ser lida publicamente ou em cada classe, ou, numa só sala, a todos reunidos. Os que muito se distinguiram, entre os colegas, leia-se em primeiro lugar como uma honra, na leitura dos outros, observe-se a ordem alfabética ou a promoção. 27. Listas dos livros. - Antes da reabertura das aulas, consulte a tempo com o Reitor sobre a organização das lista de livros que, durante o ano, deverão ser explica nas nossas aulas, para que se comunique ao Prefeito Geral e aos professores. Do mesmo modo se determinem os livros ou autores que, porventura, durante o ano, deverão ser substituídos. 28. Abundância de livros. - Providencie a tempo com os livreiros públicos afim de que não venham a faltar os livros que os nossos estudantes e os de fora terão que usar diariamente ou no ano seguinte. 29. Determinação de lugares. - No princípio de cada ano, pessoalmente ou por meio dos professores, determine para cada estudante, por meio dos seus superiores para cada, aluno um pensionista, o seu lugar de aula e os confessores, a não ser que, aqui ou ali, a ordem dos lugares obedeça à ordem de formação. Aos nobres, (1832: onde houver esse costume) se assinem os lugares mais distintos; aos nossos e também a outros religiosos, se houver, bancos separados dos externos; e não consinta que, sem seu conhecimento, se introduza alguma mudança notável. 30. Tempo de estudo privado. -É de grande importância que não só aos nossos estudantes, mas também aos alunos internos e, se possível, também aos externos, o Prefeito, por meio dos Professores ou dos outros Prefeitos dos respectivos colégios, lhes determine um horário que reserve um bom tempo ao estudo privado.
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31. Nenhuma dispensa. - A não ser por motivo grave, não dispense a ninguém, sobretudo por longo tempo, da composição dos versos e do estudo do grego. 32. Declamações mensais. - Procure que as declamações mensais (festivas) dos retóricos, nas suas aulas, sejam abrilhantadas pela presença não só dos retóricos e humanistas, mas também dos alunos das classes superiores. Avise, para isso aos Professores que convidem os seus alunos; dos nossos, nenhum poderá faltar sem licença do Reitor. 33. Desafios das aulas. - Considere o tempo, o modo e o lugar em que se deverão reunir as aulas para os desafios entre si; não só prescreva com antecedência o método da discussão, mas ainda, durante o debate, procure com a sua presença que tudo proceda com fruto, modéstia e serenidade. Do mesmo modo esteja presente às declamações ou preleções que os retóricos e humanistas costumam realizar no ginásio. 34. Academias. - Afim de que mais profundamente se gravem os exercícios literários, procure, com o parecer do Reitor que, não só nas classes de Retórica e Humanidade, mas também de Gramática, se fundem Academias, nas quais, em dias certos, segundo as normas fixas indicadas no fim deste livro, se realizem, pôr turnos, preleções e outros exercícios de um bom estudante. 35. Prêmios públicos. - Lembre a tempo ao Superior a distribuição de prêmios e as declamações ou então, porventura, se devem realizar. Nesta distribuição observem-se as normas que vão indicadas no fim destas regras e deverão ser lidas em todas as classes antes das provas escritas. 36. Prêmios particulares. - Procure que, além dos prêmios públicos, os professores estimulem em suas aulas, os alunos com pequenos prêmios particulares, ou outros símbolos de vitória dados pelo Reitor do Colégio e que sejam merecidos por quem venceu o adversário, repetiu ou aprendeu de cor um livro, ou realizou algum outro esforço notável. 37. Censor ou pretor. - Segundo o costume de diferentes regiões, nomeie em cada classe um censor público, ou, se não soar bem o nome de censor, um decurião chefe ou um pretor e para que seja mais respeitado pelos condiscípulos deverá ser distinguido com algum privilégio e terá o direito de impor com a aprovação do mestre, algumas penas menores aos companheiros. Será ainda seu ofício, observar se algum discípulo passeia pelo antes do sinal, se entra em outra aula, ou deixa a própria aula ou lugar. Leve também ao conhecimento do Prefeito os que faltam cada dia; se alguém que não pe estudante entrou na aula; enfim qualquer falta cometida em aula, na ausência ou em presença do professor. 38. Corretor. - Por causa dos que faltarem ou na aplicação ou em pontos relativos aos bons costumes a aos quais não bastarem as boas palavras e exortações, nomeie-se um Corretor, que não seja da Companhia. Onde não for possível, excogite-se um modo que permita castigá-los por meio de algum estudante ou [1] de maneira conveniente. Por faltas, porém, cometidas em casa, não sejam punidos em aula a não ser raras vezes e por motivo bem grave. 39. Os que recusam a correção. - Os que não aceitarem as correções corporais ou sejam a elas constrangidos, se possível, ou se isso não puder ser convenientemente, corno no caso dos mais crescidos sejam afastados do nosso Colégio, avisando-se previamente o Reitor. Do mesmo modo se proceda com os que faltam freqüentemente às aulas. 4O. Eliminação do Colégio. - O aluno para o qual não forem suficientes nem as palavras nem a ação do Corretor e não der esperança de emenda e for de escândalo aos outros, melhor é eliminá-lo do colégio do que conservá-lo onde para ele há pouco proveito e para os outros pode haver prejuízo. Deixe-se, porém, a decisão a critério do Reitor, para que em tudo se proceda, como é de razão, para a glória e serviço de Deus. 41. Punições. - Se acontecesse algum caso em que a expulsão do colégio não parecesse reparação suficiente do escândalo dado, leve ao conhecimento do Reitor para que este veja que providência convenha ainda tomar. Na medida do possível, porém, proceda-se com espírito de doçura, conservando a paz e a caridade com todos. 42. Readmissão no colégio. - Não sejam readmitidos nos nossos colégios os que dele foram uma vez expulsos, ou, sem justa causa, espontaneamente se retiraram, sem antes consultar o Reitor, que julgará o que for conveniente.
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43. Ordem nos pátios. - Nos pátios e nas aulas, ainda superiores, não se tolerem armas, ociosidade, correrias e gritos, nem tampouco se permitam juramentos, agressões por palavras ou fatos; ou o que quer que seja de desonesto ou leviano. Se algo acontecer, restabeleça logo a ordem e trate com o Reitor do que possa perturbar e tranqüilidade do pátio. 44. Visita do pátio e das aulas. - Não só durante o tempo das aulas esteja freqüentemente no pátio ou no claustro donde se possa ver o pátio, mas ainda visite as aulas antesdo sinal de entrada e se encontre sempre na porta do pátio durante a saída geral. 45. Igreja e missa. - Procure que, na Igreja, a entrada e saída de alunos se faça sem rumor; não assistam à Missa senão acompanhados por um ou mais professores; a ela não só assistam todos, cada dia e com devoção, mas ainda dispostos com correção e ordem. 46. Confissão. - Providencie para que, nos dias e horas marcadas para as confissões dos alunos, os confessores cheguem à hora; durante o tempo das confissões entre algumas vezes na Igreja e se esforce para que os meninos se portem com modéstia, e piedade. 47. Não chamar os alunos das aulas. - Nem o próprio Prefeito, a não ser raras vezes, chame os alunos das aulas, especialmente durante o tempo da preleção; e se outros faltarem neste ponto, informe o Reitor. 48. Não se servir do trabalho dos alunos. - Não se sirva nunca nem permita que os outros se sirvam do trabalho dos alunos para escrever ou para outro fim. 49. Afixar publicamente as regras. - As regras comuns aos alunos externos, deverão ser afixadas onde possam ser lidas pelo público, e também em cada aula, em lugar patente; no começo de cada mês sejam lidas na retórica e nas outras classes inferiores. 50. Função do Prefeito Geral. - Onde não houver Prefeito de estudos superiores, torne sobre si, com a aprovação do Reitor, o cuidado de rever o que se deverá declamar em público, e também informando o Reitor de distribuir os livros aos nossos escolásticos. NORMAS DA PROVA ESCRITA. 1. Presença dos alunos. - Entendam todos que, se alguém faltar, no dia da prova escrita, a não ser por motivo grave, não será levado em consideração no exame. 2. Tempo da prova. - Venham a tempo à aula para que possam ouvir exatamente a matéria da prova e os avisos que por si ou por outrem der o Prefeito e terminem tudo dentro do horário escolar. Dado o sinal do silêncio, a ninguém será permitido falar com outros nem mesmo com o Prefeito ou com quem o substituir. 3. Preparação. - Os alunos devem trazer os livros e o mais que for necessário para escrever afim de que não seja necessário pedir cousa alguma a quem quer que seja durante a prova. 4. Forma. - A prova será adaptada ao nível de cada classe, escrita com clareza, de acordo com as palavras do ditado e de acordo com o modo prescrito. O que for duvidoso será interpretado no sentido falso; as palavras omitidas ou mudadas sem razão para evitar dificuldade, considerem-se como erros. 5. Cuidado com os que sentam juntos. - Tome-se cuidado com os que sentam juntos: porque, se porventura duas composições se apresentam semelhantes ou idênticas, tenha-se ambas como suspeitas por não ser possível averiguar qual o que copiou do outro. 6. Saída da aula. - Para evitar fraudes, se iniciada a prova, obtiver alguém, por motivo de força maior, licença para sair, deixe tudo o que escreveu com o Prefeito ou com quem no momento estiver encarregado da aula. 7. Entrega das provas. - Terminada a composição, poderá cada um, em seu lugar, rever, corrigir e aperfeiçoar, quanto quiser o que escreveu; porque, uma vez entregue a prova ao Prefeito, se depois quiser fazer alguma correção, já lhe não poderá ser restituída.
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8. Assinatura do nome. - Cada qual dobre a sua prova conforme as instruções do Prefeito, e no verso escreva em latim só o nome e cognome do autor para que mais facilmente se possam dispor todas em ordem alfabética, se preferida. 9. Conclusões da prova.- Os que se aproximam do Prefeito para a prova levem consigo os próprios livros, afim de que, uma vez entregue, se retirem logo da aula em silêncio; enquanto saem alguns, não mudem os outros de lugar, mas terminem a composição onde a começaram. 10. Tempo. - Se alguém não terminar a prova no tempo prescrito, entregue o que escreveu. Convém, por isto, que saibam todos exatamente o tempo que é dado para escrever, para copiar e para rever. 11. Apresentação aos exames. - Finalmente, quando se apresentem para o exame (oral), levem consigo os livros explicados durante o ano e sobre os quais hão de ser interrogados; enquanto é examinado um, os demais prestam toda a atenção; não façam, porém, sinais ao outros nem corrijam, se não forem perguntados. NORMAS PARA A DISTRIBUIÇÃO DE PRÊMIOS. 1. Número de prêmios. – Para a classe de Retórica haverá oito prêmios: dois para prova latina, dois para poesia; dois para prosa grega e outros tantos para poesia. Para a classe de Humanidades e a primeira classe de Gramática haverá seis prêmios, na mesma ordem, omitindo-se a poesia grega que, de regra, não ocorre abaixo da Retórica. Para todas as outras classes inferiores, quatro prêmios, omitindo-se também a poesia latina. Além disso, dê-se também, em todas as classes, um prêmio ao aluno ou aos dois alunos que melhor houverem aprendido a doutrina cristã. Conforme o número, grande ou pequeno dos estudantes, poderão distribuir-se mais ou menos prêmios, contanto que se considere sempre mais importante o de prosa latina. 2. Dias de prova. - A prova escrita de concurso deverá ser dividida em vários dias, de modo que se determine um para a prosa latina, outro para a composição de versos, e outros dois para a prosa e a poesia grega. 3. Horas marcadas. - Nos dias e horas marcadas para a prova escrita reúnam-se todos, cada qual na sua aula. 4. Saída e falar, proibidos. - Indicado o assunto da prova, antes de a terminar e entregar, ninguém saia da aula nem fale com outrem, dentro ou fora do ginásio; se for necessário sair, com licença, deixe-se tudo o que se houver escrito em mãos de quem estiver encarregado da aula. 5. Prorrogação do tempo. - Se alguém pedir prorrogação de prazo para dar melhor acabamento ao seu trabalho, poderá conceder-se-lhe o tempo que quiser contanto que não saia da aula nem vá além do pôr do sol. 6. Provas sigiladas. - Ao sair, entregue cada um ao Prefeito do Ginásio ou ao seu substituto a própria prova escrita com empenho e marcada com um sinal livremente escolhido, mas sem nome; ao mesmo entregue também outro papel, onde, com o mesmo sinal se inscreva o nome e cognome do autor, mas cuidadosamente sigilado de modo que se não possa ler o nome. 7. Conservar com cuidado os papéis. - O Prefeito conservará tudo com cuidado e fidelidade, e não abrirá os papeis que encerram os nomes antes do julgamento. 8. Julgadores. - Escolha-se três julgadores, doutos e dignos, um dos quais, se assim o pedir o costume da região, poderá ser de fora e que ignorem os autores de cada prova. Lidos todos os trabalhos escritos e diligentemente examinados, declarem, por maioria de votos e em ordem, os vencedores de cada grupo e, também, um ou dois dos que mais se aproximarem dos vencedores. 9. Forma do julgamento. - No julgamento deverá ser preferido o que escreveu com melhor estilo ainda que outros tenham escrito mais. Se alguns forem iguais na qualidade e no estilo, aos que menos escreveram preferir-se-á o que escreveu mais. Se ainda nisto forem iguais, seja vencedor o que avantaje na ortografia. Se na ortografia e no mais empataram, dê-se o premio ao de melhor caligrafia. Se em tudo forem iguais, os prêmios poderão ser divididos, multiplicados ou tirados em sorte. Se algum levar aos outros a palma em todas as espécies de composição, receberá também os prêmios de todas.
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10. Abertura do sigilo. – Terminado o julgamento, o Prefeito, na presença do Reitor e do Prefeito Geral, abra os papéis que encerram os nomes dos concorrentes com os respectivos sinais, apurem com cuidado, para evitar enganos, os nomes dos vencedores e não os comunique senão aos Professores. 11. Solenidade dos Prêmios. - No dia marcado, com a maior solenidade e assistência de convidados possível, leiam-se publicamente os nomes dos vencedores e cada um dos chamados levantar-se-á no meio da assembléia e receberá com toda a honra os seus prêmios. Se faltar alguém, sem licença dada, pelo Prefeito, por justas causas, reconhecidas pelo Reitor, perderá o direito ao premio inda que bem merecido. 12. Distribuição. – O leitor chamará um dos premiados mais ou menos com esta fórmula: “Para maior glória e progresso das letras e de todos os alunos deste ginásio, mereceu o primeiro, o segundo e o terceiro etc. prêmio em poesia latina, em poesia grega, N.” Entregue então o prêmio o premi ao vencedor, acompanhando-o geralmente com uma brevíssima estrofe adaptada à circunstância e que, se possível, será logo entoada pelos cantores. Por último leia também os nomes dos que mais se aproximaram dos vencedores, os quais se poderá distribuir também alguma distinção. 13. Penalidades contra as fraudes. – Se alguém transgredir estas normas, ou cometer alguma fraude, a sua prova seja anulada. REGRAS COMUNS AOS PROFESSORES DAS CLASSES INFERIORES. 1. Fim.- Aos jovens confiados à educação da Companhia forme o Professor de modo que aprendam, com as letras, também os costumes dignos de um cristão. (Const. p.4, c. 7, n. 2) Concentre de modo especial a sua intenção, tanto nas aulas quando se oferecer o ensejo corno fora delas, em moldar a alma plástica da juventude no serviço e no amor de Deus, bem como nas virtudes com que lhe devemos agradar. De modo particular observe o seguinte: (Const. p. 4, c. 16, n. 4) 2. Oração antes da aula. - Antes do começo da aula recite alguém uma oração breve e apropriada, que o professor e todos os alunos ouvirão atentamente de cabeça descoberta e de joelhos; ao iniciar a lição o Professor, de cabeça descoberta, faça o sinal da Cruz e principie. 3. Missa e pregação. - Procure que assistam todos à missa e à pregação; à missa diariamente, à pregação nos dias de festa. Durante a quaresma envie-os ao sermão pelo menos duas vezes na semana, ou mesmo os acompanhe, se este for o costume do lugar. 4. Doutrina cristã. - Nas classes de gramática principalmente e, se for mister, também nas outras, aprenda-se e recite-se de cor a doutrina cristã, ás sextas-feiras e aos sábados; a menos se julgasse melhor que em algum lugar os alunos novos a recitassem mais vezes. 5. Exortação. - Haja também às sextas-feiras ou aos sábados, por meia hora, uma exortação espiritual ou explicação da doutrina. Exortem-se principalmente os alunos à oração quotidiana a Deus, de modo particular à recitação diária do terço ou do oficio de Nossa Senhora; ao exame vespertino de consciência, à recepção freqüente e digna dos sacramentos da Penitência e da Eucaristia, à fuga dos maus hábitos, ao horror ao vício e finalmente à prática das virtudes dignas do cristão. (Const., p. 4. c. 7, n. 2) 6. Colóquios espirituais. - Nas conversas particulares inculque também as práticas de piedade, de modo, porém, que não pareça querer aliciar alguém a entrar na nossa Ordem; se encontrar alguém com esta inclinação, encaminhe-o para o confessor. 7. Ladainhas e devoção a Nossa Senhora. - Nos sábados à tarde mande rezar na aula as ladainhas de Nossa Senhora, ou, se for costume, leve os alunos à igreja para ouvi-las com os outros; aos seus discípulos aconselhe com empenho a devoção à mesma Virgem e ao Anjo da Guarda. 8. Leitura espiritual. - Recomende vivamente a leitura espiritual, sobretudo da vida dos santos. Pelo contrário, quanto aos escritores impuros nos quais se encontre algo que possa ser nocivo aos bons costumes, não só se abstenha pessoalmente de explicá-los à juventude mas ainda se esforce com todo empenho para apartar da sua leitura aos discípulos também fora da aula (Const. p. 4, c. 5, E.). 9. Confissão. - Procure que ninguém omita a confissão mensal; prescreva que entreguem todos aos Confessores um cartão com o próprio nome, cognome e classe
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para que depois, pela verificação dos cartões, saiba os que faltaram (Const., p. 4, c. 16, n. 1). 10. Rezar pelos alunos. - Ore muitas vezes a Deus pelos seus discípulos e os edifique com os exemplos de sua vida religiosa. 11. Obediência ao Prefeito. - Obedeça ao Prefeito dos estudos ginasiais em tudo quanto se refere à disciplina escolar. Sem o consultar não admita ninguém na aula ou dela o expulse, não comece explicar livro algum, nem dispense ninguém dos exercícios escolares comuns. 12. Grau de cada aula. - Conserve todas as aulas no seu nível. Da Retórica e da Humanidade tratar-se-á abaixo em particular; da Gramática haverá três classes com as quais se completará o seu curso. Todas as regras do P. Alvarez (da Gramática) deverão, portanto, dividir-se em três partes, uma para cada classe, de tal modo, porém, que em cada uma delas se repita sempre o que foi ensinado na classe imediatamente inferior, como se indicará nas regras dos Professores respectivos. 13. Divisão da Gramática grega. - A Gramática grega dividir-se-á mais ou menos assim. A primeira parte, começando com os primeiros elementos, compreenderá os nomes simples, o verbo substantivo e também os verbos simples. A segunda, os nomes contractos, os verbos incomplexos, os verbos em μι e as formações mais fáceis. A terceira, as demais partes da oração, ou seja, tudo o que se inclui sob o nome de rudimentos, com exceção dos dialetos e das observações difíceis. A quarta, que pertence à Humanidade, inclui toda a sintaxe. A quinta, finalmente, para a Retórica, contém a arte métrica. 14. Divisão do tempo. - A divisão do tempo, que abrange para a Retórica, ao menos, duas horas e para a Humanidade e outras classes, duas horas e meia, pela manhã e outras tantas pela tarde, e duas horas no mínimo no dia feriado, conservar-seá sempre a mesma, para que fique determinado que horas se empregarão em cada exercício. 15. Como pode ser alterada. - A ordem destes exercícios poderá ser modificada, por prescrição do Provincial, de acordo com o costume do lugar, contanto que a cada um deles se reserve o mesmo tempo indicado nas regras do respectivo professor, e se mantenha inalterado o que foi uma vez estatuído. 16. Dia festivo no sábado. - Se cair algum dia festivo no sábado, os exercícios deste dia transfiram-se para o anterior ou omitam-se de todo. 17. Divisão no dia feriado. - Nos dias feriados, em que não se marcarem exercícios especiais, mantenha-se a mesma divisão, encurtando-se proporcionalmente os que se fazem nos outro dias; ou, por turno, se omitam alguns e se reserve algum tempo para o desafio. 18. Costume de falar latim. - De modo, especial conserve-se com rigor o costume de falar latim exceto nas aulas em que os discípulos, o ignoram; de modo que tudo quanto se refere à aula nunca seja permitido servir-se do idioma pátrio, dando-se nota desfavorável aos que forem negligentes neste ponto; por este mesmo motivo, o professor fale sempre latim. 19. Exercício de memória. - Os alunos recitem as lições aprendidas de cor aos decuriões, de cujo falará abaixo na regra 36, a não ser que, na Retórica, se prefira outro costume. Os decuriões recitem-nas ao decurião chefe ou ao professor; todos os dias o professor mande recitar alguns, quase sempre dos mais desidiosos e dos que chegaram tarde à aula, afim de provar a fidelidade dos decuriões e manter a todos no cumprimento do dever. Aos sábados recite-se em público o que foi aprendido de cor numa ou em várias semanas; terminado um livro, poderão escolher-se alguns que da cátedra o recitem desde o princípio, não sem prêmio. 20. Trabalhos escritos. - Nas classes de gramática, todos os dias, apresentem-se, com exceção do sábado, trabalhos escritos; nas outras, exercícios escritos de prosa, todos os dias, exceto o sábado e o dia feriado, exercícios de poesia, só duas vezes, nos dias seguintes ao domingo e ao feriado; tem grego, ao menos uma vez, de tarde, em dia escolhido pelo professor. 21. Correção dos trabalhos escritos. - De regra, os trabalhos escritos deverão corrigir-se em particular e voz baixa, com cada aluno, de modo que aos outros se deixe, no intervalo, tempo para exercitarem-se em escrever. É bom, contudo, no principio ou
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no fim da aula, ler e comentar publicamente alguns espécimes ora dos melhores, ora dos piores. 22. Método de corrigir. - Em geral é este o método de corrigir ou indicar se foi violada alguma regra; perguntar como se poderá emendar; mandar que os rivais corrijam publicamente o erro logo que o advertirem e indiquem a regra transgredida; elogiar, em fim, tudo o que é perfeito. Enquanto isto se realiza, publicamente, cada aluno leia e corrija a primeira cópia do trabalho (que se deverá trazer sempre além da que se entrega ao professor). 23. Corrigir o maior número. - Todos os dias deveria o professor corrigir os trabalhos escritos de cada um, porque desta prática resulta muito e grande fruto. Se, porém, não o permitir o número elevado dos alunos, corrija quantos puder de modo que os omitidos num dia sejam chamados no seguinte. Para este fim, principalmente nos dias em que se deve trazer poesia, distribua alguns trabalhos para serem corrigidos pelos rivais (no intuito de facilitar esta distribuição escreva cada qual no verso do trabalho, não só o próprio nome senão também o do rival), outros, corrija-os o próprio professor, de tarde, enquanto se recita a lição de cor, outros, ainda, em casa, se quiser. 24. Exercícios na aula. - Enquanto corrige os trabalhos escritos, prescreva ora um ora outro exercício, de acordo com o nível da aula. Pois nada arrefece tanto o fervor dos alunos como o fastio. 25. Repetição. - Do mesmo modo faça-se a repetição da lição do dia e da véspera, ou toda, por um só aluno, ou, melhor, em partes por vários, afim de que se exercitem todos; perguntem-se os pontos mais importantes e mais úteis, primeiro aos alunos mais adiantados depois também aos outros, que responderão em recitação seguida ou intercalada pelas interrogações do professor, enquanto o êmulo do repetente o corrigirá, se erra, ou antecipará a resposta se tardar. 26. Sabatina. — No sábado recorde-se tudo o que foi ensinado na semana. Se, de quando em quando, se oferecerem alguns para responder sobre todas estas lições ou sobre um livro inteiro, escolha o professor os melhores e os demais o ataquem, cada qual, com duas ou três perguntas; e não fique isto sem recompensa. 27. Preleção. - Na preleção só se expliquem os autores antigos, de modo algum os modernos. De grande proveito será que o professor não fale sem ordem nem preparação, mas exponha o que escreveu refletidamente em casa e leia antes todo o livro ou discurso que tem entre mãos. A forma geral da preleção é a seguinte: Em primeiro lugar leia seguidamente todo o trecho, a menos que, na Retórica ou na Humanidade, fosse demasiadamente longo. Em segundo lugar exponha em poucas palavras o argumento e, onde for mister, a conexão com o que procede. Em terceiro lugar leia cada período, e, no caso de explicar em latim, esclareça os mais obscuros, ligue um ao outro e explane o pensamento, não com metafrase pueril inepta, substituindo uma palavra latina por outra palavra latina, mas declarando o mesmo pensamento com frases mais inteligíveis. Caso explique em vernáculo, conserve quanto possível a ordem de colocação das palavras para que se habituem os ouvidos ao ritmo. Se o idioma vulgar não o permitir, primeiro traduza quase tudo, palavra por palavra, depois, segundo índole do vernáculo. Em quarto lugar, retomando o trecho do princípio, faça as observações adaptadas a cada classe, a menos que prefira inseri-las na própria explicação Se julgar que algumas devem ser apontadas - e não convém que sejam muitas - poderá ditá-las ou a intervalos durante a explicação, ou, terminada a lição, em separado. É bom que os gramáticos não tomem notas senão mandados. 28. Preleção de historiador e de poeta. - A diferença entre a preleção de um historiador e a de um poeta é que, em geral, o historiador pode ser lido mais rapidamente enquanto que, no poeta, a paráfrase em prosa, feita com cuidado, é muitas vezes de grande conveniência; procurem-se que os alunos habituem-se em distinguir entre o estilo do poeta e o do orador. 29. Preleção das regras. - Na preleção da retórica de Cipriano (Soares), da métrica, da gramática latina, da grega ou disciplinas semelhantes relacionadas com preceitos, leve-se mais em consideração o conteúdo do que a forma (Edição de Praga: Proponhamse e traduzam-se logo exemplos breves dos melhores autores).
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Nas classes de gramática, sobretudo nas inferiores, quando ocorrer algum ponto mais difícil, repita-se por um ou mais dias, ou intercalem ou recapitulem pontos mais fáceis de outras partes da Gramática. 30. O tema de composição não deve ser ditado de improviso, mas preparado e quase sempre escrito, quanto possível seja dirigido para a imitação de Cícero e segundo o modelo de uma narração, persuasão, congratulação, admoestação ou coisa semelhante; quando ditado palavra por palavra, deveria escrever-se em latim e em vernáculo. Logo depois mande o professor reler o ditado; explique alguma dificuldade maior que porventura ocorra; subministre palavras, frases e outros subsídios, e durante o ditado lembre sempre, exceto na Retórica, como as diversas partes deverão ser escritas e pontuadas. Algum trabalho extraordinário maior que o de costume deverá ser prescrito quando ocorrerem vários dias festivos ou se aproximarem às férias maiores e menores. 31. Desafio. - O desafio que poderá organizar-se ou por perguntas do professor e correção dos êmulos, ou por perguntas dos êmulos entre si deve ser tido em grande conta e posto em prática sempre que o permitir o tempo a fim de alimentar uma digna emulação, que é de grande estimulo para os estudos. Poderá bater-se um contra um, ou grupo contra grupo, sobretudo dos oficiais, ou um poderá provocar a vários; em geral um particular provocará outro particular, um oficial outro oficial; um particular poderá às vezes desafiar um oficial e se o vencer conquistará a sua graduação, ou outro prêmio ou símbolo de vitória conforme o exigir a dignidade da classe e o costume da região. 32. Exercícios extraordinários. - Os exercícios extraordinários (e os espécimes públicos) são de grande utilidade. Deles deve dizer-se em geral que os que prestarem exame publico deverão preparar-se com empenho; para que não se exercite só a memória dos alunos mas também se lhes cultive a inteligência, o professor poderá limar os trabalhos que se apresentarão em público, nunca, porém, compô-los integralmente; o mesmo se diga das poesias recitadas em público. Esforce-se também para que os alunos, na voz e no gesto e em todo porte, se apresentem com dignidade. 33. Preleção e declamação na aula. - Na Retórica e na Humanidade, haja, em sábados alternados, uma preleção grega ou latina, oração ou uma poesia recitada, em que uma aula convide outra; nas outras classes, uma vez só ao mês, haja não uma preleção nova, mas repetição de uma já ouvida do mestre, e sem convidados. 34. Desafio com classe imediata. - Algumas vezes no ano, em dia escolhido pelo Prefeito dos estudos inferiores, haja por uma hora desafio com a classe imediata, sobre os pontos comuns e ambas sob a direção de ambos os professores. Dois três ou mais dentre de uma e outra classe sustentarão o de debate ou preparados de antemão por perguntas e respostas sobre um assunto preestabelecido, ou por perguntas feita livremente ou também com respostas feitas às dificuldades feitas pelo adversário, sobretudo na Retórica. 35. Oficiais. - Cada mês, ou de dois em dois meses, deverão ser escolhidos os oficiais e também, se parecer conveniente, premiados, salvo se na Retórica, se julgasse, em algum lugar, menos necessário. Para esta escolha haja uma prova escrita em prosa, em poesia ou em grego, durante todo o tempo da aula, a menos que nas classes inferiores não fosse preferível deixar meia hora para o desafio. O que apresentar a melhor composição receberá, a mais alta dignidade, os que lhe seguirem receberão os outros postos de honra aos quais, para maior aparência de erudição, se atribua títulos tirados da república ou do exército grego, ou romano. Para alimentar a emulação, por via de regra poderá a aula dividir-se em dois campos, cada um com os seus oficiais, uns opostos aos outros, tendo cada aluno o seu êmulo. Os primeiros oficiais de ambos os campos ocuparão o lugar de honra. 36. Decuriões. - Nomeie também o professor os decuriões que deverão tomar as lições de cor, recolher os exercícios para o professor, marcar num caderno os erros de memória, os que não trouxeram o exercício, ou não entregaram as duas cópias e observar tudo o mais que lhes indicar o Professor. 37. Preparação do exame. - Um mês, mais ou menos, antes do exame para assegurar promoção geral, em todas as classes, com exceção talvez da Retórica e nos pontos mais importantes, sejam os alunos submetidos a intensos exercícios. Se algum
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aluno se houver distinguido notavelmente no decurso do ano, informe o Professor ao Prefeito para que, após um exame privado, seja promovido à classe superior. 38. Pauta dos alunos. - No começo do ano entregue ao Prefeito uma pauta dos alunos dispostos em ordem alfabética; no decorrer do ano seja ela revista para que se introduzam as modificações necessárias; e com especial cuidado pouco antes do exame geral. Nesta pauta classifique os alunos em categorias, a saber, ótimos, bons, medíocres, duvidosos, insuficientes (para repetir o ano), categorias que se poderão indicar por meio de números 1, 2, 3, 4, 5, 6. 39. Cuidado da disciplina. - Nada mantém tanto a disciplina quanto a observância das regras. O principal cuidado do professor seja, portanto, que os alunos não só observem tudo quanto se encontra nas suas regras, mas sigam todas as prescrições relativas aos estudos: o que obterá melhor com a esperança da honra e da recompensa e o temor da desonra do que por meio de castigos físicos. 40. Modo de castigar. Não seja precipitado no castigar nem demasiado no inquirir; dissimule de preferência quando o puder sem prejuízo de ninguém; não só não inflija nenhum castigo físico (este é ofício do corretor) mas abstenha-se de qualquer injúria, por palavras ou atos não chame ninguém senão pelo seu nome ou cognome; por vezes é útil em lugar do castigo acrescentar algum trabalho literário além do exercício de cada dia; ao Prefeito deixe os castigos mais severos ou menos costumados, sobretudo por faltas cometidas fora da aula, como a ele remeta os que se recusam aceitar os castigos físicos (1832; a correção) principalmente se forem mais crescidos (Const. p. IV, c. 7, n. 2 D). 41. Freqüência. - Exija dos alunos a máxima freqüência e, por isto, não os deixe ir à jogos ou espetáculos públicos. Se alguém faltar, mande-lhe à casa um condiscípulo ou outra pessoa e, se não apresentar escusas aceitáveis, seja castigado pela ausência. Os que, sem causa, faltarem muitos dias, enviem-se ao Prefeito e não se recebam sem seu consentimento. 42. Dia das confissões. – Para que não se omita nenhum dever escolar por motivo das confissões, envie-se, a principio, três, ou, onde necessário, mais alunos a confessarse; depois, à medida que vai voltando cada qual, sejam mandados um ou dois dos outros, a menos que, em algum lugar, seja costume irem à confissão todos juntos. 43. Silêncio e modéstia. – Procure com particular cuidado que observem todos o silêncio e a modéstia: não passeiem pela aula, não mudem de lugar, não passem de um lado para outro presentes ou bilhetes, não saiam da aula, principalmente dois ou mais ao mesmo tempo. 44. Saída da aula. - Evite-se que sem razão sejam os alunos chamados por quem quer que seja, principalmente durante a preleção. Para que se evite na saída o atropelo e a gritaria, saiam primeiro os que se acham mais perto da porta, enquanto o professor assiste na cátedra ou à porta; ou de outra maneira se organize a saida de todos modestos e silenciosos. 45. Acadêmicos. - Com aprovação do Reitor, institua Academias de acordo com as regras especialmente escritas para este fim, e nelas se reúnam os alunos, sobretudo nos dias festivos, afim de evitar a ociosidade e as más companhias. 46. Falar com os pais. - Se, para o bem dos alunos, for necessário algumas vezes falar com os seus pais, proponha ao Reitor para que eles sejam chamados pelo Prefeito ou por outra pessoa; ou ainda se a dignidade da pessoa o exigir, para que sejam visitados. 47. Familiaridade. Conversa. - Não se mostre mais familiar com um do que com outro; fora da aula não fale com os alunos senão por pouco tempo, de cousas sérias e em lugar visível, isto é, não dentro da aula, mas fora, à porta, no pátio, ou na portaria do colégio, para que se dê mais edificação. 48. Repetidores. - Não proponha pessoa alguma como repetidor particular, sem ouvir o Reitor e aos repetidores não permita que sobrecarreguem os alunos com outras preleções, mas exijam somente as ouvidas em aula. 49. Nenhuma despesa para a aula. - Não se utilize dos serviços de ninguém para cópias ou outros trabalhos que não sejam os exercícios habituais da aula; e, em caso nenhum, permita contribuição financeira dos alunos para fins escolares.
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50. Finalmente, com o auxílio da graça divina, seja em tudo diligente, pontual e zeloso do progresso dos estudantes tanto nas lições como nos outros exercícios literários. Não despreze a ninguém, vele com o mesmo cuidado pelos estudos do pobre como do rico, e se empenhe de modo especial pelo progresso de cada um dos seus alunos. REGRAS DO PROFESSOR DE RETÓRICA. 1. Grau. - O nível científico desta aula não pode ser definido com facilidade dentro de limites fixos; pois compreende a formação perfeita para a eloqüência que abraça as duas mais altas faculdades, a oratória e a poética (e entre as duas se deve dar sempre preferência à primeira); e atende não só ao que é útil senão também à beleza da expressão. De modo geral, contudo, pode dizer-se que abrange três pontos principais: regras de oratória, estilo e erudição. Quanto às regras, ainda que se possam procurar e observar em todas as fontes, não se deve, contudo explicar, na preleção quotidiana, senão nos livros retóricos de Cícero, na Retórica de Aristóteles, e, se parecer conveniente, também na sua Poética. No que concerne ao estilo, ainda que se devam percorrer os melhores historiadores e poetas, deverá ser formado quase exclusivamente em Cícero; para esse fim se adaptam perfeitamente todos os seus livros, mas as orações deverão ser só explicadas afim de que nelas se vejam a aplicação dos preceitos da oratória. A erudição deverá ser recolhida da história e dos costumes dos povos, dos autores mais abalizados e de toda espécie de conhecimentos, mas com parcimônia proporcionada à capacidade dos alunos. No que se refere ao grego pertence À Retórica a medida das sílabas e um conhecimento mais completo dos autores e dialetos. No fim do ano, não explique o Professor de Retórica o Resumo da Lógica. 2. Divisão do tempo. - A divisão do tempo é a seguinte: Na primeira hora da manhã, tome-se a lição aprendida de cor, corrija o professor os exercícios escritos recolhidos pelos decuriões, prescreva no intervalo aos alunos vários trabalhos que serão mencionados abaixo na regra 5; por fim repasse a última preleção. A segunda hora matutina seja consagrada à preleção, ou dos preceitos, se de tarde se explica a oração, ou da oração se de tarde se explicam os preceitos, contanto que se mantenha constante a ordem estabelecida no principio do ano; siga-se a repetição, dê-se, quando necessário, o assunto do trabalho escrito, prosa ou poesia; se sobrar ainda algum tempo, seja empregado no desafio ou na revisão do que se escreveu na primeira hora. Na primeira hora da tarde, depois da repetição da anterior haja nova preleção ou de oração, se de manhã se expuseram os preceitos, ou vice-versa. Siga-se a repetição habitual. Na segunda hora vespertina, depois da repetição da última lição de autor grego, explique-se e tome-se a nova lição; o tempo restante seja empregado ou na correção dos exercícios gregos, ou na sintaxe e métrica grega ou no desafio de grego. No feriado semanal explique-se e repita-se um historiador ou poeta ou algum ponto de erudição. No sábado, após uma revisão breve de toda a semana, de manhã, na primeira hora, explicação de um historiador ou poeta (1832: omite-se poeta); na última hora, preleção ou declamação de um aluno, ou assistência a atos escolares semelhantes na aula de Humanidade, ou desafio. De tarde, explicação de um poeta e repetição de grego. Se em algum lugar, além das duas horas, matutinas e vespertinas, se acrescentar mais meia hora de aula, seja ela empregada num historiador ou poeta. Onde se fizer assim, as preleções de sábado ou não se distingam das dos outros dias, ou, em lugar delas, haja uma repetição mais completa e um desafio. 3. Exercício de memória. - Como ao retórico é necessário o exercício diário da memória e na sua classe ocorram muitas vezes lições demasiado longas para serem aprendidas de cor, determine o Professor o que e quanto se deverá aprender, e, caso ele exigisse, de que modo recitá-lo. Seria útil que, de quando em quando, dissesse alguém,
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da cátedra, os trechos aprendidos nos clássicos, a fim de unir o exercício da memória com a declamação. 4. Método de correção dos trabalhos escritos. - Na correção dos trabalhos escritos aponte as faltas cometidas contra as regras da arte oratória ou poética, contra a elegância e apuro da linguagem, contra a conexão do discurso, o ritmo, a ortografia, etc; assinale qualquer expressão falsa, obscura ou vulgar; qualquer falha contra a dignidade do dizer, qualquer digressão demasiado longa e outros defeitos desta natureza. Finalmente, o discurso, que antes foi trazido por partes, uma vez concluído, deverá ser apresentado ao Professor inteiramente copiado ou pelo menos corrigido, para que se veja que todo o trabalho está pronto. 5. Exercícios na aula. - Enquanto o professor corrige os trabalhos escritos, poderão os alunos fazer os exercícios seguintes: imitar um trecho de algum orador ou poeta; fazer uma descrição, por exemplo, de um jardim, de uma igreja, de uma tempestade ou cousa assim; variar a mesma frase de diferentes modos; traduzir um trecho de prosa grega em latim; ou vice-versa; exprimir em prosa latina ou grega os versos de um poeta; passar uma forma poética para outra; compor epigramas, inscrições, epitáfios; respigar frases gregas ou latinas de bons oradores e poetas; adaptar certos assuntos ou figuras de retórica; tirar dos tópicos e lugares retóricos vários argumentos para um determinado assunto; ou fazer outros trabalhos deste gênero. 6. Preleção. - Há duas espécies de preleção: uma relativa à teoria, na qual se explicam as regras, outra, ao estilo, na qual se explicam, as orações. Numa e noutra se devem ter presentes duas questões: primeiro, que autores escolher; segundo qual o método a seguir na sua explicação. A primeira questão já foi suficientemente respondida na primeira regra: nas orações leia-se unicamente Cícero na teoria, além de Cícero, também Aristóteles (além de Cícero, também Quintiliano e Aristóteles). Nunca se deve omitir a oração; a explicação das regras deveria também continuar por todo o ano, por ser grande a importância das regras oratórias. Em seu lugar, porem, onde for costume, não se proíbe, no fim do ano, a leitura de algum autor que tenha mais erudição e variedade. Algumas vezes em lugar da oração ou da teoria poderá intercalar-se alguma preleção sobre um poeta. 7. Explicação das regras. - Quanto ao método de explicação, os preceitos expliquem-se do seguinte modo: Em primeiro lugar torne-se claro o sentido da regra; se oferecer alguma obscuridade e os intérpretes não estiverem de acordo, comparem-se as suas opiniões. Em segundo lugar citem-se outros autores retóricos que tratam do mesmo assunto, ou do mesmo autor outros lugares em que ensina o mesmo. Em terceiro lugar apresente-se alguma razão da regra. Em quarto lugar aduzam-se alguns trechos semelhantes e bem notáveis, de oradores e poetas, em que se aplica a regra. Em quinto lugar, acrescente-se, se for o caso, alguma cousa de história e erudição de várias fontes, relativa ao assunto. Mostre-se enfim como a regra se pode aplicar às circunstâncias atuais e faça-se esta aplicação com o maior apuro na escolha e elegância das expressões. 8. Explicação de um orador. - Quando se explica uma oração ou poesia, exponhase em primeiro lugar o sentido, se escuro, e critiquem-se as diferentes interpretações. Em segundo lugar, esquadrinhe-se toda a arte da composição: a invenção, divisão e exposição; com que habilidade se insinua o orador, com que propriedade se exprime, ou em que lugares vai buscar argumentos para persuadir, ornar ou comover; como freqüentemente num só trecho aplica muitas regras; de que modo reveste as razões que convencem com figuras de pensamento e, por sua vez, às figuras de pensamentos associa as figuras de palavras. Em terceiro lugar citem-se alguns trechos semelhantes pelo conteúdo ou pela forma ou pela forma e aleguem-se, outros oradores ou poetas que se serviram da mesma, para provar ou narrar cousa parecida. Em quarto lugar, se for o caso, confirme-se o pensamento com a autoridade de homens de saber. No quinto lugar, procure-se na história, na mitologia e em todos os domínios do conhecimento o que possa contribuir para esclarecer a passagem. Por último ponderem-se as palavras, a sua propriedade, elegância, riqueza e harmonia. Os pontos acima foram indicados não para que o Professor os percorra sempre todos, senão para que, dentre eles, escolha os que caírem mais a talho.
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9. Argumento da oração escrita. - O argumento para uma oração, deve ser ditado integralmente no princípio de cada mês, ou por partes, cada semana (pois, no máximo, cada mês deverá compor-se uma oração). Seja breve, percorra todas as partes da oração; indique os lugares donde se poderão haurir as provas e amplificações, as figuras principais que se poderão empregar e também, se parecer conveniente, alguns lugares de bons autores que se podem imitar. Algumas vezes, indicando-se o autor que deverá servir de modelo, o assunto poderá ser proposto oralmente. 10. Assunto de uma poesia. - O tema para uma poesia poderá ser dado de viva voz, por escrito, por simples proposta do título ou por indicação de um pensamento poderá ser breve de modo que se possa concluir como no caso de um epigrama, uma ode, elegia ou mais longo, de maneira que complete, em várias vezes, como acima uma oração, assim aqui um poema. 11. Tema grego. - Mais ou menos do mesmo modo se proporá o tema grego, com a exceção talvez de que por algum tempo se julgue conveniente, pelo menos uma vez por semana, ditar tudo, palavra por palavras, tanto para a prosa quanto para a poesia. 12. Desafio. - O desafio ou exercício de aula poderá versar sobre a correção das faltas que um dos êmulos descobrir entre a arte militar de gregos e romanos, arqueologia dos jardins e da indumentária, salas de refeição, triunfo, sibilas e outras questões afins, sempre, porém, com discrição. 16. Declamação privada. - Em sábados alternados, na presença dos alunos de Humanidade, na última hora matutina, um ou dois alunos apresentem, da cátedra uma declamação, ou preleção, ou poesia, ou oração ou uma oração seguida logo da recitação de uma poesia. 17. Declamação pública. - No salão ou na igreja, haja, uma vez por mês, uma oração mais importante ou uma poesia, ou ambas as cousas, ora em latim, ora, em grego (ora em vernáculo), ou um debate com argumentos de um e outro lado e julgamento. Tudo, porém, deverá ser revisto e aprovado pelo Prefeito dos estudos superiores. 18. Exposição de poesias. - De dois em dois meses mais ou menos, na comemoração de alguma festa mais solene, na promulgação dos oficiais ou em outra oportunidade, exponham-se nas paredes da aula as poesias mais escolhidas, compostas pelos aluno. Poder-se-á também afixar, segundo os costumes da região, alguns trechos curtos de prosa como, por exemplo, inscrições de escudos, templos, sepulturas, jardins, estátuas; descrições de uma cidade, de um porto, de um exército; narrações dos feitos de algum santo; frases paradoxais. Poder-se-á acrescentar às vezes, mas com licença do Reitor, algum desenho relativo ao emblema ou assunto proposto. 19. Representação privada. - Poderá às vezes o professor passar aos alunos como assunto algum tema dramático, como uma écloga, algumas cenas ou um diálogo, e o trabalho melhor poderá ser representado na aula, distribuídos os papeis entre os alunos, mas sem nenhum aparato. 20. Quanto à formação dos nossos estudantes, aplicam-se-lhes, como aos outros, todos os exercícios de que trata o método de ensino; em particular, porém, deverão ter em casa, três ou quatro vezes por semana, por espaço de uma hora, no tempo que ao Reitor melhor parecer, repetições na presença do Professor ou de outro pelo Reitor designado. Nelas repitam-se as lições de latim ou grego, e corrijam-se os exercícios latinos e gregos, de prosa e de poesia. Para cultivo da memória aprendam todos os dias alguma cousa de cor, e leiam muito e com atenção. E nada estimula tanto a inteligência quanto submeter cada um ao exercício freqüente de falar, não só na cátedra do salão, da igreja e da aula, o que lhes é comum com os seus condiscípulos externos, mas também no refeitório. Para o mesmo fim contribuirá finalmente a exposição em lugar público conveniente das próprias poesias, aprovadas pelo Professor e assinadas com o nome do autor. REGRAS DO PROFESSOR DE HUMANIDADES. 1. Grau. - A finalidade desta aula é preparar, nos que terminaram a gramática, o terreno à eloqüência. Para este fim concorrem três meios: o conhecimento da língua, alguma erudição e uma introdução breve aos preceitos da Retórica.
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Para conhecimento da língua, que consiste principalmente na propriedade e riqueza das palavras, explique-se, nas lições quotidianas, dos oradores exclusivamente Cícero, e, de regra, escolham-se os seus livros de filosofia moral; dos historiadores, Cesar, Salústio, Lívio, Curtius e outros semelhantes; dos poetas, principalmente Virgílio com exceção de algumas éclogas e do 4o. livro da Eneida, odes seletas de Horácio e também elegias, epigramas e outras composições de poetas ilustres, contanto que expurgados de qualquer inconveniência de expressão. Conhecimentos eruditos sejam ministrados com parcimônia para estimular às vezes e recrear a inteligência, não para impedir a atenção à língua. Dos preceitos de retórica dê-se no segundo semestre um breve resumo do Cipriano Soares; neste período os escritos filosóficos de Cícero, poderão tomar-ser algumas das suas orações mais fáceis, como Pro lege Manilia, pro Archia, pro Marce1lo ou outras pronunciadas na presença de César. Da língua grega pertence a esta aula a parte que constitui propriamente a sintaxe; procure-se também que os alunos entendam regularmente os autores e aprendam escrever alguma cousa em grego. 2. Divisão do Tempo. - O tempo será dividido do seguinte modo. Na primeira hora da manhã recite-se o trecho decorado de Cícero e da arte métrica, tomado pelos decuriões; corrija o Professor os exercícios recolhidos pelos decuriões, passando, entretanto, aos alunos vários exercícios mencionados abaixo na regra 4; por fim recitem algum em voz alta e o Professor examine as notas dadas pelos decuriões. Na segunda hora matutina repita-se brevemente a lição anterior, e, durante uma meia hora ou pouco mais explique-se a nova, sobre a qual sejam logo interrogados, se sobrar ainda tempo, empregue-se no desafio entre os alunos. Na última meia hora, no principio do primeiro semestre, explique-se em dias alternados um historiador e a arte métrica; terminada a arte métrica, explique-se, ou repita-se todos os dias, a retórica de Cipriano, ou estabeleça-se debate. Na primeira hora da tarde recite-se de cor o poeta ou o autor grego enquanto o Professor revê as notas dos decuriões e corrige os exercícios escritos que foram passados pela manhã ou ainda restaram dos trazidos de casa. Por fim dite-se o tema do trabalho escrito. A hora e meia seguinte divida-se igualmente entre a explicação e repetição de um poeta e a lição e exercício escrito de grego. No dia feriado, na primeira hora recite-se de cor a lição do dia feriado anterior e corrija-se como de costume, os trabalhos escritos restantes. Na segunda hora, expliquese ou repita-se algum epigrama, ode ou elegia, algum ponto do livro 3 de Cipriano acerca das metáforas, das figuras principalmente do ritmo e sílabas longas e breves no discurso, para que desde o principio do ano se lhes habituem os alunos, ou algum cria, ou outro exercício escolar, ou finalmente, algum desafio. No sábado, na primeira hora matutina, recitação de cor, em voz alta, das lições de toda a semana; na segunda hora, repetição. Na última meia hora, declamação ou lição por algum dos alunos, ou assistência a exercícios escolares dos retóricos, ou desafio. Pela tarde na primeira meia-hora recitação de cor de algum poeta e do catecismo, enquanto o professor revê os trabalhos escritos da semana porventura ainda não revistos e percorre as notas dos decuriões. A hora e meia seguinte divida-se igualmente entre a repetição de um poeta ou a explicação de alguma poesia seguida de interrogação, e o estudo do grego feito do mesmo modo. Na última meia, explicação do catecismo ou exortação espiritual, a menos que não tenha sido feita na sexta-feira; neste caso, empregue-se o tempo do estudo naquilo que cedeu o lugar ao catecismo. 3. Método de corrigir os exercícios. - Na correção dos exercícios indique as faltas contra a propriedade, a elegância e o ritmo da linguagem; contra a expressão menos correta do trecho proposto à imitação, contra a ortografia, etc. Mande exprimir o mesmo pensamento de diferentes modos, para que os alunos com este exercício adquiram variedade de expressão. 4. Exercícios durante a correção. - Enquanto corrige os trabalhos escritos pode passar algum dos exercícios seguintes: colher frases dos trechos explicados e variá-las de muitas maneiras; reconstituir um período de Cícero que haja sido desarticulado; fazer versos, passar uma poesia de uma para outra forma; imitar um trecho, escrever em grego (ouem vernáculo) e outros semelhantes.
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5. Preleção. - A preleção poderá ser às vezes levemente salpicada com ornamentos de erudição quanto exigir a explicação do trecho; concentre, porém, o professor o seu trabalho nas observações relativas à língua latina, força e etimologia das palavras baseadas nos autores mais abalizados, principalmente antigos no emprego e variedade das expressões, na imitação do autor; nem julgue alheio ao seu objetivo exprimir alguma cousa em vernáculo, principalmente quando possa contribuir para a interpretação do autor ou encerre algo, de particularmente interessante. Quando explica, porém, uma oração, examine também as regras da arte. Por último, se parecer conveniente, poderá traduzir tudo no idioma pátrio, mas com uma elegância acabada. 6. Tema do exercício escrito. - O tema do exercício escrito deverá ser ditado: no primeiro semestre será sempre uma carta na língua materna para ser revertida literalmente e convirá compô-la de tal modo que seja tirado de vários pontos das lições já explicadas; um por semana, porém, escrevam sem auxilio, depois de explicado um dos gêneros epistolares e indicadas às cartas de Cícero e de Plínio que a este gênero pertencem. No segundo semestre estimule-se a inteligência e escreva-se primeiro crias, depois exórdios, narrações, composições elegantes sobre assunto fácil e proposto com certo desenvolvimento. O argumento para poesia latina dite-o com grande variedade de expressões. O tema grego seja proposto do mesmo modo da prosa latina com a diferença de que deverá ser tirado quase todo do autor e a sintaxe, explicada previamente. 7. Desafio. - O desafio ou exercício escolar deverá versar sobre erros que um êmulo descobriu no trabalho do outro, sobra perguntas relativas aos pontos em que se exercitaram na primeira hora, sobre a recitação de cor e variação de frases dadas pelo Professor, sobre a recitação e aplicação dos preceitos do estilo epistolar e da retórica, sobre perguntas feitas acerca da quantidade das sílabas, aduzindo de memória a regra respectiva ou o exemplo de um poeta; sobre a investigação de alguma significação própria ou de alguma etimologia; sobre a interpretação de algum autor latino ou grego, sobre a flexão e formação de palavras gregas mais difíceis e irregulares, e outras questões semelhantes, a critério do professor. 8. Métrica e retórica. - A métrica deverá ser percorrida rapidamente, insistindo-se apenas nos pontos de maior necessidade e mais como quem aplica do que explica. Do livro de retórica de Cipriano Soares (1832 só: do livro de retórica) esclareçam-se não tanto as palavras quanto às regras, acrescentando-se exemplos do mesmo texto (dos mestres) e, se o comportar o assunto, das lições diárias. 9. Preleção de grego. - Na preleção de grego, explique-se, em dias alternados, a gramática e o autor. Na gramática repita-se brevemente o que foi ensinado na classe anterior e continue-se com a sintaxe e a teoria dos acentos. Quanto ao autor, tome-se no primeiro semestre algum prosador dos mais fáceis, como algum as orações de Sócrates, de S. João Crisóstomo e de S. Basílio, algumas epístolas de Platão e Sinésio, ou trechos seletos de Plutarco; no segundo semestre explique-se alguma poesia, por exemplo, de Focilides, Teognides, S. Gregório Nazianzeno, Sinésio ou outros semelhantes. A explicação, porém, como pede o nível desta aula, deverá ser mais ao conhecimento da língua do que à erudição. Para o fim do ano, porém, poderá alternar-se com o autor a explicação da prosódia grega e também se recompor poesias que tenham sido desarticuladas. 10. Exposição de poesias. - De dois em dois meses, mais ou menos, na comemoração de alguma festa mais solene, na promulgação dos oficiais ou em outra oportunidade, exponham-se nas paredes da aula as poesias mais escolhidas, compostas pelos alunos. Poder-se-ão também fixar, segundo os costumes da região, alguns trechos curtos de prosa, como, por exemplo, inscrições de escudos, templos, sepulturas, jardins, estátuas; descrições de uma cidade, de um porto, de um exército; narrações dos feitos de algum santo; frases paradoxais (1832, omitem-se estas duas palavras). Poder-se-á acrescentar, às vezes, mas com licença do Reitor, algum desenho relativo ao emblema ou assunto posto (V. Regras do Professor: de Retórica n. 18) REGRAS DO PROFESSOR DA CLASSE SUPERIOR DE GRAMÁTICA.
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1. Grau. - O objetivo desta classe visa o conhecimento perfeito da gramática: por isto repete sintaxe desde o princípio, acrescentando todos os apêndices (e idiotismos) e depois explica a construção figurada e retórica; em grego, porém, as oito partes da oração ou aquilo que se compreende sob o nome de rudimentos, exceção dos dialetos e das notas mais difíceis. Quanto às leituras, poderão explicar-se no primeiro semestre dos prosadores, as cartas mais importantes de Cícero aos parentes, a Ático, ao irmão Quinto; no segundo, o 1ivro da Amizade, da Velhice, os Paradoxos e outros assim; dos poetas no primeiro semestre algumas elegias ou epístolas de Ovídio, escolhidas e expurgadas, no segundo, trechos, também escolhidos e expurgados, de Catulo, Tibulio, Propércio e das Éclogas de Virgílio, ou ainda, do mesmo Virgílio, os livros mais fáceis como o 4o. das Geórgicas, o 5o. e o 7o. da Eneida; dos autores gregos, S. João Crisóstomo, Esopo, Agapetos e outros semelhantes. 2. Divisão do tempo. - O tempo será dividido do seguinte modo. Na primeira hora da manhã, repetição de cor, aos decuriões, de Cícero e da gramática; correção pelo professor dos exercícios recolhidos pelos decuriões enquanto os alunos se ocupam em vários exercícios, mencionados abaixo na regra 4. Na segunda hora matutina, repetição breve da última lição de Cícero, explicação por meia hora da nova, que será logo objeto de interrogação, por último, ditado do tema. Na última meia hora da manhã, repetição da lição de gramática, explicação e interrogação da nova, algumas vezes acrescente-se um desafio. Durante o primeiro semestre percorram-se as regras de construção ensinadas na classe anterior, explique-se, em seguida, o que é próprio desta classe; e, em dias alternados, as regras da métrica, omitindo as exceções; no segundo semestre, repita-se, ao menos por dois meses, a parte da gramática própria desta classe, e, em dias alternados, a métrica percorrendo brevemente as regras já explicadas e insistindo nos outros quanto for necessário. Terminada a repetição da gramática, explique-se diariamente a métrica acrescentando as exceções, os gêneros poéticos e as regras dos nomes patronímicos e do acento. Na primeira meia hora da tarde, recitação de cor de um poeta e do autor grego enquanto o Professor revê as notas dos decuriões, e corrige os exercícios, que foram passados pela manhã ou que ainda restaram dos trazidos de casa. A hora e meia seguinte divida-se de tal modo entre a explicação e repetição do poeta, e a preleção e exercício escrito do grego, que ao grego se reserve mais de meia hora. A última meia hora ou o tempo que ainda sobrar empregue-se em desafios. No sábado, de manhã, recitação de cor pública das lições de toda a semana ou de todo o livro. Segunda hora, repetição. Última meia hora, desafio. De tarde, mesmo horário, com a diferença de que na primeira se recite de cor também o catecismo. A última meia hora seja empregada na explicação do catecismo ou exortação espiritual, a menos que não tenha sido feita na sexta feira; neste caso, empregue-se o tempo no estudo daquilo que cedeu o lugar ao catecismo. 3. Modo de corrigir os exercícios. - Na correção dos exercícios escritos aponte as faltas contra as regras de gramática, ortografia e pontuação; note se o aluno evitou as dificuldades, se descuidou a elegância e imitação dos clássicos. 4. Exercícios na aula. - Enquanto corrige os trabalhos escritos, o professor poderá passar aos alunos os exercícios seguintes: verter para o latim um ditado em vernáculo de modo que imite o autor e observe as regras da sintaxe, traduzir a lição de Cícero (dos autores) para a língua pátria, em seguida retrovertê-la para o latim e respigar-lhe as frases mais elegantes, recolher das gramáticas recentemente explicadas, dificuldades para propor aos êmulos, fazer versos ou reconstituí-los, desfeitos, escrever em grego e outros semelhantes. 5. Preleção. - A preleção obedecerá à seguinte. Primeiro resuma o assunto em latim e em seguida interprete cada período de modo que a exposição vernácula se siga imediatamente à latina. Em terceiro lugar retomando o trecho de principio (a menos que prefira inserir este ponto na exposição) escolha duas ou três: palavras, explique-lhes o sentido e a derivação, confirmando esta explicação com um ou dois exemplos tomados principalmente do mesmo autor. Desenvolva também e esclareça as metáforas; sobre a mitologia, a história, e quanto se refere erudição, se ocorrer, passe rapidamente; colha duas o três frases mais elegantes; por último percorra o trecho autor em vulgar (em
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vernáculo mais elegante). Poder também ditar o mais brevemente possível o assunto em latim, as observações, as propriedades e frases. 6. Assunto dos exercícios escritos. - O assunto do exercício escrito, quase sempre em forma epistolar, deve ditar-se palavra por palavra, na língua materna e referir-se à aplicação das regras de sintaxe e à imitação de Cícero. Uma vez, porém, aproximadamente cada mês, ou em casa em vez da composição diária, ou na aula, para escolha dos oficiais, quanto mais adiantados, escrevam de própria iniciativa, após a explicação de algum gênero epistolar, a indicação das cartas de Cícero a ele pertencentes, e o ditado pelo professor de alguns modelos do mesmo gênero. 7. Poesia. - Poderá ditar-se também alguma poesia, a principio, com as palavras em ordem de prosa, mais tarde, mudadas algumas palavras, por fim, indicando um assunto muito fácil com grande variedade de expressões. 8. Tema grego. - O tema de grego obedecerá ao mesmo método que o de prosa latina com a diferença que deverá ser tirado do mesmo autor, e as regras de sintaxe se hão de explicar de antemão. 9. Preleção grega. - A preleção de grego, que raras vezes excederá um quarto de hora, seguirá o mesmo processo, a não ser que, iniciado o estudo do autor grego (e poderá iniciar-se quando o julgar o Prefeito em dias alternados com a gramática) as palavras deverão ser examinadas uma por uma e indicadas também de um modo geral, se parecer conveniente, as regras mais fáceis da sintaxe. 10. Desafio. - O desafio ou exercício de aula poderá versar sobre as falhas que um êmulo descobrir nos trabalhos escritos do outro, sobre questões relativas aos pontos em que se exercitaram na primeira hora, sobre a repetição de cor das frases dadas pelo professor, sobre traduções e variações de frases vernáculas para a aplicação da sintaxe e imitação de Cícero (dos autores), (procure-se que o interrogado repita imediatamente, com as mesmas palavras a expressão proposta e, depois de breve reflexão, a enuncie, não palavra por palavra, mas toda de uma só vez, em latim), sobre a exposição das regras do gênero epistolar, sobre a interrogação da quantidade das sílabas, aduzindo de cor a regra ou um exemplo de poeta, sobre a investigação do sentido próprio ou da etimologia de uma palavra, sobre a interpretação de alguns trechos de autor grego ou latino, sobre a flexão e formação, respectivamente, dos substantivos e dos verbos gregos e sobre outros pontos semelhantes a juízo do professor. REGRAS DO PROFESSOR DA CLASSE MÉDIA DE GRAMÁTICA. 1. Grau. - O objetivo desta classe é o conhecimento ainda que imperfeito de toda a gramática; por isto nela se explica do principio do livro segundo até a construção figurada, com os apêndices mais fáceis, ou, segundo o método romano, da construção comum à construção figurada das palavras, com os apêndices mais fáceis. De grego, pertencem a esta classe os nomes contractos, os verbos circunflexos, os verbos em (símbolo) e as formações mais fáceis. Nas preleções só se usem as epístolas familiares de Cícero, algumas poesias muito fáceis de Ovídio e, no segundo semestre, se o Prefeito julgar conveniente, o Catecismo grego e a tábula de Cebes. 2. Divisão do tempo. - O tempo dividir-se-á do seguinte modo. Na primeira hora da manhã recitação de cor aos decuriões de Cícero e da gramática; correção pelo professor dos exercícios escritos recolhidos pelos decuriões enquanto os alunos se ocupam em outros trabalhos mencionados na regra 4; na segunda hora matutina repetição breve da preleção de Cícero, explicação da nova, que será logo objeto de interrogação, finalmente ditado do tema. Na última meia hora da manhã repetição de algum ponto do primeiro livro da gramática como, por exemplo, declinação dos nomes, mais tarde dos pretéritos e supinos, e este exercício poderá ser feito a modo de desafio. Na primeira hora da tarde, lição de cor de gramática latina e grega, recitação nos dias marcados, de algum poeta, enquanto o professor revê as notas dos decuriões e corrige os trabalhos escritos passados pela manhã ou que ainda sobraram dos trazidos de casa; por fim, repetição da gramática e, em dias alternados, da última preleção de poeta. Na segunda hora vespertina, explicação e repetição, por meia hora, da sintaxe no
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segundo semestre, porém com a explicação da sintaxe alterne-se a de um poeta. A outra meia hora seja consagrada ao grego. Na última hora, desafio ou exercício. No sábado, na primeira hora da manhã recitação de cor, pública, das preleções de toda a semana ou de todo o livro; Na segunda hora, repetição; na última meia hora, desafio. Mesma divisão do tempo, de tarde, a não ser que, juntamente com a gramática e o poeta se deva recitar também o catecismo. Na meia hora final, explicação do catecismo ou, às vezes, exortação espiritual, a menos que já tenha sido feita na sexta feira; neste caso, empregue-se o tempo no estudo daquilo que cedeu o lugar ao catecismo. 3. Modo de corrigir os exercícios. - Na correção dos exercícios aponte as faltas cometidas contra as regras da gramática, ortografia e pontuação; note se evitou as dificuldades; explique tudo de acordo com as normas das regras gramaticais e tome ocasião para relembrar as conjugações e as noções elementares. 4. Exercícios na aula, durante a correção dos exercícios. - Durante a correção dos trabalhos escritos poderá passar os exercícios seguintes: traduzir para o latim um ditado em vernáculo, para imitação de um autor ou aplicação das regras da sintaxe; verter para o vernáculo um trecho de Cícero e depois retrovertê-lo para o latim; recolher das regras de gramática recentemente explicadas, dificuldades e locuções para propor aos êmulos; escrever em grego, e outros trabalhos semelhantes. 5. Exigir a gramática. - Ao repetir a preleção colha às vezes a oportunidade para declinar e conjugar as palavras mais difíceis e, de qualquer modo, exigir a gramática. 6. Preleção de Cícero. - A preleção de Cícero, que, por via de regra, não excederá 7 linhas, observe o método seguinte: Em primeiro lugar, leia seguidamente todo o trecho, e indique-lhe resumidamente, em vernáculo, o sentido. Em segundo lugar, traduza o período no idioma pátrio, palavra por palavra. Em terceiro lugar, retomando o trecho desde o princípio, indique-lhe a estrutura e, analisando o período, mostre as palavras e os casos por elas regidos; estenda-se sobre a maior parte dos pontos relativos as regras de gramática já explicadas; faça uma ou outra observação, mas muito simples sobre a língua latina; explique as metáforas com exemplos muito acessíveis; por fim escolha uma ou duas frases que ditará juntamente com o argumento. Em quarto lugar, percorra o trecho de autor, mas em vernáculo. 7. Assunto dos exercícios escritos. - O assunto de exercício escrito deverá ser ditado, palavra por palavra, eu vernáculo; ser claro, não exceder geralmente 7 linhas e servir à aplicação das regras de sintaxe e à imitação de Cícero. Às vezes poderá mandarse os alunos que transcrevam alguma versão curta de Cícero, ou algum tempo grego ou a declinação de um nome. 8. Preleção de gramática. - A preleção de gramática deve reduzir-se a uma só regra, no máximo, com algum breve apêndice ou exceção. 9. Preleção de grego. - No ensino de grego observe-se proporcionalmente o mesmo método; parece útil associar a cada caso e pessoa a palavra vernácula correspondente e explicar tudo, quase sempre na 10. Desafio. - O desafio ou exercício de aula poderá versar sobre as falhas que um êmulo descobrir nos trabalhos escritos do outro, sobre questões relativas aos pontos em que se exercitaram na primeira hora, sobre a repetição de cor das frases dadas pelo professor, sobre traduções e variações de frases vernáculas para a aplicação de sintaxe e imitação de Cícero (imitação dos autores) (procure-se que o interrogado repita imediatamente, com as mesmas palavras, a expressão proposta e depois de breve reflexão a enuncie, não palavra por palavra, ms toda, de uma só vez, em latim); sobre as flexões de nomes e verbos mais difíceis, especialmente dos que ocorram na preleção, conservando ou saltando a ordem dos casos e tempos, declinando os nomes isolados ou articulando substantivos, adjetivos e pronomes, Sobre a recitação rápida de pretéritos e supinos e outros pontos semelhantes a critério do professor. REGRAS DO PROFESSOR DA CLASSE INFERIOR DE GRAMÁTICA.
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1. Grau. - O objetivo desta classe é o conhecimento perfeito dos elementos da gramática, e inicial da sintaxe. Começa com as declinações e vai até a construção comum dos verbos. Onde houver duas subdivisões, na subdivisão inferior se explicarão, do primeiro livro, os nomes, verbos, as regras fundamentais, as quatorze regras da construção, os gêneros dos nomes; na superior do primeiro livro a declinação dos nomes sem os apêndices, e ainda os pretéritos e os supinos; do livro segundo, a introdução à sintaxe sem os apêndices até aos verbos impessoais. Em grego, a subdivisão mais atrasada aprenderá a ler e escrever, a mais adiantada os nomes simples, o verbo substantivo e o verbo barítono. Nas preleções adotem-se, dentre as cartas de Cícero, só as mais fáceis, escolhidas para este fim, e, se possível, impressas separadamente. 2. Divisão do tempo. - O tempo dividir-se-á do seguinte modo. Na primeira hora da manhã recitação de cor, aos decuriões, de Cícero e da gramática, correção pelo professor dos trabalhos escritos recolhidos pelos decuriões, enquanto os alunos se ocupam em outros exercícios mencionados na regra 4. - Na segunda hora matutina, repetição rápida da última preleção de Cícero, explicação, por meia hora, da nova que será logo objeto de interrogação, finalmente ditado do tema. Na última meia hora da manhã, explicação ou repetição, às duas subdivisões, de algum ponto do primeiro livro da gramática que lhes couber, o que se poderá fazer em dias alternados para cada subdivisão ou, todos os dias, para ambas: por fim, perguntas sobre toda a matéria vista, ou pelo professor ou, uns aos outros, pelos alunos em forma de desafio. Nos dias em que, de tarde, não se explicar uma nova regra de construção (na maior parte dos dias deverá inculcar uma só regra) esta preleção matutina deve tomar o lugar da vespertina; a última meia hora da manhã, porém, seja sempre empregada toda em desafio ou exercício de aula. Na primeira hora da tarde recitação de cor da gramática, latina e grega, enquanto o professor revê as notas dos decuriões e corrige, durante uma meia hora no máximo, os trabalhos escritos passados pela manhã, ou os que sobraram dos trazidos de casa. Por último, repetição da última lição de gramática. Na segunda hora da tarde, explicação da sintaxe à subdivisão mais adiantada, e à outra, dos elementos sobre os gêneros dos substantivos e depois das quatorze regras. Para o grego reserve-se pouco mais de um quarto de hora. Na última meia hora, desafio ou explicação de algum ditado sobre as regras da gramática. No sábado, na primeira hora da manhã, recitação de cor, pública, de todas as preleções da semana. Segunda hora repetição; última meia hora, desafio (desafio declamação). Mesmo horário de tarde, a não ser que na primeira hora, à recitação de gramática se acrescente também a de catecismo. Na última meia hora, explicação de catecismo ou exortação espiritual, salvo quando tenha sido feita na sexta feira; neste caso, empreguese o tempo na estudo daquilo que cedeu o lugar ao catecismo. 3. Método de corrigir os trabalhos escritos. - Na correção dos trabalhos escritos, aponte as falhas cometidas contra as regras de gramática, de ortografia e de pontuação; observe se foram evitadas as dificuldades; explique tudo de acordo com as normas da gramática e não deixa passar ocasião de repetir as conjunções e declinações. 4. Exercícios durante a correção dos trabalhos escritos. - Enquanto corrige os trabalhos escritos, poderá o professor passar aos alunos os exercícios seguintes: verter para o latim um ditado vernáculo de acordo com as regras da sintaxe, traduzir um trecho de Cícero do latim para o vernáculo e em seguida retrovertê-lo para o latim; das regras de gramática, sobretudo das explicadas recentemente, recolher dificuldades ou expressões para propor aos êmulos, articular ou compor concordâncias, copiar grego, e outros semelhantes (Ver nota p. 446 em Prachtler). 5. Exigir gramática. - Na repetição da preleção colha às vezes (muitas vezes) o ensejo de declinar, conjugar e interrogar gramática de todos os modos. 6. Preleção dos autores. - A preleção de Cícero, que por via de regra não excederá quatro linhas, obedecerá ao método seguinte: Em primeiro lugar leia seguidamente todo o trecho e indique, resumidamente, em vernáculo, o sentido. Em seguida traduza o período no idioma pátrio, palavra por palavra. Em terceiro lugar, retomando o trecho de
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princípio, indique-lhe a estrutura, e, analisando o período, mostre as palavras e os casos por elas regidos, estenda-se sobre a maior parte dos pontos relativos às regras de gramática explicadas; faça uma ou outra observação, mas muito simples, sobre a língua latina; explique as metáforas com exemplos muito acessíveis e não dite cousa alguma, a não ser talvez o argumento. Em quarto lugar percorra de novo o trecho do autor em vernáculo. 7. Assunto dos exercícios escritos. - O assunto de exercício escrito deverá ser ditado, palavra por palavra, em vernáculo; ser claro, não exceder, geralmente, quatro linhas e servir principalmente à aplicação das regras de gramática. Às vezes poderá mandar-se aos alunos que transcrevam alguma versão curta de Cícero, ou alguma expressão para aplicação das regras de sintaxe, ou a própria lição dos elementos de grego que deverão estudar a ou outros trabalhos semelhantes. 8. Preleção de gramática. - A lição de gramática, restrinja-se, no máximo, a uma regra e antes de estar bem aprendida, não se passe à seguinte. 9. Desafio. - O desafio ou exercício de aula pode versar sobre as faltas que um êmulo descobriu nos trabalhos escritos do outro, sobre questões relativas aos pontos em que se exercitaram na primeira hora, sobre perguntas de locuções vernáculas para aplicação regra de sintaxe (procure-se que o interrogado repita, imediatamente, com as mesmas palavras, a expressão posta e depois de breve reflexão enuncie quanto possível, não palavra por palavra, mas toda, de uma só vez, em latim), sobre as flexões de nomes e verbos mais especialmente dos que ocorreram na preleção, conservando ou saltando a ordem dos casos e tempos, declinando os nomes isolados ou articulando substantivos, adjetivos pronomes, sobre a recitação das definições das noções elementares, ou exemplos, sobre a versão rápida das formas verbais do latim para o vernáculo e viceversa, sobre transposição da voz ativa para a passiva, sobre a indicação dos pretéritos e supinos, dos gêneros e casos dos nomes propostos e outros exercícios semelhantes a critério do professor. REGRAS DOS ESCOLÁSTICOS DA NOSSA COMPANHIA 1. Pureza dalma e intenção. - Esforcem-se, antes tudo, os nossos escolásticos por conservar a pureza dalma e ter nos estudos intenção reta, não procurando neles senão a glória de Deus e a salvação das almas. Nas suas orações peçam freqüentemente a graça de adiantar na ciência e de se tornar capazes, como deles espera a Companhia, de cultivar, com a doutrina e o exemplo, a vinha de Cristo Senhor Nosso. 2. Aliança das virtudes sólidas com o estudo. - Apliquem-se aos estudos com seriedade e constância; e como se devem acautelar para que o fervor dos estudos não arrefeça o amor das virtudes sólidas e da vida religiosa, assim também se devem persuadir que, nos colégios, não poderão fazer cousa mais agradável a Deus do que, com a intenção que se disse acima, aplicar-se diligentemente aos estudos; e ainda que no cheguem nunca a exercitar o que aprenderam, tenham por certo que o trabalho de estudar, empreendido, como é de razão, por obediência e caridade, é de grande merecimento na presença da divina e soberana majestade. 3. Estudar de conformidade com a direção do Superior. - Siga cada um a faculdade e ouça os professores que lhe assinar o superior; observem todos com empenho o horário e método de estudos prescritos pelo Prefeito ou Professor e não utilizem outros livros além dos que lhe forem dados pelo mesmo Prefeito. 4. Diligência. - Sejam assíduos em ouvir as aulas, diligentes em prepará-las e, depois de ouvidas, em repeti-las; perguntem o que não entenderam; tomem nota das cousas mais importantes para auxiliar as deficiências da memória. 5. Disputas públicas. - Compareçam às disputas ordinárias das aulas que freqüentam e procurem, mas com modéstia, dar boa prova de seu saber. 6. Disputas privadas. - Assistam todos, também, às disputas e repetições privadas de cada dia, e os que disputam obedeçam religiosamente ao que presida. 7. Modéstia. - No caminho para as escolas públicas vão e voltem juntos, com a modéstia interna e externa que contribua para a edificação própria e dos de fora. 8. Conversa com os externos. - As conversas dos que tiverem licença de falar com os estudantes externos, versem exclusivamente sobre assuntos literários ou relativos ao
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aproveitamento espiritual, conforme parecer a todos mais conveniente, para a maior glória de Deus. 9. Uso do latim. - Todos, mas de modo especial os que se aplicam aos estudos de humanidades, falem latim; aprendam de cor o que lhes for prescrito pelo professor e, nas composições, trabalhem, com esmero, o estilo. 10. Tempo de estudo. - Ninguém se aplique por mais de duas horas ao trabalho de ler e escrever sem interromper o estudo com algum breve intervalo. 11. Método do estudo privado. - Nas horas marcadas para o estudo privado os que seguem as faculdades superiores releiam em casa os apontamentos da aula curando entendê-los e, uma vez entendidos, formulem a si mesmos as dificuldades, e as resolvam; o que não conseguirem apontem para perguntar ou disputar. DIRETIVAS PARA OS QUE REPETEM PRIVADAMENTE A TEOLOGIA EM DOIS ANOS. 1. Regras dos escolásticos. - Observem como os outros, as regras dos escolásticos, exceto as que se referem à freqüência das aulas e às repetições respectivas; esforcemse especialmente, com todo empenho para que não arrefeça, com o fervor dos estudos, o amor das virtudes sólidas. 2. Presença na conferência de casos e nas disputas. - Como os outros estudantes de teologia estejam presentes à conferência de casos, aos outros atos e disputas mensais. 3. Resumir os argumentos. - Às disputas mensais dos filósofos não só devem estar presentes, mas poderão também resumir os argumentos. O mesmo se diga das disputas semanais dos estudantes de teologia, quando os professores não estiverem presentes. 4. Questões omitidas ou percorridas resumidamente. - De conformidade com o método de estudos e o horário prescrito pelo Prefeito, apliquem-se com diligência e rigor às questões que ou não estudaram ou só percorreram por alto e, para este fim, utilizemse os melhores comentários. 5. Estudo das questões importantes. - Aplique-se em seguida às questões importantes de toda a teologia, como, por exemplo, da primeira parte, acerca da visão de Deus, da ciência divina, da predestinação, da SSma. Trindade, e assim, das outras partes. E não só considerem com empenho o que escreveram os autores, mas também, com o esforço pessoal da inteligência disponham os fundamentos e os princípios da teologia dos quais dependem as séries das questões principais, observando em tudo com a máxima fidelidade o que prescrevem as Constituições da Companhia sobre o dever de seguir a doutrina de Santo Tomás. 6. Escrever algumas questões. - Escrevam de propósito algumas questões com os seus fundamentos, as suas conclusões e soluções de dificuldades, à maneira escolástica, como se as devessem apresentar como lições e cada mês ou de dois em dois meses, as mostrem ao Prefeito de estudo para ser por ele dirigido. 7. Lições privadas. - Poderão também, às vezes, dar essas aulas ou, em particular na presença dos nossos professores, ou nas repetições dos estudantes de teologia por três quartos de hora, para que, no fim, possam os padres presentes opor objeções, ou ainda, se parecer bem, no refeitório. 8. Lições públicas. - Poderão ainda apresentar questões semelhantes sobre algum assunto importante, contanto que se possa concluir, no máximo, em dez lições, dadas em aula e hora, nas quais os estudantes de teologia que o quiserem possam assistir. 9. Atos. - Seja-lhes assinado tempo para quatro atos particulares e um geral: o primeiro particular, seja mais ou menos no começo do primeiro semestre, o segundo no fim, e assim, em cada semestre, os demais, de maneira que o ato geral encerre o último semestre. 10. Como poderão defender as opiniões próprias. - É-lhes permitido, nos atos, afastar-se das opiniões dos seus mestres, e, se quiser, defender as próprias, contanto que não contradigam à doutrina de Santo Tomás, em conformidade com o decreto da
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quinta Congregação. Neste caso, porém, deverão a tempo entender-se com o Prefeito e com quem presidirá ao ato, não somente acerca das próprias teses, senão também dos fundamentos e princípios com que a querem defender. E para que melhor possam dar mostra do seu talento, deixe-os o Presidente responder livremente e não os interrompa senão quando for de absoluta necessidade. 11. Erudição. - Saibam finalmente que, durante este biênio, se devem esforçar não só para se instruir e habilitar na teologia, senão também para adquirir erudição das ciências eclesiásticas que convém a um teólogo. 12. Conci1ios, controvérsias, cânones. - Para este fim determinem todos os dias tempo certo, destinado à leitura cuidadosa da Sagrada Escritura, dos Concílios, das Controvérsias e do Direito canônico; apontem, com ordem, o que parecer digno de nota; não preparem, porém, de propósito, pregação alguma; destas notas, poderão às vezes, apresentar alguma cousa, como lições, no refeitório ou em outro lugar que ao Superior parecer conveniente. 13. Estudo do Direito Canônico. - No estudo dos cânones omitam a parte judiciária e dediquem-se exclusivamente à eclesiástica (1832...). 14. Seguir a inclinação da natureza - Apliquem-se, especialmente, com o maior empenho ao estudo para o qual se sentem mais inclinados depois de tratar diligentemente o assunto com o Superior; não omitam, porém, nenhuma das disciplinas prescritas. REGRAS DO AJUDANTE DO PROFESSOR OU BEDEL. 1. Obediência ao Professor. - Seu dever é executar fielmente tudo o que lhe prescrever o Professor e de modo especial quanto se refere aos exercícios escolares. 2. Sobre a aula. - Zele pelo asseio da aula e da cátedra; providencie para que nela haja algum quadro piedoso; não faltem assentos; estejam limpos e em ordem; se consertem os quebrados ou estragados; se reservem para os nossos e para os outros religiosos lugares separados dos externos; as aulas se abram a tempo. 3. Avisar a tempo os estudantes. - Avise com antecedência, de acordo com o que for determinado pelo Professor, os estudantes que a seu tempo deverão disputar, repetir, defender teses ou desempenhar-se de outras obrigações. 4. Teses. - Avise com antecedência de sete dias os que deverão defender as teses semanais. Procure que estas teses se escrevam a tempo; apresente-as primeiro à correção do Professor, depois à revisão do Prefeito; corrigidas e revistas, avise o defendente que traga copiados o número de exemplares necessários; destes afixe um, bem escrito, em lugar público, na manhã da véspera da disputa, os outros distribua mais tarde entre os argüentes. 5. Relógio. - Tenha sempre consigo um relógio tanto aulas como nas disputas, avise o Prefeito e o Professor do tempo passado afim de que os argüentes não ultrapassem os limites marcados. Segundo as ordens do Prefeito dê nas disputas o sinal do começo e do fim. 6. Atos públicos. - Procure ornar a aula ou o salão para os atos públicos em conformidade com os costumes da Academia e distribua os lugares aos que a estes atos ou quaisquer disputas foram convidados para argumentar ou dar brilho à cerimônia. 7. O que deve referir ao Superior. - Se notar que algum dos nossos estudantes não comparece às lições, repetições, disputas ou deixa de cumprir algum dos deveres relativos ao estudo ou à disciplina, leve-o ao conhecimento do Superior. REGRAS DOS ALUNOS EXTERNOS DA COMPANHIA. 1. Aliança da ciência à piedade. - Os que, com o fim de se instruir, freqüentam os colégios da Companhia de Jesus, entendam que, com a graça de Deus, se empregará todo o cuidado para que sejam formados não menos na piedade e nas outras virtudes do que nas artes liberais. 2. Aula que se deverá freqüentar. – Freqüentará cada um a aula, que, após exame, lhe for assinada pelo Prefeito.
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3. Confissão e missa. – Confessem-se todos ao menos uma vez por mês; assistam piedosamente à missa, todos os dias, na hora marcada e nos dias festivos à pregação. 4. Doutrina cristã. – Uma vez por semana compareçam todos à explicação do catecismo (da doutrina cristã) a lhe aprendam o compêndio, conforme lhes prescreveram os professores. 5. Proibição de armas. – Nenhum aluno entre no colégio com armas, espadins, canivetes e outros instrumentos proibidos, segundo a diversidade de lugar e de tempo. 6. De que se devem abster. – Abstenham-se completamente de juramentos, insultos, injúrias, detrações, mentiras, jogos proibidos, lugares perniciosos ou interditos pelo Prefeito de aulas, numa palavra, de quanto possa ofender a honestidade dos costumes. 7. Recurso ao corretor. – Entendam que, em tudo quanto se refere ao estudo e à disciplina, se forem ineficientes as ordens e os avisos, recorrerão os Professores ao corretor para puni-los. Os que recusarem aceitar recusar o castigo, ou não derem esperança de emenda ou incomodaremos colegas e com o seu exemplo lhes forem prejudiciais, saibam que serão despedidos dos nossos colégios. 8. Obediência. – Obedeçam todos aos seus professores e, tanto nas aulas como em casa, observem com toda a diligência o método de estudo por eles prescrito. 9. Diligência. – Apliquem-se aos estudos com seriedade e constância; sejam assíduos em freqüentar cedo as aulas, e diligentes em ouvir e repetir as lições e dar conta dos outros exercícios. Se não houverem compreendido bem algum ponto ou sobre ele tiverem dúvida, consultem o Professor. 10. Tranqüilidade e silêncio. - Nas aulas não vão de um para outro lado; mas fique cada um no seu lugar, modesto e silencioso, atento a si e aos seus trabalhos. Sem licença do Professor não saiam da aula. Não estraguem nem manchem os bancos, a cátedra, as cadeiras, as paredes, portas e janelas ou outros lugares, com desenhos, ou escrituras, com canivete ou de outra maneira. 11. Fugir das más companhias. - Fujam das companhias más ou simplesmente suspeitas; tratem somente com aqueles cujo convívio e exemplo possam aproveitar no estudo e na virtude. 12. Livros de que se devem abster. - Abstenham-se completamente da leitura de livros perniciosos e inúteis. 13. Proibidos espetáculos e teatros. - Não vão a espetáculos públicos, comédias, nem à execução de condenados; e sem licença dos Professores e do Prefeito de estudos, não representem nenhum papel em teatros de fora. 14. Piedade. - Esforcem-se por conservar a sinceridade e pureza da alma e obedecer com toda a fidelidade a lei divina. Recomendem-se com freqüência e com fervor a Deus (ao Sagrado Coração de Jesus), à Santíssima Virgem e aos demais santos. Implorem muitas vezes a ajuda dos Santos Anjos, especialmente do Anjo da Guarda. Observem a modéstia sempre e em toda a parte, mas principalmente na igreja e na aula. 15. Exemplo da vida. - Finalmente em todas as suas ações comportem-se de tal modo que cada um veja logo que se aplicam eles não menos à prática da virtude e a inteireza da vida do que às letras e à ciência. REGRAS DA ACADEMIA. 1. Natureza da Academia. - Sob o nome de Academia entendemos uma união de estudantes (distintos pelo talento e pela piedade), escolhidos entre todos os alunos, que, sob a presidência de um membro da companhia, se congregam para entregar-se a certos exercícios relacionados com os assuntos. 2. Os que se devem admitir. - À Academia pertencem todos os membros da Congregação Mariana pelo simples fato de serem nela recebidos, e os religiosos que, porventura, freqüentem nossas aulas. Onde for costume e o Reitor aprovar, poderão ser também admitidos os que não pertencerem à Congregação e mesmo que não sejam nossos alunos.
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3. Qualidades dos membros da Academia. - Nas virtudes cristãs e na piedade, na aplicação aos estudos e observância da disciplina escolar deverão os membros da Academia avantajar-se a todos os outros estudantes e servir-lhes de modelo. 4. Diretor da Academia. - À frente de cada Academia ponha o Reitor do Colégio, como Diretor, algum dos professores ou outro membro idôneo da Companhia. 5. Número de Academias. - Numa Academia poderão reunir-se os estudantes de teologia e filosofia, em outra, os de Retórica e Humanidades, numa terceira todos os gramáticos, se não forem muito numerosos nem muito desiguais no aproveitamento de modo que os mesmos exercícios possam ser úteis a todos; no caso contrário, cada aula poderá ter a sua Academia. 6. Freqüência e exercício. - O bom resultado da Academia depende principalmente da freqüência e do empenho nos exercícios, da parte seus membros. Por isso, os que faltarem muitas vezes ou recusarem desempenhar-se dos exercícios que lhes tocarem, principalmente os que, por sua imodéstia, perturbarem e escandalizarem os outros, deverão ser despedidos. 7. Oficiais. - Os oficiais que, em cada Academia, de três em três ou de quatro em quatro meses deverão ser eleitos pela votação secreta, são, por via de regra, os seguintes: o reitor da Academia, dois conselheiros e um secretário. A estes poderão acrescentar-se outros dignitários e distribuir-lhes os respectivos ofícios, de acordo com o número dos Acadêmicos e os costumes do lugar, a juízo do Reitor do Colégio. 8. Reitor. - Na Academia dos estudantes de teologia, o Reitor deverá ser, de regra, um teólogo; se algumas vezes parecer conveniente eleger um filósofo, seja pelo menos um metafísico (estudante do último ano). Na Academia dos estudantes de retórica e de gramática, quando constar de várias classes, seja da classe superior, ou alternadamente das classes inferiores, a juízo do Reitor do Colégio. Como Reitor deverá eleger-se o que excele na virtude, no talento e no saber; seu ofício é promover a Academia, marchar à frente dos demais na virtude e na aplicação e no princípio ou no fim do seu reitorado desempenhar-se de algum dos atos mais importantes da Academia, O Reitor da Academia dos teólogos, se for teólogo, poderá, por vezes, na ausência do professor dirigir a disputa dos filósofos, assistir os defendentes, resumir e urgir as dificuldades dos argüentes. 9. Conselheiros. - No lugar de honra os conselheiros vem imediatamente depois do reitor, e o primeiro conselheiro o substituirá quando ausente; na ausência também do primeiro conselheiro, o substituto será o segundo; desempenharão os misteres que lhes assinar o Diretor da Academia por si ou por intermédio do reitor. 10. Secretário. - O Secretário conservará com cuidado todos os livros da Academia; escreverá num livro os nomes dos acadêmicos na ordem em que foram recebidos, nele apontará separadamente os nomes dos oficiais e a data da eleição e todos os atos da Academia com os nomes dos Acadêmicos que desempenharam alguma função; na Academia dos Retóricos transcreva também, escolhidas pelo Diretor, algumas das orações, poemas e poesias, que foram afixadas. Avise também com tempo para que se preparem os que souber foram designados pelo Diretor para certos exercícios acadêmicos, a menos que, na Academia dos teólogos, este ofício se julgasse melhor deixar ao bedel. No fim de cada sessão avise, publicamente, os exercícios da sessão seguinte e os nomes dos que deles se hão de desempenhar. Com antecedência, proponha em público as teses, e, na retórica, a solução de problemas e enigmas. 11. Consultas. - Três ou quatro vezes no ano, isto é, após a eleição do Reitor, reúnam-se consultas de todos os acadêmicos ou, pelo menos, dos oficiais com o Diretor afim de tratar do desenvolvimento da Academia e da remoção dos obstáculos que lhe possam impedir o progresso. 12. Leitura das regras. - Nas consultas, ou antes, da eleição do Reitor leiam-se as regras da Academia que deverão estar escritas num quadro ou no livro da Academia em que depois se hão de registrar os nomes dos Acadêmicos. REGRAS DO PREFEITO DA ACADEMIA.
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1. Estimular à piedade. - Procure estimular os acadêmicos não só aos estudos, senão também à piedade; valendo-se, para este fim, do exemplo de virtudes e, em se oferecendo a ocasião, de conversas particulares. 2. Observância das regras. - Procure que se observem com rigor as regras da Academia, sobretudo nos exercícios quotidiano dos acadêmicos exija freqüência e diligência. 3. Exercícios. - Providencie para que todos os acadêmicos, quanto for possível, sejam exercitados, por turno, nas várias formas de atividade. 4. Nenhuma inovação sem licença. - Sem licença do Reitor, não suprima costumes recebidos nem introduza novos; não tome iniciativa de alguma importância sem o informar; o que for prescrito execute com fidelidade. 5. Horário da Academia. - Organize o horário da Academia, isto é, das repetições, disputas e cousas semelhantes, de modo que não se perturbe o horário da Congregação, afim de que os acadêmicos possam assistir a ambos os exercícios; por esta mesma razão, sem motivo grave, durante a reunião da Congregação, ninguém deverá ser detido em conversas particulares. REGRAS DA ACADEMIA DOS TEÓLOGOS E FILÓSOFOS. 1. Espécies de exercícios. - Os exercícios desta Academia são, geralmente, de quatro espécies: repetições diárias das preleções, disputas, preleções ou disputas científicas, atos solenes de defesa pública de teses. 2. Repetições. - As repetições, que duram uma hora mais ou menos, fazem-se todos os dias de aula, exceto os impedidos pelas disputas mensais. Escolha-se a hora mais cômoda, contanto que, na Quaresma, ao menos duas vezes semana, se deixe livre para assistir ao sermão. 3. Forma das repetições. - Cada classe repetirá separadamente, uma de teologia e três de filosofia se tantos forem os professores; um ou dois acadêmicos repetirão a lição, e um ou dois farão dificuldades. Às repetições de teologia presidirá ou o próprio Prefeito da Academia, ou o seu substituto, ou, pelo menos, um teólogo do quinto ano dos mais adiantados, designados pelo Reitor do Colégio. Às repetições de filosofia presidirá e por via de regra, em cada classe, um dos teólogos da Companhia, nomeado igualmente pelo Reitor. 4. Forma das disputas. - As disputas realizar-se-ão uma vez por semana, quando forem poucos os membros da Academia, duas, quando numerosos, no dia feriado ou também no domingo. No domingo, depois do jantar, durante uma hora, quase sempre, um filósofo defenderá e dois argumentarão; no dia feriado, por duas horas, defenderão dois ou três, um teólogo e os outros filósofos, outros tantos ou mais argumentarão. 5. Teses. - O teólogo, se for o único a defender, apresente sempre algumas teses filosóficas, o metafísico algumas físicas e lógicas. Contra teólogos argumentarão sempre teólogos; contra filósofos argumentará em primeiro lugar algum da classe imediatamente superior, em seguida, um condiscípulo. 6. Presidência das disputas. – Nas disputas tanto de filósofos quanto de teólogos, se estiver presente o professor do defendente, caber-lhe-á a presidência; do contrário, presidirá o Prefeito da Academia ou o seu substituto. 7. Preleções. – De tempos a tempos poderá haver preleções; nelas, um membro da academia trate, da cátedra, em forma erudita alguma questão desenvolvida com trabalho pessoal ou um problema interessante com a exposição e confirmação das razoes pro e contra; um ou dois proporão objeções. Estas preleções, antes de se realizarem, deverão ser apresentadas ao Prefeito da Academia e por ele aprovadas. 8. Atos. – Dos atos mais solenes que se poderão realizar no Natal, na Páscoa, no Pentecostes ou em outra ocasião desincumbir-se-á, salvo razão em contrário o próprio Reitor da Academia ou outro escolhido pelo Prefeito. Nestes atos, sob a presidência do Professor, se abrangerá e defenderá, em algumas teses, uma parte da teologia ou da filosofia. 9. Solenidade dos atos. – Deve procurar-se que estes atos se realizem com certa solenidade; o defendente abra com um prólogo e remate com um epílogo, que deverão
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ser antes submetidos como tudo o que se lê em publico, à revisão e aprovação do Prefeito geral dos estudos. Para dar mais brilho à disputa poderão convidar-se também os alunos externos para argumentar e outras pessoas para assistir. 10. Introdução. – Um mês, mais ou menos, antes do começo das aulas, se parecer ao Reitor, por uns quinze dias no mínimo haja, para os que vão começar a filosofia, um curso de introdução ou sumário feito por um dos nossos, determinado pelo Reitor ou talvez por um acadêmico escolhido pelo Prefeito. 11. Revisão de teses. - Todas as teses, tanto as dos atos solenes como as semanais, antes de serem defendidas ou afixadas, deverão ser revistas pelo Prefeito da Academia e pelo Professor do defendente. REGRAS DO PREFEITO DA ACADEMIA DOS TEÓLOGOS E FILÓSOFOS. 1. Forma dos exercícios. - Além das diretivas comuns, do Prefeito em geral, mencionadas nas regras da Academia, procure que nas repetições diárias se observem a mesma forma e maneira de repetir, argumentar e disputar que seguem os nossos estudantes nas repetições domésticas; nos atos, porém, e na defesa de outras teses atenha-se ao método comum. 2. Inspecionar as repetições. - Para este fim inspecione freqüentes vezes as repetições, ora estas, ora aquelas, e verifique se se realizam com diligência e modéstia, se os repetidores se desempenham com acerto do seu oficio, dirigindo-os, onde for mister. 3. Os que deverão ser mais exercitados. - Será conveniente exercitar com mais freqüência os que deverão defender logo o curso de filosofia ou teologia ou realizar algum ato da Academia, e, para que se apresentem mais preparados, procure adverti-los e dirigilos. 4. Do assistente. - Com licença do Reitor poderá dividir a sua responsabilidade e trabalho com um assistente, confiando-lhe, se nada houver em contrário, as repetições de teologia, com ele presidindo as disputas e alternadamente, sobretudo nos dias feriados, e executando, por seu intermédio, conforme julgar necessário, tudo o mais que se refere às teses diárias e aos atos extraordinários. REGRAS DA ACADEMIA DOS RETÓRICOS HUMANISTAS. 1. Dias de reunião. - Reunir-se-ão os acadêmicos nos domingos, ou, se for mais conveniente, nos dias feriados em local designado pelo Reitor do colégio. 2. Exercícios por parte do Prefeito. - Os exercícios desta Academia são, de ordinário, os seguintes. Conforme lhe parecer oportuno, poderá o Prefeito dar uma lição ou formular questões acerca de um assunto escolhido ou de um autor; às vezes explicar alguns preceitos da oratória mais difíceis, de Aristóteles, Cícero ou outros mestres de retórica; outras percorrer seguidamente um autor e depois interrogar os acadêmicos, ou propor-lhes questões a resolver e outros semelhantes. 3. Por parte dos acadêmicos. - Muitas vezes, omitidos estes exercícios, os próprios acadêmicos apresentem discursos, poesias, declamações, de cor ou de improviso; instituam entre si, com aprovação do Prefeito, debate forma de acusação e defesa; dêem uma lição contra qual pelo menos dois apresentem objeções; defendam e ataquem uma tese, em forma oratória mais do que dialética; excogitem problemas e insígnias sobre determinado assunto; componham inscrições ou descrições e resolvam enigmas; exercitem-se na invenção pensando cada um nos argumentos para provar um assunto proposto, de improviso ou com preparo de reflexão; adaptem, na expressão ao assunto pensado as figuras de palavras e de sentença; escrevam temas de diálogos, poemas e tragédias; imitem uma oração inteira de algum orador insigne ou uma poesia; componham algum trabalho coletivo, contribuindo cada qual com a sua sentença sobre um assunto proposto; apresentem todos as sentenças ou livro que lhes tenha sido distribuído. Numa palavra exercitar-se em tudo quanto pode formar para a eloqüência ou dela resulta.
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4. Exercícios públicos. - E’ de grande vantagem que alguns dos melhores dentre estes exercícios — preleções, declamações, defesas de teses — sejam feitos, sobretudo pelo reitor da Academia com certa solenidade e assistência de ouvintes ilustres. 5. Prêmios particulares. - De quando em quando poderão dar-se prêmios particulares aos que melhor escreverem algum trabalho, ou recitarem ou resolverem enigmas e problemas retóricos. 6. Prêmios públicos. - Uma vez no ano poderão distribuir-se a todos os acadêmicos juntos prêmios mais solenes, obtidos por contribuição ou de outro modo que ao Reitor do Colégio parecer melhor. 7. Festa de Nossa Senhora ou do Santo Patrono. - Uma vez, pelo menos, no ano (em todos os anos), com grande pompa de orações, poesias, versos afixados à parede, variedade de emblemas e insígnias, celebre-se uma festa de Nossa Senhora (ou do Patrono), determinada pelo Reitor do Colégio. REGRAS DA ACADEMIA DOS GRAMÁTICOS. 1. Exercício de gramática. - Em geral, o Prefeito explique, como que antecipando algum ponto escolhido da gramática que hão de ver na aula, ou leia trechos de algum autor elegante e ameno, ou exija uma repetição ou exercício do que foi exposto na aula. 2. Repetição. - No começo da sessão deve haver sempre um preparado para responder sobre o que foi dito na sessão anterior; contra ele três ou mais poderão formular dificuldades ou propor locuções vernáculas para se traduzirem em latim; do mesmo modo repetirão imediatamente a lição dada pelo Prefeito. 3. Disputem com freqüência e com vigor: os exercícios poderão versar sobre o estilo, a memória, a variação de frases, a tradução e a gramática grega, e outros assuntos semelhantes prescritos pelo Prefeito. 4. Às vezes venham preparados alguns ou mesmo todos preparados para contar de cor um apoftegma curto ou um fato. 5. Outras vezes poderão recitar da cátedra as lições dadas na aula pelo Professor, acrescentando-lhes uma pequena introdução ou ainda, se parecer, algumas observações. 6. Haverá também proveito em que os acadêmicos, e de modo especial o Reitor, dêem por vezes alguma aula com certa solenidade e convite de outras pessoas; acrescente-se um desafio de dois ou três, e, se parecer conveniente, distribuam-se prêmios particulares. 7. Poderá o Prefeito impor, com penalidade, um trabalho literário e mandar ler em público os nomes dos que se portaram com menos acerto e diligência. 8. Em conclusão, proponham-se e variem-se os exercícios de modo que não só sejam úteis, senão também agradáveis e dignos, afim de que os acadêmicos, com estas horas aprazíveis, sejam mais atraídos ao estudo. A.M.D.G P. Leonel Franca, S. J.
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BIBLIOGRAFIA I – FONTES PRIMÁRIAS. AGUILERA, E., S.J., Provinciae Siculae Societatis Iesu Ortus et Res Gestae ab anno 1546 ad annum 1611 Auctore Emmanuele Aguilera, eiusdem Sacietatis Presbytero, Panormi, 1737. ALVAREZ, Emmanuel, S.J., Emmanuelis Alvari e Societati Iesu De Institutione Grammatica Libri tres juxta editionem Venetam anni 1575, Parisiis, excudebant Adrianus Le Clere et Soc., 1859, 559 pp. BENCIUS, Franciscus, Francisci Bencii e Societati Iesu, Orationes et Carmina, cum Disputatione de Stylo et Scriptione de Stylo et Scriptione, Ingolstadii, excudebat David Sartiorus, anno 1595. BONIFACIO, Juan, Christiani Pueri Institutio Adolescentiaeque Perfugium Authre Ioanne Bonifacio Soc. Iesu Sacerdote, Salmanticae, Excudebat Mathis Gastius, 1576. É esta a editio princeps de um dos primeiros tratados de pedagogia, publicados pelos Jesuítas. BRAUNSBERGER, Otto, S.J., Beati Petri Canisii Societatis Iesu Epistilae e Acta, Friburgi Brisgoviae, Herder, 1896-1923, 8 vols. CAMPION, Edmund, S.J., Edmundi Campiani Societatis Iesu, Martyris in Anglia, Opuscula Omnia nunc primum e M.S. edita, Mediolani, apud Baptistam Bidellium, 1625. CARAYON, Auguste, S.J., Documents inédits concernant la Compagnie de Jésus. Commemcements de la Compagnie de Jesús en l’université de Paris. Document A., Poitiers, Henri Oudin, 1863, 148 pp. Cartas de San Ignacio, Fundador de la Compañía de Jesús, 6 vols., Madrid, 18741889. Destas Cartas de S. Inacio deram uma edição nova e ampliada os Monumenta Histórica Societatis Jesu– q.v. Constitutiones Societatis Jesús Latinae et Hispanicae cum earum declarationnibus, Madrid, 1892. Ed., P. de la Torre, xiv + 420 pp. CORCORAN, T., S.J., Renatae Litterare, saeculo a Chr. XVI in scholis Sacietatis Iesu stabilitae, Dublín, University College. 1927, 371 pp. – Encerra vários documentos extraídos do Mon. Histor. Soc, Jesu, e largos excertos das várias edições (1586, 1591, 1599) do Ratio. CORCORAN, T., S.J., Renovatio Litterarum in Scholis a saec. A Chr. XVI Deducta, Dublin, University College, 1925, 237 pp. Coletânea de documentos e excertos de humanidades do Renascimento, importantes para a história da pedagogia. CRUCIUS, Ludovicus, S.J., Tragicae Comicaeque Actiones in Regio Collegio Societatis Iesu, Datae Conimbricae in Publicum Theatrum, auctore Ludovico Crucio, eiusdem Societatis, Lugduni, 1605. Decreta Congregationum Generatium, in Pachtler I, 70-125. DENIFLE-CHATELAIN, Chartularium Universitatis Parisiensis, 4 vols., Paris, 1889-1897. Der Jesuiten Perpina, Boniacius, und Possevin ausgewählte Pädagogische Schriften. Uebersetzt von J. Stier, H., Scheid, G., Fell, S.J., in Bibliothekder Katolischen Pädagogik, Vol. XI, Freiburg i. Breisgau: Herder, 1901, x + 564 pp. Der Jesuiten Sacchini, Juvencius und Kropf Erläuterunggschriften zur Studienordnung der Gesellschaft Jesu. Eubersetzt von. J. Stier, R. Schwickerath, F. Zorell, S.J., in Bibliothek der Katholischen Pädagogik, vol. X, Freiburg i., B.: Herder, 1898, xii + 470 pp. FICHET, Alexander, S.J., Arcana Studiorum Omnium Methodus et Bibliotheca Scientiarum Librorumque, earum ordine Tributorum, univesitalis. Auctore R.P., Alexandro Fichet Societatis Iesu, Lugduni, 1649.
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FRUSIUS, Andréas, S.J., (Des Freux), De Utraque Copia Verborum et Rerum Praecepta Antuérpia, ex officina Palntiniana, 1568. Institutum Societatis Iesu, Florentiae, 1892, 3 vols. Contém os documentos pontifícios relativos à Companhia de Jesus, as Constituições de S. Inácio, os decretos da Congregações Gerais, e outros documentos oficiais da Ordem. JOUVANCY, Joseph, S.J., Christianis Litterarum Magistris de Ratione Discendi et Docendi, Lugduni, 1692, sem indicação do autor nem do editor. A edição “oficial” é: Magistris Scholarum Inferiorum Societatis Iesu De Ratione Discendi et Docendi. Ex decreto Congregat., Generalis XIV. Auctore Josepho Juventio Soc., Iesu, Florentiae, apud Michaelem Nestenium, 1703. É talvez o mais conhecido dos documentos pedagógicos da Ordem, depois do Ratio. Jouvancy foi um escritor extraordinariamente fecundo. Sommervogel consagra-lhe 29 colunas (t. IV 830-859). O seu tratado pedagógico encontra-se quase integral no Thesaurus Spiritualis Magistrorum q.v., uma tradução alemã completa foi incluída na Bibliothek der katolischen Paedagogik, vol. X; a francesa, de Lefortier, foi impressa em Paris, 1803. Do original latino tiraram-se numerosas edições em Paris (1692, 1696, 1711, 1721, 1725, 1780, 1764, 1778, 1809, 1825), Florença (1703, 1708), Francfort (1706), Lublin (1746), Varsóvia, s.d., Palermo (1755), Gand (1788). JUVENTIUS, Joseph, S.J. Vd. JOUVANCY, Joseph, S.J. KROPF, F.X., S.J., Ratio et Via recte atque ordine Procedenti in Literis Humanioribus aetati tenerae tradentis, Munich, 1763. Gymnasial-Pädagogik in Bibliothek der Katholischen Paedagogik, Vol. X. Litterae Annue Societatis Iesu, 1581, 1586-1587, 1592, 1593, 1594-1595, 1597, 1600. São relatórios oficiais enviados à Roma de todas as Províncias da Ordem, e impressos em vários lugares. MANAREUS, Oliverius, S.J., De Rebus Societatis Iesu Commentarius, Florentiae, 1886. Manuel dês Jeunes Professeurs, Paris, 1842, 588 pp. Manual compilado para os professores jesuítas. Encerra: a) a) Observations relatives à la bonne tênue d´un pensionnat ; b) b) P. Sacchini (q.v.) Paraenesis ad magistro acholarum inferiorum S.J. ; c) c) P. Sacchini Protrepti ad magistros etc. ; d) d) P. Gaudier, De recto agendi nostrorum cum convictoribus ; e) e) P. Yudde, Instructions pour les jeunes professeurs ; f) f) Instructio pro magistris Societatis ; g) g) Ratio Studiorum pro scholis inferioribus. Monumenta Historica Societatis Iesu nunc primum edita a Patribus eiusdem Societatis, Madrid, 1894. Inestimável coleção de documentos originais relativos à história dos primeiros tempos da Companhia de Jesus. Publicada pelos jesuitas espanhois. Os volumes mais utilizados para o nosso estudo foram os seguintes : 1. 1. Epistolae Patrum Paschasii Broet, Claudii Jaii, Ioannis Codurii et Simonis Rodericii, Madrid, 1903. 2. 2. Sanctus Franciscus Borgia Quartus Gandiae Duz et Soc. Iesu Praepositus Generalis Tertius, 5 vols., Madrid, 1894-1911. 3. 3. Chronicon Societatis Iesu auctore Ioanne Alphonso de Polanco, 6 vol., Madrid, 1894-1898. 4. 4. Epistolae Mixtae ex variis Europae locis ab anno 1573 ad annum 1556 scriptae, 5 vols., Madrid, 1898-1901. 5. 5. Beati Petri Fabri Primi Sacerdotis e Societate Iesu Epistolae, Memoriale et Processus, Madrid, 1914. 6. 6. Sancti Ignatii de Loyola Epistolae et Instructiones, 12 vols., Madrid, 1903-1911. 7. 7. Scripta de Sancto Ignatio de Loyola, 2 vols., Madrid, 1904, 1918.
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8. 8. Lainii Monumenta. Epistolae et Acta Patris Iacob Lainii secundi Praepositi Generalis Societatis Iesu, 8 vols., Madrid, 1912-17. 9. 9. Litterae Quadrimestres ex universis praeter Indiam et Brasiliam locis in quibus aliqui de Societate Iesu versabantur Roman missae, 7 vols., Madrid, 1984-1932. 10. 10. Epistolae P. Hieronymi Nadal, 4 vols., Madrid, 1898-1905. 11. 11. Monumenta Paedagogica Societatis Iesu quae primam Rationem Studiorum anno 1586 editam praecessere, Madrid, 1901. 12. 12. Polanci Complementa, epistolae et commentarii, 2 vols., Madrid, 191617. 13. 13. Patris Petri de Ribadeneira Soc. Iesu Sacerdotis Confessiones, Epistolae aliaque scripta inedita, 2 vols., Madrid, 1920-1923. 14. 14. Monumenta Xaveriana ex autographis vel ex antiquioribus exemplis Collecta, vol. I, Madrid, 1899. MURETUS, M. Antonius, M. Antonii Mureti Operum in usum scholarum selectorum tomi III, 3 vols., Patavii, apud Josephum Cominum, 1741. MURETUS, M. Antonii Mureto Variae Lectiones, ed Ruhnken, Lugduni, 1798. NADAL, Hieronymus, S.J., Scholia in Constitutiones S.P. Ignatii auctore P. Hieronymo Nadali e Societate Iesu, Prati in Etruria, 1883. NEGRONE, Julius, S.J., Iulii Nigroni Genuensis Societatis Iesu Orationes Quinque et Virginti nunc primum editae, Mediolani, apud Haeredes Pacifici Pontii et Jo. Bapt., Piccaleum, 1608, 824 pp. ORLANDINUS, Nicolas, S .J., Historia Societatis Iesu, auctore Nicolao Orlandino, Societais eiusdem Sacerdote, Coloniae Agrippinae, 1615. É a primeira parte da antiga História Geral da Ordem continuada por Sacchini e Cordara ; abrange o período que vai de sua fundação à morte de S. Inácio (1556). PACHTLER, G.M., S.J., Ratio Studiorum et Institutiones Acholasticae Societatis Jesu per Germaniam olim vigentes, 4 vols., Berlim, Hofmann, 1887-1894. Constituem os 4 vols. II, V, IX e XVI dos Monumenta Germaniae Paedagogica, editados pelo Dr Karl Keherbach e encerram as várias edições do Ratio Studiorum, as ordenações escolares expedidas pelos Superiores maiores e outros documentos. PERPINIANUS, Petrus, S.J., Petri Ioannis Perpiniani Valentini e Societate Iesu Orationes duodeviginti, Romae, apud Zennettum et Ruffinellum, 1587, 601 pp. PERPINIANUS, Petrus, S.J., Petri Ioannis Perpiniani Societatis Iesu Aliquot Epistolae, ubi praeter caetera, de artis rhetoricae locis communibus, ac de inventute Graecis Latinisque literis erudienda agitur, Parisiis, 1683, 192 pp. PERPINIANUS, Petrus, S.J., Petri Ioannis Perpiniani Valentini e Societate Iesu Opera, 3 vols., Romae, 1749. PETAVIUS, Dionysius, S.J., Dionysii Petavii Aurelianensis e Societate Iesu Orationes. Editio ultima auctior et castigatior, Lutetiae Parisiorum, apud Sebast. Cramoisy, 1653. PETAVIUS, Dionysius, S.J., Dionysii Petavii Aurelianensis e Societate Iesu Epistolarum libri três, Parisiis, apud Sebast. Cramoisy, 1652. PONTANUS, Jacobus, S.J., Progymnasmatum Latinitatis sive Dialogorum Libri Iv, Ingolstadii, 1658. PONTANUS, Jacobus, S.J., Iacobi Pontani de Societate Iseu Poeticarum Institutionum Libri III, Ingolstadii, 1658. POSSEVINUS, Antonius, S.J., Antonii Possevinii Mantuani Societatis Iesu Bibliotheca Selecta de Ratione Studiorum, Coloniae Agrippinae, apud Ioannem Gymnicum, 1607. PUTEANUS, Erycius, Eryci Puteani palaestra Bonae Mentis, Lovanii, e Bibliopolio Flaviano, 1611.
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Ratio Atque Institutio Studiorum per Sex Patres ad id iussu R.P. Praepositi Generalis deputados conscripta, Romae, in Collegio Societatis Iesu. Anno Domini MDXXXVI, 330 pp. É a primeira edição do Ratio, da qual restam raríssimos exemplares. Foi republicado por Pachtler em Monumenta Germaniae Paedagogica, q.v. Ratio Atque Institutio Studiorum, Romae, in Collegio Societatis Iesu. Anno Domini MDXCI. Cum facultate Superiorum, 332 + 58 pp. – Excertos em Corcoran, Renatae litterae, q.v. Ratio Atque Institutio Studiorum Societatis Iesu. Superiorum permissu, Neapoli, in Collegio eiusdem Societatis. Ex typographia Tarquinii Longi, MDXCVIII, 208 pp., no fim, Neapoli, apud Tarquinium Longum, 1599. – É a edição definitiva do Ratio, reproduzida muitas vezes no correr dos tempos. Texto integral em Pachtler, q.v. Ratio Atque Institutio Studiorum Societatis Iesu, Parisiis, apud Firmin Didot Fratres, MDCCCL, 156 pp. Edição francesa do Ratio DE 1832; reeditada por Pachtler, q.v. RIBADENEIRA, Pedro, S.J., Petri Ribadeneira e Societati Iesu de Ratione Instituti Societatis Iesu ex Hispano in Latinium conversa a P. Laurentio Carli ex aedem Societate, Romae, 1864. ROLLIN, Charles, Traité des Etudes. Nouvelle edition, Paris, Firmin-Didot, 1875. SACCHINI, Francisco, S.J., Paraenesis ad Magistros Scholarum Inferiorum Societatis Iesu, Lovanii, 1674. SACCHINI, Francisco, S.J., Protrepticon ad Magistros Scholarum Inferiorum Societatis Iesu, Lovanii, 1674. Estes dois tratados pedagógicos encontram-se, no texto latim, no Manuel des jeunes professeurs, q.q. Traduzidos em alemão, foram incluídos na Bibliothek der katholischen Paedagogik, Vol. X. SACCHINI, Francisco, S.J., Historiae Societatis Iesu, Pars secunda, Antuerpiae, 1620. SACCHINI, Francisco, S.J., Historiae Societatis Iesu, Pars tertia, Romae, 164… SCHMIDT, J., S.J., Historiae Societatis Iesu Privinciae Bohemiae Pars Prima ab anno Cristi MDLV ad annum MDXCII. Auctore Ioanne Schmidt, Societatis eiusdem Sacerdote, Pragae, Typis Universitatis Carollo Ferdinandeae in Collegio S.I. ad S. Clementem, 1747. SOAREZ, Cyprianus, S.J., De Arte Rhetoricha Libri três ex Aristotele, Cicerone et Quinctiliano deprompti auctore Cypriano Soarez Societatis Iesu, Antuerpiae, ex officina Plantiniana, 1588. SOMMERVOGEL, Carl, S.J., Les Jésuites de Rome et de Vienne en MDLXI d´après un Catalogue rarissime de l’ époque, Bruxelles, 1892. Statuta Congregationis Generalis XXVII, Romae, 1924. SUAREZ, Franciscus, S.J., De Religione Societatis Iesu, Parisiis, Col. XVI das Opera, ed. Vivès. Synopsis Actorum S. Sedis in Causa Societatis Iesu, 1540-1605, Florentiae, 1887. TOSELLINI, Horace, S.J., Horatii Tursellini Romani e Societate Iesu Historiarum ab origine mundi usque ad annum a Xto nato MDXCVIII Epitomae Libri decem. Ultrajecti, apud Gulielmum Vende Water, MDCCX. VASCO, Enrico, S.J., II Ratio Studiorum adattato ai tempi presenti ossia esposizione ragionatta di alcune modificazioni che salva la sostanza del Ratio Studiorum potrebbero introdursi nell’ insegnamento letterario dei nostri collegi d´Italia affine di renderlo più afficace nell’ ottenere lo scopo delle nostre constituzioni proposta all’ esame e al giudizio dei superiori e dei padri della Compagnia di Gesù dal P. Enrico Vasco della medesima Compagnia, Roma: Presso la Civiltà Cattolica, 1851, 4 vols. WOODSTOCK LETTERS - A Record Of Current Events na Historical Notes connected with the College and Missions of the Society of Jesus, Woodstock, 1872. II – FONTES SECUNDÁRIAS.
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Estas palavras foram suprimidas no novo Ratio Estudiorum
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